PROJETO DE PESQUISA
Uma análise das publicações sobre temas econômicos nas revistas femininas Nova,
Cláudia e Marie Claire
Joinville
2013
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
2. ECONOMIA
3. REVISTAS FEMININAS
“Eu acho que deveríamos nos interessar pela história tanto dos
homens quanto das mulheres, e que não deveríamos trabalhar
unicamente sobre o sexo oprimido, do mesmo jeito que um historiador
das classes não pode fixar seu olhar unicamente sobre os
camponeses. Nosso objetivo é entender a importância dos sexos dos
grupos de gênero no passado histórico. Nosso objetivo é descobrir a
amplitude dos papéis sexuais e do simbolismo sexual nas várias
sociedades e épocas, achar qual o seu sentido e como funcionavam
para manter a ordem social e para mudá-la.”
NATALIE DAVIS, professora e pesquisadora (1975)
Um dos objetivos deste trabalho então é analisar como se constroem estes discursos, e
de que forma eles podem influenciar a opinião de leitores de revistas femininas. Foucault
propõe que “o gênero é uma representação e uma auto-representação, produto de várias
tecnologias sociais (a mídia seria uma delas, incluindo aí jornais e revistas, programas
televisivos e o cinema), práticas institucionalizadas e cotidianas”.
É preciso fazer uma análise das publicações sobre o tema para buscar compreender de
que forma, especificamente as revistas femininas, transmitem estes valores à sociedade.
Para responder a essa questão é necessário conhecer as características dessas revistas
e suas transformações ao longo do tempo, realizar uma análise detalhada de seus textos.
Explicar como a Monografia está estruturada....
Serão analisadas três publicações das revistas Cláudia, Nova, e Marie Claire, pois são
revistas bastante conhecidas entre o público feminino, dessa forma, supõe-se que elas
tem maior circulação no mercado.
Segundo o dicionário Aurélio, gênero é uma categoria que indica por meio de desinências
uma divisão dos nomes baseada em critérios tais como sexo e associações psicológicas.
Há gêneros masculino, feminino e neutro.
Não há como falar sobre divisão sexual do trabalho, e subordinação da mulher, sem falar
sobre gênero. Ao pesquisar sobre o assunto, fica mais claro que existe uma divisão de
áreas que, por uma questão de gênero, são consideradas predominantemente masculinas
ou femininas.
Para a compreensão dessa temática, poderia ser citado o esporte e o futebol. Alguém
conhece uma mulher que faça a narração do jogo de futebol?
Assim fica mais claro compreender que, apesar de não ter sido analisada aqui a história e
circunstâncias que levam a essa divisão de profissões/áreas por gênero, compreender
que ela existe é fundamental.
Outro passo importante é saber qual é a diferença entre gênero e sexo.
Sexo é definino por O'brien (1981, pág.13) como: “Um instinto, um impulso, um ato em
resposta a este impulso, um gênero, um papel, uma explosão emocional ou uma variável
causal”. Ou seja, o sexo está totalmente ligado às circunstâncias biológicas. Já o gênero,
vai além do conceito de sexo, pois envolve questões psicológicas e culturais.
Oakley (1972) faz uma observação sobre gênero: “Ser um homem ou uma mulher (…) é
tanto uma questão de vestuário, gestos, ocupação de relações sociais, e de
personalidade quanto de possuir determinada genitália.”
Estes estereótipos estão enraizados em nós, e são atribuídos às crianças, antes mesmo
de seu nascimento.
É comum ver mães fazerem “enxoval” para o bebê, lhe comprando roupas, brinquedos,
móveis, tudo com características e cores de acordo com seu sexo.
As expectativas com relação a mulher na família são que ela seja afetuosa, delicada, e
que esteja mais envolvida com as tarefas domésticas. Quanto aos homens são
incentivados a serem independentes, e agirem com mais dureza.
Em uma matéria publicada na revista Crescer, em junho de 2012, vimos o seguinte título:
“Filha de Brad Pitt e Angelina Jolie só quer vestir roupas de meninos. Há problema nisso?
Aos 2 anos, Shiloh só queria ser chamada de John. Agora, aos 4, se veste com roupas de
meninos. Entenda até onde essas atitudes são comuns ao comportamento das crianças.”
Apesar de a matéria não parecer criticar o comportamento da mãe, ao deixar livre a
escolha da criança na hora de se vestir, ela levanta uma questão válida: até que ponto
intervir? O que é correto? Permitir que uma criança, ou um jovem escolha livremente a
forma de ser, ou indicar a forma.
Mas ao analisarmos o conceito de Oakley sobre ser um home ou uma mulher, fica claro
que uma intervenção, neste caso, não seria necessária e correta, afinal, o gênero vai
além, e não é definido por um órgão sexual.
É importante saber que a economia brasileira passou por uma das mais graves crises de
sua história na década de 80. Isso resultou em uma aumento descontrolado da inflação, e
na estagnação do Produto Interno Bruto – PIB, que é representado pela soma de todos os
bens e serviços finais produzidos numa determinada região durante um período
determinado. O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o
objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.
Apesar desse quadro econômico conturbado, os indicadores sociais apresentaram
evolução positiva.
Em 2012, o IBGE divulgou uma pesquisa sobre a variação dos salários no mercado de
trabalho, no período de 10 anos.
Conforme a pesquisa, as mulheres ganharam 72,7% do salário dos homens no ano de
2012. Uma das surpresas da pesquisa, é que em 2003, as mulheres ganhavam em
média 70,8% do salário dos homens. Ou seja, em 9 anos o número subiu apenas 2%.
Apesar desta estatística, pesquisas divulgada pelo IBGE em 2013, comprova que as
mulheres entram mais no mercado de trabalho que os homens.
Por tudo isso, enquanto os homens têm um rendimento médio mensal de 1.451, o das
mulheres fica em 1.070 reais. Ainda assim, no geral, o valor pago por todos os trabalhos
tiveram um aumento de 5,5% de 2000 para 2010, e um ganho real de 15,8%. Neste caso,
as mulheres também têm forte representatividade, puxando para baixo o rendimento
médio geral dos trabalhadores com 15 anos de idade ou mais: 65,6% dessas pessoas
ocupadas recebem menos de dois salários mínimos por mês. Esse valor equivale a 1.022
reais, de acordo com o salário mínimo de 510 reais utilizado pela pesquisa. Com o salário
mínimo atual de 622 reais, essa quantia gira em torno de 1.244 reais.
REVISTAS FEMININAS
No Brasil as revistas femininas começam a ser publicadas na segunda década do século
XIX. Provavelmente, os primeiros periódicos femininos foram “O Correio Diamantino” e o
“Correio das Modas”.
Fazer citação indireta à SILVA, Luíza Mônica Assis da; GALINKIN, Ana Lúcia.
REVISTA CLAUDIA
Claudia é uma revista publicada pela Editora Abril destinada ao público feminino,em
circulação desde outubro de 1961.
O primeiro número, com tiragem de 150 mil exemplares, inovava em relação a outras
revistas femininas do Brasil por trazer uma proposta feminista. Sob o título Não, isto não
tolero!, aconselhava a leitora a reagir "com firmeza, mas com doçura" aos defeitos do
marido1 . A partir de 1963, passou a publicar a coluna A arte de ser mulher, assinada por
Carmem da Silva2
A partir da década de 1980, entretanto, a revista abandona essa linha editorial e passa a
se concentrar em temas "que dizem respeito à mulher: profissão, vida em família, casa,
moda e cozinha", conforme anunciava seu site
Ainda de acordo com essa autora, as revistas em geral, especialmente as femininas, têm
um viés marcadamente ideológico, no sentido de difusão da ideologia dominante, mais do
que jornais e revistas semanais de atualidades. Apoiada em Barthes e autores que
analisam a imprensa geral ela enfatiza que sua fraca ligação com a atualidade marca
ainda mais o caráter ideologizante do discurso e as condições de sua produção. Além
disso, remetem a um feminino universal, estereotipado e atemporal que independe do
contexto histórico e das relações de produção de uma época.
Outro elemento que acresce sua importância junto ao universo midiático é o de que seus
conteúdos em geral pautam programas de rádio, de TV, os jornais e sites da internet.
As capas atualizam os padrões femininos por meio de imagens de atrizes que estão
fazendo sucesso em novelas. Sempre presentes são as seções sobre livros, CD, filmes
e claro a moda usada na estação. São, portanto, produtos integrados a complexos
sistemas de propaganda e marketing. Conhecem profundamente seu público e possuem
um discurso verdadeiramente afinado com as leitoras, pois resultam de uma segmentação
planejada com base em pesquisas de marketing.
Não é surpresa que estas revistas tenham grande empatia com as leitoras que as
seguem
fiéis por vários anos. As publicações utilizam-se de discursos múltiplos e diferenciados,
com aspectos consensuais e ideológicos a respeito da noção do feminino, masculino e
das relações de gênero em nossa sociedade. Que posição a mídia ocupa então na
representação do trabalho feminino?
Como funciona enquanto tecnologia de gênero?
Para SWAIN (2001:71) as revistas femininas constituem um recorte importante do
universo discursivo sobre mulheres – que atualiza matrizes discursivas e imagens
estereotipadas do feminino como a sedução, a maternidade, a submissão, o altruísmo e
a abnegação -e são parte de um sistema midiático que segundo sua hipótese: “Em
tempos de globalização, pretende a homogeneização da condição feminina e a
recuperação da imagem da ‘verdadeira mulher`, feita para o amor, a maternidade, a
sedução, a complementação do homem, costela de Adão reinventada” O estudo de LEAL
(2004) analisa a representação social do trabalho feminino na mdia brasileira nos anos
19901 e chega as seguintes conclusões: as revistas do período disseminam em seus
textos os valores do neoliberalismo, que chegaram ao Brasil nos anos 90; valorizam o
espírito empreendedor e dão maior visibilidade aos temas do trabalho e carreira
femininos.”
Imagine a situação: você chega do trabalho, seu marido está tomando banho e deixou as
roupas em cima da cama. Você vê um extrato bancário caído sobre a colcha. Dá uma
espiadinha e nota que não se trata da conta conjunta nem da pessoal dele. Então
descobre a traição... Não, ele não tem uma amante. Mas, além de ter mentido durante
três anos sobre quanto ganhava, não disse que mantinha outra poupança. E era ali que
ficava a diferença entre o que dizia receber e o salário real. Aconteceu com a
farmacêutica Denise*, 31 anos, e, pelo menos, com mais 7 mil pessoas, segundo
pesquisa da revista Forbes. De acordo com estudo com 23 mil americanos que mantêm
conta conjunta, 31% declararam cometer infidelidade financeira. A nova modalidade de
pulada de cerca envolve omissão de gastos, dívidas e até de outras fontes de renda.
Dessas escapulidas, a mais comum entre as leitoras esconder do parceiro ou mentir o
preço quando compram coisas muito caras.
Bolso partido
Será que uma traição que mexe no bolso é tão ruim quanto a que vai um pouco, digamos,
mais embaixo? Segundo 70% das mulheres que responderam à pesquisa da Forbes, sim.
Denise concorda: "Acho que eu teria levado mais numa boa se ele tivesse passado uma
noite com outra mulher", diz a farmacêutica.
A empresária Marina*, 33 anos, de São Paulo, não achava que suas escapulidas
financeiras eram muito graves. Ela e o parceiro moram juntos há seis anos e têm uma
grana conjunta, além da conta individual. Mas, quando Marina tinha seus surtos
consumistas, era o cartão do casal que usava para pular a cancela do shopping. "Eu
deixava as compras no porta-malas e só subia com as sacolas quando o Danilo estava
dormindo." O caso de amor de Marina com o cartão de crédito do casal durou mais de
três anos. Até o marido tentar pagar uma compra no supermercado e ter o cartão
recusado. "Ele ficou furioso! Depois de muitas brigas, entramos num consenso sobre o
dinheiro", diz a empresária. Agora, todo mês os dois colocam em planilhas os gastos em
comum. "Se eu não mudasse minha postura, iria perder o marido", diz Marina.
Gerenciamento de crise
O primeiro passo é colocar na ponta do lápis as despesas do casal. "Se os dois têm um
objetivo em comum, como uma viagem, é bom abrir uma poupança em conjunto", diz
Eduardo Coutinho, coordenador do curso de administração do Ibmec em Belo Horizonte.
Nesse caso, também, a quantidade com que cada um deve colaborar segue a lei da
proporção do salário. Feitos esses cálculos e estipulados os limites da individualidade no
orçamento de cada um, ambos estão liberados para tirar férias conjugais financeiras (e,
claro, ele não precisa saber quanto você gastou na bolsa que comprou com o seu
dinheiro). "Quando duas pessoas decidem viver juntas, elas constroem uma vida e um
patrimônio conjuntos", diz Calil. E devem ser fiéis para sempre. Na riqueza e na pobreza...
UMA ANÁLISE
“BUITONI(1981) ressalta algumas peculiaridades dos textos das revistas femininas que
usam um tom intimista com prevalência da função conativa da linguagem e uso de verbos
no imperativo. Nesta função o principal objetivo do emissor é persuadir e influenciar o
receptor por meio de ordens, pedidos e sugestões e que é extensamente usada na
publicidade e em revistas de comportamento. Seriam, portanto, textos com grande
capacidade de persuasão e a sua leitura se aproximaria da conversa com uma amiga
íntima que aconselha e dá dicas sobre assuntos variados, tais como cuidados com a
família, com a casa, sobre os homens, sobre sexo e sobre moda.
Os textos são lidos em casa, em momentos de relaxamento, nos consultórios médicos,
salões de beleza e durante as viagens como uma forma de “passar o tempo”.
Além disso, as capas são cuidadosamente preparadas para vender a revista e suas
chamadas apresentam respostas ou fórmulas para resolver problemas, além de
promessas irrealizáveis. As chamadas de capa costumam utilizar frases de efeito como:
Como encontrar o homem ideal no ambiente de trabalho; Perca 7 kilos em uma semana;
Encontramos a dieta definitiva; Novo ano! Novo emprego! Você pode conseguir; Como
comprar roupas de grifes por uma pechincha; As 100 viagens que você precisa fazer
depois dos 30; Como tornar selvagem o sexo com seu Namorado; Aprenda a fazer
delícias fáceis e rápidas; Pegas no ato Confissões sexuais das leitoras; Descubra como
trabalar em uma das 100 maiores empresas do país e virar uma grande executiva.
Cada número propagandeia a próxima edição e assim como nas histórias de Sherazade,
busca-se incessantemente fisgar o público. Os mecanismos de sedução
do leitor permeiam toda publicação sempre entremeada com anúncios de propaganda –
inseridos, inclusive, dentro das matérias jornalísticas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://mdemulher.abril.com.br/carreira-dinheiro/reportagem/carreira/infidelidade-financeira-
abala-relacionamentos-701621.shtml
Livro: Dois é par: gênero e identidade sexual em contexto igualitário - Maria Luiza Heilbor
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/mulheres-ganham-mais-espaco-no-mercado-de-
trabalho
A história das revistas no Brasil: Um olhar sobre o segmentado mercado editorial - Ìria
Catarina Queiróz Baptista, Karen Cristina Kraemer Abreuy
http://pt.wikipedia.org/wiki/Claudia_(revista)
http://www.emfechamento.com.br/2012/03/historia-da-revista-claudia.html
QUALIFICAÇÃO FEMININA