Anda di halaman 1dari 19

BENEFÍCIOS DA EQUOTERAPIA: PERCEPÇÕES DE

PROFISSIONAIS E DE FAMILIARES
Gabriela Ribas Campos1
gabriela_cacau@hotmail.com
Marina de Paula Gotlieb²
maarinagotlieb@gmail.com
Jonatan Schmeider³
jonatanschemeider@gmail.com

RESUMO:

O tema desta pesquisa é a percepção de profissionais e de familiares sobre o processo terapêutico


disponibilizado pela equoterapia. A equoterapia é uma modalidade de tratamento da terapia assistida
por animais, ou seja, há a participação de animais, neste caso, os cavalos. Essa terapia proporciona
diversos benefícios ao praticante de uma maneira prazerosa, por ser um método lúdico. Como
delineamento de pesquisa, utilizou-se um estudo de campo, uma entrevista semiestruturada de
abordagem qualitativa, com objetivos descritivos e exploratórios. As percepções foram positivas de
acordo com os entrevistados, porque consideram a equoterapia eficiente, pois perceberam um melhor
desenvolvimento nos praticantes. Essa terapia mostrou-se eficiente a considerar as entrevistas e a
literatura. A terapia é considerada um bom recurso terapêutico, uma vez que essa prática traz
benefícios, tanto físico-psicológicos e sociais, como aumento de autoestima, de autoconfiança, de
sociabilidade, melhora no equilíbrio e na postura corporal, etc. Todas as pesquisas feitas ainda são
muito limitadas, por isso se acredita que mais estudos devem ser feitos nessa área.

Palavras-chave: Equoterapia. Terapia Assistida por Animais. Processo terapêutico. Processo


psicológico.

ABSTRACT:

The theme of this research is the perception of professionals and families about the therapeutic
process provided by equine therapy. Equine therapy is a treatment modality of animal assisted
therapy, that is, there is the participation of animals, in this case, horses. This therapy provides
several benefits to the practitioner in a pleasurable way, as it is a playful method. As a research
design, we used a field study, a semi-structured interview with a qualitative approach, with descriptive
and exploratory objectives. The perceptions were positive according to the interviewees, because they
considered the equine therapy efficient, since they perceived a better development in the practitioners.
This therapy proved to be efficient in considering interviews and literature. Therapy is considered a
good therapeutic resource, since this practice brings benefits, both physical-psychological and social,
as well as increased self-esteem, self-confidence, sociability, improved balance and body posture, etc.
All researches done are still very limited, so it is believed that more studies should be done in this
area.

Keywords: Equine therapy. Animal Assisted Therapy. Therapeutic process. Psychological process.

¹Acadêmica de Psicologia da Faculdade Guairacá, Guarapuava, PR, Brasil.


²Acadêmica de Psicologia da Faculdade Guairacá, Guarapuava, PR, Brasil.
³Orientador do trabalho e docente de Psicologia da Faculdade Guairacá, Guarapuava, PR, Brasil.
1 Introdução

A equoterapia, assunto que norteou este trabalho de pesquisa, existe há bastante


tempo, porém, começou a ficar conhecida no Brasil no começo da década de 1970 e os
precursores neste trabalho fundaram a Associação Nacional de Equoterapia ─ (ANDE
BRASIL) em Brasília, no Distrito Federal, segundo Valle, Nishimori, Nemr (2014). O termo
"equoterapia" é a denominação adotada no Brasil pela ANDE BRASIL para especificar a
atividade equestre, para tratamento terapêutico de recuperação de indivíduos que possuem
alguma patologia. Segundo a tradição nessa atividade, bastam 30 minutos dessa prática por
dia e isso já é o suficiente (PEREIRA, 2012).
Essa terapia pode ser designada como a soma de técnicas reeducativas que operam
para melhorar danos sensórios, motores, psíquicos e comportamentais, por meio de uma
prática lúdica desportiva (GONÇALVES, 2007).
A prática equoterápica possui quatro programas, sendo eles: i) hipoterapia, ii)
educação e reeducação, o pré-esportivo e, por último, iii) o esportivo. Além do mais, qualquer
equino bem domado pode ser utilizado, não precisando ser uma raça específica. O que é
fundamental, entretanto, são as andaduras do cavalo, como “o passo, o trote e o galope”. É no
passo que ocorre o movimento tridimensional, sendo este, então, a andadura mais importante
e a mais usada. O movimento tridimensional é movimento que vai de um lado para o outro
(esquerda e direita), para frente e para trás, movimentos que se assemelham com a marcha
humana (JESUS, 2014, p. 6).
A utilização de animais como recurso de auxílio para as atividades humanas iniciou-se
no período Neolítico, quando houve a domesticação de animais como gatos, cavalos,
golfinhos, entre outros, e essa relação entre as pessoas e os animais é conservada até os dias
de hoje. E, embora seja ainda pouco estudado na atualidade, o recurso designado Terapia
Assistida por Animais, ou também chamada de zooterapia, pode ser um meio de proporcionar
bem-estar e saúde aos seres humanos (SILVA, 2011).
Diversas técnicas de Terapia Assistida por Animais têm sido criadas no tratamento de
diferentes patologias, especialmente a cinoterapia (utilização de cachorros), a equoterapia
(utilização de cavalos) e a delfinoterapia (uso de golfinhos) (SILVA, 2011). A interação com
os animais faz parte do dia a dia de muitas pessoas. Assim, é importante conhecer essa prática
que utiliza os animais com objetivos terapêuticos, visto que esse método de terapia já chega a
instituições de saúde, como hospitais e clínicas, sempre propiciando melhoras nos indivíduos
e nos lugares de terapia (CAETANO, 2010).
A equoterapia é um método aplicado por profissionais da saúde (fisioterapeuta,
fonoaudiólogo e psicólogo) e também da equitação, e fornece à sociedade uma nova
modalidade de intervenção terapêutica com a utilização dos animais. Nota-se que a maioria
das pesquisas já realizadas tentam constatar o êxito através da terapia assistida por animais,
atribuindo ao animal um recurso terapêutico (SCHMITT, 2015).
O objetivo deste trabalho é, então, compreender como os animais auxiliam no
processo terapêutico em pessoas com dificuldades especiais pela Terapia Assistida por
Animais, neste caso, pela equoterapia. Trata-se de identificar os benefícios físicos, mentais,
emocionais e sociais a partir das percepções dos profissionais e dos familiares acerca dos
efeitos da equoterapia no indivíduo no processo terapêutico.

2 Referencial Teórico

Segundo as autoras Valle, Nishimori e Nemr (2014), a equoterapia é definida, pela


ANDE-BRASIL, como:

Um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem


interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o
desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e ou com necessidades
especiais. (VALLE; NISHIMORI; NEMR, 2014, p. 511).

De acordo com Prietsch (2012), para trabalhar em um centro de equoterapia são


necessários equipamentos, o cavalo ─ de preferência égua ─ e que se tenha um mediador na
área da saúde, podendo ser fisioterapeuta, psicólogo ou fonoaudiólogo. E também é preciso
um guia equitador que conduza o cavalo, e mais o auxiliar lateral. Essa equipe precisa ter
experiência na área e um bom preparo para a segurança do praticante.
O tempo indicado pela ANDE-BRASIL é 30 minutos, porém a sessão pode durar
menos tempo, pois depende de quanto o praticante irá aguentar. E também mais do que isso
não é recomendado. Andrade e Cunha (2014, p. 135) afirmam que uma sessão de 30 minutos
é suficiente, pois nesse tempo é possível obter o “[...] alinhamento corporal, reações de
equilíbrio, retificação e proteção, controle cervical e do tronco e adequação de tônus, além de
uma melhora na respiração, e sensório-motor”.
Na equoterapia, a terapêutica inicia-se desde o momento em que o paciente entra em
contato com o animal. Assim, o cavalo é apresentado à criança, que precisa aprender a como
lidar com ele, como montar, como fazer que obedeça a seus comandos. Já nesse momento
começa o desenvolvimento da sua autoconfiança e afetividade, além de a criança entender que
existem regras que precisam ser obedecidas para que transcorra bem a sua interação com o
animal. A equoterapia possibilita que o paciente possa praticar várias ações ao mesmo tempo,
incluindo a movimentação dos pés, das mãos, das panturrilhas, além de exigir disciplina e
concentração durante todo o tempo da sessão (AGUIAR; SILVA 2008).
E os benefícios físicos, psicológicos e sociais que a equoterapia concede, segundo
Jesus, são:

Obtenção ou melhora no equilíbrio, coordenação motora melhora na postura,


relaxamento ou aumento dos tônus musculares, alongamento e flexibilidade
muscular, dissociação de movimentos, esquema e imagem corporal, melhor
circulação e respiração; integração dos sentidos, cognição, fala e linguagem;
melhoras na digestão e deglutição, controle da salivação, fadiga, melhoria nas
atividades cotidianas em geral. Como benefícios psicológicos podemos citar: a
conquista ou reconquista da autoconfiança e da autoestima, o bem-estar, a
estimulação e percepção do mundo ao seu redor, melhoria nas relações do praticante
com os outros, com ele mesmo, na relação do praticante com o cavalo, do praticante
com o terapeuta e do cavalo com o terapeuta. (JESUS, 2014, p. 4).

Os seres humanos têm um convívio com os animais desde o início da humanidade e o


relacionamento de domesticação do animal também é muito antigo, pré-histórico. Acredita-se
que o primeiro registro de vínculo entre ambos foi, aproximadamente, há 12.000 anos. E até
os dias atuais esse vínculo aumentou, a ponto de os animais mais constarem apenas como
utilidade, mas se tornarem recurso terapêutico (PEREIRA; PEREIRA; FERREIRA, 2007).

Boris Levinson, no ano de 1962, foi o iniciador da Terapia Assistida por Animais
(TAA) e, no Brasil, a pioneira foi a psiquiatra Nise da Silveira, que executou vários trabalhos
com esquizofrênicos (PEREIRA; PEREIRA; FERREIRA 2007).
A TAA demanda a assistência profissional de uma equipe multidisciplinar como
psicólogos, fisioterapeutas, veterinários, dentre outros, que fazem uso do animal como parte
de um tratamento (SCHMITT, 2015).
Além dos profissionais citados, é importante que se tenha o acompanhamento de um
veterinário para fazer uma avaliação do comportamento e da saúde dos animais utilizados no
tratamento. (SCHMITT, 2015). A TAA tem como objetivo desenvolver atividades que
auxiliem na recuperação da saúde ao paciente, tanto motivacional e terapêutico, e também
para proporcionar um melhor funcionamento fisiológico, psicológico e social. Várias espécies
de animais podem ser usadas nesses programas, sendo mais frequentes os cavalos e os
cachorros, porém outros animais também são utilizados, como golfinhos, coelhos, gatos,
porquinhos da índia, entre outros (SILVA, 2011).
Essa prática busca propiciar um desenvolvimento biopsicossocial, trabalhando
mediante o movimento tridimensional através do passo do cavalo (que é a andadura que mais
se aplica), que se assemelha à marcha humana no aspecto motor, em que o cavalo opera como
um componente de ligação, facilitando ao profissional trabalhar as demandas psicológicas
(SILVA; GRUBITS, 2004). Mediante o movimento tridimensional, “[...] é possível acionar o
sistema nervoso, alcançando objetivos neuromotores, como melhora do equilíbrio, ajuste
tônico, alinhamento corporal, consciência corporal, coordenação motora e força muscular”
(BARBOSA; MUNSTER, 2014, p. 71). Segundo Schmitt (2015, p.11) “ [...] quando o cavalo
se desloca, exige do praticante a modulação do tônus muscular para poder ajustar, manter,
recuperar ou adaptar seu equilíbrio postural a cada movimento”.
O praticante deverá estar bem alinhado no dorso do cavalo para poder receber os
estímulos gerados. Então, segundo o que Barbosa; Munster (2014, p. 74) apontam:

Devido as passadas repetidas do cavalo, percurso, intensidade, frequência e ritmo


promove vivências relativas ao movimento, espaço, tempo e dimensão, sendo,
portanto, uma atividade rica em estímulos psicomotores, os quais são transmitidos
ao praticante.

Para Sousa e Navega (2012), esses estímulos produzidos pela andadura do cavalo, uma
vez percebidos pelo praticante, produzem alterações no seu encéfalo e, portanto,
proporcionam melhoras efetivas, possibilitando novas percepções.
Há, como já anunciado acima, quatro programas dentro da equoterapia. O primeiro
deles é a hipoterapia. Esse programa é adequado àqueles praticantes que possuem patologias,
sejam físicas ou mentais, e é mais focado na reabilitação do mesmo. Nesse programa, não há
possibilidade de o sujeito permanecer sozinho em cima do animal e são necessários três
profissionais: o guia do cavalo, o mediador da sessão e o auxiliar lateral. (JESUS, 2014).
O segundo programa é o educacional ou de reeducação. Pode ser praticado tanto no
primeiro programa acima descrito, como na área da educação. Nesse caso, há a possibilidade
de o indivíduo se manter em cima do cavalo apenas com o guia e com o auxiliar lateral. O
animal atua como recurso pedagógico e também psicológico, trabalhando principalmente nas
questões de inserção e/ou de reinserção social (JESUS, 2014).
O terceiro programa é o pré-esportivo, que trabalha igualmente com a reabilitação e
com a educação, mas o praticante pode participar de atividades de hipismo. Diante disso, pode
também conduzir o animal sem precisar de ajuda, apenas precisa de orientação do equitador.
(JESUS, 2014).
O quarto e último programa é o esportivo. Nele o praticante é colocado nas aulas de
equitação, podendo ter condições para competir em olimpíadas, sendo que os que possuem
problemas cognitivos também podem participar de olimpíadas, porém “[...] são competições
hípicas especiais, com regulamentação especifica” (GONÇALVES, 2007, p. 19).
A equipe sempre planeja as sessões para os praticantes, porém, algumas vezes é
necessário, uma mudança nesse plano terapêutico, pois, tem dias que os praticantes não estão
bem emocionalmente, podem ter trocado a medicação e, por estes motivos não conseguem
seguir o objetivo que foi programado pelos profissionais. Ou onforme vão atingindo os
objetivos, poderão mudar de programa. (SANTOS; SILVA, 2016)

3 Método
Como delineamento de pesquisa, utilizou-se um estudo de campo, de abordagem
qualitativa, com objetivos descritivos e exploratórios.
A pesquisa foi realizada em um centro de reabilitação e equoterapia, no estado do
Paraná, na região Centro-Sul. Foram realizadas entrevistas com quatro profissionais, sendo
eles dois psicólogos, um fisioterapeuta e um equitador, aos quais foram feitas quatorze
perguntas. Além disso foram feitas onze perguntas para cinco familiares de pacientes. Os
dados foram analisados por meio da análise de conteúdo, seguindo três etapas: pré-análise,
exploração do material e interpretação. (CAREGNATO; MUTTI, 2006).
A presente pesquisa seguiu os preceitos da Resolução nº 466/2012 e foi submetida e
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa – (COMEP) da Universidade Estadual do Centro
Oeste, sob o Parecer nº 2.008.845.

4 Resultados e Discussão

Em busca de responder à questão de quais são as percepções dos profissionais e dos


familiares acerca tratamento da equoterapia, e da atribuição do animal nessa terapia, o
objetivo desse trabalho foi conhecer um pouco mais sobre como funciona a Equoterapia, seus
benefícios físicos, psicológicos e sociais. O objetivo inclui também conhecer a função do
psicólogo em uma área que, aos poucos, está sendo descoberta pela sociedade, e também
instigar a pesquisa de um assunto tão pouco pesquisado, apresentando que há mais um novo
método de tratamento para indivíduos das mais diversas patologias e de dificuldades
especiais. Para tanto, será apresentado os resultados das entrevistas feitas, bem como de
relacioná-las com a literatura. Foi elencado cinco subcategorias, para a realização dos
resultados e discussões, sendo elas: interesse e início da formação dos profissionais por essa
área, como é realizado o trabalho em equipe multidisciplinar, as indicações para essa prática,
como se dá o processo de interação entre praticantes, familiares, profissionais e também com
o cavalo, bem como as percepções das evoluções e benefícios.

4.1 Interesse e início da formação

Percebeu-se através das entrevistas que os familiares não conheciam a equoterapia e


que passaram a conhecê-la por indicação de outras pessoas/profissionais. Outro registro é que
a maioria dos praticantes faz a terapia há mais de um ano. Como a equoterapia não é ainda
muito conhecida, os profissionais também conheceram sobre essa terapia através de outras
pessoas que sabiam do que se tratava e, então, foram buscar cursos de especialização nessa
área. Três dos profissionais entrevistados já tinham contato com cavalo desde pequenos,
então, por ser uma terapia que utiliza cavalos, eles se identificaram mais.

Uma das profissionais relatou seu primeiro contato com a equoterapia: “Eu gosto de
coisas diferentes, que têm resultado e que eu não conheci na faculdade. Ouvi falar por um
colega que me emprestou um livro que estava um período depois de mim, mas a gente se
conhecia dos corredores da faculdade. Aí li o livro 'Terapia Assistida por Animais' e não
'Equoterapia', e comecei a buscar informações”. Quanto aos familiares entrevistados, um deles
disse que conheceu a equoterapia “Pela neuropediatra que atende ele, fui na primeira consulta
com ela em Curitiba, daí, no programa de atendimento que ela passou para ele, ela descreveu
a Equoterapia. Eu nem sabia que existia”. A equoterapia ainda é uma técnica pouco conhecida
e muito recente em pesquisas, por isso a necessidade de se estudar o assunto, para que mais
pessoas possam ter acesso a esse tratamento (GALVÃO et al., 2007).

4.2 Equipe multidisciplinar

Foi percebido que os profissionais valorizam o trabalho em equipe e como isso é


importante para o desenvolvimento do praticante. Trata-se da importância da troca de
experiências, de críticas, sejam elas construtivas ou não, e até do reconhecimento que reforça
o desempenho no trabalho. Também foi analisada a divisão de tarefas entre eles, em que um
auxilia o outro. Mesmo assim, porém, como toda equipe, foi percebido também as
dificuldades em se trabalhar em grupo, receber críticas e saber separar do pessoal, levando
isso para o lado construtivo. Também observamos uma dificuldade em cada um se
autoavaliar, e o receio em ser avaliado por outros profissionais. Segundo Jesus (2014, p. 4).
“[...] A equipe interdisciplinar de Equoterapia pode ser formada por profissionais das áreas da
saúde, educação e da equitação. Existe também a necessidade de se ter um médico
responsável dando respaldo à equipe indicando ou contraindicando o tratamento”.

Uma equipe multidisciplinar necessita de uma boa comunicação, assim como um


profissional relatou na entrevista: “Equipe você tem que escutar, ouvir, isso é muito difícil,
todos tem que aceitar coisas que são faladas, se reunir com frequência, quem errou a gente
fala, pois, é muito bom aprender com os erros, acertou a gente dá os parabéns e, que continue
assim.” Além disso, também informaram que ocorre a divisão das tarefas e, outra profissional
expôs: “Dependendo do caso vai ser dividido as atividades, então, veio o paciente vai ser feito
uma triagem, aí a gente vai observar qual que é a necessidade do qual profissional que vai ser
necessário naquele paciente, se vai ser fisioterapeuta, ou o psicólogo, ou só o equitador”.
Ademais, são responsáveis por avaliar os praticantes, indicando ou contraindicando para a
relização da prática.

O profissional da psicologia e o profissional que irá mediar a sessão, que pode ser o
fisioterapeuta também, deverá planejar a sessão para o praticante antecipadamente, com o
percurso, com atividades lúdicas e com o tipo de montaria/posturas e, ainda:

Em alguns momentos do percurso, o paciente é estimulado com alguns recursos


pedagógicos, como argolas e cones, onde o mesmo deverá colocar as argolas de
diferentes tamanhos, cores e texturas dentro do cone, de ambos os lados laterais do
corpo, direito e esquerdo, além do cavalo, o qual já é tido como um meio
terapêutico, cada qual voltado para a deficiência de cada paciente, além do estágio
de doença em que o mesmo se encontra o longo do percurso, algumas posturas
diferentes daquela tradicional também eram impostas ao praticante: montado de
costas, de lado e deitado sobre o cavalo eram algumas delas, as quais provocavam
diferentes sensações e reações a quem estava montado. Nessas posturas, vale
ressaltar a importância da confiança do praticante para com o terapeuta (OLIVEIRA;
FUMES; MOURA, 2015, p. 3).

O papel do psicólogo nesse contexto é de instigar o praticante de várias formas,


possibilitando o desenvolvimento biopsicossocial. O profissional pode oferecer materiais
lúdicos nas sessões, como brincadeiras e jogos. No aspecto psicológico, essa prática tem
como finalidade acompanhar, instruir e informar os praticantes e os seus familiares e/ou
cuidadores, auxiliando-os na elaboração de soluções para as questões emocionais, para os
atritos interpessoais ou outras afecções, bem como conscientizar o indivíduo das suas
limitações e potencialidades. Além de também observar e averiguar a condição do praticante
antes de começar a terapia, isso para uma melhor adequação do trabalho com o animal
(GONÇALVES, 2007).
Além disso, o psicólogo pode criar grupos com os familiares, para que possam expor
suas angústias, seus medos, suas expectativas, enfim, um espaço para serem acolhidos e
também para poderem trocar informações. O profissional da psicologia deve também fazer
uma conscientização com esses pais ou cuidadores dos praticantes, pois, muitas vezes, estão
abalados emocionalmente (GONÇALVES, 2007).

4.3 Indicação para a equoterapia e plano terapêutico

Nas entrevistas com familiares, foram levantados os dados de que dois praticantes
possuem autismo, dois possuem paralisia cerebral e um com encefalocele, que são patologias
encontradas na literatura e indicadas para essa prática. De acordo com os profissionais, a
equoterapia é indicada para paralisia cerebral, autismo, depressão (justamente por ter um
vínculo com o animal), hiperatividade, AVC, escoliose, TDAH, ansiedade, síndrome de
Down, Parkinson, Alzheimer, síndromes de Turner, de Rett, de Angelman e de Willians de
maneira geral, e também para problemas de equilíbrio e de lesão medular. E ainda:

A Equoterapia pode ser feita em portadores de deficiências sensoriomotoras, tais


como: Tipos clínicos de paralisias cerebrais diminuindo assim seus movimentos
involuntários, déficit sensorial, atraso maturidade, síndromes neurológicas (Down,
West, Rett, Soto e outras), A.V.C, traumatismo cranioencefálico, sequelas de
processos inflamatórios do sistema nervoso central (meningo encefalite e encefalite),
lesão raquiomedular. Nos distúrbios psicossociais podem ser tratados autistas,
hiperativos, deficiência mental, dificuldade no aprendizado, alterações no
comportamento, psicoses infantis. (RIBEIRO; RODRIGUES; MACEDO, 2015, p.
5).

Segundo os profissionais entrevistados, todos os praticantes têm um plano terapêutico


diferente do outro, dependendo da sua faixa etária e, da sua patologia. Além disso,
dependendo do programa em que ele estiver, cada um tem um prontuário e uma avaliação
diferente. E quanto mais o praticante vai evoluindo, mais os profissionais vão observando as
necessidades que ele tem. De acordo com Galvão et al. (2007), o psicólogo faz suas
avaliações com o praticante e com seus familiares, para, assim, poder compreender todas as
suas limitações e potenciais. A partir disso pode realizar suas intervenções e o que vai ser
"trabalhado" com o praticante para que melhore seu desenvolvimento.
Conforme os praticantes vão alcançando os objetivos, eles vão mudando de programa
até chegar ao último, que é o esportivo. Jesus (2014) aponta que, como a equoterapia tem
como objetivo desenvolver funções psicomotoras, isso requer do psicólogo uma elaboração
adiantada de atividades para os indivíduos. Como constatado na entrevista, quando o
praticante começa a terapia, a psicóloga traça objetivos para esse praticante e, se alcançados,
mesmo que seja em tempo menor do esperado, é feita uma reavaliação e são traçados novos
objetivos.
Os profissionais disseram, entretanto, que algumas vezes é necessária uma mudança
de plano terapêutico, pois podem acontecer, na sessão programada, situações inesperadas,
como o praticante não querer exercer o plano programado para aquele dia. Essa recusa pode
acontecer por alguns motivos, como: não estar bem emocionalmente ou até mesmo pela troca
da medicação. Então os profissionais espontaneamente devem mudar o que foi planejado,
adequando o programa com o estado do paciente naquele dia.
A profissional relatou, na entrevista, que, durante uma sessão: “Uma praticante não
quis subir no cavalo, aí eu peguei o cavalo e falei: 'Vamos puxar o cavalo?'. E a fisioterapeuta
montou no cavalo, tudo espontâneo, e a praticante fez exatamente o que a gente faz
conduzindo a sessão. Ela se sentiu muito feliz em fazer isso, perguntando o que eram as letras,
os números e as cores mesmo sem saber o que era”. Gonçalves (2007) ainda aponta que, além
da utilização do lúdico, de brinquedos e de outros materiais, é importante permitir ao
indivíduo que exponha as suas emoções, seja por meio da fala, de sinais e dos olhares. O
apontamento dessa autora condiz com o que Sousa & Navega (2012, p. 589) também
apresentam:

A atividade do brincar é uma possibilidade de expressão de sentimentos,


preferências, receios e hábitos; mediação entre o mundo familiar e situações novas
ou ameaçadoras; e elaboração de experiências desconhecidas ou desagradáveis e
pode ser visto como um espaço terapêutico que promove continuidade no
desenvolvimento.

A equoterapia é indicada para várias patologias, como já citado acima, e que


dependendo da patologia e faixa etária, o plano terapêutico se modifica, principalmente se os
objetivos forem atingidos. Pode se observar que é uma prática diferente, por ser aplicado de
forma lúdica e descontraída, o que acaba sendo mais interessante e, também, por envolver
interação e afetividade com o cavalo.

4.4 Sanidade do animal e interação praticante-cavalo-profissionais

Os profissionais expuseram que sempre é feito um acompanhamento do cavalo sobre a


sua sanidade, medicamentos e até mesmo sobre a sua limpeza, e também da importância de se
fazer treinamento com o animal antes de iniciar a sessão. Abreu et al (2008) enfatiza que é
necessário treinar o cavalo que será usado na terapia e que ele necessita sempre de cuidados.
Esse autor ressalta que é imprescindível que se tenha a presença de um veterinário para
avaliar e acompanhar o comportamento e a saúde dos cavalos utilizados no tratamento
terapêutico.
Conforme os profissionais relataram, é importante ter um contato com o animal antes
de se iniciarem as práticas, para que os praticantes se sintam mais seguros. Posteriormente, é
muito visível a relação entre o praticante e o animal, até mesmo porque o cavalo é muito
sensitivo. Então ele consegue identificar quando o praticante tem medo ou não, fazendo assim
essa aproximação do indivíduo. O comportamento que o animal tem é de se abaixar, chegar
perto e cheirar a pessoa.

Um dos procedimentos consiste em auxiliar o paciente na sua aproximação com o


animal, o que é crucial para a realização do tratamento, e na montaria que ocorrerá a
partir do momento em que se estabelece o vínculo afetivo entre o indivíduo e o
cavalo, que é imprescindível para a aquisição da confiança no montar. (GALVÃO et
al., 2007, p. 2).

Os familiares comentaram, sobre os seus filhos praticantes, que todos eles têm um
apego com o animal, dizem ser uma atividade prazerosa e que a criança faz, de uma forma
dinâmica e lúdica, o que é proposto. No praticante 1 (P1) e no praticante 3 (P3) foi observado
que eles ficam mais calmos depois que têm o contato com o cavalo. Tratam o animal dando-
lhe comida, cuidando dele e demonstrando carinho. Além disso, a equoterapia proporciona
uma autonomia maior, independência, confiança, bem como uma melhora na afetividade. De
acordo com Andrade e Cunha (2014), o cavalo proporciona ao praticante ganhos psicológicos,
educacionais e físicos, pois a equoterapia demanda que o corpo inteiro seja usado, auxiliando
em seu desenvolvimento muscular, consciência corporal, assim melhorando sua coordenação
motora e seu equilíbrio.
Os profissionais afirmaram que a rotina terapêutica do praticante não deve ser somente
a equoterapia como uma terapia alternativa, e sim um conjunto de atividades na rotina
convencional, uma complementando a outra. Gonçalves (2007) destaca que, como a
equoterapia é um tratamento complementar na reabilitação e na reeducação motriz e psíquica,
ela deverá ser somada com mais atividades. Ferreira (2008) diz que a equoterapia pode ser
uma terapia principal ou complementar, tudo depende da patologia do praticante. Em
entrevistas com os familiares, pode-se verificar que eles levam seus filhos para outras
atividades, como fonoaudióloga, musicoterapia, método Bobath, método Cuevas Medek,
terapia ocupacional, fisioterapia convencional e estimulação visual.
4.5 Percepções sobre a evolução do tratamento e os benefícios

As evoluções se dão através do movimento tridimensional, que mexe com todas as


musculaturas, é possível produzir uma descarga emocional. Esse movimento do andar do
cavalo se assemelha à marcha humana. Os profissionais relatam que, depois de uma sessão, o
paciente sai de lá mais leve, mais tranquilo e alguns saem muito cansados. Perceberam uma
evolução em relação à socialização, à força muscular, à simetria, à propriocepção, a aprender
a cumprir regras, então também ocorre a melhora da autoestima, do afeto, da independência,
do sistema vestibular que está relacionado com o equilíbrio, com a coordenação e com o
autocontrole. O praticante andando em um animal manso e alto lhe proporciona diversos
sentimentos, como independência e liberdade, o que lhe fornece mais confiança, autocontrole,
postura, atenção, criatividade, cooperação, socialização e afetividade (SOUSA; NAVEGA,
2012).
O autor enfatiza a relação dos principais propósitos a serem alcançados nas sessões e
das capacidades que serão expandidas, como:

Contato e interação com o outro, organização do esquema corporal, distinção


eu/outro, responsabilidades, espírito de cooperatividade, coordenação motora no
manejo do material utilizado, adaptação ao meio, noções de limites, agilidade,
flexibilidade das articulações, equilíbrio, lateralidade, entre outros. (GONÇALVES,
2007, p. 16).

O praticante aprende a ter limites e que ele necessita respeitar os limites do cavalo
também, pois, se ele está agressivo, o cavalo responderá à altura. E entende que o mesmo
respeito que ele precisa ter com o cavalo, esse respeito ele precisa ter também com os colegas
da sala e com todos os que estão à sua volta: “Pelo seu tamanho, o cavalo impõe respeito e
limites, sem envolver-se emocionalmente com o indivíduo, facilitando assim a aceitação de
regras de segurança e disciplina” (GALVÃO et al., 2007, p. 2).
Os familiares observaram uma melhora na coordenação motora, na sociabilidade, na
afetividade pela equipe e também melhora na agressividade, na postura e na força dos
músculos, ficando mais carinhoso, mais calmo, com autoestima, com independência, com
equilíbrio, com tronco cervical bem postado, com confiança e, enfim, sendo menos inseguro.
A mãe de um dos praticantes relatou que. “Além da postura, o cavalo aumenta a autoestima
dele, ele queria viver em cima do cavalo, parece que ele se sente livre, ele sai sozinho, vai pra
escola sozinho, sai com os amigos, vai em (sic) show de rock sozinho, e isso a equoterapia
influencia. Ele se sente independente em cima do cavalo e isso interfere na vida dele”. Já
outra mãe expôs que seu filho melhorou “Na agressividade, na postura, tinha problemas nas
pernas, caía sempre e com a equoterapia ele mudou bastante, mais meigo, menos agressivo,
ele adora vim, às vezes briga que não quer descer de cima do cavalo. Fica bem mais calmo
quando vem”. Segundo Andrade e Cunha (2014) o cavalo é muito importante como método
terapêutico, pois é através dele que o praticante se desenvolve, a partir do momento em que
ele está em cima do cavalo.
Depois de algumas sessões de equoterapia, em que o praticante já possui um contato
com o cavalo, os profissionais devem focar no seu objetivo específico e a comunicação é
muito importante nesse processo, pois é através dela que a equipe vai auxiliar e incentivar a
vencer os obstáculos e as dificuldades enfrentadas, desenvolvendo “a autoestima, a segurança,
a confiança, o desenvolvimento das relações de amizade, e visando principalmente o
autocontrole.” (BEZERRA, 2011, p. 22).
Antes de iniciar a equoterapia foi percebido, através dos relatos, que todos os
praticantes demostraram uma resistência em desenvolver as atividades. Depois de se
adaptarem, até escolheram alguns profissionais como prediletos. E, em relação aos familiares,
todos estão envolvidos com o tratamento e sabem do trabalho de todos os profissionais.
Gonçalves (2007) afirma que os familiares e/ou cuidadores devem estar próximos, cientes e
acompanhando os avanços da terapia, pois, dessa maneira, os pacientes se sentem entendidos,
confiantes e assistidos integralmente. Segundo Silva et al (2016), o acompanhamento dos pais
é importante, pois eles auxiliam na adaptação dos seus filhos, e para que consigam se separar
daquela dependência existente entre eles, obtendo uma confiança com a equipe e
desenvolvendo sua independência.
Diante disso, outro papel do psicólogo é fazer grupos com os familiares para que haja
reuniões constituindo um espaço de escuta, onde possam compartilhar as suas angústias, os
seus medos, os seus conflitos, e também um espaço para a troca de informações, de
expectativas em relação ao tratamento e também para compartilhar experiências, podendo,
dessa forma, elaborar todas essas questões. Esses grupos contribuem para a mudança de
condutas e de comportamentos com os praticantes, além do apoio recíproco, não ruptura de
convívio social, etc. (GONÇALVES, 2007). Para Silva et al (2016), na maioria dos casos os
pais dos praticantes acabam por superprotegê-los por conta da sua patologia, o que acaba
dificultando o processo de independência e de socialização. Então o psicólogo tem o trabalho
de orientar os pais nesse sentido, para um melhor desenvolvimento dos seus filhos.
Para os profissionais, a partir do momento em que o praticante atinge seu objetivo
inicial, ele pode evoluir para outros programas ou também procurar outras atividades que lhe
façam bem, ou ainda, se quiserem, podem continuar com o último programa, que é o
esportivo. A equoterapia é feita pela mediação de programas estruturados conforme as
necessidades e as capacidades do sujeito, e também dos propósitos do programa: o primeiro,
com fins médicos, usando procedimentos terapêuticos de acordo com a idade, visando
restabelecer e desligar aqueles que já têm possibilidades de realizar outras atividades. A outra,
com finalidades educativas e sociais com a utilização de técnicas psicopedagógicas, objetiva a
reintegração (GONÇALVES, 2007).
Os familiares do P2 e do P5 comentaram as dificuldades em entender todo esse
processo e que não iria existir o filho por eles inicialmente idealizado. Já o P1 e o P3
apresentaram mais preocupação com as dificuldades dos filhos do que com as dificuldades
deles próprios. Mesmo assim, todos aceitaram as suas limitações e dificuldades e sempre
estão em busca de várias alternativas para um melhor desenvolvimento dos filhos. Na
literatura, os especialistas expõem que o papel do psicólogo é a conscientização dos pais e ou
dos cuidadores dos praticantes, pois estes estão fragilizados por conta do diagnóstico. E que,
mesmo com todas as dificuldades e limitações, os praticantes podem vir a progredir na
implementação das suas potencialidades. Desse modo, o profissional da psicologia deve estar
preparado para todo tipo de situação, como preconceito ou ainda vergonha dos próprios pais
pela condição dos filhos. E essa conscientização deve ser feita no início da terapia, pois, como
qualquer patologia, ela provoca oscilações emocionais, tanto para a criança, quanto para o
meio familiar (GONÇALVES, 2007).
De acordo com os profissionais, a equoterapia é contraindicada para pessoas com
problemas de coluna, como hérnia de disco, escoliose e luxação de quadril, e pessoas que têm
medo ou fobia em relação ao cavalo, meningocele, cardiopatia grave e epilepsia grave. A
síndrome de Down também, em alguns casos, é contraindicada, porque, quando tem
instabilidade atlantoaxial e se a pessoa vier a fazer a equoterapia, acontece um deslizamento
na vertebra que pode ocasionar uma lesão maior. Além dessas patologias, na literatura,
Gonçalves (2007) ressalta ainda que o que desconsidera a pratica da "équo" não são somente
as doenças, mas o estado e a capacidade funcional dos praticantes. Andrade e Cunha também
escrevem sobre as contraindicações, que são:

Alergia ao pelo do cavalo por haver intolerância pela rinite; Hiperlordose, na qual
mesmo com uso de coxins de adaptação não se consegue o alinhamento pélvico;
Subluxação de quadril, por apresentar dor e/ou dificuldade na postura; Hipertensão,
quando esta não estiver controlada; Medo excessivo do animal; Atividade reflexa
intensa, dificultando o posicionamento correto sobre o animal. - Absolutas:
Instabilidade atlantoaxial presente em crianças portadoras de síndromes de Down,
podendo ocasionar lesão medular pela lassidão ligamentar; Escoliose estrutural
acima de 40 graus; Osteoporose, pelo risco de microfaturas; Osteogênese imperfeita,
pelo mesmo motivo da osteoporose; Hemofilia, pelos microtraumas vasculares;
Hérnia de disco; Doença de Schuerman, pela deformidade vertebral; Cardiopatia
grave. (ANDRADE; CUNHA, 2014, p. 134).

Quando o paciente tem medo de se aproximar e de montar no cavalo, às vezes pode


demorar algumas sessões para que isso seja trabalhado e os praticantes possam iniciar as
atividades em cima do cavalo. Até isso acontecer, os profissionais fazem as atividades no solo
para que ocorra uma aproximação entre os dois, e para que possa desenvolver a independência
do praticante através de alimentar o cavalo, guiá-lo, escová-lo e obter essa aproximação. A
dessensibilização sistemática é quando o indivíduo é exposto ao objeto fóbico de forma
gradativa, “[...] baseada na extinção, no contra condicionamento e na habituação visa eliminar
os comportamentos de medo e evitar com emissão de resposta assertivas” (ARAUJO, 2011, p.
38).

5 Conclusão
Concluindo, espera-se, com este estudo, que a equoterapia seja mais um recurso na
atenção à saúde, seja de indivíduos hospitalizados ou que frequentam outras instituições,
como clínicas, etc. Acredita-se que, como muitos ainda desconhecem sobre essa prática, e
poucas instituições utilizam esse recurso como terapia, possam também ter menos resistência
ao colocar animais, uma vez que, percebidos os resultados positivos, pode-se proporcionar aos
indivíduos uma melhor assistência.
Essa terapia mostrou-se eficiente, a considerar as declarações feitas nas entrevistas e
as informações da literatura da área. Assim, a equoterapia pode ser entendida como um bom
método terapêutico, uma vez que essa prática traz benefícios tanto físicos, como psicológicos
e sociais. Os resultados podem ser sumarizados em: i) ajudaram os praticantes na
socialização, pois eles sentem prazer por estarem nesse espaço e então colaboram no
tratamento; ii) melhoraram a comunicação, em especial pela aceitação de limites; iii)
alcançam maior independência e iniciativa, pela redução de estresses e de irritabilidades, e
também por melhor postura corporal e equilíbrio; e iv) vários outros benefícios podem ser
alcançados, como já exposto acima. Além disso, os resultados dessa pesquisa também foram
positivos com relação ao trabalho da equipe, da importância de uma equipe multidisciplinar
nessa prática, situação em que os profissionais se mostraram competentes, bem como a
importância da troca de informação entre as diferentes áreas da saúde, para um melhor
desenvolvimento biopsicossocial dos praticantes.
De acordo com o que foi dito pelos familiares e pelos profissionais, as percepções
deles são de que a equoterapia trouxe, e ainda traz benefícios para os seus filhos e praticantes.
Disseram que perceberam as mudanças em pouco tempo de tratamento, visto que todos fazem
o tratamento há mais de um ano. Desses testemunhos se pode concluir que a equoterapia é um
tratamento eficiente. Além disso, evidenciam o papel do animal como um agente facilitador
de experiências, de vínculo afetivo entre cavalo-praticante, e ganhos psicomotores e sociais.
Seria, contudo, pertinente haver mais pesquisas nessa área, para explanar a influência
de animais, caracterizando toda a competência dessa prática, visto que foi encontrada grande
dificuldade de achar artigos mais recentes, sendo ainda bastante limitados os existentes. Por
isso se considera que o assunto deveria ser mais estudado, visando estender os benefícios
dessa terapia a muito mais praticantes que dela poderiam se beneficiar.
Apesar dos relatos positivos dos entrevistados, um questionamento que deve ser
levado em consideração é que todos os praticantes fazem outras atividades complementares,
além da equoterapia, o que acaba dificultando a confirmação da sua eficiência, pois ela é
associada com outras terapias que também proporcionam diversos benefícios.
Pode-se afirmar que o trabalho realizado foi de grande proveito para a formação
acadêmica e de muito aprendizado, isso porque foi feito um estudo qualitativo e, assim, foi
possível estudar os fatos vivenciados. Os conhecimentos adquiridos se deram pelo fato de
observar na prática o que se estudou na teoria, e conhecer um pouco sobre como é o trabalho
realizado dentro do centro de equoterapia. Tal experiência propõe que se possa conhecer uma
nova área profissional, que não é estudada na graduação, bem como um incentivo para futuras
pesquisas.

REFERÊNCIAS

ABREU, C. C. et al. Atividade assistida por animais no Lar Augusto Silva. Lavras, MG: UFLA, 2008.
Disponível em: http://patastherapeutas.org/wp-content/uploads/2015/07/AAA_no_Lar_Augusto.pdf Acesso em:
18 out. 2017.

AGUIAR, O. X.; SILVA, J. P. Equoterapia em crianças com necessidades especiais. Revista Científica
Eletrônica, São Paulo, ano VI, nº 11, nov. 2008 – periódico semestral.

ANDRADE, G. P. S.; CUNHA, M. M. Importância da equoterapia como instrumento de apoio no processo de


ensino e aprendizagem de crianças atendidas nesta modalidade terapêutica. Revista Eventos Pedagogicos v.5,
n2. Mato Grosso, 2014.

ARAUJO, N. G. Fobia especifica: passo a passo de uma intervenção bem-sucedida. Revista Brasileira de
Terapia Cognitiva, Rio de Janeiro, vol. 7, nº 2, 2011.

BARBOSA, G. O.; MUNSTER, M. A. V. O efeito de um programa de equoterapia no desenvolvimento


psicomotor de crianças com indicativos de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Revista Brasileira
de Educação Especial [on-line], vol. 20, nº 1, p. 69-84, 2014.
BEZERRA. M. L. Tratamento terapêutico na reabilitação de pessoas com necessidades especiais. Fortaleza,
2011. Disponível em:
<http://equineassistedinterventions.org/pdf_dwn.php?tbl=papers&id=784&redir=/paper_display.php?page=38>
Acesso em: 19 out. 2017.

CAETANO, E. C. S. As contribuições da TAA – Terapia Assistida por Animais à Psicologia. Santa Catarina,
2010. Disponível em: <www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000044/00004406.pdf>. Acesso em: 15
Set. 2017.

CAREGNATO, R. C. A.; MUTTI, R. Pesquisa qualitativa: análise de discurso versus análise de


conteúdo. Porto Alegre, 2006. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/tce/v15n4/v15n4a17.pdf>. Acesso em: 02
jun. 2017.

FERREIRA. J. B. Os benefícios da equoterapia no tratamento de portadores da síndrome de Down.


Monografia (de Conclusão de Curso). Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida. Rio de Janeiro,
2008. Disponível em: <https://www.uva.br/sites/all/themes/uva/files/pdf/OS-BENEFICIOS-DA-
EQUOTERAPIA-NO-TRATAMENTO-DE.pdf> . Acesso em: 13 Ago. 2017

GALVÃO, S. R. et al. A equoterapia junto às pessoas com paralisia cerebral: o papel da psicologia escolar.
Londrina, 2007. Disponível em:
<http://www.uel.br/eventos/congressomultidisciplinar/pages/arquivos/anais/2007/293.pdf>. Acesso em: 17 Ago.
2017.

GONÇALVES, R. H. R. Equoterapia e psicologia: um estudo sobre o papel do psicólogo nessa prática


Psicologia Integrada VIII, Curso de Psicologia, Instituto de Ciências Humanas, UNIP – Universidade Paulista.
Amazonas – Manaus, 2007. Disponível em: <
http://equoterapia.org.br/submit_forms/index/miid/192/a/dd/did/5597> Acesso em: 02 Ago. 2017.

JESUS, I. M. S. A equoterapia como recurso na terapia psicomotora para a aquisição/desenvolvimento do


equilíbrio corporal. São Paulo, 2014. Disponível em: <www.unifai.edu.br/publicacoes/artigoscientifi
cos/alunos/pos_graduacao/13.pdf>. Acesso em: 05 Ago. 2017.

OLIVEIRA, H. Q.; FUMES, N. L. F.; MOURA, V. A. D. Relato de experiência: as intervenções terapêuticas


da equoterapia em pessoas com deficiência. Alagoas, 2015. Disponível em: <www.seer.ufal.br/index.php/
eaei/article/view/2163>. Acesso em: 04 Out. 2017.

PEREIRA, E.L. O cavalo como recurso terapêutico da equoterapia em entidades hípicas de Porto Alegre.
Curitiba, 2012. Disponível em: <http://tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/02/O-CAVALO-COMO-
RECURSO-TERAPEUTICO.pdf>. Acesso em: 06 Out. 2017.

PEREIRA, M. J. F.; PEREIRA, L.; FERREIRA, M. L. Os benefícios da terapia Assistida por animais: uma
revisão bibliográfica. Revista Saúde Coletiva, São Paulo, vol. 4, nº. 14, p. 62-66, abr./maio 2007.

PRIETSCH, D. R. Grau de satisfação dos acompanhantes de praticantes de um centro de equoterapia em


relação ao serviço oferecido. Porto Alegre, RS: LUME – Repositório Digital da UFRGS, 2012.

RIBEIRO, D. S.; RODRIGUES, J. S.; MACEDO, I. O. Equoterapia e seus benefícios aos portadores de
necessidades especiais. Vitoria da Conquista, 2015. Disponível em: <http://
http://equoterapia.org.br/submit_forms/index/miid/192/a/dd/did/5588>

SANTOS, A.R.O.; SILVA, C. J. Os projetos de Terapia assistida por animais no estado de São Paulo. Rev.
SBPH, Rio de Janeiro, vol.19, n.1, p. 133-146. ISSN 1516-0858, 2016. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582016000100009&lng=pt&nrm=iso>.
acessos em 23 out. 2017.

SCHMITT, J. F. Terapia assistida por animais e pessoas com transtorno do espectro autista: uma revisão.
Curitiba, 2015. Disponivel em: <http://tcconline.utp.br/media/tcc/2015/09/TERAPIA-ASSISTIDA1.pdf>
SILVA, C. H.; GRUBITS, S. Discussão sobre o efeito positivo da equoterapia em crianças cegas. Revista de
Psicologia, São Paulo (Vetor Editora), vol. 5, nº 2, p. 6-13, dez. 2004. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.
org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-73142004000200002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 18
out. 2017.

SILVA, J. M. da. Terapia assistida por animais – revisão de literatura. Monografia (de Conclusão de Curso).
Universidade Federal de Campina Grande - Centro de Saúde e Tecnologia Rural - Campus de Patos - PB -
Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária, 2011. Disponível em: <http://patastherapeutas.org/wp-
content/uploads/2015/07/Tearapia-Assistida-por-Animais_Revis%E2%88%86o-liter%E2%80%A0ria.pdf>

SILVA, J. M. et al. A importância da psicologia na prática da equoterapia. Revista editora realiza. Campina
Grande, 2016.

SOUSA, F. H.; NAVEGA, M. T. Influência de atividades lúdico-desportivas na realização de equoterapia em


pacientes neurológicos - ensaio clínico controlado aleatorizado. Revista ConScientiae e Saúde, Bauru, vol. 11,
nº 4, 2012.

VALLE, L. M. O.; NISHIMORI, A. Y.;NEMR, K. Atuação fonoaudiológica na equoterapia. Revista CEFAC,


São Paulo, vol. 16, 2014.

ANEXO l: Entrevista semiestruturada:

Abaixo perguntas para entrevista com os pais e os profissionais do Centro de Equoterapia.


Perguntas aos pais:
1) Qual é seu nome? Quantos anos tem?
2) Como você descobriu a equoterapia?
3) Há quanto tempo seu filho participa da terapia?
4) Quais são os efeitos da equoterapia no tratamento do seu filho?
5) Que benefícios você verificou?
6) O que você percebeu de mudanças desde o início do processo?
7) Você sabe qual é o trabalho de cada profissional da equipe?
8) Como se dá a relação do seu filho com os profissionais?
9) Seu filho participa de outros tratamentos?
10) Como foi o processo de descoberta do diagnóstico?
11) Quais são as dificuldades nesse processo?

Perguntas para os profissionais:


12) Como você se interessou por essa área?
13) Como é realizado o trabalho em equipe?
14) Quanto tempo dura uma sessão de equoterapia?
15) Quais são os avanços alcançados e o que permite avaliar a eficiência do tratamento
através da equoterapia?
16) Em que casos a equoterapia é contraindicada?
17) Quais são os benefícios que o animal pode promover ao indivíduo?
18) A equoterapia é uma intervenção dirigida com objetivos específicos para cada patologia e
faixa etária?
19) Antes de o paciente começar o tratamento, é feito algum primeiro contato com o animal,
para que o mesmo fique mais tranquilo em relação a ele?
20) Para quais patologias é a equoterapia indicada?
21) Quanto ao tempo estimado de tratamento, isso varia de acordo com cada paciente?
22) Quais são os benefícios que a equoterapia proporciona ao indivíduo? Físico, social e
psicológico?
23) Em que casos a equoterapia pode oferecer riscos ao paciente em tratamento?
24) Quais são os efeitos da equoterapia do ponto de vista psicológico?
25) Quais as suas percepções acerca dos efeitos da equoterapia em indivíduo no processo
terapêutico?

Anda mungkin juga menyukai