CASAL DESEJA SUBMETER CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN
À ESTERILIZAÇÃO
Questão a ser tratada/Problema a ser explorado: Esterilização de pessoas
com síndrome de Down. Fatos do caso: Pais querem realizar um procedimento cirúrgico complexo e irreversível em uma pessoa sem seu consentimento. Decisões possíveis: - Não realizar a esterilização - Realizar a esterilização Informações adicionais: Normalmente, a esterilização de pessoas com deficiência não se baseia em riscos à vida da pessoa, mas sim na visão preconceituosa de que a síndrome de Down é uma anomalia incapacitante cuja “transmissão” deve ser impossibilitada, justificando a esterilização do indivíduo. Além disso, a sexualidade da pessoa com deficiência, sobretudo com síndrome de Down, é vista e tratada com estranheza por familiares: não se sabe como lidar, explicar ou aceitar que essas pessoas têm sexualidade. Fatores externos associados à incapacidade do Estado de fornecer educação sexual adequada para jovens, assim como fatores internos, isto é, a própria ignorância ou incapacidade dos pais de conversar sobre sexualidade dificulta que as pessoas com deficiência tenham acesso a informações sobre sexualidade, aumentando sua vulnerabilidade a abusos e violências sexuais, gravidez indesejada e IST’s. Bevervanço (2009) pontua que a escolha pela esterilização seria uma comodidade para os pais, uma garantia de não ter que vigiar a vida sexual dessas pessoas – o que evitaria a preocupação com a ocorrência das situações acima citadas. Prevalece a noção de que por conta da deficiência todo e qualquer aspecto da vida de alguém seria fortemente impactado por ela; em consequência disso, acredita-se que essas pessoas seriam incapazes de criarem filhos ou filhas. Decisão defendida: Não esterilização. Princípio ético: Princípios da autonomia e da não maleficência (Principialismo) Autoridades que reforçam a decisão: De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), nº 13.146, de 6 de julho de 2015, a deficiência não “afeta a plena capacidade civil da pessoa” para “conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória”. (BRASIL, 2015) Circunstâncias associadas ao abandono da decisão: Nenhuma. Nível de confiança na decisão: 100%. Resumo do caso: Pais querem realizar um procedimento cirúrgico em sua criança que a incapacite de gerar filhos ou filhas. Esta decisão pode ser motivada pelo preconceito em relação à síndrome de Down e o desejo de cessar sua “transmissão”, pela incapacidade dos pais de educar sexualmente suas crianças e querer evitar problemas oriundos disso ou pela crença equivocada de que estas pessoas não têm condições de criar e educar uma criança. Descrição do caso e da decisão: Pais querem esterilizar sua criança com síndrome de Down, por razões que não estão alinhadas a riscos à saúde. Essa decisão fere o princípio da autonomia, por não ser realizada com o consentimento da pessoa com Down, assim como o princípio da não maleficência, pois a irreversibilidade do procedimento impediria que a pessoa com Down tivesse filhos ou filhas biológicas caso assim desejasse. Logo, defende-se a não esterilização.
REFERÊNCIAS
BEVERVANÇO, Rosana Beraldi. A esterilização. Disponível em: <