Mas os sinais que o velho pastor esperava apareceram uma noite no céu.
Este parecia mais luminoso do que o habitual e, sobre Belém, uma grande estrela brilhava.
Os pastores viram então anjos vestidos de luz que diziam:
— Não tenhais medo! Hoje nasceu para vós o Salvador!
O jovem pastor pôs-se a correr à frente da luz.
Debaixo do capote, levava bem apertada a flauta contra o peito.
Foi o primeiro a chegar e ficou a olhar para o recém-nascido. Envolto em panos, o menino estava
deitado numas palhinhas em cima de uma manjedoura. Um homem e uma mulher contemplavam-no,
muito felizes.
O avô e os outros pastores logo chegaram e caíram de joelhos diante da criança.
Estaria ali o rei prometido? Não!
Não era possível, estavam enganados.
Aqui nunca ele tocaria a sua música!
Viu então Maria, José e os pastores que se esforçavam por consolar a criança que tanto chorava.
Não podia deixar de ouvir…
Lentamente, pegando na flauta que tinha debaixo do capote, pôs-se a tocar para o menino.
E enquanto a melodia se elevava, pura, o menino acalmou-se e o último soluço ficou-lhe retido na
garganta. Olhou para o jovem pastor e começou a sorrir. E nesse instante, o pastor compreendeu, no seu
coração, que aquele sorriso valia todo o ouro e toda a prata do mundo.
Max Bolliger
Le chant des bergers
Paris, Cerf, 1980
(Tradução e adaptação)