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ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL LUTERANA BOM JESUS IELUSC

COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

PROJETO DE PESQUISA

Uma análise das publicações sobre temas econômicos nas revistas femininas Nova,
Cláudia e Marie Claire

Maria Aparecida Lima de Freitas

Trabalho desenvolvido para a


disciplina de Monografia I.
Professora Maria Elisa Máximo.
Junho de 2013.

Joinville
2013
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

1. GÊNERO E IDENTIDADE, CONCEITOS IMPORTANTES

1.1. A REPRESENTAÇÃO FEMININA NA ECONOMIA BRASILEIRA

1.2. NÚMEROS IMPORTANTES A SEREM CONSIDERADOS

2. ECONOMIA

3. REVISTAS FEMININAS

3.1. UMA ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES SOBRE ASSUNTOS ECONÔMICOS E


FINANÇAS NAS REVISTAS FEMININAS.
APRESENTAÇÃO

“Eu acho que deveríamos nos interessar pela história tanto dos
homens quanto das mulheres, e que não deveríamos trabalhar
unicamente sobre o sexo oprimido, do mesmo jeito que um historiador
das classes não pode fixar seu olhar unicamente sobre os
camponeses. Nosso objetivo é entender a importância dos sexos dos
grupos de gênero no passado histórico. Nosso objetivo é descobrir a
amplitude dos papéis sexuais e do simbolismo sexual nas várias
sociedades e épocas, achar qual o seu sentido e como funcionavam
para manter a ordem social e para mudá-la.”
NATALIE DAVIS, professora e pesquisadora (1975)

No início da faculdade de Jornalismo eu me interessava mais por disciplinas como


Sociologia e História, pois achava que tinham mais relação com a função do jornalista. Vi
o interesse pela área econômica aumentar quando comecei a trabalhar como bancária, a
partir do 3º semestre do curso de jornalismo. Como esta também foi uma fase de conflitos
no curso, por não conseguir conciliar as duas áreas, que, para mim eram muito distantes,
passei a procurar como pauta para as matérias de Redação Jornalística temas que
envolvessem a área financeira e econômica. Após essa experiência, percebi que é muito
mais fácil se interessar por um assunto que você compreende.
Economia, não é considerado um tema acessível a toda população. Ouvi, em diversas
aulas, que revistas econômicas têm publico mais especializado, e não são consideradas
populares. O porquê é uma questão que pretendo responder no desenvolvimento desse
projeto.
Mas esta claro que a economia faz parte da realidade de toda a população. Para Lage
(2001; p.9) todo problema econômico tem origem nas necessidades ilimitadas do ser
humano, e nas limitações dos recursos existentes para satisfazê-la. “Se os indivíduos
pudessem ter tudo que desejassem não haveria economia.”
Acredito, que é um dever do jornalista estar atento a todas as formas de comunicação que
podem interferir na forma de pensar da sociedade. Li então uma matéria que saiu na
revista Cláudia, que falava sobre “Traição financeira”.
O enunciado diz: “Traição financeira: conheça o comportamento que prejudica o
relacionamento entre casais. Atitudes como guardar (e gastar) dinheiro secretamente,
atrapalhando – ou arruinando – os planos conjuntos, são o que os experts chamam de
traição financeira, tão nociva para a relação quanto um caso amoroso.”
Por se tratar de uma revista feminina, a matéria pode estar sugerindo que toda mulher
trai, ou pode trair financeiramente, com atitudes como consumir produtos e serviços de
forma descontrolada. É importante refletir sobre publicações como esta, e analisar como
estes discursos estão sendo inseridos na sociedade.
Não foi surpresa ver que a mesma reportagem já havia sido publicada no site feminino “M
de Mulher”, da editora Abril: “Infidelidade financeira abala relacionamentos. Começa com
uma comprinha escondida. De repente o casal está mentindo sobre dívidas e torrando a
grana conjunta. Um novo tipo de traição pode colocar em risco sua relação: a infidelidade
financeira.
Ao fazer uma análise geral, percebe-se que temas relacionados à economia e finanças
pessoais, são raros, e quando são publicados acabam realçando um modelo de
comportamento feminino, que pode ser desfavorável à mulher. Apesar de ser comum ver
na mídia discussão de questões como igualdade no mercado de trabalho entre homens e
mulheres, muitos consideram este um tema ultrapassado, e as mulheres não desejam ser
rotuladas, consideradas femininas, ou radicais. Mas é preciso cuidar para que esta
discussão, e a importância do tema não seja subestimada.
Decidi então fazer um projeto na disciplina de Monografia I, que tivesse o objetivo de
analisar como as revistas femininas Cláudia e Nova tratam os temas relacionados à
economia.
Afinal, há uma preocupação que a sociedade reproduza exatamente o que passa na
mídia, enquanto acontece uma espécie de fingimento, uma duvida da existência de
discriminação e formação de estereótipos com relação à figura feminina.
É importante analisar os discursos, onde questões como poucas chances de ascensão da
mulher, seja no mercado de trabalho, como empreendedora, profissional autônoma ainda
são discutidas. Os discursos utilizados são importantes, pois pois está relacionado com a
representação da realidade. Para Brandão (1997, p.12) a linguagem (discurso) não é
somente um instrumento de comunicação, mas também de interação: “Como elemento de
mediação necessária entre homem e realidade e como forma de engajá-lo em sua própria
realidade, a linguagem é lugar de conflito, de confronto ideológico, não podendo ser
estudada fora da sociedade uma vez que os processos que a constituem são histórico
sociais. Seu estudo não pode estar desvinculado das condições de produção”

Um dos objetivos deste trabalho então é analisar como se constroem estes discursos, e
de que forma eles podem influenciar a opinião de leitores de revistas femininas. Foucault
propõe que “o gênero é uma representação e uma auto-representação, produto de várias
tecnologias sociais (a mídia seria uma delas, incluindo aí jornais e revistas, programas
televisivos e o cinema), práticas institucionalizadas e cotidianas”.

É preciso fazer uma análise das publicações sobre o tema para buscar compreender de
que forma, especificamente as revistas femininas, transmitem estes valores à sociedade.
Para responder a essa questão é necessário conhecer as características dessas revistas
e suas transformações ao longo do tempo, realizar uma análise detalhada de seus textos.
Explicar como a Monografia está estruturada....

Serão analisadas três publicações das revistas Cláudia, Nova, e Marie Claire, pois são
revistas bastante conhecidas entre o público feminino, dessa forma, supõe-se que elas
tem maior circulação no mercado.

GENERO E IDENTIDADE, CONCEITOS IMPORTANTES

Segundo o dicionário Aurélio, gênero é uma categoria que indica por meio de desinências
uma divisão dos nomes baseada em critérios tais como sexo e associações psicológicas.
Há gêneros masculino, feminino e neutro.
Não há como falar sobre divisão sexual do trabalho, e subordinação da mulher, sem falar
sobre gênero. Ao pesquisar sobre o assunto, fica mais claro que existe uma divisão de
áreas que, por uma questão de gênero, são consideradas predominantemente masculinas
ou femininas.
Para a compreensão dessa temática, poderia ser citado o esporte e o futebol. Alguém
conhece uma mulher que faça a narração do jogo de futebol?
Assim fica mais claro compreender que, apesar de não ter sido analisada aqui a história e
circunstâncias que levam a essa divisão de profissões/áreas por gênero, compreender
que ela existe é fundamental.
Outro passo importante é saber qual é a diferença entre gênero e sexo.
Sexo é definino por O'brien (1981, pág.13) como: “Um instinto, um impulso, um ato em
resposta a este impulso, um gênero, um papel, uma explosão emocional ou uma variável
causal”. Ou seja, o sexo está totalmente ligado às circunstâncias biológicas. Já o gênero,
vai além do conceito de sexo, pois envolve questões psicológicas e culturais.
Oakley (1972) faz uma observação sobre gênero: “Ser um homem ou uma mulher (…) é
tanto uma questão de vestuário, gestos, ocupação de relações sociais, e de
personalidade quanto de possuir determinada genitália.”
Estes estereótipos estão enraizados em nós, e são atribuídos às crianças, antes mesmo
de seu nascimento.
É comum ver mães fazerem “enxoval” para o bebê, lhe comprando roupas, brinquedos,
móveis, tudo com características e cores de acordo com seu sexo.
As expectativas com relação a mulher na família são que ela seja afetuosa, delicada, e
que esteja mais envolvida com as tarefas domésticas. Quanto aos homens são
incentivados a serem independentes, e agirem com mais dureza.
Em uma matéria publicada na revista Crescer, em junho de 2012, vimos o seguinte título:
“Filha de Brad Pitt e Angelina Jolie só quer vestir roupas de meninos. Há problema nisso?
Aos 2 anos, Shiloh só queria ser chamada de John. Agora, aos 4, se veste com roupas de
meninos. Entenda até onde essas atitudes são comuns ao comportamento das crianças.”
Apesar de a matéria não parecer criticar o comportamento da mãe, ao deixar livre a
escolha da criança na hora de se vestir, ela levanta uma questão válida: até que ponto
intervir? O que é correto? Permitir que uma criança, ou um jovem escolha livremente a
forma de ser, ou indicar a forma.
Mas ao analisarmos o conceito de Oakley sobre ser um home ou uma mulher, fica claro
que uma intervenção, neste caso, não seria necessária e correta, afinal, o gênero vai
além, e não é definido por um órgão sexual.

A REPRESENTAÇÃO FEMININA NA ECONOMIA BRASILEIRA

“Historicamente, pode-se dizer que a mulher de todas as


épocas e lugares sempre contribuiu com seu trabalho.
Considerando-se, por exemplo, as economias pré-
capitalistas no estágio imediatamente anterior à
Revolução Agrícola e Industrial, podemos verificar que as
mulheres eram bastante ativas, participando com seu
trabalho no campo, na manufatura, nas minas e lojas, nas
oficinas. A partir do momento que a família deixou de
existir como unidade de produção, o trabalho doméstico,
que por influências de gênero foi destinado as mulheres,
passou a ser desvalorizado, subestimando-se sua real
importância na sociedade.” (Hanaoka, 1997).

A partir dos anos 70, houve um aumento da participação da mulher no mercado de


trabalho brasileiro.
Para Bruschini (2004), os conceitos e procedimentos metodológicos tradicionalmente
utilizados para medir o trabalho sempre ocultaram a contribuição feminina.

“O papel dona-de-casa desempenhado pela maior parte


das mulheres na idade adulta é contabilizado nas coletas
como inatividade econômica. Dada a maior difusão e
aceitação social desta função feminina, é bastante
provável que ela seja encarada como a principal função
da informante, mesmo quando ela exerce também outro
tipo de tarefa. No setor agrícola, ou mesmo em muitas
atividades informais da zona urbana, sempre que não
ocorre uma nítida separação entre as tarefas domésticas
e as atividades econômicas, a mulher será, com
probabilidade elevada considerada como inativa. As
estatísticas sobre a participação econômica feminina,
portanto, devem ser analisadas com extrema cautela, pois
além de revelarem apenas a parcela não doméstica da
participação da mulher nas sociedade, tendem ainda à
subestimá-la.

É importante saber que a economia brasileira passou por uma das mais graves crises de
sua história na década de 80. Isso resultou em uma aumento descontrolado da inflação, e
na estagnação do Produto Interno Bruto – PIB, que é representado pela soma de todos os
bens e serviços finais produzidos numa determinada região durante um período
determinado. O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o
objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.
Apesar desse quadro econômico conturbado, os indicadores sociais apresentaram
evolução positiva.

“Foi mostrado que, embora as famílias brasileiras


adotassem como estratégia para o enfrentamento desta
crise a super utilização da força-de-trabalho familiar no
mercado de
trabalho, a evolução da renda e da pobreza nesse período
foi desfavorável. Concluiu-se que a ampliação dos
dispêndios e transformação das formas de implementação
das políticas públicas nas áreas de saúde e nutrição são
fatores decisivos no desempenho dos indicadores
sociais.” (OMETO, FURTUOSO, SILVA, 1995)”

NÚMEROS IMPORTANTES A SEREM CONSIDERADOS

Em 2012, o IBGE divulgou uma pesquisa sobre a variação dos salários no mercado de
trabalho, no período de 10 anos.
Conforme a pesquisa, as mulheres ganharam 72,7% do salário dos homens no ano de
2012. Uma das surpresas da pesquisa, é que em 2003, as mulheres ganhavam em
média 70,8% do salário dos homens. Ou seja, em 9 anos o número subiu apenas 2%.
Apesar desta estatística, pesquisas divulgada pelo IBGE em 2013, comprova que as
mulheres entram mais no mercado de trabalho que os homens.

“A dona de casa tradicional, se mantida a tendência


identificada pelo IBGE no Censo 2010, é um modo de vida
em extinção no Brasil. O capítulo Trabalho e Rendimento
do estudo, divulgado nesta quarta-feira, mostra que o
período entre 2000 e 2010 foi decisivo para a
transformação do mercado de trabalho em favor do sexo
feminino. O crescimento da participação das mulheres na
população ocupada – ou seja, que trabalha e produz
renda – é quase sete vezes maior que o dos homens.”

Conforme a pesquisa, o ingresso no mercado de trabalho é maior entre as mulheres,


devido os seu grau de instrução ser mais alto também (no caso dos homens, é o inverso).
No ano de 2000, as brasileiras ocupadas eram 35,4%, esse número passou para 43,9%
em 2010. O aumento na proporção de trabalhadoras foi de 24%. Eles ainda são maioria
entre os brasileiros ocupados, representando 63,3% da força de trabalho. Mas o
acréscimo de pessoas do sexo masculino no mercado foi de apenas 3,5%. Entre as
regiões, a maior presença das mulheres foi observada no Norte, onde a ocupação delas
no período subiu 28,3%, e no Centro-Oeste, 28%. No Nordeste constatou-se o aumento
mais tímido, de 20,9%.

“Apesar dos avanços, a histórica desvantagem para as


mulheres em relação aos salários pagos persiste. Dois
fatores influenciam essa diferença: a quantidade de horas
trabalhadas e os setores em que predominam
trabalhadores e trabalhadores. “O confronto das
distribuições dos dois sexos por horas trabalhadas
mostrou ainda que a parcela das pessoas que
trabalhavam menos de 40 horas semanais foi maior no
contingente feminino e este diferencial ocorreu em todas
as faixas de idade”, resume o estudo do IBGE. No geral,
80,4% dos homens trabalham mais de 40 horas por
semana. Já entre as mulheres, 78,2% não passam de 39
horas semanais.

Nos setores onde a remuneração é mais baixa, a concentração feminina é maior:


Setores de serviços domésticos: 92,7%
Educação: 75,8%
Saúde humana ou serviços sociais 74,2%
A mesmo tipo de predominância ocorre no ramo da construção civil, que é representada
em 96,5% por trabalhadores masculinos.

Por tudo isso, enquanto os homens têm um rendimento médio mensal de 1.451, o das
mulheres fica em 1.070 reais. Ainda assim, no geral, o valor pago por todos os trabalhos
tiveram um aumento de 5,5% de 2000 para 2010, e um ganho real de 15,8%. Neste caso,
as mulheres também têm forte representatividade, puxando para baixo o rendimento
médio geral dos trabalhadores com 15 anos de idade ou mais: 65,6% dessas pessoas
ocupadas recebem menos de dois salários mínimos por mês. Esse valor equivale a 1.022
reais, de acordo com o salário mínimo de 510 reais utilizado pela pesquisa. Com o salário
mínimo atual de 622 reais, essa quantia gira em torno de 1.244 reais.

REVISTAS FEMININAS
No Brasil as revistas femininas começam a ser publicadas na segunda década do século
XIX. Provavelmente, os primeiros periódicos femininos foram “O Correio Diamantino” e o
“Correio das Modas”.

Fazer citação indireta à SILVA, Luíza Mônica Assis da; GALINKIN, Ana Lúcia.

A partir do crescimento da imprensa elas acabariam se dividindo em dois grupos: um que


defendia a emancipação, o direito à educação e o direito de voto e outro que iria
privilegiar o entretenimento, esclarecimento e serviço. O primeiro pode ser chamado de
“imprensa alternativa” e outro de caráter essencialmente mercadológico, iniciou no Brasil
a partir das décadas 60 e 70 do século vinte, como é o caso das revistas CLAUDIA e
NOVA.

REVISTA CLAUDIA

Claudia é uma revista publicada pela Editora Abril destinada ao público feminino,em
circulação desde outubro de 1961.

O primeiro número, com tiragem de 150 mil exemplares, inovava em relação a outras
revistas femininas do Brasil por trazer uma proposta feminista. Sob o título Não, isto não
tolero!, aconselhava a leitora a reagir "com firmeza, mas com doçura" aos defeitos do
marido1 . A partir de 1963, passou a publicar a coluna A arte de ser mulher, assinada por
Carmem da Silva2

A partir da década de 1980, entretanto, a revista abandona essa linha editorial e passa a
se concentrar em temas "que dizem respeito à mulher: profissão, vida em família, casa,
moda e cozinha", conforme anunciava seu site

Ainda de acordo com essa autora, as revistas em geral, especialmente as femininas, têm
um viés marcadamente ideológico, no sentido de difusão da ideologia dominante, mais do
que jornais e revistas semanais de atualidades. Apoiada em Barthes e autores que
analisam a imprensa geral ela enfatiza que sua fraca ligação com a atualidade marca
ainda mais o caráter ideologizante do discurso e as condições de sua produção. Além
disso, remetem a um feminino universal, estereotipado e atemporal que independe do
contexto histórico e das relações de produção de uma época.
Outro elemento que acresce sua importância junto ao universo midiático é o de que seus
conteúdos em geral pautam programas de rádio, de TV, os jornais e sites da internet.
As capas atualizam os padrões femininos por meio de imagens de atrizes que estão
fazendo sucesso em novelas. Sempre presentes são as seções sobre livros, CD, filmes
e claro a moda usada na estação. São, portanto, produtos integrados a complexos
sistemas de propaganda e marketing. Conhecem profundamente seu público e possuem
um discurso verdadeiramente afinado com as leitoras, pois resultam de uma segmentação
planejada com base em pesquisas de marketing.
Não é surpresa que estas revistas tenham grande empatia com as leitoras que as
seguem
fiéis por vários anos. As publicações utilizam-se de discursos múltiplos e diferenciados,
com aspectos consensuais e ideológicos a respeito da noção do feminino, masculino e
das relações de gênero em nossa sociedade. Que posição a mídia ocupa então na
representação do trabalho feminino?
Como funciona enquanto tecnologia de gênero?
Para SWAIN (2001:71) as revistas femininas constituem um recorte importante do
universo discursivo sobre mulheres – que atualiza matrizes discursivas e imagens
estereotipadas do feminino como a sedução, a maternidade, a submissão, o altruísmo e
a abnegação -e são parte de um sistema midiático que segundo sua hipótese: “Em
tempos de globalização, pretende a homogeneização da condição feminina e a
recuperação da imagem da ‘verdadeira mulher`, feita para o amor, a maternidade, a
sedução, a complementação do homem, costela de Adão reinventada” O estudo de LEAL
(2004) analisa a representação social do trabalho feminino na mdia brasileira nos anos
19901 e chega as seguintes conclusões: as revistas do período disseminam em seus
textos os valores do neoliberalismo, que chegaram ao Brasil nos anos 90; valorizam o
espírito empreendedor e dão maior visibilidade aos temas do trabalho e carreira
femininos.”

UMA ANÁLISE DOS TEXTOS DE REVISTAS FEMININAS

O texto publicado na revista online M de Mulher:

Imagine a situação: você chega do trabalho, seu marido está tomando banho e deixou as
roupas em cima da cama. Você vê um extrato bancário caído sobre a colcha. Dá uma
espiadinha e nota que não se trata da conta conjunta nem da pessoal dele. Então
descobre a traição... Não, ele não tem uma amante. Mas, além de ter mentido durante
três anos sobre quanto ganhava, não disse que mantinha outra poupança. E era ali que
ficava a diferença entre o que dizia receber e o salário real. Aconteceu com a
farmacêutica Denise*, 31 anos, e, pelo menos, com mais 7 mil pessoas, segundo
pesquisa da revista Forbes. De acordo com estudo com 23 mil americanos que mantêm
conta conjunta, 31% declararam cometer infidelidade financeira. A nova modalidade de
pulada de cerca envolve omissão de gastos, dívidas e até de outras fontes de renda.
Dessas escapulidas, a mais comum entre as leitoras esconder do parceiro ou mentir o
preço quando compram coisas muito caras.

Bolso partido

Será que uma traição que mexe no bolso é tão ruim quanto a que vai um pouco, digamos,
mais embaixo? Segundo 70% das mulheres que responderam à pesquisa da Forbes, sim.
Denise concorda: "Acho que eu teria levado mais numa boa se ele tivesse passado uma
noite com outra mulher", diz a farmacêutica.

O casal dividia as despesas da casa proporcionalmente ao que ganhava. "Ele recebia um


valor 40% maior do que me dizia. Enquanto eu deixava todo o meu salário na conta
conjunta, ele tinha dinheiro aplicado", diz. Um ano e meio depois, os dois se divorciaram.
"A frustração aparece por causa da mentira e porque a pessoa não se enxerga como
parte dos planos do parceiro", diz o psicanalista Alexandre Mattos, do Núcleo de Estudos
e Temas em Psicologia, em São Paulo.

A empresária Marina*, 33 anos, de São Paulo, não achava que suas escapulidas
financeiras eram muito graves. Ela e o parceiro moram juntos há seis anos e têm uma
grana conjunta, além da conta individual. Mas, quando Marina tinha seus surtos
consumistas, era o cartão do casal que usava para pular a cancela do shopping. "Eu
deixava as compras no porta-malas e só subia com as sacolas quando o Danilo estava
dormindo." O caso de amor de Marina com o cartão de crédito do casal durou mais de
três anos. Até o marido tentar pagar uma compra no supermercado e ter o cartão
recusado. "Ele ficou furioso! Depois de muitas brigas, entramos num consenso sobre o
dinheiro", diz a empresária. Agora, todo mês os dois colocam em planilhas os gastos em
comum. "Se eu não mudasse minha postura, iria perder o marido", diz Marina.

Gerenciamento de crise

A empresária agiu certo, segundo o educador financeiro Mauro Calil, gerente-geral do


Instituto Nacional de Investidores. "A primeira regra é a organização conjunta", diz. E
quanto se deve guardar para despesas em comum e individuais? "O sensato é dividir
proporcionalmente ao salário de cada um", diz Calil. Se o cara ganha o dobro, a divisão
deve ser em três. Ele paga dois terços do total e você o restante.

O primeiro passo é colocar na ponta do lápis as despesas do casal. "Se os dois têm um
objetivo em comum, como uma viagem, é bom abrir uma poupança em conjunto", diz
Eduardo Coutinho, coordenador do curso de administração do Ibmec em Belo Horizonte.
Nesse caso, também, a quantidade com que cada um deve colaborar segue a lei da
proporção do salário. Feitos esses cálculos e estipulados os limites da individualidade no
orçamento de cada um, ambos estão liberados para tirar férias conjugais financeiras (e,
claro, ele não precisa saber quanto você gastou na bolsa que comprou com o seu
dinheiro). "Quando duas pessoas decidem viver juntas, elas constroem uma vida e um
patrimônio conjuntos", diz Calil. E devem ser fiéis para sempre. Na riqueza e na pobreza...

* Os sobrenomes foram omitidos a pedido das entrevistadas.

Não é o que você está pensando!


É, sim. Esconder gastos, salário e usar a poupança conjunta também são formas de
traição. É mais ou menos como:

A traição financeira - Esconder uma compra de valor pequeno


A traição sexual - Flertar com um estranho no bar

A traição financeira - Usar o dinheiro conjunto para fins individuais


A traição sexual - Beijar outro na balada
A traição financeira - Esconder uma compra de valor alto
A traição sexual - Mandar mensagens picantes para outras pessoas ao longo da semana

A traição financeira - Omitir uma conta bancária


A traição sexual - Transar com outras pessoas às vezes

A traição financeira - Mentir sobre quanto ganha


A traição sexual - Ter um caso

A traição financeira - Não contar sobre dívidas


A traição sexual - Ter outra família

UMA ANÁLISE

“BUITONI(1981) ressalta algumas peculiaridades dos textos das revistas femininas que
usam um tom intimista com prevalência da função conativa da linguagem e uso de verbos
no imperativo. Nesta função o principal objetivo do emissor é persuadir e influenciar o
receptor por meio de ordens, pedidos e sugestões e que é extensamente usada na
publicidade e em revistas de comportamento. Seriam, portanto, textos com grande
capacidade de persuasão e a sua leitura se aproximaria da conversa com uma amiga
íntima que aconselha e dá dicas sobre assuntos variados, tais como cuidados com a
família, com a casa, sobre os homens, sobre sexo e sobre moda.
Os textos são lidos em casa, em momentos de relaxamento, nos consultórios médicos,
salões de beleza e durante as viagens como uma forma de “passar o tempo”.
Além disso, as capas são cuidadosamente preparadas para vender a revista e suas
chamadas apresentam respostas ou fórmulas para resolver problemas, além de
promessas irrealizáveis. As chamadas de capa costumam utilizar frases de efeito como:
Como encontrar o homem ideal no ambiente de trabalho; Perca 7 kilos em uma semana;
Encontramos a dieta definitiva; Novo ano! Novo emprego! Você pode conseguir; Como
comprar roupas de grifes por uma pechincha; As 100 viagens que você precisa fazer
depois dos 30; Como tornar selvagem o sexo com seu Namorado; Aprenda a fazer
delícias fáceis e rápidas; Pegas no ato Confissões sexuais das leitoras; Descubra como
trabalar em uma das 100 maiores empresas do país e virar uma grande executiva.

Cada número propagandeia a próxima edição e assim como nas histórias de Sherazade,
busca-se incessantemente fisgar o público. Os mecanismos de sedução
do leitor permeiam toda publicação sempre entremeada com anúncios de propaganda –
inseridos, inclusive, dentro das matérias jornalísticas.

As revistas possuem uma rede de significação ampla e estão fortemente articuladas


com uma numerosa rede de outros veículos de comunicação que vendem e negociam
bens da indústria cultural.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Propaganda e Economia para Todos. Autor: Beatriz Lage, Paulo Milone


Editora: Summus Editorial

http://mdemulher.abril.com.br/carreira-dinheiro/reportagem/carreira/infidelidade-financeira-
abala-relacionamentos-701621.shtml

artigo: Gênero: Uma categoria útil para análise histórica


Joan Scott

Livro: Dois é par: gênero e identidade sexual em contexto igualitário - Maria Luiza Heilbor

Artigo: O papel da mulher na economia brasileira, Fábio Hanaoka

Texto: O trabalho da mulher brasileira nas décadas recentes., Cristina Bruschini

Del Priore, Mary. A mulher na história do Brasil. Editora Contexto, 1988.

Corrêa, Mariza. "Repensando a família patriarcal brasileira." Cadernos de pesquisa 37


(1981): 5-16.
Texto: Economia brasileira na década de oitenta e seus reflexos nas condições de vida da
população, Ana Maria H. Ometto, Maria Cristina 0. Furtuoso, Marina Vieira da Silva

http://veja.abril.com.br/noticia/economia/mulheres-ganham-mais-espaco-no-mercado-de-
trabalho

A história das revistas no Brasil: Um olhar sobre o segmentado mercado editorial - Ìria
Catarina Queiróz Baptista, Karen Cristina Kraemer Abreuy

Texto: A relação de gênero como parte constitutiva de discussão do exercício profissional


do Assistente Social - Cleonilda S. T. Dallago

Matéria na Revista Crescer: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI17599-15152,00.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Claudia_(revista)

http://www.emfechamento.com.br/2012/03/historia-da-revista-claudia.html

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES DE OUTROS TRABALHOS

QUALIFICAÇÃO FEMININA

“Apesar da tendência otimista a desigualdade de remuneração no trabalho e as poucas


chances de ascensão ainda são um traço marcante do mercado de trabalho feminino
brasileiro e internacional.
Voltando ao discurso das mulheres que trabalham, como explicar que discriminação não
gere um sentimento de indignação que impulsione a luta contra a desigualdade e a
adesão ao(s) movimento(s) feminista (s)? Como explicar a incoerência das matrizes
discursivas mais usadas pelas mulheres e sua vivência no mercado de trabalho?
Acreditamos que as teorias sobre o discurso são férteis para o entendimento dessas
contradições, uma vez que nestas o discurso sustenta-se nas representações ideológicas,
e estas por sua vez orientam as práticas e a representação da realidade pelos indivíduos.
Para BRANDÃO (1997) a linguagem (discurso) não é somente um instrumento de
comunicação, mas também de interação: “Como elemento de mediação necessária entre
homem e realidade e como forma de engajá-lo em sua própria realidade, a linguagem é
lugar de conflito, de confronto ideológico, não podendo ser estudada fora da sociedade
uma vez que os processos que a constituem são histórico sociais. Seu estudo não pode
estar desvinculado das condições de produção” (p.12)
A chave para entender essas contradições entre o mundo representado e o mundo vivido
passa pelo entendimento dos discursos e representações sobre o trabalho na
contemporaneidade, sobre o trabalho feminino e, numa perspectiva mais ampla, sobre
como se constroem as relações de gênero e seus discursos.
Teresa de LAURENTIS (1987: 209) resignificando as concepções teóricas de Foucault
propõe que o gênero é uma representação e uma auto-representação, produto de várias
tecnologias sociais (a mídia seria uma delas, incluindo aí jornais e revistas, programas
televisivos e o cinema), práticas institucionalizadas e cotidianas. A construção do gênero
se faz nos discursos produzidos na esfera do que Althusser denomina aparelhos
ideológicos do Estado, mas não apenas nesses âmbitos e também no universo
acadêmico, marcadamente pelo movimento feminista, entre outros. Como a mídia,
especificamente as revistas femininas, funciona como tecnologia de gênero? Para
responder a essa questão é necessário conhecer as características desses periódicos e
suas transformações ao longo do tempo, realizar uma análise detalhada de seus
discursos.”

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