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ECONOMIA

FACULDADE CENECISTA DE CAMPO LARGO

CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES

PLANO DE CURSO

Disciplina: Economia
Período letivo: 2010
Carga horária: 80 h/a
Professor Responsável: Schirlei Maria Cequinel Kotovicz
Turno: Noturno

1. OBJETIVO DA DISCIPLINA:

• Introduzir o aluno no raciocínio dos conceitos econômicos e proporcionar condições para a análise crítica,
possibilitando o discernimento sobre os problemas econômicos que preocupam a sociedade na atualidade.
• Permitir ao aluno o acompanhamento dos fatos econômicos da nossa história a fim de aumentar seu nível de
compreensão da realidade econômica brasileira.

2. EMENTA:

Definições de economia. Divisão do estudo de economia. Evolução da economia como ciências.


Teoria da firma: monopólio, oligopólio, concorrência perfeita, etc, cenários e análises micro e
macroeconômicas. Economia Internacional. Formação de preços e as imperfeições da concorrência e
dos sistemas de preços. Os agregados macroeconômicos. Oferta e demanda. Desenvolvimento
Econômico no Brasil. A economia brasileira a partir da década de 30. Tópicos Especiais: Distribuição
de renda, Inflação, Desenvolvimento sustentável, perspectivas.

3. PROGRAMA:

Aulas Conteúdo Programático

1 Apresentação do professor e da ementa


Conceito de “Economia”- Objeto da ciência econômica: recursos escassos X
2 necessidades ilimitadas
3 Problemas econômicos básicos: O que, como quanto e para quem produzir?

4 Evolução do pensamento econômico: Adam Smith, David Ricardo, Marx, Kaynes .


5 Texto: Keynes é Pop-revista exame
Conceitos econômicos: fatores de produção, aparelho produtivo, Fluxo real e
6 monetário
7 Fluxo circular da renda
8 Tipos de Sistemas Econômicos-capitalista,socialista e misto
Classificação dos bens e serviços:bens livres,bens econômicos,bens de
9 consumo,bens de capital,bens materiais, bens imateriais,bens intermediários,bens
finais,bens públicos,bens privados.
10 Agentes econômicos, conceito de custo de oportunidade
Teoria Microeconômica: conceito preço relativo,teoria do valor utilidade,teoria do valor
11 trabalho
Teoria da demanda-elementos que influenciam a demanda de um bem,lei geral da
12
demanda, efeito substituição e efeito renda.
13 Conceito de elasticidade, bens substitutos e bens complementares
14 Trabalho em sala
Teoria da oferta-elementos que influenciam a oferta de bens e serviços,lei geral da
15
oferta,pisos e tetos de preços.
Texto: O Brasil suas classes sociais e a implicação na economia-Ludmar Rodrigues
16
Coelho
17 Teoria dos Custos: Custos implícitos e Custos explícitos,lucro econômico, lucro real
18 Trabalho em sala: Texto bens substitutos e bens complementares
3

Classificação dos mercados: monopólio,oligopólio,concorrência perfeita,concorrência


19
monopolística,monopsônio,oligopsônio
Classificação dos mercados: monopólio,oligopólio,concorrência perfeita,concorrência
20
monopolística,monopsônio,oligopsônio
21 A propaganda e os tipos de mercado
22 Teoria Macroeconômica: objetivos principais
23 Instrumentos macroeconômicos:política fiscal, monetária, cambial e de rendas.
24 Instrumentos macroeconômicos:política fiscal, monetária, cambial e de rendas.
Noções de Contabilidade Nacional:conceitos dos agregados macroeconômicos- PIB,
25
PNB, PNL, Renda Ncional, Renda Pessoal Disponível
Noções de Contabilidade Nacional:conceitos de PIB, PNB, PNL, Renda Ncional,
26
Renda Pessoal Disponível
Noções de Contabilidade Nacional:conceitos de PIB, PNB, PNL, Renda Ncional,
27
Renda Pessoal Disponível
28 Texto : Orçamento familiar- WWW.economiaonline.com.br
Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando
29 os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e
para quem produzir.
Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando
30 os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e
para quem produzir.
Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando
31 os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e
para quem produzir.
Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando
32 os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e
para quem produzir.
Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando
33 os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e
para quem produzir.
Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando
34 os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e
para quem produzir.
34 Teoria Macroeconômica clássica
35 Teoria Macroeconômica clássica
36 Teoria Macroeconômica kaynesiana
37 Teoria Macroeconômica kaynesiana
38 Revisão
39 Avaliação
40 Avaliação
41 Resolução da avaliação, entrega de notas e esclarecimentos de dúvidas
42 Tipos de Desemprego: friccional, estrutural, cíclico e sazonal
43 Custo da mão de obra no Brasil
TEXTO-Analistas já veem o País em pleno emprego- Fernando Dantas - O Estado de
44
S.Paulo
45 Globalização- o comportamento das empresas neste novo cenário
Principais itens conjunturais que mudaram a economia brasileira nas décadas
46
de 80 e 90.
Principais itens conjunturais que mudaram a economia brasileira nas décadas
47
de 80 e 90.
48 Crescimento econômico-principais determinantes do crescimento do PIB
49 Crescimento econômico-principais determinantes do crescimento do PIB
50 Introdução a economia monetária:história da moeda
51 A moeda e a atividade econômica, funções da moeda
52 Variações do valor da moeda:inflação, desinflação, deflação e reflação
53 Tipos de inflação
54 Principais índices de inflação e Regime de Metas Inflacionárias.
4

55 O Sistema Financeiro – legislação


56 Organização do Sistema Financeiro no Brasil
57 Trabalho em sala: análise do Texto – O problema é o spread (marcos Cintra)
58 Economia Internacional- Teoria das Vantagens Comparativas
O Balanço de Pagamentos-Balança comercial, balança de serviços,balança de
59
capitais
O Balanço de Pagamentos-Balança comercial, balança de serviços,balança de
60
capitais
61 Grau de investimento
Texto(leitura e comentários): As 15 decisões mais importantes para a Economia Brasileira –
62 revista Exame ( Criação da Petrobrás,Embrapa,Abertura Econômica,etc)
Texto(leitura e comentários): As 15 decisões mais importantes para a Economia Brasileira –
63 revista Exame ( Criação da Petrobrás,Embrapa,Abertura Econômica,etc)
64 Trabalho em grupo -Análise do texto: Importância destas decisões para as empresas de hoje.
65 Trabalho em grupo -Análise do texto: Importância destas decisões para as empresas de hoje.
Apresentação de vídeo –Principais fatores políticos e econômicos do período dos
66
governos de Getúlio Vargas até o governo Lula
Apresentação de vídeo –Principais fatores políticos e econômicos do período dos
67
governos de Getúlio Vargas até o governo Lula
68 Planos econômicos
69 Planos econômicos
Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos Governos de
70
Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek
Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de: Jânio
71
Quadros e João Goulart
Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de:
72
Castelo Branco e Costa e Silva
Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de:
73
Médice e Geisel
Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de:
74
Figueiredo e Sarney
Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de:
75
Fernando Collor e Itamar Franco
Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de:
76
Fernando H Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva
77 Revisão
78 Avaliação
79 Avaliação
80 Comentários da avaliação e entrega de notas

4. PROCESSO DE AVALIAÇÃO:

A avaliação discente terá como base:


• a contribuição significativa nos estudos realizados, trabalhos(individual e em grupo)
escritos e/ou elaborados em sala de aula, serão aceitos somente quando forem entregues
na data marcada e avaliados com base nos critérios de consistência, lógica, organização,
argumentação, prova discursivas (sem consulta) a serem realizadas em horários de
aulas com datas pré estabelecidas, onde será avaliado o conhecimento do aluno referente
as matérias dadas e a sua capacidade de dissertação sobre os temas abordados.
• Os trabalhos entregues após a data marcada sofrerão redução de 50% da nota.

Prova Parcial: ..................................... 7,0


Trabalhos em grupo.............................. 2,0 (1,0 apresentação e 1,0 trabalho escrito)
Trabalhos realizados em sala de aula: 1,0
5

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

5.1 –Bibliografia Básica:

a. ROSSETTI, J.P. Introdução à Economia. 17 ed. São Paulo : Atlas, 1998


b. MANKIW, N.G. Introdução à economia, Rio de Janeiro, Campus,1999

5.2 – Bibliografia Complementar:

a) CABRAL, A S, YONEYAMA. Economia Digital – Uma Perspectiva Estratégia para Negócios. Ed. Atlas,2001
b) DRUCKER, P. As Novas Realidades. Ed. Thomson Pioneira,2000.
c) WESSELS, W. J. Economia. Saraiva, 1998
d) WONNACOTT, P e WONNACOTT, R. J. Economia. MAKRON. 1994
e) PASSOS, C.R. E NOGAMI, º Princípios de Economia. Pioneira.2002.
f) JORGE, F. T. & MOREIRA, J.O.C. Economia: notas introdutórias. São Paulo : Atlas, 1997
g) SHAPIRO, E.. Análise Macroecnômica, ed. Forense,1980
h) FURTADO,MILTON BRAGA. Síntese da Economia Brasileira. São Paulo : Editora LTC.
i) GREMAUD, AMAURY PATRICK. Economia Brasileira Contemporânea. São Paulo,Atlas,1999.
j) PEREIRA, LUIZ C. BRESSER. Economia Brasileira – Uma Introdução Crítica. São Paulo,Ed. Brasiliense, 1982.
k) PRADO JÚNIOR,CAIO. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense,1998.
l) PINHO, DIVA BENEVIDES, FANGANIELLO HELENA. Aspectos do pensamento econômico do Brasil: 1940-1960,
São Paulo : Instituto de Pesquisas Econômicas, 1986.
m) VASCONCELLOS,M.C.,GARCIA, M.E. Fundamentos de Economia, São Paulo : Saraiva,2003
n) SAMUELSON, P. Introdução à análise econômica. São Paulo : Agir, 1988
o) MARIANO,Jefferson. Introdução a Economia Brasileira.São Paulo Saraiva,2005
p) REGO,José Márcio e MARQUES Rosa Maria. Economia Brasileira, 2º Edição,São Paulo,Saraiva.2005.

Professor responsável:

Schirlei Cequinel Kotovicz


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TRABALHO- 1 TRIMESTRE
A atividade econômica tem por objetivo realizar a produção de bens e serviços
que variam conforme a satisfação das necessidades da sociedade, exigindo
tomada de decisão administrativa, ou seja, procurando novos caminhos para
garantir a continuidade da empresa.
O trabalho a ser desenvolvido deverá apresentar os caminhos que a empresa
percorreu para chegar ao sucesso, ou seja, o seu desenvolvimento dos
negócios, a sua expansão na sociedade e a meta em que atingiu, e também o
declínio da empresa que não alcançou seus objetivos, seguindo as quatro
questões levantadas no Sistema Econômico que são:
O que produzir?
Quanto produzir?
Como produzir?
Para quem produzir?

Cada equipe deverá escolher uma empresa que obteve sucesso na sua
atividade e outra que fracassou. O trabalho consiste em duas partes:
• trabalho escrito (normas ABNT- introdução,conteúdo,conclusão,bibliografia,etc/ A
introdução é um trabalho simples, didático, destinado a fornecer uma primeira e geral visão sobre
determinado assunto). 50% da nota

• apresentação (podendo a equipe utilizar-se de métodos audiovisuais-


data-show, retroprojetor, vídeo,etc - 50% da nota.
Data de entrega :
Nota da avaliação: 2,0 pontos (1,0 apresentação e 1,0 trabalho escrito)
O aluno que não estiver presente na apresentação terá somente a nota do
trabalho escrito.

OBS: No caso de utilização da sala de projeção da faculdade, avisar este professor


antecipadamente para que seja providenciada a reserva da sala
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TRABALHO -2 TRIMESTRE
A macroeconomia estuda a estrutura, o funcionamento e os resultados da economia como
um todo, em termos agregados. As principais variáveis tratadas pela macroeconomia são o
produto agregado, o emprego, a moeda, as taxas de juros, a inflação e o câmbio. Os
economistas organizam suas idéias através de modelos que servem para interpretar os fatos
econômicos e fundamentar a definição e a prática de políticas econômicas executadas pelo
governo a fim de alcançar os objetivos macroeconômicos.
O trabalho a ser desenvolvido deverá apresentar os principais fatos macroeconômicos
de cada governo( políticas de desenvolvimento,planos de estabilização,programas sociais
etc. )
Equipe 1 : O Governo Getúlio Vargas- (2º mandato)
Governo de Juscelino Kubitschek – 1956/1961
Equipe 2: A década de 60 - Jânio Quadros-1961
João Goulart- 1961/1964
Equipe 3 : - Castelo Branco- 1964/1967
Costa e Silva – 1967/1969
Equipe 4: A década de 70 – Garrastazu Médici – 1969/1974
Ernesto Geisel – 1974/1979
Equipe 5 : A década de 80- João Batista Figueiredo – 1979/1985
José Sarney – 1985/1990
Equipe 6: A década de 90 - Fernando Collor de Melo – 1990/1992
Itamar Franco – 1992/1994
Equipe 7 : Fernando Henrique Cardoso- 1995/2002
Luiz Inácio Lula da Silva –2003/2006
§ trabalho escrito (normas ABNT-
capa,introdução,conteúdo,conclusão,referências bibliográficas,etc) (50% da
nota)

§ apresentação (podendo a equipe utilizar-se de métodos audiovisuais- data-


show, retroprojetor, vídeo,etc (50% da nota)

Data de entrega:

Nota da avaliação:2,0 pontos

OBS: No caso de utilização da sala de projeção da faculdade, avisar este professor antecipadamente para que seja
providenciado a reserva da sala.
8

FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

A palavra Economia deriva do grego "aquele que administra o lar". A princípio esta
origem pode parecer estranha, mas na verdade, lares e economias tem muito em comum.

A economia é fundamentalmente o estudo da escassez e dos problemas dela


decorrentes. A escassez implica escolhas e custos de oportunidade. Escolher a melhor
forma de empregar recursos escassos é o problema básico de toda a sociedade
econômica organizada.

O estudo econômico é dividido em microeconomia e macroeconomia:

A microeconomia é ramo da Ciência Econômica voltada ao estudo do comportamento das


unidades de consumo representadas pelos indivíduos e/ou famílias, do estudo das empresas, suas
respectivas produções e custos e ao estudo da geração de preços dos diversos bens, serviços e
1
fatores produtivos. Trata-se de uma análise parcial e estática do mercado

A macroeconomia trata do comportamento da Economia como um todo - de períodos de


prosperidade e de recessão. Trata das flutuações do produto agregado, das taxas de variações de
preços e dos níveis de emprego.
Em macroeconomia negligenciamos os pormenores do comportamento de unidades econômicas
individuais e e tratamos do desempenho geral.

1.1Definições de economia
• A economia é uma ciência social que estuda a produção , a distribuição e o
consumo de bens e serviços

• A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o


objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os
membros da sociedade.

1.2. Objeto da Ciência Econômica


O problema econômico por excelência é a escassez. A economia estuda a relação que os
homens têm entre si na produção dos bens e serviços necessários à satisfação dos
desejos e aspirações da sociedade.

Ocorre que as necessidades humanas são infinitas e ilimitadas. Isto porque, o ser
humano pela sua própria natureza, nunca está satisfeito com que possui e sempre deseja
mais coisas.
9

Por outro lado, os recursos produtivos que a sociedade conta para efetuar a
fabricação de bens e serviços, têm caráter finito ou limitados.

Há, portanto, uma contradição, os desejos e necessidade da sociedade são ilimitados e


os recursos para efetivar-se a produção dos bens e serviços que devem atendê-los são
limitados.

Necessidade humana é qualquer manifesto de desejo que envolva a escolha de um bem


econômico capaz d e contribuir para a sobrevivência ou para a realização social do
indivíduo.
“Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo : ou isto ou aquilo....e vivo escolhendo o dia inteiro!”

(Flor de poemas, Cecília Meireles)

A primeira das lições acerca da tomada de decisões se resume no dito popular de que "NADA É
DE GRAÇA". Para obter uma coisa que desejamos, em geral temos de abrir mão de outra coisa da
qual gostamos. Tomar decisões exige comparar um objetivo com outro.

• Ex.1 : Considere um estudante que deve decidir como alocar seu recurso mais valioso -
seu tempo. Pode passar todo o tempo estudando economia; pode passar todo o tempo
estudando psicologia; ou pode dividir o tempo entre as duas disciplinas. Cada hora que
dedica ao estudo é uma hora em que deixa de de fazer outras coisas como tirar uma
soneca, malhar na academia ou assistir televisão .

Quando as pessoas estão agrupadas em sociedades, elas se deparam com diferentes tipos de
tradeoff (escolhas):

• Ex.2: Também é importante na sociedade moderna a opção entre um meio ambiente


despoluído e um alto nível de renda. Leis que exigem que as empresas reduzam a
poluição aumentam o custo de produção de bens e serviços. Em função dos custos mais
altos essas empresas obtém lucros menores, pagam salários mais baixos, cobram preços
mais altos ou alguma combinação de todas essas coisas.Assim, embora os regulamentos
antipoluição nos beneficiem com um meio ambiente de melhor qualidade, tem o custo de
reduzir a renda dos donos das empresas, dos trabalhadores e dos clientes.

Texto –Anexo 5 – Temos que aprender a poupar

Outro tradeoff que a sociedade enfrenta é o da eficiência e eqüidade.

Eficiência- é a propriedade que uma sociedade tem de receber o máximo possível pelo uso de
seus recursos escassos.

Eqüidade - é a justa distribuição da prosperidade econômica entre os membros da sociedade.

Em outras palavras, eficiência se refere ao tamanho do bolo econômico e eqüidade, à forma em


que são distribuídas suas fatias. Muitas vezes quando se formulam políticas governamentais,
esses dois objetivos entram em conflito.

• Ex.: Considere políticas destinadas a distribuir de forma mais igualitária o bem-estar


econômico. Como o Sistema de Seguro-desemprego que procura ajudar as pessoas mais
necessitadas dentro da sociedade. Ou como a política de Imposto de Renda da Pessoa
Física, que requer que os bens sucedidos financeiramente contribuam mais do que os
outros para o sustento do governo. Embora tais políticas tenham o benefício de contribuir
para uma maior eqüidade, elas tem um custo em termos de menor eficiência. Quando o
10

governo redistribui renda dos ricos para os pobres, reduz a recompensa pelo esforço do
trabalho; em consequência, as pessoas trabalham menos e produzem menos bens e
serviços. Em outras palavras, quando o governo tenta cortar o bolo econômico em fatias
mais iguais, diminui o tamanho do bolo.

A administração dos recursos da sociedade é importante porque os recursos são escassos.


Escassez significa que a sociedade tem menos a oferecer do que aquilo que as pessoas desejam
ter. Assim como uma família não pode dar a seus membros tudo o que estes desejam, a sociedade
não pode dar a cada pessoa o padrão de vida mais alto ao qual ela aspira.

Isso nos leva a seguinte proposição:


Por mais rica que a sociedade seja, os fatores de produção (natureza - capital – trabalho –
tecnologia e capacidade empresarial) serão sempre escassos para efetivar a fabricação de
todos os bens e serviços que essa mesma sociedade deseja. Ela terá que efetuar escolhas sobre
quais os bens e serviços deverão ser produzidos, da mesma forma que os homens, contanto com
os salários de determinado valor, não pode naturalmente consumir todos os bens e serviços que
deseja, devendo escolher entre eles quais poderá adquirir e que estejam ao alcance de sua renda.
Portanto, a ciência econômica é aquela que estuda a escassez ou que estuda o uso dos recursos
escassos na produção de bens alternativos.

Então, Economia é o estudo da forma pela qual a sociedade administra seus recursos escassos.
Na maior parte das sociedades os recursos não são alocados por um único planejador central mas
pelas ações combinadas de milhões de famílias e empresas. Os economistas , portanto estudam
como as pessoas tomam decisões: o quanto trabalham, o que compram, quanto poupam e como
investem suas poupanças e estudam também como as pessoas se relacionam umas com as
outras.

1.3 Problema econômico básico :


Como vimos, a atividade econômica é realizada com o propósito de produzir bens e serviços que
se destinem à satisfação das necessidades individuais ou coletivas dos elementos da sociedade.

Entretanto, em razão da própria natureza do ser humano, suas necessidades se ampliam


continuamente, aumentando, em conseqüência, as exigências de consumo. Um número cada vez
maior de pessoas procura bens e serviços que atendam necessidades de lazer, educação,
transportes coletivos, etc. Mesmo para as necessidades puramente biológicas, surgem novos
desejos. As pessoas já não se satisfazem em aplacar sua sede bebendo apenas água. Quando
possível, recorrem a refrigerantes ou a outras bebidas mais sofisticadas. Assim, pode-se dizer
que, de modo geral, as necessidades humanas são ilimitadas.

Sabemos, por outro lado, que a produção de bens e serviços exige a organização e combinação
dos fatores de produção existentes à disposição da sociedade. Entretanto, esses fatores são
limitados, escassos, pois não existem na quantidade que seria desejável. A área agricultável de um
país é limitada, finita, o mesmo ocorrendo com a quantidade de pessoas que pode trabalhar em
relação a máquinas, ferramentas e equipamentos, em geral. E este conflito é que explica e justifica
a existência da teoria econômica. De um lado, as necessidades das pessoas são ilimitadas e, de
outro, que os fatores disponíveis para a produção de bens e serviços que satisfaçam essas
necessidades são limitados.

O problema fundamental da economia é a impossibilidade de se produzir bens e serviços em


quantidades ilimitadas para satisfazer as necessidades humanas permanentemente ampliadas,
pois os fatores de produção existem em quantidades limitadas. Este fato também é conhecido
como lei da escassez.

Diante da impossibilidade do atendimento pleno das necessidades humanas em virtude da


escassez de recursos, quatro questões são levantadas, sendo que suas respostas envolvem o
problema fundamental da economia, isto é, o problema da escassez.
11

A primeira pergunta diz respeito à natureza das necessidades humanas: O QUE PRODUZIR?

Refere-se aos bens e serviços e 'a quantidade de cada um que a economia deve produzir. Já que
os recursos são escassos ou limitados, nenhuma economia pode produzir tanto de cada bem ou
serviço conforme é desejado por todos os membros da sociedade. Usualmente, mais de um bem
ou serviço significa menos de outro. Por conseguinte, cada sociedade deve escolher exatamente
que bens e serviços deve escolher exatamente que bens e serviços deve produzir.

Identificar o bem ou serviço a ser produzido visando a satisfação das necessidades da população.
É o mercado que nos dá a opção lógica (oferta x demanda).

A segunda pergunta implica determinar quantitativamente o produto necessário à satisfação das


necessidades: QUANTO PRODUZIR?

Essa questão complementa a anterior e tem sua importância definida na medida em que, como já
vimos, é impossível produzir em quantidades ilimitadas todos os bens necessários. Se
imaginarmos que todos os recursos disponíveis de uma economia estão sendo utilizados no
processo produtivo, atingiremos um limite na produção de bens e serviços. Nesse caso, se
quisermos aumentar a produção de um bem qualquer, teremos de diminuir a quantidade de
produção de outro ou outros bens.

A terceira questão envolve um problema de ordem técnica: COMO PRODUZIR?

Refere-se 'a escolha da combinação de recursos e 'a técnica particular a ser usada na produção de
um bem ou serviço. Já que normalmente um bem ou serviço pode ser produzido com diferentes
combinações de recursos e várias técnicas, o problema é quais usar. Visto que os recursos são
limitados em toda economia, quando mais deles são usados para produzir alguns, há menos em
disponibilidade para a produção de outros. Por isso, a sociedade enfrenta o problema de escolher
a técnica que resulte no menor custo possível(em termos de recursos usados) para cada unidade
dos bens e serviços que decidir produzir.

É uma questão técnica , que indica que há várias maneiras de se combinarem os fatores de
produção para se obter bens e serviços. É a partir desta questão que deve ser definido o processo
de fabricação mais econômico, com melhor nível tecnológico(eficiência) ou a melhor alocação dos
recursos (Ex.: escolha da região).

A quarta questão está diretamente relacionada ao consumo, à satisfação das necessidades dos
indivíduos: PARA QUEM PRODUZIR?

Refere-se a quanto das necessidades de cada consumidor se deve satisfazer. Já que os recursos
e, por isso, os bens e serviços são escassos em cada economia, nenhuma sociedade pode
satisfazer a todos os desejos de todo o seu povo. Por isso surge o problema da escolha.

Envolve a questão da distribuição de bens e serviços produzidos entre os elementos da


sociedade. Escolher o nicho de mercado a quem se destina o produto.

1.4 A Organização Econômica


Dadas as limitações dos recursos produtivos e do nível tecnológico, as nações procuram organizar
sua economia a fim de resolver os problemas do que, quanto, como e para quem produzir, de
forma eficiente, ou seja com o menor desperdício possível.

De certa maneira são duas as formas de organização econômica: a descentralizada ou economia


de mercado e a centralizada.

A Economia privada de livre iniciativa (capitalismo), caracteriza-se em procurar sobreviver na


concorrência imposta pelos mercados tanto na compra e venda de produtos finais como na dos
fatores de produção. Os problemas básicos deste tipo de economia podem ser resolvidos pela
12

concorrência dos mercados e pelo mecanismos dos preços. O Consumidor tentará maximizar
utilidade e o produtor, o lucro.-PROPRIEDADE PRIVADA DOS FATORES DE PRODUÇÃO-
(Governado pelo mercad0- mão invisível de Adam Smith- liberalismo-mercado se auto regula)

Nas economias centralizadas (socialismo) os problemas econômicos são decididos pelos


órgãos planejadores e não pelo sistema de preços. Os meios de produção são considerados de
propriedade coletiva, ou seja, pertencentes ao povo.-PROPRIEDADE COLETIVA DOS MEIOS DE
PRODUÇÃO- Karl Marx –socialismo científico-fim da propriedade privada)

1.5 PENSAMENTO ECONÔMICO


Adam Smith (1723-1790):considerado “Pai” da Economia Moderna, escreveu “A Riqueza das
Nações”. Afirmava que a livre concorrência levaria a sociedade `a perfeição uma vez que a busca
do lucro máximo promove o bem estar da comunidade(mão invisível). Defendia a não intervenção
do Estado na economia (liberalismo).

Ø Laissez faire- livre inicitaiva (mão invisível)

Ø Teoria do Valor Trabalho: a causa da riqueza das nações é o trabalho humano.

Ø Divisão do trabalho e especialização= produtividade.


Para ele, o trabalho de uma nação é a principal fonte geradora dos bens que necessita a
comunidade. O aumento da produtividade do trabalho depende de sua divisão, que repousa
essencialmente, na propensão que tem a natureza humana para trocar uma coisa por outra. A
acumulação de capital funciona como uma das condições prévias dessa divisão. Quanto á noção
de valor ,surgiu como troca de mercadorias. O termo valor apresenta dois significados, o de
utilidade e o de poder de compra, sendo o primeiro o valor de uso, e o segundo o valor de troca. O
trabalho seria a medida de valor de todas as mercadorias. No que se refere à acumulação
capitalista, divide o capital em fixo e circulante. O primeiro consiste, principalmente em máquinas,
edifícios, implementos agrícolas, enquanto o segundo compreende o dinheiro, as matérias-primas
e as mercadorias acabadas, ainda em mão do industrial ou do comerciante. Analisando a estrutura
da sociedade capitalista, Adam Smith chegou a conclusão, para sua época, da divisão da
sociedade em classes. Para ele a sociedade capitalista possui 03 classes principais: o operariado,
os capitalistas e os proprietários de terras. Salienta que, na sociedade capitalista, existe
comunidade de interesses, uma vez que os benefícios comuns resultam sobretudo do choque de
interesses das diversas classes sociais. Por isso defendia a livre concorrência.
A grande contribuição de Adam Smith para o Pensamento Econômico é exatamente a
chamada "Teoria da Mão Invisível". Para este autor todos aplicam o seu capital para que ele
renda o máximo possível. A pessoa ao fazer isto não tem em conta o interesse geral da
comunidade, mas sim o seu próprio interesse – neste sentido é egoísta. O que Adam Smith
defende é que ao promover o interesse pessoal, o indivíduo acaba por ajudar no Interesse Geral e
coletivo. Dizia ele, que não pelo benevolência do padeiro ou do açougueiro que nós temos o
nosso jantar, mas é pelo egoísmo deles, pois os homens agindo segundo seu próprio interesse é
que todos se ajudam mutuamente. Neste caminho ele é conduzido e guiado por uma espécie de
Mão Invisível. Adam Smith acredita então que ao conduzir e perseguir os seus interesses, o
homem acabo por beneficiar a sociedade como um todo de uma maneira mais eficaz.. Graças à
mão invisível não há necessidade de fixar o preço. Por exemplo, a Inflação é corrigida por um
reequilibro entre Oferta e Procura, reequilibro esse que seria atingido e conduzido pela Mão
Invisível, é pois o início da Glorificação do Mercado que Adam Smith preconiza.

A economia com seus estudo, tenta entender como a mão invisível produz essa mágica.
Uma das formas da mão invisível dirigir a atividade econômica é através dos preços. Os preços
refletem tanto o valor que a sociedade atribui a um bem quanto os custos em que ela incorre para
produzi-lo. O como as famílias e empresas levam em consideração ao tomar suas decisões , sem
saber estão levando os benefícios e os custos sociais de suas ações. Quando o governo impede
13

que os preços se ajustem naturalmente aos movimentos da oferta e da demanda, está impedindo
que a mão invisível coordene milhões de famílias e empresas que constituem a economia. Quando
o governo taxa os produtos com impostos ele distorce os preços e portanto as decisões de famílias
e empresas. Isto explica o fracasso do comunismo. Nos países comunistas os preços não são
determinados pelo mercado mas sim por planejadores centrais. Os planejadores centrais
fracassaram porque tentaram conduzir a economia com uma mão amarrada às costas - a mão
invisível do mercado.

David Ricardo (1772-1823) exerceu uma grande influência tanto sobre os economistas
neoclássicos, como sobre os economistas marxistas, o que revela sua importância para o
desenvolvimento da ciência econômica. Os temas presentes em suas obras incluem a teoria do
valor-trabalho, a teoria da distribuição (as relações entre o lucro e os salários), o comércio
internacional, temas monetários.

Entre 1809 e 1815 publicou alguns panfletos sobre temas de economia monetária, repartição da
renda e comércio internacional. A partir de então dedicou-se (não sem muita relutância) a escrever
um tratado teórico geral sobre a economia, os Princípios, que foi publicado em 1817 e se
constituiria num marco teórico decisivo para o desenvolvimento da economia política clássica.

Em 1815, David Ricardo já era considerado o mais importante economista de toda a Grã-Bretanha,
graças ao seu conhecimento prático sobre o funcionamento do sistema capitalista, vindo da sua
carreira como perito em finanças.

A principal questão levantada por Ricardo é sobre a distribuição do produto gerado pelo trabalho
na sociedade. Isto é, segundo Ricardo, a aplicação conjunta de trabalho, maquinaria e capital no
processo produtivo gera um produto, o qual se divide entre as três classes da sociedade:
proprietários de terra (sob a forma de renda da terra), trabalhadores assalariados (sob a forma de
salários) e os arrendatários capitalistas (sob a forma de lucros do capital). O papel da ciência
econômica seria, então, determinar as leis naturais que orientam essa distribuição, como modo de
análise das perspectivas atuais da situação econômica, sem perder a preocupação com o
crescimento em longo prazo.

A sua teoria das vantagens comparativas constitui a base essencial da teoria do comércio
internacional. Demonstrou que duas nações podem beneficiar-se do comércio livre, mesmo que
uma nação seja menos eficiente na produção de todos os tipos de bens do que o seu parceiro
comercial. Pois, Ricardo defendia que nem a quantidade de dinheiro em um país nem o valor
monetário desse dinheiro era o maior determinante para a riqueza de uma nação. Segundo o
autor, uma nação é rica em razão da abundância de mercadorias que contribuam para a
comodidade e o bem-estar de seus habitantes.

John Mayneard Keynes


“O estudo da teoria econômica não parece exigir qualquer dom especializado de grande profundidade. Não é um assunto
relativamente fácil quando comparado com a filosofia ou a ciência pura. Uma disciplina fácil, em que poucos se
sobressaem! O paradoxo talvez seja explicado pela constatação de que o economista deve possuir uma rara combinação
de dons.Tem de ser matemático, historiados, estadista, filósofo – em certa medida. Deve entender de símbolos e falar
através de palavras. Deve ver o particular em termos do geral, e abranger o abstrato e o concreto no mesmo pensamento.
Deve estudar o presente à luz do passado para entender o futuro. Nenhuma parte da natureza humana ou de suas
instituições deve ficar fora de seu olhar. Deve ser o mesmo tempo interessado e desinteressado, tão distante e
incorruptível quanto um artista,e, contudo, às vezes tão próximo da terra quanto um político.”
John Mayneard Keynes

A crença nas forças auto-ajustáveis da economia foi, porém, seriamente abalada com a grande
depressão dos anos 30. Até a grande depressão dos anos 30, os economistas não acreditavam
que o desemprego em larga escala pudesse ocorrer. Mas os fatos abalaram as convicções
clássicas.
14

De todos os nossos problemas econômicos, o desemprego é talvez o pior. O desemprego envolve


um desperdício óbvio: a sociedade priva-se dos bens e dos serviços que os desempregados
poderiam ter produzido. Pessoas desempregadas sofrem a desmoralização, a frustração e a perda
do respeito próprio que advém da ociosidade forçada.
Antes da Grande Depressão nos anos 30, a maior parte dos economistas não considerava o
desemprego como um dos problemas centrais da economia. Havia é claro, dissidentes. Karl Marx
acreditava que as crises econômicas tornar-se-iam cada vez mais severas, com um número cada
vez maior de trabalhadores engrossando as fileiras de desempregados. Mais cedo ou mais tarde, o
capitalismo entraria em colapso devido aos seus defeitos intrínsicos. Porém Marx, estava fora da
principal corrente da economia. A maior parte dos economistas acreditava que poderia havia curtos
períodos de severo desemprego, mas que o mecanismo de mercado originaria um rápido retorno a
um alto nível de emprego. A década de 1930 destruiu esta confiança e proveu a base para uma
nova teoria do desemprego. Nos Estados Unidos entre 1929-1933, o PIB caiu 30% e o
desemprego aumentou de 3% para 25%.
Esta teoria foi desenvolvida, sem que isto causasse surpresa, por um economista britânico. Ao
contrário dos Estados Unidos, onde a Depressão pode ser datada de 1929, a Grã-Bretanha já
estava passando por tempos difíceis desde o início dos anos 20.
Esta nova teoria foi apresentada por John Maynard Keynes em seu livro “TEORIA GERAL DO
EMPREGO, DO JURO E DO DINHEIRO”. A Teoria Geral foi um sucesso espetacular; está no
mesmo nível de “A RIQUEZA DAS NAÇÕES” de Adam Smith, e de “O CAPITAL”, de Karl Marx.

As 03 proposições mais importantes de Keynes são:

• O desemprego em uma economia de mercado: ao contrário da economia


clássica, Keynes argumentava que uma economia de mercado pode ter forças
vigorosas que a movimentem em direção ao pleno emprego.
• A causa do desemprego: Keynes dizia que o desemprego em grande escala é o
resultado de gastos excessivamente baixos em bens e serviços, ou seja, o
desemprego reflete uma insuficiência de demanda agregada.
• A cura para o desemprego: Para curar o desemprego, a demanda agregada deve
ser aumentada. A melhor maneira de fazer isto, dizia Keynes, é pelo aumento de
gastos governamentais.

Na década de 1970 o keynesianismo sofreu severas críticas por parte de uma nova doutrina
econômica : o monetarismo. Em quase todos os países industrializados o pleno emprego e o nível
de vida crescente alcançados nos 25 anos posteriores às II Guerra Mundial, foram seguidos pela
inflação. Os keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o pleno emprego e o controla da
inflação, considerando, sobretudo, as negociações dos sindicatos com os empresários por
aumentos salariais. Por esta razão, foram tomadas medidas que evitassem o crescimento dos
salários e preços, mas a partir da década de 1960 os índices de inflação foram acelerados de
forma alarmante. A partir da década de 1970, os economistas tem adotado argumentos
monetaristas em detrimento daqueles propostos pela doutrina keynesiana; mas as recessões, em
escala mundial, das décadas de 1980 e 1990 refletem os postulados da política econômica de
Keynes.

Os monetaristas defendem medidas econômicas que procuram manter a economia em recessão


– com altas taxas de juros e restrição monetária. O objetivo principal é a redução das taxas
inflacionárias. Porém o custo da queda da inflação obtida única e exclusivamente com a redução
da demanda é bastante alto e já bem conhecido pela nossa sociedade: concentração de renda,
desemprego e arrocho salarial..

Karl Maxr (1818-1883)- problema dos detentores dos meios de produção;exploração da mão de
obra humana; lucro sobre o trabalhador, mais-valia.. Autor da obra clássica “O Capital”.
15

As primeiras fases da revolução industrial foram marcadas por excessos. Homens, mulheres e
crianças eram confinados em fábricas, minas e oficinas durante jornadas de trabalho de 12 a 14
horas, em deploráveis condições sanitárias e de trabalho. Tal situação favoreceu o nascimento de
uma corrente preocupada não só com o estudo da ciência econômica como tal, mas também com
a transformação global da sociedade. Partindo da teoria do valor exposta por David Ricardo, Karl
Marx, postulou que o valor de um bem é determinado pela quantidade de trabalho socialmente
necessário para sua produção. Segundo Marx, o lucro não se realiza por meio de troca de
mercadorias, que se trocam geralmente por seu valor, mas sim em sua produção. Os
trabalhadores não recebem o valor correspondente ao seu trabalho, mas só o necessário para a
sua sobrevivência. Nascia assim , o conceito da mais-valia, diferença entre o valor incorporado a
um bem e a remuneração do trabalho que foi necessário para sua produção. Não é essa, porém
para Marx, a característica essencial do sistema capitalista, mas precisamente a apropriação
privada dessa mais-valia. A partir dessas considerações, Marx elaborou sua crítica do capitalismo
numa obra que transcendeu os limites da pura economia e se converteu numa reflexão geral sobre
o homem, a sociedade e a história.

.
16

Texto 1
Keynes é pop
Mais de 60 anos após sua morte, o grande pensador inglês sai do ostracismo e retoma o posto de maior economista dos séculos 20 e 21

Corbis
Keynes: uma fornada de livros para exaltar o antigo mestre

Por André Lahóz | 12.11.2009 |


Já virou rotina. A cada abalo no sistema econômico, jornalistas, analistas e o público em geral iniciam uma frenética corrida para
identificar os maiores perdedores -- e também o punhado de felizardos que conseguiram se safar sem arranhões. A história não tem sido
diferente agora. No front geopolítico, o rol dos derrotados inclui quase todos os países ricos, enquanto China, Índia e Brasil veem seu
cacife crescer. No mundo das personalidades da economia, medalhões como Alan Greenspan e alguns dos banqueiros mais incensados
dos últimos tempos saíram com a reputação em frangalhos -- e hoje quem surfa a onda são profetas da crise, como Nouriel Roubini e
Robert Shiller. Também na academia ocorre algo semelhante. Nos competitivos e frequentemente ácidos departamentos de economia das
principais universidades, a hora é de questionar verdades estabelecidas, encostar antigas estrelas e promover um reordenamento no
mundo das ideias. Nesse contexto, perdem espaço os principais defensores da corrente neoclássica, entre os quais se inclui a maioria dos
vencedores do prêmio Nobel de Economia. Por sua vez, depois de anos hibernando, surge com renovado vigor a figura do inglês John
Maynard Keynes para retomar o posto de maior pensador econômico dos séculos 20 e, pelo menos por enquanto, 21. Keynes voltou a ser
pop -- tanto quanto é possível a um economista ser pop. O que não é pouco para alguém que escreveu seu principal livro em 1936 e
morreu antes de conhecer a guerra fria, a TV em cores e o rock’n roll.

Na esteira desse sucesso, uma fornada de livros sobre o economista chega às bancas. Talvez o mais interessante deles seja Keynes -- The
Return of the Master ("Keynes -- o retorno do mestre", numa tradução livre), do professor de economia política da Universidade de
Warwick Robert Skidelsky. Poucas vozes têm mais autoridade para falar sobre o personagem. Skidelsky, articulista de alguns dos mais
renomados veículos jornalísticos do Reino Unido e dos Estados Unidos, é também autor da mais encorpada e premiada biografia sobre
Keynes, uma monumental obra em três volumes tida como essencial para qualquer um que pretenda destrinchar sua vida e obra. Agora
ele volta ao tema num livro de bem menos fôlego, até em termos de tamanho (são 220 páginas). Por isso mesmo, não se trata de uma
contribuição feita para marcar época. A vantagem é que a leitura é bem mais fácil e atinge um público abrangente .

Agora, a ambição é outra. Trata-se de um passeio pelo pensamento econômico desde os anos 30 para mostrar a ascensão, a queda e o
atual renascimento de Keynes. A revolução keynesiana, iniciada em plena Grande Depressão, é relativamente conhecida do público leigo.
Em sua Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, Keynes rebate a crença neoclássica de que toda oferta de bens necessariamente
cria sua demanda (conhecida como Lei de Say, em referência ao economista francês J.B. Say). Nesse comportado mundo imaginário,
bastaria aos países garantir que os bens fossem efetivamente produzidos -- a partir daí, o problema essencialmente econômico estaria
resolvido. A brutal crise pós-crash da Bolsa de Valores de Nova York violou esse pressuposto, e coube a Keynes explicar que, sim, é
possível o mundo enfrentar de quando em quando um problema de falta de demanda. Numa economia monetária, as pessoas podem optar
por guardar o dinheiro em vez de gastá-lo. Também ocorre, em tais situações extremas, que os bancos centrais atuem até o limite de suas
forças -- reduzindo os juros a zero -- sem conseguir atiçar o espírito de consumidores e investidores. É nessa hora, diz Keynes, que o
governo precisa agir. Não espanta que sua figura esteja de volta. O receituário adotado pelo mundo atualmente -- seja no gigantesco
pacote fiscal americano, nas dezenas de obras de infraestrutura chinesas ou no alívio fiscal promovido pelo governo brasileiro -- deve
muito às suas ideias.
17

2 Conceitos Econômicos
2.1 Conceito de Sistema Econômico
-É a forma como a sociedade está organizada para desenvolver as atividades econômicas
de produção, circulação e consumo de bens e serviços.

-Sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços.

2.2 Elementos que formam um sistema econômico


Fatores produtivos : Também denominados recursos de produção, são elementos utilizados no
processo de fabricação dos mais variados tipos de mercadorias as quais, por sua vez, serão
utilizadas para satisfazer necessidades.

Os Recursos Produtivos podem ser classificados em cinco grandes grupos: Terra, Capital,
Trabalho , Tecnologia e Capacidade Empresarial.

• Terra (ou Recursos Naturais)

É o nome dado pelos economistas para designar os recursos naturais existentes, ou dádivas
da natureza, tais como : florestas(madeira), recursos minerais, recursos hídricos,terra, etc.
Compreende não só o solo utilizado para fins agrícolas, mas também o solo utilizado na
construção de estradas, casas etc.

• Capital (ou Bens de Capital)

Pode ser definido como o conjunto de bens fabricados pelo homem e que não se destinam à
satisfação das necessidades através do consumo, mas que são utilizados no processo de
produção de outros bens. O capital inclui todos os edifícios, todos os tipos de equipamentos e
todos os estoques de materiais dos produtores, incluindo bens parcial ou completamente
acabados, e que podem ser utilizados na produção de bens.

• Trabalho

É o nome dado a todo esforço humano, físico ou mental, despendido na produção de bens e
serviços.

• Capacidade Tecnológica: é o elo de ligação entre a força de trabalho e o capital


acumulado. Este fator complementar é constituído pelo conjunto de habilidades e de
conhecimentos que dão sustentação ao processo de produção.

• Capacidade Empresarial (Agentes produtivos)

São os responsáveis pela organização da atividade produtiva. São os administradores,


empresários, gerentes, ou pessoas envolvidas no processo produtivo que tem como função
organizar, coordenar, comandar, planejar o processo desde a alocação dos recursos
produtivos até o emprego dos mesmos, através de usos alternativos, visando sempre a
maximização do emprego destes recursos produtivos para que os mesmos não fiquem ociosos
no sistema. A capacidade empresarial é um fator de natureza qualitativa.. Trata-se do espírito
empreendedor que combina e movimenta os demais fatores de produção do sistema.O
sucesso ou não de uma organização é atribuído aos agentes produtivos.
18

Aparelho produtivos : É o conjunto de todas as empresas envolvidas no processo produtivo de


uma nação que tem como objetivo a produção de bens e serviços dependendo do setor em que a
empresa está situada.

O aparelho produtivo de uma nação é constituído por 03 setores da atividade econômica:

Setor I - AGROPECUÁRIO (Primário)

Setor II - INDÚSTRIA (Secundário)

Setor III- PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (Terciário)

• Setor I - AGROPECUÁRIO (Primário): engloba as atividades que são exercidas próximas


à base dos recursos naturais

LAVOURAS (cacau, cereais, café, fumo em folha, milho, etc); FLORICULTURA ;


PRODUÇÃO ANIMAL (criação de gado, aves, suínos, ovinos, pesca, etc);
ESTRAÇÃO VEGETAL ( produtos como babaçu, borrachas, cera de carnaúba,
etc) ;EXTRAÇÃO MINERAL (extração de minerais metálicos : ferro, alumínio, zinco
e metais preciosos e extração de minerais não metálicos: pedras preciosas)
PRECIOSAS)

A produção deste setor pode ser quantificada fisicamente, pois os bens neste setor produzido tem
expressão material.

• Setor II - INDÚSTRIA (Secundário) : reúne as atividades, mediante as quais os bens são


transformados, sendo-lhes adicionadas características correspondentes a distintos graus
de elaboração. Ex.: METALURGIA, PRODUTOS ALIMENTARES, AUTOMOBILÍSTICA,
TÊXTIL, etc.

A produção deste setor também pode ser quantificada fisicamente.

• Setor III- PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (Terciário): o produto gerado neste setor não tem
expressão material. O setor compreende serviços e o comércio.

Comércio: varejista e atacadista

Intermediários financeiros: bancos comerciais (BB, ITAÚ, BRADESCO, etc );


bancos de desenvolvimento (BNDS); seguradoras ( SULAMÉRICA, etc )

Transporte e Comunicação : Transporte aéreo , ferroviário, hidroviário, rodoviário


e serviços de telecomunicações, postais e telegráficos.

Outros serviços: educação, lazer, turismo, assistência médica hospitalar, limpeza,


livrarias, lanchonetes, restaurantes, salões de beleza, conservação de edifícios,
etc.

No processamento das atividades produtivas realizadas no sistema econômico, nenhum dos


setores permanece isolado do conjunto. No decorrer das atividades de produção todos os setores
se integram e se interligam.

Nenhum setor é auto-suficiente, para que os mesmos possam produzir necessitam recursos
dos demais setores.

Exemplo: Para que uma lanchonete possa comercializar hamburger, necessita dos demais
setores, pois o setor primário oferecerá a carne que será industrializada pelo setor secundário.
Existe uma dependência entre os setores, pois necessitam adquirir insumos dos demais setores.
19

2.3 FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO


Fluxo Real : É igual ao produto. O PRODUTO de uma economia, ou seja, o PIB (Produto Interno
Bruto) expressa em unidades monetárias o montantes de bens e serviços produzidos por uma
economia em determinado período de tempo.

P = I + II + III

(Economia fechada) - é aquela que não mantém relações econômicas internacionais, seja
exportando ou importando mercadorias e serviços, ou tomando empréstimos de recursos
financeiros. O produto é o somatório das atividades produtivas desenvolvidas pelos 03 setores da
atividade econômica.

P = I + II + III + M

( Economia aberta) - o produto é resultado das atividades desenvolvidas pelos três setores mais as
importações

O produto se distribui da seguinte forma :

P=C+I

onde C = consumo - Despesas das famílias com bens e serviços

I = investimento - Despesas com equipamentos de capital, estoques e estrutura

O investimento se divide em IR (investimento de reposição) e IA (investimento de ampliação)

IR - depreciação que consiste em uma provisão a ser feita pelo empresário para que no final da
vida útil do bem, o mesmo possa ser reposto sem que haja uma descapitalização do empresário.

IA - consiste na ampliação dos bens de capital (máquinas, equipamentos, estradas, portos,


rodovias, hidrelétricas,etc)

b) Fluxo Nominal ou Monetário : É igual a renda. Renda é o somatório das remunerações


efetuadas aos fatores produtivos de nação.

Renda do Trabalho = Salários

Renda dos Recursos Naturais e Propriedades rurais = Aluguéis

Renda do Capital = Mercado financeiro = juros

Mercado de Capitais = dividendos

Empresas = lucros

Y=S+J+L+D+A

Y = Renda S = Salários J = Juros L = Lucros D= Dividendos A = Aluguéis

A renda se distribuição da seguinte forma:

Y=C+S

Y = Renda C= Consumo S = Poupança


20

-Poupança se constitui na parcela da renda não destinada ao consumo. É uma negação do


consumo. Poupança não é sinônimo de caderneta de poupança. Caderneta de poupança consiste
em uma aplicação financeira.

- Consumo , consiste na parcela da renda destinada a aquisição de bens e serviços que venham a
atender as necessidades humanas.

Pode-se dizer, portanto que num sistema econômico existem dois fluxos. O primeiro é o Fluxo
real, formado pelos bens e serviços produzidos no Sistema Econômico, que também recebe o
nome de produto. O segundo é o Fluxo nominal ou monetário, formado pelo pagamento que os
fatores de produção recebem durante o processo, também denominado renda.

O Fluxo Real, formado pelos bens e serviços produzidos, constitui a OFERTA da economia , ou
seja tudo aquilo que foi produzido e está a disposição dos consumidores.

O Fluxo Monetário, formado pelo total da remuneração dos fatores produtivos, é a


DEMANDA OU PROCURA da economia, ou seja, aquilo que as pessoas procuram para satisfazer
suas necessidades e desejos.

OFERTA e a DEMANDA são as duas funções mais importantes do sistema econômico. Essas
duas funções formam o MERCADO onde as pessoas que querem vender se encontram com as
pessoas que querem comprar..

O termo MERCADO, na Teoria Econômica, não significa apenas o lugar físico onde as
pessoas estão localizadas, como uma feira livre, por exemplo. Seu significado é mais amplo. O
termo MERCADO se refere a todas as compras e vendas realizadas no Sistema Econômico. Em
resumo, o MERCADO é a essência do Sistema Econômico , onde as necessidades são satisfeitas
através da venda e da compra de mercadorias e serviços.

Ex.: Diagrama do fluxo circular da renda

Numa versão simplificada do funcionamento de uma economia de mercado, há de se


distinguir dois agentes econômicos fundamentais: as unidades produtivas ou empresas e as
unidades consumidoras ou famílias.

FLUXO REAL = Produto

FLUXO MONETÁRIO OU NOMINAL = Renda


21

O Fluxo Circular da Atividade Econômica mostra, de forma simplificada, a maneira pela qual indivíduos e
empresas interagem na economia, cada qual buscando atingir objetivos diferentes: os indivíduos procurando
maximizar a satisfação de seus desejos e necessidades e as firmas procurando maximizar seus lucros. Os
indivíduos no papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços, tendo em vista o
atendimento de suas necessidades de consumo. Por outro lado, fornecem às empresas diversos fatores de
produção: Trabalho, Terra, Capital e Capacidade Empresarial. Como pagamento recebem salários, aluguéis,
juros e lucro e é com essa renda que compram os bens e serviços oferecidos pelas empresas. As empresas
produzem e/ou comercializam bens e serviços. A produção é realizada através da combinação dos fatores
produtivos adquiridos junto às famílias. As decisões das empresas são guiadas pelo objetivo de conseguir o
máximo lucro.

2.1.4 TIPOS DE SISTEMAS ECONÔMICOS


Os Sistemas Econômicos diferem de país para país, notadamente em suas considerações sociais e
políticas.

Um dos princípios econômicos é de que os mercados são normalmente um bom modo de organizar a
atividade econômica. No entanto, as economias de mercado só funcionam bem quando os recursos são
propriedade privada. Quando os recursos produtivos são de propriedade coletiva, as economias de mercado
já não funcionam tão bem. Por este motivo, a convicção de que os mercados são um bom modo de organizar
a sociedade está intimamente ligada à crença na propriedade privada. Esta concepção é chamada filosofia
política do capitalismo. Os críticos do capitalismo em geral são contra a propriedade privada. A propriedade
privada permite que a riqueza seja distribuída desigualmente. As pessoas com sorte, talento ou esperteza
obtém muitas vezes mais dos recursos da sociedade do que as que não o são. Muitos dos críticos do
capitalismo querem abolir a propriedade privada como meio de chegar a uma sociedade sem classes. Karl
Marx, criador filosófico do comunismo, queria que os recursos da sociedade fossem distribuídos " de cada um
de acordo com as suas capacidades, para cada um de acordo com as suas necessidades". Marx
argumentava que a propriedade coletiva de todos os recursos evitaria as grandes desigualdades do
capitalismo. No entanto, a propriedade coletiva tem os seus problemas. A história tem dado pouco apoio ao
ideal marxista de uma sociedade sem classes. Na prática os países comunistas não são tão igualitários como
Marx o desejaria. Eles apenas substituem as desigualdades da economia privada pelas do sistema político.
Numa economia comunista as pessoas enriquecem ganhando os favores dos politicamente poderosos. Além
disso abolir a propriedade privada tem um grande custo da eficiência econômica. As pessoas quando utilizam
os recursos coletivos não o fazem eficientemente. A tomada de decisão pelo governo pode em princípio
substituir a tomada de decisões privada, mas raramente funciona na prática. O planejamento central numa
economia moderna e complexa é difícil.

Economia de Mercado ou Capitalista :


Está baseado em um conjunto de regras, pelo qual se compram e vendem bens e serviços,
assim como os fatores produtivos ( Terra, Capital, Trabalho, Recursos Naturais, Capacidade
Empresarial ). O Sistema Econômico capitalista tem um sistema próprio de se regular, com um
Governo que pouco de envolve nas decisões econômicas ( Livre mercado - Conceito de Mão
Invisível de Adam Smith), tendo como características principais:

a. Os fatores de produção, dos bens de consumo e do dinheiro são de propriedade privada;

b. O controle da economia é realizado pelo sistema de preços (Lei da Oferta e da Procura);

c. O incentivo para produzir vem do desejo das empresas de obterem lucros;

d. A competição entre as empresas é importante e entre os proprietários dos recursos


também, apesar das presenças de oligopólios e monopólios nos mercados.
22

e. Papel limitado do Governo.


Oligopólios - Estrutura de mercado na qual apenas alguns poucos vendedores oferecem produtos similares ou idênticos. Poucas empresas detém o
mercado.

Monopólios - Empresa que é única vendedora de um produto sem substitutos próximos. Uma só empresa domina o mercado.

A Constituição Federal Brasileira no art. 170 (anexo ) diz que os recursos produtivos no Brasil são de
propriedade privada.

Economia Centralizada ou Socialista:


Esta denominação é dada as economias socialistas, por oposição à descentralização que
caracteriza as economias capitalistas ou de mercado. Distingue-se pela propriedade estatal dos
meios de produção e pela planificação centralizada da economia nacional. O Estado por meio de
órgãos especializados, administra a produção em geral, determinando seus meios, objetivos e
prazos de concretização; organiza os processos e métodos de emprego dos fatores de produção;
controla de forma rígida os custos e preços de produtos; controla ainda os mecanismos da
distribuição e dimensiona o consumo.

A primeira manifestação desta corrente foi publicada em 1516 : UTOPIA, de Thomas Morus,
que trata das más condições econômicas e sociais observadas na Inglaterra, ele atacou a
instituição da propriedade privada, o desemprego e o desperdício, propondo uma nova forma de
estruturar a economia e a sociedade, fundamentada no solidarismo igualitarista : todos
trabalhariam para o bem da sociedade, não haveria riqueza supérflua ou pobreza. Em 1848 :
Manifesto Comunista, publicado por Karl Marx e Friedrich Engels e em 1867 através da publicação
de O Capital. Para Marx o socialismo antes de ser a concepção de uma forma ideal de
organização da vida em sociedade, deveria ser visto como uma tendência inevitável da história,
uma espécie de ruptura pelas contradições do processo privado de acumulação de riqueza, onde
as economias de mercado caminhariam pela sua própria destruição.

R Heilbroner explica de forma simples as conclusões de Marx:

" Ao substituir homens por máquinas, o empreendedor privado mata pouco a pouco a sua galinha de
ovos de ouro. E, não obstante, tem de matá-la, pois apenas obedece aos seus impulsos de acumular mais e
mais e de tentar se manter à frente de seus concorrentes. Quando os salários aumentam, ele introduz a
máquina para reduzir custos e manter a sua margem de lucro. É uma espécie de drama grego, no qual os
homens seguem para um determinado destino, mas atuando involuntariamente para a sua própria destruição.
A sorte, porém, está lançada e não há como impedir o resultado final. Como todos os empreendedores
privados estão fazendo a mesma coisa, a relação entre remuneração do trabalho e a produção diminui
constantemente, até que comecem a diminuir os lucros. Estes caem mais e mais, pois o consumo do que é
produzido diminui à medida que as máquinas desempregam o fator trabalho e o número dos trabalhadores
remanescentes não consegue consumir toda a produção. O futuro é sombrio. Ocorrem falências.
Desaparecem empresas. Até que , certo dia, termina o drama. O resultado final, traçado pelo próprio Marx,
tem a eloqüencia do dia da condenação: com a centralização dos meios de produção e a socialização do
trabalho, finalmente rompem-se os revestimentos do sistema. Os sinos dobram pela liberdade de iniciativa e
pela propriedade privada."

Na URSS, a estrutura do Modelo de planejamento Central foi definida desde 1917, com a
criação do Vesenkha, Conselho Supremo de Economia Nacional, até 1928, esse conselho definiu
as bases do processo de coletivização. De 1921-1927 , no comando de Vladimir Lenin, definiu-se
uma nova política econômica, descentralizando as decisões econômicas e admitindo no meio rural
propriedades não coletivas , ocorrendo um passo para trás para o comunismo . O retorno ao
sistema de comando central ocorreu a partir de 1927/1928, no início da era de J.Stalin.
23

Economia Social de Mercado ou Mista : é uma forma de economia que combina dois ou mais
modelos econômicos distintos. Nos anos 1990 dois padrões diferentes de modelos mistos se
consolidaram, o da chamada "terceira via" liberal, que se propôs a criar um modelo misto entre o
capitalismo orientado do "welfare state" (estado de bem-estar social) e uma reinterpretação do
liberalismo clássico, voltado apenas para o plano econômico. Este modelo foi popularizado como
"neoliberalismo". O outro modelo de economia híbrida consolidado no mesmo período é o chinês,
na época chamado de socialismo de mercado, que compõe características tanto de regulação do
mercado típicos do capitalismo politicamente orientado quanto da economia planificada que vinha
sendo modificada desde os anos 1960, já como um modelo distinto daquele de planificação
adotado na ex-União Soviética.

O modelo de classificação abstrato, neste caso, parte da avaliação da presença de características


teoricamente típicas de um modelo ou do outro: características de capitalismo de mercado (livre
comércio, livre mercado, desregulamentação de preços e salários, propriedade privada dos meios
de produção) ou de planejamento econômico centralizado (planejamento econômico, planejamento
da produção, preços e salários, regulação da economia, propriedade estatal dos meios de
produção).

Geralmente os sistemas mistos pretendem encontrar um equilíbrio entre as características


positivas de um modelo e de outro. Por exemplo, a "economia mista" produzida pelo "welfare state"
pretende manter um balanço entre o crescimento econômico, baixa inflação, níveis de desemprego
reduzido, boas condições de trabalho, assistência social e bons serviços públicos, através da
intervenção do Estado na economia.

A maioria dos países do mundo, incluindo países com regimes políticos considerados
democráticos, como na Europa ou nos EUA, têm uma economia mista. No caso dos países
capitalistas desenvolvidos nota-se com maior clareza a ocorrência de longos períodos de
economia mais liberal ou de desregulamentação pró-mercado (do início do século XX até 1929 e
dos anos 1980 aos 2000) e outros períodos de maior regulação ou intervenção do Estado na
economia (entre 1930 e a II Guerra Mundial, e até os anos 1960, ou atualmente, após a crise
econômica de 2007-2008).

2.2 Classificação dos Bens e Serviços


De modo geral, pode-se dizer que bem é tudo aquilo que permite satisfazer uma ou várias
necessidades humanas. Os bens são classificados em:

Quanto à raridade em Bens Livres e Bens Econômicos.

1.Bens livres: Na condição limite, todos os bens seriam livres: a disponibilidade ilimitada de
recursos seria de tal ordem que a obtenção de quaisquer bens não seria onerosa. Mas, na
realidade, , até mesmo o ar que respiramos vai, pouco a pouco, se transformando em bem
econômico. O emprego de recursos para a despoluição do ar ou para evitar que poluição ocorra
está transformando o ar num bem econômico como outro qualquer: um bem cuja existência exige o
emprego de recursos.

2.Bens Econômicos são relativamente escassos e supõem a ocorrência de esforço humano na


sua obtenção. Tais bens apresentam como característica básica o fato de terem um preço.

Quanto à natureza, os Bens Econômicos são classificados em dois grupos: Bens Imateriais ou
Serviços e Bens Materiais

2.1)Bens Imateriais ou Serviços : é denominação usual de produtos intangíveis, resultantes da


atividades terciárias de produção.
24

2.2)Bens materiais : é a denominação usual dos produtos tangíveis, resultantes de atividades


primárias e secundárias da produção. É a denominação genérica dos produtos que provém das
atividades agropecuárias e das diferentes categorias de atividades industriais, de transformação ou
de construção.

Quanto ao destino, os Bens Materiais classificam-se em Bens de Consumo e Bens de Capital.

2.2.1)Bens de Consumo são aqueles diretamente utilizados para a satisfação das necessidades
humanas. Podem ser de uso não-durável ou seja. que desaparecem uma vez utilizados (alimentos,
cigarros, gasolina etc.) ou de uso duráveis que tem como característica o fato de que podem ser
usados por muito tempo(móveis,eletrodomésticos,etc).

2.2.2)Os Bens de Capital (ou Bens de Produção), por sua vez, são aqueles que permitem
produzir outros bens. São exemplos de Bens de Capital as máquinas, computadores,
equipamentos, instalações, edifícios etc.

Tanto os Bens de Consumo quanto os Bens de Capital são classificados como Bens Finais, uma
vez que já passaram por todos processos de transformação possíveis, significando que estão
acabados.

Além dos Bens Finais existem ainda os Bens Intermediários, que são aqueles que ainda
precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. Eles são produtos utilizados no
processo de produção de outros produtos. A título de exemplo podemos citar o fertilizante usado
na produção de arroz, milho, etc, ou o aço, o vidro e a borracha usados na produção de carros.

Os bens ainda podem ser classificados ainda em Bens Privados e Bens Públicos.

Os Bens Privados são os produzidos e possuídos privadamente. Como exemplo termos os


automóveis, aparelhos de televisão etc.

Os Bens Públicos referem-se ao conjunto de bens gerais fornecidos pelo setor público: defesa
nacional, educação e pesquisa,programas de combate a pobreza, segurança, transporte, etc.

2.3 Agentes Econômicos


Agentes econômicos são pessoas de natureza física ou jurídica que, através das suas
ações, contribuem para o funcionamento do sistema econômico. São eles: as Famílias (ou
unidades familiares); as Empresas (ou unidades produtivas) e Governo.

Famílias--As Famílias incluem todos os indivíduos e unidades familiares da economia o que, no


papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos do bens o serviços objetivando o
atendimento do suas necessidades do consumo. Por outro lado, as famílias, na qualidade do
"proprietárias" dos recursos produtivos, fornecem às empresas os diversos fatores da produção:
Trabalho, Terra, Capital e Capacidade Empresarial.

Empresas-As Empresas são unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar bens e


serviços. A produção é realizada através da combinação dos fatores produtivos adquiridos juntos
às famílias.

Governo -Governo, por sua vez, inclui todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão
sob o controle do Estado, nas suas esferas federais, estaduais e municipais. Muitas vezes o
governo intervém no sistema econômico atuando como empresário e produzindo bens e serviços
através de suas empresas estatais.

Mercado -Entendemos por mercado um local ou contexto em que compradores (o lado da procura)
e vendedores (o lado da oferta) de bens, serviços ou recursos estabelecem contato e realizam
transações..
25

Para fins de análise econômica o conceito de mercado não implica, necessariamente, na


existência de um lugar geográfico em que as transações se realizem.

2.4 CUSTO DE OPORTUNIDADE


O custo de oportunidade é um termo usado na economia para indicar o custo de algo em termos
de uma oportunidade renunciada, ou seja, o custo, até mesmo social, causado pela renúncia do
ente econômico, bem como os benefícios que poderiam ser obtidos a partir desta oportunidade
renunciada ou, ainda, a mais alta renda gerada em alguma aplicação alternativa.

O custo de alguma coisa é do que você desiste para obtê-la.A tomada de decisão exige a comparação dos
custos e benefícios dos vários cursos de ação. Em muitos casos, contudo, o custo de alguma ação não é tão óbvio como
poderia parecer à primeira vista.

O custo de oportunidade é o valor mais alto renunciado da alternativa abandonada. É qualquer coisa que se
tenha de abrir mão para obter outro.

Quando um bem é escasso, a opção de usá-lo de um modo significa desistir de usá-lo de outro. O valor de uso
da qual as pessoas desistem é o custo de oportunidade dessa escolha, também definido como o valor da opção
abandonada.

Na vida somos forçados a escolher continuamente. Quando optamos por algo, temos de renunciar a outras
coisas. Como os recursos disponíveis são escassos, somente se pode satisfazer uma necessidade se deixamos de
satisfazer outra. Não há recursos materiais suficientes, trabalho e nem capital para produzir tudo o que as pessoas
desejam. Por isso é necessário escolher entre as diferentes opções que se apresentam. Esse problema é enfrentado
pelos governos, famílias e empresas.

• Ex.1 Os governos devem decidir entre construir mais colégios ou comprar mais helicópteros para a polícia.

• Ex.2 As famílias devem escolher entre comprar brinquedos para seus filhos ou gastar seus recursos com uma
nova lavadora.

• Ex. 3 As fábricas de brinquedos devem decidir entre gastar mais recursos em publicidade ou investir para
renovar as máquinas da fábrica.

• Ex.:4 Supondo que os fatores (de produção) utilizados para se extrair uma tonelada de ferro poderiam ser
empregados para cultivar dez alqueires de milho. O custo de oportunidade de uma tonelada de ferro é, pois, os
dez alqueires de milho que poderiam ser produzidos. Ao extrair o ferro, perde-se a oportunidade de obter
milho.

Quando decidem gastar ou produzir, os governos, empresas ou famílias estão renunciando a outras
possibilidades. A opção que se deve abandonar para poder produzir ou obter outra coisa, se associa. Em
economia, ao conceito de custo de oportunidade.
26

Perguntas:
1. Identifique os 3 setores da Economia e apresente as características básicas de cada um deles:

2. Qual o custo de oportunidade de assistir a uma sessão de cinema?

3- O que faz a "mão invisível" do mercado? Exemplifique

4. Qual é o significado do termo MERCADO, na teoria econômica?

5. Conceitue custo de oportunidade

6. Cite e explique os 05 fatores de produção.

7. Explique como funciona o fluxo circulação da renda e porque é tão importante para a saúde econômica.

8. O que significa a circulação no sistema econômico?

9. Qual o papel da circulação no sistema econômico e qual a sua importância?

10. O que é poupança?

11. O que é investimento?


27

TEORIA MICROECONÔMICA
É o ramo da Ciência Econômica voltada ao estudo do comportamento das unidades de consumo
representadas pelos indivíduos e/ou famílias, do estudo das empresas, suas respectivas
produções e custos e ao estudo da geração de preços dos diversos bens, serviços e fatores
2
produtivos. Trata-se de uma análise parcial e estática do mercado.

Analisa como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o melhor preço e a quantidade
de um determinado bem ou serviço em mercados específicos, portanto o funcionamento da oferta
e demanda na formação de preços.

Preço
O preço de um bem que interessa é o seu preço relativo: seu preço relativo ao preço de outros
bens. O preço relativo do bem A nos diz quanto do bem B tem que ser dado para se obter uma
unidade do bem A.
Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços de um bem
em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias.

Exemplo: se o preço do guaraná cair em 10%, tudo o mais permanecendo constante (condição
coeteris paribus), deve-se esperar um aumento na quantidade demandada de guaraná, e uma
queda na demanda dos demais refrigerantes, que tiveram seus preços inalterados. Embora não
tenha havido alteração no preço absoluto dos demais refrigerantes no mercado, seu preço relativo
aumentou quando comparado ao do guaraná (que teve redução de preço).

Exemplo:
Problema – Se o preço de um aparelho de televisão é R$.200,00 e o de um computador é
R$.2000,00, qual é o preço relativo da televisão? E do computador?
Solução – Divida o preço do bem em questão pelo preço do bem que se desiste. O preço relativo
da televisão é um décimo do preço do computador, e o preço relativo do computador é dez
televisores.

Teoria Elementar do Funcionamento do Mercado

DEMANDA
Os fundamentos da análise da demanda ou procura estão alicerçados no conceito subjetivo de
utilidade. A utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores atribuem aos bens e
serviços que podem adquirir no mercado. Ou seja, a utilidade é a qualidade que os bens
econômicos possuem de satisfazer as necessidades humanas. Como está baseada em aspectos
psicológicos ou preferências, a utilidade difere de consumidor para consumidor (uns preferem
uísque, outros cerveja etc.).

A Teoria do Valor- Utilidade contrapõe-se à chamada Teoria do Valor-Trabalho, desenvolvida


pelos economistas clássicos (Malthus, Smith, Ricardo, Marx). A Teoria do Valor-Utilidade
pressupõe que o valor de um bem se forma pela sua demanda, isto é, pela satisfação que o bem
representa para o consumidor. Ela é portanto subjetiva, e considera que o valor nasce da relação
do homem com os objetos. Representa a chamada visão utilitarista, onde prepondera a soberania
do consumidor, pilar do capitalismo.

A Teoria do Valor-Trabalho considera que o valor de um bem se forma do lado da oferta


através dos custos do trabalho incorporados ao bem. Os custos de produção eram
representados basicamente pelo fator mão-de-obra, em que a terra era praticamente
gratuita(abundante) e o capital pouco significativo. Pela Teoria do Valor-Trabalho, o valor do bem

2
Manual de Economia, Equipe de professores da USP. 3ªed. São Paulo, 2002.
28

surge da relação social entre homens, dependendo do tempo produtivo que eles incorporam ao
bem. Nesse sentido, a Teoria do Valor-Trabalho é objetiva (depende de custos).

Pode-se dizer que a Teoria do Valor-Utilidade veio complementar a Teoria do Valor-Trabalho,


pois não era mais possível predizer o comportamento dos preços dos bens apenas com base nos
custos da mão-de-obra (ou mesmo custos em geral) sem considerar o lado da demanda (padrão
de gostos, hábitos, renda etc.).

Ademais, a Teoria do Valor-Utilidade permitiu distinguir o valor de uso do valor de troca de um


bem. O valor de uso é a utilidade que ele representa para o consumidor. Valor de troca se forma
pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do bem.

A Teoria da Demanda, baseia-se na Teoria do Valor-Utilidade.

Utilidade Total e Utilidade Marginal


Ao final do século passado, alguns economistas elaboraram o conceito de utilidade marginal e
dele derivaram a curva da demanda e suas propriedades. Tem-se que a utilidade total tende a
aumentar quanto maior a quantidade consumida do bem ou serviço. Entretanto, a utilidade
marginal, que é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo consumo de mais uma unidade do
bem, é decrescente, porque o consumidor vai perdendo a capacidade de percepção da utilidade
por ele proporcionada, chegando à saturação.
O chamado paradoxo da água e do diamante ilustra a importância do conceito de utilidade
marginal. Por que a água, mais necessária, é tão barata, e o diamante, supérfluo, tem preço tão
elevado? Ocorre que a água tem grande utilidade total, mas baixa utilidade marginal (é
abundante), enquanto o diamante, por ser escasso, tem grande utilidade marginal e total.
Resumo
Utilidade: qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer as necessidades humanas.
Teoria do valor-utilidade: pressupõe que o valor de um bem se forma pela sua demanda, isto é,
pela satisfação que o bem representa para o consumidor. Como os consumidores têm gostos
variados e diferentes, ela é portanto subjetiva, representa a chamada visão utilitarista, onde
prepondera a soberania do consumidor, pilar do capitalismo.
Teoria do valor-trabalho: considera que o valor de um bem se forma do lado da oferta através
dos custos de trabalho incorporados ao bem. Neste sentido, esta teoria é considerada objetiva
(depende de custos).

Demanda Individual (segundo Passos e Nogami, Princípios de Economia)


A demanda (ou procura) de um indivíduo por um determinado bem ( ou serviço) refere-se à
quantidade desse bem que ele deseja e está capacitado a comprar, por unidade de tempo. Assim
podemos destacar:
1. A demanda é uma aspiração, um desejo, e não a realização do desejo. A demanda é um
desejo de comprar (um bem ou serviço). A realização do desejo se dá pela compra do bem
desejado. Logo, não se pode confundir demanda ( ou procura) com compra.

2. Para que haja demanda por um bem (ou serviço) é preciso que o indivíduo esteja
capacitado a pagar por esse bem. Ou seja, é necessário que ele possua renda que lhe
permita participar deste mercado. Na realidade, nem todo desejo do consumidor se
manifesta no mercado sob a forma de demanda. O desejo de um consumidor comprar um
bem somente influirá no preço desse mercado desse bem se tal desejo puder ser traduzido
em uma demanda monetária para o bem em questão. Em Economia, demanda significada
desejo apoiado por dinheiro suficiente para comprar o bem desejado.

Ex.: Embora muitas pessoas desejem comprar um carro importado, poucos possuem
recursos suficientes para comprar esse carro. Assim, somente a demanda daqueles que
têm dinheiro suficiente para comprá-los pode afetar o preço dos carros importados.
29

3. A demanda é um fluxo por unidade de tempo, ou seja, devemos expressar a procura por
uma determinada quantidade em um determinado período de tempo.

Ex.: Não podemos dizer João deseja adquirir 20 litros de leite, porque não especificamos a
unidade de tempo em que João deseja comprar o leite ( dia, semana, mês, ano, etc.). Para
que a informação esteja correta, é preciso que se diga que João deseja adquirir 20 litros de
leite por mês ( ou outra unidade de tempo) sendo esta, então, a sua procura de leite.

Elementos que podem influenciar a Demanda do Consumidor


Dentre os diversos fatores que influenciam a demanda, os economistas destacam os seguintes:
• O Preço do Bem

• A Renda, ou o Salário do Consumidor

• O Gosto e Preferência do Consumidor

• O Preço dos bens relacionados

• Expectativas sobre Preços, Rendas ou Disponibilidade

É claro que existem outros fatores como: condições de crédito, localização do consumidor, etc.
1. A Demanda e o Preço do Bem: A quantidade demandada de um bem é influenciada por
seu preço. Normalmente é de se esperar que quanto maior for o preço do bem, menor
deverá ser a quantidade que o consumidor desejará adquirir desse bem; ou quanto menor
for o preço, maior será a quantidade que o consumidor desejará adquirir desse bem.

2. A Demanda e a Renda do Consumidor: Em regra geral, ou seja, para os bens normais


(alimentos, roupas, eletrônicos, eletrodomésticos,etc.) é de se esperar que quanto maior
for a renda do consumidor maior será a quantidade de bens demandada.

Existem, entretanto, duas exceções a esse padrão geral. É o caso dos “Bens Inferiores” e
“Bens de Consumo Saciado”.
Os bens inferiores são aqueles cuja demanda varia inversamente às variações ocorridas
na renda do consumidor, “DENTRO DE UMA CERTA FAIXA DE RENDA”. Isso significa
que a demanda desse tipo de produto diminui quando a renda do consumidor aumenta, e
aumenta quando a renda do consumidor sofre uma redução. Ex.: Carne de segunda,
roupas usadas, batata, etc.; bens adquiridos por famílias com renda mais baixa.Assim
conforme a renda se eleva, ele passa a ter condições de adquirir produtos de maior
qualidade.
Os bens de consumo saciado, são aqueles em relação aos quais o desejo do
consumidor está totalmente satisfeito após um determinado nível de renda.Aumentos na
renda do consumidor para além desse nível não provocarão nenhum aumento nas
demandas desses bens.
3. A Demanda e o Gosto e Preferência do Consumidor: a demanda de um determinado
bem ( ou serviço) depende de hábitos e preferências do consumidor. Estes, por sua vez,
dependem de uma série de circunstâncias tais como idade, sexo, tradições culturais,
religião e até educação. Mudanças nesses hábitos e preferências podem provocar
mudanças na demanda desse bem.

4. A Demanda e o Preço dos Bens Relacionados: a demanda de um produto pode ser


afetada pela variação no preço de outros bens. Isso ocorre em relação aos denominados
Bens Complementares e Bens Substitutos.
30

Os bens complementares são aqueles que tendem a aumentar a satisfação do


consumidor quando utilizados em conjunto. Nesse caso, a elevação no preço de um deles
produz uma redução na demanda de outro, e uma diminuição no preço de um conduz a um
aumento na demanda de outro. Ex.: pão e manteiga, um aumento no preço do pão tende a
reduzir a demanda da manteiga.
Os bens substitutos (ou concorrentes) são aqueles cujo consumo de um pode substituir o
consumo de outro. A elevação no preço de um bem produzirá aumento na demanda do
outro (ou vice-versa). Ex.: Manteiga e margarina, carne de frango e carne de boi,etc.
5. A Demanda e as Expectativas sobre Preços, Rendas ou Disponibilidade : as
expectativas que as pessoas possuem em relação ao futuro de seus rendimentos e em
relação ao comportamento dos preços também exercem papel fundamental na demanda
por bens e serviços. Assim, se um consumidor acredita que, no futuro, terá um aumento
substancial em seus rendimentos, poderá estar disposto a gastar mais hoje do que uma
pessoa que acredita que virá a ter um rendimento bem menor no futuro. Da mesma forma,
se o consumidor acredita que os preços irão aumentar no futuro próximo, pode aumentar a
demanda corrente de bens estocáveis, prevenindo-se, assim, de eventuais aumentos de
preços. Aumentos nas demandas correntes por determinados bens e serviços também
poderão ocorrer caso as pessoas acreditem que esses bens e serviços irão escassear no
futuro ( ou seja, que haverá menor disponibilidade desses bens no futuro).

Coeteris Paribus
Como observamos, os elementos determinantes da demanda podem variar
simultaneamente, ficando difícil avaliar o efeito que cada um deles, separadamente, exerce sobre a
demanda. Para tentar contornar esse problema vamos nos valer da imposição da condição
Coeteris Paribus, é uma expressão latina que significa tudo o mais permanecendo constante.
Permitimos, por exemplo, que o preço de um produto se modifique, fazendo a suposição de que a
renda, os preços dos bens relacionados, os gostos e preferências e as expectativas permaneçam
inalteradas ( isso não significa que esses fatores não existam, mas tão-somente que o seu valor
permanece inalterado durante a análise). Assim, conseguimos identificar somente o efeito das
mudanças de preço provocam nas quantidades demandadas do produto em análise. Da mesma
forma, se quisermos saber de que maneira mudanças na renda afetam a demanda de um bem,
fazemos a suposição que as demais variáveis não se alteram, e usamos a expressão Coeteris
Paribus para representá-la.

Lei Geral da Demanda

A quantidade demandada de um determinado bem é inversamente proporcional ao seu preço, tudo


o mais permanecendo constante (coeteris paribus). O que quer dizer que: quanto mais se elevam
os preços de um produto qualquer, menores serão as quantidades desejadas a serem adquiridas e
vice-versa (Preço Alto – Demanda Baixa).
↑P ↓Qd ↓P ↑Qd
P: Preço
Qd: Quantidade demandada
↑: Aumenta
↓: Diminui
Representação da relação quantidade demanda/preço:

1)Escala de demanda

Alternativa de Preço ($) Quantidade demandada


10,00 200
20,00 100
30,00 50
31

2) Função da Demanda
Qd = f (P)

Qd = quantidade demandada de um determinado bem ou serviço, num dado período de


tempo

P = preço do bem ou serviço


A expressão significa que a quantidade demandada, Qd, é uma função f do preço P, isto é,
depende do preço P.
A curva de demanda é negativamente inclinada devido a relação inversa entre preço e
quantidade demanda, que resultam em dois efeitos: efeito substituição e efeito renda.

Efeito substituição: se o preço de um bem aumentar, enquanto os preços dos outros bens
permanecem os mesmos, o consumidor procurará substituir o consumo desse bem, passando a
consumir um bem similar.
Ex.: Se o preço da pêra subir, o consumidor substituirá o consumo da pêra pelo consumo de
maçãs.
Efeito renda: supondo que a renda do consumidor, em termos nominais, permaneça a mesma. Se
o preço de um bem diminuir, a renda do consumidor se elevará em termos reais, tornando o
consumidor mais rico, fazendo com que ele possa aumentar o consumo desse bem.
Ex.: Se o preço da pêra diminuir, ele poderá comprar mais unidades com a mesma quantidade de
dinheiro.

RESUMO

Teoria da Utilidade : A utilidade total de um bem ou de um serviço é a sua capacidade de


satisfazer as necessidades das pessoas. Assim, a utilidade da água é saciar a sede, a utilidade de
um automóvel é a sua capacidade de transportar pessoas, etc. Podemos dizer, então, que um
consumidor, agindo racionalmente, procurará obter a maior utilidade possível a partir da sua renda,
que recebe o nome de orçamento. Para obter essa utilidade, sua renda será usada na aquisição
de bens e serviços, que chamaremos de cesta de mercadorias. A utilidade marginal é o
acréscimo à utilidade total decorrente de uma unidade adicional de determinada mercadoria (Ex.:
outro carro, outra casa,outra TV,etc)

ELASTICIDADE

A elasticidade é um conceito que mede a reação do consumidor às variações de


preços em termos percentuais.

O valor da elasticidade é um critério interessante para se determinar o grau de


essencialidade dos bens. É de se esperar que um bem cujo consumo seja essencial à
subsistência das pessoas tenha uma demanda inelástica, isto é, menor do que 1,
significando que as pessoas não reduzem consideravelmente o consumo desses bens,
mesmo com aumento dos preços. Ex: SAL, REMÉDIOS,alguns tipos de alimentos, etc.

Por outro lado, um cuja demanda é elástica significa que as pessoas estão reduzindo
seu consumo numa proporção maior do que o aumento de preços, podendo se
considerar que esse bem é supérfluo, ou, então, que há substitutos próximos no mercado.

É interessante observar, também, que se os gastos feitos com um bem representam bem
pouco no orçamento dos consumidores, esse bem tem uma demanda inelástica. O melhor
32

exemplo disso ainda é o sal, que custa tão pouco que as pessoas não alterarão o consumo
desse bem mesmo que seu preço aumente consideravelmente.

Finalmente, observamos que o conhecimento da elasticidade - preço da demanda de


um bem é fundamental para o empresário que o produz, pois tal conhecimento lhe
dará os reflexos das variações de preço sobre a demanda pelo seu produto.

Bens Complementares e Bens Substitutos

O conceito de elasticidade, que expressa a reação dos consumidores à variação no


preço dos bens, pode ser utilizado para verificar a existência de relações de
complementariedade e de substitutibilidade entre os bens.

COMPLEMENTARES : Dois ou mais bens são considerados complementares, do ponto


de vista do consumidor, quando precisam ser consumidos juntos para que a satisfação do
consumidor seja máxima.

Ex.: pão e manteiga ; arroz e feijão ; chocolate em pó com leite; etc . Estes bens são
considerados complementares , não pela natureza do bem, mas sim por hábitos de uma
região ou país, assim em outras regiões ou países eles podem não ser considerados
complementares.

SUBSTITUTOS: São aqueles que do ponto de vista do consumidor, podem ser trocados no
momento do consumo, proporcionando igual satisfação ou satisfação semelhante.

Ex.: Manteiga e margarina ; café e chá ; carne de gado de carne de frango ;

RESUMO:

Bens complementares: são aqueles que precisam ser consumidos juntos para
gerar satisfação máxima para as pessoas.

Bens substitutos: são aqueles que podem ser substituídos no consumo, gerando
satisfação igual ou semelhante para o consumidor.

TEORIA DA PRODUÇÃO

A Teoria da Produção preocupa-se com o lado da oferta do mercado, ou seja, com os


produtores, que vão oferecer aos consumidores os bens e serviços por eles produzidos.

A OFERTA

Oferta Individual (segundo Passos e Nogami, Princípios de Economia)


33

A oferta individual de um determinado bem ou serviço é a quantidade desse bem que um único
produtor deseja vender no mercado, por unidade de tempo. Temos que destacar 02 elementos
nessa definição:

1) A oferta é uma aspiração, um desejo e não a realização do desejo. A oferta é um


desejo de vender (um bem ou serviço). A realização do desejo se dá pela venda do
bem. Não podemos confundir oferta com venda.

2) A oferta, da mesma forma que a demanda, é um fluxo por unidade de tempo, ou seja,
devemos expressar a oferta de uma mercadoria como sendo uma determinada
quantidade em um período de tempo. Portanto se dissermos que um produtor deseja
oferecer 50 kg de açúcar, temos que especificar o período de tempo para caracterizar
a oferta deste produtor.

Elementos que determinam a oferta

• O preço do bem

• O preço dos fatores de produção

• O Preço dos outros bens

• Expectativas

• Condições climáticas (no caso de produtos agrícolas)

A oferta e o preço do bem: normalmente podemos esperar a existência de uma relação direta entre
a quantidade ofertada e o preço, ou seja, quanto maior o preço de um bem, maior será a
quantidade ofertada no mercado. Da mesma forma, quanto menor o preço do bem, menor será a
quantidade ofertada. Na análise do comportamento do ofertante deve ser sempre relacionados o
custo de produção/distribuição e a receita total a se obter. Se o preço de venda alcançado pelo
produto no mercado não for suficiente para cobrir o custo de produção, não haverá estímulo para
se oferecer a mercadoria. Essa relação entre quantidade e preço deverá apresentar, portanto, um
limite mínimo dado pelo custo de produção; deverá também apresentar um limite máximo, dado
pelo pleno emprego dos fatores de produção, quando então a quantidade ofertada se tornará
constante, independente dos aumentos de preços que venham a ocorrer.

A oferta e o preço dos fatores de produção: a quantidade de um bem que um produtor individual
deseja oferecer no mercado depende do preço dos fatores de produção. De fato, os preços pagos
pela utilização dos fatores de produção determinam o custo de produção. Reduções nos preços
desses fatores (redução nos encargos sociais, no preço das matérias-primas, nas despesas de
capital, avanços tecnológicos,etc.) reduzem os custos, tornando a produção mais lucrativa. O
aumento no lucro estimula a empresa a aumentar a produção e a oferta de seu produto no
mercado. Da mesma maneira, aumento nos preços dos fatores de produção diminuem os lucros,
desestimulando a produção e diminuindo a oferta.

A oferta e o preço dos outros bens: a oferta de um produto poderá ser afetada pela variação nos
preços dos bens substitutos ou dos bens complementares na produção. No caso dos bens
substitutos na produção, podemos considerar aqueles bens que são produzidos com
aproximadamente os mesmos recursos, como por exemplo, o milho e a soja. Se ocorrer um
aumento no preço da soja, tornando esta cultura mais lucrativa que a cultura do milho, o agricultor
planta milho poderá se interessar na cultura da soja. Se isso ocorrer, teremos aumento na área
cultivada de soja e diminuição na área cultivada de milho. Devemos observar que a redução na
oferta de milho se dá em função do aumento no preço da soja. Os bens complementares na
produção, são aqueles que apresentam alteração na produção em virtude da variação de preço de
outro bem. Esse é o caso da carne e do couro. Ex.: um aumento no preço da carne poderá
34

provocar um aumento no abate e, como conseqüência, um aumento na oferta de couro. Uma


diminuição no preço da carne deverá provocar uma diminuição na oferta de couro.

A oferta e as expectativas: o produtor, na sua decisão de produção atual, também leva em


consideração as alterações esperadas de preços. Ex.: Um criador de gado acredita que haverá um
aumento no preço da carne no futuro, é provável que retenha o fornecimento atual de gado para o
abate, a fim de aproveitar preços mais altos posteriormente. Isso provoca uma diminuição na
oferta atual de carne.

A oferta e as condições climáticas: especialmente produtos agrícolas, as condições climáticas


exercem grande influência na oferta. Ex.: uma fazenda que produz café poderá sofrer uma grande
redução na produção caso ocorra uma geada. Se isso acontecer a oferta por parte desse produtor
diminuirá.

Coeteris Paribus

Como observamos, os elementos determinantes da oferta podem variar simultaneamente, ficando


difícil avaliar o efeito que cada um deles, separadamente, exerce sobre a oferta. Para tentar
contornar esse problema vamos nos valer da imposição da condição Coeteris Paribus, é uma
expressão latina que significa tudo o mais permanecendo constante. Permitimos, por exemplo, que
o preço de um produto se modifique, fazendo a suposição de que o preços dos fatores de
produção, o preço dos outros bens, as expectativas e as condições climáticas permaneçam
inalteradas ( isso não significa que esses fatores não existam, mas tão-somente que o seu valor
permanece inalterado durante a análise). Assim, conseguimos identificar somente o efeito das
mudanças de preço provocam nas quantidades ofertadas do produto em análise. Dizemos então
que a quantidade ofertada depende do seu preço, Coeteris Paribus.

Lei Geral da Oferta

“ A oferta de um produto ou serviço qualquer, em determinado período de tempo, varia na razão


direta da variação de preços desse produto ou serviço, a partir de um nível de preços tal que seja
suficiente para fazer face ao custo de produção do mesmo até o limite superior do pleno emprego
dos fatores de produção, quando se tornará constante, ainda que os preços em referência possam
continuar oscilando, mantidas constantes as demais condições”.

Segundo essa lei, quando o P↑ Qo ↑ e quando o P↓ Qo↓.

O EQUILÍBRIO

Juntando os dois lados do mercado, o da oferta e o da demanda, veremos de que maneira o preço
e a quantidade de equilíbrio são determinados. A análise está voltada aos mercados do tipo
competitivo, que são aqueles que existem muitos compradores e vendedores, de forma que
nenhum deles, agindo individualmente, consegue exercer influência significativa sobre os preços e
quantidades praticadas no mercado. Existirá equilíbrio estável em um mercado de concorrência
perfeita quando o preço corrente de mercado tende a ser mantido, se as condições de oferta e
demanda permanecerem inalteradas.

Ex. DEMANDA E OFERTA DE TRIGO


Preço (em Quantidade Quantidade Tendência à
Estado do
centavos demandada ofertada (em mudança no
Mercado
por saca) (em sacas por sacas por preço
35

mês) mês)
Excesso de 70
90 45 115 Diminui
unidades
Excesso de 35
85 65 100 Diminui
unidades
Permanece o
80 85 85 EQUILÍBRIO
mesmo
Falta de 35
75 105 70 Aumenta
unidades
Falta de 70
70 125 55 Aumenta
unidades

• A qualquer preço mais alto que o preço de equilíbrio(0,80), haverá um excesso. Os


vendedores desejarão oferecer mais bens que os compradores desejam comprar. A 0,90 o
excesso é de 70 unidades ( 70=115-45). O mercado não está em equilíbrio porque os
vendedores que não conseguem vender tudo o que querem vão procurar novos
compradores baixando seus preços.
• A qualquer preço mais baixo que o preço de equilíbrio(0,80), haverá uma falta. Os
compradores desejarão comprar mais bens que os vendedores desejam vender. A 0,75 há
uma falta de 35 unidades ( 35=105-70). O mercado não está em equilíbrio porque os
compradores que não conseguem comprar tudo o que querem vão procurar induzir os
vendedores a oferecer mais, aceitando comprar por um preço mais alto.
• O preço de equilíbrio de mercado é 0,80. A quantidade demandada é igual a quantidade
ofertada (85). OS COMPRADORES ESTÃO DE FATO COMPRANDO O MÁXIMO QUE
QUERIAM À AQUELE PREÇO, E OS VENDEDORES ESTÃO VENDENDO O QUANTO
QUERIA À AQUELE PREÇO.Ninguém tem incentivo para modificar o preço.

Isso reflete a lei do preço único ; em qualquer mercado, todas as unidades tendem a ser
trocadas pelo mesmo preço. Os vendedores que tentarem cobrar mais caro perderão
negócios. Qualquer comprador que tentar comprar por menos não encontrará vendedores.
Portanto, todos compram e vendem ao preço de equilíbrio de mercado.

Obs: Pode existir pisos e tetos de preços no mercado

Pisos de preços: é uma restrição imposta pelo governo que proíbe o preço de cair abaixo
de certo valor. Se o piso de preço está abaixo do preço de equilíbrio de mercado, o piso
não tem efeito. Entretanto se o piso de preço está acima do preço de mercado, ele causará
excesso (pelo menos alguns vendedores não encontrarão compradores para tudo que
desejam vender).
Ex: Piso salarial

Tetos de preços: é uma restrição imposta pelo governo que proíbe um preço de
ultrapassar um certo valor máximo. Se o teto de preço está abaixo do preço de
equilíbrio,geram-se faltas de bens.
Ex.: Teto salarial de funcionalismo público.
36

O BRASIL,SUAS CLASSES SOCIAIS E A IMPLICAÇÃO NA ECONOMIA

Por Ludmar Rodrigues Coelho (01.03.2010)

O Brasil, segundo dados do IBGE, possuía no ano de 2009 uma população de 193.722.793
habitantes, sendo composta por 95,4 milhões de homens e 98,3 milhões de mulheres. Desse total,
86,12% vivem na área urbana e por consequencia são potenciais consumidores de tudo o que é
produzido e do que o mercado oferece.

Com a aceleração da economia e a estabilidade econômica, o brasileiro passou a cuidar-se mais


fisicamente, a alimentar-se melhor, e com isso a esperança de vida passou de 69,6 anos para 72,8
anos no período de 1998 a 2008. Mesmo com a melhora, a expectativa de vida brasileira ainda é
considerada baixa levando-se em conta comparações com nações desenvolvidas, como Japão,
Suíça, França e Itália, onde a média supera os 81 anos.

Com o aumento da expectativa de vida, alguma melhora nas condições financeiras e o


desenvolvimento da indústria interna, o consumo do brasileiro não pára de crescer. Parte deste
consumo vem da chamada classe média, a atual classe C.

Mas porque Classe Média ou C, Rica ou A?

Classes Sociais são as divisões estabelecidas na sociedade, segundo critérios de renda, de


acesso aos bens de consumo, moradia, educação e saúde.

Falar-se em Classe Social atualmente, virou rotina. Fala-se em classe na economia, na educação,
na cultura. As pesquisas nos classificam em classes. A segmentação em classes sociais usando a
classificação econômica das classes A/B, C e D/E é comum no mercado publicitário e entre as
empresas.

A divisão das classes sociais visa segmentar o mercado levando em conta o poder aquisitivo de
cada grupo. É obtida a partir principalmente da existência de diversos itens de consumo nas
residências, além de avaliar o grau de instrução do chefe de família e se há empregado doméstico
na residência.

Uma pesquisa efetuada pelo Instituto Análise mostrou que os brasileiros querem o que é bom. A
classe C quer o que as classes A e B já têm e as classes D e E querem o que a classe C já possui.

Classe C de consumo é um retrato do Brasil.

Nos últimos cinco anos, com a forte aceleração econômica a partir de 2006, cerca de 20 milhões
de brasileiros passaram para a classe C. Eles vieram, em sua grande maioria, das classes D/E.

No mesmo período, segundo dados do IBGE, a classe D/E encolheu de 46% do total da população
para 26%. Já a C cresceu de 32% para 49%. A classe A/B manteve-se praticamente estável. Seu
tamanho oscilou de 20% para 23% do total da população

A classe C, que foi a mais cortejada pela indústria e pelo comércio nos últimos tempos, encontra-
se com sua renda já comprometida com diversas prestações: internet, TV a cabo, empréstimo
consignado, eletrodomésticos, carro… Com isso, as classes D e E, que ainda têm pouco acesso
ao crediário e a renda menos comprometida passa a ser a “menina dos olhos” dos grandes
varejistas. A Classe C passou a ter liberdade de consumir em uma área antes desconhecida. Com
a estabilização da economia, a Classe C começa a aventurar-se na aquisição de bens de consumo
até há pouco tempo restrito às classes A e B, enquanto as classes mais baixas começam a
conhecer aquilo que a classe C já teve acesso. As classes D e E passaram a ser olhadas com
mais carinho pelos empresários porque estão saindo do estágio de consumo de subsistência.
37

Como vem ocorrendo com a Classe C, as classes D e E cortejadas pelos bancos e pelos
empresários começam a ter acesso ao crediário e a contas bancárias, facilitando a obtenção do
crédito, e conseqüentemente a aquisição de bens antes restritos a Classe C.

A ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, utiliza a classificação para as classes


sociais para a Renda Total Familiar (por mês), considerando uma família de 4 pessoas, em A1 com
renda familiar acima de R$ 38.933,88, A2 com renda até R$ 38.933,88, B1 com renda de até R$
26.254,92, B2 com renda familiar até 13.917,44, C1 com renda familiar até R$ 8.050,68, C2 com
renda de até 4.778,12, D renda de até 2.905,04 e a classe E com renda de até 1.939,88.

Somente 1% da população brasileira pertence à classe A1, 4% pertencem à classe A2, temos 24%
de brasileiros na classe social B, na Classe C temos 43% dos brasileiros que seria a chamada
“classe média”, e por fim temos 25% de pessoas na classe D também conhecida como classe
média baixa e uma minoria de 3% que são classificadas como classe E que são as pessoas mais
pobres da lista.

Mas segundo dados do IBGE, as Classes Sociais são divididas conforme a renda total familiar,
também utilizando como base a renda total familiar de uma família de 4 pessoas, conforme a
tabela abaixo:

Classe A: Acima de R$ 15.300,00

Classe B: de R$ 7.650,00 até R$ 15.300,00

Classe C: de R$ 3.060,00 até R$ 7.650,00

Classe D: de R$ 1.020,00 até R$ 3.060,00

Classe E: Até R$ 1.020,00.

O Governo Federal vem fazendo a sua parte na distribuição de renda através das Bolsas Família,
Escola, Fome Zero, Gás, dentre outras. É através desta ajuda governamental, que incentiva o
estudo e a profissionalização, que a maioria das famílias brasileiras vem conseguindo superar a
linha da pobreza, passando a adquirir bens antes praticamente impossíveis.

Agora você poderá saber a qual classe social está inserido e fazer planos para ter um futuro
melhor a curto ou longo prazos.

Teoria dos Custos

Quando falamos com empresários a respeito de gerenciamento de negócios, sabemos que a


motivação de suas ações esta centrada na maximização dos lucros. Para maximizar o lucro de
uma empresa, devemos procurar maximizar a diferença entre a receita total e os custos totais de
produção. Por essa razão, uma das principais preocupações dos homens de negócios diz respeito
aos custos de produção: como medir, como controlar e como reduzir tais custos. A proposta deste
texto e entender custos de produção: O que os economistas entendem por custos, como eles são
medidos e como eles se comportam com as mudanças nos níveis de produção da empresa.

CUSTOS EXPLICITOS E CUSTOS IMPLICITOS

Os economistas definem o “custo de oportunidade” de um negocio como o resultado da soma dos


custos explícitos mais os custos implícitos.
38

• Custos explícitos- pagamento de salários, energia elétrica, água, aluguel onde a empresa
esta instalada, pagamentos de juros por empréstimos realizados para adquirir
equipamentos, pagamentos pela compra de matérias-primas, etc. Pagamentos como
esses fazem parte dos custos de oportunidade da empresa, uma vez que seus
proprietários poderiam utilizar tais fundos para pagar outras coisas de valor.
• Custos implícitos – correspondem ao custo de oportunidade pela utilização dos recursos
de propriedade da própria empresa. O fato ‘e que, por pertencerem a empresa, nenhum
pagamento monetário e feito pela utilização desses recursos. Na verdade, tais custos são
estimados a partir do que poderia ser ganho por esses recursos no seu melhor emprego
alternativo.
Ex.: O proprietário de uma loja de roupas e também dono do imóvel onde ela funciona.
Nessas condições, você não pagaria nenhum aluguel pela utilização do imóvel. Isso
significa que o custo explicita do aluguem e zero. Se você perguntasse a um contador qual
e o custo do aluguel, ele responderia que, de fato, o custo contábil e zero. Mas se você
fizer essa mesma pergunta a um economista, a resposta será diferente. Pensando em
termos de custo de oportunidade, o economista, diria que ao escolher utilizar o imóvel para
sua loja, você sacrificou a oportunidade de ganhar o valor do aluguel, caso resolvesse
locar o imóvel para alguém. O valor do aluguel e um custo implícito e faz parte do custo de
produção da mesma forma que, se você não fosse o dono do imóvel, tivesse de pagar um
aluguem ao proprietário da casa em que funcione seu empreendimento. Continuando o
exemplo, suponha que para iniciar o funcionamento da loja, em vez de fazer empréstimo
bancário, você tenha optado por usar seu próprio dinheiro para comprar balcões, mesas,
computadores, etc. Nesse caso você não tem divida nem juros para pagar. Ainda assim,
um economista diria que você tem que considerar um custo: você poderia ter aplicado o
dinheiro em uma instituição financeira, ganhando juros sobre o capital aplicado. Esse
rendimento que poderia ter sido ganho, também e um custo implícito do seu negocio, uma
vez que você sacrificou esse ganho para poder levar adiante seu empreendimento. Para
os economistas, o custo de oportunidade do dinheiro que você coloca no seu negocio e a
renda que poderia ter sido ganha caso aplicasse o dinheiro. Finalmente, suponha que você
mesmo queira dirigir a sua loja. Ainda assim você não estaria livre do custo da contratação
de um gerente. Na realidade, ainda estaria arcando com um custo de oportunidade. Você
poderia, por exemplo, estar ganhando um salário trabalhando na próxima melhor
alternativa- por exemplo, como gerente em outra loja em vez de utilizar seu tempo em seu
próprio negocia. Esse salário que você poderia estar ganhando e um custo implícito do seu
negocio, fazendo parte, portanto, do custo de oportunidade.

LUCRO ECONOMICO E LUCRO CONTABIL

A definição de lucro contábil e dada por:

LUCRO CONTABIL = RECEITA TOTAL – CUSTOS EXPLICITOS TOTAIS

Os economistas levam em consideração no calculo dos custos de uma empresa, não somente os
custos explícitos, mas também os custos implícitos em que a firma incorre. Por essa razão utilizam
o conceito de lucro econômico em vez de lucro contábil. O lucro econômico e definido como sendo
a receita total menos a soma dos custos explícitos com os custos implícitos:

LUCRO ECONOMICO = RECEITA TOTAL – CUSTO DE OPORTUNIDADE TOTAL

OU

LUCRO ECONOMICO = RECEITA TOTAL – (Custos Explicitos + Custos Implicitos)


39

O exemplo abaixo nos permite verificar a diferença entre lucro econômico e lucro contábil. De
acordo com informações obtidas junto a contabilidade, a loja obteve no primeiro ano de
funcionamento uma receita total de R$. 900.000,00. Os custos explícitos totalizaram R$.
830.000,00. Nessas condições, a empresa teve um lucro contábil de R$. 70.000,00. Mas será que
esse empreendimento e lucrativo? Para os economistas falta ainda considerar no calculo de custo
da empresa os custos implícitos. Entretanto, por serem difíceis de estimar e por serem bastante
subjetivos, tais custos normalmente são desprezados no calculo de custos das empresas, levando
muitas vezes, a conclusões enganosas sobre a lucratividade de um negocio.

ITEM LUCRO CONTABIL LUCRO ECONOMICO


Receita Total 900.000 900.000

Menos Custos Explicitos


Matérias- primas 250.000 250.000
Salários 500.000 500.000
Eletricidade 20.000 20.000
Propaganda 40.000 40.000
Juros Pagos 10.000 10.000
Outros Pagamentos 10.000 10.000

Menos Custo Implicitos


Salário 0 70.000
Aluguel 0 30.000
Juros 0 20.000

70.000 - 50.000

Todos estes custos, os juros, o aluguel e o salário que você poderia estar ganhando são custos
implícitos que não são apontados pela contabilidade. Eles fazem parte do custo de oportunidade
de sua empresa, porque são sacrifícios que você faz para operar seu próprio negocio.No exemplo
acima temos um prejuízo econômico de R$.50.000,00. Isso significa que a empresa não esta
conseguindo cobrir os custos de oportunidade de utilização dos recursos na loja de
roupas.Concluimos, portanto, que os recursos da empresa poderiam ter um retorno mais alto se
usados em outras alternativas.

O lucro econômico e geralmente mais baixo que o lucro contábil, porque o lucro econômico resulta
como dissemos anteriormente , da diferença entre a receita total e os custos de oportunidades total
(explícitos e implícitos). Logo e possivel que a empresa possua lucro contábil positivo e lucro
econômico zero ou prejuízo. Em economia quando a empresa realiza lucro econômico zero,
ela esta tendo um lucro normal.

LUCRO NORMAL e a quantia mínima de lucro necessária para manter os recursos


empregados e a empresa funcionando. O lucro econômico igual a zero – por pior que possa
parecer- significa que o negocio gerou receita suficiente para cobrir os custos de
oportunidades totais, isto e, os custos explícitos e implícitos.

TEXTO
40

Preferência do consumidor: bens complementares e substitutos

"Racionamento de energia elétrica diminui o consumo de sabonete e aumenta o de sabão


em barra"
A Gazeta Mercantil de 10 de setembro publicou pesquisa da Unilever, pela qual foi
constatado que os chuveiros elétricos ligados por menos tempo nos últimos meses
provocaram diminuição no consumo de sabonetes e que a menor utilização da máquina de
lavar resultou em aumento do uso do sabão em pedra.
A teoria microeconômica, ao estudar a procura dos diversos produtos, classifica os bens em
complementares, substitutos e independentes. A teoria diz que caso a procura de um bem A
aumente e, em conseqüência, a procura de outro bem B também aumente, os bens A e B
podem ser considerados complementares. Se a procura de um bem A aumenta e, em
conseqüência, a procura de outro bem B diminui, os bens A e B podem ser considerados
substitutos. E serão independentes se a procura de um não influenciar na procura do outro.
Normalmente a procura de um bem é influenciada pelo seu próprio preço, pelos preços dos
demais bens, pela renda, pelas preferências e por expectativas. No caso, o racionamento de
energia elétrica pode ser enquadrado como uma variação nas preferências ("ceteris
paribus", isto é, permanecendo constantes os demais fatores), ou seja, o consumidor está
"preferindo" utilizar menos o chuveiro elétrico, pelo temor de não ultrapassar o limite de
consumo determinado pelas companhias de eletricidade.
Diminuindo a preferência pelo chuveiro, diminuiu a procura por sabonete. Pode-se dizer
que um aumento na utilização futura do chuveiro, quando o racionamento terminar (será
que vai terminar?), deverá ser acompanhado por um aumento do consumo de sabonetes.
Essa relação direta entre os dois produtos caracteriza o fato de serem complementares no
consumo.
Enquanto isso, a diminuição na utilização da máquina de lavar está sendo acompanhada
pelo menor uso de sabão em pó e detergentes próprios para máquina, o que resulta em
maior consumo de sabão em pedra. Talvez no próximo ano, com a retomada da utilização
da máquina de lavar, aumente o consumo de detergentes e de sabão em pó, que são usados
na máquina, e diminua o consumo de sabão em pedra. Essa relação inversa entre as
procuras de sabão em pó e de sabão em pedra caracteriza o fato de serem substitutos no
consumo.
41

TEXTO

Valor Agregado
Rolf Eugênio Fischer

No cotidiano usa-se indiscriminadamente os termos preço, valor e custo, como se os significados


fossem os mesmos. Quanto custa este carro? Qual é o preço deste terreno? Quanto vale esta casa?
Na área gerencial observa-se esta mesma confusão. Pode-se conceituar que o valor é o quanto o
consumidor está disposto a pagar para adquirir um bem ou serviço. Portanto quem estabelece o
valor é o mercado. Já o preço é estabelecido através de planilhas de custo mais o lucro e é de
competência do fabricante ou do prestador de serviços. O preço está na etiqueta, o valor não. Um
produto passa a ter valor na medida em que ele transpassa as fronteiras do sistema no qual ele foi
concebido, ingressando no mercado. O valor do produto, portanto depende estritamente do ponto de
vista do consumidor, e não do fabricante. Quando o fabricante oferece um produto que seja
adequado à classe ou faixa de consumo a qual ele é dirigido, apresentando um conjunto de
características que o torne suficientemente atraente, a ponto de haver pessoas dispostas a dar algo
para obtê-lo, dizemos que este produto tem valor agregado. Não é necessário dizer que qualquer
concepção que não vá ao encontro da necessidade do consumidor, implica na não incorporação de
valor, refletindo no seu insucesso mercadológico. Atender à expectativa e satisfação do consumidor,
o tempo todo,representa um dos alicerces da administração pela Qualidade Total, tornando o
empresário competitivo. Agregar valor não é uma tarefa simples. Requer um planejamento da
qualidade, iniciando-se na identificação das necessidades do consumidor pretendido. Este
planejamento é a pedra fundamental do edifício da Qualidade, pois qualquer esforço da organização
que não vá ao encontro da necessidade do consumidor, por mais eficiente que seja (feito segundo
um padrão definido), compromete a eficácia organizacional (resultado favorável) comprometendo
portanto a sua perenidade. Os dados computados e analisados nesta primeira fase são a base para
o desenvolvimento do projeto do produto que posteriormente é transformado em protótipo. Uma vez
aprovado, passa-se à materialização do produto na linha de produção seguindo todos os demais
elos do processo até chegar ao consumidor de ponta. Finaliza-se o ciclo com a avaliação do produto
junto ao consumidor. Por estar a sociedade consumidora em constante e acelerada mutação, é
indispensável o reinício do ciclo, ou seja, pesquisa, reprojeto, reajuste no processo, reavaliação e
assim por diante, de forma contínua, agregando a cada novo ciclo, mais valor ao produto ou serviço.
Resumo:

Custo : é o que foi gasto com meios de produção (terra,capital,trabalho,tecnologia e capacidade empresarial) para
produzir o produto.

Preço : é o custo mais o lucro do empresário

Valor agregado: é quanto o consumidor está disposto a pagar para obter aquele produto( ele está adquirindo o
sentimento, o status que aquela marca de produto representa)
42

• Classificação dos Mercados


Até agora, estivemos estudando o mercado considerando a demanda de um consumidor individual e a oferta
de um empresário individual, com relação a um determinado bem. Entretanto, o mercado de um bem é
constituído pela oferta de todos os produtores desse bem e de todos os consumidores que estão dispostos a
comprá-lo. Assim, é o equilíbrio entre a oferta dos empresários e a demanda dos consumidores que estabelece
o preço de equilíbrio, ou o preço de mercado, que é a mesma coisa.. Nesse sentido, do ponto de vista do
empresário, é importante saber quais são as características do mercado para o seu produto, para que a
empresa possa tomar as medidas adequadas ao seu bom desempenho.

Para que tenhamos um bom conhecimento dos mercados, eles são classificados de acordo com dois critérios.
O primeiro diz respeito à importância da empresa no mercado em que opera e o segundo refere-se ao
fato de que os produtos vendidos no mercado serem homogêneos ou não. Com base nestes critérios, os
mercados são classificados em seis tipos:

• Concorrência pura ou perfeita;

• Monopólio puro;

• Oligopólio;

• Concorrência Monopolística

• Monopsônio

• Oligopsônio

Concorrência pura ou perfeita: é o tipo de mercado que exige um número grande de empresas vendendo o
mesmo produto. Esse produto é idêntico em todas as empresas, tornando impossível a determinação de origem
pelos consumidores. Quanto aos critérios adotados para a classificação dos mercados, na concorrência pura, cada
empresa, tomada individualmente, não é importante em seu mercado, pois ela contribui tão pouco para a oferta total que
a sua saída do mercado não é notada pelas demais empresas ou pelos consumidores. O produto oferecido nesse
mercado é homogêneo, já que o bem produzido por uma empresa é exatamente igual ao bem produzido por outra.
Quando estão comprando esse produto, os consumidores não são capazes de determinar em que empresa ele foi
produzido, mas também isso não é importante para eles. A concorrência pura é um conceito de mercado que, apesar de
largamente empregado na Teoria Econômica, não é encontrado facilmente no mundo real. O exemplo que mais se
aproxima desse tipo de mercado é o dos produtos agrícolas. A laranja, por exemplo, é um produto homogêneo, pois
quando um consumidor está comprando na feira, não sabe dizer de que fazenda foi produzida e nem se importa com tal
fato. Além disso, há um número grande de fazendas que produzem laranjas e nenhuma delas é importante o bastante
dentro do mercado para alterar o preço vigente com a interrupção de sua produção.

Monopólio puro: é um tipo extremo de mercado, em que apenas uma empresa vende um produto para o qual
não existem bons substitutos. A importância dessa empresa no mercado é absoluta, pois com o encerramento
de suas atividades o mercado deixaria de existir, pelo fato de o bem fabricado por ela não mais ser ofertado. O
produto ofertado nesse mercado é diferenciado, não homogêneo, não havendo possibilidade de ser substituído
por outros satisfatoriamente. O monopólio puro também é uma situação de mercado dificilmente encontrada no
mundo real. Na iniciativa privada, esse tipo de mercado não é encontrado pelo fato de ser impossível para
qualquer empresa que esteja operando nesse regime impedir a entrada de outra empresa no mercado
ofertando um produto similar ao seu. Os únicos casos de monopólios puros são encontrados no setor público,
como abastecimento de água de uma cidade, que está a cargo do governo estadual ou de uma prefeitura
(ainda). Nesse caso, temos realmente um monopólio puro, pois a companhia que oferta a água é a única
naquele mercado, ou seja, na cidade, e a água não tem nenhum substituto próximo satisfatório.

Oligopólio: é um regime de mercado intermediário entre a concorrência pura e o monopólio puro. No


oligopólio, temos um número de produtores pequeno o suficiente para que cada empresa seja importante, de
modo que as ações de uma afetam as demais e os preços por elas produzidos. Além disso esses bens, apesar
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de perfeitamente substituíveis entre si, são diferenciados, permitindo que o consumidor saiba exatamente qual
empresa produziu determinado produto. Esse regime de mercado seja o mais encontrado na vida real. Os
exemplos que podem ser citados são vários, indo desde os bens de consumo duráveis, como os
eletrodomésticos em geral, automóveis, até bens de consumo não-duráveis, com sabão em pó , pasta de
dente e cereais matinais. O que caracteriza, à primeira vista, um caso de oligopólio é a marca do produto . De
fato, as geladeiras, por exemplo, são conhecidas pelo consumidor através de suas marcas, que identificam sua
origem e a empresa que as produziu. E embora todas as geladeiras prestem o mesmo tipo de serviço e
satisfaçam às mesmas necessidades, cada consumidor individualmente prefere esta ou aquela marca. O
mesmo acontece com o sabão em pó e os automóveis.

Cartel: São oligopólios com acordos explícitos e às vezes até formal de centralizar preços e produção . Vão
agir como monopólios , com o mesmo preço e produção. Ex.: A OPEP(Organização dos Países Exportadores
de Petróleo) é naturalmente, o exemplo mais famoso de cartel.
-----A OPEP é formada por 11 países: Arábia Saudita, Irã, Iraque, Venezuela, Indonésia, Qatar, KUWAIT, Líbia, Argélia, Nigéria e Emirados
Árabes Unidos, a OPEP controla cerca de 40% das reservas petrolífera do mundo. Brasil, Rússia e México são considerados importantes
produtores de petróleo não ligados à OPEP.

Concorrência monopolística: é uma situação de mercado em que há um número suficientemente grande de


produtores, de modo que cada produtor individualmente não é importante. Todos eles produzem o mesmo
produto, mas na mente dos consumidores cada um deles é diferente dos demais, de acordo com a empresa
que o produz. Neste caso temos um elemento da concorrência perfeita, que é o razoável número de empresas
produzindo o mesmo bem, de modo que a saída de uma empresa do mercado não tem efeito sobre as demais.
Temos também, uma característica do oligopólio, que é o fato de cada produto ser diferente dos demais – pelo
menos na mente do consumidor -, apesar de altamente substituíveis entre si. Como exemplos de
concorrências monopolística, temos as fábricas de roupas da moda, os produtos têxteis e a prestação de
serviços em grandes cidades. De fato, um vestido que segue as tendências da moda é produzido por
determinada fábrica. O mesmo ocorre com os serviços nas grandes cidades, como o de encanador, por
exemplo. Ele pode ser realizado por um grande número de encanadores, mas uma pessoa com uma pia
entupida chamará um profissional que seja de sua confiança.

Monopsônio: estrutura de mercado caracterizda pela existência de muitos vendedores e um único comprador
que domina o mercado. É uma situação que pode prevalecer especialmente no mercado de trabalho. Ex.: Uma
empresa que insta-se em uma cidade do interior e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva de mão de
obra local. Portanto, ou os trabalhadores empregam-se na empresa, ou precisam trabalhar em outra cidade.

Oligopsônio: estrutura de mercado caracterizada pela existência de poucos compradores,que dominam o


mercado , para muitos vendedores. Ex.: Setor automobilístico comprando das inúmeras empresas de
autopeças.

RESUMO:

Concorrência perfeita: é um mercado que existe um grande número de empresas oferecendo um mesmo produto, que
é igual aos olhos dos consumidores.

Monopólio puro: é um mercado em que existe apenas uma empresa oferecendo um bem, para o qual não existem
substitutos satisfatórios.

Oligopólio: é um mercado em que existe um número de empresas pequeno o suficiente para que as ações de uma
afetem outras. Produzem bens diferenciados, mas substituíveis entre si.

Concorrência monopolística : é um mercado em que há um número razoável de empresas produzindo um mesmo


bem, que aos olhos do consumidor são diferenciados. A concorrência monopolística é como a concorrência perfeita,
exceto que existe diferenciação de produtos.

Monopsônio: estrutura de mercado caracterizda pela existência de muitos vendedores e um único comprador.
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Oligopsônio: estrutura de mercado caracterizada pela existência de poucos compradores,que dominam o


mercado , para muitos vendedores

- A propaganda e os Tipos de Mercado


A propaganda é um recurso utilizado pelas empresas para divulgar seus produtos e realçar suas qualidades junto
aos consumidores, visando, com isso, diferencia-lo dos produtos das outras empresas.O objetivo da propaganda ,
em última análise, é aumentar as vendas da empresa, fazendo com que os consumidores passem a comprar o
produto anunciado, em detrimento dos outros.Entretanto, como veremos a seguir, nem todas as empresas podem
fazer uma propaganda eficaz de seus produtos, pois o bom resultado da propaganda de um produto depende do
tipo de mercado em que a empresa opera. Nesse caso, é importante observar que o conceito de mercado, para o
empresário, é um pouco diferente do conceito dado pela teoria econômica. Para o empresário, o mercado para seu
produto é o número de consumidores que potencialmente pode compra-lo. Assim para uma fábrica de automóveis de
passeio, por exemplo, o mercado é formado pelo número de pessoas que reúnem condições para adquirir um carro.
Pelo fato de ser um bem durável de preço elevado, essas condições se resumem, basicamente, a nível elevado de
renda.

Entretanto, não é apenas o nível de renda que determina o mercado para um produto. Consideremos, como
exemplo, uma fábrica de fraldas descartáveis, que tem seu mercado formado pelos bebês. Um casal sem filhos ou
com filhos adolescentes, por maior que seja a sua renda, não vai comprar nenhuma fralda descartável, porque o
consumidor potencial, o bebê, não está presente nessa família.

Tendo em vista este conceito, a propaganda pode atuar sobre as vendas de um produto de duas formas, que
dependerão do tipo de mercado em que a empresa atua. A primeira maneira é atrair os consumidores dos
produtos concorrentes. Fica claro, aqui, que o mercado é formado por diversas empresas que produzem produtos
altamente substituíveis entre si e diferenciados, pelo menos na mente dos consumidores. Naturalmente, estamos
falando de dois regimes de mercado: o oligopólio e a concorrência monopolística.

A vida real nos fornece vários exemplos de propaganda existente nesses tipos de mercado. Entretanto, ela é mais
intensa no oligopólio, pela simples razão de as atitudes de uma empresa, nesse mercado, terem efeito sobre as
demais, na medida em que uma pode atrair consumidores da outra. Por outro lado, a empresas afetada revidam com
campanhas publicitárias para seus produtos, estabelecendo-se uma verdadeira guerra publicitária nesse tipo de
mercado. Um bom exemplo é a indústria automobilística, em que cada fábrica desenvolve grande propaganda de
seu produto, a fim de não perder sua participação no mercado para os concorrentes.

A segunda maneira de a propaganda influir nas vendas é aumentar o mercado, atraindo novos consumidores
para o produto. Essa forma de atuação é freqüentemente usada nos mercados monopolistas,em que a ausência de
concorrentes deixa como única opção para o aumento das vendas o alargamento do mercado, a atração de novos
consumidores. Apesar da maioria dos monopólios pertencer ao setor público, é comum assistirmos a campanhas do
governo promovendo seus produtos e serviços, como o caso das empresas de água e saneamento e de extração
de petróleo. Convém observar que, no caso dos mercados oligopolizados ou de concorrências monopolísticas, a
propaganda também pode atuar de forma a aumentar o mercado, atraindo novos consumidores e não apenas ‘
roubando ‘ consumidores dos concorrentes.

Como foi observado anteriormente, a propaganda só surte efeito quando os produtos oferecidos são diferenciados,
pelo menos aos olhos dos consumidores. Isto não ocorre nos mercados de concorrência pura, em que o comprador
não consegue distinguir a origem do bem que está adquirindo, nem se preocupa com isto. Por essa razão, a
propaganda é ineficaz nesse tipo de mercado. Citando o caso do mercado de produtos agrícolas, não vemos
nenhuma propaganda enaltecendo as qualidades de um tipo de banana produzida na fazenda tal.

Resumo: Propaganda: é um recurso utilizado pelas empresas para promover seu produto junto aos consumidores,
visando o aumento de suas vendas.

Eficácia da propaganda: a propaganda só é eficiente quando o produto promovido é diferenciado, pelos menos
aos olhos do consumidor. Ex.: cerveja
45

TEORIA MACROECONÔMICA
A Macroeconomia trata do comportamento da Economia como um todo - de períodos de
prosperidade e de recessão. Trata das flutuações do produto agregado, das taxas de variações de
preços e dos níveis de emprego.
Em macroeconomia negligenciamos os pormenores do comportamento de unidades econômicas
individuais e e tratamos do desempenho geral.

O objetivo da atividade econômica é proporcionar um volume de bens e serviços finais para atender
às necessidades e aspirações da população. Em princípio, como o binômio necessidades-aspirações
é definido como ilimitável, quanto maiores os níveis da produção corrente e maiores as taxas de
crescimento, maior poderá ser a satisfação social derivada do desempenho da economia como um
todo. A macroeconomia tem como primeiro objetivos a geração de um produto agregado tão
próximo quanto seja possível da plena capacidade da economia. Buscando taxas de crescimento do
produto ao longo do tempo sejam as mais altas possíveis, com o objetivo de atender às aspirações
crescentes da população e estender os benefícios da prosperidade econômica a todas as camadas
sociais.

O segundo objetivo macroeconômico é trazer para os mais baixos níveis possíveis as taxas de
desemprego do fator trabalho.

O terceiro objetivo é manter os preços estáveis e, ainda, o equilíbrio entre os níveis relativos de
preços dos diferentes bens e serviços produzidos. A estabilidade se estabelece, quando, em
mercados livres, os índices de variações de preços ficam próximos de zero.

O quarto objetivo é o equilíbrio das transações externas. A diferença entre exportações e


importações de mercadorias e serviços, usualmente denominada exportações líquidas.

E os principais instrumentos que a Macroeconomia utiliza-se para alcançar seus objetivos são:

Política Fiscal: é a manipulação dos tributos e dos gastos do governo para regular atividade
econômica. Ela é usada para neutralizar as tendências à depressão e à inflação.
a) Política Fiscal Expansiva: é usada quando há uma insuficiência de demanda agregada em
relação à produção de pleno-emprego. Isto acarretaria o chamado “hiato inflacionário”,
onde estoques excessivos se formariam, levando empresas a reduzir a produção e seus
quadros de funcionários, aumentando o desemprego. A medida nesse caso seriam:
• aumento dos gastos públicos;
• diminuição da carga tributária, estimulando despesas de consumo e investimentos;
• estímulos às exportações, elevando a demanda externa dos produtos;
• tarifas e barreiras às importações, beneficiando a produção nacional.
b) Política Fiscal Restritiva: é usada quando a demanda agregada supera a capacidade
produtiva da economia, no chamado “hiato inflacionário”, onde os estoques desaparecem e
os preços sobem. As medidas seriam:
• Diminuição dos gastos públicos;
• Elevação da carga tributária sobre os bens de consumo, desencorajando esses
gastos;
• Elevação das importações, por meio da redução de tarifas e barreiras.
46

Política monetária : A Política Monetária representa a atuação das autoridades monetárias, por
meio de instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propósito de se controlar a liquidez global
do Sistema Econômico, também utilizada como instrumentos de combate a inflação:

a) Política Monetária Restritiva: engloba um conjunto de medidas que tendem a reduzir o


crescimento da quantidade de moeda , e a encarecer os empréstimos. Instrumentos:
• Recolhimento compulsório : Consiste na custódia, pelo Banco Central, de parcelas
dos depósitos recebidos do público pelos bancos comerciais. Esse instrumento é
ativo, pois atua diretamente sobre o nível de reservas bancárias, reduzindo o efeito
multiplicador e, conseqüentemente, a liquidez da economia.
• Assistência Financeira de Liquidez: o Banco Central empresta dinheiro aos
bancos comerciais, sob determinado prazo de pagamento. Quando esse prazo é
reduzido e a taxa de juros do empréstimo é aumentada, a taxa de juros da própria
economia aumenta, causando uma diminuição na liquidez.
• Venda de Títulos Públicos: quando o Banco Central vende títulos ele retira moeda
da Economia, que é trocada pelos títulos. Desta forma há uma contração dos meios
de pagamentos e da liquidez da economia.

b) Política Monetária Expansiva: é formada por medidas que tendem a acelerar a quantidade
de moeda e a baratear os empréstimos ( baixar as taxas de juros). Incidirá positivamente
sobre a demanda agregada. Instrumentos:

• Diminuição do recolhimento compulsório: o Banco Central diminui os valores


que toma em custódia dos bancos comerciais, possibilitando um aumento do
efeito multiplicador, e da liquidez da economia como um todo.
• Assistência Financeira de Liquidez: O Banco Central, ao emprestar dinheiro
aos Bancos Comerciais, aumenta o prazo de pagamento e diminui as taxas de
juros. Essas medidas ajudam a diminuir a taxa de juros da economia, e a
aumentar a liquidez.
• Compra de títulos públicos: quando o Banco Central compra títulos públicos há
uma expansão dos meios de pagamento, que é a moeda dada em troca dos títulos.
Com isso ,ocorre uma redução da taxa de juros e um aumento de liquidez.

Política Cambial : Intervenções no mercado cambial ,


política de comércio : tarifas e proteções não tarifárias;
Tratamento dado aos capitais externos de risco: condições de ingresso e remessas
de lucros.

Políticas de rendas: Controle direto sobre preços;


Controles legais sobre salários
47

Noções de Contabilidade Social ou Nacional


Com a grande crise econômica de 1929, que consistiu na redução das atividades econômicas, e
ocasionou entre outros problemas, o desemprego. Tivemos também, as duas grandes guerras
mundiais, que envolveram diversos países e tiveram grande repercussão na economia. A partir
dessa época , os economistas sentiram a necessidade de criar meios que lhes permitissem medir e
avaliar as atividades econômicas desenvolvidas pela sociedade. Surgiu então, a Contabilidade
Social ou Nacional , que nos dá em termos quantitativos, o desempenho global da economia num
determinado período de tempo. Atualmente esse período é de um ano e corresponde ao ano civil,
que vai de janeiro a dezembro.

Os principais Agregados Macroeconômicos

A Contabilidade Nacional mede a atividade econômica a partir de sua expressão mais genérica - o
produto da economia- para em seguida, e a partir dele, introduzir novos conceitos. Esses conceitos
são chamados de agregados, e recebem essa denominação pelo fato de não serem simplesmente
uma soma de parcelas que se expressam da mesma forma e na mesma unidade de medida, mas
sim uma soma de coisas diferentes (bens e serviços) cujo volume físico, é expresso nas mais
diferentes unidades de medida. No entanto eles podem ser adicionados, quando são traduzidos
numa unidade comum de medida, ou seja, a MOEDA.

PIB- Produto Interno Bruto

É a soma dos valores monetários dos bens e serviços finais, produzidos no país. São
coletadas informações dos setores de agropecuária (agricultura, extrativa vegetal e pecuária),
indústria ( extrativa mineral, indústria de transformação, construção civil e serviços industriais de
utilidade pública) e serviços (comércio, transporte, comunicação, serviços de administração pública
e outros). A agropecuária representa cerva de 7,8 do PIB, a indústria 33,8% e os serviços 58,3%.

Produto interno bruto (PIB): variação real anual


Periodicidade: Anual
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Sistema de Contas Nacionais Referência 2000 (IBGE/SCN 2000
Anual)
Unidade: (% a.a.)
Comentário: Fontes: Para 2008: resultados preliminares estimados a partir das Contas Nacionais Trimestrais Referência
2000. Para 1992-1995, Sistema de Contas Nacionais Trimestrais Referência 2000 (dados oriundos do Sidra/IBGE). Para
1948-1991, Sistema de Contas Nacionais Consolidadas. Para 1921-1947, Haddad, Claudio Luiz da Silva. Crescimento do
Produto Real no Brasil, 1900-1947. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1978 apud Abreu, Marcelo de Paiva (Org.). A
ordem do progresso: cem anos de política econômica republicana. Rio de Janeiro: Campus, 1992. Para 1901-1920,
elaborado a partir da série de produto total reformulado disponível em: Haddad, Claudio Luiz da Silva. Crescimento
Econômico do Brasil, 1900-1976. In: Neuhaus, Paulo (Coord.). Economia Brasileira: Uma Visão Histórica. Rio de Janeiro:
Campus, 1980. Para definição da variável: Contas Nacionais - Conceitos.
Atualizado em: 10 de março de 2009

Período PIB - var. real anual

1955 8,80

1956 2,90

1957 7,70

1958 10,80
48

1959 9,80

1960 9,40

1961 8,60

1962 6,60

1963 0,60

1964 3,40

1965 2,40

1966 6,70

1967 4,20

1968 9,80

1969 9,50

1970 10,40

1971 11,34

1972 11,94

1973 13,97

1974 8,15

1975 5,17

1976 10,26

1977 4,93

1978 4,97

1979 6,76

1980 9,20

1981 -4,25

1982 0,83

1983 -2,93

1984 5,40

1985 7,85

1986 7,49
49

1987 3,53

1988 -0,06

1989 3,16

1990 -4,35

1991 1,03

1992 -0,47

1993 4,67

1994 5,33

1995 4,42

1996 2,15

1997 3,38

1998 0,04

1999 0,25

2000 4,31

2001 1,31

2002 2,66

2003 1,15

2004 5,71

2005 3,16

2006 3,96

2007 6,09

2008 5,14

PRODUTO INTERNO BRUTO - PIB


menos
Rendas líquidas enviadas para o exterior
é igual a
PRODUTO NACIONAL BRUTO - PNB
menos
Depreciação do capital fixo
é igual a
PRODUTO NACIONAL LÍQUIDO - PNL
50

menos
Tributos Indiretos
mais
Subsídios
é igual a
RENDA NACIONAL- RN
menos
Tributos diretos
mais
Transferências
é igual a
RENDA PESSOAL DISPONÍVEL -RPD

Rendas líquidas enviadas ao exterior (Renda enviada - Renda recebida)

Quando uma grande empresa abre uma filial em outro país, ela está deslocando parte de seu
capital para esse país, pois estará adquirindo instalações, equipamentos, etc. No entanto, a renda
gerada por este investimento em outro país acaba retornando, pelo menos em parte ao país de
origem, onde estão os proprietários do capital da produção.

Depreciação

Durante o processo produtivo, as máquinas, equipamentos e instalações vão se desgastando, se


depreciando, e precisam ser reparados ou substituídos com certa regularidade, para não diminuir a
capacidade produtiva de um sistema econômico. A parcela do produto que se destina à reposição
ou reparos de equipamentos chama-se depreciação.

Tributos Indiretos

Alguns impostos, apesar de incidirem sobre a produção, são pagos pelos consumidores, pois são
adicionados ao preço final do produto pelos fabricantes. Esse tipo de imposto, que é transferido do
produtor para o consumidor, denomina-se imposto indireto (IPI- federal, ICMS - estadual, ISS -
municipal).

Subsídios

Por outro lado o setor público muitas vezes tem interesse em que determinados produtos tenham
um preço mais baixo para o consumidor final e concede às empresas que os produzem os
chamados subsídios que são estímulos que visam diminuir o custo de produção de um bem ou de
um serviço .

Tributos diretos

Incidem diretamente sobre a renda das famílias e das empresas - Imposto de Renda
-
Transferências

A maior parte das transferências é representada pelos benefícios pagos pelo sistema de
previdência social, sob a forma de aposentadorias, pensões, auxílios para educação, transporte,
alimentação, nascimento e funeral. Os gastos com auxílios a populações flageladas e ajuda a
instituições não governamentais sem fins lucrativos.
51

TEXTO
TEMA: ORÇAMENTO FAMILIAR

01. Como é definida a renda do país ?

O produto interno bruto é tudo que se produz no país. O resultado dessa produção é traduzido em valores
monetários (dinheiro). Esse dinheiro é distribuído entre as pessoas. O detentor do capital recebe juros; o
detentor das propriedades recebe aluguéis; o detentor da tecnologia recebe royalties; o detentor da
capacidade empresarial recebe lucros e o detentor do trabalho recebe salários.

02. Como essa renda é distribuída entre as pessoas?

Veja que, se o bolo é um só, se alguém fica com mais, outros ficam com menos. O assalariado, que é a
maioria, fica com a menor parte do bolo. Portanto, é o elo mais fraco dessa corrente. No Brasil, pela forte
concentração de renda, os 10% mais ricos ficam com cerca de 90% da renda nacional.

03. De quanto estamos falando?

O PIB brasileiro é estimado em R$ 1 trilhão.

04. Como é definido o salário?

Temos uma legislação que define o salário mínimo, e os acordos coletivos definem os pisos das categorias.
Também nos acordos coletivos são definidas as formas de reajustes, benefícios, etc.

Mas como aumentar o salário ?

Capacitação, promoção dentro da empresa, política da empresa, versatilidade, responsabilidade do cargo,


enfim, o seu desempenho e a política salarial da empresa permitirão crescimento interno e natural melhoria na
remuneração.

06. Como é gasto o salário ?

As pessoas têm necessidades ilimitadas e os produtos (também a renda) são escassos. É preciso escolher
em que gastar.

Primeiramente, atendem-se as necessidades fisiológicas (comer, vestir, dormir, etc.). Depois, tendo renda,
busca-se segurança, viver em um grupo social, investir em auto-estima, entre outros. Veja que será sempre
uma decisão importante: escolher entre as várias alternativas de produtos e serviços disponíveis. Aumentando
a renda, ultrapassa-se a linha da sobrevivência, começa a ser necessário muito controle.

07. Quais são os itens que "consomem" os salários ?

A inflação, mesmo sob controle, retira boa parte do poder aquisitivo do salário. Os encargos sociais
(previdência), o imposto de renda na fonte, a falta de emprego (recessão) são algumas das causas da
redução do salário. Devemos lembrar ainda que os impostos embutidos no consumo (ICMS, IPI, PIS/COFINS,
etc.) acabam onerando o preço dos produtos, fazendo com que paguemos um preço muito caro nos mesmos.

08. O que mais "consome" o salário ?

Pagamos muitos impostos e não temos a contraprestação em termos de serviços por parte do Estado. Somos
obrigados a contratar particularmente: planos de saúde, escola particular, previdência privada. Também
devemos considerar o alto custo dos remédios, moradia, etc.

09. O que leva as pessoas a exagerar nos gastos ?

A mídia promove muito os produtos e as pessoas se deixam levar (agregam tecnologia, tipo celular, TV a
cabo e gastamos mais). Também o "status" é perigoso (é comum querermos imitar os outros). Muitos
consomem por fuga (problemas psicológicos), outros por compensação. Outros ainda querem oferecer aos
filhos tudo que não tiveram na infância. Nesses casos, sem disciplina, não há renda que suporte.
52

10. Quando o gasto é exagerado, o que as pessoas normalmente fazem?

Começam a se endividar. Estouram o limite do cheque especial e do cartão de crédito, por exemplo. Os juros
estão muito salgados. Variam entre 8% e 12%. Não há renda que agüente, afinal os salários não estão tendo
reajuste.

11. E os crediários e cheques pré-datados?

Essas são outras armadilhas. As pessoas normalmente olham somente o valor da prestação, se esquecendo
dos juros ali colocados. Chegam a pagar de 1,5 a 2 vezes o valor do bem. Também a facilidade de pagar com
cheque pré-datado acaba levando o consumidor ao descontrole. Sem disciplina, o endividamento é
irreversível.

12. Quando a pessoa perdeu o controle e está gastando mais que recebe de renda, o que fazer?

Precisa ver se há como aumentar a renda. Cursos de aperfeiçoamento, de idiomas, entre outros. Também,
tendo condições, pode ter outra jornada de trabalho.

13. E do lado das despesas ?

Planejar e controlar. Essas são as palavras chaves. Monte um fluxo de caixa. Coloque em uma coluna as
receitas (renda) e na outra as despesas. Faça um pequeno plano de contas (aluguel, empregada doméstica,
combustível, TV a Cabo, mensalidade escolar, IPVA, IPTU, energia, água, etc.). Estabeleça metas de
redução. Veja o peso de cada uma das despesas e ataque as mais significativas.

14. O que mais posso fazer ?

Elimine o supérfluo, corte o status, devolva o cartão de crédito (ou só use o tempo sem financiamento). Evite
cheque pré-datado e crediário (guarde dinheiro e compre à vista)

15. E a família ?

Abra o jogo com todos. Democratize o orçamento familiar. Crie cumplicidade com a esposa/marido e filhos. A
tendência é que todos ajudem a economizar e se isso acontecer rapidamente, os problemas financeiros serão
resolvidos.

16. O que faço com o cheque especial?

Transforme em crédito ao consumidor. Parcele em 12 ou 18 vezes o limite e você pagará por mês menos do
que paga de juros. Depois desse período, estará livre da dívida. Se não tiver recursos, contrate um bom
advogado e tente uma renegociação.

17. Devo vender algum bem ?

Se for necessário, sim. É melhor eliminar a dívida que cresce com juros de 10% ao mês do que ficar com
bens que não se valorizam. Depois você os compra novamente.

18. Qual a dica final ?

Planeje seus gastos. Aperfeiçoe-se para aumentar a renda. Se tem dívida, renegocie dentro de suas
possibilidades.
Democratize o orçamento familiar e crie controles e metas. Lembre-se: o que vale não é o status e sim a
qualidade de vida.

Fonte:
WWW.economiaonline.com.br
53

A MACROECONOMIA CLÁSSICA E KEYNESIANA

Como já vimos, a Teoria Econômica é dividida em Teoria Microenômica e Teoria


Macroeconômica. A Teoria Macroeconômica por sua vez, é dividida em Teorias Clássicas e
Keynesiana. Mas enquanto as teorias Micro e macro são aditivas, as teorias clássica e keynesiana
são alternativas.

Teoria Macroeconômica Clássica

Adam Smith, através de seu livro “A Riqueza das Nações” em 1776, foi quem lançou os alicerces
da moderna economia, em sua obra ele criticou e desacreditou as políticas protecionistas e
alfandegárias do mercantilismo e defendeu a liberdade de comércio. Muitas de suas idéias foram
sintetizadas, formalizadas e desenvolvidas por David Ricardo, parlamentar britânico que teve
grande influência sobre a opinião pública e o governo de seu país, e descreveu pela primeira vez o
conceito de modelo econômico como uma abstração simplificadora da realidade econômica. O
terceiro dos grandes clássicos britânicos foi Thomas Malthus, autor da obra “Ensaio sobre o
princípio da população”, em 1798, sua obra previu um crescimento aritmético da produção de
alimentos e demais bens, e outro geométrico e, portanto, muito mais rápido, da população e de suas
necessidades, o que deveria levar, ao cabo de gerações, à fome e à miséria generalizadas.A principal
contribuição da escola clássica à Teoria Econômica foi sua afirmação da identidade entre os
interesses particulares dos indivíduos e o interesse geral da sociedade, assim como a teoria do valor-
trabalho. Uma vez assegurada a não intervenção do estado e de grupos que interfiram na atividade
econômica espontânea, o livre jogo da oferta e da procura tende necessariamente a produzir o
equilíbrio econômico. A escola clássica lançou assim alicerces do liberalismo, doutrina que teria
poderosa influência nos séculos vindouros.Em oposição aos fisiocratas, que consideravam que só a
terra podia gerar riquezas, os clássicos britânicos defenderam a teoria do valor-trabalho, segundo a
qual todo trabalho produtivo gerava um excedente econômico, ou seja riqueza. Sendo o valor a
quantidade de trabalho investida na produção de um bem.
Foi Marx, que adotou o termo “clássico”, para abranger as teorias de David Ricardo, James Mill e
dos discípulos da teoria ricardiana, como os economistas J.S.Mill, Marshall, Edegeworth e Pigou.
Não é uma teoria escrita por um único autor, mas sim o conteúdo das obras de vários autores. A
teoria clássica não se ocupava fundamentalmente das questões macroeconômicas do nível do
emprego, já que esta teoria apontava uma posição de pleno emprego automático.
A crença da abordagem clássica na economia auto-ajustável tem a ver com o contexto em que
surgiu. No século XVIII, a Inglaterra ostentava uma economia eficiente e poderosa, desfrutando de
posição hegemônica na indústria, no comércio e nas finanças. Prega-se o livre comércio sem temer
a concorrência externa. Durante 150 anos, nas três últimas décadas do século XVIII, durante todo o
século XIX e nas primeiras décadas do século XX., estas idéias resistiram à ocorrência de fases
intercaladas de prosperidade e de declínio, em todas as economias. As flutuações no ritmo de
negócios, os choques de oferta e os distúrbios nos mercados financeiros não chegaram a levar a
estados generalizados de bancarrota. Quando muito, perturbavam temporariamente o curso normal
da economia. Mas pareciam existir forças endógenas que a traziam de volta a um estado
relativamente estável de crescimento.Enraizavam-se, assim, a crença nos pressupostos da
macroeconomia clássica.
54

Teoria Macroeconômica Keynesiana

“O estudo da teoria econômica não parece exigir qualquer dom especializado de grande
profundidade. Não é um assunto relativamente fácil quando comparado com a filosofia ou a
ciência pura. Uma disciplina fácil, em que poucos se sobressaem! O paradoxo talvez seja explicado
pela constatação de que o economista deve possuir uma rara combinação de dons.Tem de ser
matemático, historiados, estadista, filósofo – em certa medida. Deve entender de símbolos e falar
através de palavras. Deve ver o particular em termos do geral, e abranger o abstrato e o concreto
no mesmo pensamento. Deve estudar o presente à luz do passado para entender o futuro. Nenhuma
parte da natureza humana ou de suas instituições deve ficar fora de seu olhar. Deve ser o mesmo
tempo interessado e desinteressado, tão distante e incorruptível quanto um artista,e, contudo, às
vezes tão próximo da terra quanto um político.”
John Mayneard Keynes

A crença nas forças auto-ajustáveis da economia foi, porém, seriamente abalada com a grande
depressão dos anos 30. Até a grande depressão dos anos 30, os economistas não acreditavam que o
desemprego em larga escala pudesse ocorrer. Mas os fatos abalaram as convicções clássicas.
De todos os nossos problemas econômicos, o desemprego é talvez o pior. O desemprego envolve
um desperdício óbvio: a sociedade priva-se dos bens e dos serviços que os desempregados poderiam
ter produzido. Pessoas desempregadas sofrem a desmoralização, a frustração e a perda do respeito
próprio que advém da ociosidade forçada.
Antes da Grande Depressão nos anos 30, a maior parte dos economistas não considerava o
desemprego como um dos problemas centrais da economia. Havia é claro, dissidentes. Karl Marx
acreditava que as crises econômicas tornar-se-iam cada vez mais severas, com um número cada vez
maior de trabalhadores engrossando as fileiras de desempregados. Mais cedo ou mais tarde, o
capitalismo entraria em colapso devido aos seus defeitos intrínsicos. Porém Marx, estava fora da
principal corrente da economia. A maior parte dos economistas acreditava que poderia havia curtos
períodos de severo desemprego, mas que o mecanismo de mercado originaria um rápido retorno a
um alto nível de emprego. A década de 1930 destruiu esta confiança e proveu a base para uma nova
teoria do desemprego. Nos Estados Unidos entre 1929-1933, o PIB caiu 30% e o desemprego
aumentou de 3% para 25%.
Esta teoria foi desenvolvida, sem que isto causasse surpresa, por um economista britânico. Ao
contrário dos Estados Unidos, onde a Depressão pode ser datada de 1929, a Grã-Bretanha já estava
passando por tempos difíceis desde o início dos anos 20.
Esta nova teoria foi apresentada por John Maynard Keynes em seu livro “TEORIA GERAL DO
EMPREGO, DO JURO E DO DINHEIRO”. A Teoria Geral foi um sucesso espetacular; está no
mesmo nível de “A RIQUEZA DAS NAÇÕES” de Adam Smith, e de “O CAPITAL”, de Karl
Marx.

As 03 proposições mais importantes de Keynes são:

• O desemprego em uma economia de mercado: ao contrário da economia clássica,


Keynes argumentava que uma economia de mercado pode ter forças vigorosas que a
movimentem em direção ao pleno emprego.
55

• A causa do desemprego: Keynes dizia que o desemprego em grande escala é o


resultado de gastos excessivamente baixos em bens e serviços, ou seja, o desemprego
reflete uma insuficiência de demanda agregada.
• A cura para o desemprego: Para curar o desemprego, a demanda agregada deve ser
aumentada. A melhor maneira de fazer isto, dizia Keynes, é pelo aumento de gastos
governamentais.

Na década de 1970 o keynesianismo sofreu severas críticas por parte de uma nova doutrina
econômica : o monetarismo. Em quase todos os países industrializados o pleno emprego e o nível
de vida crescente alcançados nos 25 anos posteriores às II Guerra Mundial, foram seguidos pela
inflação. Os keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o pleno emprego e o controla da
inflação, considerando, sobretudo, as negociações dos sindicatos com os empresários por aumentos
salariais. Por esta razão, foram tomadas medidas que evitassem o crescimento dos salários e preços,
mas a partir da década de 1960 os índices de inflação foram acelerados de forma alarmante. A partir
da década de 1970, os economistas tem adotado argumentos monetaristas em detrimento daqueles
propostos pela doutrina keynesiana; mas as recessões, em escala mundial, das décadas de 1980 e
1990 refletem os postulados da política econômica de Keynes.
Os monetaristas defendem medidas econômicas que procuram manter a economia em recessão –
com altas taxas de juros e restrição monetária. O objetivo principal é a redução das taxas
inflacionárias. Porém o custo da queda da inflação obtida única e exclusivamente com a redução da
demanda é bastante alto e já bem conhecido pela nossa sociedade: concentração de renda,
desemprego e arrocho salarial. Dentre as pessoas consideradas monetaristas encontram-se os ex
ministro Pedro Malan e o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.
56

• DESEMPREGO

O desemprego é um dos problemas mais graves da economia capitalista moderna. Ele sempre
existiu, mas até duas décadas atrás era cíclico: as empresas demitiam funcionários quando
passavam uma recessão econômica e recontratavam quando a economia voltava a crescer. Hoje ,
há uma tendência das empresas reduzirem o número de vagas à medida em que adotam
processos inovadores de trabalho. Ao fechamento dessas vagas se contrapõe a criação de novas
oportunidades de empregos em outras áreas, para trabalhadores com alta qualificação.Pessoas
com baixa escolaridade acabam ficando à margem dessas contratações, em um fenômeno que foi
denominado estrutural. O desemprego deixou de estar vinculado a fases de recessão, por isso
existem altos índices de desemprego até mesmo em países que estão crescendo.Para
acompanhar a evolução do contingente de pessoas empregadas em determinada sociedade foram
criados índices de desemprego. No Brasil, o principal índice é o do IBGE.

Como se mede o desemprego?

No Brasil, as estatísticas relativas a emprego e desemprego são de responsabilidade do IBGE


(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – no Paraná- pelo IPARDES), e são divulgadas no
Anuário Estatístico do Brasil. O Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas) também
realiza e divulga informações sobre o assunto. E classificam a pesquisa em 03 categorias:
A partir de dezembro de 2002, o Dieese adotou uma nova metodologia para o cálculo do índice. O
mercado informal agora é levado em consideração. O número de cidades pesquisadas também
aumentou. E mudaram os critérios de idade e de período à procura de emprego. O IBGE
considerava desempregada a pessoa que estivesse procurando trabalho na última semana, e o
IBGE passou a incluir no índice de desemprego quem, por falta de opção, está no mercado
informal. Foram incluídos 16 municípios nas seis regiões metropolitanas que servem como base na
pesquisa.O objetivo da mudança foi atender às recomendações da OIT- Organização Internacional
do Trabalho.

-Empregado: toda pessoa que trabalhou a maior parte do mês anterior em um emprego
remunerado.

-Desempregado: a pessoa que está afastada temporariamente, que está em busca de emprego
ou que está à espera de iniciar em um novo emprego.

-Fora da força de trabalho: estudantes em tempo integral, donas de casa, aposentados. Nessa
categoria também se incluem os trabalhadores desestimulados - pessoas que querem trabalhar
mas desistiram de procurar emprego.

Força de trabalho = número de empregados + número de desempregados

Taxa de desemprego = número de desempregados x 100


Força de trabalho

Força de Trabalho é o número total de trabalhadores, incluindo empregados e desempregados.


Taxa de desemprego é o percentual da força de trabalho que não está empregada

Tipos de Desemprego (ou Desemprego Natural)


57

a) Desemprego friccional: Consiste de pessoas desempregadas temporariamente, ou


porque estão procurando emprego, ou porque estão no processo de mudança de
emprego.Resultante do funcionamento normal de uma economia. Ocorre porque:

1) Trabalhadores demitem-se para encontrar emprego melhor;


2) Empregadores demitem funcionários e procuram outros melhores para substituí-los
3) Os consumidores deixam de consumir certos produtos e passam a comprar outros, o
que diminui os empregos em certos setores e aumenta em outros e;
4) Avanço tecnológico torna obsoleto a especialização de alguns trabalhadores.

b) Desemprego estrutural : ocorre devido a alterações estruturais na economia. Dois


grupos principais compõem fundamentalmente o desemprego estrutural. O primeiro é
formado por desempregados aos quais falta instrução e capacitação profissional
necessárias à economia atual. O segundo grupo consiste em trabalhadores
especializados cujos conhecimentos se tornaram ultrapassados devido principalmente às
mudanças tecnológicas.

c) Desemprego cíclico ou involuntário: ocorre quando as pessoas desejam trabalhar ao


salário real vigente não encontram emprego.Resulta dos altos e baixos da economia.
Quando a demanda agregada está abaixo do nível de pleno emprego.

d) Desemprego sazonal: Ocorre em função da sazonalidade de determinados tipo de


atividade econômica, que acabam causando variações na demanda de trabalho em
diferentes épocas do ano.Esse é um fenômeno que ocorre particularmente na agricultura.

Segundo estudos do IBGE e do DIEESE, vem surgindo confirmações no sentido de que uma das
causas do desemprego no Brasil, entre outras, seria a baixa qualificação profissional dos
trabalhadores, aliadas a processos de inovação tecnológica, que estariam levando um número
cada vez maior de empresas a substituírem o trabalhador pela máquina. De acordo com esse
ponto de vista, bastaria o trabalhador voltar à escola e qualificar-se para novamente encontrar a
inserção no mercado de trabalho .Como o tempo médio do trabalhador brasileiro no sistema
educacional não é superior a 5 anos , seria necessário um período muito longo para que essa mão
de obra apresentasse os requisitos demandados pelas empresas.
A rigidez na legislação trabalhista seria outro fator a contribuir para a não ocorrência de estímulos
por parte das empresas para elevar os níveis de emprego.
Com relação ao desemprego ocasionado em decorrência de processos de inovação tecnológica,
haveria a necessidade de que a renda gerada com esses ganhos de produtividade proporcionasse
o crescimento e o surgimento de outras atividades. Assim, cada vez, que um processo de inovação
proporcionasse ganhos em produtividade, deveria ocorrer uma ampliação dos gastos para a
geração de trabalho em outros setores da atividade econômica.

Custo da mão de obra no Brasil - Segundo interpretação do DIEESE (1999), a composição do


salário do trabalhador corresponderia as seguintes parcelas:
Ø Salário contratual (incluindo férias);
Ø Salário adiado ou diferido, correspondendo ao 13º salário e férias;
Ø Salário recebido eventualmente, correspondendo a verbas rescisórias e FGTS.
Por outro lado seriam considerados encargos sociais os seguintes itens:
Ø Contribuição ao INSS;
Ø Seguro de acidentes de trabalho;
Ø Salário-educação;SESI/SESC;
Ø SENAI/SENAC;
Ø SEBRAE.
58

A partir desta classificação , os encargos sociais no Brasil ,segundo o DIEESE, representam


aproximadamente 30% do salário contratual do trabalhador, e não os 100%,como afirma
Pastore.

Segundo interpretação de José Pastore(1998) os encargos sociais para o setor industrial


(pessoal de produção):
Ø Grupo A: Obrigações Sociais - Previdência Social - 20,0
FGTS - 8,0
Salário Educação - 2,5
Acidente de Trabalho(média) 2,0
SESI 1,5
SENAI 1,0
SEBRAE 0,6
INCRA 0,2
Ø Grupo B: Tempo não trabalhado Repouso Semanal 18,91
Férias 9,45
Feriados 4,36
Abono de férias 3,64
Aviso Prévio 1,32
Auxilio-enfermidade 0,55

Tempo não trabalhado II 13º salário 10,91


Despesas rescisão contratual 2,57
Ø Incidências cumulativas grupo A/B 13,68
Incidência do FGTS sobre o 13º salário 0,87

TOTAL 102,06

Para Pastore, estes elevados encargos sociais aliados à rigidez da legislação


trabalhista, estariam impedindo o crescimento da economia, assim como a redução
nos níveis de desemprego

No Governo Fernando Henrique Cardoso ocorreu um pequeno movimento para a redução do custo
da mão de obra, com a criação dos contratos flexíveis de trabalho, de acordo com esta modalidade
também conhecido como contrato temporário, o trabalhador deixaria de receber alguns valores
relativos a verbas rescisórias, como o aviso prévio e a multa de 40% do FGTS, além do FGTS ser
fixado em 2%.
No entanto , no mercado de trabalho atual, a forma mais comum de “redução do custo de mão de
obra” tem sido o mecanismo de cooperativas. Outra mudança importante ocorrida neste período foi
o estabelecimento da Participação nos Lucros e Resultados-PLR. Através desse mecanismo as
empresas negociam com os trabalhadores um abono decorrente da participação nos lucros. No
entanto com este instrumento ficam desobrigadas, no momento do dissídio das categorias, de
oferecer aumentos reais de salários.
A desvantagem na forma de contratação desvinculada da CLT, reduzindo-se as pessoas
contratadas, automaticamente reduz-se o número de contribuintes ao INSS, agravando a situação
previdenciária brasileira.
No governo LULA, foi retomado o debate acerca de uma possível reforma trabalhista, sempre com
o argumento de reduzir custos para as empresas e aumentar o nível de emprego. Pontos que são
objeto de negociação:
Ø Redução ou eliminação da multa de 40%;
Ø Flexibilização das férias – concessão parcelada de acordo com o interesse da
empresa;
Ø Fim da licença maternidade
59

Também já foram apresentadas propostas no Congresso no sentido de transformar o saldo


do FGTS em papéis da dívida pública e recentemente na utilização de financiamento de
obras de infra estrutura (PAC- programa de aceleração do crescimento).

Trabalho:

Responda:

1) O desemprego pode ser utilizado como instrumento de combate à inflação? Explique


2) O desemprego está relacionada ao grau de instrução? Por quê?
3) Por que em determinadas áreas de atuação profissional existem vagas ociosas? Explique.

TEXTO

Analistas já veem o País em pleno emprego

Desemprego de 6,7%, dessazonalizado, já provoca pressões inflacionárias


30 de maio de 2010 | 0h 00
Fernando Dantas - O Estado de S.Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter sido modesto quando disse na semana passada que o Brasil
se aproxima do pleno emprego. Para diversos analistas, o País, na verdade, já ultrapassou a marca do "pleno
emprego" na visão econômica.

Nessa definição, o termo não significa que todo mundo que procura trabalho seja bem-sucedido. Na verdade,
trata-se de uma taxa de desemprego mínima a partir da qual começam a faltar trabalhadores em diversas
funções, levando à alta de salários, mas também a pressões de custos, que atiçam a inflação.

Assim, se a comemoração do presidente em relação ao pleno emprego é justificada, por outro lado esse é
mais um sinal de que a economia pode estar vivendo um período de superaquecimento em pleno ano
eleitoral, criando riscos inflacionários.

O pleno emprego é um indicador difícil de estimar, que varia muito de analista para analista. Mas o atual nível
da taxa de desemprego livre de influências sazonais, de 6,7% em abril, está abaixo ou bem abaixo da maioria
das estimativas de nível de pleno emprego obtidas pelo Estado - que correspondem a níveis de desemprego
entre 6,5% e 8,5%.

Essas taxas de desemprego referem-se à Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), com indicadores do mercado de trabalho das regiões metropolitanas de São
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife. Os bancos recalculam a série
eliminando os fatores sazonais, com resultados que são praticamente os mesmos.

"Já caímos abaixo do pleno emprego, em termos econômicos", diz Cristiano Souza, economista do
Santander. A estimativa da instituição é de que a "taxa neutra", ou "taxa não inflacionária" de desemprego - a
definição mais precisa usada hoje para pleno emprego - seja de 8%. Na verdade, bem no meio do intervalo de
7,5% a 8,5% calculado pelo próprio Banco Central (BC), no início de 2008, para o indicador.

Riscos. Uma taxa de desemprego abaixo do nível correspondente ao pleno emprego provoca escassez de
mão de obra em muitos setores e alta dos custos salariais, o que vem ocorrendo na construção civil. A
população empregada no setor cresceu 10,6% na comparação de abril de 2010 com o mesmo mês de 2009,
enquanto a população empregada como um todo crescia 4,3%. Dessa forma, no mesmo período, a renda
média real da construção aumentou 13,4%, comparado com uma alta de 2,3% para todos os trabalhadores.
"São as taxas mais fortes entre todos os setores", nota Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco.
60

Desde o início da atual série da PME, em março de 2002, o desemprego caiu quase pela metade em termos
dessazonalizados, saindo de 12,3% para 6,8% em abril de 2010. O movimento acelerou-se a partir de 2006,
quando o desemprego médio no ano ficou em 10%. Para 2010, o Banco Santander projeta um desemprego
médio de 6,8%, e o Bradesco, de 7,1% - ou seja, bem abaixo do nível de 8,1% em 2009, e mesmo da taxa
média de 7,9% em 2008, um ano de forte desempenho da economia.

Até o fim de 2010, as previsões variam de uma ligeira alta no desemprego em relação a abril até uma queda
expressiva. Uma das projeções mais fortes é a de Fábio Ramos, da Quest, gestora de recursos do ex-ministro
das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros.

Ramos prevê, baseado nos resultados sobre emprego formal do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged), que a taxa de desemprego dessazonalizada atinja 6% em dezembro deste ano. Itaú
Unibanco, Bradesco e Santander têm projeções para dezembro que variam de 6,6% a 7%. No caso do
Bradesco, a previsão é para a média do último trimestre.

"Se o fluxo de criação de vagas formais no Caged continuar na atual cadência, a taxa pode cair até para
menos de 6% no fim do ano", diz Ramos, referindo-se ao desemprego dessazonalizado. Ele acha mais
provável, porém, que o ritmo de criação de vagas formais caia do nível dos últimos meses, em torno de 200
mil, para algo mais próximo a 150 mil - o que o economista considera compatível com a previsão de
desemprego de 6% no fim do ano.

Bradesco e Itaú apostam que o mercado de trabalho continuará aquecido até o fim de 2010, mas num ritmo
menos explosivo que o do primeiro trimestre. Bicalho, do Itaú Unibanco, observa que os números do emprego
no momento refletem a atividade econômica muito acelerada do último trimestre de 2009 e do primeiro deste
ano, para a qual o banco prevê crescimento de 3% (ou 12,6% em termos anualizados). O economista acha
que, a partir de agora, a economia deve crescer a 1% ou pouco mais por trimestre, o que seria suficiente para
manter o desemprego próximo a 7% até o fim do ano.

No Departamento Econômico do Bradesco, nota-se que o mercado de trabalho exuberante faz com que mais
pessoas que estavam à margem busquem emprego, aumentando a população economicamente ativa. Isso,
por sua vez, pode reduzir o ritmo da queda do desemprego. O crescimento da população economicamente
ativa saltou de 1,4% em dezembro (ante mesmo mês do ano anterior) para 2,5% em abril.

"Esperamos que a melhora no mercado de trabalho continue, mas de forma mais lenta, já que o número de
pessoas procurando emprego deverá aumentar, em conformidade com as notícias favoráveis", diz Octavio de
Barros, diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco.
61

• GLOBALIZAÇÃO

“A notícia do assassinato do presidente norte-americano Abraham Lincoln, em 1865, levou


13 dias para cruzar o Atlântico e chegar a Europa. A queda da Bolsa de Valores de Hong
Kong, em 1997, levou 13 segundos para cair como um raio sobre São Paulo, Tóquio, Nova
York e Tel Aviv, Buenos Aires e Frankfurt. Eis ao vivo e em cores, a globalização”.

Clóvis Rossi- do Conselho Editorial-Folha de São Paulo)

O mundo passa por transformações em praticamente todas as atividades humanas, o que inclui o
universo empresarial. Sistemas de produção foram modernizados, novos mercados surgiram, as
informações se multiplicaram e o consumidor ficou mais exigente. A globalização derrubou
fronteiras e hoje já não existem regiões remotas no mundo: o que acontece em um extremo do
planeta repercute no outro. Mas se, por outro lado, os mercados se ampliaram, por outro lado a
competição cresceu.
A rapidez desse processo fez com que especialistas batizassem o atual período como a era da
velocidade do conhecimento.Conceitos como qualidade, produtividade e eficiência passaram a ser
questionados. E como acontece em todos os processos de evolução, surgiu um novo elemento, a
competitividade. Ela está por trás dos preços que pagamos por um produto, da qualidade da infra-
estrutura (estradas, portos, energia, telecomunicações) que utilizamos, da eficiência dos serviços
públicos e dos investimentos feitos em pesquisa e desenvolvimento. Enfim, a competitividade está
presente em tudo e também essa presença tem um nome : Competitividade Global.
Globalização é o conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial que vem
acontecendo nas últimas décadas. O ponto central da mudança é a integração dos mercados
numa “aldeia-global”, explorada pelas grandes corporações internacionais. Os Estados abandonam
gradativamente as barreiras tarifárias para proteger sua produção da concorrência dos produtos
estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao capital internacional. Esse processo tem sido
acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de informação (telefones computadores e
televisão).As fontes de informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e à
crescente popularização dos canais de televisão por assinatura e da Internet. Isso faz com que os
desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da economia e comecem a provocar uma
certa homogeneização cultural entre os países.
A globalização é marcada pela expansão mundial das grandes corporações internacionais.
Outro ponto importante desse processo são as mudanças significativas no modo de produção das
mercadorias. Auxiliadas pelas facilidades na comunicação e nos transportes, as multinacionais
instalam suas fábricas em qualquer lugar do mundo onde existam as melhores vantagens fiscais,
mão-de-obra e matérias-primas baratas.Essa tendência leva a uma transferência de empregos dos
países ricos- que possuem altos salários e inúmeros benefícios- para as nações industriais
emergentes, como os Tigres Asiáticos . Os resultados desse processo é que, atualmente, grande
parte dos produtos não tem mais uma nacionalidade definida. Um automóvel de marca norte-
americana pode conter peças fabricadas no Japão, ter sido projetado na Alemanha, montado no
Brasil e vendido no Canadá.
Quando o mundo começou a ficar globalizado? Fala-se em início dos anos 80, quando a tecnologia
de informática se associou à de telecomunicações, outros acreditam que globalização começou
mais tarde com a queda das barreiras comerciais.
A eliminação dos postos de trabalho representa o lado mais perverso da globalização. Uns
ganham muito, outros ganham menos, outros perdem. Na prática a globalização exige maior
tecnologia e a mão-de-obra desqualificada é descartada. A globalização da economia, pelo menos
na fase de transição que impõe a todos os países, cria um contingente de mão-de-obra desativada,
via eliminação de empregos em setores nos quais o país não consegue competir. O estímulo à
mecanização da agricultura, dispensando mão de obra, por outro lado, acelera o êxodo rural. Essa
massa de excluídos do processo de integração da economia acaba por provocar grave degradação
ambiental, principalmente o ambiente urbano, criando invasões de áreas não urbanizadas e
favelas. A degradação do meio ambiente urbano – destruição de atributos naturais, poluição das
62

águas, perturbações da segurança e da saúde pública., prejuízos na estética urbana, etc,- resulta
na perda da qualidade de vida, tanto dos novos como dos antigos moradores urbanos. O
ressurgimento de epidemias e endemias supostamente extintas é um dos ângulos mais visíveis
desta questão. Para uma transição menos traumática para uma economia globalizada, a sociedade
deveria estar disposta e preparada para prover condições mínimas de subsistência aos que,
provisória ou definitivamente, não se adaptassem às novas condições de acesso ao mercado de
trabalho globalizado. Seria o preço a pagar pela tranqüilidade pública, por usufruir os benefícios
materiais que a nova ordem econômica pode trazer àqueles mais aptos a obter os bens de
consumo, o luxo, a comodidade e o conforto material que o sistema capitalista pode prover. Sem
essa disposição da sociedade em dividir resultados, o meio ambiente como um todo sofrerá graves
conseqüências, afetando profundamente nossas vidas e comprometendo o nosso futuro. O
problema não é só individual, é um drama nacional dos países mais pobres, que perdem com as
desvalorização da matérias-primas que exportam e o atraso tecnológico.
A ONU comprova que a globalização está concentrando renda: os países ricos ficam mais ricos, e
o pobres, mais pobres. Um dos motivos é a redução das tarifas de importação que beneficiou muito
mais os produtos exportados pelos mais ricos, e ainda, os países mais ricos continuam a subsidiar
seus produtos agrícolas, inviabilizando as exportações dos países mais pobres.
Mas a globalização também oferece perspectivas positivas para o meio ambiente. Até pouco
tempo era comum a manutenção, até por empresas multinacionais, de tecnologias ultrapassadas
em países mais pobres e com consumidores menos exigentes. A escala global de produção tem
tornado desinteressante, sob o ponto de vista econômico esta prática. É o caso por exemplo dos
automóveis brasileiros. Enquanto a injeção eletrônica era comum na maior parte do mundo, por
aqui fabricavam motores carburados, de baixa eficiência e com elevados índices de emissão de
poluentes. Com a abertura do mercado brasileiro aos automóveis importados, ocorrida no início
dos anos 90, a indústria automobilística aqui instalada teve que se mover. Rapidamente começou
a utilizar os mesmos motores e os mesmos modelos de carrocerias usadas nos países de origem
das montadoras. Os efeitos sobre a emissão de poluentes dos veículos foi notável, dados mostram
que os automóveis fabricados em 1996 emitem cerca de um décimo da quantidade de poluentes
que emitiam os fabricados na década de 80. Os efeitos não são ainda notados na qualidade do ar
das cidades grandes ainda, isto porque, a maior parte da frota de veículos em circulação é antiga.
Outro efeito positivo da globalização da economia sobre o meio ambiente é a criação de uma
indústria e de um mercado ligados à proteção e recuperação ambiental. Nesta lista incluem-se
equipamentos de controle da poluição, sistemas de coleta, tratamento e reciclagem de resíduos
sólidos e líquidos, inclusive lixo e esgotos urbanos. São setores que movimentam fortes interesses
econômicos, os quais acabam por influenciar os poderes públicos para que as leis ambientais
sejam mais exigentes e haja instituições mais eficientes para torná-las efetivas.

No Brasil as grandes transformações ocorreram no início doa anos 90 com a administração


conturbada do Presidente Fernando Collor de Mello. Os reflexos desta gestão são sentidos na
performance de resultados dos setores público e privado até os dias de hoje.
As Escolas de Administração de Empresas a partir do início da década de 90 se modificaram e
assumiram um papel ainda mais relevante na formação de executivos se compararmos a períodos
anteriores. A Economia Brasileira se transformou nestes últimos anos exigindo novas posturas do
administrador, seja na gestão de recursos públicos ou na de fatores de produção privados. E, quais
as novas exigências e dificuldades do ensino para capacitar profissionais a vencer o desafio de
trabalhar em equipe, ser multifuncional e ao mesmo tempo obter resultados para suas
organizações.
Se não bastassem estas dificuldades, nossa economia está inserida num mundo globalizado,
com mercados integrados e parceiros comerciais cada vez mais fortes.

1 - A TRANSFORMAÇÃO ECONÔMICA

Na década de 80, convivíamos com altas taxas de inflação; baixo crescimento do PIB; indexação
econômica através da correção monetária sobre preços públicos, privados e aplicações
financeiras. Nossa economia era fechada a produtos estrangeiros e sofríamos com a forte atuação
de oligopólios e monopólios controlando preços e salários.
63

O seqüestro monetário da administração Collor foi um marco na administração pública e privada do


país. Somado ao início da abertura econômica e do processo de privatização de estatais, o cenário
brasileiro começa a se modificar.

Na primeira metade da década de 90, a inflação começa a declinar; elimina-se a indexação e a


correção monetária; a partir do setor automobilístico o Brasil abre sua economia ao mercado
externo; inicia-se o processo de privatização de estatais e com mais produtos importados aumenta-
se a concorrência interna.

Principais itens conjunturais que mudaram a economia brasileira nas décadas de 80 e 90.

REALIDADE DA DÉCADA DE 80 REALIDADE DA DÉCADA DE 90


Alta inflação Baixa inflação
Pequeno crescimento econômico Pequeno crescimento econômico
Indexação e correção monetária Fim da indexação e correção monetária
Economia fechada Economia aberta
Estatais fortes Início do processo de privatizações
Concorrência interna fraca Concorrência interna forte

Da conjuntura econômica do país à política de negócios da empresa muita coisa se alterou e o


primeiro agente a mudar sua postura administrativa foi a empresa.

PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS DA DÉCADA DE 80

As empresas não tinham preocupação com preços dos produtos e serviços pois, mensalmente
alteravam a tabela com percentuais iguais ou até maiores aos da inflação o que permitia encobrir
problemas gerenciais de todos os tipos.
• Não preocupavam-se com CUSTOS, simplesmente alteravam as tabelas de preços.
• A CONTABILIDADE era efetuada apenas por exigências fiscais.
• As empresas auferiam LUCROS FINANCEIROS em volume maior do que LUCROS
OPERACIONAIS.
Na primeira metade da década de 90, o contexto se modifica, a redução do lucro financeiro
associado à queda da inflação e a baixa liquidez da economia fazem com que as empresas a partir
de então, tivessem que sobreviver obtendo lucros operacionais, isto é, do seu negócio.

Programas de Produtividade e Qualidade ganham força, escritórios, sedes, fábricas são


fechadas, negócios concentrados, o comércio sofre muito. Vimos grandes magazines
cresceram velozmente na década de 80 baseados na correção monetária e no lucro
financeiro.

Infelizmente, com a mesma velocidade de crescimento estas organizações tem diminuído de


tamanho, faliram ou foram vendidas .
O setor privado se ajustou, encolheu, obteve lucro operacional, melhorou a produtividade e sofreu
com a concorrência dos produtos importados. Setores como o têxtil e de calçados foram
duramente atingidos e outros como o automobilístico reagiram melhor à competitividade externa
num primeiro momento.
Contabilidade, custos e preços, que estavam fora ‘de moda’ nos anos 80, agora tem papel
fundamental na gerência dos negócios, na medida em que fornecem informações gerenciais para
tomada de decisões. A partir do anos 90, a regra não é aumentar preços mas sim reduzi-los.
Nossas empresas passaram 10 anos sem se preocupar com custos e reajustando preços
mensalmente sem dificuldade, porém, desde 94 com o Plano Real , o fim da inflação, da indexação
e da correção monetária , os preços passam a ser uma arma competitiva.

NA DÉCADA DE 80 NA DÉCADA DE 90
Reajuste mensal de preços Reajuste de preços para baixo
Sem preocupação com custos Alta preocupação com custos
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Lucros financ.> Lucros operacionais Lucros operac. > Lucros financeiros


Preços com enfoque secundário Preços como arma competitiva
Contabilidade com fins fiscais Contabilidade com fins gerenciais

Podemos fazer uma analogia entre a administração pública e privada, pois os preços das tarifas se
estabilizaram; o imposto inflacionário junto com o ‘lucro’ das aplicações financeiras cessou e não
resta outra alternativa aos dirigentes senão ‘sobreviver do lucro do seu negócio’, isto é , melhorar a
qualidade de vida da população investindo em saúde, educação e transporte. Parece fácil, mas
não é, as reformas administrativa, fiscal e da previdência são fundamentais para equacionar as
contas públicas e permitir aos nosso representantes eleitos investir adequadamente os impostos
arrecadados.

- GLOBALIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE MERCADOS

O administrador deve ter tido a oportunidade de adquirir o conhecimento e ter sido


treinado em relacionar a conjuntura econômica com ambiente de negócios da organização,
de modo a estabelecer estratégias para a mesma. Com este enfoque, uma crise seja ela de
vendas ou de origem administrativa pode ser encarada como uma oportunidade de
crescimento ou uma ameaça a sua sobrevivência. A globalização e integração de mercados
em blocos econômicos é uma realidade que não tem volta e pode ser encarada como uma
ameaça às organizações ou uma oportunidade de novos negócios para as mesmas. Entre as
ameaças podemos destacar, o acirramento da competitividade no mercado local; o curto
espaço de tempo para se tornar competitivo; a falta de recursos para investimentos; a rápida
mobilidade de capital (dinheiro, mão de obra, máquinas e equipamentos) e a diferença
tecnológica que prejudica os países em desenvolvimento (maiores taxas de desemprego e
redução do número de empresas).
Por outro lado, surgem novas oportunidades dentre as quais a ampliação dos mercados; a
troca de know-how administrativo, tecnológico e fabril; a contratação de tecnologia de ponta mais
fácil; a mobilidade de capital e o aumento da qualidade dos produtos e serviços oferecidos aos
mercados.

A tabela abaixo resume as ameaças e oportunidades das organizações frente o processo de globalização
e integração de mercados.

Ameaças e Oportunidades da Globalização e Integração de Mercados

AMEAÇAS OPORTUNIDADES

Maior competitividade no mercado local Ampliação dos mercados


Curto espaço de tempo para competitividade Troca de know-how
Falta de recursos investimento Contratação de tecnologia mais fácil
Diferença tecnológica entre países Menor diferença tecnológica entre
os países os países
Baixa qualidade e produtividade Alta qualidade e produtividade
Mobilidade de capital Mobilidade de capital
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• Crescimento Econômico

A taxa de crescimento do produto de um país varia dramaticamente ao longo dos ciclos


econômicos.Assim que emergimos de uma recessão, a economia pode crescer muito
rapidamente , até com taxas que excedem 5% ou 6% ao ano, assim que os trabalhadores
desempregados e equipamentos ociosos sejam postos para trabalhar. Porem, a expressão
crescimento econômico, mas sim ao crescimento do produto potencial da economia ou o
produto de pleno emprego, mensurado em períodos bem longos de tempo. O crescimento
econômico depende de aumentos na quantidade e qualidade de dois insumos
macroeconômicos básicos do processo de produção - capital e trabalho e da melhoria
na forma como esses insumos são combinados. A seguir apresentamos os principais
determinantes do crescimento do PIB:
1. Aumento no tamanho da forca de trabalho- exemplos de políticas voltadas para o
lado da oferta que afetam o tamanho da forca de trabalho como as leis relativas `a
imigração, aos subsídios hospitalares, aos benefícios previdenciários e aos
incentivos fiscais.
2. Aumento na qualidade da forca de trabalho- exemplos de políticas voltadas para o
lado da oferta que influenciam na qualidade da mao de obra como subsídios a
programas de capacitação profissional e apoio as escolas técnicas orientadas mais
de perto `as necessidades da industria.
3. Aumento no tamanho do estoque de capital fisico- (equivale ao numero de
instalações produtivas e ao montante de equipamentos disponíveis `as empresas).
Exemplos de políticas voltadas para o lado da oferta que afetam o tamanho do
estoque de capital fixo como os incentivos fiscais aos investimentos e `a poupanca.
4. Aumento na qualidade do estoque de capital fisico – Exemplos de políticas voltadas
para o lado da oferta que influenciam a qualidade do capital como incentivos fiscais
`a pesquisa e desenvolvimento e `a promoção para um ambiente competitivo nos
mercados.
5. Melhorias na forma pela qual o capital e o trabalho são combinados para a
produção.- As melhorias podem se dar por meio de melhores relações entre patrões
e empregados, estratégias de estoques Just-in-time (que evitam o acumulo
desnecessário de estoques), maior divisão do trabalho (especialização), economias
de escala ou migração de trabalhadores de áreas de baixa produtividade para áreas
de produtividade mais elevada, tais como a migração do campo para a cidade.

Embora muitos considerem as mudanças tecnológicas como o fator determinante para o


crescimento econômico, elas são incorporadas no trabalho e no capital que são os insumos
básicos do processo produtivo.

Associado ao conceito de crescimento econômico esta o aumento do padrão de vida


material da sociedade. Seu principal determinante ‘e a produtividade da economia, medida
por produção por hora de trabalho. O crescimento na produtividade da economia ‘e
resultado de aumentos no capital físico, de melhorias na qualidade do trabalho, do
capital e de aperfeiçoamentos na maneira como o capital e o trabalho são combinados.
66

O papel de cada um desses fatores ‘e afetado pelas características institucionais da


economia, tais como a cultura nas relações de trabalho, a iniciativa empresarial, a
população e a habilidade dessa população em se adaptar `as mudanças.

Um meio interessante de medir as melhorias na produtividade ‘e calcular o numero de


horas de trabalho necessárias para ganhar dinheiro suficiente para pagar pelos bens e
serviços adquiridos. Utilizando como referencia um salário médio(americano), ao longo do
tempo as pessoas precisaram trabalhar menos e por menos horas para comprar coisas.
Muitos exemplos são bem espetaculares porque se referem a itens que sofreram diminuição
de preços ao longo do tempo, como aparelhos de TV, computadores, fornos de
microondas.Em 1984, um aparelho de vídeo custava 54 horas de trabalho, em 1997 custava
apenas 15 horas de trabalho. Outros exemplos são mais modestos como uma pizza que
1980 custava 66 minutos de trabalho e em 1997 custava 50 minutos.

O Brasil não possui muitos dados e estudos sobre a evolução de sua produtividade nacional,
pelo menos no que diz respeito ao longo prazo.Os períodos de grande inflação que nosso
pais enfrentou dificultam a utilização de uma unidade monetária de referencia e sobre os
preços relativos de equilíbrio. A forte concentração de renda brasileira também tornam
discutíveis as estimativas baseadas em salários médios.Por outro lado, a maior exposição ao
mercado internacional a partir de 1990, levou alguns setores a acelerar o aumento de sua
produtividade, ainda que `as custas de redução do emprego de trabalhadores.

Fatores que afetam a produtividade:

• Reduções do investimentos do governo em infra-estrutura (estradas, aeroportos,


sistemas de distribuição de água,etc) afetam a produtividade do capital privado e,
consequentemente, afetam o crescimento econômico. Uma diminuição da taxa de
poupança do pais afeta o montante de recursos disponíveis para investimentos.
• Para que ocorram aumentos de produtividade, tanto o mercado de trabalho como o
mercado de bens devem ser flexíveis no sentido de permitir que a competição leve
as empresas antigas e ineficientes a morrer para que as empresas novas e mais
eficientes as substituam.
• Ao longo do tempo, as mudanças tecnológicas afetam o que é produzido, o modo
pelo qual se produz e as habilidades requeridas da forca de trabalho. Embora tais
mudanças demonstrem a flexibilidade exigida dos mercados, essas mudanças
podem levas a reduções no crescimento econômico futuro.Ex.: Trabalhadores que
saem do campo e vão para os grandes centros, no futuro vai comprometer a
produção do campo.

O Processo de crescimento da produtividade

O economista Joseph Schumpeter descreveu a essência do capitalismo como uma


mutação continua das empresas e dos mercados, na qual as empresas tradicionais
prosperavam e então morriam, sendo substituídas por novas empresas. Schumpter chamou
esse processo de destruição criadora.
67

Uma nova tecnologia invariavelmente destrói muito mais empregos do que cria. De fato,
essa ‘e a essência de como os aumentos de produtividade são injetados para dentro da
economia. Menos trabalhadores são necessários para produzir a mesma quantidade,
permitindo que os postos excedentes para trabalhar produzam um bônus `a economia
(produção extra) que não seria possível antes da entrada da nova tecnologia. Esse processo
pode ter longo alcance. Em 1800, aproximadamente 90 % da população dos Estados
Unidos estava no campo, mas hoje ‘e menos de 3%.
Um efeito colateral infeliz desse processo ‘e que novas tecnologias geralmente requerem
trabalhadores com habilidades novas, de modo que aqueles com habilidades velhas se
tornam desempregados. Compreensivamente, os trabalhadores acham difícil se adaptar a
tais mudanças, resultando em desemprego de longo prazo, recessão e lentidão do
crescimento. Por exemplo, ferreiros de cavalos não conseguem empregos como mecânicos
de carros. Esses desempregados descobrem que o progresso tecnológico e as mudanças
institucionais decorrentes extinguiram empresas inteiras, revolucionaram produtos e
habilidades humanas e alteraram dramaticamente a natureza do próprio trabalho. As
décadas passadas assistiram ao crescimento dramático do aluguel de fitas de vídeo (e mais
recentemente dos DVDs), do desenvolvimento de softwares, da prestação de serviços e da
industria cinematográfica, assim como significantes decréscimos nas atividades associadas
a bens de couro animal, embalagens de vidro, cinemas de rua, etc. O numero de
empregados nas ferrovias, sapateiros, telefonistas também reduziu, enquanto ocupações
relacionadas a técnicas medicas, programação de computadores, esportes se expandiram.
Embora esse processo se de a medida que ocorre um fluxo continuo de inovações,
algumas delas são tão importantes que exageram a percepção de qualquer recessão
subseqüente e posterior redução do crescimento. A revolução industrial ‘e o exemplo mais
conhecido. Exemplos mais recentes incluem o período entre 1880 a 1930, com o
surgimento da energia elétrica, da química, do motor de combustão interna e da linha de
montagem das fabricas; o período entre 1940 e 1970, com o desenvolvimento dos plásticos,
das fibras sintéticas,, dos motores a jato, da televisão e das corporações multinacionais; e,
mais recentemente, a revolução dos computadores, e da informática baseada em
computadores pessoais, biotecnologia, redes de telecomunicações e ambientes de trabalho
enxutos, flexíveis, descentralizados e não-hierárquicos.
Na verdade,tais períodos de grandes inovações introduzem ciclos de ondas longas. A
recessão decorrente de inovações significantes tende a perdurar- com crescimento
estagnado,descarte de estoque de capital obsoleto,grande desemprego estrutural e tensão
social- apenas ate que surja uma nova geração de trabalhadores,desvencilhada do velho
modo de fazer as coisas. A economia então se reconstrói ao redor da nova tecnologia e sua
infra estrutura relacionada, criando um período prolongado de expansão econômica, em
meio ao qual ocorrem ciclos econômicos normais.
Alguns economistas acreditam em redução da produtividade foi devida, em parte, a
passagem por meio do vale, de um ciclo de onda longa. Já a aparente recuperação do
crescimento da produtividade representa o começo de um período de expansão de onda
longa baseado em Internet, telecomunicações e tecnologias de computador.
O fenômeno da destruição criadora ‘e o processo pelo qual os aumentos de
produtividade são implementados, aumentando nosso padrão de vida.
Para facilitar este ajustamento os governos deveriam facilitar o retreinamento
(capacitação) dos trabalhadores.
Texto- 15 decisões que fizeram história-revista exame-anexo 3
68

Introdução a Economia Monetária

Origem e Evolução do Dinheiro


Escambo

A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa evolução.

No início não havia moeda. Praticava-se o escambo, simples troca de mercadoria por mercadoria,
sem equivalência de valor.

Assim, quem pescasse mais peixe do que o necessário para si e seu grupo trocava este excesso
com o de outra pessoa que, por exemplo, tivesse plantado e colhido mais milho do que fosse
precisar. Esta elementar forma de comércio foi dominante no início da civilização, podendo ser
encontrada, ainda hoje, entre povos de economia primitiva, em regiões onde, pelo difícil acesso, há
escassez de meio circulante, e até em situações especiais, em que as pessoas envolvidas efetuam
permuta de objetos sem a preocupação de sua equivalência de valor. Este é o caso, por exemplo,
da criança que troca com o colega um brinquedo caro por outro de menor valor, que deseja muito.

As mercadorias utilizadas para escambo geralmente se apresentam em estado natural, variando


conforme as condições de meio ambiente e as atividades desenvolvidas pelo grupo,
correspondendo a necessidades fundamentais de seus membros. Nesta forma de troca, no
entanto, ocorrem dificuldades, por não haver uma medida comum de valor entre os elementos a
serem permutados.
Moeda-Mercadoria
Algumas mercadorias, pela sua utilidade, passaram a ser mais procuradas do que outras.

Aceitas por todos, assumiram a função de moeda, circulando como elemento trocado por outros
produtos e servindo para avaliar-lhes o valor. Eram as moedas–mercadorias.
69

O gado, principalmente o bovino, foi dos mais utilizados; apresentava vantagens de locomoção
própria, reprodução e prestação de serviços, embora ocorresse o risco de doenças e da morte.

O sal foi outra moeda–mercadoria; de difícil obtenção, principalmente no interior dos continentes,
era muito utilizado na conservação de alimentos. Ambas deixaram marca de sua função como
instrumento de troca em nosso vocabulário, pois, até hoje, empregamos palavras como pecúnia
(dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina pecus (gado). A palavra
capital (patrimônio) vem do latim capita (cabeça). Da mesma forma, a palavra salário
(remuneração, normalmente em dinheiro, devida pelo empregador em face do serviço do
empregado) tem como origem a utilização do sal, em Roma, para o pagamento de serviços
prestados.

No Brasil, entre outras, circularam o cauri – trazido pelo escravo africano –, o pau-brasil, o açúcar,
o cacau, o tabaco e o pano, trocado no Maranhão, no século XVII, devido à quase inexistência de
numerário, sendo comercializado sob a forma de novelos, meadas e tecidos.
70

Com o passar do tempo, as mercadorias se tornaram inconvenientes às transações comerciais,


devido à oscilação de seu valor, pelo fato de não serem fracionáveis e por serem facilmente
perecíveis, não permitindo o acúmulo de riquezas.

Metal
Quando o homem descobriu o metal, logo passou a utilizá-lo para fabricar seus utensílios e armas
anteriormente feitos de pedra.

Por apresentar vantagens como a possibilidade de entesouramento, divisibilidade, raridade,


facilidade de transporte e beleza, o metal se elegeu como principal padrão de valor. Era trocado
sob as formas mais diversas. A princípio, em seu estado natural, depois sob a forma de barras e,
ainda, sob a forma de objetos, como anéis, braceletes etc.

O metal comercializado dessa forma exigia aferição de peso e avaliação de seu grau de pureza a
cada troca. Mais tarde, ganhou forma definida e peso determinado, recebendo marca indicativa de
valor, que também apontava o responsável pela sua emissão. Essa medida agilizou as transações,
dispensando a pesagem e permitindo a imediata identificação da quantidade de metal oferecida
para troca.
Moedas Antigas
Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com características das atuais: são
pequenas peças de metal com peso e valor definidos e com a impressão do cunho oficial, isto é, a
marca de quem as emitiu e garante o seu valor.
71

As moedas refletem a mentalidade de um povo e de sua época. Nelas podem ser observados
aspectos políticos, econômicos, tecnológicos e culturais. É pelas impressões encontradas nas
moedas que conhecemos, hoje, a efígie de personalidades que viveram há muitos séculos.
Provavelmente, a primeira figura histórica a ter sua efígie registrada numa moeda foi Alexandre, o
Grande, da Macedônia, por volta do ano 330 a.C.

A princípio, as peças eram fabricadas por processos manuais muito rudimentares e tinham seus
bordos irregulares, não sendo, como hoje, peças absolutamente iguais umas às outras.
Ouro, Prata e Cobre
Os primeiros metais utilizados na cunhagem de moedas foram o ouro e a prata. O emprego destes
metais se impôs, não só pela sua raridade, beleza, imunidade à corrosão e valor econômico, mas
também por antigos costumes religiosos. Nos primórdios da civilização, os sacerdotes da
Babilônia, estudiosos de astronomia, ensinavam ao povo a existência de estreita ligação entre o
ouro e o Sol, a prata e a Lua. Isto levou à crença no poder mágico destes metais e no dos objetos
com eles confeccionados.

A cunhagem de moedas em ouro e prata se manteve durante muitos séculos, sendo as peças
garantidas por seu valor intrínseco, isto é, pelo valor comercial do metal utilizado na sua
confecção. Assim, uma moeda na qual haviam sido utilizados vinte gramas de ouro, era trocada
por mercadorias neste mesmo valor.

Durante muitos séculos os países cunharam em ouro suas moedas de maior valor, reservando a
prata e o cobre para os valores menores. Estes sistemas se mantiveram até o final do século
passado, quando o cuproníquel e, posteriormente, outras ligas metálicas passaram a ser muito
empregados, passando a moeda a circular pelo seu valor extrínseco, isto é, pelo valor gravado em
sua face, que independe do metal nela contido.

Com o advento do papel-moeda a cunhagem de moedas metálicas ficou restrita a valores


inferiores, necessários para troco. Dentro desta nova função, a durabilidade passou a ser a
qualidade mais necessária à moeda. Surgem, em grande diversidade, as ligas modernas,
produzidas para suportar a alta rotatividade do numerário de troco.
Moeda de Papel
Na Idade Média, surgiu o costume de se guardarem os valores com um ourives, pessoa que
negociava objetos de ouro e prata. Este, como garantia, entregava um recibo. Com o tempo, esses
recibos passaram a ser utilizados para efetuar pagamentos, circulando de mão em mão e dando
origem à moeda de papel.
72

No Brasil, os primeiros bilhetes de banco, precursores das cédulas atuais, foram lançados pelo
Banco do Brasil, em 1810. Tinham seu valor preenchido à mão, tal como, hoje, fazemos com os
cheques.

Com o tempo, da mesma forma ocorrida com as moedas, os governos passaram a conduzir a
emissão de cédulas, controlando as falsificações e garantindo o poder de pagamento.

Atualmente quase todos os países possuem seus bancos centrais, encarregados das emissões de
cédulas e moedas.

A moeda de papel evoluiu quanto à técnica utilizada na sua impressão. Hoje a confecção de
cédulas utiliza papel especialmente preparado e diversos processos de impressão que se
complementam, dando ao produto final grande margem de segurança e condições de durabilidade.
Sistema Monetário
O conjunto de cédulas e moedas utilizadas por um país forma o seu sistema monetário. Este
sistema, regulado através de legislação própria, é organizado a partir de um valor que lhe serve de
base e que é sua unidade monetária.

Atualmente, quase todos os países utilizam o sistema monetário de base centesimal, no qual a
moeda divisionária da unidade representa um centésimo de seu valor.

Normalmente os valores mais altos são expressos em cédulas e os valores menores em moedas.
Atualmente a tendência mundial é no sentido de se suprirem as despesas diárias com moedas. As
ligas metálicas modernas proporcionam às moedas durabilidade muito superior à das cédulas,
tornando-as mais apropriadas à intensa rotatividade do dinheiro de troco.

Os países, através de seus bancos centrais, controlam e garantem as emissões de dinheiro. O


conjunto de moedas e cédulas em circulação, chamado meio circulante, é constantemente
renovado através de processo de saneamento, que consiste na substituição das cédulas gastas e
rasgadas.
Cheque
Com a supressão da conversibilidade das cédulas e moedas em metal precioso, o dinheiro cada
vez mais se desmaterializa, assumindo formas abstratas.

Esse documento, pelo qual se ordena o pagamento de certa quantia ao seu portador ou à pessoa
nele citada, visa, primordialmente, à movimentação dos depósitos bancários.
73

O importante papel que esse meio de pagamento ocupa, hoje, na economia, deve-se às inúmeras
vantagens que proporciona, agilizando a movimentação de grandes somas, impedindo o
entesouramento do dinheiro em espécie e diminuindo a necessidade de troco, por ser um papel
preenchido à mão , com a quantia de que se quer dispor .O dinheiro, seja em que forma se
apresente, não vale por si, mas pelas mercadorias e serviços que pode comprar. É uma espécie de
título que dá a seu portador a faculdade de se considerar credor da sociedade e de usufruir,
através do poder de compra, de todas as conquistas do homem moderno.
Moeda Eletrônica
O termo Eletronic Money (e-money), também chamado de eletronic cash ou digital cash, ainda não
tem uma definição precisa. Refere-se a transações efetuadas eletronicamente com o propósito de
transferir fundos de uma parte para outra. Digital cash por si só é basicamente um valor corrente e
as transações realizadas com ele podem ser visualizadas como uma troca de moedas no mercado.
Isto porque antes de utilizar o dinheiro digital é necessário disponibilizá-lo de alguma forma .

O dinheiro eletrônico representa a oportunidade de transformar totalmente o sistema de


pagamentos: novas moedas podem ser criadas e negociadas pelas empresas, sem deixar de lado
as premissas já adotadas pelas instituições financeiras tradicionais como segurança, confiabilidade
e sigilo.

A moeda não foi, pois, genialmente inventada, mas surgiu de uma necessidade e sua evolução
reflete, a cada momento, a vontade do homem de adequar seu instrumento monetário à realidade
de sua economia. Atualmente o uso das moedas é controlado pelo governo de cada país. Cabe-lhe
decidir qual a unidade básica de moeda em circulação, que papel-moeda deve ser feito e que
metal deve ser empregado para fabricar moedas. O valor nominal da moeda está relacionado ao
seu valor de compra. O seu valor real depende da quantidade de mercadoria que pode ser
comprada com ela. Se esse valor real cai, isto é, se a quantidade de mercadorias que se compra
com ela é menor do que em tempos normais, diz-se que há inflação.

Atualmente, portanto, um país não emite moeda baseada na quantidade de ouro que possui, mas
na quantidade suficiente para o funcionamento do Sistema Econômico.
Período Moeda vigente Símbolo
Até 01/11/1942 Réis --
A partir de 01/11/1942 Cruzeiro Cr$
A partir de 13/02/1967 Cruzeiro Novo NCr$
A partir de 15/05/1970 Cruzeiro Cr$
A partir de 28/02/1986 Cruzado Cz$
A partir de 16/01/1989 Cruzado Novo NCz$
A partir de 16/03/1990 Cruzeiro Cr$
A partir de 01/08/1993 Cruzeiro Real CR$
A partir de 01/07/1994 Real R$

Fonte: www.bcb.gov.br

As principais características da moeda são:

Raridade, Durabilidade, Transferibilidade, Homogeneidade, Divisibilidade, facilidade de manuseio e


transporte.

As funções da moeda são:


74

• Intermediária de trocas: Superação do escambo, operação de economia monetária,


melhor especialização e divisão social do trabalho, transações com menor tempo e
esforço, melhor planejamento de bens e serviços.

• Medida de valor: Unidade padronizada de medida de valor, denominador comum de


valores, racionaliza informações econômicas, constrói sistema agregado de contabilidade
social, produção, investimento, consumo, poupança.

• Reserva de valor: Alternativa para acumular riqueza, liquidez por excelência, pronta
aceitação consensual.

• Função liberatória : Liquida débitos e saldas dívidas, poder garantido pelo estado.

• Padrão de pagamentos: Permite realizar pagamentos ao longo do tempo, permite crédito


e adiantamento, viabiliza fluxo de produção e de renda.

Existem 04 situações possíveis relacionadas à variação do valor da moeda ( ou aos índices de


variações de preços)

• A inflação
• A desinflação
• A deflação
• A reflação

A inflação: A definição básica para inflação é a elevação do nível geral de preços da economia.
É a categoria predominante de variação do valor da moeda. Trata-se de um fenômeno universal,
comum a praticamente todos os países. Corresponde a uma alta intensa, persistente e
generalizada dos preços dos bens e serviços, expressos pelo padrão monetário corrente.Para o
mercado financeiro, a importância de acompanhar a inflação tem relação com a política monetária,
pois o Banco Central determina o nível da taxa de juros básica (selic) olhando principalmente para
os índices de Inflação do país.
TIPOS DE INFLAÇÃO

Inflação monetária ou de demanda:

Elevação de preços resultante da defasagem entre quantidade ofertada (oferta agregada) e


quantidade demandada ( demanda agregada) sendo que esta última se apresenta bem maior que
a primeira,acarretando pressão nos preços em função de um certo patamar de demanda
reprimida.A possibilidade de ocorrer este tipo de inflação é mais comum quando a economia está
com sua produção próxima do pleno emprego. Sua origem pode ter vários motivos, tais como: má
condução da política monetária , generalizada expansão de gastos, aumento da base monetária
devido emissões primárias de papel moeda.

Inflação de Custos :

Este tipo de inflação ocorre quando há uma majoração exacerbada nos custos dos fatores de
produção, de bens e serviços, tais como impostos, matéria-prima, mão de obra, combustível, etc.
Neste caso a demanda não costuma ser um fator muito determinante de preços finais das
mercadorias. Geralmente a inflação de custos está associada a estrutura de mercados
oligopolizados. Sua propagação e dinâmica depende de vários fatores, destacando-se como
principais:

• Falta de competitividade no mercado;

• Importância relativas dos bens e serviços envolvidos;


75

• Capacidade dos agentes econômicos em absorver os repasses de aumentos nos


custos (conhecido como “mark-up”);

• Taxa global de ociosidade do setor real da economia;

Podemos assim dizer que a inflação de custos é uma inflação tipicamente de oferta.

Inflação inercial:

Capacidade de autopropagação da inflação e prática generalizada da indexação. Correção


dos custos dos fatores de produção e dos preços, indefinidamente, pelos índices de inflação
passada.

Obs.: Alguns autores não consideram inflação inercial como sendo um tipo de inflação e sim
como conseqüência “natural” de todo processo inflacionário.Entre todos os agentes de
determinado segmento de mercado ou até mesmo da economia como um todo existe um efeito
psicológico, uma “memória inflacionária”, tendendo ao repasse das expectativas de inflação do
momento para os preços, provocando um efeito de manutenção da taxa de inflação.

Inflação estrutural:

Este tipo de inflação está estreitamente relacionada com a ineficiência de serviços fornecidos
pela infra-estrutura de uma determinada economia, sendo observado sua ocorrência
principalmente em países de baixa renda, nas décadas de 50 e 60, os quais estavam em busca de
acelerar seu desenvolvimento econômico. Esta ineficiência eleva os custos dos serviços prestados
pelo governo e tendência de aumento nos orçamentos públicos decorrentes das grandes
responsabilidades infra-estruturais e sociais que não são acompanhadas pela capacidade de
tributação, ou seja, geração de receita necessária para pagar o preço da expansão econômica.

A inflação sempre foi um fenômeno econômico presente na sociedade brasileira, mas foi nas
décadas de 80 e 90 que foram registrados os índices mais elevados. A inflação caracteriza-se pelo
aumento geral de preços na economia e provoca uma desvalorização da moeda do país.

Os índices de inflação registram uma média dos aumentos dos preços, por isso as pessoas tem a
impressão de que o índice inflacionário é superior ao que foi divulgado. Dessa maneira, é muito
importante, quando falamos de inflação, mencionar qual o indicador utilizado, pois os índices
diferenciam-se em relação a data de referência, a abrangência geográfica, faixa salarial e itens que
compõem a cesta de produtos pesquisados.

EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO NO BRASIL (fonte: Ipeadata)

1940 9,38% AA

1950 3,72% AA

1960 32,20%aa

1964 85.60%aa

1970 17,46%aa

1980 84,77%aa

1985 228,22%aa
76

1990 1639,08%aa

1993 2490,99%aa

1997 4,82%aa

1998 - 1,79%aa

2003 8,18%aa

Regime de Metas Inflacionárias


Em julho de 1999, ano de flexibilização do regime cambial, o Conselho Monetário Nacional e o
Banco Central introduziram o Regime de Metas Inflacionárias no Brasil. O índice de Inflação
escolhido como parâmetro foi o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo
IBGE. Através de relatórios de avaliação da economia e simulações que utilizam um conjunto
amplo de variáveis econômicas e financeiras, o Banco Central administra os instrumentos de
política monetária (notadamente a taxa de juros) de modo a direcionar a inflação para os níveis
estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional. O Regime de Metas de Inflação é considerado
bem sucedido na administração da inflação em outros países (Inglaterra, Canadá, Espanha,
Austrália, Nova Zelândia, Suécia, Finlândia e Israel) e tem como objetivo principal evitar fortes
oscilações do crescimento econômico.

Principais índices de inflação

Os principais índices de preços são calculados pelo IBGE( Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas ) e FGV (Fundação Getúlio
Vargas).

IGP- Índice Geral de Preços – Calculado pelo IBGE

Começou a ser calculado em 1947, comparando preços do mês anterior com os do mês corrente,
coletados em 18 capitais. Há 03 grupos de preços:
• Os de preço no atacado, baseado numa amostragem de cerca de 500 mercadorias, com
60% de peso no índice final .
• Os de preço ao consumidor, com base nas compras de famílias com renda de 01 a 33
salários mínimos , com peso de 30%, preços da construção civil, com 10% de peso,
baseado em planilhas de custo de empresas de engenharia(IPC). É um índices de menos
precisão, justamente pela sua abrangência, num quadro muito dispersivo de inflação. É
divulgado em 02 versões , uma contendo apenas os preços do que é produzido
internamente (disponibilidade interna) e outra incluindo preços de importações.

IGPM – índice Geral de Preços do Mercado – Calculado pela Fundação Getúlio Vargas

• O Índice Geral de Preços do Mercado – IGPM é uma referência do mercado financeiro.


Mede o comportamento dos preços entre famílias do Rio e São Paulo, com renda mensal
de 01 a 33 salários mínimos, é apurado entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de
referência. É formado por 03 taxas:
• índice de Preços por Atacado (IPA) – que corresponde a 60% do IGP-M
• Índice de Preços do Consumidor (IPC) – que corresponde por 40% do IGP-M.
• Índice Nacional de Custo da Construção(INCC)- que corresponde a 10% do IGP-M.
Índice Quadrissemanal de Preços ao consumidor – calculado pela FIPE

Típico de uma economia hiperinflacionária, é publicado toda semana, com a variação dos preços
das quatro semanas anteriores. Restringe-se ao município de São Paulo e afere o custo de vida de
77

famílias com rendas de 02 a 06 salários mínimos. Calcula os preços médios durante quatro
semanas e divide pela mesma média de quatro semanas anteriores. Trata-se portanto de uma
medida rápida das tendências de base dos preços. Ni índice da FIPE a comida pesa 37% do custo
de vida das pessoas e habitação 18%.

INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor – calculado pelo IBGE.

Para rendas de 01 a 08 salários mínimos, foi o índice oficial de inflação de 1979 a l986.

IPC – Índice de Preços ao Consumidor

Sucedeu ao INPC como índice Oficial até 1990 e difere apenas no período de coleta de preços.

IPCA – Índice de Preços ao consumidor Ampliado- calculado pelo IBGE.

Para rendas até 40 salários mínimos.

Inflação: IPCA
Periodicidade: Anual
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Sistema Nacional de Índices de Preços ao
Consumidor (IBGE/SNIPC)
Unidade: (% a.a.)
Comentário: Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA). Obs.: Valor de agosto de 1991
não disponível na série original. Valores de agosto e setembro de 1991 imputados pelo IPEA
(média geométrica dos valores de agosto e setembro).
Atualizado em: 27 de janeiro de 2009

Índices de Custo de Vida – calculado pelo DIEESE


78

Para 03 classes de renda – 1 a 3 salários mínimos, 1-5 salários mínimos e 1 a 30 salários mínimos.
Esse índice se distingue dos demais por incluir como itens essenciais do custo de vida , despesas
com recreação, comunicação, cultura e lazer.

Índice da Cesta Básica – calculado pelo PROCON/DIEESE

Pesquisado em 70 supermercados em São Paulo, englobando 31 produtos essenciais para


famílias com renda até 10,3 salários mínimos; mede a variação ponta a ponta.
A desinflação: Seria justamente o oposto da inflação, resultado normalmente de intervenções
governamentais como, por exemplo, programas de estabilização, alteração/correção da política
econômica resultando na volta da estabilidade de preços.
Ex.: Plano Cruzado (Governo Sarney), Plano Real, Plano Bresser,etc

A deflação: é o inverso da inflação, podemos definir como “queda generalizada dos preços”,
para níveis inferiores aos que vinham sendo praticados. O recuo implica queda dos índices de
preços para posições abaixo da linha de estabilidade, valorizando-se a moeda em relação aos
demais ativos. A deflação geralmente é associada a estagnação econômica, provocada por
uma queda no consumo. Ao contrário do que pode parecer a primeira vista, nem sempre a
deflação é um fato positivo: quando ela ocorre, a concorrência faz com que as empresas baixem
seus preços, a fim de ganhar os poucos consumidores dispostos a gastar. Para manter os preços
baixos. As empresas precisam reduzir investimentos e promovem demissões.Por isso os
economistas dizem que deflação pode provocar depressão econômica como aconteceu nos
Estados Unidos entre 1920 a 1933. A deflação é medida pelos mesmos índices que apuram a
inflação.
Ex.1:com a grande depressão do início dos anos 30, nos Estados Unidos, o PNB americano
recuou de $ 103,2 bilhões (1929) para $ 55,6 bilhões (1933). No mesmo período o índice geral de
preços recuou 24,5%.
Ex.2: No século XIX, nos EUA, houve longos períodos no qual os preços caíram. Em 1896, o nível
médio de preços nos EUA era 23% menor que 1880, e esta deflação foi um dos temas principais
para a eleição presidencial de 1896. Os agricultores, que haviam acumulado grandes dívidas,
sofreram com a queda dos preços das lavouras, que reduziu sua renda e portanto sua capacidade
de pagar as dívidas. Eles defenderam políticas destinadas à reverter a deflação.

A reflação: É a recuperação dos processos deflacionários . Recuperam-se os níveis de


ociosidade, pela expansão dos dispêndios de investimentos e consumo. O aperto geral de liquidez
é corrigido, expandindo-se a oferta monetária.
79

• O Sistema Financeiro
Legislação.

O Art. 192 da Constituição de 1988, que trata do Sistema Financeiro Nacional, nunca foi
regulamentado. Parece estranho, pois se passaram quase 15 anos... Mas, há um motivo: segundo
o texto, a regulamentação deveria ser feita em uma única lei complementar.

O artigo possui oito incisos que especificam os assuntos a serem contemplados. Entre eles está o
funcionamento das instituições financeiras, as condições para capital estrangeiro, o funcionamento
de seguros, previdências, atribuições do Banco Central, o funcionamento das Cooperativas de
Crédito, a limitação em 12% ao ano dos juros reais, etc.

Como elaborar uma única lei complementar para regulamentar todas estas questões? Seria um
verdadeiro tratado! Assim, a questão foi se arrastando ao longo dos anos.

Em 1999, finalmente começou a tramitar um Projeto de Emenda Constitucional (PEC), Nº 53, DE


AUTORIA DE José Serra, que propunha basicamente duas alterações no art. 192.

• Trocar lei complementar por leis complementares, o que permitiria regulamentar


cada assunto por leis diferentes, em tempos diferentes;

• Retirar todos os incisos do texto, ou seja, os assuntos “relacionados ao sistema


financeiro” deixariam de ser especificados na Constituição.

A PEC avançou, passou pelas comissões do Senado e foi aprovada em dois turnos nessa
casa. Depois foi para a Câmara , onde só faltaram as votações do plenário. O PT
retomou as discussões sobre a questão em março deste ano. Depois de duras
negociações conseguiu aprova-la em primeiro turno na Câmara, ou seja, a tramitação
caminha para o final. Só depois da PEC aprovada terá início o processo de criação de uma
lei complementar que trate da independência do Banco Central.

As economias modernas, que possuem um elevado grau de complexidade no relacionamento


entre os agentes econômicos, necessitam de um sistema que organize e facilite a circulação da
moeda pelo sistema econômico. Esse papel é desempenhado pelo sistema financeiro, que é
responsável pela intermediação da moeda entre os agentes econômicos

Considerando a economia como um todo, verificamos que há agentes econômicos superavitários e


agentes econômicos deficitários.

Com isso queremos dizer que num determinado momento, alguns agentes gastam uma quantia
maior do que sua renda, ficando deficitários, portanto, enquanto outros não gastam toda sua renda,
apresentando-se como superavitários. Então, onde os agentes deficitários conseguem dinheiro
para seus gastos e qual o destino dado pelos agentes superavitários ao seu dinheiro? A resposta é
simples: os agentes superavitários transferem seus recursos disponíveis para os agentes
deficitários. Entretanto , essa transferência não é feita de maneira direta, ela é feita através do
sistema financeiro, e recebe o nome de processo de intermediação financeira.

Agentes superávitários DEPÓSITOS Sistema Financeiro


EMPRÉSTIMOS Agentes deficitários

O sistema financeiro é formado pelos bancos comerciais; pelos bancos de investimentos; pelas
sociedades de crédito, financiamento e investimento e pelas bolsas de valores. Essas entidades
captam recursos junto aos agentes superavitários, como o caso dos depósitos à vista nos bancos
comerciais, e os repassam aos agentes deficitários sob a forma de empréstimos, por exemplo. Os
agentes superavitários possuem interesse em transferir seus recursos para os agentes deficitários,
porque o processo de intermediação financeira tem um custo, que é a taxa de juros, que
80

representa a remuneração destes agentes superavitários. A remuneração aos superavitários é feita


diretamente pelo sistema financeiro, que dessa maneira consegue atrair e captar recursos. Uma
vez de posse desses recursos, o sistema financeiro pode empresta-los aos agentes deficitários,
cobrando juros e comissões por esses serviços. A remuneração do sistema financeiro corresponde
à diferença entre a taxa de juros paga aos poupadores e a taxa de juros cobrada dos tomadores de
empréstimo. Essa diferença é denominada pelo termo inglês spread. Naturalmente o spread é
positivo, pois a taxa de juros cobrada é sempre maior do que a taxa de juros paga pelo sistema
financeiro.

Resumo

Sistema financeiro: é o conjunto de instituições privadas e públicas que transferem


recursos dos agentes superavitários para os deficitários.

Intermediação financeira: é o processo de transferência de recursos dos agentes


superavitários para os deficitários, realizados pelo sistema financeiro.

Spread: é a diferença entre a taxa de juros cobrada pelo sistema financeiro dos agentes
deficitários e as taxa de juros paga aos agentes superavitários. Constitui a remuneração do
sistema financeiro.

Organização do Sistema Financeiro Nacional

A organização atual do Sistema Financeiro Brasileiro foi estabelecido inicialmente pela Lei
nº 4.595, de 31. de dezembro de 1964., e depois pela Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965.
A partir dessa época, o sistema financeiro nacional passou a constituir-se de bancos
comerciais, bancos de investimentos, sociedades financeiras e bancos oficiais.

As autoridades monetárias

• O Conselho Monetário Nacional: o CMN acaba sendo o conselho de política


econômica do país, visto que o mesmo é responsável pela fixação das diretrizes
da política monetária, creditícia e cambial. Atualmente, seu presidente é o
próprio Ministro da Fazenda.

• O Banco Central do Brasil: o BACEN é o órgão responsável pela execução


das normas que regulam o SFN. Criado em 31.12.64, seus principais objetivos
são o controle monetário (inflação), equilíbrio do Balanço de Pagamentos e
estímulo da Economia Nacional. O presidente do BACEN é escolhido pelo
presidente do Brasil, e deve ser sabatinado pelo senado federal, para que possa
ocupar o cargo. Suas principais funções são: controle monetário, autorizar o
funcionamento de instituições financeiras, fixar normas para o funcionamento
das instituições financeiras, fiscalização, depositário das reservas internacionais
no Brasil, controle sobre o capital estrangeiro no Brasil, política cambial, fixa e
recolhe depósitos compulsórios. É muito discutida a elevação do grau de
independência do BACEN, embora para o governo LULA através de declarações
do Ministro Palocci , o BACEN é independente em suas decisões de política
monetária.

As autoridades de apoio:

• A Comissão de Valores Mobiliários : a CVM é um órgão normativo voltado ao


mercado de ações e debêntures. Ela é vinculada ao Governo Federal e seus
objetivos podem ser sintetizados em apenas 01 : o fortalecimento do mercado
acionário.
81

• O Banco do Brasil: até janeiro de 1986 o BB assemelhava-se a uma autoridade


monetária , hoje é um banco comercial comum, embora responsável pela
Câmara de Confederação.

• O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: é uma empresa


pública federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, que tem como objetivo financiar a longo prazo os empreendimentos que
contribuam para o desenvolvimento do país. Tem como objetivo também, o
fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e desenvolvimento
do mercado de capitais, a comercialização de máquinas e equipamentos e o
financiamento à exportação. A partir do Plano Collor, também é responsável
pela gestão do processo de privatização.Desde a sua fundação , em 20 de junho
de 1952, O BNDES vem financiando os grandes empreendimentos industriais e
de Infra-estrutura.

• A Caixa Econômica Federal: a CEF caracteriza-se por estar voltada ao


financiamento habitacional e ao saneamento básico. É um instrumento
governamental de financiamento social.

Instituições Financeiras:

• Os Bancos Comerciais: os BC são intermediários financeiros que


transferem recursos dos agentes superavitários para os deficitários,
mecanismo esse que acaba por criar moeda através do efeito multiplicados.
Os BC’s podem descontar títulos, realizar operações de crédito simples ou em
conta corrente, realizar operações especiais de crédito rural, de câmbio e
comércio internacional, captar depósitos à vista e a prazo fixo, obter recursos
junto às instituições oficiais para repasse aos clientes, etc.

• Os Bancos de Desenvolvimento: o já citado BNDES é o principal agente de


financiamento do governo federal. Destacam-se outros bancos regionais de
desenvolvimento como o Banco do Nordeste do Brasil- BNB, o Banco da
Amazônia, etc.

• As Cooperativas de Crédito: equiparando-se às instituições financeiras, as


cooperativas normalmente atuam em setores primários da economia ou são
formadas entre os funcionários das empresas. No setor primário, permitem
uma melhor comercialização dos produtos rurais e criam facilidades para o
escoamento das safras agrícolas para os consumidores. No interior das
empresas em geral, as cooperativas oferecem possibilidades de crédito aos
funcionários, os quais contribuem mensalmente para a sobrevivência e
crescimento da mesma.

• Os Bancos de Investimentos: os BI captam recursos através da emissão de


CDB e RDB, de capitação e repasse dos recursos e de venda de cotas de
fundos de investimentos. Esses recursos são direcionados a empréstimos e
financiamentos específicos à aquisição de bens de capital pelas empresas ou
subscrição de ações e debêntures. Os BI não podem destinar recursos a
empreendimentos mobiliários e tem limites para investimentos no setor
estatal.

• Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimentos: as “financeiras”


captam recursos através de letras de câmbio e sua função é financiar bens de
consumo duráveis aos consumidores finais (crediário). Quando uma pessoa
se dirige a uma loja para comprar uma geladeira a prazo, por exemplo, ela
82

pensa que pagará as prestações para a loja. Na verdade, o que acontece é


uma operação de crédito, em que uma sociedade financeira faz um
empréstimo para o consumidor e paga a geladeira à vista para a loja. O
consumidor acaba pagando as prestações para a sociedade financeira, que é
a credora. As pessoas não percebem a existência desse mecanismo porque,
na verdade, a sociedade financeira entrega o dinheiro diretamente à loja, sem
passar pelo consumidor. Em alguns casos, a sociedade financeira pertence à
loja.

• Sociedades Corretoras: essas sociedades operam com títulos e valores


mobiliários por conta de terceiros. São instituições que dependem do BACEN
para constituírem-se e da CVM para o exercício de suas atividades. As
corretoras podem efetuar lançamento de ações, administrar carteiras e fundos
de investimentos, intermediar operações de câmbio,etc.

• Sociedade de Arrendamento Mercantil: operam com operações de


“leasing” , trata-se de locação de bens de forma que, no final do contrato, o
locatário pode renovar o contrato, adquirir o bem por um valor residual ou
devolver o bem locado à sociedade. Atualmente, tem sido comum operações
de leasing em que o valor residual é pago de forma diluída ao longo do
período contratual ou de forma antecipada. As Sociedades de Arrendamento
Mercantil captam recursos através de emissão de debêntures, com
características de longo prazo.

• Sociedades de Créditos Imobiliários: ao contrário das Caixas Econômicas,


essas sociedades são voltadas ao público de maior renda. A captação ocorre
através de letras imobiliárias, depósitos de poupança e repasses da CEF.
Esses recursos são destinados, principalmente, ao financiamento imobiliário
diretos ou indiretos.

• Agências de Fomento: sob supervisão do BACEN , as agências de fomento


captam recursos através dos Orçamentos Públicos e de linhas de crédito de
LP de bancos de desenvolvimento, destinando-os a financiamentos de capital
fixo e de giro.

• Bancos Múltiplos: como o próprio nome diz, tais bancos possuem pelo
menos duas das seguintes carteiras: comercial, de investimento, de crédito
imobiliário,de desenvolvimento e de leasing.

• Bancos Cooperativos: são verdadeiros bancos comerciais surgidos a partir


das cooperativas de crédito. Sua principal restrição é limitar suas operações
em apenas uma UF, o que garante a permanência dos recursos onde são
gerados, impulsionando .

Através da Medida Provisória 1.179, de 04.11.95, o governo federal criou o PROER- Programa de
Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional. Este programa veio para responder à nova
realidade advinda com o Plano Real e promover o enxugamento do sistema financeiro através de fusões entre
bancos, bem como aquisições, reorganizações societárias, e reestruturação das instituições. Com o plano real
a inflação, de cerca de 50% ao mês , para menos de 2% nos meses seguintes, provocando alterações na
cultura do país. Os bancos tiveram que se adaptar à nova mentalidade e se adequar à perda da receita
inflacionária. Muitas instituições de grande porte não conseguiram se encaixar nesse novo panorama e
ameaçavam uma “quebradeira generalizada”. Se isso acontecesse, a população perderia a confiança no
sistema, “retiraria seu dinheiro dos bancos” E provocaria um desmantelamento de toda a economia. O
PROER foi criado, então, para garantir a calma e a estabilidade no sistema financeiro nacional, a medida veio
para assegurar a solvência ao Sistema Financeiro Nacional e resguardar os interesses dos depositantes e dos
investidores.
83

TEXTO
O problema é o spread

Marcos Cintra (*)

O vice-presidente José Alencar tem sido uma das vozes mais atuantes contra os juros asfixiantes
praticados no Brasil. Seu discurso tem sido extremamente apropriado no combate a um fator determinante do
sucateamento do setor produtivo nacional e do empobrecimento da classe média brasileira.

Dados do FMI mostram que o Brasil tem um dos maiores spreads do mundo. A diferença entre o que os
bancos pagam para captar dinheiro e o que cobram nos empréstimos gira em média em torno de 43%. Em
média os bancos pagam 19% quando um investidor faz uma aplicação e cobram 62% quando emprestam aos
seus clientes.

O alto custo do dinheiro e a baixa oferta de crédito são fatores altamente restritivos ao crescimento da
demanda agregada no Brasil. Enquanto que em países como o Chile e no grupo dos sete países mais ricos
do mundo o volume de crédito representa de 70% a 120% do PIB, no Brasil não ultrapassa a 25% do PIB.

A mais relevante causa macroeconômica relacionada à questão dos juros no Brasil refere-se à elevada
taxa Selic. Suas principais determinantes residem no déficit fiscal do governo, nas recorrentes crises na
balança de pagamentos e no compromisso do Banco Central com a meta de inflação.

O problema dos custos do dinheiro no Brasil vem sendo equivocadamente focado quase que
exclusivamente na redução da taxa Selic. Ocorre que as taxas de juros que sufocam a economia brasileira
são as aplicadas ao tomador final. Para as empresas as taxas giram em torno de 74% para o financiamento
do capital de giro, 77% no desconto de duplicatas e 105% nas contas garantidas. O custo final médio para as
pessoas físicas é de 61% no CDC, 110% no empréstimo pessoal e de 205% no cheque especial. Ou seja, os
bancos multiplicam a taxa Selic em até oito vezes quando emprestam para o tomador final.

A baixa oferta de recursos disponíveis para empréstimos contribui para forçar os juros para cima, mas a
forte concentração do setor bancário potencializa a capacidade dos bancos de defini-los quando emprestam.
De 1994 a 2002, o número de bancos no Brasil caiu de 246 para 167. Hoje os cinco maiores bancos
brasileiros concentram 55,3% dos empréstimos e 57,9% dos depósitos bancários. Os 10 maiores concentram
65,1% do total de ativos do setor.

Segundo o Banco Central, o spread, principal componente dos juros, é composto por 17% de taxa de
risco, 14% de despesas administrativas, 29% de impostos e 40% de lucro dos bancos. Mesmo sem avaliar a
consistência dos números apresentados (a taxa de risco pode estar superavaliada já que a inadimplência vem
mostrando arrefecimento, as despesas administrativas devem ser abatidas das crescentes e polpudas
receitas de tarifas, e a análise tributária mostra clara inadequação quando se incluem impostos sobre lucro na
contabilidade de custos) a margem de lucro de 40% na composição do spread denota situação atípica
relativamente a outros setores da economia. Cabe considerar que os custos de captação dos bancos limitam-
se à taxa Selic e que significativa parcela dos recursos oriundos de depósitos bancários tem custo próximo de
zero.

O custo financeiro no Brasil consiste num dos maiores entraves para a competitividade da economia, e a
estrutura do setor bancário representa um dos fatores determinantes para tal situação. Na Argentina, o
spread é em média de 12,5%; no Paraguai, 15,8%; no Chile, 3,9%; em Angola, 38,6%; na Rússia, 10%; na
Zona do Euro, 3,3%; e nos Estados Unidos 3%.

A decisão do Copom no último dia 18 de junho de reduzir a Selic de 26,5% para 26% não tem significado
algum em termos práticos para o setor produtivo, apenas cria um resultado positivo nas expectativas. Diminuir
a Selic em dois, cinco, ou dez pontos percentuais, além de inadequado se for efetuado de forma precipitada,
não resolveria decisivamente o problema das taxas ativas de juros ao setor privado.

A taxa Selic é alta. Mas isso é sintoma, não causa dos problemas macroeconômicos brasileiros. O
enfrentamento da verdadeira causa do problema exige reconhecer a distorcida mecânica na formação de
preços do setor financeiro brasileiro.

______________________________________________________________________

(*) Doutor em Economia pela Universidade de Harvard (EUA), é professor-titular e vice-presidente da


Fundação Getúlio Vargas.

mcintra@marcoscintra.org
84

• Economia Internacional

Economia Internacional é o ramo da Economia que estuda as relações comerciais entre as nações.

Quando pensamos em comércio internacional, duas questões vem logo a nossa mente. A primeira
refere-se ao motivo pelo qual aos países comercializam entre si, apesar das dificuldades
decorrentes das diferentes moedas e das longas distâncias que os separam. A Segunda questão
refere-se à forma como são escolhidos os bens e serviços que farão parte do fluxo de mercadorias
do comércio internacional. É preciso saber, por exemplo, por que o Brasil exporta produtos
agrícolas e manufaturados em quanto importa máquinas e equipamentos pesados.
As respostas para essas questões estão na Teoria das Vantagens Comparativas, elaborada por
Adam Smith e posteriormente aperfeiçoada por David Ricardo, economistas ingleses que viveram
nos séculos XVIII e XIX, respectivamente. Essa teoria parte do princípio de que os países que
comercializam entre si aumentam o nível de seu bem - estar social. Por bem-estar entende-se a
quantidade de produtos alocados à disposição dos habitantes desses países. Assim, um aumento
no nível de bem-estar significa uma maior quantidade de mercadorias à disposição dos
consumidores.
A Teoria das Vantagens Comparativas diz que os países devem especializar-se na produção dos
bens que possuem vantagens comparativas, para trocá-los por bens produzidos nas mesmas
condições em outros países.

Ex. Brasil e Suíça

País \ Produto Café Relógios

Brasil 36.000 sacas de café ou 72.000 relógios


Suíça 24.000 sacas de café ou 96.000 relógios
Quadro A: produção mensal de relógios ou sacas de café no Brasil e na Suíça

Entretanto, esses países gostariam de consumir os dois bens (relógios e café) e, portanto
gostariam de produzir café e relógios., se os dois países produzissem os dois produtos o quadro
ficaria assim:

País\Produto Café Relógios

Brasil 18.000 sacas de café 36.000 relógios


Suíça 12.000 sacas de café 48.000 relógios

Total 30.000 sacas de café 84.000 relógios


Quadro B: produção mensal de relógios e sacas de café no Brasil e na Suíça

Como podemos observar, o Brasil teria vantagens na produção de café, pois produziria 36.000
sacas, contra 24.000 sacas da Suíça. Por outro lado a teria vantagens na produção de relógios,
96.000 relógios, contra 72.000 do Brasil. Considerando que os dois países se especializem na
produção dos bens nos quais levam vantagem, vamos verificar que a produção seria maior
(Quadro C)do que quando os países produzem os dois produtos (quadro B) assim:

País\Produto Café Relógios

Brasil 36.000 sacas de café ----


Suíça ---- 96.000 relógios

Total 36.000 sacas de café 96.000 relógios


85

Quadro C: Produção de café e relógios no Brasil e na Suíça com especialização

É claro que o exemplo utilizado não corresponde a realidade. Um país não se especializa na
produção de um único bem e nem consome apenas dois bens. A teoria das vantagens
comparativas é utilizada quando um país deseja aumentar o bem estar de sua população no curto
prazo.
A Teoria das Vantagens Comparativas não deve ser seguida como justificativa para medidas de
política econômica, pois a longo prazo o bem estar da população dos países que tem vantagens
comparativas na produção de produtos agrícolas tende a diminuir. Essa observação foi feita por
Raul Prebisch, economista da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), que é um
órgão da ONU, ao desenvolver o conceito de "deterioração das relações de troca" dos países da
periferia, isto é, produtores de produtos agrícolas. Ele constatou que no comércio internacional,
com o decorrer dos anos, o preço dos produtos agrícolas diminuía, o que não acontecia com os
preços das mercadorias manufaturadas, das máquinas e dos equipamentos. Com isso, um país
que se especializasse na agricultura e trocasse seus produtos por mercadorias industrializadas
precisaria produzir cada vez mais, para trocar pela mesma quantidade de manufaturas. Ou seja as
relações de troca se deteriorariam, se fosse impossível aumentar sua produção, o país importaria
quantidades cada vez menores dos bens industrializados, diminuindo o bem estar de sua
população a longo prazo.. Portanto a Teoria das Vantagens Comparativas deve ser usada apenas
para resolver o problema de um país no momento. Não é aconselhável utilizá-la permanentemente,
pois tal procedimento só aumenta a dependência externa dos países agrícolas, provocando graves
conseqüências econômicas e sociais.

...............................................................................................................................................

Taxa de Câmbio é a relação entre o valor de duas unidades monetárias, indicando o preço em
termos monetários nacionais da divisa estrangeira correspondente.

O BALANÇO DE PAGAMENTOS
Introdução a Economia Brasileira-
Jefferson Mariano, Saraiva,2005

O Balanço de Pagamentos é o registro de todas as transações realizadas entre um país e o resto


do mundo. Reflete a necessidade ou o excedente de recursos que o país possui durante um
determinado período. Essas transações referem-se a produtos, bens, serviços e capitais. No Brasil,
o Banco Central é o órgão responsável por sua elaboração, com a colaboração do IBGE.

Balança Comercial: corresponde ao volume do comércio realizado com os demais países, ou


seja, a diferença entre mercadorias exportadas e importadas.

Balança Comercial = Exportações - Importações

Quando seu saldo é positivo, significa que o país obteve um superávit na balança comercial;
quando é negativo, dizemos que ocorreu um déficit. Se ocorrer uma situação de déficit, o país
86

passa a ter necessidade de divisas (dólar) para fazer frente ao pagamento dessas mercadorias.
Isso ocorre devido ao fato do real não ser uma moeda conversível, ou seja, aceitam-se reais
apenas no Brasil. Desse modo, para que o país possa pagar as mercadorias importadas, é
necessário que obtenha dólares. O mesmo movimento ocorre com as exportações. Quando o
Brasil vende para a Argentina, recebe dólares e não moeda local.
No Brasil, principalmente ao longo dos anos 80, em decorrência da crise da dívida e do
fechamento dos mercados, restou como alternativa a geração de enormes superávits na balança
comercial, principalmente com o objetivo de realizar o pagamento da dívida externa.Um dos
recursos utilizados pelo governo da época foi o mecanismo da desvalorização cambial, fazendo
os produtos brasileiros ficarem mais baratos no comércio internacional.Também foram utilizados
recursos para desonerar as exportações por meio de subsídios e incentivos fiscais. Além da
tentativa de promover a expansão das exportações, ocorreu nesse período uma forte diminuição
das importações.
Nos anos 90, com o Plano Real, ocorreu um processo de valorização cambial, fazendo os
produtos brasileiros ficarem mais caros no comércio internacional. O real valorizado favoreceu as
importações . De 1995 a 2000, ocorreram déficits sucessivos na balança comercial, o que só foi
revertido a partir de 2001.
A partir de 2002, ocorreu uma retomada das exportações brasileiras , favorecidas principalmente
pelo processo de desvalorização cambial. Essa retomada das exportações deveu-se
principalmente à contribuição de produtos primários ou semi-elaborados,o que nos mostra que o
país é muito dependente da atividade agro-exportadora e de produtos de baixo-valor agregado. Em
2002 e 2003, somente as exportações de soja representaram 10% do resultado da balança
comercial. Na contrapartida, as importações de produtos como o petróleo representam valor
significativo nas importações do Brasil. Essas informações são importantes para análise do
desenvolvimento econômico do país.

Balança de Serviços: corresponde ao volume de transações relacionadas a pagamentos de bens


intangíveis, ou seja, serviços. Integram essa balança a remuneração de serviços públicos e
privados, pagamentos dos juros da dívida externa, gasto de turistas em viagem, remessas de
lucros e remuneração pela utilização de marcas e patentes.
O Brasil, historicamente, apresenta um quadro de balança de serviços deficitária, principalmente
em decorrência das remessas de recursos aos exterior para o pagamento dos serviços da dívida.
Também há de se destacar as dificuldades de ampliação do mercado turístico brasileiro, por
motivos que vão desde os problemas de infra-estrutura em várias regiões do país até o
crescimento da violência urbana.
87

Estrutura da balança de serviços


RECURSOS RECEBIDOS RECURSOS ENVIADOS
Juros recebidos do exterior Juros pagos ao exterior
Gastos de turistas estrangeiros no Brasil Gastos de turistas brasileiros no exterior
Remuneração de marcas e patentes Pagamento pela utilização de marcas e
patentes

SALDO DA BALANÇA = Recursos enviados – Recursos recebidos

Transferências Unilaterais: corresponde ao envio de recursos de pessoas que residem em outros


países. Por Exemplo, trabalhadores brasileiros, descendentes de japoneses, que se encontram no
Japão realizando algum tipo de trabalho. Os recursos que eles encaminham ao Brasil para seus
familiares são contabilizados nesta balança.

Transações Correntes: corresponde à soma: balança comercial + balança de serviços +


transferências unilaterais.
Quando apresenta um quadro deficitário, o governo tem que buscar compensação na balança de
capitais.

Balança de Capitais: corresponde ao movimento de entrada de capitais na forma de empréstimos


e investimentos diretos (aumento da produção ou compra de empresas brasileiras por parte do
capital estrangeiro) e ao movimento de saída de capitais na forma de amortizações (pagamento de
dívida).
Nos anos 90, principalmente em decorrência do Plano Real, ocorreu um ingresso significativo de
capitais no país, inicialmente em busca das elevadas remunerações quando comparadas ao
mercado internacional. Além disso o processo de privatizações também significou um ingresso
importantes de divisas no país. No entanto, as sucessivas crises pelas quais o país passou –
devido às crises mexicana (1995), asiática (1997) e russa (1998), fez ocorrer uma fuga de
capitais.Assim, quando o país enfrenta esse tipo de dificuldade, a alternativa é lançar mão de
capitais compensatórios, que, na verdade, traduzem-se em acesso aos recursos do Fundo
Monetário Internacional, na forma de empréstimos ou direitos de saques.

Erros e Omissões: em virtude do balanço de pagamentos ser uma demonstração contábil com
mecanismo de débito e crédito, esse item é utilizado apenas como forma de permitir os ajustes
nessa demonstração.

EQUILÍBRIO NO BALANÇO DE PAGAMENTOS


88

O objetivo econômico de todas as nações é a busca do equilíbrio no balanço de pagamentos, ou


seja, os recursos disponíveis devem ser suficientes para pagar os capitais que deixam o país.
No Brasil este problema também acontece. Em 2001 o déficit na balança de pagamentos oscilava
entre US$28 e 55 bilhões, dependendo da metodologia adotada. Quando existe déficit o governo
pode adotar algumas medidas para minimizar essa situação:

Na Balança Comercial:
• Intensificado esforços em exportar por meio de incentivos ao setor exportador ,
• reduzir as importações por meio de taxas e impostos sobre esses produtos’
• o governo pode pressionar as empresas para que promovam processos de nacionalização
de componentes na produção, ou seja, substituição de peças importadas por outras
produzidas no país,
• o governo pode ainda promover desvalorizações cambiais. A moeda brasileira
desvalorizada faz que nossas mercadorias fiquem mais baratas no exterior e as
mercadorias importadas cheguem ao país com preços mais elevados.
Na Balança de Serviços:
• o governo pode realizar esforços no sentido de renegociar sua dívida, de modo a reduzir as
taxas de juros,
• o governo pode exercer um controle maior com relação à remessa de lucros ao exterior,
• o governo pode incentivar o turismo interno, diminuindo os gastos de turistas brasileiros no
exterior (Ex.: em 1997 ,devido as crises externas, o governo resolveu cobrar IOF- Imposto
sobre Operações Financeiras, de turistas brasileiros que realizavam compras no exterior
com cartões de crédito, essa medida visava tornar as compras no exterior menos
interessantes, reduzindo a saída de divisas do país.)
Na Balança de Capital:
• o governo ou as empresas podem obter empréstimos no exterior,
• o governo pode estimular à entrada de investimentos estrangeiros (proporcionando uma
maior rentabilidade através da elevação da taxa de juros- entretanto deve ser observado
que existe um limite para a elevação dos juros, se as taxas ficarem muito altas, podem
também, elevar o valor da dívida brasileira, ocasionando uma saída de divisas-pagamento
de juros da dívida- aumentando o déficit na balança de serviços e gerando uma
desconfiança do mercado na capacidade do país em pagar esta dívida),
• através de medidas que garantam a estabilidade econômica o governo pode estimular a
entrada de investimentos de empresários estrangeiros no país (Ex.: privatizações)
• a redução da inflação também é importante para garantir a entrada de capitais no país,
89

Grau de investimento
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O grau de investimento é uma classificação dada a um país a partir de uma avaliação


concedida pelas principais agências de notas de crédito, como a Fitch Ratings, a Moody's e
a Standard & Poor's. Grosso modo, um país com grau de investimento teria mais chances
de honrar seus compromissos financeiros do que outro que não tenha grau de investimento.
Vários fatores são levados em conta pelas agências na avaliação dos países, como as
reservas internacionais, a dívida governamental, a liberdade de imprensa e a distribuição de
renda.
As agências de notas de crédito, também conhecidas como agências de rating, classificam
todos os países do mundo em dois grandes grupos: os que possuem grau especulativo e os
que possuem grau de investimento.
Dentro de cada um desses dois grandes grupos, são atribuídas notas. Nas agências Fitch e
Standard & Poor's, a nota mais baixa de todas é a nota D, que está situada, obviamente, no
grupo especulativo. Em seguida, em ordem crescente, as notas são C, CC, CCC-, CCC,
CCC+, B-, B, B+, BB-, BB e BB+. A nota mais baixa do grau de investimento é a nota
BBB-, seguida de BBB, BBB+, A-, A, A+, AA-, AA, AA+ e AAA.
Na Moody's, a nota mais baixa de todas é a C, seguida de Caa, B, Ba, Baa, A, Aa e Aaa.

O Brasil foi considerado investment grade no dia 30 de abril de 2008 pela agência de avaliação
Standard & Poor's[1]. O país estava situado na categoria de países com grau especulativo e sua
nota era BB+. Eram 15:47h de quarta-feira, 30 de abril de 2008, quando a Standard & Poor's
anunciou que a nota do Brasil passara de BB+ para BBB-, ou seja, saía da nota máxima do grau
especulativo para a nota mínima do grau de investimento.

O anúncio fez a Bolsa de valores de São Paulo bater um recorde. O pregão do dia fechou com alta
de 6,33%, número que não era visto desde outubro de 2002. O anúncio da Standard & Poor's,
embora já esperado pela maioria dos analistas, pegou o mercado de surpresa. Esperava-se que a
Moody's, e não a Standard & Poor's, fosse a primeira agência a fazer o anúncio, e muitos
pensavam que ele só viria em 2009.

A agência Fitch, em 29 de maio de 2008, anunciou o Brasil como o mais novo país a ser
reconhecido como grau de investimento,

Alguns analistas disseram que a agência Moody's deve conceder o mesmo status ao país no
decorrer do ano, confirmando a classificação dada pela Standard & Poor's e a Fitch.

Dentre os países classificados pelas agências na categoria de grau especulativo, estão, por
exemplo (segundo a Standard & Poor's): o Líbano (nota CCC+), o Equador (B-), a Bolívia (B-), o
Paraguai (B), a Jamaica (B), o Uruguai (B+), a Argentina (B+), a Venezuela (BB-), a Turquia (BB-),
a Guatemala (BB), a Costa Rica (BB) e a Colômbia (BB+).

Na categoria investment grade, além do Brasil (BBB-), há a Índia (BBB-), o Peru (BBB-), a Romênia
(BBB-), a Tunísia (BBB), a Croácia (BBB), o México (BBB+), a Rússia (BBB+), a África do Sul
(BBB+), a Tailândia (BBB+), a Hungria (BBB+), a Malásia (A-), a Polônia (A-), a China (A), a Itália
(A+), o Chile (A+), Portugal (AA-), Taiwan (AA-), Hong Kong (AA), o Japão (AA), a Bélgica (AA+),
os Estados Unidos (AAA), o Canadá (AAA), o Reino Unido (AAA), a Austrália (AAA), a França
(AAA), a Espanha (AAA), a Áustria (AAA), a Suécia (AAA) e a Dinamarca (AAA).
90

Planos Econômicos
- Plano SALTE (Governo Eurico Gaspar Dutra - 1946 / 1951)

Um dos problemas mais sérios, enfrentados pelo governo Dutra, foi as altas taxas de inflação, que
se faziam sentir na elevação do custo de vida dos grandes centros urbanos. Procurando elaborar
uma estratégia de combate à inflação, Dutra buscou coordenar os gastos públicos dirigindo os
investimentos para setores prioritários. Nasceu daí o Plano SALTE, sigla que identificava os objeti-
vos do plano: investir em saúde, alimentação, transporte e energia. Contudo, os mais sacrificados
na política de combate à inflação foram os trabalhadores, pois reduziu-se à metade o poder
aquisitivo do salário mínimo.

- Plano de Metas (Governo Juscelino Kubitschek – 1956 / 1961)

O Plano de Metas foi um programa minucioso do Governo, que priorizava cinco setores
fundamentais: energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação. Entre as principais
realizações do Governo podemos destacar: a construção de usinas hidrelétricas; a instalação de
diversas indústrias; a abertura de rodovias; ampliação de produção de petróleo; a construção de
Brasília. O grande número de obras realizadas pelo Governo, fez-se à custa de empréstimos e
investimentos estrangeiros. Ou seja, o Governo internacionalizou a economia e aumentou a dívida
externa.

- Programa de Ação Econômica do Governo - PAEG (Governo Castelo Branco – 1964 / 1967)
Uma das principais propostas econômicas desse programa econômico era o combate à inflação.
Um combate mediante o favorecimento do capital estrangeiro, as restrições ao crédito e a redução
dos salários dos trabalhadores. As medidas econômicas tomadas tornaram o Governo cada vez
mais impopular. Carlos Lacerda dizia que "o ministro Roberto Campos era um homem imparcial,
porque estava matando imparcialmente ricos e pobres".

- Programa Estratégico de Desenvolvimento (Governo Costa e Silva - 1967 / 1969)


Tal programa tinha como objetivos principais: o crescimento da economia, a redução inflacionária e
a ampliação dos níveis de emprego. Essas três metas prioritárias foram praticamente atingidas,
embora a oferta de empregos só tenha podido se manter na base de uma rígida política de
controle salarial.

- Plano Nacional de Desenvolvimento - I PND (Governo Emílio Garrastazu Médici- 1969 / 1974)
Abrangia uma série de investimentos no campo siderúrgico, petroquímico, de transporte e de
energia elétrica, além do PIN (Programa de Integração Nacional). Desenvolveu-se, durante o
período, um clima de grande euforia, era tanto o entusiasmo que à época ficou conhecida como o
período do "milagre brasileiro": a economia cresceu a altas taxas anuais, tendo como base o
aumento da produção industrial, o crescimento das exportações e a acentuada utilização de
capitais externos. Em contrapartida, o Governo adotou uma rígida política de arrocho salarial. O
"milagre brasileiro" durou pouco porque não tinha bases sólidas para permanecer, o resultado foi o
aumento da inflação e da dívida externa.

- II Plano Nacional de Desenvolvimento - II PND (Governo Ernesto Geisel- 1974 / 1979)


Enfatizava a necessidade de expansão das indústrias de bens de produção, a fim de conseguir
uma sólida infra-estrutura econômica para o progresso econômico-industrial. O Governo assumiu o
objetivo de fazer do Brasil uma potência mundial emergente. Nesse período, estimularam-se
grandes obras no setor da mineração (exploração do minério de ferro da Serra dos Carajás;
extração de bauxita através da ALBRAS e da ALUNORTE), e no setor energético (construção de
usinas; ingresso do Brasil na era da energia nuclear marcado pelos acordos feitos com a
91

Alemanha Ocidental para a instalação de oito reatores nucleares no Brasil. Os objetivos do II PND
eram audaciosos, e o País não dispunha de condições internas para custear os gigantescos
investimentos planejados pelo Governo.

- III Plano Nacional de Desenvolvimento - III PND (Governo João Baptista Figueiredo – 1979 /
1985)
Esse plano estabelecia como metas prioritárias: crescimento de renda e do emprego; equilíbrio do
balanço de pagamentos; controle da dívida externa; combate à inflação; e desenvolvimento de
novas fontes de energia. Dos vários objetivos planejados, um dos que o Governo levou avante foi a
substituição progressiva da energia importada por energia nacional. Contudo, a maioria dos
objetivos planejados estiveram longe de ser alcançados. O período foi marcado por grave crise
econômica, que se refletia em problemas fundamentais, tais como: dívida externa, inflação,
desemprego.

- Plano Cruzado (Governo José Sarney - 1986)

Criado pelo governo José Sarney no final de fevereiro de 1986, o Plano Cruzado foi idealizado por
Dilson Funaro, então ministro da Fazenda.
Combina medidas monetárias tradicionais (juros altos) com medidas intervencionistas. O Cruzado
combinou medidas de austeridade fiscal com a preocupação de elevar a renda real dos
assalariados. Suas medidas de destaque foram: extinção do cruzeiro e criação de uma nova
moeda, o cruzado; fim da correção monetária generalizada; congelamento dos preços das
mercadorias; reajuste automático dos salários, sempre que a inflação atingisse 20%, mecanismo
conhecido como gatilho salarial. Depois de várias tentativas de chegar a algum acordo com os
banqueiros internacionais, o Governo decretou a moratória da dívida externa. Durou pouco o
entusiasmo com o plano e o congelamento dos preços. O programa de estabilização, apesar da
intensa participação popular, fracassou.

- Congelamento de preços de bens e serviços;


- Reforma monetária, alterando a moeda que passou a se chamar cruzado;
- Congelamento dos salários pela média de seu valor dos últimos seis meses e do salário
mínimo em Cz$ 804,00;
- Criação de uma tabela de conversão para transformar as dívidas contraídas em uma
inflação muito alta em dívidas contraídas em uma economia de inflação praticamente nula;
- Criação de um tipo de seguro-desemprego para quer fosse dispensado sem justa causa ou
em virtude do fechamento de empresas;
- Salários passam a ser reajustados pelo chamado gatilho salarial, que estabelecia o reajuste
automático dos salários sempre que a inflação alcançasse 20%.

Em um primeiro momento, o Plano Cruzado teve amplo apoio popular e até mesmo seus
opositores passaram a apoiá-lo. No entanto as coisas começaram a não dar certo, pois os
preços relativos da economia estavam desequilibrados. Com isso, muitos produtores não
puderam reajustar seus preços (que eram corrigidos no início de cada mês) e acabaram
perdendo rentabilidade no negócio ou, em alguns casos, ficando com preços mais baixos
que os custos. Isso levou à queda na qualidade de diversos produtos.
Além disso, o congelamento não permitiu que os preços que variam de acordo com a época
do ano se ajustassem, o que levou ao desabastecimento de alguns bens e o surgimento do
ágio para a compra de produtos como carne, leite e automóveis. Para piorar a situação, o
governo concedeu um abono de 16% ao salário mínimo e de 8% aos funcionários públicos,
92

o que estimulou o consumo e aumentou a demanda, que não pode ser ajustada por um
aumento de preço.

O governo seguia com elevados gastos público e manteve o congelamento da taxa de


câmbio, o que levou o país a perder uma parcela considerável das reservas internacionais e
os juros da economia estavam negativos o que desestimulava a poupança e pressionava o
consumo.

A proximidade das eleições para os governos estaduais impediu a adoção de medidas para
salvar o Plano Cruzado. Após a base governista vencer em 22 dos 26 estados, as coisas
começaram a mudar. O primeiro passo foi descongelar os preços, mas com isso a inflação
voltou com força e naufragou o plano.

Plano Bresser – Julho 1987

Luiz Carlos Bresser Pereira assumiu o Ministério da Fazenda do Governo José Sarney em
abril de 1987 após fracasso do Plano Cruzado. Pouco depois de sua posse, a inflação no
Brasil atingiu a marca de 23,21%.

Na época, o principal problema do país era o déficit público, com o governo gastando mais
do arrecadava. Em apenas quatro meses, essa diferença já atingia 7,2% do Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro. Para tentar solucionar esse cenário, foi criado o chamado Plano
Bresser, no qual se instituiu o congelamento dos preços, dos aluguéis, dos salários.
Também foi criada a UPR, que serviu como referência monetária para o reajuste de preços
e salários.

Para conter o déficit público, foi decidido desativar o gatilho salarial (reajuste dos salários
pela inflação), além do aumento de impostos, corte de subsídios do trigo e o adiamento de
obras de grande porte já planejadas. O país passou também a negociar com o FMI e
suspendeu a moratória.

No entanto, os esforços de Bresser não deram certo e a inflação atingiu 366% em dezembro
de 1987. Com isso, o ministro pediu demissão em janeiro de 1988 e foi substituído por
Maílson da Nóbrega.

Plano Verão – Janeiro de 1989

Substituto de Bresser na Fazenda, Maílson da Nóbrega lançou no dia 16 de janeiro de 1989


um plano econômico que ficou conhecido como Verão. A crise inflacionária nos anos 80
levou à edição de uma lei que modificou o índice de rendimento da caderneta, promovendo
ainda o congelamento dos preços e salários, a criação de uma nova moeda, o cruzado novo,
que inicialmente era atrelada em paridade ao dólar, e a extinção da OTN, importante fator
de correção monetária

Mais uma vez as intenções do governo não deram certo e o Plano Verão gerou uma série de
desajustes às cadernetas de poupança, em que as perdas chegaram a 20,37%. Esses
93

prejuízos puderam ser reavidos na Justiça até dezembro do ano passado.

Plano Collor – Março de 1990

Anunciado no dia 16 de março de 1990, um dia após a posse do presidente Fernando


Collor, o plano foi um conjunto de reformas econômicas que visavam controlar a inflação
crescente nos anos anteriores. Oficialmente, o nome do plano era Brasil Novo, mas ficou
conhecido popularmente como Plano Collor.

A proposta era combinar a liberação fiscal com a financeira. Para isso, foram adotadas
medidas radicais para estabilizar os preços, que foram acompanhadas de programas de
reforma da política industrial e do comércio exterior. O governo decidiu também dar início
a um programa intitulado Programa Nacional de Desestatização,mais conhecido como
PND.

O plano foi efetivamente implementado pela equipe de economistas de Collor, composta


por Zélia Cardoso de Mello, Antônio Kandir, Ibrahim Eris, Venilton Tadini, Luís Otávio da
Motta Veiga, Eduardo Teixeira e João Maia. Entre as medidas adotadas estavam:

- Substituição do Cruzado Novo pelo Cruzeiro;


- Congelamento de 80% dos bens privados por 18 meses;
- Taxas elevadas em todas as transações financeiras;
- Indexação das taxas;
- Fim da maior parte dos incentivos fiscais;
- Preços reajustados por entidades públicas;
- Câmbio flutuante;
- Abertura da economia para o comércio exterior;
- Congelamento temporário dos salários e preços;
- Extinção de agências do governo para a redução de gastos públicos;
- Estímulo à privatização e início da remoção da regulamentação da economia.

Antes da posse de Collor, o Brasil vivia um processo de hiperinflação, com o índice


chegando a uma média mensal de 28,94%. Para conter os preços, a proposta era restringir o
fluxo de dinheiro para conter a inflação inercial. No entanto, a queda no comércio gerou
uma grande redução da atividade industrial. Em junho de 1990, a inflação estava 9%,
contra 81% de março.

No entanto, esse congelamento de ativos, que na prática foi um confisco do dinheiro que a
população tinha em conta corrente, começou a gerar outros problemas para a economia.
Com um cenário recessivo, as empresas passaram a demitir, muitas fecharam as portas.

No fim de 1990, a inflação já tinha voltado a crescer e fechou o ano com 1.198%. Para
tentar reverter a situação, foi lançado o Plano Collor II, que teve uma série de medidas no
mercado financeiro que representaram uma política de elevadas taxas de juros. Com um
novo congelamento de preços e salários, a inflação fecha 1991 em 481%.
94

O processo de abertura da economia brasileira obrigou a indústria nacional a investir para


se modernizar. No entanto, a inflação seguia um pouco elevada e um escândalo político
levou ao impeachment de Collor.

Plano Real – junho de 1993

O Plano Real foi implantado em três etapas e iniciado em 14 de junho de 1993 quando
Fernando Henrique Cardoso era Ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco. No ano
seguinte foi criada a Unidade Real de Valor (URV) que passaria a ser a nova moeda
brasileira posteriormente e que se chamaria Real.

Seu objetivo principal do Plano Real era controlar a hiperinflação, um problema brasileiro
estava impedindo o desenvolvimento do país. O momento combinou condições políticas,
históricas e econômicas para permitir que o governo brasileiro lançasse o plano que
colocou fim a quase três décadas de inflação.

Apesar do sucesso, o Plano Real enfrentou duras dificuldades, principalmente com a crise
dos Tigres Asiáticos (1997) e da Rússia (1998). Com isso, o governo precisou elevar a taxa
básica de juros, que chegou a 50% ao ano em setembro. No final de 1998, assinou um novo
acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que impunha duras obrigações a
serem cumpridas.

Com dificuldades de aprovas medidas importantes no Congresso, como a taxação dos


servidores inativos, o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso se viu
obrigado a abandonar o sistema de bandas cambiais e deixa a taxa de câmbio flutuante
(livre). Em apenas dois meses, a moeda brasileira perdeu 40% de seu valor.

Nos anos seguintes a situação ficou sob controle, com o Real voltando a ser alvo de
especulação em 2002, quando a eleição de Lula à presidência era quase certa. No entanto,
em um documento chamado Carta ao Povo Brasileiro, o então candidato se comprometeu a
manter os parâmetros da economia brasileira e a situação se acalmou.

Planos Plurianuais – PPAs

(a partir da Constituição de 1988)

- o Plano Plurianual torna-se o principal instrumento de planejamento de médio prazo


no sistema governamental brasileiro; deve estabelecer, de forma regionalizada, as
diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de
capital e outras dela decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada; cada PPA deve conter diretrizes para a organização e execução dos
orçamentos anuais e a vigência de um plano deve começar no segundo ano de um
governo e findar no primeiro ano do mandato seguinte, com o objetivo explícito de
permitir a continuidade do planejamento governamental e das ações públicas; o
primeiro PPA foi elaborado para o período 1991-1995.
95

Planos Econômicos
- Plano SALTE (Governo Eurico Gaspar Dutra - 1946 / 1951)

Um dos problemas mais sérios, enfrentados pelo governo Dutra, foi as altas taxas de inflação, que
se faziam sentir na elevação do custo de vida dos grandes centros urbanos. Procurando elaborar
uma estratégia de combate à inflação, Dutra buscou coordenar os gastos públicos dirigindo os
investimentos para setores prioritários. Nasceu daí o Plano SALTE, sigla que identificava os objeti-
vos do plano: investir em saúde, alimentação, transporte e energia. Contudo, os mais sacrificados
na política de combate à inflação foram os trabalhadores, pois reduziu-se à metade o poder
aquisitivo do salário mínimo.

- Plano de Metas (Governo Juscelino Kubitschek – 1956 / 1961)

O Plano de Metas foi um programa minucioso do Governo, que priorizava cinco setores
fundamentais: energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação. Entre as principais
realizações do Governo podemos destacar: a construção de usinas hidrelétricas; a instalação de
diversas indústrias; a abertura de rodovias; ampliação de produção de petróleo; a construção de
Brasília. O grande número de obras realizadas pelo Governo, fez-se à custa de empréstimos e
investimentos estrangeiros. Ou seja, o Governo internacionalizou a economia e aumentou a dívida
externa.

- Programa de Ação Econômica do Governo - PAEG (Governo Castelo Branco – 1964 / 1967)
Uma das principais propostas econômicas desse programa econômico era o combate à inflação.
Um combate mediante o favorecimento do capital estrangeiro, as restrições ao crédito e a redução
dos salários dos trabalhadores. As medidas econômicas tomadas tornaram o Governo cada vez
mais impopular. Carlos Lacerda dizia que "o ministro Roberto Campos era um homem imparcial,
porque estava matando imparcialmente ricos e pobres".

- Programa Estratégico de Desenvolvimento (Governo Costa e Silva - 1967 / 1969)


Tal programa tinha como objetivos principais: o crescimento da economia, a redução inflacionária e
a ampliação dos níveis de emprego. Essas três metas prioritárias foram praticamente atingidas,
embora a oferta de empregos só tenha podido se manter na base de uma rígida política de
controle salarial.

- Plano Nacional de Desenvolvimento - I PND (Governo Emílio Garrastazu Médici- 1969 /


1974)
Abrangia uma série de investimentos no campo siderúrgico, petroquímico, de transporte e de
energia elétrica, além do PIN (Programa de Integração Nacional). Desenvolveu-se, durante o
período, um clima de grande euforia, era tanto o entusiasmo que à época ficou conhecida como o
período do "milagre brasileiro": a economia cresceu a altas taxas anuais, tendo como base o
aumento da produção industrial, o crescimento das exportações e a acentuada utilização de
capitais externos. Em contrapartida, o Governo adotou uma rígida política de arrocho salarial. O
"milagre brasileiro" durou pouco porque não tinha bases sólidas para permanecer, o resultado foi o
aumento da inflação e da dívida externa.

- II Plano Nacional de Desenvolvimento - II PND (Governo Ernesto Geisel- 1974 / 1979)


Enfatizava a necessidade de expansão das indústrias de bens de produção, a fim de conseguir
uma sólida infra-estrutura econômica para o progresso econômico-industrial. O Governo assumiu o
objetivo de fazer do Brasil uma potência mundial emergente. Nesse período, estimularam-se
grandes obras no setor da mineração (exploração do minério de ferro da Serra dos Carajás;
extração de bauxita através da ALBRAS e da ALUNORTE), e no setor energético (construção de
96

usinas; ingresso do Brasil na era da energia nuclear marcado pelos acordos feitos com a
Alemanha Ocidental para a instalação de oito reatores nucleares no Brasil. Os objetivos do II PND
eram audaciosos, e o País não dispunha de condições internas para custear os gigantescos
investimentos planejados pelo Governo.

- III Plano Nacional de Desenvolvimento - III PND (Governo João Baptista Figueiredo – 1979 /
1985)
Esse plano estabelecia como metas prioritárias: crescimento de renda e do emprego; equilíbrio do
balanço de pagamentos; controle da dívida externa; combate à inflação; e desenvolvimento de
novas fontes de energia. Dos vários objetivos planejados, um dos que o Governo levou avante foi a
substituição progressiva da energia importada por energia nacional. Contudo, a maioria dos
objetivos planejados estiveram longe de ser alcançados. O período foi marcado por grave crise
econômica, que se refletia em problemas fundamentais, tais como: dívida externa, inflação,
desemprego.

- Plano Cruzado (Governo José Sarney - 1986)

Criado pelo governo José Sarney no final de fevereiro de 1986, o Plano Cruzado foi idealizado por
Dilson Funaro, então ministro da Fazenda.
Combina medidas monetárias tradicionais (juros altos) com medidas intervencionistas. O Cruzado
combinou medidas de austeridade fiscal com a preocupação de elevar a renda real dos
assalariados. Suas medidas de destaque foram: extinção do cruzeiro e criação de uma nova
moeda, o cruzado; fim da correção monetária generalizada; congelamento dos preços das
mercadorias; reajuste automático dos salários, sempre que a inflação atingisse 20%, mecanismo
conhecido como gatilho salarial. Depois de várias tentativas de chegar a algum acordo com os
banqueiros internacionais, o Governo decretou a moratória da dívida externa. Durou pouco o
entusiasmo com o plano e o congelamento dos preços. O programa de estabilização, apesar da
intensa participação popular, fracassou.

- Congelamento de preços de bens e serviços;


- Reforma monetária, alterando a moeda que passou a se chamar cruzado;
- Congelamento dos salários pela média de seu valor dos últimos seis meses e do salário
mínimo em Cz$ 804,00;
- Criação de uma tabela de conversão para transformar as dívidas contraídas em uma
inflação muito alta em dívidas contraídas em uma economia de inflação praticamente nula;
- Criação de um tipo de seguro-desemprego para quer fosse dispensado sem justa causa ou
em virtude do fechamento de empresas;
- Salários passam a ser reajustados pelo chamado gatilho salarial, que estabelecia o reajuste
automático dos salários sempre que a inflação alcançasse 20%.

Em um primeiro momento, o Plano Cruzado teve amplo apoio popular e até mesmo seus
opositores passaram a apoiá-lo. No entanto as coisas começaram a não dar certo, pois os
preços relativos da economia estavam desequilibrados. Com isso, muitos produtores não
puderam reajustar seus preços (que eram corrigidos no início de cada mês) e acabaram
perdendo rentabilidade no negócio ou, em alguns casos, ficando com preços mais baixos
que os custos. Isso levou à queda na qualidade de diversos produtos.
Além disso, o congelamento não permitiu que os preços que variam de acordo com a época
do ano se ajustassem, o que levou ao desabastecimento de alguns bens e o surgimento do
ágio para a compra de produtos como carne, leite e automóveis. Para piorar a situação, o
governo concedeu um abono de 16% ao salário mínimo e de 8% aos funcionários públicos,
97

o que estimulou o consumo e aumentou a demanda, que não pode ser ajustada por um
aumento de preço.

O governo seguia com elevados gastos público e manteve o congelamento da taxa de


câmbio, o que levou o país a perder uma parcela considerável das reservas internacionais e
os juros da economia estavam negativos o que desestimulava a poupança e pressionava o
consumo.

A proximidade das eleições para os governos estaduais impediu a adoção de medidas para
salvar o Plano Cruzado. Após a base governista vencer em 22 dos 26 estados, as coisas
começaram a mudar. O primeiro passo foi descongelar os preços, mas com isso a inflação
voltou com força e naufragou o plano.

Plano Bresser – Julho 1987

Luiz Carlos Bresser Pereira assumiu o Ministério da Fazenda do Governo José Sarney em
abril de 1987 após fracasso do Plano Cruzado. Pouco depois de sua posse, a inflação no
Brasil atingiu a marca de 23,21%.

Na época, o principal problema do país era o déficit público, com o governo gastando mais
do arrecadava. Em apenas quatro meses, essa diferença já atingia 7,2% do Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro. Para tentar solucionar esse cenário, foi criado o chamado Plano
Bresser, no qual se instituiu o congelamento dos preços, dos aluguéis, dos salários.
Também foi criada a UPR, que serviu como referência monetária para o reajuste de preços
e salários.

Para conter o déficit público, foi decidido desativar o gatilho salarial (reajuste dos salários
pela inflação), além do aumento de impostos, corte de subsídios do trigo e o adiamento de
obras de grande porte já planejadas. O país passou também a negociar com o FMI e
suspendeu a moratória.

No entanto, os esforços de Bresser não deram certo e a inflação atingiu 366% em dezembro
de 1987. Com isso, o ministro pediu demissão em janeiro de 1988 e foi substituído por
Maílson da Nóbrega.

Plano Verão – Janeiro de 1989

Substituto de Bresser na Fazenda, Maílson da Nóbrega lançou no dia 16 de janeiro de 1989


um plano econômico que ficou conhecido como Verão. A crise inflacionária nos anos 80
levou à edição de uma lei que modificou o índice de rendimento da caderneta, promovendo
ainda o congelamento dos preços e salários, a criação de uma nova moeda, o cruzado novo,
que inicialmente era atrelada em paridade ao dólar, e a extinção da OTN, importante fator
de correção monetária

Mais uma vez as intenções do governo não deram certo e o Plano Verão gerou uma série de
desajustes às cadernetas de poupança, em que as perdas chegaram a 20,37%. Esses
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prejuízos puderam ser reavidos na Justiça até dezembro do ano passado.

Plano Collor – Março de 1990

Anunciado no dia 16 de março de 1990, um dia após a posse do presidente Fernando


Collor, o plano foi um conjunto de reformas econômicas que visavam controlar a inflação
crescente nos anos anteriores. Oficialmente, o nome do plano era Brasil Novo, mas ficou
conhecido popularmente como Plano Collor.

A proposta era combinar a liberação fiscal com a financeira. Para isso, foram adotadas
medidas radicais para estabilizar os preços, que foram acompanhadas de programas de
reforma da política industrial e do comércio exterior. O governo decidiu também dar início
a um programa intitulado Programa Nacional de Desestatização,mais conhecido como
PND.

O plano foi efetivamente implementado pela equipe de economistas de Collor, composta


por Zélia Cardoso de Mello, Antônio Kandir, Ibrahim Eris, Venilton Tadini, Luís Otávio da
Motta Veiga, Eduardo Teixeira e João Maia. Entre as medidas adotadas estavam:

- Substituição do Cruzado Novo pelo Cruzeiro;


- Congelamento de 80% dos bens privados por 18 meses;
- Taxas elevadas em todas as transações financeiras;
- Indexação das taxas;
- Fim da maior parte dos incentivos fiscais;
- Preços reajustados por entidades públicas;
- Câmbio flutuante;
- Abertura da economia para o comércio exterior;
- Congelamento temporário dos salários e preços;
- Extinção de agências do governo para a redução de gastos públicos;
- Estímulo à privatização e início da remoção da regulamentação da economia.

Antes da posse de Collor, o Brasil vivia um processo de hiperinflação, com o índice


chegando a uma média mensal de 28,94%. Para conter os preços, a proposta era restringir o
fluxo de dinheiro para conter a inflação inercial. No entanto, a queda no comércio gerou
uma grande redução da atividade industrial. Em junho de 1990, a inflação estava 9%,
contra 81% de março.

No entanto, esse congelamento de ativos, que na prática foi um confisco do dinheiro que a
população tinha em conta corrente, começou a gerar outros problemas para a economia.
Com um cenário recessivo, as empresas passaram a demitir, muitas fecharam as portas.

No fim de 1990, a inflação já tinha voltado a crescer e fechou o ano com 1.198%. Para
tentar reverter a situação, foi lançado o Plano Collor II, que teve uma série de medidas no
mercado financeiro que representaram uma política de elevadas taxas de juros. Com um
novo congelamento de preços e salários, a inflação fecha 1991 em 481%.
99

O processo de abertura da economia brasileira obrigou a indústria nacional a investir para


se modernizar. No entanto, a inflação seguia um pouco elevada e um escândalo político
levou ao impeachment de Collor.

Plano Real – junho de 1993

O Plano Real foi implantado em três etapas e iniciado em 14 de junho de 1993 quando
Fernando Henrique Cardoso era Ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco. No ano
seguinte foi criada a Unidade Real de Valor (URV) que passaria a ser a nova moeda
brasileira posteriormente e que se chamaria Real.

Seu objetivo principal do Plano Real era controlar a hiperinflação, um problema brasileiro
estava impedindo o desenvolvimento do país. O momento combinou condições políticas,
históricas e econômicas para permitir que o governo brasileiro lançasse o plano que
colocou fim a quase três décadas de inflação.

Apesar do sucesso, o Plano Real enfrentou duras dificuldades, principalmente com a crise
dos Tigres Asiáticos (1997) e da Rússia (1998). Com isso, o governo precisou elevar a taxa
básica de juros, que chegou a 50% ao ano em setembro. No final de 1998, assinou um novo
acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que impunha duras obrigações a
serem cumpridas.

Com dificuldades de aprovas medidas importantes no Congresso, como a taxação dos


servidores inativos, o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso se viu
obrigado a abandonar o sistema de bandas cambiais e deixa a taxa de câmbio flutuante
(livre). Em apenas dois meses, a moeda brasileira perdeu 40% de seu valor.

Nos anos seguintes a situação ficou sob controle, com o Real voltando a ser alvo de
especulação em 2002, quando a eleição de Lula à presidência era quase certa. No entanto,
em um documento chamado Carta ao Povo Brasileiro, o então candidato se comprometeu a
manter os parâmetros da economia brasileira e a situação se acalmou.

Planos Plurianuais – PPAs

(a partir da Constituição de 1988)

- o Plano Plurianual torna-se o principal instrumento de planejamento de médio prazo


no sistema governamental brasileiro; deve estabelecer, de forma regionalizada, as
diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de
capital e outras dela decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada; cada PPA deve conter diretrizes para a organização e execução dos
orçamentos anuais e a vigência de um plano deve começar no segundo ano de um
governo e findar no primeiro ano do mandato seguinte, com o objetivo explícito de
permitir a continuidade do planejamento governamental e das ações públicas; o
primeiro PPA foi elaborado para o período 1991-1995.
100

ANEXOS

TEXTO 1
Constituição

Constituição da República Federativa do Brasil


Artigos referentes à Ordem Econômica e Financeira

TÍTULO VII

Da Ordem Econômica e Financeira

CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente;


Nota: Lei de Crimes Ambientais: Lei nº 9.605, de 12.2.98. Regulamento: Decreto nº 3.179, de 21.9.99.
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Nota: Redação atual do inciso IX dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 15.8.95. Redação anterior:

"IX – tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.”

Nota: Microempresa e Empresa de Pequeno Porte: Lei nº 9.841, de 05.10.99.


Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo
nos casos previstos em lei.

Art. 171. Revogado


Nota: Artigo totalmente revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995. Redação anterior do artigo:

"Art. 171. São consideradas:

I – empresa brasileira a constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País;

II – empresa brasileira de capital nacional aquela cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas
físicas domiciliadas e residentes no País ou de entidades de direito público interno, entendendo-se por controle efetivo da empresa a titularidade da
maioria de seu capital votante e o exercício, de fato e de direito, do poder decisório para gerir suas atividades.
101

§ 1º - A lei, poderá, em relação à empresa brasileira de capital nacional:

I – conceder proteção e benefícios especiais temporários para desenvolver atividades consideradas estratégicas para a defesa nacional ou
imprescindíveis ao desenvolvimento do País;

II – estabelecer, sempre que considerar um setor imprescindível ao desenvolvimento tecnológico nacional, entre outras condições e requisitos:

a) a exigência de que o controle referido no inciso II do "caput” se estenda às atividades tecnológicas da empresa, assim entendido o exercício, de fato
e de direito, do poder decisório para desenvolver ou absorver tecnologia.

b) percentuais de participação, no capital, de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou entidades de direito público interno.

§ 2º - Na aquisição de bens e serviços, o Poder Público dará tratamento preferencial, nos termos da lei, à empresa brasileira de capital nacional.”
Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a
remessa de lucros.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1º - A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
Nota: Redação do § 1º do art. 173 com incisos dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 4.4.98. Redação anterior:
"§ 1º - A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio
das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributária.”.

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública;

IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;

V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.

§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.

§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.

§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos
lucros.

§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às
punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Nota: Intervenção no domínio econômico para assegurar a livre distribuição de produto necessário ao consumo do povo: Lei Delegada nº 4, de 26.9.62.
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos
nacionais e regionais de desenvolvimento.

§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.

§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção
econômico-social dos garimpeiros.

§ 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas
de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação
de serviços públicos.
Nota: Regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto neste art. 175: Lei nº 8.987, de 13.2.95.
Outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos: Lei nº 9.074, de 07.7.95.
Obrigatoriedade de as concessionárias de serviços públicos estabelecerem ao consumidor e ao usuário datas opcionais para o vencimento de seus
débitos: Lei nº 9.791, de 24.3.99.
102

Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como
as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários;

III - política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado.

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para
efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.

§ 1º - A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser
efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que
tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em
faixa de fronteira ou terras indígenas.
Nota: Redação do § 1º do art. 176 dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 15.8.95. Redação anterior:
"§ 1º - A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput” deste artigo somente poderão ser
efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de capital nacional, na forma da
lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.”

§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.

§ 3º - A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas
ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

§ 4º - Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida.

Art. 177. Constituem monopólio da União:

I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por
meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados.

§ 1º - A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as
condições estabelecidas em lei.
Nota: Redação do § 1º do art. 177 dada pela Emenda Constitucional nº 9, de 9.11.95. Redação anterior:

"§ 1º - O monopólio previsto neste artigo inclui os riscos e resultados decorrentes das atividades nele mencionadas, sendo vedado à União ceder ou
conceder qualquer tipo de participação, em espécie ou em valor, na exploração de jazidas de petróleo ou gás natural, ressalvado o disposto no art. 20,
§ 1º.”
§ 2º - A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:
Nota: § 2º do art. 177 incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995.
Nota: A Lei nº 9.478, de 06.08.97, dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho
Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo, e a Lei nº 9.847, de 26.10.99, dispõe sobre a fiscalização das atividades relativas ao
abastecimento nacional de combustíveis de que trata a referida norma, bem como estabelece sanções administrativas.
I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território nacional;

II - as condições de contratação;

III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;

§ 3º - A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional.


Nota: § 2º do art. 177 renumerado pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995, passando a se constituir no § 3º.
103

§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus
derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:
Nota: § 4º do art. 177 acrescentado pela Emenda Constitucional nº 33, de 11.12.2001.
Nota: A Lei nº 10.336, de 19.12.2001, institui a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e a comercialização
de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool etílico combustível (Cide) a que se refere este parágrafo.

I - a alíquota da contribuição poderá ser:

a) diferenciada por produto ou uso;

b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b;

II - os recursos arrecadados serão destinados:

a) ao pagamento de subsídios

a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo;

b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás;

c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.

Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional,
observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade.
Nota: Redação do art. 178 e seu Parágrafo único dada pela Emenda Constitucional nº 7, de 15.8.95. Redação anterior:

"Art. 178. A lei disporá sobre:

I – a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre;

II – a predominância dos armadores nacionais e navios de bandeira e registros brasileiros e do país exportador ou importador;

III – o transporte de granéis;

IV – a utilização de embarcações de pesca e outras.

§ 1º - A ordenação do transporte internacional cumprirá os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade.

§ 2º - Serão brasileiros os armadores, os proprietários, os comandantes e dois terços, pelo menos, dos tripulantes de embarcações nacionais.

§ 3º - A navegação de cabotagem e a interior são privativas de embarcações nacionais, salvo caso de necessidade pública, segundo dispuser a lei.”

Nota: Transporte multimodal de cargas: Lei nº 9.611, de 19.2.98.

Transporte aéreo, no País, de autoridades em aeronaves do então Ministério, atual Comando da Aeronáutica: Decreto nº 3.061, de 14.5.99.

Reestruturação dos transportes aquaviários e terrestre, criação do Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transportes Terrestres, Agência
Nacional de Transportes Aquaviários e Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes: Lei nº 10.233, de 05.06.01.
Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições em que o transporte de mercadorias na cabotagem e a
navegação interior poderão ser feitos por embarcações estrangeiras.

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em
lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e
creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Art. 180. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvimento social e
econômico.

Art. 181. O atendimento de requisição de documento ou informação de natureza comercial, feita por autoridade administrativa ou judiciária estrangeira,
a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País dependerá de autorização do Poder competente.
104

TEXTO 2

exame/economia
O maior dos mercados emergentes
Em 2009, as mulheres despejaram na economia mundial cerca de 12 trilhões de dólares - mais do
que a soma das economias do celebrado Bric. No Brasil, elas foram responsáveis por gastar -
sozinhas - quase 800 bilhões de reais em produtos e serviços. Como tirar proveito desse enorme
mercado

Divulgação

Por Carolina Meyer e Marianna Aragão | 12.05.2010 | 10h40


A executiva Daiane Trombini, de 35 anos, costuma dividir com o marido cada uma das costumeiras
- e muitas vezes monótonas - obrigações do dia a dia. Juntos, eles estabelecem os valores que
serão gastos na construção da casa nova, discutem o salário da empregada, decidem sobre a
compra de eletrodomésticos e, como trabalham longe de casa (os dois moram em Jundiaí, a 60
quilômetros da capital paulista, onde ficam seus escritórios), se revezam para buscar a filha nas
aulas de tênis. A igualdade de condições - algo pelo qual as mulheres tanto lutaram no século
passado -, por incrível que pareça, para por aí. Como diretora regional da subsidiária brasileira da
farmacêutica Sandoz, Daiane ganha 20% mais que o marido, executivo de marketing da americana
Whirlpool. A discrepância fica ainda maior ao se comparar as despesas do casal. Daiane chega a
gastar até 2 000 reais por mês com celular, quatro vezes mais que seu parceiro. Foi dela a
iniciativa de presentear a filha de apenas 11 anos com um aparelho, um sofisticado modelo
touchscreen Star da Samsung. Nos 15 dias em que esteve no Brasil em janeiro para acertar sua
mudança - ela e a família passaram os últimos dois anos nos Estados Unidos -, Daiane investiu
cerca de 100 000 reais para adquirir um utilitário Santa Fé, importado pela coreana Hyundai. Seu
marido dirige um i30, da mesma montadora, que custa a metade do preço. "É claro que ele deu
alguns pitacos na compra", diz Daiane. "Mas, no final, a decisão de compra foi inteiramente
minha."
105

Em qualquer outro momento da história, o comportamento de uma mulher como Daiane seria visto
como uma exceção pelos executivos de marketing e vendas de grandes empresas. Num mundo
ainda dominado pelos homens, que concentram 70% dos postos de comando nas maiores
companhias do planeta (segundo dados de uma pesquisa divulgada há pouco mais de um ano
pela Universidade Harvard), a executiva não passaria de um exemplo isolado de profissional que,
após anos de muito esforço, teria finalmente conseguido furar o bloqueio. Gastos fora da curva
com telefone ou a aquisição de um carro luxuoso não passariam de meras demonstrações desse
novo status e, como tais, não deveriam receber muita - ou nenhuma - atenção. Até que veio a crise
em 2008 e muitos especialistas debruçaram-se sobre possíveis soluções para o que parecia ser
um atoleiro econômico sem fim. Para surpresa geral, uma das melhores respostas não veio na
forma de inovações mirabolantes ou de mais ingerência do Estado na economia - mas em
consumidoras como Daiane. Uma recente pesquisa elaborada pela consultoria Boston Consulting
Group (BCG) mostra que, nos próximos cinco anos, a renda feminina mundial deverá receber um
incremento de 5 trilhões de dólares, chegando a 18 trilhões - mais do que a soma do produto
interno bruto de Brasil, Rússia, Índia e China, o tão celebrado Bric. "Trata-se do maior mercado
emergente de todos os tempos. As mulheres vão liderar o mundo pós-crise", diz a americana Kate
Sayre, uma das autoras do estudo. "De meras coadjuvantes na economia, elas se converteram na
maior esperança de crescimento para diversos países.

Esqueça as reivindicações feministas, a guerra dos sexos, as políticas afirmativas de gênero.


Pense apenas no mercado, no potencial de consumo e, em última análise, em como essa
inquestionável ascensão feminina muda a economia e o jeito como as empresas olham o mercado.
Até hoje, as mulheres eram vistas basicamente como "influenciadoras" das decisões de compra -
sobretudo como donas de casa que ajudam a administrar o orçamento familiar. Dos 18,4 trilhões
de dólares destinados ao consumo mundial anualmente, estima-se que 12 trilhões, quantia
equivalente ao PIB americano, sejam de alguma maneira determinados pelas mulheres. "O que
está em discussão, agora, não é tanto sua capacidade de convencimento", diz Sayre. "Mas quanto
dinheiro elas podem ganhar e injetar na economia." A julgar pelo desempenho dos últimos anos,
essa injeção será fortíssima.

No que elas gastam

As brasileiras consumiram quase 800 bilhões de reais em 2009. Veja os principais setores
beneficiados... (em bilhões de reais):
106

Os segmentos de mercado que mais deixam as mulheres insatisfeitas no Brasil e por quê
107

1 - Como as mulheres utilizam mais serviços médicos que os homens, a demora no atendimento e
o não cumprimento de horários, sobretudo no caso de consultas, fazem com que elas percam mais
tempo fora do trabalho.

2 - As academias oferecem longos programas de exercícios voltados para a garantia de um corpo


perfeito - mas se esquecem de que as mulheres querem ganhar tempo. O ideal, para elas, seria
que a academia contasse com espaços para crianças ou serviços de beleza, como manicure.

3 - Segundo elas, ao falar sobre investimentos, os bancos utilizam uma linguagem complicada
demais. Poucas mulheres se interessam por índices como taxa de retorno - a maioria está mais
preocupada em garantir o futuro dos filhos.

De acordo com a pesquisa do BCG, a massa salarial feminina mundial tem crescido em média 8%
ao ano desde 2003 - ante um aumento de 5,8% nos ganhos dos homens. Com isso, a previsão é
que a quantia controlada pelas mulheres e destinada ao consumo em todo o mundo deverá
ultrapassar 20 trilhões de dólares em 2015, ante os 12 trilhões atuais. Para efeito de comparação:
a massa salarial global masculina é, hoje, de 23,4 trilhões de dólares. Um estudo realizado pelo
instituto de pesquisa brasileiro Sophia Mind, do site Bolsa de Mulher, ao qual EXAME teve acesso
com exclusividade, dá uma ideia do potencial do mercado formado por mulheres no Brasil. (Note
que não falamos mais de mercado feminino, já que o consumo delas vai muito além dos óbvios
batom, perfume e bolsa.) Dos quase 2 trilhões de reais destinados ao consumo em 2009, as
mulheres responderam por 1,3 trilhão - desses, 800 bilhões vieram na forma de consumo direto e o
restante contou com a influência delas. Mulheres já são grande parte dos mercados de carros,
apartamentos, educação e saúde, para ficar em apenas alguns exemplos. "O poder de compra
dessas consumidoras será, sem dúvida, um dos grandes caminhos para o crescimento do mercado
brasileiro", diz Andiara Petterle, presidente do site Bolsa de Mulher e coordenadora da pesquisa.

...e a participação feminina no consumo total desses produtos e serviços:


108

Os números mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam o


avanço das mulheres por aqui. De 2001 a 2008 a massa salarial feminina (a soma do salário de
todas as mulheres incluídas no mercado de trabalho formal) aumentou 42,3%, ao passo que a
masculina cresceu 25,9%. Hoje, o salário de uma profissional equivale a 71% do de um homem
que desempenha a mesma função - em 1993, essa relação não passava de 32%. "Ainda há muito
espaço para crescer, não só na quantidade de mulheres que podem entrar no mercado de trabalho
como também no processo de equalização da renda", diz Andiara. "E isso se vê mais facilmente
nos países emergentes. No mundo desenvolvido, grande parte das mulheres já está inserida no
mercado de trabalho, ganhando salários muito próximos aos de seus pares masculinos."

Um estudo do banco Goldman Sachs estima que a redução da diferença salarial entre homens e
mulheres somada ao ingresso de aproximadamente 150 000 brasileiras por ano no mercado de
trabalho deverá elevar o PIB do Brasil em quase 1 ponto percentual por ano até 2013 - algo em
torno de 100 bilhões de reais. O caso da esteticista Elisabete Rozinelli, de 43 anos de idade,
oferece um dos exemplos mais contundentes do que pode estar por vir. Casada, mãe de dois
filhos, ela só começou a trabalhar em 2003. Até então, sua principal ocupação consistia em cuidar
da administração da casa e do prédio onde morava (Elisabete era síndica, mas não recebia um
centavo por isso). Depois de fazer dois cursos profissionalizantes, saiu em busca de emprego. A
primeira oportunidade apareceu em um pequeno salão de beleza no Alto da Lapa, na zona oeste
de São Paulo. Depois disso, Elisabete mudou duas vezes de emprego. Nos últimos três anos sua
remuneração dobrou, alcançando quase 8 000 reais por mês. Nesse período, transformou-se num
dos 20 milhões de brasileiros que subiram da classe C para a AB. Seus gastos pessoais também
dispararam. Nos últimos 18 meses ela trocou o antigo Diplomata 1990 por um Ford Ka zero-
109

quilômetro e fez duas viagens internacionais. A primeira, para Portugal, no início do ano passado,
foi financiada em dez vezes. Já a estada de 20 dias na Europa neste ano - que custou 11 000 reais
- foi quitada à vista. "Meu próximo passo será comprar um apartamento", diz.

Embora o avanço do mercado feminino possa ser verificado em todos os segmentos da sociedade,
é na pujante classe C que ele aparece de forma mais evidente. Um recente estudo elaborado pelo
instituto de pesquisa Data Popular mostra que, na classe A, as mulheres são responsáveis por
apenas 25% do total da renda familiar - ao passo que, na base da pirâmide, essa participação
chega a 41%. Isso acontece porque, nesse estrato social, há um maior número de mulheres que
se tornaram chefes de família. "A igualdade salarial deve chegar primeiro à baixa renda", diz
Renato Meirelles, diretor do Data Popular e coordenador da pesquisa. Foi o que aconteceu com a
pernambucana Alice Andrade, de 38 anos. Como assistente social, ela ganha 1 200 reais por mês,
dinheiro suficiente para sustentar, de forma apertada, os pais e o irmão mais novo.

Mais dinheiro no bolso

A soma total do salário das trabalhadoras brasileiras ainda é menor que a dos homens, mas a
diferença vem diminuindo (em bilhões de reais):

Para ajudar a bancar gastos como a compra de um notebook, um fogão, uma geladeira e um
celular, todos adquiridos no final do ano passado, Alice recebe outros 2 000 reais mensais com a
venda de cosméticos da Natura. "Costumo emendar um crediário no outro", diz. "Não fico sem
consumir. Nem que, para isso, eu precise inventar outras formas de ganhar dinheiro."

A recente ascensão das mulheres no mercado de consumo tem contribuído para a quebra de
alguns estereótipos. O principal deles é o de que elas só gastam em roupas, acessórios e
cosméticos, deixando despesas mais "sérias", como a aquisição do carro ou a reforma da casa, a
cargo dos homens. Ok. As mulheres continuam - e continuarão por toda a eternidade - loucas por
sapatos, acessórios, roupas e maquiagem. Mas a riqueza gerada por elas, hoje, se distribui de
forma muito mais sofisticada. Boa parte da renda vai para setores como educação dos filhos e a
própria educação, alimentação, telefonia e planos de saúde. Analise o perfil da publicitária carioca
Ana Leão, de 41 anos. Ávida consumidora de produtos de beleza, Ana gasta aproximadamente 4
000 reais por mês com a compra de cosméticos, medicamentos, roupas e serviços como
academia, cabeleireiro e manicure - mas despende uma quantia equivalente para cuidar, sozinha,
do filho de 11 anos. Além da escola e da terapia, o garoto faz aulas de francês, inglês, remo e
esgrima. "Existe um mito de que mulher só gasta dinheiro com batom", diz Ana, que, apesar de
consumir um bocado, tem um portfólio de investimentos de mais de 400 000 reais.
110

Essa visão cristalizada - e, por vezes, ultrapassada - do universo feminino explica por que histórias
como a da executiva Marlene Ortega ainda surpreendem tanta gente. Aos 51 anos de idade,
Marlene, coordenadora da área de treinamento de uma empresa especializada em eventos
corporativos, alcançou um nível de vida bastante confortável. É dona do próprio carro (um Toyota
Corolla 2008), comprou recentemente um apartamento no Guarujá, no litoral de São Paulo, e
sempre manteve um perfil ultraconservador de investimento - em sua carteira há apenas imóveis e
previdência privada. Marlene faz pelo menos uma viagem internacional por ano e mantém 60
garrafas de vinho em sua adega particular. Em agosto do ano passado fez sua aquisição mais
excêntrica: uma motocicleta Harley-Davidson. "Queria acompanhar meu marido em suas viagens",
diz ela. "Foi uma compra bem pouco convencional. Na loja, ninguém acreditava que a moto fosse
para mim."

Imóveis, carros, motos, eletroeletrônicos. Diante de consumidoras tão vorazes, era de imaginar que
o mundo dos negócios estivesse um passo à frente, pronto para atender aos desejos delas, certo?
Pois não é o que vem acontecendo. Na realidade, ainda são raros os casos de empresas
bemsucedidas na arte de entender as necessidades e os desejos femininos. A maioria acabou
vítima de sua própria arrogância, fruto de avaliações superficiais acerca dessas consumidoras. Foi
o que aconteceu com a fabricante de computadores americana Dell. No final do ano passado, seus
executivos decidiram lançar uma linha de laptops específica para a mulherada. A Dell fez o óbvio -
e o óbvio não funcionou. Lançou uma gama de produtos com cores vibrantes (sim, o pink estava
entre elas), vendidos por meio de um site batizado de Della, que se ocupava mais em vender
acessórios do que em apresentar adequadamente as qualidades do produto. Sentindo- se tratadas
como bonecas Barbie, centenas de consumidoras americanas foram para a internet reclamar. A
polêmica chegou às páginas do influente New York Times. Segundo o jornal, os marqueteiros da
Dell deveriam "voltar para a escola". "Algumas empresas ainda acham que vender para mulher
significa pintar o produto de cor-de-rosa", afirma a antropóloga carioca Lívia Barbosa, diretora de
pesquisas da Escola Superior de Propaganda e Marketing. "É preciso ser bem mais criativo do que
isso. Com tão pouco tempo disponível, as mulheres querem praticidade." (A Dell alterou o
conteúdo do site no início deste ano, tornando-o mais informativo.)

A busca incessante por praticidade - e não por meros produtos rosa-choque - é o que explica a
escolha da Apple como uma das três marcas mais admiradas pelas mulheres no mundo segundo o
levantamento do BCG. O segredo pode residir no fato de que Steve Jobs, o gênio por trás da
empresa, jamais se importou muito em tratar as mulheres de forma diferente dos demais
consumidores. Mas, aparentemente sem querer, Jobs respondeu com seus produtos a uma das
grandes demandas femininas numa era de infernal proliferação de botões e controles. "Os
produtos da Apple são fáceis de usar, quase intuitivos", diz Sayre, do BCG. "E isso fascina as
mulheres, que têm cada vez menos tempo de ler manuais."

A Best Buy, uma das maiores redes de eletroeletrônicos dos Estados Unidos, tomou como base
essa percepção para remodelar algumas de suas lojas no final de 2008. Atentos a um mercado de
68 bilhões de dólares (as americanas respondem por 45% das compras de eletrônicos no país), os
executivos da rede entrevistaram 40 consumidoras na cidade de Aurora, no estado do Colorado,
com o intuito de criar uma lojaconceito que atendesse aos seus desejos. As mulheres exigiram
lojas mais claras, tapetes em tons menos sóbrios, móveis de madeira e, principalmente, a criação
de ambientes em que fosse possível entender como os equipamentos poderiam ser conectados
uns aos outros. O tráfego na loja-conceito aumentou mais de 20%, em grande parte graças à
procura feminina, e o modelo foi replicado em outros pontos dos Estados Unidos. Durante uma
conferência de divulgação de resultados, no dia 25 de março, o presidente da Best Buy, Brian
Dunn, afirmou que grande parte do crescimento de 7%, comparando-se o mesmo número de lojas
no período entre dezembro de 2009 e fevereiro deste ano, deveu-se à capacidade da rede de
"atrair novos consumidores, especialmente mulheres e jovens".

A força das consumidoras


111

A participação feminina(1) no consumo de algumas das maiores economias do planeta:

No Brasil, algumas empresas começam a despertar para a importância de conquistar o mercado


formado por mulheres com renda. Em 2007, depois de realizar centenas de pesquisas com seus
vendedores, os executivos da Cyrela, segunda maior incorporadora do país, perceberam que seus
projetos negligenciavam essas possíveis consumidoras. "Percebemos que as mulheres estavam
extrapolando o papel clássico de mera aprovadora no momento da compra do imóvel", diz Rosane
Ferreira, diretora de incorporação da Cyrela. "Em muitos casos, elas eram as compradoras." Para
conquistá-las, a companhia passou a incluir nos novos imóveis centros de beleza, salas de
ginástica e pilates e áreas de lazer para os filhos. Atualmente, as mulheres são responsáveis por
40% das vendas da Cyrela no país - ante 30% registrados três anos atrás. A paulista Andreia
Mariano, de 33 anos, faz parte desse novo perfil de clientes descoberto pela Cyrela. Coordenadora
de comércio exterior em uma multinacional de autopeças, ela adquiriu um apartamento da
incorporadora na Chácara Santo Antônio, bairro da zona sul da capital paulista, em novembro do
ano passado. O imóvel é avaliado em 400 000 reais - e conta com uma área de lazer que inclui
spa, piscina e academia de ginástica. "Esses ‘opcionais’ foram decisivos na minha escolha", diz
Andreia. "Pode parecer bobagem, mas faz uma baita diferença na minha rotina diária."

Por não dispor de uma ampla base de dados - ou mesmo de interesse - sobre esse mercado,
algumas companhias descobriram quase por acaso as enormes oportunidades geradas por esse
público. Em maio de 2007, sem muito estardalhaço, a subsidiária brasileira da coreana LG lançou
o que seria apenas mais um aparelho em sua extensa linha de celulares. Batizado de Shine, o
telefone em sóbrios tons de cinza foi desenvolvido para agradar ao público masculino - mas
acabou, sem querer, caindo no gosto das consumidoras, que responderam por cerca de 20% de
suas vendas no primeiro ano após o lançamento. "Percebemos que em restaurantes, por exemplo,
as mulheres usavam a parte externa do aparelho, toda espelhada, para retocar a maquiagem sem
112

precisar ir ao banheiro", diz Eduardo Toni, diretor de marketing da LG. "Decidimos, então, dar mais
atenção a esse público." Uma das primeiras medidas foi aumentar a quantidade de mulheres nos
grupos de pesquisa, das antigas 70 para as atuais 150 (o mesmo número de homens
pesquisados). Com base nos comentários das entrevistadas, os executivos da LG descobriram que
elas simplesmente odiavam o excesso de fios pela casa e tinham enorme dificuldade de
navegação na internet em alguns de seus aparelhos, como TVs e celulares. Para aproveitar essa
oportunidade, em outubro do ano passado a LG trouxe para o Brasil uma nova linha de home
theaters sem fio. Três meses após seu lançamento, o modelo vendia 70% mais que os
equipamentos tradicionais. "Descobrimos que os mercados não são excludentes", diz Toni.
"Quando lançamos algo que satisfaça às necessidades delas, as vendas aumentam também para
o público masculino."

Num cenário em que poucas companhias estão de fato preparadas para atender aos desejos das
mulheres, a varejista de material de construção C&C é uma exceção. Em setembro do ano
passado, a empresa criou uma diretoria específica para entender e atender essa parcela do
mercado. Ao departamento, batizado de diretoria do cliente feminino, cabe pensar no
desenvolvimento de novos produtos e avaliar quão satisfeitas as consumidoras estão. Um dos
primeiros movimentos encabeçados por essa nova diretoria é a remodelação das lojas. No início
deste ano, quatro das 40 unidades espalhadas entre São Paulo e Rio de Janeiro passaram por
uma repaginação total - a maior mudança diz respeito à forma como os produtos são distribuídos,
agora imitando os ambientes de uma casa, como fazem as lojas de decoração Etna e Tok Stok.
Além disso, a C&C incluiu em seu portfólio itens da linha branca, algo até então impensável num
setor habituado a vender azulejos e parafusos. "Em nossas pesquisas, percebemos que o maior
sonho das mulheres era ganhar tempo", afirma Miriam Gemignani, diretora de cliente feminino da
C&C. Hoje, 55% da clientela da empresa é formada por mulheres. Num momento em que o
capitalismo mundial anseia por novos mercados que sustentem o crescimento dos negócios e a
geração de mais riqueza, enxergar a evolução da sociedade e o novo papel econômico da metade
mais sensível da população global parece ser um movimento mandatório.

P.S.: por favor, maneirem no rosa.

Daiane Trombini: Administradora de empresas 35 anos

Acaba de comprar um automóvel modelo Santa Fé, da Hyundai, por aproximadamente 100 000
reais e gasta quatro vezes mais com a conta de celular do que o marido.

Andreia Mariano: Administradora de empresas 33 Anos

Em novembro de 2009 comprou um apartamento da Cyrela avaliado em 400 000 reais. O prédio
conta com facilidades como sala de ginásticae míni-spa.

Marlene Ortega: Psicóloga 51 anos

Para acompanhar o marido em suas viagens pelo interior do país, adquiriu, em agosto do ano
passado, uma motocicleta Harley-Davidson por cerca de 26 000 reais.

Elisabete Rozinelli: Esteticista 43 Anos

Depois de trocar o carro usado por um modelo zero-quilômetro no início de 2009, Elisabete pagou
11 000 reais à vista para fazer um tour de 20 dias pela Europa.

Ana Leão: Publicitária 41 Anos

Para cuidar do filho de 11 anos, gasta 4 000 reais por mês com educação, quantia equivalente a
seu consumo mensal de cosméticos, roupas e acessórios.

Alice Andrade: Assistente social 38 Anos


113

Com a renda extra de 2 000 reais que consegue com a revenda de produtos Natura, Alice adquiriu
um fogão, uma geladeira, um notebook e um celular.

Quem disse que não dá para entender as mulheres?

Algumas empresas que fizeram mudanças recentes para atender aos anseios do público feminino:

C&C

Problema

O ambiente empoeirado das lojas, com sacos de cimento amontoados pelos cantos, não agradava
às mulheres.

Solução

Criou, em setembro de 2009, uma diretoria específi ca para atender as consumidoras. Nas lojas,
há mais espaço para itens de decoração e utilidades domésticas. Também passou a vender
produtos da linha branca.

Participação atual das mulheres nas vendas: 55%.

Cyrela

Problema

As mulheres gostariam de ganhar tempo realizando o maior número possível de tarefas no próprio
condomínio.

Solução

A empresa passou a oferecer salão de beleza e salas de ioga e pilates em alguns de seus
Empreendimentos. Com isso, a procura das mulheres aumentou quase 30% nos últimos três anos.
114

Texto 3
15 decisões que fizeram história
| 22.03.2007

Existem decisões cujos efeitos são sentidos por anos, às vezes, décadas. São medidas capazes
de redefinir os rumos de empresas e de economias inteiras. EXAME consultou 13 consagrados
economistas e políticos brasileiros - nomes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e
os economistas Claudio Haddad e Eduardo Giannetti da Fonseca - para chegar a uma lista de 15
medidas que fizeram história nos últimos 40 anos - e que continuam a ter impacto ainda hoje.
Os episódios citados, não por acaso, envolvem grandes inovações tecnológicas, lufadas
liberalizantes e a consciência - às vezes visionária - de que fazemos parte de um mundo, para
usar o termo cunhado pelo americano Thomas Friedmann, plano. Cada uma à sua maneira,
essas decisões ajudaram a desenhar a nova face da economia do país. Seus efeitos estão
presentes hoje - e deverão ser sentidos ainda por um bom tempo.

Por Serena Calejon


EXAME 1969
O governo militar cria a Embraer
A Embraer, quarta maior fabricante de aeronaves do mundo, nasceu por decreto. Em agosto de
1969, o presidente Arthur da Costa e Silva determinou o início da produção do modelo
Bandeirante, um barulhento turboélice, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. O
principal objetivo era fornecer aviões para o Exército, mas logo o Bandeirante passou a compor
a frota de companhias aéreas, como Vasp e Transbrasil. Primorosa em tecnologia, a Embraer
chegou aos anos 90 à beira da falência com uma estrutura de pessoal pesada e uma série de
modelos ultrapassados. Em dezembro de 1994, o grupo comandado pelo Bozano, Simonsen e
pelos fundos de pensão Previ e Sistel arrematou a empresa na privatização. O executivo
Maurício Botelho, presidente da Embraer desde então, protagonizou uma espetacular
recuperação -- em 2006, o faturamento da empresa superou 3 bilhões de dólares. Em abril,
Botelho passará o comando da operação para Frederico Fleury Curado, que fez carreira na
companhia. Atualmente, a Embraer é um dos exemplos mais pujantes do avanço de empresas
de países emergentes em setores até pouco tempo atrás dominados por concorrentes do mundo
desenvolvido. No segmento de jatos para aviação regional, a companhia disputa a liderança
mundial com a canadense Bombardier. "Hoje a Embraer projeta o Brasil em todo o mundo num
setor de tecnologia de ponta", diz o economista Claudio Haddad, presidente do Ibmec São Paulo.

1973

A semente do agronegócio brasileiro


Em 2006, o Brasil produziu 117 milhões de toneladas de grãos -- mais que o triplo da produção
registrada no início dos anos 70. Poucas decisões foram tão cruciais para essa gigantesca
multiplicação quanto a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em
1973. Um dos principais feitos da estatal foi a adaptação às condições locais de certas culturas,
como a da soja -- típica de climas temperados. Outra conquista foi a viabilização agrícola do
cerrado, uma região de solo ácido e arenoso, originalmente impróprio até mesmo para o plantio
de um pé de alface. Hoje metade da produção da soja brasileira vem dessa região. No ano
passado, a Embrapa recebeu o maior orçamento de toda sua história: 1 bilhão de reais. Mesmo
assim, o valor é insuficiente. Com estudos em áreas que envolvem tecnologias cada vez mais
caras, seus cientistas passam cerca de 60% do tempo buscando dinheiro em parcerias com o
setor privado.
115

1975

O início do Proálcool
O mundo mal se recuperava do primeiro choque do petróleo quando o então presidente Ernesto
Geisel lançou o Programa Nacional do Álcool, o Proálcool, para livrar o Brasil da dependência da
gasolina estrangeira. Durante um período de quase dez anos, o governo brasileiro investiu 16
bilhões de dólares em pesquisas genéticas para melhoria da cana-de-açúcar, subsídios ao preço
do álcool e financiamento de máquinas agrícolas a juros baixos. Nos anos 80 e 90, a queda do
preço do petróleo e o aumento da cotação do açúcar no mercado mundial esfriaram a produção
e a venda de etanol no país. O Proálcool morreu sufocado na politicagem, no favorecimento de
grupos pouco competitivos e na descrença do consumidor. Três décadas mais tarde, a tecnologia
desenvolvida graças à decisão tomada durante o governo Geisel ajudou a colocar o Brasil na
vanguarda dos países produtores de etanol, considerado hoje um dos sucessores do petróleo
como matriz energética em todo o planeta. A venda de etanol no Brasil movimentou 6,2 bilhões
de dólares em 2006 e a expectativa é que esse valor alcance 15 bilhões de dólares em 2010. O
setor hoje atrai olhares e dólares de investidores de todo o mundo.

1977
A Petrobras vai ao mar
Criada em 1953, durante duas décadas a Petrobras só extraiu petróleo em terra firme. Em 1977,
deu uma guinada em sua estratégia e passou a explorar comercialmente o campo de Enchova,
na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, a uma profundidade de 120 metros -- um passo que
exigiu anos de pesquisa. À época, a decisão foi vista como temerária, devido aos elevados
custos do projeto e aos riscos e complexidade de uma operação em alto-mar. Hoje a Petrobras é
referência mundial em tecnologia de exploração e produção em águas profundas. Quase 80% da
produção nacional de petróleo vem da exploração marítima, em operações que chegam a 1 500
metros de profundidade. Se não tivesse optado por entrar nesse mercado duas décadas atrás,
dificilmente a Petrobras teria conseguido garantir a auto-suficiência brasileira na produção de
petróleo, um feito alcançado em 2006.

1980
A era do dinheiro eletrônico
No início da década de 80, o setor financeiro estava entre os poucos que conseguiam crescer em
meio à crise econômica que freava o país. E foi justamente nessa época que o Brasil entrou na
era do dinheiro eletrônico, aproveitando tecnologia nacional. Duas instituições disputavam a
liderança na corrida eletrônica: Itaú e Bradesco. Em setembro de 1980, o Itaú inaugurou a
primeira agência informatizada, ligada eletronicamente a um computador central. No mesmo
ano, o Bradesco apresentou sua inovação: um terminal eletrônico de consultas para clientes. O
movimento era a gê nese de uma ruptura tecnológica que levou os bancos brasileiros à condição
atual de modelo de sofisticação em automação bancária no mundo. Para os clientes, o mundo
mudou. A rede que interligava as agências permitia um feito até então impensável: sacar
dinheiro ou fazer depósitos em qualquer agência de seu banco -- e não apenas onde o cliente
tinha conta aberta. Hoje o que está em jogo é quem será o primeiro a levar as transações
bancárias para o celular. O Banco do Brasil saiu na frente quando passou a oferecer, em meados
de 2004, o mobile banking, serviço de consulta de saldos e transferências entre contas pelo
celular. O próximo passo é transformar o celular em meio de pagamento em estabelecimentos
comerciais.

1988
Constituição nova, problemas novos
Desde que foi promulgada, em 1988, a Constituição brasileira recebe duras críticas em relação à
sua plataforma econômica. Especialistas fazem coro ao afirmar que a nova regulamentação
levou a um verdadeiro desastre fiscal. A nova Carta criou direitos e privilégios que hoje amarram
o setor privado e obrigam o Estado a gastar cada vez mais com aposentadorias, funcionalismo
público, pensões e programas sociais. A grande vilã é a Previdência. De 1989 para cá, os gastos
mais que triplicaram, passando de 4% do PIB para cerca de 13%. "Fizemos uma
regulamentação de país rico para um país pobre, que não tem como financiá-la", diz o
economista Raul Velloso, especialista em finanças públicas. O resultado do inchaço das despesas
116

públicas é o aumento da carga tributária e a conseqüente diminuição do investimento privado.


"A Constituição é uma das grandes responsáveis pelas taxas medíocres de crescimento do país
desde então", diz o economista Mailson da Nóbrega. Até agora, as tentativas de mudar a
Constituição foram brandas. Em 2003, uma reforma da Previdência passou a cobrar tributos de
funcionários públicos inativos. Mas existe consenso de que outras reformas em diversos âmbitos
-- tributária, trabalhista e política -- serão inevitáveis nos próximos anos.

1990
O país se abre para o mundo
Nos anos 70, o governo militar brasileiro exacerbou barreiras enormes às importações no
esforço de desenvolver a indústria nacional. A medida protegeu artificialmente uma série de
empresas com um nível de eficiência inferior em relação ao resto do mundo -- o que prejudicou
o consumidor brasileiro e limitou a capacidade de atuação dessas companhias no mercado
global. Em 1990, o então presidente Fernando Collor tomou aquela que foi provavelmente a
única resolução que o faria ser lembrado de maneira positiva -- a liberalização das importações.
"Ele foi o responsável, na ocasião, mas o país estava maduro para a decisão de abrir a
economia", diz o economista Roberto Teixeira da Costa. A abertura, nos anos 90, representou
um choque de realidade para as empresários brasileiros que prosperaram dentro de uma bolha
que os isolava do mundo. Algumas empresas morreram, outras foram vendidas. Muitas das que
sobreviveram ao tranco tornaram-se competitivas mundo afora. Segundo dados do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ao longo dos anos 90 a produtividade da indústria brasileira
cresceu quase 8% ao ano. A abertura econômica, porém, é um processo que ainda não
terminou. "Ainda temos muito trabalho pela frente", diz Eustáquio Reis, diretor do Ipea.
Segundo estudo do instituto, alguns setores ainda são protegidos com mais de 100% de
taxação.

1994
O plano real e o fim da hiperinflação
Poucos acreditaram que daquela vez era para valer. No final de fevereiro de 1994, o presidente
Itamar Franco bateu o martelo no lançamento de mais um entre os inúmeros pacotes de
medidas econômicas contra a hiperinflação que assombrava o país havia vários anos. A despeito
do descrédito inicial, o Plano Real finalmente acabou com uma inflação que no ano anterior
atingira assustadores 2 567% (algo quase inimaginável hoje, com uma inflação anual de 3,14%
em 2006). O mecanismo do plano foi criar um novo indexador para a economia, com valor
atrelado ao dólar: a unidade real de valor, a URV. Alguns meses depois, a URV teve seu nome
trocado para Real e a nova moeda passou a circular fisicamente pelo país. O Cruzeiro Real foi
extinto. "A tomada de decisão foi um momento difícil, porque alguns ministros achavam que o
Plano Real traria perda salarial", diz o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, então ministro
da Fazenda e mentor do Real. Com o fim da cultura de inflação, o Brasil pôde postular um lugar
no grupo das economias civilizadas. A estabilidade se transformaria na base de todos os
progressos feitos pela economia brasileira a partir de então.

1994
A construção de uma marca global
Desde que foram lançadas, em 1962, as sandálias Havaianas ficaram conhecidas pelo popular
bordão "Não deforma, não tem cheiro, não solta as tiras". Em 1994, a São Paulo Alpargatas,
fabricante das Havaianas, decidiu que era hora de dar um upgrade na imagem da popular
sandália de borracha e lançou uma linha monocromática, com design sutilmente diferente. O
produto saiu dos balcões do pequeno comércio e partiu para o grande varejo. O movimento foi o
embrião do estrondoso sucesso que as Havaianas fazem hoje não só no Brasil mas também no
exterior. Desde o ano 2000, as Havaianas são exportadas para todo o mundo e se tornaram
uma das raras marcas nacionais a ter projeção internacional. Celebridades como Angelina Jolie,
Jennifer Aniston e Kate Hudson já foram flagradas com o chinelinho nos pés. Só no ano passado,
foram exportados 18 milhões de pares. Segundo pesquisa da Interbrand, consultoria
especializada em marcas, em 2006 as Havaianas se tornaram o produto brasileiro mais popular
no exterior, desbancando a mítica seleção de futebol.
117

1998
O novo jogo das telecomunicações
O leilão do Sistema Telebrás, realizado em julho de 1998, arrecadou no total 22 bilhões de reais
na venda de 12 concessões de operação. A venda das ineficientes prestadoras de serviço de
telefonia estatais acabou com as intermináveis filas (a instalação de uma nova linha levava
anos) e os valores astronômicos antes cobrados por uma simples linha telefônica (que chegavam
a valer até 4 000 dólares). "Todos os setores foram extremamente beneficiados, porque cada
vez mais as empresas precisam trafegar dados", diz Mauro Peres, diretor de pesquisa da
consultoria IDC Brasil, especializada em tecnologia da informação e telecomunicações. "Hoje o
país tem uma boa estrutura de telecomunicações e isso ajudou a aumentar a produtividade das
pessoas e das empresas."

A dimensão do avanço impressiona quando se observa, por exemplo, a quantidade de pessoas


com acesso à internet -- que passou de 480 000 em 1998 para 35 milhões atualmente. A
proporção de telefones fixos era de 12 por 100 habitantes. Hoje é de 27. O volume de usuários
de telefone celular é ainda mais vultoso -- 100 milhões de aparelhos em funcionamento no
Brasil. "Sem a abertura, seguramente estaríamos falando em, no máximo, 10 milhões de
usuários de celular", diz Peres.

1999
Entramos na era das fusões
A fusão das cervejarias Brahma e Antarctica, que deu origem à Ambev, foi um dos movimentos
mais inesperados e simbólicos do ambiente brasileiro de negócios. Primeiro porque uniu sob um
mesmo teto inimigos aparentemente inconciliáveis. Segundo porque colocou o Brasil na era das
grandes fusões, um período no qual se buscam escala e competitividade globais. A Ambev
nasceu gigantesca, com faturamento consolidado de 8,4 bilhões de dólares em 1998 e ocupando
o posto de terceira maior indústria cervejeira do mundo, atrás da americana Anheuser-Busch
(fabricante da Budweiser) e da holandesa Heineken. Logo os sócios da Ambev -- o lendário trio
formado pelos ex-banqueiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira --
extrapolaram as fron- teiras do mercado brasileiro para protagonizar a consolidação mundial do
setor. Em 2004, a Ambev associou-se à sétima maior cervejaria do mundo, a belga Interbrew,
numa arrojada troca de ações. Seus sócios transferiram o controle da cervejaria para a
Interbrew e, em troca, levaram 25% da nova empresa. A Inbev acabou por incorporar os
princípios de gestão que marcaram a Brahma (sobretudo a meritocracia e a obsessão com corte
de custos). Hoje é a maior cervejaria do mundo.

2000
A onda verde
No começo da década, a palavra "sustentabilidade" ainda não fazia parte do dicionário da
maioria dos homens de negócios. Hoje, sobretudo com os temores gerados pela ameaça do
aquecimento global, nenhum empresário ou executivo ignora o tema -- ainda que não se saiba
exatamente quais serão os efeitos de uma mudança climática. A Natura, umas das maiores
empresas de cosméticos do país, despontou como uma das primeiras a buscar a adaptação de
seu modelo de negócios ao conceito de sustentabilidade. Um dos marcos desse movimento foi o
lançamento, em agosto de 2000, da linha de cosméticos Ekos, produzida com matéria-prima
brasileira desenvolvida junto a comunidades que habitam o interior do país. As diretrizes que
nortearam a criação da Ekos -- uso da biodiversidade brasileira, sustentabilidade ambiental e
social e aproveitamento das tradições populares -- apareciam pontualmente na empresa desde
os anos 90. A postura "social e ecologicamente correta" acabou por se tornar um trunfo junto
aos investidores. A Natura foi uma das primeiras brasileiras a compor índices de
sustentabilidade, como o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa, criado no final de
2005.

2000
A Bovespa se rende à governança
A criação de três segmentos de listagem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa),
destinados a empresas que adotam práticas mais rígidas de governança corporativa, em
dezembro de 2000, representou a entrada do mercado de capitais brasileiro numa nova era em
que as pressões por transparência são cada vez maiores. O Novo Mercado e os Níveis 1 e 2 de
118

governança foram desenvolvidos pela Bovespa com base em um estudo realizado pelos
economistas José Roberto Mendonça de Barros, José Alexandre Scheinkman, Luiz Leonardo
Cantidiano e Antonio Gledson. Em fevereiro de 2002, a administradora de rodovias CCR se
tornou a primeira empresa a fazer sua oferta pública inicial no Novo Mercado. De lá para cá, não
só cada vez mais empresas aderiram ao Novo Mercado, como a Bovespa viu um ritmo sem
precedentes de ofertas públicas iniciais (IPO na sigla em inglês). Se entre 1999 e 2003 apenas
quatro empresas abriram seu capital -- inclusive a CCR, na época a única no Novo Mercado --
entre 2004 e março de 2007 esse número foi multiplicado por 10. No total foram 50 IPOs -- dos
quais apenas dois no pregão tradicional. O chamado IGC (Índice de Governança Corporativa),
que mede o desempenho das empresas listadas nos segmentos especiais, cresceu a uma taxa
média de 49,8% ao ano entre 2002 e 2006, enquanto no mesmo período o Ibovespa valorizou
40,9%.

2002
Lula derruba o mito
Às vésperas das eleições presidenciais de 2002, o banco de investimentos americano JP Morgan
atribuiu ao Brasil um risco-país de mais de 2 000 pontos, um dos piores de todos os tempos. O
país chegou ao mesmo patamar de países como Equador e Nigéria. A possibilidade da eleição do
candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva deixou o mercado à beira da histeria. O mito do calote
fez ressurgir o fantasma da ameaça da hiperinflação. O cenário era de caos. "O PT, no passado,.
tinha um discurso de ruptura e ameaça", diz o economista Eduardo Giannetti da Fonseca. "Mas
ao chegar ao poder foi tomado de um sentido de responsabilidade que o levou a preservar os
aspectos que devem transcender a disputa partidária." Lula manteve a política econômica do
segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e consolidou a estabilidade econômica. Para os
negócios no país, a manutenção foi fundamental. Evitou uma eventual fuga de investimentos
que poderia ter tido conseqüências desastrosas para a economia. Hoje, o risco-país mantém um
dos níveis mais baixos de sua história.

2006
Empresas cada vez mais globais
O anúncio da compra da canadense Inco, a maior produtora de níquel do mundo, pela
Companhia Vale do Rio Doce, em outubro de 2006, coroou a maior expansão já empreendida
por uma companhia brasileira no cenário internacional. A aquisição, que envolveu quase 18
bilhões de dólares, representa o maior negócio protagonizado por uma empresa sediada no
Brasil em toda a história e tornou a Vale a segunda maior mineradora do planeta. Desde 2001,
quando assumiu a presidência da Vale, o executivo Roger Agnelli comandou 15 aquisições --
uma média de três por ano. As vendas da companhia crescem em uma velocidade fabulosa.
Entre janeiro e setembro de 2006, as receitas chegaram a 18 bilhões de dólares, considerando a
incorporação da Inco -- quase o dobro em relação ao mesmo período do ano anterior.

A história do crescimento da Vale começa em 1997, após a privatização. Embora fosse uma
exceção entre uma montanha de estatais ineficientes, a empresa tinha seu futuro comprometido
pelas burocracias impostas pelo governo. De lá para cá as vendas aumentaram duas vezes e
meia, o valor de mercado cresceu oito vezes e os lucros se multiplicaram por 13. O mais
importante -- o Brasil entrou com o pé direito num dos setores mais estratégicos da indústria de
base em todo o mundo.
119

TEXTO 5

Temos de aprender a poupar


Continuar a gastar ou economizar para investir mais e ampliar o crescimento? O Brasil - em
especial o governo - precisa fazer a escolha. A decisão vai nortear o futuro do país

Leo Caldas
Favela em São Luís: o Brasil não é só isso, mas metade do país sofre com a falta de
saneamento

Por José Roberto Caetano | 11.05.2010 | 09h25 –Revista Exame

Fabiana Castanho, de 32 anos, gerente numa empresa de informática em São Paulo, recebeu
no ano passado um aumento salarial de 800 reais. Ela e o marido, o funcionário público
Wilson, com quem tem uma filha de 5 anos, viram a renda familiar crescer para 4 500 reais
mensais. O dinheiro extra foi vertido para o consumo. Em janeiro, a família passou uma
semana no Nordeste. Quando voltou, Fabiana percebeu que não teria como pagar a
prestação de uma moto Sundown Future que havia adquirido pela financeira Itaú meses
antes. Após oito meses de inadimplência, fez um acordo com a financeira e, no início de
maio, devolveu a moto. Com outras pendências - como uma dívida de 10 000 reais no
cartão de crédito, parcelada em 36 vezes -, o nome de Fabiana está no Serviço de Proteção
ao Crédito. "Eu pretendo um dia ter um bom relacionamento com o dinheiro, mas hoje não
consigo." Em contraste com a situação da família Castanho, o exemplo de Márcia
Camargo, de 44 anos, assistente administrativa de uma pequena empresa paulistana, mostra
que é possível guardar dinheiro até com o orçamento apertado. Separada há dois anos,
120

Márcia viu a renda cair de 4 500 para 2 500 reais mensais desde que deixou o marido.
Mesmo assim, não se desesperou. Usou a experiência como administradora para cortar
gastos supérfluos e organizar o fluxo de caixa. "Anoto os gastos com moradia, educação do
meu filho, plano de saúde e outros itens. Minha planilha está fechada até o fim do ano que
vem", diz ela. Graças a um controle rígido, Márcia tem conseguido guardar até 20% do
salário. "Fiz um curso gratuito na Bovespa para aprender a investir. Hoje, me preocupo
muito com o futuro."

As histórias de Fabiana Castanho e Márcia Camargo ilustram o dilema vivido pelo Brasil
hoje: aproveitar o bom momento ou poupar para o futuro? Eis uma dúvida tão antiga
quanto o próprio homem. A cada instante, convivemos com estímulos emocionais que nos
convidam a aproveitar a vida e esquecer o amanhã - é o nosso lado cigarra, na imagem
criada pela fábula de La Fontaine. Mas dentro de nós vive também a formiga, que tenta nos
trazer à razão. Muito do que somos, seja individualmente, seja como nação, resulta de como
arbitramos os dois estímulos. Coletivamente, sociedades que conseguem abrir mão do
consumo - ou de parte dele - no presente costumam ser recompensadas mais à frente.
Afinal, consumo e poupança saem de uma fonte só: a renda. Os economistas costumam
dizer que a poupança de hoje é uma garantia para o consumo no futuro. E viceversa:
consumir já é abrir mão de recursos posteriormente. Para o país, está ficando claro que há
necessidade de poupar mais, a fim de ampliar a capacidade de investir e assegurar um
crescimento econômico prolongado - única maneira de a grande massa de brasileiros
realmente melhorar de vida.

A taxa de poupança nacional tem oscilado entre 16% e 18% do produto interno bruto nos
últimos anos, com um nível de investimento semelhante. É suficiente para manter um
crescimento de cerca de 4,5% ao ano sem gerar inflação. O ritmo atual da economia
brasileira, caminhando para um crescimento em 2010 entre 6% e 7%, não teria como ser
sustentado por mais tempo sem que gerasse distorções - a pior delas, o descontrole dos
preços. Isso já começou a acontecer, o que motivou o Banco Central a elevar os juros
básicos no final de abril. Analistas também se preocupam com a volta do déficit nas contas
com o exterior, um velho problema nacional. O déficit projetado neste ano é de 2,5% do
PIB e teme-se que, se o país não refrear o crescimento, será preciso trazer mais dinheiro de
fora. "Nossa escolha até agora foi tentar crescer mais sem aumentar a poupança. Se isso
continuar, as contas externas vão se deteriorar", diz Sérgio Vale, economista da consultoria
MB Associados. De acordo com ele, para que isso não piore tanto, o governo terá de fazer
uma "escolha de Sofia", atuando para desacelerar o consumo das famílias, responsável, em
seus cálculos, por 85% do crescimento de 2006 para cá.
A discussão sobre poupança esquentou nos últimos tempos graças ao desempenho
impressionante da China, cuja taxa de crescimento vem se mantendo superior a 10% ao
ano. Em boa medida, o ritmo chinês está ancorado numa taxa de poupança e de
investimento que se mantém acima de 40% desde 2003. Pelas enormes diferenças entre os
dois países, seria quase impossível ao Brasil atingir os padrões chineses. E, pelos sacrifícios
que isso obrigaria a sociedade brasileira a fazer, provavelmente nem seria desejável. As
soluções chinesas são fruto de um regime de governo autoritário, o que os brasileiros já
rejeitaram. A política de um filho por família reduziu o número de dependentes a ser
121

sustentados por quem trabalha. O fato de o Estado chinês não oferecer quase nada de
benefícios sociais obriga as pessoas a fazer economia para cobrir essas necessidades. Além
disso, as estatais chinesas são privilegiadas com empréstimos do governo e quase não
distribuem lucros - que são retidos para investir. Porém, as realizações que a China vem
obtendo, principalmente na construção de estrutura logística e urbana, merecem uma
reflexão no sentido de que talvez a virtude esteja no meio do caminho. Os chineses
constroem estradas, ferrovias, portos, usinas e cidades numa dimensão que faz inveja ao
Brasil, com gargalos de transporte por todos os lados e com metade da população ainda sem
serviço de esgoto. Mesmo considerando que nem tudo o que os chineses fazem é de
qualidade - basta ver os prejuízos ao meio ambiente -, não há dúvida de que o avanço é
notável. De acordo com um estudo feito pela MB Associados a pedido de EXAME, um
aumento da taxa de poupança de 16% para 22% do PIB permitiria ao Brasil elevar o
investimento de 18% para 25% ao ano e, com isso, crescer 6% sem pressão inflacionária.

No plano das nações, os governos têm a obrigação de pensar no longo prazo e ser
responsáveis, tomando decisões que, se desagradáveis no imediato, permitam um futuro
melhor aos cidadãos. "O problema do Brasil é que somos uma sociedade esquizofrênica",
diz Cláudio Haddad, presidente da escola de negócios Insper. "Queremos crescer
rapidamente, mas tomamos decisões que jogam contra isso." Ele se refere ao fato de que o
governo, ao mesmo tempo que tributa demais quem produz, mantém privilégios de alguns -
como as elevadas pensões dos funcionários públicos -, distribuindo o custo a todos. Além
disso, o Estado investe pouco, cerca de 2% do PIB, e aplica os recursos com baixa
eficiência. Ao final de tudo, fecha as contas no vermelho e funciona como um
"despoupador" - ou seja, além de não contribuir, gasta parte da poupança feita pelo setor
privado. Um estudo elaborado pelos pesquisadores Mansueto Almeida e Alexandre Manoel
da Silva, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, mostrou que a média de poupança
privada no Brasil subiu de 12% do PIB entre 1999 e 2002 para 18,3% no período de 2003 a
2006. Nos mesmos intervalos, a poupança do governo caiu da média de 1,6% para -1%. Ou
seja, o Estado claramente passou a ser um redutor das economias do país.

Aí está exatamente a oportunidade mais clara para o país ampliar sua poupança. Na Coreia
do Sul, as famílias poupam o equivalente a 4,5% do PIB, cerca da metade do poupado nos
lares brasileiros. Lá, porém, o governo contribui com uma poupança de quase 12% da
riqueza gerada. Não se sabe ao certo tudo o que induz à elevação da poupança das famílias
e das empresas - é uma das áreas em que os economistas não conseguiram chegar a um
consenso. Medidas que funcionaram em alguns países fracassaram em outros. Quando o
assunto é poupança, a única certeza é que o governo tem um papel central, seja deixando de
ser gastador para ser mais poupador e investidor, seja na criação de um ambiente que
estimule os negócios, o investimento e a poupança privada. Cuidado nas contas do governo
- eis a principal lição para que, como país, sejamos menos parecidos com Fabiana e mais a
cara de Márcia.

Por que tanta diferença?


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Dá para fazer mais


Se poupasse mais, o Brasil poderia ampliar sua taxa de investimento e crescer em ritmo
mais acelerado sem gerar inflação.
Veja os ganhos possíveis num cenário hipotético elaborado pela consultoria econômica MB
Associados para EXAME:

Outros ganhos
Com o aumento da poupança doméstica, além de mais recursos para investimento, o país
poderia depender menos do capital externo. Isso diminuiria a pressão sobre o câmbio e a
volatilidade da moeda.
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