A FUNÇÃO DA ROTULAGEM
FACE AO INTERESSE PÚBLICO,
CONSOANTE LEGISLAÇÃO VIGENTE
ITAPETINGA-BA
NOVEMBRO /2016
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB
Departamento de Ciências Exatas e Naturais (DCEN)
Curso de Pós-Graduação em Nível de Especialização Lato Sensu em Meio Ambiente
e Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
A FUNÇÃO DA ROTULAGEM
FACE AO INTERESSE PÚBLICO,
CONSOANTE LEGISLAÇÃO VIGENTE
ITAPETINGA-BA
NOVEMBRO/2016
A função da Rotulagem face ao Interesse Público,
Consoante legislação vigente
Itamar Rios da Silva1
Guilhardes de Jesus Júnior 3
1. Introdução:
Com o passar do tempo, o rótulo foi perdendo este caráter meramente identificativo, e
passou a assumir uma função essencialmente informativa, oportunizando orientar
quanto composição do produto; seu prazo de validade; volume; aplicação; e outras
tantas informações igualmente importantes ao propósito de garantir segurança para o
consumidor.
A Constituição Federal, ao inaugurar a seção que trata dos direitos sociais tutelados,
preconiza que: são direitos sociais, a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
No intuito de conferir efetiva blindagem aos artigos que tratam dos interesses
individuais, fundamentais, o legislador constituinte elegeu de forma objetiva, critérios
que limitam a possibilidade de emendar o texto constitucional, defeso alterações de
normas que preservam a integralidade de seus fundamentos. Neste diapasão, veda-se
emendas constitucionais mediante proposta tendente a abolir os direitos e garantias
individuais.
Cediço, a saúde é direito de todos e deve ser garantida pelo Estado. Nesta esteira,
compete ao Estado promover políticas sociais que viabilizem a proteção de toda
população. Consoante assevera o artigo 196, da Constituição Social, de 1988, ao atribuir
ao Estado a responsabilidade da saúde pública. Neste contesto, tal foi a preocupação do
legislador que, no próprio texto constitucional, se incumbiu de criar institutos que
instrumentalizaram o poder público buscando consolidar essencial função. Mormente,
as competências atribuídas ao Sistema Único de Saúde – SUS, conferindo a este o dever
de executar as ações de vigilância, bem como, fiscalizar e inspecionar alimentos em
geral, colocados no mercado para consumo.
Dos art. 4º, inciso IV e art. 6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, se
protrai a indubitável existência de um princípio derivado do dever de “bem informar o
consumidor”, consubstanciado no Princípio da Transparência e Veracidade. Esse último
traria consigo a necessidade de existir, nos contratos, escrita ou não, uma relação de
equilíbrio entre os contratantes, com a informação correta sobre o produto e/ou serviço.
Trata-se de um dever de lealdade entre as partes, mesmo na fase denominada pré-
contratual, corolário do dever de “bem informar”.
Neste sentido, a advertência de Norberto Bobbio (1992, p. 25) nunca foi tão atual. O
que é relevante em nossos dias não é mais fundamentar um determinado direito, mas
sim protegê-lo: “... não se trata de saber quais e quantos são esses direitos... mas sim
qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das solenes
declarações, eles sejam continuamente violados”.
O direito à informação, no caso, é uma espécie de direito coletivo que merece a mais
ampla proteção. Integra os chamados direitos de terceira geração, que contemplam em
seu bojo: o desenvolvimento ao meio-ambiente; à paz; à propriedade em relação aos
bens comuns da humanidade; e, à comunicação.
Tanto é que, no parágrafo quarto ainda deste artigo, impõe-se que a propaganda
comercial de produtos tidos por de alta capacidade lesiva, esteja sujeita a restrições
legais, e deverá conter, sempre que necessário, advertência, sobre os malefícios
decorrentes de seu uso, tornando legítima restrição ao acesso indiscriminado dos meios
de comunicação e propaganda, a despeito da via eleita, fazendo prevalecer latente
ponderação.
Note-se que cada vez mais, preza-se pela tutela de direitos como: saúde; educação;
cultura; segurança; meio ambiente sadio; direitos de natureza fluida, atribuindo-se sua
titularidade a todos.
Não se pode olvidar o caráter individual destes direitos, mas, desloca-se o enfoque das
relações intersubjetivas para aquelas inerentes às sociedades de massa, e, portanto, aos
direitos que transcendem a esfera do indivíduo, daí falar de direito metaindividual.
6. Conclusão:
A saúde é direito de todos, e para que seja alcançada, deve o Estado criar mecanismos
que garantam sua promoção, instituindo órgãos, normas e regulamentos que, além de
exercerem atribuições reguladoras e fiscalizatórias, instruam a população quanto os
riscos eminentes do uso inadequado de práticas ou produtos. Neste desiderato, incumbe
ao Agencia de Vigilância Sanitária, regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e
serviços que tragam risco à saúde pública, exercendo controle em propagandas e
publicidade, inclusive, sem perder de vista a ponderação das garantias, fundamentos e
princípios constitucionais.
Garantias são mecanismos constitucionais que limitam a atuação dos órgãos estatais ou
de particulares; protegem a eficaz aplicabilidade e inviolabilidade dos direitos
fundamentais.
Sopesando as garantias da livre manifestação, face o direito de ser bem informado, não
se pode olvidar que compete ao Estado preservar este importante interesse
metaindividual, de terceira geração, com o propósito de proteger o desenvolvimento ao
meio-ambiente; à paz; à propriedade em relação aos bens comuns da humanidade; e, à
comunicação, como elemento essencial ao desenvolvimento social e saúde pública.
TABELA BIBLIOGRÁFICA
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional / Alexandre de Moraes. - 13. ed. - São
Paulo: Atlas, 2003.