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HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL

Mioma de vagina

Relato de dois casos

LÍVIA VENTURIERI BARRA

São Paulo
2012
HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL

LÍVIA VENTURIERI BARRA

Mioma de vagina: Relato de dois casos

São Paulo
2012
HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL

LÍVIA VENTURIERI BARRA

Mioma de vagina: Relato de dois casos

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentada à Comissão de Residência
Médica do Hospital do Servidor Público
Municipal, para obtenção de título de
Residência Médica.

Área: Ginecologia e Obstetrícia

Orientadora: Dra. Thaís Vilella Peterson

São Paulo
2012
FICHA CATALOGRÁFICA

Barra, Lívia Venturieri

Mioma de vagina: Relato de dois casos/ Lívia Barra –


São Paulo 2012.
26 Fls.

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Comissão


de Residência Médica do HSPM – SP, para obter o título de
Residência Médica, na área de Ginecologia e Obstetrícia.

Descritores: 1. LEIOMIOMA VAGINAL; 2. HIV


AUTORIZAÇÃO

Autorizo a divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio


convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a
fonte.

São Paulo, ____/____/______

Assinatura do Autor
AGRADECIMENTOS

Agradeço essa obra a todos que direta e indiretamente contribuíram para a


concretização desse ideal.

Ao Dr. José Teixeira, Dra. Lígia e Dr. Logelo por me orientarem durante o
procedimento cirúrgico. À Dra. Thaís pela construção do estudo e toda a atenção.
Ao Dr. João Baptista por dividir seus conhecimentos sobre trabalho científico.

Aos meus grandes e inesquecíveis chefes, Dr. Luíz Alberto, Dr Miguel


Arcanjo e Dr. Cláudio Verdadeiro pela eterna paciência e incentivo na minha
longa caminhada como profissional. Serão sempre lembrados e amados.

Aos demais preceptores Dra. Ida Badin, Dra. Alice Akanno, Dr. Roberto
Miele, Dra. Cristina Kanecadan, Dr. Francisco Heriberto e Dr. Gonçalo pelos
ensinamentos e momentos inesquecíveis durante essa jornada.

Aos colegas de residência e amigos aqui adquiridos, Naíza Krobel, Affonso


Celso, Lucinda Derze, Fernanda Paula, Renata Gonçalves e Déborah que além
de participarem da identificação do caso ofereceram às pacientes, atenção,
tranquilidade, conforto e carinho excepcional durante seus tratamentos. Assim
como todo apoio profissional e psicológico durante a confecção desse estudo.

À Patrícia Figueiredo e Gustavo Altrão pelos três anos de cumplicidade e


parceria entre choros e risadas.

Ao meu grande amigo, parceiro, cúmplice e Amor, Marcelo Daia, pela


paciência, carinho e conhecimento adicionados a cada linha desse trabalho, além
de facilitar a luta nas adversidades transcorridas nesses anos.

À minha família Diogo e Tiago Barra, meus pais Aurea e Cléo, por
conseguirem mesmo à distância me manter focada em meus grandes objetivos e
realizações mesmo quando cansada e frágil.

Às pacientes que autorizaram a publicação desse trabalho contribuindo


assim para o futuro da ciência.
“Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é muito para ser insignificante”
(Augusto Branco)
RESUMO

Os Leiomiomas de vagina são tumores raros. Há pelo menos 300 casos


relatados na literatura desde o primeiro caso notificado por volta em 1733, por
Denys de Leyden (8). Sua apresentação clínica é variável e apresenta um
amplo espectro de diagnósticos diferenciais, os quais podem levar a erros
diagnósticos pré-operatórios. Relatamos dois casos diagnosticados e
tratatados no Hospital do Servidor Público Municipal. Caso 1: A.M.B.S., sexo
feminino, 50 anos. Em consulta de rotina de Ginecologia referiu sensação de
massa dentro da vagina durante a relação sexual. Apresentava massa lisa,
sólida, móvel, indolor, ocupando a região distal da vagina. À RNM foi
observado massa subserosa, cervical anterior esquerda, comprimindo a
vagina e a bexiga, compatível com mioma. Foi submetida à Histerectomia
Total Abdominal com ressecção de parede distal anterior da vagina aonde
localizava-se o nódulo. Ao anátomo patológico foi confirmado Leiomioma de
vagina. Caso 2: H. M. J. L., sexo feminino, 46 anos, procurou o Pronto Socorro
do HSPM por queixa de leucorréia onde, durante o exame físico vaginal, foi
visualizado nódulo em terço médio de parede vaginal lateral esquerda com
cerca de três cm. Portadora do vírus HIV e Diabética. À RNM, terço
médio/distal vaginal com massa sólida e hipoecogênica bem delimitada. O
nódulo foi ressecado integralmente. Resultado da Anatomia Patológica:
Leiomioma. Os Miomas de vagina podem simular uma série de doenças
pélvicas tornando esse diagnóstico difícil. O planejamento terapêutico torna o
procedimento mais seguro e com resultados mais satisfatórios. O tratamento
de eleição é a ressecção via vaginal.

Palavras-chave: Leiomioma vaginal; HIV


ABSTRACT

The vagina leiomyomas are rare tumors. There are at least 300 cases
reported in the literature since the first one reported case, in around 1733, by
Denys Leyden. Its clinical presentation is variable and presents a wide
spectrum of differential diagnoses, which can lead to errors in preoperative
diagnoses. Two cases were diagnosed and treated at Hospital do Servidor
Público Municipal. Case 1: A.M.B.S., 50-year-old female. In routine
Gynecology visit, she reported feeling a mass inside the vagina during
intercourse. She had smooth, solid, mobile, painless mass occupying the
distal vagina At MRI it was observed a left anterior cervical waxy mass,
compressing the bladder and vagina, compatible with myoma. She underwent
Total Abdominal Hysterectomy with resection of the distal anterior wall of the
vagina where the lump was located. Leiomyoma of vagina was confirmed to
the Anatomopathologic. Case 2: H. M. J. L., female, 46-year-old female, she
sought HSPM E.R. by the complaint of leucorrhea where, during the physical
and vaginal examination, a lump was seen in the middle third of the left lateral
vaginal wall, having about three inches. HIV-positive and diabetic. At MRI,
well-defined middle third / distal vaginal and hypoechoic solid mass. The
nodule was resected completely. Results of Pathological Analysis:
Leiomyoma. The myomas of the vagina can simulate a series of pelvic
diseases making this diagnosis difficult. Therapeutic planning makes the
procedure safer and produces more satisfactory results. The treatment of
choice is vaginal resection.

Keywords: Leiomyoma; Vaginal; HIV


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Tomografia Computadorizada Pélvica 12

Figura 2 – Ressonância Nuclear Magnética 13

Figura 3 – Ressonância Nuclear Magnética 13

Figura 4 – Início da dissecção vesical 13

Figura 5 – Corpo uterino ressecado; Colo uterino ainda aderido a parte superior

da vagina aonde nota-se a tumoração; bexiga dissecada parcialmente 14

Figura 6 – Peça cirúrgica: Útero e parte superior da parede lateral da vagina

contendo a tumoração 15

Figura 7 – USG evidenciando nódulo em vagina 18

Figura 8 – Colo uterino 19

Figura 9 – Nódulo vaginal em terço médio lateral esquerdo 19

Figura 10 – Incisão em mucosa vaginal 20

Figura 11 – Início da dissecção do nódulo para enucleação 20

Figura 12 – Ressecção do nódulo 20

Figura 13 – Nódulo 21
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

HSPM – Hospital do Servidor Público Municipal

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

RNM – Ressonância Nuclear Magnética

TC – Tomografia computadorizada

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

USG – Ultrasssonografia
SUMÁRIO

1. Introdução 10

2. Casos clínicos

2.1 Caso Clínico 1 12

2.2 Caso Clínico 2 17

3. Discussão 22

4. Conclusão 24

5. Referências Bibliográficas 25
1. Introdução

Os Leiomiomas são tumores pélvicos sólidos benignos que atingem cerca


de 20% das mulheres na idade fértil. Atualmente sabe-se que 50 a 80%
encontram-se assintomáticas gerando dúvidas quanto a real prevalência da
1
doença na população . Estudos evidenciam sua maior detecção entre 30 a 40
2
anos e que seriam três a nove vezes mais frequente em mulheres negras .

Apesar de largamente estudados na ginecologia, não se conhece com


exatidão sua etiopatogenia. Dentre várias teorias existentes, a mais aceita
define que seriam provenientes da proliferação desregulada das células
somáticas miometriais originárias de um único grupo de células (origem
1
monoclonal) .

Apesar da alta prevalência de leiomiomas uterinos, há relatos de tumores


da musculatura lisa de outros órgãos pélvicos, como uretra e vagina, que
2
podem se comportar de maneira diferenciada .

Os Leiomiomas de vagina são tumores raros. Há pelo menos 300 casos


relatados na literatura desde o primeiro caso notificado por volta em 1733, por
8
Denys de Leyden . Bennett e Ehrlich encontraram apenas nove casos em
50.000 pacientes operadas por Leiomiomas, e apenas um caso em 15.000
11
autópsias no Hospital John Hopkins .

Apenas 2% de todos os tumores malignos de origem ginecológica tem


origem na vagina. Neste local são mais comuns as lesões benignas de origem
mesenquimais como pólipos, rabdomiomas, neurofibroma, neuroma,
6
hemangioma e o Leiomioma, o mais comum .

São mais frequentes em mulheres em idade fértil e brancas na proporção


4:1 com relação às negras. Ocorre tanto na idade reprodutiva como na pós-
menopausa sendo a idade média de 44 anos. Eles também podem crescer
rapidamente com a gravidez. A etiologia não é clara e acredita-se que pode ter
origem a partir de células mioepiteliais (como encontrada nas glândulas de
Bartholin), células musculares lisas das vênulas, células musculares lisas dos
6
músculos vaginais ou dos miofibroblastos .

Sua apresentação clínica é variável e apresenta um amplo espectro de


diagnósticos diferenciais, os quais podem levar a erros diagnósticos pré-
operatórios. Habitualmente são assintomáticos, apresentando, quando
volumosos, sangramentos vaginais, disúria, polaciúria, retenção urinária e
dispareunia. Em termos de localização e apresentação clínica o leiomioma
4
para-uretral é semelhante .

A maioria desses tumores são pediculados e localizam-se na linha média


3
da parede anterior da vagina , sendo também encontrados em parede
5
posterior podendo apresentar sintomas gastrointestinais .

Tavassoli e Norris em 1978 estudaram macro e microscopicamente os


tumores vaginais, definindo tais miomas como de evolução incerta, devido seu
alto índice de recidiva e malignização comparados aos de origem uterinas.
Perante tais características indefinidas, preconizou-se ressecção em todos os
6
casos diagnosticados .

No estudo de McCluggage WG e colaboradores foi encontrado em 43%


dos casos de Leiomiomas vaginais o gene HMGA2 mutante, supostamente
preditor de comportamento agressivo em Angiomixomas de vagina,
confirmando o tratamento através da ressecção e nas precauções quanto ao
14
seguimento .

Quanto ao diagnóstico, a utilização dos métodos de imagem são


essencias, porém nem sempre esclarecedores. A ultrassonografia, RNM,
uretrografia e uretrocistoscopia deverão ser considerados na avaliação de
qualquer massa pélvica, auxiliando na diferenciação de tumores primários de
3
bexiga, leiomiomas cervicais, parauretrais e de vagina .
O tratamento de eleição é a ressecção cirúrgica via vaginal e quando
necessário, uma histerectomia total devido à proximidade com o colo uterino.
7
A colpofixação da cúpula residual faz-se necessário .
2. Caso clínico 1

A.M.B.S., sexo feminino, 50 anos, sem antecedentes mórbidos ou


ginecológicos de relevância e nuligesta. Em consulta de rotina de Ginecologia
referiu queixa de sensação de massa dentro da vagina durante a relação
sexual, porém sem dispareunia, há 03 meses. Evoluiu com discreta disúria,
micção descontínua e sensação de esvaziamento incompleto.

Ao toque vaginal apresentava massa lisa, sólida, móvel, indolor,


ocupando a região distal da vagina em parede anterior, pronunciando-se para
diante do colo sem se definir o mesmo. Foi solicitado exames de imagem para
elucidação do caso.

- USG transvaginal: massa homogênea de 08 cm localizada em


segmento inferior à esquerda (colo uterino? Vagina?) não sendo claramente
definido. Foi sugerido exames de imagem adicionais para melhor elucidação
do caso.

- Tomografia Computadorizada Pélvica: lesão bilobada, sólida, pouco


heterogênea, hipovascularizada, medindo 8,8 x 6,4 cm nos maiores eixos que
parece originar do segmento inferior à esquerda, abaulando a cúpula vesical.
Possibilidade de mioma/fibroide de segmento inferior, evoluindo com estenose
do canal endocervical.

FIGURA 1- TC PÉLVICA
- Ressonância Nuclear Magnética Pélvica: Massa com predominância em
T2, medindo 7,0 x 6,6 x 5,4 cm, subserosa, cervical anterior esquerda,
comprimindo a vagina e a bexiga, compatível com mioma uterino.

FIGURA 2 – RNM FIGURA 3 - RNM

Paciente foi encaminhada ao Centro Cirúrgico para se submeter a cirurgia


de Histerectomia Total Abdominal sob anestesia Raquidiana.

Foi realizada incisão à Pfannenstiel até cavidade abdominal. No inventário


da cavidade foi detectado que a massa tumoral localizava-se em região mais
inferior da pelvis. Durante a dissecção do peritônio vesical, com deslocamento
distal da bexiga com grande dificuldade, foi confirmado que o colo uterino se
encontrava sem tumoração.
FIGURA 4 – Início da dissecção vesical

Fonte:Lívia Barra

Foi visualizado massa em proeminência para o colo vesical. Foi


necessária a solicitação da equipe da urologia para total dissecção vesical e
identificação precisa da massa tumoral que se localizava em parede distal
anterior da vagina.

FIGURA 5 – Corpo uterino ressecado; Colo uterino ainda


aderido a parte superior da vagina aonde nota-se a tumoração;
bexiga dissecada parcialmente.

Fonte:Lívia Barra
Com o isolamento da massa, a mesma foi ressacada por completo, em
peça única ao útero, sendo parte superior da vagina impossibilitada de
preservação. A peça foi encaminhada ao anátomo patológico.

FIGURA 6 – Peça cirúrgica: Útero e parte superior da vagina contendo a Tumoração.

Fonte:Lívia Barra

Resultado do anátomo patológico: Ao exame macroscópico foi visualizado


Útero com quatro nódulos com 0.4 cm de diâmetro, ocupando situação
intramural, constituído por tecido firme, acinzentado de aspecto fasciculado. O
colo tem 3.6 cm de comprimento por 2.8 cm de diâmetro, com orifício externo
fechado. Aos cortes é constituído por tecido firme, acinzentado. Nódulo vaginal
medindo 6.5 x 6.5 x 6 cm, pesando 146 gramas com superfície acastanhada
lisa. Aos cortes tecido esbranquiçado firme e de aspecto fasciculado.

Ao exame microscópico: As secções histológicas coradas pela


hematoxilina-eosina permitiram as seguintes conclusões de diagnóstico: Corpo
de útero e Nódulo vaginal com Leiomioma.

Após o procedimento cirúrgico foi encaminhada à UTI por intensa perda


sanguínea intra-operatória necessitando de Concentrados de Hemácias.
Apresentou hematúria franca relacionada à intensa manipulação vesical com
melhora em uma semana quando foi retirada a sonda de Foley. Evoluiu de
forma satisfatória e recebeu alta após dez dias. Manteve seguimento pela
equipe da Ginecologia e Urologia. Não apresentou queixas durante as
relações sexuais ou miccionais imediatas.

Após três meses do procedimento paciente se submeteu ao estudo


urodinâmico onde foi evidenciada ausência de incontinência urinária ou
contrações involuntárias não inibidas do músculo detrusor com discreta
quantidade de urina residual.

No sétimo mês paciente manteve-se assintomática não apresentando


complicações tardias.
3. Caso clínico 2

H. M. J. L., sexo feminino, 46 anos, procurou o Pronto Socorro Obstétrico


e Ginecológico do HSPM por queixa de leucorréia onde, durante o exame
físico vaginal, foi visualizado nódulo em terço médio de parede vaginal lateral
esquerda com cerca de 03 cm.

Como antecedentes mórbidos pessoais de relevância é portadora do vírus


HIV há 21 anos em uso de kaletra (Lopinavir/Ritonavir) quatro comprimidos ao
dia, Lamivudina dois comprimidos ao dia e um comprimido de Videx
(Didanosina) à noite; além de portadora de Diabetes Mellitus diagnosticada em
2008 em uso de Glifage XR (Metformina) 500 mg/dia.

Antecedentes Ginecológicos: Menarca aos 14 anos, ciclo menstrual


regular, fluxo moderado sem queixas de dismenorreia. Utilizou
anticoncepcional oral hormonal combinada por 02 meses aos 20 anos. Utiliza
como anticoncepcional método de barreira, condom masculino
adequadamente.

Antecedentes Obstétricos: Nuligesta. Sem Antecedentes Familiares de


relevância.

Ao exame físico: vulva com pilificação típica, sem alterações aparentes.


Vagina com nódulo de 03 cm, móvel (não aderido a planos profundos), indolor,
mucosa adjacente lisa, localizada em parede lateral direita no terço médio da
vagina. Colo uterino normotrófico, orifício externo puntiforme, consistência
fibroelástica e grosso.

Diante do diagnóstico clínico de nódulo de vagina, foi necessário solicitar


exames adicionais para programação cirúrgica.

- Ultrassonografia pélvica endovaginal: Útero aumentado e contornos


bosselados. A ecotextura se apresenta heterogênea observando-se vários
nódulos sólidos e hipoecogênicos distribuídos irregularmente e medindo até
2,4 cm e 1,9 cm.
FIGURA 7 – USG evidenciando nódulo em
vagina

O estudo ecográfico do canal vaginal revela em seu terço médio/distal,


massa sólida e hipoecogênica bem delimitada, medindo 2,4 x 2,0 x 1,8 cm e
que ocupa a luz da cavidade vaginal, de natureza a esclarecer. Ao estudo
Doppler mostra vascularização predominantemente periférica.

- Tomografia Computadorizada da Pelve: Útero de contornos lobulados


com múltiplas formações nodulares distribuídas por todas as camadas
miometriais, de até 30 mm, sugestivas de mioma. Não foi evidenciado outras
alterações.

- Ressonância Magnética de Pelvis: Nodulação sólida captante ao


contraste na projeção do terço médio lateral direito vaginal com cerca de 2,3
cm, de etiologia inespecífica. Útero antevertido com dimensões aumentadas
contendo vários nódulos sólidos intra-murais hipocaptante ao contraste,
medindo o maior com 3,3 cm, um deles subseroso corporal anterior com 2,0
cm, e outro submucoso com 1,5 cm, compatíveis com mioma.

Exames laboratoriais gerais dentro da normalidade.

Paciente foi avaliada pela equipe da Infectologia que declarou apta para
cirurgia.
Encaminhada ao Centro Cirúrgico para se submeter à ressecção simples
do nódulo vaginal sob Raquianestesia.

Iniciou-se procedimento com a paciente em posição de Litotomia. Após a


introdução do espéculo vaginal de Collins identificado nódulo em parede
lateral esquerda no terço médio da vagina.

FIGURA 8 – Colo uterino.

FIGURA 9 – Nódulo vaginal em terço


médio lateral esquerdo.

Fonte:Lívia Barra

Fonte:Lívia Barra
Realizado incisão de 2,5 cm na mucosa sobre o nódulo e dissecção total
do mesmo com Pinça de dissecção.

FIGURA 10 – Incisão em mucosa

FIGURA 11 – Início da dissecção do


nódulo para enucleação.

vaginal

Fonte:Lívia Barra
Fonte:Lívia Barra

O nódulo foi ressecado integralmente.

FIGURA 12 – Ressecção do nódulo.

Fonte:Lívia Barra
Realizado hemostasia adequada com Bisturi elétrico e Sutura da mucosa
com fio de Cat Gut 0 simples, pontos simples. O procedimento transcorreu
sem intercorrências e o material foi encaminhado ao anátomo patológico.

FIGURA 13 – Nódulo vaginal

Fonte:Lívia Barra

Resultado da Anatomia Patológica: Ao exame macroscópico foi


observado fragmento nodular com 2,3 cm e pesando 05 gramas, constituído
por tecido mole e róseo.

Ao exame microscópico: Os preparos corados pela hematoxilina-eosina


mostram neoplasia matura de natureza mesenquimal, caracterizada por
proliferação de células fusiformes semelhantes às musculares lisas. As células
formam feixes entrelaçados e orientados nos mais variados sentidos, tendo
em meio de vasos congestos e áreas de hialinização. Não havendo indícos de
malignidade. Diagnóstico: Leiomioma de vagina.

Durante o pós-operatório imediato paciente evoluiu bem com discreta dor


local e sem sangramentos. O processo de cicatrização ocorreu
adequadamente.

Após um período de sete meses, paciente se manteve sem queixas


vaginais inespecíficas ou durante as relações sexuais.
4. Discussão

Miomas uterinos talvez sejam uma das doenças ginecológicas mais


conhecidas e estudadas pelo profissional desta especialidade, no entanto seu
aparecimento atípico como o vaginal ainda permanece pouco diagnosticado,
estudado e difundido em nosso meio.

O amplo espectro de diagnósticos diferenciais pode levar a erros


diagnósticos pré-operatórios.

Estudo de Silva e colaboradores em 2001 relataram um caso enfatizando


a necessidade de investigação minuciosa desses nódulos vaginais assim
3
como foi realizado nos casos aqui descritos . Segundo Sorensen e Chauhans
a Tomografia Computadorizada e a Ressonancia Nuclear Magnética são os
exames de eleição para diagnóstico, porém exames físicos detalhados e
5
minuciosos são primordiais . A RNM pélvica é um exame com bons resultados
15
para diagnóstico segundo avaliações de Hubert kc et al em 2010 .

Sendo comuns as queixas urinárias, a Clínica de Urologia também atua e


talvez sejam os principais relatores de casos de Leiomiomas de vagina. A
proximidade da uretra torna indispensável à realização de uma
3
Cistouretrografia para descartar tumores e até mesmo Leiomiomas de uretra .

No primeiro Caso Clínico aqui descrito, não foi realizado exames


urológicos adequados devido a erros no diagnóstico de imagem, como a
Ressonância Nuclear Magnética Pélvica, os quais definiam como Mioma
Uterino descartando a necessidade dessa investigação. Tal falha gerou
dificuldade técnica durante o procedimento cirúrgico já que se optou pela via
abdominal e necessidade de dissecção vesical intensa sem intercorrências,
porém poderia gerar consequências como a Bexiga neurogênica.

No segundo caso os exames de imagem foram esclarecedores e


permitiram adequada programação cirúrgica.
A via vaginal deve ser priorizada assim como foi realizado por Jeong-
Hoon Bae e colaboradores em 2008, porém existem casos que necessita
7
abordagem tanto abdominal com vaginal .

A abordagem cirúrgica pode limitar-se a enucleação simples


(miomectomia) com pouca possibilidade de sangramentos intensos ou lesões
3,7
adicionais . Nos casos deste estudo pode-se perceber que a via vaginal com
enucleação simples é a melhor opção, diminuindo tempo cirúrgico,
hemorragias e risco de lesão vesical como já sugerido por Castle e Mclaughlin
4
desde 1986 .

Após diversos relatos de casos pode-se perceber sua evolução


individualizada, sendo necessária a ressecção de todos os nódulos vaginais
para adequado seguimento e estudo do comportamento do mesmo.

Perante tantos diagnósticos diferencias maligno, como descreveram Cui


N e Zormpa M que ao ressecar um nódulo de parede posterior da vagina
13
encontraram um Adenocarinoma de cólon , o seguimento rigoroso faz-se
necessário.

Dentre as pacientes aqui relatadas observou-se comportamento benigno,


ou seja, resultado de histopatologia sem sinais de malignidade, apesar da
concomitância de infecção pelo HIV em um dos casos e a probabilidade
aumentada para degeneração sarcomatosa.

Em novembro de 2011 Mukhtar S, Saeed M e colaboradores descreveram


um caso de Leiomioma vaginal com ressecção simples que evoluiu bem sem
complicações e recidiva nos dois primeiros meses de seguimento assim com
neste estudo, onde ambas as pacientes foram acompanhadas por sete meses
12
e se mantiveram assintomáticas .
5. Conclusão

Como os miomas de vagina podem simular uma série de doenças


pélvicas tornando esse diagnóstico difícil, o conhecimento de suas
características clínicas e sua aparência ao Ultrassom e à Ressonância Nuclear
Magnética faz-se necessário.

O planejamento terapêutico após a hipótese diagnóstica já estabelecida


torna o procedimento mais seguro e com resultados mais satisfatórios. A
variação de comportamento e o alto número de degenerações malignas torna
imprescindível sua exérese para um adequado estudo histopatológico.
6. Referencias Bibliográficas

(1) Leiomioma uterino: Manual de orientação São Paulo: Nilo Bozzini,


2004.

(2) Miomatose Uterina. Federação Brasileira da Sociedade de


Ginecologia e Obstetrícia. Disponível em
http://www.projetodiretrizes.org.br/projtodiretrizes/076.pdf. Acesso em
20/06/2012.

(3) Acta Urológica Portuguesa, p. 18; p 3: 49-51. 2001

(4) Castle W. N, Mclaughlin W. L. Paraurethral vaginal leiomyoma.


Urology p. 30(1):70-72. Julho 1987

(5) Sorensen M, Chauhan P. Leiomyoma can also be located in the


vagina. Ugeskr Laeger. 2011 May 23;173(21):1510-1

(6) Lázaro M. et al. Revista de obstetricia y ginecologia: Tumores de


músculo liso de vagina, presentación
de dos casos y revisión de la literatura. Agosto 16/2001 - Revisado:
Octubre 1/2001 - Aceptado: Octubre 31/2001

(7) Jeong-Hoon Bae, MD, Sae Kyung Choi, MD, and Jin Woo Kim, MD.
Vaginal leiomyoma: A case report and review of the literature.
Journal of Women’s Medicine Vol. 1. No. 2 December 2008.

(8) Indranil C.; Anuradha D.; Shyamapada P. Journal Midlife Health. Índia,
2011 Jan-Jun; vol. 2. 42–43.

(9) S. Agarwal, R.K. Yadav, K. Sangwan, P. Dahiya: Vaginal Leiomyoma:


A rare cause of Menometrorrhagia. The Internet Journal of Radiology.
2008 Volume 9 Number 1. DOI: 10.5580/239b. Disponível em
http://www.ispub.com/journal/the-internet-journal-of-radiology/volume-9-
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(10) Hameed N. Case report Leiomyoma of the vagina. Combined


Military Hospital, Rawalpindi, Pakistan.

(11) Bennett H., Ehrlich M. Myoma of the vagina. Journal Obstet Gynacol
1941; 42: 314-20.

(12) Mukhtar S; Saeed M, et al. Paraurethral Leiomyoma. J Coll


Physicians Surg Pak. 2011 Nov;21(11):702-3.

(13) Cui N; Zormpa M; Lazarou G. A case of a large rectovaginal mass


presenting as posterior vaginal wall prolapse. Int Urogynecol J. 2011
Sep;22(9):1185-8. Epub 2011 Mar 17

(14) Mccluggage WG; Connolly L; Mcbride HA. HMGA2 is a sensitive


but not specific immunohistochemical marker of vulvovaginal
aggressive angiomyxoma. Am J Surg Pathol. 2010 Jul;34(7):1037-42

(15) Hubert KC et al. Clinical and magnetic resonance imaging


characteristics of vaginal and paraurethral leiomyomas: can they
be diagnosed before surgery? BJU Int. 2010 Jun;105(12):1686-8.
Epub 2009 Nov 4

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