NOVEMBRO 2010
FLEX
EDIÇÃO ESPECIAL
POWERTRAIN
ÍNDICE
40 MATÉRIA DE CAPA|POWERTRAIN
COMBUSTÃO
REAGE AO
CHOQUE DOS
ELÉTRICOS
Elétricos e híbridos agitam o mercado
e pedem subsídios, enquanto o
motor a combustão contra-ataca
com novas tecnologias e eficiência.
Como fica o Brasil nesse duelo?
Confira as novidades,
especialmente
no campo da
eletrificação.
A MOÇA DA CAPA –
A modelo
Laiz Anzanelo,
21 anos, estudante
de administração,
LUIS PRADO
trabalhou no estande
da Toyota durante o
Salão do Automóvel
de São Paulo e ficou
impressionada
com os carros
conceitos e híbridos.
Ela quer comprar
um Freelander, de
preferência flex. Fez
a estreia como capa de
revista em Automotive Business. MOTOR SIGMA, feito
em alumínio
4
BUSINESS
66 FLEX
LIMIAR DE NOVOS DESAFIOS
O que virá após o fim do tanquinho?
70 MOTOR DIESEL
EURO 5 SACODE
O MERCADO
Desafios para
powertrain e diesel
DIVULGAÇÃO - FPT
LUIS PRADO
28 ENTREVISTA 78 LUBRIFICANTES
RICARDO ABREU, MAHLE TECNOLOGIA GANHA ESPAÇO
Respostas ao duelo das tecnologias Maior valor agregado aos produtos
ÍNDICE
87 SUPRIMENTOS
MARATONA PARA ALINHAR CADEIA
89 Motores, eletrônica, componentes
92 Blocos de motor
96 Injeção
N
99 Filtros LIS
SO
-A
100 Turbos ÃO
AÇ
102 Baterias VU
LG
DI
104 Arrefecimento
107 TRANSMISSÕES
AUTOMÁTICAS E HÍBRIDAS
Soluções para
tráfego urbano
110 EIXOS
INVESTIMENTOS NA RETOMADA
DIVULGAÇÃO - BOSCH
R
RITO
ME
AR VIN
ÃO-
AÇ
ULG
DIV
8 ALTA RODA
MOTORES EM
EVOLUÇÃO
A coluna do
Fernando Calmon
DIVULGAÇÃO - TUPY
LUIS PRADO
6
BUSINESS
REVISTA
EDITORIAL
LUIS PRADO
www.automotivebusiness.com.br
A
revista Automotive Business completa um ano de existência com mais
Redação uma edição temática sobre o mercado de motores e transmissões, com
Giovanna Riato, Jairo Morelli, Pedro Kutney
o E.TorQ na capa. O ensaio fotográfico de Luis Prado ajuda também a
Colaboradores
Alexandre Akashi, Ariverson Feltrin, explicar conceitos como downsizing: colocamos em um dos pratos da balança
Fernando Calmon, Marcelo de Paula, Ricardo o FPT EVO e, no outro, dois bicilíndricos da mesma marca, que podem chegar
Conte, Sonia Moraes, Thiago Vinholes e
Wagner Gonzalez a 105 cv, com turbo e MultiAir. Estão em destaque, ainda, o Sigma, de alumínio,
Design e diagramação produzido pela Ford em Taubaté, SP, para exportação, e o MWM Maxx Force,
Ricardo Alves de Souza pronto para Euro 5.
A outra parte do trabalho ficou por conta de jornalistas especializados que
Estúdio Luis Prado
Tel. 11 5092-4686 desvendaram a trajetória do powertrain para ganhar eficiência e responder aos
www.luisprado.com.br crescentes apertos das legislações lá fora e aqui no Brasil.
A edição abre foco na matriz energética veicular, que mereceu análise
Lais Anzanelo (Totem Modelos)
Cassiano Assman (cabelo e maquiagem) cuidadosa de Pedro Kutney, no mercado de motores Otto e Diesel, com Jairo
Lá de Minas (balança na página 80) Morelli, Sonia Moraes e Ariverson Feltrin, e nos componentes do powertrain. Os
Publicidade obstáculo que faltam para chegar a Euro 5 são avaliados
Paula B. Prado
paulabraga@automotivebusiness.com.br mais uma vez.
Tel. 11 5095-8880 Wagner Gonzalez explica como acontece o
desenvolvimento de motores para competição. A
CRM e database
Josiane Lira preparação trocou ouvido por célula tronco e as
josianelira@automotivebusiness.com.br limas por algoritmos, conta o jornalista em artigo
Comercial bem humorado. O jornalista Fernando Calmon
Carina Costa analisa a terceira geração do flex, que dá adeus ao
carinacosta@automotivebusiness.com.br
Monalisa Naves tanquinho, e os passos seguintes para injeção
monalisanaves@automotivebusiness.com.br direta e turboalimentação.
Comunicação e eventos A próxima edição avaliará os cenários para
Carolina Piovacari
carolinapiovacari@automotivebusiness.com.br a indústria automobilística em 2011, ouvindo
Media Center e WebTV personalidades experientes na interpretação
Paulo Roberto Júnior dos sinais associados a estatísticas, tecnologias,
paulojunior@automotivebusiness.com.br
políticas setoriais, desafios da infraestrutura
Thais Celestino
thaiscelestino@automotivebusiness.com.br e investimentos. A publicação tratará também
das próximas gerações de veículos comerciais e
Novembro de 2010 industriais, de picapes a caminhões, ônibus, máquinas
Distribuição de construção e agrícolas.
ACF Acácias, São Paulo
Até lá.
Editada por Automotive Business,
empresa associada à All Right Serviços de
Comunicação e Marketing Ltda.
Av. Iraí, 393, conjs. 52 e 53, Moema,
04082-001, São Paulo, SP,
tel. 11 5095-8888.
redacao@automotivebusiness.com.br
publicidade@automotivebusiness.com.br
ALTA RODA FERNANDO CALMON
MOTORES EM
EVOLUÇÃO
NOVAS TECNOLOGIAS
FERNANDO CALMON é
PROMETEM FÔLEGO
LUIS PRADO
jornalista especializado na
indústria automobilística
fernando@calmon.jor.br À COMBUSTÃO INTERNA
P
repare-se para mudan- GNV e diesel estarão tão de- dia do Velho Continente. da fábrica de Betim (MG).
ças profundas nos pró- senvolvidos e mais limpos Hoje, no entanto, está à Essa versão do 500 pos-
ximos anos em termos que continuarão competi- venda um automóvel con- sui um botão no painel
de conjunto motor-câmbio tivos no mínimo até 2030. vencional a gasolina ho- para a posição ECO a fim
(powertrain) de seu auto- A diminuição de consu- mologado para apenas 92 de cortar o torque em um
móvel. Quem pensa que mo de combustível, úni- g/km. É o recém-lançado terço, útil a um usuário que
depois de mais de 120 anos ca forma de controlar as Fiat 500, de dois cilindros dirige de forma tranquila,
o motor a combustão inter- emissões de gás carbônico em linha, turbocomprimido com menor nível de ruído
na (MCI) já deu o que tinha (CO2) suspeito de colaborar e gerenciamento eletrônico no habitáculo e potencial
que dar, certamente está para as mudanças climáti- das válvulas de admissão de diminuir o consumo
enganado. É inegável existir cas, continua como objetivo (MultiAir), desenvolvido pela de gasolina. Também está
espaço (pequeno) para os primordial. Já se sabe que a FPT, braço de powertrain equipado de série com
veículos elétricos a bateria era de km/h vai mudar para da marca italiana. A tendên- sistema liga-desliga o mo-
nos próximos 10 anos, mas a de km/litro, ou seja, po- cia de diminuir o número tor, aos poucos avançan-
em curto e médio prazos os tência e velocidade subme- de cilindros é irreversível em do nos modelos europeus
MCI a gasolina, etanol/flex, tidas ao menor consumo ou carros pequenos. Todos os em busca de economia
maior autonomia possíveis. grandes fabricantes traba- e silêncio nas cidades.
Mesmo na Europa, onde lham em novos motores de O MultiAir deve estar
Leia a coluna Alta Roda esse movimento é muito três cilindros. A Fiat preferiu ainda em 2010 no Punto
também no portal forte, existe quem afirme o menor atrito e dimensões brasileiro, com o motor im-
Automotive Business que carros elétricos são reduzidas do dois-cilindros, portado de 1,4 litro turbo
tão “verdes” como a forma entre outras vantagens. de 163 cv, que vai estrear
PATROCINADORES: de obter a energia. Não há Em avaliação na Itália, im- também a grife Abarth, si-
emissões gasosas locais, pressionou o desempenho nônimo de esportividade.
de fato, mas para gerar do motor de apenas 900 Aquela tecnologia de acio-
eletricidade na maior parte cm³/85 cv e torque vigoroso namento eletro-hidráulico
do mundo há que liberar de 14,8 kgf.m (equivalente das válvulas proporciona
CO2 para a atmosfera em a de um motor de 1,5 litro) um grande salto de eficiên-
usinas térmicas. Poucos a 1.900 rpm. É necessário cia (maior taxa de compres-
países contam com hidro- entender o menor conforto são efetiva) dos motores
eletricidade ou geração acústico em qualquer pro- flex, em especial ao utilizar
atômica suficientes. Feitas pulsor com menos de quatro etanol. A FPT trabalha nes-
as contas, um carro elétrico cilindros. O típico motorista se sentido, inclusive por
de porte médio-compacto europeu aceita. No Brasil há facilitar bastante a partida
“emite” indiretamente mais que se avaliar, pois o motor em dias frios. Por enquan-
de 80 g/km de CO2 na mé- (sem turbo) está nos planos to, a Fiat nada confirma.
8
BUSINESS
MERCADO
BIKES ELÉTRICAS
DIVULGAÇÃO - KASINSKI
SIM, MAS
NACIONAIS
O governador Sérgio Cabral foi
prestigiar o anúncio da pri-
meira fábrica de bicicletas e motos
ceiros locais. Resposta do executi-
vo: é intenção, no futuro, substituir
as peças asiáticas. A empresa esta-
professores e agentes de saúde e
sugerir que sejam utilizados pelos
Correios. Em sete modelos, com
elétricas do País que a Kasinski, do ria consultando a Bosch sobre essa autonomia de até quarenta quilô-
grupo chinês Zongshen, vai instalar possibilidade. metros, as bicicletas custarão a par-
em Sapucaia, interior do Estado do Atraída por incentivos estaduais tir de R$ 1,7 mil. Dos três scooters,
Rio de Janeiro. Mas pareceu surpre- a Zongshen investirá R$ 20 milhões um é produzido em Manaus e tem
so ao descobrir que os componen- numa primeira fase para produzir 10 preço de R$ 5.290. Rosa Junior diz
tes seriam importados e alfinetou mil unidades por mês. Cabral afir- que mantém entendimentos com a
o presidente da empresa, Claudio mou que o governo pretende finan- Light para estudar a instalação de
Rosa Junior: é preciso buscar par- ciar veículos elétricos para policiais, eletropostos.
12
BUSINESS
MERCADO
DIVULGAÇÃO - FORD
O presidente da Ford Mercosul,
CARRO Marcos de Oliveira, apresentou o
Fusion híbrido ao presidente Lula
SUSTENTÁVEL
DIVULGAÇÃO - FORD
NO GOVERNO
O presidente Luiz Inácio Lula da Sil-
va entrou para lista dos primeiros
chefes de estado a ter um veículo sus-
tentável na frota de veículos oficiais. Du-
rante o Salão do Automóvel ele recebeu
do presidente da Ford Mercosul, Marcos
de Oliveira, em comodato, um Fusion
Híbrido. Trata-se do primeiro full hybrid a
ser comercializado no País, com um mo-
tor a gasolina, do ciclo Atkinson, e dois
elétricos. Na próxima geração o projeto
ganhará a possibilidade de abastecimen-
to na rede elétrica, o que não acontece
atualmente. A atual versão ainda não
possibilita o abastecimento com álcool.
cânicas e eletrônicas para máquinas agrícolas como pulverizadores, colheitadeiras e tratores de rodas. A estratégia
da engenharia de aplicações é oferecer o trem de força completo, com motor, transmissão e eixos. “Procuramos
atuar como sistemista para o fabricante de equipamentos”, afirma Heber Jordão, diretor comercial.
14
BUSINESS
MERCADO
16
BUSINESS
MERCADO
FORD ENTRA NA
ETIQUETAGEM
VEICULAR
O SELO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DO
O
INMETRO PODE SER UNIFICADO COM A
NOTA VERDE, DO IBAMA
18
BUSINESS
MERCADO
DIVULGAÇÃO - FPT
MULTIAIR NA EQUAÇÃO DA PARTIDA A FRIO
TECNOLOGIA DA FPT TRAZ ECONOMIA E REDUZ EMISSÕES
S e o gerenciamento do ar é o
melhor caminho para o funcio-
namento perfeito do motor Otto,
o bicilíndrico turbo alcança níveis de
emissão de CO2 similares aos dos
motores a diesel. Na versão bifuel
to das válvulas para controle dinâmico
e direto do ar admitido pelo motor. Há
também controle indireto da combus-
a FPT – Powertrain Technologies alimentada por GNV as emissões de tão, cilindro a cilindro e ciclo a ciclo.
ganha a dianteira com o MultiAir, CO2 poderão ser inferiores a 80 g/ Aplicável a todos os motores a gasoli-
tecnologia lançada no Salão de km em algumas aplicações. na ou flex, está em desenvolvimentos
Genebra em 2009. A estreia do A tecnologia MultiAir, que me- também para propulsores a diesel. A
sistema aconteceu em setembro no lhora a partida a frio, pode elevar produção de motores com a tecnolo-
Alfa Romeo MiTo e, combinada com a potência em 10%, o torque em gia começou em maio, na planta de
o dry dual clutch (a dupla embrea- baixas rotações em 15%, o consu- Termoli, na Itália.
gem a seco, outra novidade recente) mo de combustível e as emissões Nos motores a gasolina ou flex o
eleva às alturas o prazer de dirigir de CO2 em até 10%, nos motores controle da potência é feito através
com alto desempenho. Automotive aspirados ou turbos. Em downsizing da dosagem da quantidade de ar
Business foi comprovar nas pistas combinado com turbo a queda no aspirado pelo motor e o sistema
de Balocco, próximo a Turim, na consumo pode atingir 25% sobre de injeção garante a quantidade de
Itália, a convite do fabricante. motores convencionais aspirados de combustível adequada para aquela
Depois dessa primeira aplicação igual desempenho. Segundo ainda quantidade de ar. Nos motores a
mundial nos motores Fire 1.4L 16V a FPT, ocorre uma queda de 40% diesel o controle da potência é feito
naturalmente aspirados e turbo- nos hidrocarbonetos e monóxido de pela dosagem da quantidade de
comprimidos, outra surpresa foi a carbono emitidos e de até 60% nos combustível com o sistema de sobre-
apresentação no 0.9L bicilíndrico, óxidos de nitrogênio. alimentação, garantindo um volume
em que o projeto do cabeçote foi “O MultiAir representa para os moto- de ar adequado ao do combustível
otimizado para a integração com o res a gasolina uma revolução compa- injetado. Nos motores a gasolina
atuador MultiAir. Já estão programa- rável ao sistema eletrônico common ou flex convencionais a massa de ar
das versões a gasolina, naturalmente rail de dosagem de combustível para o admitido nos cilindros é administra-
aspiradas e turbocomprimidas (que diesel”, garante João Irineu Medeiros, da principalmente pela abertura da
entregam até 105 cv) além de uma diretor de engenharia da FPT. válvula tipo borboleta do acelerador
versão gasolina-GNV. Um dos segredos da tecnologia é o e também pela abertura total e cons-
Resultado um downsizing radical, sistema eletroidráulico de acionamen- tante das válvulas de admissão.
20
BUSINESS
MERCADO
DIVULGAÇÃO - MAN
ROBERTO CORTES, presidente da MAN LA, Armando Ulbricht, presidente da Maxion, Paulo Alleo, diretor de engenharia
!
"
"#$
!
!
%
&%
!
22
BUSINESS
MERCADO
MECAPLAST APOSTA EM
COMPONENTES DE MOTOR
EMPRESA DE PLÁSTICO QUER DOBRAR RECEITA NO BRASIL, PARA € 30 MILHÕES
24
BUSINESS
5HDORFDomRGHIiEULFDV
SDUDHPSUHVDVPDLVFRPSHWLWLYDV
2SHUDo}HVLQGXVWULDLVSRGHPVHUPXLWRPDLVH¿FLHQWHVHFRPSHWLWLYDV
FRPDUHDORFDomRGHOLQKDVGHSURGXomRHDWpGHIiEULFDVFRPSOHWDV
3DUDWRPDUHVVDVLQLFLDWLYDVGHULYDGDVGDJOREDOL]DomRGDPDQXIDWXUDH
FRPSHWLUHPTXDOTXHUDPELHQWHGHQHJyFLRVFRQVXOWHR(FKRHV*URXS
1HWZRUN&RPSDUWLOKHH[SHULrQFLDVTXHVHHVWHQGHPjQDFLRQDOL]DomR
GDSURGXomRGHFRPSRQHQWHVDPSOLDomRGHFDSDFLGDGHLPSRUWDomR
GH PDTXLQiULR XVDGR GLUHFLRQDPHQWR GH LQYHVWLPHQWRV UHODo}HV
LQVWLWXFLRQDLVHWHFQRORJLDVGHSURGXomR2(FKRHV*URXSSRVVXLHTXLSH
GHSUR¿VVLRQDLVHVSHFLDOL]DGRVFRPSURPHWLGRVFRPUHGXomRGHFXVWRV
HUHVXOWDGRVKiPDLVGHDQRVQR%UDVLO(VWDGRV8QLGRVH(XURÈVLD
,03/$17$d2(02'(51,=$d2'(,1'Ò675,$6
Consultoria e soluções Estratégias corporativas
Investimentos industriais Comércio exterior e estrutura tributária
Transferência internacional de fábricas Relações governamentais
Financiamento BNDES Transferência de tecnologia
Nacionalização da produção Pacote one-stop-shop
&RQVXOWRULDH,QYHVWLPHQWRV,QGXVWULDLV
ZZZHFKRHVJURXSQHWZRUNFRP
7HO
HFKRHV#HFKRHVWHFKFRP
MERCADO
26
BUSINESS
Se sua linha de montagem
não para, escolha uma
empresa que acompanha
o seu ritmo.
RESPOSTAS AO DUELO
DAS TECNOLOGIAS DE
POWERTRAIN FOTOS: LUIS PRADO
A
Mahle descobriu que uma das melhores formas de
fidelizar os profissionais que trabalham no seu Tech
Center, em Jundiaí, SP, no km 49,7 da Rodovia Anhan-
guera, é proporcionar um ambiente efervescente de ideias e
tecnologias de vanguarda para motores. A resposta a esta
tentativa de driblar a crescente escassez nacional de cérebros
bem preparados e concorrentes ávidos por engenheiros tem
dado certo. O centro de tecnologia, encravado em área am-
biental privilegiada e com arquitetura invejável, é uma ilha de
eficiência. O comandante dessa operação, o vice-presidente
global de pesquisa e desenvolvimento de componentes e sis-
temas de motores da Mahle, Ricardo Simões Abreu, reconhe-
ce que houve dias difíceis após a crise originada pelo tsunami
financeiro de 2008, mas os principais clientes, com operações
planetárias, voltam a subir a rampa. No reduto avançado, em
que desenvolvimento tecnológico é cachaça de 237 profissio-
nais de alto nível acostumados a liderar a maratona que re-
molda a indústria do powertrain, concedeu entrevista de mais
de quatro horas a Automotive Business. Ele revelou capítulos
empolgantes que conduzem a uma eficiência radical do motor
a combustão e à eletrificação, com mudanças profundas na
maneira de projetar, fabricar e utilizar o automóvel. Ocupado
em tarefas simples como repotenciar um motor ou complexas
como adivinhar o futuro, Abreu busca equilíbrar na agenda as
exigências do mercado local e as demandas da matriz, na Ale-
manha, agora empenhada em buscar sinergias com a Behr,
depois de adquirir parte de suas ações e constituir a Mahle
Behr Industry. Um dos desafios da nova empreitada é elevar
às alturas a precisão no gerenciamento térmico de motores
convencionais, sistemas híbridos e a célula de combustível,
que amadurecem em diferentes velocidades ao redor do
RICARDO SIMÕES DE ABREU é mundo. Em equivalente seara, a organização global define
vice-presidente global de pesquisa e estratégias de redução de emissões e downsizing, o que cria
desenvolvimento na área de sistemas e
componentes para motores no Grupo Mahle
demandas mecânicas e térmicas extremas. Nessa situação,
o gerenciamento inteligente de sistemas ganha importância
vital para conquistar novas economias e performance.
28
BUSINESS
AUTOMOTIVE BUSINESS – Qual é tido. Teríamos um motor criado para RICARDO ABREU – Isso é verdade
o prazo para desenvolver um motor aproveitar as virtudes do etanol que no caso dos automóveis, especial-
novo, a partir do zero? eventualmente seria abastecido com mente com esportivos ou modelos
RICARDO SIMÕES DE ABREU – gasolina. premium. Para veículos como os da
Depois de seis meses dedicados a Ferrari ou BMW o motor é a alma do
conceitos, são necessários outros de- Qual a vantagem? negócio, com a receita do projeto e
zoito para levar os primeiros motores RICARDO ABREU – Pensando no calibração guardada a sete chaves.
ao banco de provas e passar pelas combustível, o etanol é ambientalmen- No caso de comerciais leves, como
pistas de testes. Só então chegamos te mais adequado. No ciclo completo, picapes, há motores terceirizados.
aos protótipos, que passarão por evo- da cultura da cana ao escapamento, A injeção pode ser commodity, mas
lução e serão integrados aos veículos. o balanço do CO2 é vantajoso para não a calibração, incluindo soluções
Outros dois anos podem ser exigidos o álcool sobre a gasolina, embora as como o start stop.
para começar a produção efetiva. To- emissões de escape sejam equivalen-
dos esses prazos podem ser ajustados tes, com diferenças no conteúdo. O que mais sobra para o engenhei-
em função dos recursos disponíveis ro local?
e do nível de engenharia simultânea Os fabricantes de veículos não abrem RICARDO ABREU – A engenharia
aplicado. Em geral, há pressa. Nada mão de fazer os seus motores. local trabalha bem no flex e tornou
é mais efetivo e traz mais vantagem nosso propulsor aspirado de um li-
competitiva do que abreviar o tempo tro campeão mundial em potência,
de chegar ao mercado. Nesse senti- usado como pau para toda obra, na
do, colocamos um grande foco na cidade ou na estrada. A adequação
fase de desenvolvimento para evitar ao mercado brasileiro é tarefa local do
retrocessos. ponto de vista de testes de combus-
tíveis, diferentes solos e climas. Não
Qual foi o último motor totalmente faz sentido encomendar certos de-
novo criado no Brasil? senvolvimentos e testes de campo na
RICARDO ABREU – Não me lembro Alemanha ou na Rússia. Já imaginou
de uma iniciativa do gênero por aqui. avaliar um treminhão lá, replicando as
Um motor realmente novo exige uma condições de uso exigidas no Brasil,
montanha de dinheiro, só compensa- com poeira, canaviais e tudo mais?
da com escala de produção assegu-
rada por exportações ou avanço do O Brasil pode exportar projetos de
mercado interno a patamares acima engenharia de powertrain?
de quatro ou cinco milhões de unida- RICARDO ABREU – Fiquei mais
des por ano. otimista depois dos Estados Unidos
comprarem a ideia do etanol e conse-
Nossa engenharia de powertrain guirem produzi-lo a custos competiti-
limita-se a dar um jeito em projetos NADA É MAIS vos. Até agora o rabo tentava abanar o
vo
importados? cachorro. Agora, com os americanos
cach
RICARDO ABREU – Tem acontecido
EFETIVO E TRAZ disseminando a tecnologia do álcool
disse
isso, com uma participação crescente abrem-se enormes possibilidades de
abrem
dos engenheiros locais. O flex trouxe
MAIS VANTAGEM exportarmos carros flex sem termos
expor
boas oportunidades de avanço e de- COMPETITIVA DO de ve
vender junto plantações de cana e
safios, mas nenhum motor novo. pro
processos de usinas.
QUE ABREVIAR O
O flex é um motor a gasolina adap- Os americanos ficam com o E85?
tado para funcionar também com TEMPO DE CHEGAR RICARDO ABREU – Faz sentido para
álcool? eles, que dependem de 15% de gaso-
RICARDO ABREU – Isso mesmo, AO MERCADO lina no tanque para facilitar a partida
mas hoje o contrário faria mais sen- quando o tempo esfria. Esse papel
ENTREVISTA | RICARDO SIMÕES DE ABREU
30
BUSINESS
Como evoluirá a eletrificação no Ao mesmo tempo vão prosseguir in-
mundo? SERIA ALTAMENTE tensamente o downsizing, a injeção
RICARDO ABREU – Há apostas di- direta e a turboalimentação.
ferentes para chegar ao elétrico puro, SAUDÁVEL
diversos tipos de híbridos e células de Como será o caminho de Euro 3 pa-
combustível. As últimas devem demo- E FATOR DE ra Euro 5 no Brasil?
rar um pouco mais, embora existam RICARDO ABREU – Acontecerá um
programas avançados e comercial- SEGURANÇA PARA predomínio da tecnologia SCR, de
mente viáveis em alguma escala. Elé- redução catalítica, em detrimento da
tricos puros seriam uma solução ideal A COMUNIDADE EGR, de recirculação dos gases de
para a área urbana, embora híbridos escape. Há questões importantes a
de uso intermitente, como em trans- PROMOVER UMA serem equacionadas no programa,
porte de passageiros, que permitam como a distribuição da ureia neces-
recuperar energia cinética podem ser
RENOVAÇÃO sária à filtragem do enxofre contido
interessantes. As receitas para o hí- no diesel. Até a fase Euro 3 os mo-
brido, mais adequados para o trans-
DA FROTA DE tores engoliam praticamente todo
porte em estradas, variam bastante, CAMINHÕES E tipo de combustível. Com Euro 5 os
da arquitetura em série do Chevrolet componentes se tornam altamen-
Volt, com tração elétrica, ao full hybrid ÔNIBUS. te sensíveis a um diesel com muito
adotada pela Ford no Fusion, com um enxofre. Hoje existe diesel S1800 no
motor a combustão do ciclo Atkin- mercado, com 1.800 partes de enxo-
son, um elétrico para tração e outro fre por milhão. A SCR exige S10 e já
para carregar a bateria. se sabe que em 2012, ano de estreia
cia e Tecnologia, poderia gerenciar da nova tecnologia, haverá distribui-
Qual será a velocidade nessas tec- a tarefa. Regras claras e um progra- ção apenas de S50.
nologias? ma igualmente transparente dariam
RICARDO ABREU – Há apostas credibilidade à iniciativa e trariam O problema ficará nas mãos do fa-
arrojadas e muito dinheiro de gover- confiança para investimentos. É pre- bricante de motores?
nos e fabricantes aplicados tanto em ciso lembrar que faltam ingredientes RICARDO ABREU – Sim, porque
pesquisa e desenvolvimento quando básicos aqui como semicondutores, devem dar garantia e os motores es-
em subsídio na comercialização dos componentes eletroeletrônicos e do tarão vulneráveis em alguma medida.
carros. Nos Estados Unidos existe powertrain, baterias. A infraestrutura Ficará também com a comunidade,
um bônus fiscal de US$ 7.500 para de distribuição de energia é outro que pode continuar respirando ar po-
estimular a demanda de elétricos e ponto crítico, seja para troca da ba- luído. Se caminhões e ônibus com
híbridos. Ainda assim, o Volt custa- teria ou recarga rápida, e depende powertrain Euro 5 não operarem cor-
rá US$ 33.500 e o Leaf US$ 25.280, de ação do governo de longo prazo. retamente vão engrossar a enorme
depois do benefício. Depois dos im- Eletropostos e avenidas elétricas são parcela da frota insegura e poluente
postos os preços fogem totalmente projetos de fôlego. que frequenta nossas ruas e estradas
da realidade brasileira. de forma inaceitável. É preciso fazer
E quanto aos motores a combustão? algo também para evitar que os veí-
O Brasil deve promover essas tec- RICARDO ABREU -- Há tendências culos carregados de alta tecnologia
nologias? nítidas de médio prazo. As tecnolo- nas fábricas, contra emissões, se tor-
RICARDO ABREU – O governo deve gias Otto e Diesel convergem e deve- nem inócuos em poucos meses, por
direcionar as atividades para o domí- mos chegar a uma taxa de compres- falta de manutenção e controle. Ao
nio da eletrificação, mobilizando a são intermediária, de 15 ou 16 para mesmo tempo, seria altamente sau-
indústria de veículos e componentes, um, com melhor controle da mistura dável e um fator de segurança para a
universidade, instituições de pesqui- e injeções parciais para otimizar a comunidade promover uma renova-
sa e empresas de geração e distri- combustão. Chegaremos à configu- ção da frota de caminhões e ônibus.
buição de energia. Uma secretaria ração Otto Diesel, menos dependente Vamos esperar que isso não precise
especial, junto ao Ministério da Ciên- das características dos combustíveis. de um milagre para acontecer.
MATRIZ ENERGÉTICA
FOCO NA CANA E
ELETRIFICAÇÃO TÍMIDA
O PLANO NACIONAL DE ENERGIA REVELA QUE
A AGROENERGIA AUMENTARÁ A PARTICIPAÇÃO
NO CONSUMO ATÉ 2030. OS SISTEMAS FLEX
CONTINUARÃO EM ALTA, ENQUANTO A
ELETRIFICAÇÃO DOS VEÍCULOS AVANÇARÁ
DE FORMA ACANHADA NO BRASIL
PEDRO KUTNEY
Q
ual energia moverá os veículos no Brasil nos próximos anos? As
fontes serão praticamente as mesmas de hoje. Motores a com-
bustão e combustíveis líquidos continuarão a dominar a cena em
quase 90% da frota circulante nas próximas duas décadas. O
que muda é o grau de participação de cada elemento da
matriz energética veicular brasileira.
Haverá um avanço persistente dos biocombustíveis
dos atuais 19% para 24% em 2030. Ainda assim, longe de
acabar com o reinado dos derivados de petróleo, que mesmo
caindo dos atuais 78% do consumo dos transportes para 65%
dentro de 20 anos, seguirão como os combustíveis mais usados
no País, sendo 41% de diesel e 24% de gasolina, contra 19% de
etanol e 5% de biodiesel. O pouco que sobra dessa mistura fica para o
gás natural veicular, o GNV (4%), e outras fontes (7%), onde se inclui um pouco de
eletricidade – “só para inglês ver”, já que a tecnologia não está madura o suficien-
LUIS PRADO
32
BUSINESS
DIVULGAÇÃO - UNICA
USINA DE ETANOL:
agroindustria favorece energia
sustentável e competitiva
ocupar um nicho, onde os mais ricos para combater as emissões de CO2”. Empresa de Pesquisa Energética do
poderão demonstrar seu apreço pelo Nessa afirmação ele considera que du- MME, destaca que o País se sobressai
meio ambiente”, ironiza o consultor. rante o crescimento a cana-de-açúcar no cenário mundial não só pela quan-
O também engenheiro José Edison absorve da atmosfera o dióxido de car- tidade de energia disponível, mas pela
Parro concorda: “A frota brasileira não bono em volume equivalente ao emiti- grande renovabilidade de sua matriz.
vai para a eletricidade porque não pre- do depois no escapamento dos carros, Enquanto os derivados de petróleo
cisa. É o único país do mundo com após a combustão. não-renováveis representam 95% do
matriz energética veicular alternativa consumo da frota mundial, no Brasil
disponível, com tecnologia dominada PRIVILÉGIO E RISCO esse índice é de 78%, o mais baixo do
e sem necessidade de subsídios”, diz o Com muita agroenergia no campo e mundo. E a tendência é de participa-
presidente da Associação Brasileira de milhões de barris de petróleo debaixo ção cada vez maior dos biocombus-
Engenharia Automotiva (AEA). do pré-sal para queimar por muitas tíveis. “Estimamos que em 10 anos
Francisco Nigro, professor da Poli, décadas à frente, o Brasil se encontra 77% da frota brasileira será flex (bi-
na Universidade de São Paulo, enfatiza: em posição privilegiada e virou a mais combustível álcool-gasolina). Como o
“o motor flex utilizado com etanol re- nova potência energética do mundo. álcool é competitivo e 70% dos con-
presenta a melhor solução do planeta Maurício Tolmasquim, presidente da sumidores preferem abastecer com
0% 0%
2005 2030 BRASIL PAÍSES OUTROS
2005 2030 DESENVOLVIDOS PAÍSES
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, MME Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, MME Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, MME
MATRIZ ENERGÉTICA
34
BUSINESS
MATRIZ ENERGÉTICA
de Açúcar, a Unica. “Mas não acredito veis fósseis. “Dizem que vamos precisar POTENCIAL
no sucesso do carro elétrico puro por de sete hidrelétricas iguais a Belo Monte Mesmo sem eletrificação da frota,
aqui, aquele recarregado na tomada, só para atender ao crescimento do País existe no Brasil elevado potencial de
porque além dos problemas tecnoló- nos próximos anos, isso sem conside- evolução da eficiência das fontes já
gicos e de preço, não temos energia rar nenhuma eletrificação relevante da existentes. Exemplo disso é o maior
suficiente para eles”, argumenta. frota. Com veículos elétricos vamos pre- dos diferenciais energéticos brasileiros,
Na visão de Jank, os elétricos podem cisar de mais ainda e aí sim corremos o sistema flex fuel, que desde 2003 se
até agravar, em vez de eliminar, o pro- risco de sujar a matriz, pois será neces- tornou presente em mais de 10 mi-
blema de emissões, pois apenas trans- sário ativar termoelétricas para suprir a lhões de veículos já vendidos no País
ferem de local a queima de combustí- demanda por eletricidade.” e hoje está em 85% dos carros novos
emplacados. “Até agora só fizemos
adaptações em motores, um meio ter-
PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÃO DE ETANOL mo em que não se opera com eficiên-
cia máxima nem com gasolina e nem
(em bilhões de litros) com etanol. Agora é necessário desen-
2010 2020 2030
0 volver o motor flex genuíno, para au-
Produção Fermentado de Cana 24 46,5 55
mentar economia e baixar emissões”,
avalia Luso Ventura.
Produção Celulósico 0,13 4,5 7
Com ou sem motores eficientes,
Produção Total 24,13 51 62 o fato é que a maior fonte energéti-
Consumo Doméstico 17,4 32,4 52,5 ca veicular alternativa do mundo está
Exportações 6,7 18,6 9,6 nas plantações de cana-de-açúcar do
Brasil, de onde vem o etanol consu-
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, MME
mido pelos carros no País desde 1975
MATRIZ ENERGÉTICA DOS TRANSPORTES NO BRASIL e com ampla distribuição. O combus-
tível é mais limpo, apresenta queima
2005 2030
mais completa, o que reduz em 60%
% %
3%
7 4% 7 as emissões de CO2 em comparação
5% DIESEL com a gasolina, no ciclo energético
GASOLINA completo. Além disso, são imensas as
13% possibilidades de expansão da produ-
41% ETANOL
51% 19% ção de álcool, mesmo sem aumento
BIODIESEL significativo da área plantada – hoje
26%
% GÁS NATURAL de 8 milhões de hectares, o equivalen-
24
OUTROS te a apenas 2% do total agriculturável
do país, com perspectiva de chegar a
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, MME
14 milhões de hectares até 2030.
EVOLUÇÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA VEICULAR NO BRASIL Já houve expressivo crescimento
na produtividade das plantações de
1973 2009 cana e usinas: em 1970 eram extra-
Eletricidade 0,3%
Gás Natural 3% Eletricidade 0,2% ídos 3 mil litros de álcool por hecta-
Bioenergia 0,8% %
Gás Natural 0 re colhido, hoje já são 7,5 mil litros
Bioenergia 18,8% para a mesma colheita e a projeção
é de 12 mil a 14 mil litros no futuro
próximo. Isso porque se calcula que
apenas um terço do potencial ener-
Derivados Derivados gético da cana é aproveitado. Outros
de Petróleo de Petróleo
dois terços estão na palha deixada no
98,9% 78% campo e no bagaço, em parte quei-
mado nas termoelétricas de algumas
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, MME
36
BUSINESS
O BRASIL TEM milhões de litros/ano cada uma. Hoje
as cerca de 300 usinas existentes pro-
duzem 27 bilhões de litros de álcool,
SITUAÇÃO PECULIAR, mas esse volume precisará dobrar nos
próximos 10 anos para dar conta do
COM FOCO NO consumo interno e exportações.
“O mercado internacional de álcool
ETANOL, E DEVE combustível ainda não aconteceu, mas
vai acontecer”, lembra Jank, que prevê
CONTINUAR ASSIM. a queda de barreiras comerciais im-
postas ao etanol brasileiro nos Estados
ELÉTRICOS E HÍBRIDOS Unidos e Europa. Ele destaca que o go-
verno da Califórnia já declarou o álcool
TÊM POUCO ESPAÇO de cana mais ecológico que o de milho
para mistura obrigatória à gasolina no
LUIS PRADO
30%
ATRÁS DA DEMANDA
Isso tudo, no entanto, são perspectivas 20% 18,8%
que ainda vão precisar de investimento 6,6%
10% % % 2,7%
para acontecer – alguns empreendi- 3,2 1,9 0,2%
mentos já foram iniciados –, mas trata- 0%
BRASIL PAÍSES OUTROS PAÍSES
-se de uma reserva técnica de peso a DESENVOLVIDOS
ser considerada, que pode elevar ainda
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, MME
MATRIZ ENERGÉTICA
R
estrito a veículos comerciais e que prevê a liberação total, que pode- o diesel necessário, após investimen-
vetado por lei aos carros de pas- rá seguir para votação na Câmara dos tos de US$ 7,2 bilhões nas refinarias
seio leves desde 1976, o diesel Deputados no ano que vem. para destilar o S10, com apenas 10
é o combustível veicular mais usado No passado, com a crise do petró- partes de enxofre por milhão (ppm),
no país hoje – representa 50% do con- leo, a restrição do diesel para carros que será obrigatório a partir de 2013.
sumo total, devido à sua participação pequenos foi considerada necessária Essa, portanto, será outra questão
quase que monopolista no transporte para subsidiar os preços do combus- resolvida para liberar a utilização de
de cargas. E tende a ganhar relevân- tível e impedir a transmissão de au- diesel, pois o teor de enxofre reduzi-
cia ainda maior na matriz nacional. mentos para bens de toda espécie, do era a condição que faltava para a
Existe a possibilidade de liberação do uma vez que o modal de transporte utilização de sistemas catalíticos que
uso em automóveis, porque todos os rodoviário é todo movido a diesel e tornam os motores diesel menos po-
argumentos contrários estão sendo responsável pela movimentação de luentes do que similares a gasolina.
eliminados, ao mesmo tempo em 70% das cargas no Brasil. Outro pro- Mesmo com a liberação, parece pe-
que os modernos motores eletrônicos blema é que não se produzia o sufi- queno o risco de aumento excessivo
a diesel são mais econômicos e, por- ciente, pois as refinarias de petróleo da frota a diesel no país, pois são car-
tanto, emitem menos CO2. O gasto brasileiras foram construídas sob mo- ros mais caros do que os a gasolina.
de um carro a gasolina é 36% maior delo que privilegiava o refino de gaso- Por sua maior economia e robustez,
do que um a diesel, o movido a álcool lina, o que obrigava a importação de deverão atrair a atenção de consu-
consome 58% mais e com GNV, 37%. vastas quantidades de diesel, pagan- midores que fazem uso severo do
“A questão técnica para o maior do mais caro. veículo, como taxistas. “Tecnologia e
uso de diesel está resolvida, só resta o Ambos os problemas hoje não exis- preço devem guiar o mercado, não
problema político”, diz Edison Parro, tem mais. O país já é autosuficiente a intervenção indevida do governo”,
da AEA. Para isso, tramita no Senado em petróleo e até 2013, segundo a defende Luso Ventura, da SAE Brasil.
em caráter terminativo projeto de lei Petrobras, poderá produzir aqui todo (Pedro Kutney)
EVOLUÇÃO DA DEMANDA
DE DIESEL NO PAÍS
FORD ECOSPORT: (milhões de toneladas)
motor diesel só
para exportação 80,1
56,8
DIVULGAÇÃO - FORD
41,8
38
BUSINESS
BIOENERGIZAÇÃO
AVANÇARÁ NO PAÍS
EM 2011 O
DIVULGAÇÃO - PETROBRAS
BIODIESEL ENTRARÁ
NO TANQUE
DOS VEÍCULOS
COMERCIAIS
E
xistem grandes possibilidades gasolina e etanol, nesta ordem.
de maior bioenergização do Outra possibilidade emergente nes- PESADOS NA
diesel usado no Brasil – como se segmento vem dos canaviais, com
já acontece com a gasolina vendida o diesel de cana, obtido por método PROPORÇÃO DE 5%
no País, que tem quase um quarto de de fermentação. O combustível já es-
álcool anidro em sua composição. O tá em testes no Brasil e as apostas são NO ABASTECIMENTO
primeiro passo para isso já foi dado, altas. “Se cumprir tudo que promete é
com a obrigação da mistura de bio- fantástico do ponto de vista ambien- DE DIESEL,
diesel de origem vegetal ou de gordu- tal, pois reduzirá muito a emissão de
ra animal ao combustível mineral, em material particulado”, diz Luso Ven- AJUDANDO A
proporção crescente que começou tura, da SAE Brasil. “A desvantagem
em 2% e chega a 5% já a partir de é que o poder calorífico é um pouco
COMBATER EMISSÕES
2011 – dois anos antes do previsto. menor, por isso os fabricantes só que-
A produção do biocombustível saltou rem usar no máximo 20% de mistu-
de 732 mil litros em 2005 para 1,6 ra no diesel mineral, para evitar fazer tica veicular brasileira: mesmo com
bilhão em 2009 e deve chegar a 2,4 adaptações nos motores.” poucas mudanças de hardware (os
bilhões este ano. Além disso, refina- Assim a agroenergia vai movendo veículos), muda muito o software (os
rias estão incorporando óleos vegetais de maneira peculiar a matriz energé- combustíveis). (Pedro Kutney)
e animais ao refino do diesel, em pro-
cesso que produz o H-Bio.
Assim como o álcool na gasolina,
PRODUÇÃO E CONSUMO PRODUÇÃO DE BIODIESEL
biodiesel e H-Bio ajudam a cortar o
DE BIODIESEL E H-BIO POR MATÉRIA-PRIMA
teor de enxofre no combustível, o
que reduz a emissão de poluentes e (em milhões de litros) (em mil toneladas)
permite a utilização de catalisadores
mais eficientes. O expediente tam- 16.645 2010 2020 2030
bém diminui a dependência do petró- Soja 1.8488 2.641 3.394
leo, reduzindo a participação do diesel Dendê 137 1.062 5.695
mineral na matriz energética veicular 9.133 Mamona 87 229 451
para 41% até 2030, ao mesmo tempo Girassol 22 54 104
que se eleva a fatia do biodiesel para 4.599 TOTAL 2.095 3.987 9.644
5%, segundo estimativas da EPE. Ain-
da assim o diesel continuará sendo a
fonte energética mais usada no setor
de transportes nacional, seguido pela 2010 2020 2030
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, MME Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, MME
MATÉRIA DE CAPA | POWERTRAIN
COMBUSTÃO RESISTE AO
CHOQUE ELÉTRICO
O POWERTRAIN ELÉTRICO E HÍBRIDO AGITA O MERCADO
INTERNACIONAL E PEDE SUBSÍDIOS, ENQUANTO O MOTOR A
COMBUSTÃO CONTRA-ATACA COM NOVAS TECNOLOGIAS
E
PAULO RICARDO BRAGA mbora carros elétricos e híbridos tenham se tornado tema preferido nos salões
internacionais e na mídia, associados a tecnologias amigáveis ao meio am-
biente, o centro de gravidade da indústria de motores pende para os artefatos
de combustão interna, de reinado centenário e responsáveis pela produção em
massa e resultados efetivos. Assim será pela próxima década, pelo menos, como
profetizam futurólogos.
E o Brasil, como fica nesse ambiente turbulento? Aqui há mais barulho
sobre a eletrificação do que efeito prático, apesar de muitas notícias in-
dicarem o contrário. Uma das explicações talvez esteja na sentença do
professor Francisco Nigro, da Escola Politécnica da USP: “A combinação
do motor flex com etanol representa a melhor solução para o planeta no
momento”.
Não é difícil entender. A cultura da cana-de-açúcar é generosa em
produtividade, em algumas regiões do planeta, representa uma fonte re-
novável e absorve da atmosfera volume de CO2 equivalente ao eliminado
após a queima do etanol no
LUIS PRADO
motor. A compensação
seria mais efetiva se
a produção do eta-
nol fosse ‘limpa’,
sem recorrer a má-
quinas movidas por
derivados de petróleo
e consumo de outras energias.
Nigro alerta para a necessidade de se
adotar uma contabilidade energética abrangente na
comparação de diferentes fontes: “É importante levar
em conta não apenas o impacto local do consumo, mas
também o custo econômico e ambiental para geração
dessa energia”. É o caso da eletricidade, que depende de
hidrelétricas com extensos reservatórios, de usinas nucleares
ou da queima de produtos como carvão, bagaço de cana ou
resíduos de celulose. O diretor do Tech Center da Mahle Metal
Leve no Brasil, Ricardo Simões de Abreu, faz coro: o que vale
FUSION HÍBRIDO:
agora no Brasil
40
BUSINESS
é a medida das emissões well to whe- O FLEX FAZ MAIS SENTIDO
DO
el, do poço às rodas.
O professor da Poli afirma que o
flex faz mais sentido que as demais
QUE AS DEMAIS ALTERNATIVAS
NATIVA
V S
alternativas quanto ao retorno pelo
investimento. Ele esclarece, no en-
QUANTO AO RETORNO PELO
PEL
LUIS PRADO
tanto, que as possibilidades de aper-
feiçoamento dos motores fazem INVESTIMENTO
sentido da perspectiva da sociedade, FRANCISCO NIGRO, professor
ofessor da
d
mas não do usuário médio, que tem Escola Politécnica
a da USP
motivação econômica. Das alter-
nativas ligadas à eletrificação, a de
veículos híbridos em 2020 aparece- res de ferro acrescentaram boas alter-
ria como a mais promissora e seria nativas à linha de veículos da Fiat, que
compatível com os biocombustíveis. pode ganhar ainda tecnologias como
Ele esclarece, ainda, que os híbri- o MultiAir no futuro próximo, em re-
dos tornam-se mais indicados para gime de importação. Ou o pequeno
uso em ciclo urbano, com paradas e bicilíndrico lançado recentemente na motores com bloco de ferro, conheci-
retomadas frequentes que dão opor- Europa, já com MultiAir e turbo para da como Fox. Moderna, de baixa ca-
tunidade à recuperação de energia. oferecer até 105 cavalos – um notável pacidade cúbica, complementará ou
No caso de veículos comerciais, ca- sucesso na aplicação de tecnologias substituirá de vez o atual Zetec Rocam
minhões de entrega e ônibus seriam de downsizing. 1.0. A essa altura o Zetec Rocam 1.6
os principais candidatos a se bene- A Ford também estaria bem cotada cederia espaço ao Sigma nas aplica-
ficiar da tecnologia. Nesse campo a para ganhar troféu pela consolidação ções locais.
Honda pode sair à frente no Brasil, da família Sigma, voltada para expor- A Volkswagen produz em São Car-
onde estuda a produção do New tação. A versão 1.6 equipa o Focus e los, no interior paulista, o histórico AP
Fit híbrido utilizando como motor a o New Fiesta que chegam à praça tra- 1.8, junto com o PQ24 de 1000 cc e o
combustão um modelo flex. zidos da Argentina e do México, res- EA111 1.6L, todos em ferro. Mas já se
pectivamente. O propulsor de nova sabe que a empresa trabalha no proje-
NA FILA geração, assentado sobre conceitos to do EA211, possivelmente de alumí-
O típico motor brasileiro é a com- desenvolvidos pela marca no Exterior, nio, e aposta em volumes que podem
bustão, de mil centímetros cúbicos é de alumínio – coisa rara por aqui, li- chegar a 250 mil unidades por ano na
e flex. Elétricos e híbridos não fazem mitada à Honda e PSA, além da Ford, versão 1.4L turbo. Como o produto
parte do portfólio. Os projetos locais, no caso da produção local. será relativamente sofisticado, deve ser
como regra, são antigos e passaram Nos próximos dois anos a Ford deve destinado em parte à exportação.
por frequentes aperfeiçoamentos lançar no País uma nova família de Falta compreender um pouco me-
para ganhar eficiência – mas nada lhor a estratégia da GM para a uni-
comparável aos propulsores tur-
bo ou com injeção direta que
chegam em carros importados
de alta performance ou são trazi-
dos do Exterior em baixo volume,
como o TJet da FPT – Powertrain
Technologies.
A FPT – Powertrain Technologies
poderia ser eleita a empresa de mo-
tores do ano por aqui, em função do
lançamento dos motores E.torQ pro-
ECOBOOST: aposta
duzidos em Campo Largo, no Paraná. da Ford em eficiência
Eficientes e modernos, os propulso- e economia
MATÉRIA DE CAPA | POWERTRAIN
dade de Joinville, em Santa Catarina. A Ford aposta no conceito Ecoboost e teligência local para criar arquiteturas
Ao que tudo indica, a planta fará a Volkswagen no TFSI para construir eletroeletrônicas, embora falte domí-
mais do mesmo que já produz em propulsores menores, com injeção nio no gerenciamento do sofisticado
São José dos Campos, concentran- direta e turboalimentação. O downsi- powertrain elétrico. Quanto a com-
do o foco em motores de baixa ci- zing, tendência que se estende à maio- ponentes, a farta disponibilidade na
lindrada para atender o projeto Onix. ria das marcas, chega com novos ma- Ásia, a preços atrativos. é atenuante.
No cenário internacional inúmeros teriais, redução de peso e atrito. Para muitos especialistas, o Brasil
projetos evidenciam forte reação do deveria se concentrar no aperfeiçoa-
motor a combustão, com o empre- LIMITAÇÕES mento do motor flex e no aprimora-
go de altas doses de eletrônica para A indústria brasileira terá fortes li- mento dos processos para obtenção
chegar a níveis elevados de eficiência mitações para desenvolver carros do etanol. Eles entendem que quan-
e rígido controle de emissões com elétricos e a infraestrutura de abaste- do for necessário fabricar carros elé-
downsizing, injeção direta e turboa- cimento. Faltam ao País pelo menos tricos a indústria local, internacional,
limentação, sistemas de ignição por dois elementos básicos a esses pro- estaria pronta a importar soluções,
compressão de carga homogênea gramas: componentes eletrônicos e evitando os atuais caminhos incertos
(HCCI), a tecnologia MultiAir, da FPT. baterias de alta performance. Há in- da pesquisa e desenvolvimento.
42
BUSINESS
cos, mas para ela é hora dos híbri-
dos. O Fusion Híbrido, bem recebido
nos Estados Unidos, chega também
ao Brasil para comercialização em
pequena escala. O presidente Lula
FIAT MIO: projeto
considera aplicação
recebeu o primeiro exemplar durante
de um motor elétrico. o Salão do Automóvel, para incor-
poração à frota oficial em regime de
comodato. O Fusion híbrido utiliza
João Fernando Gomes de Olivei- forças contrárias agindo em prol da transmissão CVT e sistema de po-
ra, presidente do IPT – Instituto de eletrificação e na defesa do flex as- wertrain full split, com motor a com-
Pesquisas Tecnológicas não pensa sociado ao etanol. O lobby dos elé- bustão do ciclo Atkinson, que repre-
assim. Para ele, o Brasil não pode es- tricos quase convenceu o presidente senta uma alternativa ao Otto, e dois
perar para dominar tecnologias que Luiz Inácio Lula da Silva a assinar motores elétricos – um para tração e
conduzirão à eletrificação de veícu- decreto de incentivo à produção lo- outro para carga das baterias.
los, embora o motor de combustão cal, mas houve um prudente recuo A Mercedes-Benz trouxe o primeiro
interna ainda tenha longa vida no se- para melhor análise do assunto. Ain- híbrido ao Brasil. O luxuoso sedan
tor automotivo. da que decisões apareçam no final S400 pode ser encomendado por R$
Durante workshop promovido pela deste governo, ações efetivas ficarão 450 mil e faz até 34,5 km com um
Ford em São Paulo para analisar a para o próximo. litro de gasolina. O carro combina
eletrificação veicular, o engenheiro um V6 3.0 de 299 cv com injeção
admitiu que as baterias constituem ESCOLHA direta e um motor elétrico de 60 cv.
uma das principais restrições ao carro Elétricos ou híbridos? Há diferentes Só com a força do motor elétrico, o
puramente elétrico, já que são caras estratégias das marcas globais nessa S400 híbrido percorre 32,2 km usan-
e ainda oferecem densidade energé- escolha. A Renault prefere falar em elé- do baterias de lítio a uma velocidade
tica limitada. Oliveira aposta que o tricos e aposta na criação de infraestru- máxima de 109km/h. Com o motor a
powertrain híbrido, combinando de tura de eletropostos, em parceria com combustão atinge 250 km/h e faz 0 a
várias formas os motores elétricos e a Better Place. As baterias poderão ser 100 km/h em 7,2 segundos.
a combustão para promover a tração, substituídas ou, alternativamente, car- O motor elétrico auxilia o trabalho
avançará antes dos puramente elétri- regadas durante 40 minutos em toma- do V6, principalmente em trechos
cos, que dependem essencialmente das trifásicas, tempo suficiente para as urbanos, evitando que o motor a ga-
da infraestrutura de eletropostos para compras no supermercado. solina seja exigido nas situações de
recarga e maior autonomia. A Ford também investe nos elétri- tráfego intenso.
Reginaldo Arcuri, presidente da
ABDI – Agência Brasileira de Desen-
volvimento Industrial, revelou que
o governo analisa as propostas TOYOTA: plug-in exibido
no Salão do Automóvel
de trabalho encomendado à con-
sultoria CSM Worldwide na área de
competitividade. O levantamento, já
apresentado na Anfavea e no Sindi-
peças, registra condições que preci-
sam ser alinhadas para o País avançar
como um player global e dominar as
tecnologias eletroeletrônicas e de po-
wertrain necessárias à eletrificação. As
duas entidades também promovem
estudos e farão contrapropostas.
O incentivo ao carro elétrico está
em gestação nos ministérios, com
MATÉRIA DE CAPA | POWERTRAIN
DIVULGAÇÃO - CPFL
F
oram poucas as iniciativas efe- isso. Cada City montado pela Valmet foi Um motorista escolhido pelos Cor-
tivas para desenvolvimento de cotado a US$ 45 mil e ao preço FOB reios passou por treinamentos para
veículos elétricos no País. A Fiat, foram acrescidos os impostos de praxe dirigir o veículo elétrico e será o úni-
junto com a Itaipu Binacional, cons- para importação e licenciamento, mais co condutor durante o período de
truiu 50 Palio Weekend com powertrain que dobrando o custo final. Sem incen- comodato. O carregamento, em to-
elétrico oferecido em escala limitada tivo do governo, ao contrário do que mada comum, ocorrerá duas vezes
na Suíça. O veículo demonstrou bons acontece em outras partes do mundo, ao dia. “Estamos abrindo portas para
resultados em concessionárias de carros elétricos vão chegar ao Brasil a a utilização maciça desses veículos”,
energia mas evidenciou também que preços estratosféricos. explica Paulo Cezar Coelho Tavares,
é preciso pensar em projetos originais, Em parceria com a Edra a CPFL vice-presidente de Gestão de Energia
adequados para receber componentes Energia desenvolve o elétrico Aris com da CPFL, explicando que o custo por
não convencionais. O programa foi baterias de lítio, que podem ser carre- quilômetro rodado é de R$ 0,04 e fica
praticamente interrompido em 2010, gadas em cinco horas e permitem al- 25% abaixo do proporcionado por um
mas pode ganhar fôlego se vingar a cançar até 80 km/h. A autonomia é de veículo a gasolina.
construção de uma fábrica local de ba- 90 a 120 quilômetros. A capacidade de Depois de apresentar o protótipo
terias salinas. carga é de 350 quilos. O Correio assi- do primeiro posto de recarga, a CPFL
A CPFL Energia adquiriu três veícu- nou contrato de comodato para utilizar Energia pretende instalar uma unida-
los elétricos City da Think, empresa o Aris, que será testado na entrega de de em shopping center de Campinas,
com sede em Oslo, Noruega, exibidos Sedex por seis meses, percorrendo dia- com autoatendimento e pagamento
durante o Michelin Challenge Biben- riamente 70 quilômetros pelas ruas do por meio de cartões. O usuário pode-
dum este ano no Rio de Janeiro. A bairro Taquaral, um dos mais populo- rá acessar a internet via celular para
empresa pretende avançar na eletrifi- sos de Campinas, para entregar duzen- controlar a carga do veículo, enquan-
cação de veículos, mas paga caro por tos documentos. to faz compras.
44
BUSINESS
JAZZ HÍBRIDO, plataforma
para Fit híbrido-flex no Brasil
FIT HÍBRIDO?
A Honda pode surpreender: avalia
a fabricação do New Fit híbrido no
Brasil. O engenheiro Alfredo Gue-
des disse a jornalistas que a marca
não encara esse tipo de tecnologia
como um nicho de mercado. A
fabricante já conversou com o go-
verno sobre incentivos e tem um
argumento interessante: o motor a
combustão será flex.
A
Mitsubishi testa em São Paulo Business e surpreendeu positivamen- possível escolher entre três formas di-
a segunda geração do i-MiEV, te. O motor elétrico de 47 kW (64 cv e ferentes de condução, mais econômi-
cuja plataforma atenderá a 18,4 kg.m) leva o carro a até 130 km/h cas ou com maior performance: Drive,
construção do Peugeot Ion e do Citroën (velocidade limitada eletronicamen- Economy e Brake (com máxima rege-
Czero. O diretor de engenharia e plane- te), alimentado por uma bateria de 16 neração de energia).
jamento da empresa no Brasil, Reinaldo kWh. A recarga pode ser feita em casa A Mitsubishi trabalha para reduzir
Muratori, admite que o carro poderá ser em tomada de 110 V (14 horas) ou 220 custos e aperfeiçoar a bateria de íon-
importado se houver sucesso na redu- V (7 horas). Um dispositivo de carga rá- -lítio, sem efeito memória e fabricada
ção de custos. No Japão o carro tem pida trifásico (200 V, 50 kW) repõe 80% para durar dez anos, em parceria com
preço US$ 31 mil, já com um subsídio da carga em 30 minutos. A Mitsubishi a GS Yuasa na empresa Lithium Ener-
de US$ 14.300 do governo. avalia, ainda, carregadores capazes de gy Japan. A bateria é composta por 88
A montagem local do elétrico da Mit- abreviar a tarefa a 5 minutos, com 60% células de íon-lítio conectadas em série
subishi, que ainda mostrava direção do a 70% da carga. e pesa 220 kg. Cada célula tem 3,75 V
lado direito no Salão do Automóvel de Com 3,40 m de comprimento (30 e 50 Ah.
São Paulo, não pode ser descartada, cm menos que o Uno), o i-MiEV aco- O motor elétrico é alimentado por
embora seja iniciativa de médio prazo moda bem quatro pessoas com até corrente alternada, a 330 V, fornecida
e dependa do amadurecimento de pro- 1,90 m de altura. A autonomia depen- por um dispositivo conhecido por in-
gramas coordenados pelo governo. de bastante da forma de dirigir e che- versor, ligado à bateria. Há também
O i-MiEV foi avaliado por Automotive ga a até 160 km, em circuito misto. É uma bateria auxiliar de 12 V.
O i-MiEV pesa 200 kg a mais do que
o similar com motor a combustão de
600 cc. Como as baterias estão ao ní-
vel do assoalho do carro, o centro de
gravidade fica 7 cm mais baixo, melho-
rando bastante a estabilidade. O veícu-
lo oferece ar condicionado, freios ABS,
rádio, navegador, airbags, direção com
assistência elétrica e vidros acionados
eletricamente. O ambiente interno é
agradável e silencioso -- só se ouve o
barulho da bomba elétrica que gera o
vácuo para o sistema de freios e alguns
ruídos no painel de plástico.
No Salão do Automóvel de São Pau-
lo a Mitsubishi apresentou o conceito
híbrido plug-in PX-MiEV, com dois mo-
tores elétricos síncronos de imã perma-
nente, um dedicado ao eixo dianteiro e
outro ao eixo traseiro. O motor a com-
bustão 1.6L a gasolina suplementa a
potência do eixo dianteiro e alimenta
um gerador que recarrega a bateria.
REINALDO MURATORI e o
i-MiEV que pode ser brasileiro
46
BUSINESS
MATÉRIA DE CAPA | POWERTRAIN
A
o lado do Nissan Leaf e do Che-
vrolet Volt mais duas dezenas
de carros elétricos estão na fila
para chegar ao mercado norte-ameri-
cano em três anos, com a ajuda bilio- VOLT: híbrido em série a
nária dos incentivos fiscais prometidos US$ 33,5 mil nos EUA
pelo governo. Os fabricantes lutam
para ganhar a dianteira nessa corrida
tecnológica e investem pesado para US$ 7,5 mil. Já a Ford acredita que o A EPA, Environmental Protection
dominar tecnologias eletroeletrônicas futuro próximo trará oportunidade para Agency dos Estados Unidos, atribuiu
e a produção de baterias eficientes. motores a gasolina mais eficientes, ao Nissan Leaf um consumo equiva-
Há expectativa da comercialização como seu Ecoboost, mas trata de ga- lente de 42 km/l e autonomia de 117,4
de um milhão de carros híbridos ou nhar espaço com híbridos, que deve- km, abaixo dos 161 km anunciados
puramente elétricos no mercado ame- rão ganhar uma versão plug-in. pelo fabricante.
ricano nos próximos cinco anos. Mas A Ford espera que, em 2020, 1% a Na classificação da EPA, o Volt faz
existem esforços importantes também 2% das suas vendas sejam de carros 39,5 km/l apenas com bateria, 15,7
em outras partes do mundo. Um dos puramente elétricos e 10% a 15% de km/l com gasolina e, na média 25,5
entusiastas pela eletrificação é Carlos híbridos com baterias recarregáveis. A km/l. A autonomia é de 56,3 km com
Ghosn, que comanda a aliança Renault Honda promete um elétrico em 2012. eletricidade e, no total, de 610 km.
Nissan. Para ele, em 2020 nada menos A Toyota cria uma versão elétrica do
que 10% dos veículos novos serão elé- utilitário esportivo RAV4 com a Tesla
tricos. Para muitos, é um exagero. Motors e um elétrico subcompacto a
A Nissan quer vender 200 mil exem- partir do IQ. A Ford terá uma versão
plares do elétrico Leaf nos Estados elétrica do Focus e de uma van.
Unidos até o final de 2013, uma meta
que muitos colocam em dú-
vida apesar do in-
centivo fiscal de
48
BUSINESS
NISSAN LEAF: elétrico puro a
US$ 25.280 nos EUA
MOTOR OTTO | MERCADO
POPULARES
MAIS
POTENTES
COM A PRODUÇÃO DE QUASE
1,7 MILHÃO DE UNIDADES
PROJETADAS PARA ESTE
ANO, MOTORES 1.4 E 1.6 IRÃO
SUPERAR OS 1.0 PELA PRIMEIRA VEZ
NA HISTÓRIA. E, É BOM SABER, A
TENDÊNCIA VEIO PRA FICAR
JAIRO MORELLI
LUIS PRADO
A
indústria de motores automotivos vive fase interessante no
mercado nacional, com o surgimento de novas fábricas, in-
vestimentos constantes e números crescentes de produção
e exportação. Projeções do Sindipeças – Sindicato Nacional da Indústria de
Componentes para Veículos Automotores dão conta de que a produção deverá
somar 4 milhões de unidades este ano, volume que, se confirma do, será 20%
superior ao do ano anterior (3,3 milhões de unidades). “Deste total, 88% serão
leves e 12% diesel”, prevê Julian Semple, diretor da Carcon Automotive.
A explicação do crescimento, para o coordenador geral de forecast do Sin-
dipeças, Igor Morais, está nas altas estimadas para o mercado interno (que
deverá registrar aumento de 13,1%, com 3,6 milhões de veículos fabricados) e
para países da América Latina, com destaque para Argentina e México.
“Do avanço previsto cerca de 60% (420 mil unidades) serão provenientes das
exportações. As novas linhas Sigma da Ford, em Taubaté, SP, assim como a EtorQ
da FPT, no Paraná, também ajudarão a puxar esses números para cima”, afirma
Morais. Com investimento de R$ 600 milhões, a unidade do interior paulista teve
a capacidade produtiva aumentada para 500 mil motores/ano e a planta parana-
ense, que recebeu R$ 250 milhões, deverá atingir 400 mil unidades até 2012,
com expectativa de mandar 40% deste volume para o exterior.
DIVULGAÇÃO - FORD
FORD levou autoridades ao
lançamento do Sigma
Além do reaquecimento das expor- caindo de 79% para 75% de share. xíveis, com 460 mil unidades fabrica-
tações, o mercado nacional em 2010 A perda, segundo Morais, se deve ao das (contra 330 mil no ano passado)
também passa por mudanças no mix aumento de produção dos motores e aumento de share de 1,5 ponto
de produção por cilindrada. Do total a gasolina para exportação, que de- porcentual para 11,5%. Na divisão
fabricado este ano, os motores 1.4 l verá pular de 364 mil unidades em entre as quatro grandes, segundo
(incluindo 1.2 e 1.3) e 1.6 l (soman- 2009 para 517 mil no fechamento números da Carcon, a liderança em
do 1.5) foram os que apresentaram o deste ano, com elevação da partici- 2010 continuará nas mãos da VW,
maior volume de crescimento: 28% pação em dois pontos porcentuais com 950 mil unidades fabricadas,
(680 mil unidades) e 33% (1 milhão para 13%. seguida de perto pela Fiat, com 850
de motores), respectivamente. O bom desempenho dos motores mil, GM, com 700 mil motores, e
“Os números demonstram que o diesel complementa a perda dos fle- Ford, com 410 mil. Para 2011, a ex-
consumidor de modelos populares pectativa é de que a produção total
está migrando para veículos de maior cresça entre 4% e 5%.
cilindrada e, consequentemente,
mais equipados. Com as promoções REDUZIR PESO
agressivas praticadas atualmente, Se por um lado os números da in-
os preços não são tão diferentes e o dústria são cada vez mais promisso-
crédito, diluído em prazos cada vez res, por outro, as inovações tecnoló-
maiores, permite o pagamento de gicas previstas para nossos motores
parcelas levemente superiores”, ex- no curto prazo deverão ficar restritas
plica. Com essa transformação, os a pequenas alterações para atender
propulsores que ficam entre 1.2 l e a fase 6 do Conama, que entra em
1.6 l deverão somar 1,68 milhão de vigor em 2013 para diesel leve e em
unidades, 15,8% a mais do que os 2014 para veículos Otto. Na verda-
modelos 1.0, que totalizarão 1,45 mi- de, lembra o gerente de powertrain
lhão e alta moderada de apenas 7% da Mahle, Marcos Clemente, a gran-
na comparação com o ano anterior de maioria dos motores nacionais já
(1,35 milhão). atende os níveis de emissões estabe-
Já os propulsores flexíveis, que lecidos pela norma e, portanto,
JULIAN SEMPLE: produção de
deverão totalizar 3 milhões de unida- apenas pequenos ajustes deverão
LUIS PRADO
Automotive
MOTOR OTTO | MERCADO
BUSINESS
des. Estrutura para isso a fabricante A coreana Hyundai é outra que pla-
japonesa tem, porém, dificilmente a neja nova fábrica no Brasil. A unida-
iniciativa acontecerá. de, em fase de terraplanagem, será
Por conta das facilidades propor- levantada em Piracicaba, SP, com
cionadas localmente pelo álcool, os investimentos de R$ 600 milhões
motores flexíveis serão os nossos para a produção de um inédito hatch
DIVULGAÇÃO - VW
propulsores do futuro. Algo perigo- compacto equipado com motores
HENRY JOSEPH: esforços na VW
so, para Morais, do Sindipeças. “É estão voltados para a inovação flex 1.0 e 1.6, previstos para 2012.
preciso que o País continue inves- O volume de produção, ao redor de
tindo em novas soluções e não fique 100 mil unidades/ano, justifica a
para trás tecnologicamente. Precisa- nacionalização dos propulsores.
mos de sistemas que permitam bons Na Kia há expectativa para a che-
volumes também de exportação. O mil unidades/ano. gada dos propulsores flexíveis co-
álcool é uma excelente opção, mas Para os próximos anos, a chega- reanos que serão lançados no País
apenas para a nossa realidade. Se o da de novos players asiáticos deverá gradativamente até o final de 2011:
Brasil parar no tempo é possível que mudar ainda mais o cenário. A Chery o 1.6 16V, estreará no Soul com tec-
a gente não veja por aqui as próxi- do Brasil, depois da boa aceitação no nologia Bosch e depois virão versões
mas plataformas de veículos”, alerta. mercado nacional, já confirmou que 1.0 e 2.0. A empresa não fala em fá-
aplicará US$ 400 milhões na monta- brica local para veículos e motores.
INVESTIMENTOS gem da fábrica de Jacareí, SP, para A japonesa Toyota, que monta no
Os investimentos em motores por aqui montagem inicial de 50 mil veículos/ País motores a partir de componen-
deverão totalizar, até 2012, cerca de R$ ano e até 150 mil unidades/ano em tes importados em CKD, dá sinais de
2 bilhões, com os R$ 350 milhões que, segunda etapa. Luis Curi, presidente, interesse em nacionalização, como
finalmente, serão aplicados pela GM na disse que a partir de 2011 os veículos fez a Honda, para atender a deman-
construção da fábrica de Joinville, SC da marca trazidos ao País podem ter da da planta que será construída em
(onde serão fabricadas 120 mil unida- motores flex chineses, desenvolvidos Sorocaba, SP. A fábrica deverá ficar
des por ano para atender os pequenos com o suporte de fornecedor brasi- pronta em 2012, com aporte de R$
modelos do projeto Ônix, que sairão leiro – que poderão ser nacionaliza- 1 bilhão para a montagem de 70 mil
de Gravataí, RS, na mesma ocasião), dos quando o volume de montagem automóveis por ano na fase inicial. A
e parte do R$ 1,4 bilhão que a PSA in- local justificar. “Serão os primeiros empresa pretende ampliar gradati-
vestirá na ampliação da capacidade de motores bicombustível produzidos vamente a capacidade instalada até
sua planta em Porto Real, RJ, para 280 na China”, ressaltou Curi. 400 mil unidades/ano.
Automotive
MOTOR OTTO | FPT
E.TORQ 1.8:
novidade importante
para a Fiat
ATRÁS DA LIDERANÇA
NA AMÉRICA DO SUL
O E.TORQ AVANÇA ENQUANTO A EMPRESA
PENSA DO BICILÍNDRICO DE ALTA EFICIÊNCIA
B
raço de motores e transmissões da Fiat, aberta ao mundo para vendas a
todas as marcas, a FPT – Powertrain Technologies agiu rápido e atrope-
lou a GM na aquisição da antiga fábrica de motores da Tritec, em Campo
Largo, no Paraná. Com investimento de R$ 250 milhões revisou máquinas,
processos e instalações para produção dos eficientes E.torQ de 1.6 l e 1.8 l
(especula-se sobre um 2.0), ambos flexíveis e de 16V, que receberam altera-
ções no virabrequim, bielas e pistões para chegar à configuração atual.
54
BUSINESS
Exteriores:
PEÇAS PLÁSTICAS
Concepção
Desenvolvimento
Fabricação
Motor: Interiores:
Coletores de Admissão
Conjuntos de Filtros de Ar
Tampas de Cabeçote
Protetores de Correia
Galerias de Combustível MECAPLAST do Brasil
Suporte de Bateria Rua Boaventura Pereira, 414,
Reservatórios Pq. Anhanguera, SP.
Elementos de Filtro de Ar Fone: 55 11 3901 8560
Separador de Óleo mecaplast@mecaplast.com.br
Embelezador de Motor www.mecaplast.com
MOTOR OTTO | FPT
Os propulsores já equipam cinco F1A, F1C, NEF 4, NEF 6, Cursor 9 e MG (2) e Campo Largo (um). Não há
modelos 2011 da linha Fiat (Punto, Cursor 13), a programação da FPT previsão de contratações.
Doblò, Palio, Idea e Linea) e devem é embarcar 300 mil unidades entre João Irineu Medeiros, diretor de
ser gradativamente incorporados a motores e transmissões, volume in- engenharia, considera que a FPT
outros veículos da marca. A projeção finitamente superior às 10 mil unida- está bem estruturada para os próxi-
de produção anual para a unidade des exportadas nos dias de hoje. mos anos e enfatiza não terá serão
paranaense é de 330 mil unidades, Com a nova unidade do Paraná, a necessárias modificações impor-
com elevação para 400 mil motores/ projeção da FPT para 2010 é mon- tantes nos propulsores da marca
ano em 2012. Números que deverão tar 780 mil motores Otto (750 mil para atender a fase 6 do Proconve.
ser amparados pela chegada do Bra- do ano passado) e 50 mil unidades “Os veículos com nossos motores já
vo (que substitui o Stilo com o motor diesel (30 mil em 2009), volume que atendem a nova fase. Faremos ape-
1.6 l) e também pelas projeções oti- ainda não garante a liderança, nas nas alguns ajustes de calibração no
mistas para as exportações que, até mãos da Volkswagen. Somadas as sistema de injeção a partir do início
2014, deverão corresponder por 40% transmissões, o número sobe para do próximo ano”, afirma. Em resu-
da produção. 1,7 milhão uniades. mo, pouca coisa deverá mudar.
Até lá, somando a fabricação das Para 2011 são programados 910 A maior evolução aguardada por
plantas mineiras de Betim (motores mil motores (850 mil Otto e 60 mil aqui é o surpreendente motor bici-
Otto Fire EVO 1.0, 1.2 e 1.4, Fire diesel). Hoje 3.700 funcionários atu- líndrico de 875 cc, que acaba de ser
Economy 1.0l, Fire 1.4l, Tetrafuel 1.4l am nas linhas de Córdoba (motores lançado no Cinquecento, na Europa,
e caixas de câmbio C510 e C513) e 1.9l 16v e algumas caixas de câm- e foi testado em outubro por Automo-
Sete Lagoas (motores Diesel S8000, bio), Betim (3 turnos) Sete Lagoas, tive Business nas pistas de Balocco,
próximo a Turim. Com a tecnologia
Multiair e submetido às tecnologias
de downsizing, o artefato promete re-
duzir emissões em 30%. Com turbo,
FPT CAMPO LARGO: fábrica foi
modernizada para produzir E.torQ
o motorzinho fala alto: chega a 105
cavalos. Ainda é cedo para aplica-
ção no Brasil, mas as equipes locais
de engenharia da FPT já trabalham
no desenvolvimento local de uma ver-
são flex que seria campeã mundial na
redução de emissões.
A configuração do bicilíndrico da
FPT leva a boas possibilidades de con-
figuração em um sistema híbrido, que
poderia ser montado transversalmen-
te, colocando lado a lado o powertrain
elétrico e o motor de combustão inter-
na, que poderia ser flex. (JM)
56
BUSINESS
MOTOR OTTO | FORD
A
fábrica da Ford em Tau- a vários modelos disponíveis
baté, SP, passou por pro- no mercado internacional, a
funda reestruturação no ano tecnologia é o que há de mais
passado para iniciar a produção dos moderno nas famílias de mo-
primeiros motores Sigma 1.6 16V tores Otto da Ford, incorporando
em versões flex e a gasolina. O sistemas caros para o padrão bra-
DIVULGAÇÃO - FORD
58
BUSINESS
MOTOR OTTO | GM
A
pós período longo de indeci- atender a evolução do projeto Ônix, çados de tecnologia automotiva e
sões, a General Motors final- cujo veículos começarão a sair de sustentabilidade. A produção de
mente iniciou, em agosto, as Gravataí, RS, em 2012. motores e componentes em Santa
obras de terraplanagem para cons- A fábrica gaúcha, que hoje produz Catarina vai alavancar nosso cres-
truir a fábrica de motores em Join- 230 mil veículos por ano, receberá cimento na região, que ganhou
ville, SC. A unidade, que receberá R$ cerca de R$ 2 bilhões para chegar importância na estrutura da corpo-
350 milhões e deverá ficar pronta em ao patamar de 380 mil unidades por ração com a criação da GM Améri-
2012, será responsável, em primeiro ano, já com os dois primeiros mode- ca do Sul”, disse presidente para a
momento, pela produção de 120 mil los do projeto – o aumento na capa- região, Jaime Ardila.
motores e 200 mil cabeçotes de alu- cidade corresponde a 65%. A nova unidade ocupará uma área
mínio por ano. Esses números não “A fábrica em Joinville será uma total de 500 mil metros quadrados e
são oficiais, mas correspondem ao das mais modernas da GM no mun- a fábrica e suas dependências auxi-
reforço que a empresa precisa para do, incorporando processos avan- liares totalizarão uma área de 73 mil
metros quadrados. Em linha com a
política mundial de preservação ao
DIVULGAÇÃO - GM
60
BUSINESS
A Melling do Brasil acumula mais de meio século de
liderança em componentes para motores. Fundada
em 1957 para produzir os carburadores Solex no
país, foi o primeiro fabricante nacional do produto
e liderou o mercado de toda a América do Sul.
DIVULGAÇÃO - HONDA
HONDA: aposta nas qualidades
do alumínio para o motor
APOSTA NO ALUMÍNIO
E COMPACTOS
FABRICANTE NACIONALIZOU PRODUÇÃO DOS
MOTORES E TEM RESERVA DE CAPACIDADE
A
Honda não confirma, mas é mínio – antes realizados no Japão. sil não será diferente”, aposta.
possível que esteja se prepa- “Com as modificações consegui- Em linha com as necessidades glo-
rando para produzir o compac- mos um índice de nacionalização em bais por carros energeticamente mais
to NSC (New Small Car) na fábrica de torno de 80%”, explica o engenheiro eficientes, a Honda acena com a pos-
Sumaré, no interior de São Paulo. O do departamento de relações institu- sibilidade de, em poucos anos, trazer
modelo, sem nome definido por aqui, cionais, Alfredo Guedes, que projeta para o Brasil o que seria a sua primeira
foi apresentado em versão conceitual um aumento no conteúdo local com solução híbrida para o mercado nacio-
no início do ano, durante o Salão de a nacionalização dos pistões de alu- nal. “Acabamos de lançar o Jazz (o Fit
Nova Delhi, na Índia, e deverá com- mínio e outros componentes. deles) híbrido no Japão e, em seguida,
partilhar plataforma e boa parte dos “Estamos desenvolvendo fornece- na Europa. O modelo poderia ser fa-
sistemas com os irmãos Fit e City, por dores locais, mas ainda não decidi- cilmente produzido na fábrica de Su-
conta de custos de produção. mos avançar. A iniciativa está alinha- maré, tendo em vista que o powertrain
Os motores deverão ser o 1.4 16V da à estratégia de aumento contínuo não é tão diferente assim”, diz Guedes.
i-VETC e uma nova opção 1.0 flex, da participação do alumínio nos O carro, com um motor elétrico e ou-
que permitiria brigar com modelos componentes dos motores, bandeira tro a combustão, foi exibido no Salão
de entrada em nosso mercado. O que a Honda levanta desde a década do Automóvel de São Paulo.
novo veículo seria a resposta da uni- de 1990”, afirma Guedes. Nos Esta- A Honda produz motores flexíveis
dade brasileira para a ociosidade de dos Unidos a empresa já superou a de 1.4 l, 1.5 l e 1.8 l em três turnos, de
mais de 40%, equivalente a 85 mil GM na utilização do metal. segunda a sexta-feira. Para este ano, a
unidades, na unidade que pode fabri- O engenheiro explica que o alumínio, expectativa é manter o ritmo do ano
car até 220 mil motores/ano desde além de reduzir peso e dissipar melhor passado e fechar com 137 mil propul-
julho de 2008, após a aplicação de o calor, permite um maior controle nos sores, 90% para o mercado interno e
R$ 130 milhões na nacionalização processos de fundição, sem contar as 10% divididos entre Argentina, México
dos processos de fundição e usina- facilidades de reciclagem. “Acredito que (o maior volume), Chile, Venezuela,
gem dos blocos e cabeçotes de alu- esta é uma tendência mundial e no Bra- Peru e Colômbia. (Jairo Morelli)
62
BUSINESS
MOTOR OTTO | PSA
CRESCIMENTO COM
NOVAS TECNOLOGIAS
FRANCESA INVESTE NA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO E
TEM NOVIDADES PARA SEUS PROPULSORES
O
s investimentos da PSA Peu- sobre outras inovações. Novos moto- do”, afirma. Ele esclarece, ainda, que
geot Citroën na ampliação res da marca serão flex, como os atu- tecnologias recentes possibilitam
da capacidade produtiva de ais, e devem trazer boa parte dos com- redução de mais de 600 gramas do
motores em solo brasileiro não param ponentes em alumínio. Hoje apenas o conjunto biela e pistão para as novas
de acontecer. Em 2009 foram aplica- motor 1.4 l (além do 2.0 l no exterior) é gerações de motores.
dos R$ 91 milhões em uma nova uni- produzido em alumínio no Brasil. Lá fora tecnologias mais modernas
dade de usinagem em Porto Real, RJ, O executivo explica que a empre- fazem parte dos produtos da empre-
com capacidade para 100 mil blocos e sa desenvolve um importante traba- sa e parte delas já poderá ser vista
80 mil cabeçotes. Este ano mais recur- lho para na evolução dos propulso- ainda este ano com a chegada do
sos são destinados para elevar a pro- res. “No que diz respeito às perdas 3008. “Já produzimos centenas de
dução dos motores flexíveis 1.4 l e 1.6 l mecânicas, nosso trabalho consiste milhares de motores de injeção dire-
(além do 1.6 l a gasolina para exporta- especialmente na diminuição das ta a gasolina (tecnologia do tipo TSI
ção) de 220 mil para 280 mil unidades superfícies de atrito, com redução e Ecoboost) e de motores a gasolina
por ano, até 2012. no diâmetro das hastes das válvulas, de admissão variável contínua (do
Apesar de não revelar o montante diâmetro e largura dos mancais de gênero Multiair) por ano. Os motores
investido, a PSA informa que o aporte virabrequins. Quanto às massas, fo- foram desenvolvidos em cooperação
faz parte do R$ 1,4 bilhão que plane- mos a primeira montadora a produzir com a BMW e chegarão ao Brasil,
ja aplicar no Brasil até final de 2012. no Brasil um cárter cilindro de alumí- antes do final do ano, no Peugeot
Stephane Laurent, responsável pelo nio, que proporciona uma redução 3008 e, depois, em veículos que se-
projeto de motores da PSA, para suprir do peso de cerca de 20 kg em rela- rão lançados nos próximos meses”,
a demanda e recentes lançamentos ção ao equivalente em ferro fundi- conclui Laurent. (JM)
como a picape Peugeot Hoggar e o
Citroën Aircross, a unidade de Porto
Real trabalha em três turnos desde PSA: novas tecnologias para os
fevereiro para montar 200 mil pro- motores da Peugeot e Citroën
pulsores este ano, volume 30% supe-
rior ao registrado em 2009, quando
produziu 152 mil motores, 28% para
suprir a demanda da fábrica argentina.
Laurent antecipa que nos próximos
anos boas novidades serão aplicadas
nos propulsores da empresa. “Vamos
introduzir novas tecnologias, como a
distribuição variável contínua e bom-
DIVULGAÇÃO - PSA
NO PARANÁ
Apesar do pacote de novidades
para os próximos três anos, poucas
deverão ser as evoluções tecnológi-
cas aplicadas pela fabricante france-
sa nos propulsores nacionais. Con-
A FÁBRICA DE MOTORES NO COMPLEXO tente-se com pequenos ajustes para
atender a fase L6 do Proconve, que
AYRTON SENNA, EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, entrará em vigor em 2013. E é só.
Além de assumidamente mais
TEM FÔLEGO PARA O AVANÇO DA MARCA atrasada do que os grandes fabrican-
tes (seu flex ainda é de 2ª geração),
A
fábrica de motores da Renault, lina, 1.2 l 16V a gasolina, 1.6 8V, flex e a Renault, pelos olhos de seu vice-
instalada no Complexo Ayrton a gasolina, e 1.6 16V flex. -presidente, também não enxerga
Senna, em São José dos Pi- 60% da produção será destinada com otimismo o efeito nas vendas
nhais, no Paraná, está longe de operar a modelos da marca destinados ao do downsizing. “O resultado é bom
na plena capacidade de 400 mil mo- mercado interno e o restante para em relação aos níveis de emissões,
tores/ano. Segundo o vice-presidente, países como Argentina (cerca de consumo e desempenho. Mas, o
Alain Tissier, a unidade trabalha em dois terços), Colômbia e México. O consumidor brasileiro não está pre-
apenas dois turnos e volume de mil executivo admite que a capacidade parado para comprar um automóvel
motores por dia, o que levará à soma ociosa é considerável: “É fruto de de baixa cilindrada pelo preço de um
de 300 mil unidades este ano, incluin- uma visão extremamente otimista na veículo acima de 2.0, por exemplo. É
do modelos 1.0 litro 16V, flex e a gaso- época em que montamos a fábrica, uma questão cultural”, afirma. (JM)
64
BUSINESS
MOTOR OTTO | VOLKSWAGEN
C
onstruída em 1996, a fábrica aumento da taxa de compressão, me- da não chegou a hora de outros mo-
de motores da Volkswagen lhor gerenciamento eletrônico, evolu- tores nacionais da empresa adotarem
em São Carlos, no interior ção da injeção e novo desenho do co- o metal. “O processo de fundição do
de São Paulo, atingiu em junho, a letor de admissão”, explica o gerente alumínio ainda é caro para a realidade
produção de 5 milhões de motores. do laboratório de testes de motores e brasileira. Mas podemos rever nossa
Quase metade deste volume foi re- emissões, Henry Joseph Júnior. posição se as tendências se modifica-
gistrado nos últimos quatro anos. A Bem difundida lá fora, mas ainda in- rem”, destaca o especialista.
unidade, que abastece as fábricas de viável para os motores nacionais, a tec- Desde o final do ano passado a fá-
veículos de São Bernardo do Cam- nologia de injeção direta, batizada TSI brica de São Carlos possui um protóti-
po, SP, Taubaté, SP, e São José dos pela Volks, ainda deve demorar para se po de motor que pode ser montado e
Pinhais, PR, além dos mercados ar- difundir entre os motores de baixa ci- desmontado para treinamento do pes-
gentino, espanhol e africano, produz lindrada. Apesar disso, uma versão de soal. “É experiência real de uma linha
42 motores de 1.0 l e 2.0 l. 1.2 l TSI, três cilindros, de 85 cv, seria de produção, que forma e aperfeiçoa
O destaque na manufatura são as uma das possíveis opções para rodar nossos colaboradores “, informa o ge-
44 estações automáticas e nove robôs. por aqui. Apesar do domínio da tecno- rente-geral da unidade, Marcos Ruza.
Considerada a terceira maior planta logia dos propulsores com estrutura de A boa experiência transformou-se em
de motores do Grupo Volkswagen, a alumínio (como os do Passat e do Ti- case de sucesso e pode ser replicada
unidade fica atrás apenas de Salzgitter guan, além dos modelos da Audi) ain- em outras unidades. (JM)
(VW), na Alemanha, e Györ (Audi), na
Hungria. Há 772 empregados e 363
prestadores de serviço.
Graças a investimento de R$ 200
FÁBRICA DE MOTORES em São
milhões aplicados nos últimos quatro Carlos, terceira maior da Volkswagen
anos (parte dos quais oriundos dos R$
6,2 bilhões destinados às operações no
País até 2014), a empresa ampliou a ca-
pacidade da fábrica de 1.800 para 3 mil
motores/dia. Com esse avanço, a expec-
tativa dos executivos da Volks é fechar
2010 com 854 mil motores produzidos,
volume 12,4 % superior ao consolidado
no ano passado (760 mil motores).
Além da busca por números cada
vez melhores de produção e vendas,
a preocupação com novas tecnolo-
gias para reduzir consumo, emissões e
DIVULGAÇÃO - VW
Automotive
MOTOR FLEX
NO LIMIAR DE
NOVOS DESAFIOS
LUIS PRADO
A FASE L6 DO
PROCONVE SERÁ
IMPORTANTE PARA
A RETIRADA DO
TANQUINHO, ABRINDO
A TERCEIRA GERAÇÃO
DOS MOTORES FLEX.
OS PASSOS SEGUINTES
ESTÃO MENOS CLAROS
FERNANDO CALMON
O
começo foi difícil, típico de
novas tecnologias. Houve
quem identificasse uma
simples jogada de marketing, mas
essa impressão durou pouco. Em 15
de março de 2003, a Volkswagen lan-
çou o primeiro automóvel brasileiro
com motor flexível em combustível.
66
BUSINESS
O Total Flex de 1.600 cm³, do Gol, O esforço maior ocorreu no Brasil de evoluir conforme se esperava. A
era capaz de utilizar etanol, gasolina porque em outros países os motores Volkswagen oferece o único mode-
ou qualquer proporção entre os dois. flex dispõem de pouco etanol para lo – Polo E-Flex, lançado há um ano
Em junho de 2003 a Chevrolet abastecer e a indústria no exterior se e meio – a dispensar partida a frio
apresentava à imprensa o Corsa 1,8 concentrou nas emissões com gaso- auxiliada por gasolina. Em todos os
l flex, insinuando que o Gol não es- lina. Ainda assim, ao gerenciar dois outros carros, seus e da concorrên-
tava à venda e se autoproclamava combustíveis no mesmo motor e en- cia, o jurássico tanquinho permane-
pioneira. Era só inveja e logo se viu frentando dificuldades diferentes (al- ce, graças aos clássicos argumentos
que a novidade ia mexer mesmo com deídos, por exemplo), chegou-se ao de custo maior ou necessidade de
os rumos do mercado. Em outubro avançado estágio atual de diagnose a evoluir. A GM diminui o volume do
em 2003 a VW lançou o Fox com o bordo (OBDBr-2). Uma batalha ven- reservatório ao conseguir partida do
primeiro motor flex de 1 litro, pois cida pela engenharia brasileira. motor, sem ajuda de gasolina, a tem-
essa motorização responde por mais A concentração de objetivos em peratura até 2 graus abaixo do limite
da metade das vendas internas. A emissões, em função da lei, tirou convencional. Porém, no geral, hou-
Fiat, então, se esforçou para ser, pelo algo do foco no desempenho em si ve acomodação e pouca visão co-
menos, a primeira com o flex dessa dos motores. Os ganhos em con- mercial. Por sua parte, produtores de
cilindrada entre modelos de entrada. sumo de combustível, potência e sistemas de injeção – Bosch, Delphi
Porém, no mesmo dia 15 de agosto torque foram discretos, com algu- e Magneti Marelli – seguiram estraté-
de 2005 em que a empresa reunia mas exceções. Marcas que ousaram gias mais e menos eficazes, além de
jornalistas para mostrar a novidade em termos de taxas de compressão, custos diferenciados.
no Uno e no Palio, a Volkswagen dis- como Chevrolet, Volkswagen e Ford, A Fiat guarda segredo sobre uma
tribuiu a informação: o Gol City 1.0 sobressaíram na segunda geração nova solução que considera ousa-
Total Flex já se encontrava disponível dos flex. Produtores japoneses e da e competitiva. Sinaliza apenas
nas concessionárias. franceses, recentes no País e sem ex- que desenvolve pré-aquecimento
Marketing à parte, o viés técnico periência prévia no uso de etanol, fi- combinado de ar e de combustível,
avançou nesses sete anos. Embora caram um pouco para trás. A Toyota, facilitando a partida nos dias frios.
se soubesse que a taxa de compres- por exemplo, recomenda abastecer Livra-se do tanquinho e drena me-
são deveria ser aumentada para me- com um tanque de gasolina, a cada nos potência elétrica da bateria. A
lhor desempenho e economia com 10.000 km, providência inócua pela fábrica também exibe outro trunfo:
etanol, até hoje alguns fabricantes experiência acumulada. o sistema MultiAir de gerenciamento
ainda mantêm a taxa inalterada por Um ponto, no entanto, deixou eletrônico das válvulas de admissão
razão de custos. No entanto, houve
várias conquistas. A capacidade de
processamento das centrais de ge- FPT MULTIAIR,
renciamento quadriplicou de 8 bits um trunfo da
para 32 bits. Aumentou a velocida- marca
de de identificação do combustível e
readaptação do motor após o abas-
tecimento. O controle de detonação
passou a ser digital. Gerenciamento
eletrônico da válvula termostática
surgiu nos motores Ford.
Um dos desafios foi atender as
etapas da legislação de emissões do
Proconve. Os flex tiveram que passar
da fase L4 (2005, 2006 e 2007) a L5,
DIVULGAÇÃO - FPT
MOTOR FLEX
elimina também perdas por bombe- cronograma do Conama – a partir ros argumentam que para alcançar
amento da borboleta de aceleração. de 1o de janeiro de 2014 para novos a quarta geração de motores flex há
O etanol, em particular, tem bastante modelos e 1º de janeiro de 2015, os desafios como formato da câmara de
a ganhar ao se adotar esse recurso. demais – estabelece os parâmetros. combustão e melhor aproveitamento
Na realidade, a partida sem gasoli- Entretanto, no segundo semestre de das enormes pressões de injeção.
na traz grandes vantagens em termos 2011 essa página do atraso come- E, finalmente, a adoção de turbo-
ambientais e de dirigibilidade na fase çará a ser virada, pois se prevê que compressores, com injeção indireta
fria, quando o motor está abaixo da outros carros receberão partida com ou indireta, levará à consagração
temperatura ideal. Obviamente será assistência elétrica e não apenas sé- dos flex. Em razão da tendência ao
muito melhor ao utilizar etanol. Con- ries especiais. downsizing observada no exterior, a
tudo, nas situações de temperaturas Os passos seguintes estão menos sobrealimentação será ampliada em
baixas, haverá também benefícios claros, após consultas a fabricantes motores de ciclo Otto, barateando os
quando a gasolina for o combustível de veículos e fornecedores. A inje- turbocompressores.
escolhido. ção direta de combustível trará um Nessa altura, poderia se optar por
Os fabricantes admitem que a fase grande salto técnico e, novamente, um motor flex à brasileira, de fato
L6 do Proconve será importante para ganhos proporcionalmente maiores mais voltado ao uso de etanol do que
a retirada do tanquinho, iniciando a para o etanol. No entanto, além da de gasolina, ao contrário do ocorrido
terceira geração dos motores flex. O barreira do preço, alguns engenhei- nas fases iniciais.
MITOS E BASTIDORES
Há uma tese de fácil defe- garagem, o motor des-
sa envolvendo os flex. Se conheceria a mudança e
no início da era do etanol não partiria em dias frios
no Brasil, ao se lançar o (um ou outro caso foi de-
Proálcool em 1975, já tectado e logo soluciona-
houvesse os recursos de do); ao misturar gasolina
eletrônica, talvez não exis- e etanol, os combustíveis
tissem motores apenas se separariam no tanque
DIVULGAÇÃO - NISSAN
68
BUSINESS
MOTOR DIESEL | EMISSÕES
EURO 5
SACODE
MUNDO DO
DIESEL
SONIA MORAES e
ARIVERSON FELTRIN
LUIS PRADO
MOTOR MWM
MaxxForce 4.8 Euro 5
70
BUSINESS
DIVULGAÇÃO - MWM
ENTENDA O QUE
MONTADORAS,
FABRICANTES
DE MOTORES E
DISTRIBUIDORAS DE
COMBUSTÍVEIS
ESTÃO FAZENDO
PARA SE AJUSTAR
À ETAPA MAIS
CONTROVERTIDA
E POLÊMICA DO LINHA DE MONTAGEM
de motores na MWM
PROGRAMA DE
CONTROLE DA
deveria valer desde janeiro de 2009, mentos da Petrobras totalizarão US$
POLUIÇÃO DO entrando direto na fase P7 (Euro 5) 7,2 bilhões até 2013”.
e antecipando para 2012 o que só Mesmo com a distribuição inicial so-
AR POR VEÍCULOS deveria ocorrer em 2016. Tal acor- mente do diesel S50, os motores para
do, porém, não garante a eficácia atender a nova legislação de emissões
AUTOMOTORES integral da redução de poluentes. Por estão sendo preparados para utilizar o
que? Porque o diesel contendo en- diesel S10. Entre as distribuidoras de
xofre na proporção de 10 partes por combustível, a Ipiranga informa, por
D
epois de muitas discussões milhão (10 ppm) só será distribuído meio de sua assessoria de imprensa,
e desentendimentos, o Brasil uniformemente em todo o Brasil a que investe na logística e modificação
passa a exercer controle mais partir de janeiro de 2013. de procedimentos internos para garan-
rigoroso sobre as emissões veicula- A Petrobras informa que em 2012 tir a comercialização do diesel S50 em
res com a entrada em vigor, a partir estará disponível em todo o País o 2012 e do S10 em 2013. “A empresa
de janeiro de 2012, da fase P7 do diesel S50. Apenas no ano seguinte acompanha as novas demandas, ins-
Programa de Controle da Poluição será distribuído nacionalmente o die- truindo os revendedores sobre as mu-
do Ar por Veículos Automotores (Pro- sel S10. danças decorrentes da venda dos no-
conve), equivalente à norma Euro 5, “A companhia vem se preparando vos produtos e adaptando a sua rede
aprovada pelo Conselho Nacional de há bastante tempo para produzir o para atender todos os clientes desde o
Meio Ambiente (Conama). diesel mais limpo”, diz Sérgio Fon- início da circulação dos veículos equi-
O acordo fechado entre Petrobras tes, gerente de negócios sênior da pados com os motores Euro 5”, assi-
e fabricantes de caminhões e moto- Petrobras, que complementa: “Para nala comunicado da companhia.
res com o Ministério do Meio Am- garantir a comercialização do diesel A Ipiranga avisa ainda que está
biente pulou a etapa P6 (Euro 4), que com baixo teor de enxofre, os investi- ajustando a rede de postos com a
MOTOR DIESEL | EMISSÕES
DIVULGAÇÃO - SCANIA
veículos com o motor Euro 5 e a
tecnologia escolhida pela empresa
é a SCR, indicada para caminhões
pesados e que precisa da solução de
ureia para filtrar os poluentes. “Esta
tecnologia suporta mais o elevado
índice de enxofre no diesel, ao con-
trário da Recirculação dos Gases de
Escape (EGR), muito sensível ao ní-
vel alto de enxofre”, afirma o diretor
da Scania.
Segundo Rezende, o diesel utiliza-
do hoje, de 1.800 ppm de enxofre,
MWM: linha de ROGÉRIO REZENDE: diretor de
montagem além de danificar o catalisador que assuntos institucionais da Scania LA
filtra os poluentes detona rapida-
mente o motor, causando prejuízo
para o consumidor e para a imagem
da empresa: “Um motor da Scania
instalação de novos tanques para ga- é feito para durar até 1,1 milhão de nologia a ser utilizada pela Volvo é a
rantir a oferta do diesel S50, além de quilômetros e não pode acabar com SCR, que necessita de solução de
se preparar para fornecer a solução apenas 150 mil quilômetros”. ureia”, destaca Parker.
de ureia, produto denominado Arla A Mercedes-Benz também utilizará a Mesmo com o avanço na legisla-
32 e obrigatório para veículos equi- tecnologia SCR nos motores. No Cen- ção de emissões a vigorar a partir de
pados com a tecnologia de Redução tro de Desenvolvimento Tecnológico janeiro de 2012, as montadoras não
Catalítica Seletiva (SCR). de São Bernardo do Campo, onde estão plenamente confiantes em re-
“Em comparação com o diesel uti- mantém banco de provas, a montado- lação ao uso do combustível limpo
lizado atualmente, o S50 reduz muito ra realizou testes de funcionalidade e por parte dos consumidores. Assim,
o índice de emissões de poluentes, de durabilidade de seus motores com testam os motores para funciona-
mas não garante a totalidade de diesel S50 e prepara a avaliação destes mento tanto com o diesel de baixo
100% como pede a norma P7 do Co- propulsores com o diesel S10, segun- como de elevado teor de enxofre
nama”, observa Rogério Rezende, di- do Gilberto Leal, gerente de desenvol- como forma de precaução diante de
retor de assuntos governamentais da vimento de motores. reclamações futuras.
Scania Latin America. “Por isso é que O diretor da Scania lembra que
a partir de 2013 começa o forneci- COMPRA ANTECIPADA pouco adianta ter motores que resis-
mento do d iesel S10 em substitui- A Volvo está com os tes- tam ao alto teor de enxofre até porque
ção ao S50”. tes adiantados nos isso não trará proteção ao meio am-
novos motores Euro biente. “Para assegurar que teremos
FPT: 40-Cursor 5. Alexandre Parker, de fato um ar mais limpo é preciso
13-003-03-E responsável pela que a inspeção veicular seja rígida.
área de assuntos ins- Isso não significa que caminhão velho
titucionais e gover- tem que sair da rua, mas sim o inse-
DIVULGAÇÃO - FPT
DIVULGAÇÃO - MERCEDES-BENZ
o meio ambiente já que a troca do ca- o consumo de combustível”, explica
minhão antigo não será feita facilmen- Domingos Carapinha, gerente de de-
te”. Segundo Rezende a substituição senvolvimento de motores. Além do
de um caminhão por um novo depen- motor Euro 5, a MWM International
de de crédito facilitado e redução de testa também o Euro 6 para atender o
impostos. “Não será a nova legislação mercado europeu, onde a legislação
que determinará a renovação da frota entra em vigor entre 2013 e 2014.
destes veículos no País”. A FPT -- Powertrain Tecnologies já
O diretor da Scania prevê que a finalizou os testes de calibração dos
mudança na legislação provoque protótipos dos novos motores Euro 5
uma antecipação de compra, numa e avalia os propulsores nos veículos
reação semelhante ao que aconte- para começar a produção no final de
ce quando ocorre o lançamento 2011. “Os testes serão feitos em to-
GILBERTO LEAL, gerente de motores
de um veículo novo. Por parte da na Mercedes-Benz dos os tipos de veículos, do Ducato
Scania uma grande demanda não ao Tractor”, diz João Irineu Medeiros,
será problema, segundo Rezende. diretor de engenharia de produto da
Por manter produção globalizada a FPT Mercosul.
empresa tem condições de atender o A Cummins está em fase final de
mercado brasileiro e a América La- para dar início à produção dos pro- desenvolvimento dos motores Euro 5
tina. “Apesar da norma Euro 4 que pulsores Euro 5 que irão atender a no Brasil e dará inicio à produção até
deveria valer desde janeiro de 2009 nova legislação de emissões. A MWM o final deste ano. “A ideia é ter por
no Brasil não ter vingado, a Scania International já está com os motores volta de mil unidades para demons-
manteve a produção do motor Euro básicos concluídos e faz os testes tração. A partir de 2012 a fábrica co-
4 para exportação. Ele nunca foi ven- de aplicação e desenvolvimento do meça a trabalhar com escala maior”,
dido no Brasil porque não havia o sistema de ar e de combustível em explica Luis Chain Faraj, gerente exe-
diesel adequado”, esclarece o diretor. veículos de diversos clientes. cutivo de marketing e engenharia da
Os fabricantes independentes de “Estamos avaliando componentes Cummins do Brasil.
motores fazem os últimos ajustes como coxins, suportes, mangueiras,
SCR OU EGR?
Para atender a norma Euro 5 as fa-
bricantes de motores têm a opção
ESTRATÉGIA PARA DISTRIBUIR DIESEL de utilizar duas tecnologias para o
Com a nova legislação em vigor a Petrobras vai mudar a logística de distri- sistema pós-tratamento: a SCR, que
buição de diesel no País e reduzir gradativamente a oferta do produto para depende de injeção de ureia para
somente dois tipos. A partir de 2013, o diesel S50 será substituído pelo diesel reduzir a emissão de poluentes, e a
S10 para atender a região metropolitana. Em 2014, o diesel com 1.800 ppm EGR, que promove a recirculação
de teor de enxofre deixará de ser vendido e ficará somente a distribuição do dos gases de escape
Diesel S500 para o interior. A MWM International terá disponí-
Para que a utilização do diesel S50 atinja os resultados esperados em vel os MaxxForce 3.2H, 7.2H e 13H.
relação à redução de emissões, algumas empresas já estão se preparan- A versão 3.2 H, de 4 válvulas por
do para distribuir o Arla 32 nos postos de todo o País. Além da Cummins cilindro e 160 cv, desenvolvida no
Filtration, está em lista entre os prováveis distribuidores a Tirreno Indústria Brasil para atender comerciais leves,
e Comércio de Produtos Químicos, a Yara Brasil Fertilizantes e a Peak Auto- pode ser aplicada também em cami-
motive. Este produto é necessário para os motores que utilizarão a tecnolo- nhões, miniônibus, vans e picapes.
gia SCR. Segundo Sérgio Fontes, gerente de negócios sênior da Petrobras, A produção terá início em mea-
hoje 70% da ureia consumida no Brasil é importada para a produção de dos de 2011. Além de comercializar
fertilizantes e não é indicada para aplicação em veículos por não atender no Brasil, a MWM International vai
padrões necessários de proteção ao meio ambiente. exportar o MaxxForce 3.2H para a
Turquia, num contrato fechado com
74
BUSINESS
“Mas a empresa está contatando os
DIVULGAÇÃO - MWM
DIVULGAÇÃO - VOLVO
DIVULGAÇÃO - CUMMINS
suas projeções. De 80
mil motores calculados
para 2010 o volume
subiu para 95 mil unida-
des. “O mercado de ca-
minhões deverá fechar
este ano com produção
de 190 mil unidades.
O volume só não será
maior porque as expor-
tações estão fracas”,
disse Faraj. A empresa
tem 37% no mercado
LUIS CHAIN FARAJ: gerente LINHA DE MONTAGEM de motores
executivo de engenharia da Cummins da Cummins em Guarulhos, SP de caminhões.
Com base nas con-
versas com seus clien-
tes, a percepção do ge-
rente da Cummins é que
negociar o repasse de uma parte para padrão de qualidade em mercados o mercado de caminhões continuará
fabricante do veículo”, diz o diretor de cada vez mais exigentes. comprador em 2011. Prova disso são
engenharia da FPT. os investimentos anunciados pelas em-
Elevar a produtividade é outro ob- AVANÇO NA PRODUÇÃO presas. “O aumento nas encomendas
jetivo comum entre as concorrentes Com o crescimento do mercado de não se deve a mudança na legislação,
na área de motores. “Ganhar efi- veículos comerciais a FPT projeta fa- mas à demanda forte”, acentua Faraj.
ciência, do projeto à montagem, é zer mais de 50 mil unidades este ano, A MWM International, que havia se
uma verdadeira obsessão na MWM”, depois de montar 30 mil em 2009. preparado para montar 122 mil mo-
garante Carapinha, enfatizando a Para 2011 a expectativa é montar 60 tores este ano, também revisou para
importância de encurtar os ciclos mil propulsores. cima suas estimativas e calcula que
de desenvolvimento e garantir alto Diante do cenário favorável, a Cum- chegará a 143 mil unidades, das quais
112 mil para o mercado brasileiro e
31 mil para exportação. Do total, 50
EURO 3 CONTINUARÁ EM LINHA mil unidades (35%) equipam picapes
e SUVs, 34,8 mil (24%) acionam ca-
Mesmo com a produção dos motores Euro 5, as fabricantes continuarão minhões, 16 mil (11%) são destinados
oferecendo os motores Euro 3 – a FPT para atender os clientes na América a ônibus, 27,2 mil (19%) movimen-
Latina, a MWM International para abastecer os mercados da Turquia e Índia tam tratores e 15 mil unidades (10%)
(o México receberá Euro 4). são para aplicações especiais.
A Cummins também continuará a fabricar as famílias Euro 3, mas em A empresa informa que os US$
volumes decrescentes. “O mercado externo está fraco. Vamos atender a 345 milhões de investimentos pro-
pequena demanda da Colômbia e da Venezuela, que ainda não têm uma gramados para os próximos cinco
política de emissão de poluentes”, explicou Faraj, gerente de marketing. anos serão aplicados em desenvolvi-
A Scania vai continuar a produzir os motores Euro 3 para atender paí- mento tecnológico, capacitação de
ses que ainda não têm legislação para o uso do diesel com baixo teor de profissionais, pesquisa e tecnologia
enxofre. A mesma estratégia será adotada pela Volvo. “Os motores Euro 3 para combustíveis alternativos, novos
deverão permanecer em produção por mais algum tempo para atender os equipamentos para linha de monta-
mercados que não demandam menores níveis de emissões, principalmente gem. O objetivo é aumentar em 50%
por não terem ainda o diesel S50, necessário para as tecnologias relaciona- a produção para acompanhar o ritmo
das ao Euro 5”, disse Parker. do mercado interno e atender novos
contratos no Brasil e exterior.
76
BUSINESS
BRASIL FAZ DIESEL DE CANA
TESTES MOSTRAM QUE O DIESEL DE CANA FUNCIONA E PODE
PROVOCAR UMA REVOLUÇÃO TÃO IMPORTANTE COMO A DO ETANOL
LUBRIFICANTES
78
BUSINESS
Brito, gerente de marketing de lubrifi- de emissões Euro 5, que entra em vigor
cantes da Cosan, afirma que, apesar em 2012, também exigirá adaptações:
DIVULGAÇÃO - SINDICOM
do preço mais alto, estes produtos são os caminhões receberão sistemas de
desenvolvidos para oferecer o menor p
pós-tratamento de gases e o lubrificante
custo por quilômetro rodado e surgem prec
precisará se adequar, e garantindo até
como “solução efetiva para motores mesm intervalos longos entre as trocas.
mesmo
sofisticados e de alta potência”.
DESA
DESAFIOS
MERCADO NACIONAL O SINDICOM O Bra
Brasil ainda tem uma barreira gran-
A Total Lubrificantes, detentora das de pa
para transpor no setor de lubrifican-
marcas Total e Esso, está focada no DETECTA UMA tes: a cultura dos consumidores. “O
segmento de alta gama e mostra inte- cliente fica distante, deixando a esco-
cl
resse crescente no mercado nacional. EXPANSÃO DOS lha do lubrificante com os frentistas e
“Nossa matriz, na França, já observou mecânicos. Não há muito cuidado”,
disposição de crescimento nos mer- LUBRIFICANTES explica Deborah, da Castrol.
cados emergentes e aposta no Brasil. Em pesquisas realizadas pela com-
Prova disso é que os investimentos em SEMI-SINTÉTICOS E, panhia o preço surge como fator de-
marketing na região dobraram entre terminante para a escolha do óleo,
2009 e 2010”, conta o diretor da uni- MAIS LENTA, DOS junto com a imagem da marca. A
dade brasileira, Patrick Cazabam. executiva explica que o número de
A fábrica da empresa em Pindamo- clientes que opta por um produto de
nhangaba, São Paulo, passa por am-
SINTÉTICOS acordo com a indicação do manual
pliação da capacidade produtiva, que NELSON GOMES, coordenador do veículo ainda é baixo.
deve dobrar até 2014. Na unidade a do grupo executivo de lubrificantes Deixar a decisão nas mãos de profis-
companhia faz a mistura do óleo básico sionais da área é decisão arriscada, já
nacional com aditivos geralmente im- flexível ao mercado. No segmento de que eles podem ter interesse na venda
portados da Europa. “Nosso desenvol- veículos comerciais também foi neces- de determinado produto. Estimativas
vimento tecnológico é global. Mesmo sário algum tempo para adequar os lu- da Castrol apontam que 15% das ven-
quando pensamos em uma solução brificantes à utilização do biodiesel. das ainda estão concentradas no lubri-
específica para o Brasil, como lubrifi- “Os testes nas montadoras foram ficante mineral monogrado, óleo mais
cantes para automóveis flex, temos em ótimos, com o combustível nas con- barato, que não se adapta às mudan-
mente que o etanol pode avançar em dições perfeitas. Quando os veículos ças de temperatura do motor. O maior
outros países”, explica Cazaban. foram para as ruas a história mudou”, volume, cerca de 45% das compras,
A resistência química para trabalhar conta Sérgio Luiz Viscardi, gerente téc- são do lubrificante mineral multigrado,
com os diversos combustíveis disponí- nico da companhia. O novo diesel é com viscosidade variável de acordo
veis, principalmente no Brasil, é preo- mais biodegradável que o comum e, com a temperatura. Aproximadamen-
cupação constante dos fabricantes. “O por isso, exigia um cuidado maior com te 20% das vendas ficam com os óleos
óleo precisa ser flexível. Não posso dizer armazenamento ao longo da cadeia de semi-sintéticos e apenas entre 13% e
ao meu cliente que ele só pode abaste- produção e distribuição para não cau- 15% das são de lubrificantes sintéticos,
cer o carro com determinado combus- sar danos aos veículos. que têm preço mais alto e oferecem a
tível”, explica Medeiros, da FPT. O problema mostrou que é preciso melhor performance.
A Castrol avalia que o setor deve ace- tempo para o setor absorver as tecnolo- Viscardi, da Ipiranga, defende que a
lerar o desenvolvimento. “A mecânica gias e aprender sobre elas. “É importan- relevância do preço na escolha do lu-
dos motores evolui mais rápido do que te prever e suprir deficiências que pos- brificante é grande em todos os países
a adaptação do setor de lubrificantes”, sam surgir. O lubrificante tem que dar mas está muito ligada ao poder aqui-
afirma Deborah Scimarella, gerente conta do recado”, determina Viscardi. sitivo do consumidor. A boa notícia é
de marketing da companhia. O lubrifi- Agora os óleos estão sendo prepara- que, com o avanço do poder de com-
cante específico para veículos flex, por dos para atender ao biodiesel de segun- pra da população brasileira, o setor já
exemplo, só foi lançado em 2009, seis da geração, como o produzido a partir tem mais um motivo para apostar na
anos após a chegada do primeiro carro do bagaço de cana-de-açúcar. A norma evolução tecnológica dos óleos.
MOTOR A COMBUSTÃO | TENDÊNCIAS
APOSTE NO DOWNSIZING,
TURBO E INJEÇÃO
OS QUATRO-CILINDROS MANTERÃO A PARTICIPAÇÃO DE 77%
NO MERCADO ATÉ 2015, MAS OS DOIS E TRÊS-CILINDROS VÃO
CRESCER 118,6% ATÉ LÁ. MOTORES DE OITO E DEZ CILINDROS
ENTRAM EM DECLÍNIO
AUTOMOTIVE BUSINESS
80
BUSINESS
O DOWNSIZING
D
diretor geral da BorgWar-
ner no Brasil, Arnaldo Ie-
zzi Jr., não tem dúvida: o
mundo vai fabricar motores cada vez
AVANÇA
AV
AVA SOB
menores para equipar veículos de
passeio, com uma nítida tendência
PRESSÃO DA
PRES
ao downsizing e emprego da inje-
ção direta e turboalimentação para LEGISLAÇÃO
LEG
preservar os níveis de desempenho.
Ele se baseia em estudos recentes, PELA REDUÇÃO
PE
preparados em julho com base em
dados da CSM Worldwide. DE CONSUMO E
Em 2010 serão produzidos cerca
de 66,1 milhões de motores, depois EMISSÃO DE GASES
de um soluço em 2009, quando fo-
ram montadas cerca de 10 milhões ARNALDO IEZZI JR., diretor geral
de unidades a menos do que este da BorgWarner no Brasil
ano, que registrará um empate nos
volumes com 2008. Os artefatos de
quatro cilindros representam o gros- sivos para levar adiante a mudança crescimento mais rápido será o de
so do mercado e são nada menos do tecnológica, injetando ar sob pressão motores diesel e a gasolina com in-
que 51,6 milhões de unidades, ca- nas câmaras de combustão para tor- jeção direta. “Haverá avanço de 50%
bendo aos de 6 cilindros 7,3 milhões nar a queima mais eficiente. nesse período e praticamente todos
e às famílias de oito e dez cilindros Os quatro-cilindros representarão os propulsores diesel utilizarão tur-
apenas 2,9 milhões. As soluções mais de 70% do incremento global bocompressores”, assegura o espe-
para dois e três cilindros ainda são de volume entre 2010 e 2015, em- cialista. No mesmo período motores
tímidas, somando 4,3 milhões de bora os dois e três cilindros passem de injeção direta a gasolina passarão
unidades. pela maior evolução nas vendas. por uma evolução acima de 600%,
As estimativas apontam para a Uma análise no horizonte que leva com penetração expressiva dos tur-
montagem de 86,6 milhões de uni- a 2020 indica que o segmento de bos nessas aplicações.
dades em 2015, com evolução de
31% sobre a base atual. Nessa tra-
jetória haverá um crescimento extra- PRODUÇÃO GLOBAL DE MOTORES – VEÍCULOS LEVES
ordinário de 118,6% dos dois e três
cilindros, para 9,4 milhões de unida-
des; de 29% dos motores quatro ci-
Milhões de motores
MOTOR A COMBUSTÃO | TENDÊNCIAS
As mudanças no mercado de O executivo entende que os Esta- velas tradicionais, que dependem do
powertrain trarão oportunidades dos Unidos serão um mercado mais aquecimento para iniciar o processo
significativas em áreas como ali- ávido pelos turbos, mas enxerga uma de combustão, a nova ignição de alta
mentação e pós-tratamento. Iezzi Jr. penetração maior na Europa e boas frequência utiliza campo eletrostático
calcula que os turbocompressores perspectivas para a Ásia. de alta energia, com queima mais rá-
para diesel deverão avançar 30% até pida e eficiente a temperaturas mais
2015, com uma demanda adicional ECOFLASH, EGR E DCT baixas. Testes preliminares em moto-
de 4 milhões de unidades. No caso Outra área de interesse dos enge- res de alta performance indicam ga-
da gasolina, vão saltar para o triplo, nheiros da BorgWarner é a nova igni- nhos de 80% na redução de óxido de
com encomenda extra de 6 milhões ção para motores a gasolina conheci- nitrogênio e 50% para gás carbônico,
de unidades. da como EcoFlash. Ao contrário das criando boas expectativas para o lan-
çamento do produto em 2014.
A BorgWarner aposta também em
TECNOLOGIAS DE MOTORES PARA VEÍCULOS LEVES coolers, tubos e módulos de EGR
de baixa temperatura para reduzir as
emissões de óxido de nitrogênio de
COMBUSTÍVEIS 40% a 80% em motores diesel e se
ALTERNATIVOS
alinha às companhias que enxergam
Milhões de motores
DIESEL
GASOLINA –
na transmissão de dupla embreagem
INJEÇÃO DIRETA (DCT) o caminho para o futuro. “Elas
GASOLINA – crescerão mais rápido do que qualquer
PFI E OUTROS
outro tipo nos próximos cinco anos,
OUTROS
passando de 1,2 milhão atualmente
para 5,8 milhões”, assegura Iezzi Jr.
A introdução da DCT seca ou mo-
lhada (dry ou wet) acontece em várias
regiões do mundo e o produto deve
alimentar uma demanda de 6 milhões
Fontes: CSM Worldwide, BorgWarner (Julho 2010)
Milhões de unidades
82
BUSINESS
de unidades em 2015, segundo esti- cios para diversos players”, enfatiza Ie- atingirá 5,3 milhões de unidades este
mativas da BorgWarner, que estabe- zzi Jr, que enxerga para a BorgWarner ano e dará um salto de 40% para che-
leceu programas de desenvolvimento oportunidades em turbos, intercoo- gar a 7,4 milhões em 2015.
na Europa, China e Japão envolvendo ling e EGR, adotados pela MAN, Cum- Ele admite que o mercado de veícu-
VW-Audi, Ford-Getrag, BMW-Getrag, mins, Navistar, Iveco, Perkins, Scania, los comerciais enfrenta a necessidade
SAIC, FAW, Nissan. Volvo, John Deere, MTU. Ele estima de reduzir o tamanho de seus motores
que o mercado global de turbos para e adota turbocompressores sofistica-
VEÍCULOS COMERCIAIS motores diesel de veículos comerciais dos, como os R2S de duplo estágio.
O mercado de veículos comerciais
vem sendo pressionando por legis-
lações cada vez mais rigorosas, in- O AVANÇO GLOBAL DAS TRANSMISSÕES
cluindo o segmento de fora-de-estra-
da. A transição de Euro 5 para Euro
6 na Europa e de Euro 3 para Euro
Milhões de transmissões
MOTORES | COMPETIÇÃO
DIVULGAÇÃO - COSWORTH
PREPARAÇÃO
TROCOU OUVIDO
POR CÉLULA TRONCO
SE NOS 1960 BASTAVA UMA LIMA PARA PREPARAR
UM DKW, HOJE EM DIA AS GRANDES FÁBRICAS
DESENVOLVEM PROPULSORES DE F1 A PARTIR DE
MOTORES MONOCILÍNDRICOS E ENGENHEIROS
TRABALHAM COM ALGORITMOS PARA AUMENTAR
A POTÊNCIA DE UM CARRO DE SÉRIE
WAGNER GONZALEZ
84
BUSINESS
U
ma reportagem clássica dos
MOTORES | COMPETIÇÃO
86
BUSINESS
POWERTRAIN | SUPRIMENTOS
U
m ano – esse foi o tempo necessário para a indústria auto-
mobilística retomar efetivamente a produção após a fase
intensa da crise financeira internacional. Para uma cadeia
longa, que parte de matérias-primas e passa por uma sé-
rie de elos na fabricação de componentes e sistemas,
foi um desafio e tanto. Em 12 meses a produção
passou de um patamar de 2,9 milhões para 3,6 mi-
lhões de unidades.
A maratona atingiu de perto os fornecedores de
sistemas para powertrain, que há tempos não pa-
ram de acelerar. “A cadeia demora a reagir e se
recompor integralmente”, argumenta Letícia
Costa, sócia-diretora da Prada Assessoria.
Não foi à toa que surgiram gargalos pontu-
ais no início do ano, muitos provocados por
um mercado que pisou nos freios e acelerou de
repente. As montadoras retomaram mais rápi-
do do que se esperava e bateram recordes no
segmento de veículos pesados. A produção
este ano bate perto das 190 mil unida-
des, coisa impensável há meses.
Letícia acredita que capacidade ins-
talada será o maior desafio das auto-
peças e aposta que os fornecedores
não ficaram só na intenção de investir,
já que há boas expectativas de aqueci-
mento do mercado.
A pesquisa de capacidade promovida
pelo Sindipeças no primeiro trimestre do
ano apontou um baixo nível de ociosidade
na época. De lá para cá as empresas do se-
tor voltaram a ativar turnos de trabalho para
acompanhar o ritmo das montadoras – espe-
Automotive
POWERTRAIN | SUPRIMENTOS
A CADEIA DE EXPORTAÇÕES
A Fiat comemorou a exportação de
três milhões de veículos em outubro,
SUPRIMENTOS
SUP mas está longe de estar satisfeita
com os resultados das vendas inter-
NA INDÚSTRIA nacionais, agravadas pela valoriza-
ção da moeda e deficiências da in-
AUTOMOBILÍSTICA
AUT fraestrutura. O Brasil voltou a ganhar
encomendas de outros países, mas
DEMORA A REAGIR
D está longe do nível de 897 mil unida-
des, registrado em 2005. “Há opor-
E SE RECOMPOR tunidades na integração com países
do Mercosul e o México, mas temos
INTEGRALMENTE que absorver também os veículos de-
les”, afirma Galantine.
LUIS PRADO
BUSINESS
SUPRIMENTOS | MOTORES DIESEL
APOSTA NA RETOMADA,
COM MOTOR LIGADO
A MWM INTERNATIONAL NÃO AFROUXOU O PÉ NO
ACELERADOR NO INÍCIO DA CRISE E TRATOU DE AFINAR
A CADEIA DE SUPRIMENTOS. A ESTRATÉGIA DÁ CERTO
O
s motores da MWM Interna- com que um armador, para recuperar
DIVULGAÇÃO - MWM
tional, do grupo americano tempo, deixe de operar em outros por-
Navistar, não foram desliga- tos. Os efeitos são sistêmicos”, afirma.
dos quando começou a crise interna- A MWM International importa com-
cional. “Sempre acreditamos em reto- ponentes eletrônicos, bicos e bomba
mada de mercado”, garante o diretor injetoras, mas aposta em nacionaliza-
de suprimentos Carlos Panitz, que ção com avanços na demanda domés-
compartilhou a crença com os parcei- tica. Do lado dos clientes, a empresa
ros comerciais do supply chain e ficou expande negócios e parcerias fora do
prevenido para um novo arranque. eixo Mercosul, principalmente na Euro-
O recado para a rede de fornecedo- pa, Estados Unidos e Ásia.
res foi simples: se um deles deixasse Na China a fabricante brasileira es-
de fazer a lição de casa todos ficariam tabeleceu licenciamento com a Don-
comprometidos. “Cada fornecedor gFeng Chaoyang Diesel Engine, uma
CARLOS PANITZ, diretor
sabe onde aperta o calo, seja em ca- de suprimentos da MWM
das maiores fabricantes chinesas de
pacidade de máquina, contratação motores diesel. Na Índia, mantém joint
de pessoas ou melhoria de qualidade. venture com a Mahindra & Mahindra,
Nosso papel foi apenas sinalizar os ris- também para aplicações em ônibus e
cos”, contou Panitz. logística e boas práticas de gestão para caminhões. Na Coreia do Sul fechou
Para dar conta dos volumes crescen- garantir a confiabilidade dos compo- acordo para fornecer o turbodiesel Ma-
tes, a fabricante atuou preventivamen- nentes e dos prazos. No plano interno, xxForce Euro V, para a Clark (que pro-
te em gargalos das operações de ma- a MWM International trabalha em qua- duz ônibus para a Daewoo). O mesmo
nufatura para não falhar com clientes lidade e manufatura para melhorar a propulsor será comercializado, via
do mercado de picapes, como Ford e confiabilidade dos seus motores. Otokar, na Turquia, nesse segmento.
GM; de caminhões, Agrale, MAN, Vol- Nos últimos doze meses um dos A MWM espera produzir 143 mil
vo; e agrícola, AGCO e Valtra. grandes desafios da fabricante e seus motores este ano, 28% a mais que
O alinhamento de responsabilidades fornecedores foi vencer gargalos por- em 2009. Para 2011, prevê a monta-
ocorre no workshop anual e nos encon- tuários. “O deficit operacional dos gem de 150 mil propulsores. Investirá
tros de diretores de compra, qualidade, portos é grande. Só não aconteceu o US$ 80 milhões este ano e mais US$
manufatura e vendas. As rodadas aju- apagão logístico por causa dos efeitos 85 milhões no ano que vem, parte do
dam a tomar decisão sobre investimen- da crise internacional”, explica Panitz. pacote anunciado de US$ 345 milhões
tos e contratação de pessoal. Com a economia aquecida, o indis- até 2015 para desenvolvimento tecno-
Em paralelo com essas iniciativas há pensável porto de Santos apresenta lógico, capacitação dos colaboradores
um processo para avaliar cada forne- deficiências que se alastram pela ca- e equipamentos para elevar a produti-
cedor do ponto de vista da qualidade, deia logística. “Atraso de um navio faz vidade. (Ricardo Conte)
Automotive
SUPRIMENTOS | ELETRÔNICOS
ELETRÔNICA DO
POWERTRAIN DRIBLA
EFEITO DO TSUNAMI
AS ONDAS DE CHOQUE DA CRISE FIZERAM ESTRAGOS
NO SUPRIMENTO DE ELETRÔNICOS, PROVOCANDO
ESCASSEZ DE CIRCUITOS E COMPONENTES BÁSICOS
O
presidente da Magneti Marelli produção crescente resultou em gar- As dificuldades para competir com
na América do Sul, Virgílio galos que impactaram a logística e a os agressivos asiáticos e o suprimento
Cerutti, disse que a queda e qualidade dos fornecedores. “Foi um de circuitos integrados são algumas
retomada rápida do mercado automo- corte muito abrupto que afetou a en- das preocupações atuais de Cerutti.
tivo aconteceu num período tão curto trega de componentes”, disse. Os componentes eletrônicos entraram
após a crise internacional que afetou a Apesar dos bons resultados no balan- em processo de ajuste de produção,
estrutura das autopeças. Houve demis- ço do ano, o presidente da Magnetti Ma- para baixo, com fechamento de plan-
sões e perda de competências. Logo a relli lamenta os efeitos do tsunami finan- tas e redução de capacidade, afetando
seguir vieram recontratações. “Reduzir ceiro iniciado em setembro de 2008. As muitas linhas de negócios a nível inter-
uma estrutura e depois devolvê-la ao ta- ondas de choque provocaram estragos nacional – como o powertrain, que de-
manho anterior traz estresse em todas em todas as frentes e, apesar de conti- pende de arquiteturas eletroeletrônicas
as áreas”, assinalou. das com rapidez por aqui, ainda limitam complexas e suprimentos do Exterior.
Essa descontinuidade do fluxo de o acesso aos mercados externos. A Magneti Marelli depende de uma
cadeia de aproximadamente 1,5 mil
fornecedores, dos quais dois terços
DIVULGAÇÃO - MAGNETI MARELLI
BUSINESS
SUPRIMENTOS | AUTOPEÇAS
FÁBRICA DE
SOLUÇÕES
AUTOMOTIVAS
A SCHAEFFLER OFERECE COMPONENTES
PARA UMA AMPLA GAMA DE APLICAÇÕES
AUTOMOTIVAS. ENTRE AS RECENTES ESTÃO
O UNIAIR E SISTEMA DE VÁLVULA VARIÁVEL
É
difícil pensar em suprimentos Hub, Ball Screw Drive, Dual Clutch
DIVULGAÇÃO - SCHAEFFLER
Automotive
SUPRIMENTOS | BLOCOS
DIVULGAÇÃO - TUPY
ANÁLISE DE PROJETOS
e estocagem de blocos na
expedição
92
BUSINESS
“A
Tupy é uma empresa de O MERCADO
DIVULGAÇÃO - TUPY
expressão internacional
na área de componentes
para motores. Disputamos palmo a
REQUER PRODUTOS
REQ
palmo projetos globais com fundições
européias, mexicanas e americanas
COMPETITIVOS E OS
COM
na área de blocos e cabeçotes”, ga-
rantiu a Automotive Business Fernan- VOLUMES
VOL LOCAIS
do Cestari de Rizzo , vice-presidente
de vendas e marketing da fundição de SÃO ACANHADOS
SÃ
Joinville, Santa Catarina. Em quase
uma hora de entrevista ele falou sobre PARA MUDANÇAS
história, tendências e novos produtos
da empresa. DE FÔLEGO
A Tupy possui também fundição
em Mauá, SP, adquirida da Cofap, FERNANDO DE RIZZO, vice-
e prepara uma terceira unidade em presidente de vendas e marketing, Tupy
Joinville, convertida para a fabrica-
ção de componentes a partir de ins-
talações antes dedicadas a produtos dos, também, no desenvolvimento de A Tupy é uma empresa especializa-
de menor valor agregado. O empre- blocos de motores diesel que serão da em engenharia de processo e tem
endimento, que recebeu R$ 85 mi- utilizados a partir de 2012 sob as re- atuação decisiva no desenvolvimento
lhões, é consequência da demanda gras Euro 5. Na evolução a partir de de projetos de motores, colaborando
aquecida no segmento de veículos Euro 3 é preciso adequar o projeto de com o cliente no desenvolvimento
comerciais no Brasil e alguns merca- engenharia de produto (já que mu- dos primeiros desenhos da estrutura.
dos internacionais. dam as condições da combustão e a A partir das especificações de ma-
Há, na Tupy, iniciativas em anda- integração com o pós-tratamento) e teriais as equipes de engenharia en-
mento sob reserva. Uma delas é a também o processo de fundição. contram as soluções adequadas para
prospecção de oportunidades para a tecnologia de fundição conduzir ao
investimento em instalações no Ex- MERCADO produto desejado pelo fabricante do
terior, capazes de alavancar a com- Fernando registra que a empresa motor.
petitividade diante de concorrentes domina 80% dos fornecimentos de
internacionais. Existem programas blocos e cabeçotes para motores FERRO & ALUMÍNIO
para atender a modernização de mo- diesel no País e 45% entre os leves, A matéria-prima na Tupy é o ferro, que
tores brasileiros e esforços para ade- a gasolina. O restante das encomen- pode ser entregue com a estrutura ver-
quar o ferro vermicular a propulsores das é atendido pela Teksid, do grupo micular no caso de aplicações diesel
a gasolina ou álcool (o diesel absorve Fiat, e importações, limitadas a no para Audi, Jaguar, Land Rover e Pors-
quase toda a demanda). máximo 5% da demanda. Da produ- che Cayenne ou para projetos espe-
“Não se deve esperar uma revolu- ção total de blocos e cabeçotes 60% ciais de motores a gasolina. O alumí-
ção nos componentes de motores a vão para o Exterior, o que gerou nos nio está fora do portfólio da empresa,
combustão utilizados no Brasil a cur- últimos meses o desconforto de ne- embora Rizzo admita que o material
to prazo. O mercado requer produtos gociar intensamente com os clientes possa trazer vantagem em peso e na
competitivos e os volumes de produ- para compensar os efeitos da relação produção de diversos componentes.
ção locais ainda são acanhados para cambial desfavorável. No caso de blocos o executivo não
justificar mudanças de fôlego” – aler- “Não perdemos negócios porque está convencido dos benefícios na
ta o diretor, reconhecendo que há se trata de produto de alta tecnologia” hora da contabilidade financeira: o
um trabalho contínuo da engenharia – afirma Rizzo para explicar como a alumínio utiliza intensivamente ener-
brasileira no aperfeiçoamento dos Tupy escapou dos efeitos do tsunami gia na produção, é caro e pode entrar
motores. que se seguiu à crise financeira inter- em baixa na oferta internacional. Há
Profissionais da Tupy estão ocupa- nacional eclodida no final de 2008. uma dificuldade adicional: as altas
SUPRIMENTOS | BLOCOS
DIVULGAÇÃO - TUPY
inviabilizam o uso do material. BLOCOS: área de
Blocos de alumínio para moto- usinagem na Tupy
res são pouco comuns no Brasil.
As exceções estão no Sigma, da
Ford, e nos motores da Honda e
DIVULGAÇÃO - TUPY
PSA produzidos localmente. Já os
cabeçotes de alumínio são comuns.
Tampas de cabeçote de poliamida
também aparecem no mercado.
Rizzo entende que o Brasil está
muito bem servido na oferta local de
blocos de motores, com a presença
da Tupy e Teksid, com ferro, e da Ne-
mak, com alumínio. A Teksid voltou
a fundir alumínio, utilizado em cabe-
çotes. Ele explica que motores cons-
tituem um item de importância fun-
damental para o cálculo do conteúdo
nacional de veículos – daí a relevân-
cia também da boa disponibilidade
local de blocos, cabeçotes e outros
componentes do powertrain. TUPY: manuseio dos blocos
na linha de acabamento
TECNOLOGIA
A Tupy é uma sociedade anônima,
com ações em bolsa, desde os anos e o centro de P&Dfoi absorvido pelas veu a Sofunge e levou as instalações
70. A empresa tem uma longa his- áreas de engenharia. para Joinville, sem temer as lendas
tória no País, iniciada em 1938 com A Tupy fincou raízes na indústria que diziam ser impossível fundir boas
a produção de conexões de ferro automobilística para atender as li- peças no hemisfério sul, por causa
maleável para instalações hidráuli- nhas de montagem da Kombi e do de forças magnéticas ‘invertidas’ em
cas. “Trata-se de metalurgia de alta Fusca, entregando na fábrica Anchie- relação ao hemisfério norte. Em mea-
complexidade, praticada até hoje na ta, da Volkswagen, componentes de dos de 1998 a fundição da Cofap, de
empresa”, revela Rizzo. Rodas de fer- freio e suspensão. Na época o bloco Mauá, foi também adquirida.
ro também faziam parte do menu de dos motores era feito de magnésio e O engenheiro avançou na carrei-
produtos na época. alumínio pela própria fabricante dos ra junto à companhia, onde ganhou
Os fundadores da companhia fo- veículos. A empresa catarinense re- experiência internacional a partir do
ram à Europa em busca de receitas cebeu pedidos de outras marcas, trabalho como residente na operação
para estruturar a fundição e chegaram mas os projetos de blocos demora- da Cummins em Columbus nos Esta-
a constituir em 1959 uma escola téc- ram, já que a Ford construiu fundi- dos Unidos. Outros jovens têm hoje a
nica visando à formação de profissio- ção em Taubaté e Osasco, a GM em mesma oportunidade desenvolvendo
nais na região de Joinville. A tradição São José dos Campos, a Mercedes- projetos e processos de fundição para
de zelar pela tecnologia e disseminar -Benz comprou a Sofunge, da família clientes no Exterior, especialmente na
conhecimento na área continuou com Simonsen, e a Fiat fundou a EMB, Europa. “É uma tarefa comum na in-
a criação de um centro de pesquisa e atual Teksid. ternacionalização da companhia e de
desenvolvimento na década de 1970. Rizzo, ainda estagiário, trabalhou na grande importância para conhecer as
A escola Tupy deixou o território da fá- Sofunge a partir de 1991 e formou-se peculiaridades de cada parceiro de
brica para integrar-se na comunidade engenheiro. Em 1995 a Tupy absor- negócios”, explica Rizzo.
94
BUSINESS
TEKSID REFORÇARÁ
INVESTIMENTOS EM CAPACIDADE
EMPRESA APLICA R$ 80 MILHÕES EM BETIM E TEM NOVOS PROJETOS
R
aniero Cucchiari assumiu a ge-
DIVULGAÇÃO - TEKSID
rência comercial da Teksid no TEKSID – PRODUÇÃO
Brasil em agosto, depois de tra- DE BLOCOS PARA
balhar na operação italiana durante AUTOMÓVEIS
três anos. “Foi uma boa experiência, Estimativa para 2010
mas é animador voltar a Betim, com
1.0 L 1.120.000
negócios em ebulição para acom-
panhar o ritmo do mercado”, disse. 1.4 L 375.000
Ele sabe que as vendas de blocos 1.6 L 520.000
de motores e cabeçotes vão crescer, 1.8 L 128.000
mas recebeu a tarefa de preservar a 1.9 L 4.000
participação da marca nos suprimen-
2.0 L 83.000
tos aos fabricantes de motores. É um
2.4 L 40.000
desafio, já que competidores como a
Tupy também fazem avanços. Total 2.270.000 RANIERO CUCCHIARI,
A Teksid aplica R$ 80 milhões na gerente comercial da Teksid
expansão da unidade de Betim, pró-
ximo à FPT – Powertrain Technolo-
gies e da Fiat Automóveis, e não faz da Itália e Brasil. Aqui são produzidos Chrysler norte-americana. Nos anos
segredo de que há novos recursos cabeçotes de alumínio em escala 90 as exportações representaram até
chegando para reforçar a capacidade ainda pequena – são 12 mil unida- 60% da produção, um patamar bas-
de atendimento à forte expansão do des por mês para o motor Evo da tante distante dos atuais 20%. “Além
setor automotivo, em diesel e Otto. Fiat. A dona do mercado de blocos e da relação cambial atual não ajudar,
Blocos de ferro para propulsores cabeçotes de alumínio na região é a decidimos focar no mercado inter-
Otto são o principal produto da em- Nemak, que tem como adversários a no”, justifica Cucchiari.
presa, que estima produzir 2.270.000 Italspeed e a FBA – Fundição Brasi- Além da Fiat, a GM compra 100%
unidades este ano. A capacidade atu- leira de Alumínio. dos blocos de motor da Teksid, já que
al, de 2,3 milhões de unidades por Cucchiari não aposta no alumínio a fundição da fabricante norte-ameri-
ano, está subindo para 3,0 milhões como melhor solução para a fabrica- cana em São José dos Campos foi
de unidades. No caso do segmento ção de motores, à exceção do cabe- fechada, seguindo uma tendência
diesel a conta é um pouco mais com- çote. “O custo do material é elevado de terceirização que se generalizou
plexa, já que há outros componentes e não compensa os ganhos com a no Brasil. A empresa abastece a fá-
em jogo. As 88 mil toneladas vendi- redução de peso”, explica, assinalan- brica de motores da Volkswagen, em
das para motores diesel incluem 370 do que é possível trabalhar no projeto São Carlos, SP, da Ford em Taubaté
mil cabeçotes e 320.000 blocos. dos motores atuais em ferro fundido e continuará com os blocos de um
A Teksid possui plantas no Méxi- para torná-los mais leves. litro da Renault (o 1.4 e o 1.6 passa-
co, Portugal, França, Polônia, China, A Teksid chegou ao Brasil em rão a ser feitos pela Tupy). A empresa
Itália e Brasil. A empresa retomou a 1976. Além do bloco do Fiat 147, começou este ano a exportar blocos
prática de fundir peças de alumínio a empresa atendia na época pedi- para a Chrysler nos Estados Unidos,
no início do ano, com as unidades dos da MWMI, Volvo, Cummins e da que produzirá o Fiat 500.
SUPRIMENTOS | INJEÇÃO
Módulo de admissão de ar
com galeria de combustível
Vela de ignição
Sonda Lambda
COMPONENTES do
sistema de injeção eletrônica
À BEIRA DO LIMITE
PERTO DO LIMITE DA CAPACIDADE INSTALADA,
FABRICANTES DE SISTEMAS DE INJEÇÃO PROGRAMAM
INVESTIMENTOS EM NOVAS LINHAS PARA ACOMPANHAR O
AUMENTO DA DEMANDA NOS PRÓXIMOS ANOS
JAIRO MORELLI
D
escobrir os próximos passos dos fabricantes de sistemas de injeção
eletrônica é tão complicado quanto antecipar futuros lançamentos
automobilísticos no País. Os números transmitidos são apenas apro-
ximados e as inovações tecnológicas guardadas a sete chaves. Dificuldades
à parte, é possível dizer que o mercado brasileiro de sistemas de injeção é
representado, basicamente, por três gigantes multinacionais: Magnetti Marelli,
Delphi e Bosch. Serão elas as responsáveis pelos sistemas que equiparão os
3,6 milhões de veículos produzidos este ano por aqui. Some-se a esse volume
mais uma boa quantidade de bombas, sensores, injetores, borboletas, dentre
outros componentes destinados à reposição.
96
BUSINESS
“Consolidar esses números é prati- de sistemas de injeção. Dificuldades
camente impossível”, despista o dire- com o câmbio e, consequentemente,
tor de engenharia e vendas da Delphi com os fornecedores internacionais
para América do Sul, Roberto Stein. de boa parte da eletrônica presente
Segundo ele, do R$ 1,2 bilhão que nos sistemas também complicam o
a companhia projeta faturar este ano dia a dia destas empresas.
na América do Sul, cerca de R$ 400 DIVULGAÇÃO - DELPHI
“Os fornecedores tier 1 e tier 2
milhões virão de componentes que precisam melhorar a agilidade na
compõem os sistemas de injeção. ROBERT STEIN, diretor de entrega dos componentes de acor-
engenharia da Delphi
Com participação em torno de 20% do com as oscilações positivas do
no mercado nacional, a Delphi pre- mercado”, cobra o gerente de de-
cisará adequar a linha de montagem senvolvimento de produto da Bosch
de Piracicaba, no interior de São América Latina, Fábio Ferreira. “Ad-
Paulo, que já trabalha em três turnos que a empresa aplica anualmente, mito que a situação melhorou com
de segunda a sábado, caso queira fa- desde 2006, em desenvolvimento, alguns ajustes realizados no início do
zer frente aos líderes Marelli e Bosch. gestão de qualidade, tecnologia e ano, porém o estado ainda é crítico.”
“Estamos trabalhando no limite de ampliação da capacidade para aten- Assim como a Delphi, a Bosch
nossa capacidade e se precisar inves- der clientes como General Motors (o também trabalha no limite e planeja
tiremos para atender o aumento da maior), Fiat, PSA e Volkswagen. novos investimentos para aumentar
demanda”, afirma Stein. O remédio Nem só de problemas de capaci- a produção e conquistar alguns pon-
deverá vir de parte dos R$ 40 milhões dade instalada vivem os fabricantes tos porcentuais na acirrada luta pela
SUPRIMENTOS | INJEÇÃO
DIVULGAÇÃO - VW
VW POLO E-FLEX, primeiro
três anos. Entretanto, as três princi-
a dispensar o tanquinho pais empresas do setor de injeção
são unânimes em afirmar que o re-
servatório de gasolina, o popular
tanquinho, irá desaparecer de vez
dos automóveis produzidos nacio-
nalmente em poucos anos.
Ferreira da Bosch, o único a espe-
cular prazo, aposta em seis anos para
o sumiço. “Acredito que nesse prazo
mais de 90% da produção já virá sem
o equipamento.” Precisar uma data
com exatidão ainda é difícil, mas já é
possível enxergar com maior nitidez
os avanços nesse sentido. A Volkswa-
gen, que até pouco tempo contava
com apenas um automóvel dotado
de partida a frio sem o auxílio da
gasolina (o Polo E-Flex), aproveitou
o Salão do Automóvel de São Paulo
para estender o sistema para outros
liderança do segmento com a Marelli. ajudar a companhia a incrementar veículos da linha. Na esteira, outros
Atualmente a empresa, que produz em alguns milhões o respeitável fa- fabricantes também trabalham há al-
componentes em Campinas e conta turamento de R$ 2,5 bilhões previsto gum tempo junto aos seus parceiros
com share em torno de 40%, trabalha para este ano. A maior parte deste em soluções individuais para melho-
também em três turnos de segunda valor, segundo Cerutti, continuará rar o aquecimento do combustível.
a sábado para atender praticamente vindo dos sistemas de injeção. A busca por redução de emissões
todas as montadoras nacionais. e consumo alavancará tecnologias
Também precisa de mais espaço SEM TANQUINHO mais caras como a de injeção direta,
a Marelli, líder de mercado com par- Não serão muitas as novidades visí- hoje presente apenas nos modelos
ticipação levemente maior do que a veis aplicadas pelos fabricantes em importados. “Em mais ou menos
Bosch e que concentra 95% de sua três anos deverão nascer os primei-
produção na unidade de Hortolân- ros modelos nacionais dotados des-
DIVULGAÇÃO - BOSCH
98
BUSINESS
SUPRIMENTOS | FILTROS
MEIO AMBIENTE
IMPULSIONA EXPANSÃO
GIOVANNA RIATO CRESCIMENTO DE 4% A 6% AO ANO ATÉ 2020
“O
nde você tem líquido ou A Bosch, com foco no mercado de A empresa informa que só em 2010
ar no veículo há uma reposição, desenvolve sistemas cada treinou mais de mil pessoas, entre
demanda crescente por vez mais sensíveis para atender a de- mecânicos, frentistas, gerentes de
filtros”. É assim que João Moura, pre- manda por baixas emissões. “Os sis- manutenção de frotas e trocadores de
sidente da Abrafiltros, entidade que temas de injeção são projetados com óleo. A companhia já desenvolve este
reúne os fabricantes de filtros, define alta precisão e sua proteção é essen- trabalho há dez anos e assegura que é
o potencial de expansão da demanda cial para garantir um desempenho per- possível perceber os bons resultados.
pelo componente. A associação espe- feito do motor”, explica Christian Kar- Roberto Rualonga, gerente de assis-
ra que o setor avance entre 7,5% e 8% ner, gerente de marketing de produto tência técnica da empresa, assegura
este ano, acompanhando a evolução da companhia para o aftermarket. que houve uma redução grande no
das vendas de veículos. A empresa vem registrando expan- número de trabalhos incorretos.
O setor recupera o fôlego depois de são ao ritmo da evolução da frota do O projeto também serve como uma
uma alta mais branda em 2009, de país e já detectou bom potencial no proteção para o mercado que, assim
3,7%, para um faturamento próximo de segmento de veículos comerciais. Se- como outros segmentos da cadeia
US$ 1,24 bilhão. Apesar do ritmo aque- gundo Karner, os frotistas e caminho- automotiva, sofre com o avanço de
cido, a expansão é desigual no segmen- neiros mostram uma preocupação produtos importados e da pirataria.
to, bastante competitivo com a presença crescente em equipar os veículos com Há produtos de origem duvidosa que
de uma dezena de grandes fornecedo- produtos de alta qualidade. chegam ao consumidor com preços
res. “Há companhias que podem cres- A Tecfil, que disputa com a Mann de 30% a 40% mais baixos.
cer até 12% este ano”, revela Moura. Hummel a liderança do mercado de Fôlego não falta para garantir negó-
A manutenção regular dos filtros auto- filtros automotivos, também detecta cios em um mercado crescente. Moura,
motivos reduz o consumo de combustí- a preocupação na linha pesada. Para da Abrafiltros, garante que os fabrican-
vel, garante a potência, protege o motor levar esta mudança também para a tes do setor estão prontos para avançar
e assegura que os ocupantes respirem linha leve a empresa realiza cursos entre 4% e 6% ao ano até 2020, cres-
um ar limpo no interior do veículo. O sobre a periodicidade e a maneira cimento estimado pela entidade. “Esta-
componente tem um terreno fértil para correta de trocar os filtros, além de mos de olho na evolução do mercado e
avançar com o endurecimento das nor- campanhas em revistas especializa- preparados para atender as exigências
mas de emissões de poluentes. das, rádio e televisão. das montadoras”, avisa.
Automotive
SUPRIMENTOS | TURBOS
FÔLEGO NECESSÁRIO
INDÚSTRIA DO
TURBO RESPONDE
COM ALTERNATIVA
PARA REDUÇÃO
DE EMISSÕES E
CONSUMO
THIAGO VINHOLES
A
ntes visto como um elemen-
to “rebelde” embrenhado nos
motores dos automóveis, o
turbo, com o avanço da tecnologia, se
tornou um dos “mocinhos” na luta pela
redução do consumo e de emissões. A
necessidade de diminuir a emissão de
dióxido de carbono por intermédio da
economia de combustível vem levando
a indústria automobilística a diminuir o
tamanho dos propulsores.
“É o downsizing. Essa tendência laridade em comum: utilizam sobrea- saltando das 17 milhões de unida-
obrigará as montadoras a recorrer limentação, seja por turbocompressor des (turbos) produzidas em 2009
à sobrealimentação para manter os ou compressor mecânico. para mais de 35 milhões em 2015,
seus padrões de desempenho e de É um mercado promissor. Previ- acompanhando a demanda da indús-
eficiência”, aposta José Rubens Vi- sões da Honeywell dão conta que o tria. “No Brasil o cenário é favorável
cari, diretor-geral da Honeywell Turbo ramo pode duplicar em cinco anos, também devido ao horizonte de cres-
Technologies na América do Sul.
O downsizing é o grande desafio
para as próximas gerações de moto- TURBO da BorgWarner utilizado
res. O Grupo Volkswagen avança na no Opel Insignia
área aperfeiçoando sistemas de inje-
ção direta de combustível, enquanto
a Fiat aposta do comando de válvulas
diferenciado MultiAir. As duas marcas
também conduzem estudos para via-
bilização de propulsores com dois e
três cilindros para automóveis. Mas
todos esses projetos têm uma particu-
100
BUSINESS
cimento previsto para o segmento de Streck, gerente de engenharia da em-
veículos comerciais. Já estão em de- presa no Brasil. Nesse caso, a parte de
senvolvimento os novos projetos para criação propriamente dita ainda vem
atender os clientes e os requisitos da no exterior. O mesmo ocorre com a
lei de emissões Proconve P7”, anteci- BorgWarner, que trabalha no país em
pa Samira Silva, gerente de marketing paralelo com Mitsubishi, MAN, Merce-
da BorgWarner no Brasil. des-Benz, entre outros.
Além do fator Proconve P7, que en- E quanto mais se usa o turbo,
tra em vigor em 2012 e emparelha o mais se descobre sobre a tecnolo-
Brasil ao padrão Euro 5, a indústria de gia. Indústrias do ramo chegaram ao
turbocompressores nacional se pre- consenso após anos de aplicação de
para também para a liberação do die- que o melhor sistema para motores
sel em carros de passeio. “Esperamos diesel é TGV (Turbina com Geome-
que seja aprovada. Inclusive já forne- tria Variável). “O desafio agora é
cemos turbocompressores para Peu- JOSÉ RUBENS VICARI, melhorar ainda mais a durabilida-
diretorr-geral, Honeywell
geot na Argentina, que os utiliza em de dos materiais, que são subme-
carros de passeio”, afirma Vicari. Por tidos a temperaturas acima de 700
ser subsidiado para o uso comercial, graus”, aponta Streck. Já os carros
o combustível no país tem aplicação a gasolina devem manter os turbo-
restrita. Diferente da Europa, Estados Oriente Médio e uma pequena parte compressores de geometria fixa mais
Unidos e outros países, que utilizam para a África do Sul”, aponta o dire- por uma questão de custo. “Também
modernos motores de baixo consu- tor da companhia. Já o balanço final é muito eficiente. O TGV mais ainda.
mo e emissões reduzidas há tempos. da BorgWarner neste ano, segundo Porém, ele é mais refinado. De cons-
Com tantas alas ativas e em evo- Samira, será de 280 mil unidades trução mais complexa”, afirma o en-
lução no segmento, as exportações produzidas na planta da empresa em genheiro da Honeywell.
também crescem. Segundo Vicari, a Campinas (SP). Fala-se ainda na criação de um tur-
Honeywell produzirá cerca de 600 mil No campo tecnológico a engenha- bo acionado por eletricidade. Quem
turbocompressores até o final deste ria nacional foca atenção no campo estuda o mecanismo é a Mazda na in-
ano no Brasil em sua linha de produ- de testes de longa duração com mo- tenção de aprimorar seu esportivo RX-
ção em Sorocaba, SP. Deste volume, tores turbinados. “Damos suporte na 8, que tem motor de ciclo Wenkell. A
20% é para exportação. “O destino adaptação dos sistemas Honeywell ideia é eliminar um dos defeitos do
desses componentes são países pela em motores para VW Caminhões e turbocompressor: o turbo lag, como
América do Sul, México, Europa, Scania no Brasil”, afirma Chrystian é chamado o tempo de demora até o
acionamento pleno da sobrealimenta-
ção. “Esse sistema permite alto giro
da turbina já nos primeiros giros do
E O SUPERCHARGER? motor. Já estudamos essa alternativa
na Europa e o resultado em termos
A tecnologia não pegou nos 90, mas a Eaton, desta vez atuando no ramo de desempenho foi interessante. Mas
da sobrealimentação, aposta no uso do compressor mecânico para redu- ainda não encontramos uma solução
ção de consumo e emissões em motores compactos. O Supercharger, já viável para o consumo de bateria que
em sua sexta geração, é 25% menor em tamanho e peso em relação a sua o componente exige, que ainda é
primeira versão e é dez vezes mais rápido nas respostas quando comparado alto”, revela Streck.
aos atuais turbocompressores. O funcionamento do sistema por meio de O fato é que os turbocompressor
polias e montado sobre o comando de válvulas segue o mesmo padrão. estão cada vez mais próximos do con-
Entretanto, o mecanismo foi evoluído para reduzir o esforço do motor, que sumidor final, que busca desempenho
causava gasto de combustível. Uma das aplicações atuais do item está no e eficiência, tanto no uso comercial
VW Tiguan 1.4 na Europa, que gera 150 cv. Um bloco BMW 2.0 aspirado, como a passeio. Quem diria que esse
por exemplo, tem a mesma potência. seria o futuro do turbo com seu pas-
sado rebelde no mundo do carros?
SUPRIMENTOS | BATERIAS
POSITIVO E OPERANTE
O RAMO DE BATERIAS CRESCE AO PASSO DA
INDÚSTRIA AUTOMOTIVA E INVESTE EM ATUALIZAÇÃO
THIAGO VINHOLES
E
ficiência energética. Essa é uma de bateria de chumbo líquido, que é mento de veículos puramente elétri-
das tônicas atualmente nas um material muito eficiente no uso au- cos não passará das 5.800 unidades
pranchetas de engenheiros não tomotivo e 100% reciclável”, garante o neste ano, mas em 2015 é previsto
só da indústria automobilística, como executivo da Heliar. que o volume suba para 415 mil. No
também é exemplo para as demais Cumprindo principalmente a tarefa mesmo período, o número de carros
práticas de manufatura em variados de alimentadores de funções eletrô- híbridos passará de pouco mais de
campos. Para quem projeta baterias nicas e motores de arranque, as ba- 900 mil para 3,34 milhões de unida-
a exigência é redobrada e resultados terias caminham para outra função: des. Há potencial. Mas por aqui ainda
satisfatórios muitas vezes ainda não a propulsão plena. Carros elétricos e é uma realidade distante.
são o suficiente. É preciso ir além, tra- híbridos, impulsionados pela união do “Essas tecnologias, no Brasil, por
balhando com metas cada vez mais motor a combustão com propulsor a ora, concorrem com os carros flex,
restritas e respeitando rígidas normas eletricidade, brotam nas ruas do Ja- que já estão consolidados. Há tam-
ambientais. pão, Europa e já começam a aparecer bém a questão de ajuda do governo
Quanto mais carros, mais baterias. igualmente nos Estados Unidos. Por para compra desse tipo de carro no
E o mercado de reposição também aqui, a alternativa ainda é inexpressi- exterior”, aponta Moura. “Estamos
não para de crescer. “Esperamos um va. Os poucos exemplares, como o conscientes da importância das bate-
aumento de 8% ao final de 2010, o Mercedes-Benz S400 Hybrid e Ford rias para a redução de emissões po-
que é um belo número”, celebra Ser- Fusion Hybrid, ainda estão longe de luentes, mas trabalhamos com essa
gio Moura, diretor-executivo da Bate- terem preços atrativos. possibilidade a longo prazo por aqui”,
rias Moura. “Nosso mix é bem dividido. Segundo estudos da consultoria afirma o diretor da Heliar.
Aproximadamente metade de nossa global PricewaterhouseCooper, o seg- Mas é um campo a ser explorado
produção é destinada às fabricantes de em cenário global. Estima-se que
veículos instaladas no país, enquanto a dentro de 10 anos entre 10% a 15%
outra metade vai para o mercado de da frota 0 km em países desenvolvi-
usados”, explica o dirigente, cuja em- dos será composta por veículos de
presa atende marcas como Volkswa- emissão zero. Dessa fatia, grande
gen, Fiat e GM no Brasil. parte do recheio será de carros híbri-
“É um mercado realmente muito ex- dos. Mas eles ainda são caros. Suas
pressivo e essencial”, exalta Fabio Tri- baterias de íon-lítio, que rendem cer-
go, diretor comercial da Johnson Con- ca de 60 km em uso urbano e duram
trols, que produz as baterias Heliar. A aproximadamente 10 anos, custam
empresa, que recentemente anunciou em média US$ 10 mil.
o investimento de R$ 51 milhões para “Acredito que não veremos muitos
a modernização de sua fábrica em So- desses carros por aqui nos próximos
rocaba, SP, também tem produto novo 20 anos”, aposta Sergio Moura. Ain-
na praça. São os armazenadores de da que fora deste cenário, a Moura
energia PowerFrame, que prometem SÉRGIO MOURA, diretor entra em cena com seus parceiros
executivo, Baterias Moura
maior eficiência sem aumento signifi- – Easpenn nos EUA e Banner na
cativo no valor. “É um novo conceito Áustria – no desenvolvimento de
102
BUSINESS
uma bateria especifica para veículos suem produtos vindos Binacional. Uma versão
com sistema combustão/elétrico. Em da China. Mas isso não do sistema criado para
vez do lítio, material de caro, a bateria tira o gigante asiático um protótipo basea-
de alta performance da Moura utilizará da disputa internacio- do no Palio Weekend
níquel-metal-hidreto. nal. Recentemente a acrescentou mais R$ 35
“Não é tão eficiente quanto o íon- BYD Auto desenvolveu mil ao valor do carro.
-lítio, mas o custo é mais acessível. uma bateria de ferro, Além de Heliar e Moura, também
Além disso, esse material pode ser que custa a metade das concor- participam desse mercado no Brasil os
parcialmente reciclado, diferente do rentes de íon-lítio e gera tanta energia sistemistas Tudor, ACDelco, Durex, en-
lítio, difícil de reaproveitar”, diz Moura. quanto. O problema é seu peso duas tre outros fabricantes que buscam seu
“Os carros com motores a combustão vezes superior ao do material mais caro. espaço. Há muito a disputar. Somadas
ainda têm um longo caminho a seguir No Brasil, a Fiat também já se aven- as vendas diretas para montadores e
no mercado brasileiro, mas quando tura no ramo. Seu avanço até o mo- de reposição, ao final de 2010 mais de
os híbridos chegarem com mais força mento é um armazenador de energia 13 milhões de baterias terão sido ven-
estaremos preparados”, completa o por cloreto de sódio, fórmula mais efi- didas somente em território nacional.
diretor da fabricante de baterias nas- ciente que o tradicional chumbo-ácido. Disposição não falta aos fornecedores,
cida no Pernambuco em 1953. Seu alto preço ainda é uma barreira, que estão incumbidos de descobrir
O nicho de baterias, ao menos por que poderia ser contornada parcial- novas soluções para o segmento e
enquanto, é um dos poucos setores de mente com a construção de uma fá- garantir o futuro enérgico de nossos
autopeças no país que ainda não pos- brica local, em parceria com a Itaipu meios de transporte.
A
Johnson Controls vai produzir Power Solutions para a América do – a tecnologia consome 20% menos
uma nova família de baterias Sul, explicando que a tecnologia energia do que outros processos
automotivas na fábrica de So- chega ao mercado brasileiro após ter para produção de grades e também
rocaba, SP, que está sendo moderniza- alcançado enorme sucesso nos Es- reduz as emissões de gases estufa
da e ampliada dentro de um programa tados Unidos e em países europeus. em até 20%.
de investimento de US$ 51 milhões, o A empresa pretende oferecer a bate- A Johnson Controls possui 130.000
maior da história da empresa no Bra- ria PowerFrame ao mercado por preços funcionários em todo o mundo e ofe-
sil. A novidade dos novos produtos é a equivalentes aos modelos tradicionais. rece produtos para otimizar a eficiência
tecnologia para a fabricação das gra- Segundo o fabricante, as baterias e a operação de edifícios, baterias para
des internas, utilizando tecnologia que são fabricadas com grades mais re- veículos convencionais, híbridos e elé-
a empresa chama de PowerFrame. sistentes à corrosão e oferecem maior tricos, e também sistemas de interiores
“O novo conceito proporciona vida útil. As grades foram projetadas e componentes para automóveis.
mais energia à bateria, reduz a pos- para melhor fluxo elétrico e alta con- A empresa destaca a liderança global
sibilidade de falhas prematuras, dutividade elétrica, evitando corrosão em baterias automotivas de chumbo-
aumenta o fluxo elétrico e diminui e circuitos-curtos. Aumenta a resistên- -ácido e de baterias avançadas para
sensivelmente o impacto ambiental cia à vibração e as cargas e descargas veículos híbridos e elétricos. A joint ven-
da produção deste componente”, tornam-se mais eficientes. ture com a Saft deve levar às primeiras
garante Carlos Zaim, vice-presidente Outra vantagem importante apon- baterias de íon de lítio para a aplicação
e diretor-geral da Johnson Controls tada por Zaim é a construção limpa em massa em veículos híbridos.
SUPRIMENTOS | ARREFECIMENTO
MERCADO
QUENTE E NOVAS
TECNOLOGIAS
COM O MERCADO EM ALTA, SETOR INVESTE
PARA ACOMPANHAR A DEMANDA E EM
NOVAS TECNOLOGIAS, MAS PRECISA
GANHAR MAIOR PODER DE COMPETIR
ALEXANDRE AKASHI BOSCH: gerenciamento térmico
A
rrefecer significa tornar frio, instaladas no Brasil estão hoje: a ple- milhões anunciadas anteriormente.
esfriar. Porém, na indústria au- no vapor. Tanto que a Anfavea – As- Esta notícia trouxe alegria aos prin-
tomotiva, quanto maior a de- sociação Nacional dos Fabricantes de cipais fornecedores de sistemas de
manda por sistemas de arrefecimen- Veículos Automotores elevou a esti- arrefecimento. Afinal, todo motor de
to, mais aquecido está o mercado. E é mativa de produção deste ano para combustão interna necessita de um
justamente assim que as montadoras 3,6 milhões de unidades, ante os 3,4 dispositivo de resfriamento. Assim,
Behr, Bosch, Delphi, Denso e Valeo
ESFORÇOS ESTÃO
ES comemoram, pois além de garantir
acompanhar o ritmo das montadoras,
investem em novas tecnologias para
VOLTADOS
VOLTA
L PARA tornar seus produtos mais eficientes e
competitivos.
REDUZIR PESO
REDUZ A Behr, de origem alemã, presente
no Brasil desde 1981, é líder de merca-
E CUS
CUSTO DOS do em componentes para refrigeração
de motores em veículos comerciais.
EQUIPAMENTOS,
EQU Com dois terços da planta de Arujá, SP,
focada na produção de sistemas de ar-
COM MAIOR refecimento, e outros terço em compo-
nentes de climatização, a empresa es-
EFICIÊNCIA pera faturar R$ 400 milhões em 2010.
Segundo Max Forte, CEO da Behr, as
EDER NOMOTO, diretor operações da divisão Cooling no Brasil
de engenharia da Valeo acompanharão o crescimento do mer-
104
BUSINESS
BOSCH:
sistema Airmax
SUPRIMENTOS | ARREFECIMENTO
COMPETITIVIDADE
O mercado brasileiro está sob a mira
mundial, pois enquanto os países de-
senvolvidos passam por um período
de estagnação nas vendas de veículos
o País apresenta crescimento real em
vendas e produção. Gábor Deák, pre-
sidente da Delphi Automotive Systems,
alerta para este fato e entende que o
caminho é aumentar capacidade local
de competir. “É necessário estimular
as exportações, que representam
apenas 10% da produção”, enfatiza,
revelando que a empresa investirá um
total de US$ 40 milhões este ano.
pleto de arrefecimento. Há também apresentar evolução é a válvula termos- Max Forte, da Behr, concorda. “A in-
menor volume de fluido de arrefeci- tática, cujo funcionamento se baseia dústria brasileira depende de um cho-
mento”, afirma o especialista. em uma cera envelopada em cilindro que de competitividade muito grande.
O radiador é um dos principais metálico. “A tendência é substituir a Temos processo produtivo igual ou
componentes do sistema, produzido cera por controle eletrônico e a bom- melhor que os países da Ásia, mas
segundo duas técnicas: brasagem ba d’água tornar-se elétrica”, afirma somos duramente penalizados pela in-
ou mecânica. Aos poucos, a indústria Armando Mazzoni, engenheiro de pes- fraestrutura logística, burocracia, taxas
substituiu o cobre pelo alumínio como quisa e desenvolvimento da Valeo. de juros e impostos”, finaliza.
matéria-prima básica nos produtos
para automóveis de passeio. Já nos ve-
ículos comerciais a mudança está em
andamento. “O alumínio é mais bara-
to e mais eficiente”, defende Forte,
da Behr.
A Behr é líder de mercado
em sistemas de arrefeci-
mento para veículos co-
merciais. Em janeiro
a empresa iniciou
um processo de
aluminização dos
radiadores forneci-
dos para as montado-
ras de veículos comerciais.
Mais recentemente, apresentou um
novo condensador, com 12 mm de es-
pessura, tubos planos e tanque recep-
tor/expansor com secador integrado. VALEO: componentes do
Outro componente que tende a sistema de resfriamento
106
BUSINESS
TRANSMISSÃO | VEÍCULOS COMERCIAIS
AUTOMÁTICAS E HÍBRIDAS
EM PAUTA
FABRICANTES DE TRANSMISSÕES SE ESFORÇAM PARA ELEVAR A
UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS AUTOMÁTICOS NO PAÍS E JÁ PENSAM
NOS HÍBRIDOS, ADEQUADOS PARA OPERAÇÕES URBANAS
RICARDO CONTE
D
a mesma forma que no seg- conferências e exposições foi a efici- Na lista de clientes estão a Ford, GM,
mento de veículos de passagei- ência no transporte, com powertrains MAN, Mercedes-Benz e Volvo. Entre
ros, as transmissões automá- mais amigáveis ao meio ambiente. os produtos há os tipos sincronizados
ticas têm uma participação acanhada Sistemas híbridos estiveram em des- para veículos leves e não-sincroniza-
entre caminhões e ônibus e nas cha- taque entre as marcas mais importan- dos (usado nos Estados Unidos) para
madas aplicações industriais ou fora tes, prometendo economia de 4% em médios e pesados, segmentos que
de estrada. No entanto, com a signi- combustíveis nas aplicações rodoviá- podem ainda usar suas transmissões
ficativa evolução de controles eletrô- rias e de pelo menos 20% no ciclo ur- automatizadas (câmbio mecânico in-
nicos e desenvolvimento de softwares bano. As novas tecnologias esbarram, tegrado com módulo inteligente), in-
capazes de tornar muito mais atrativa por enquanto, no maior custo inicial. cluindo soluções híbridas.
a operação de transmissões automá- “O powertrain híbrido seria ideal
ticas, os fabricantes de veículos pare- EATON para transporte de passageiros nos
cem dispostos a reavaliar, junto com A Eaton atua no ramo de transmis- centros urbanos brasileiros”, disse
os usuários de seus produtos, o portfó- sões mecânicas, atendendo desde Ricardo Dantas, diretor de vendas e
lio oferecido na praça. picapes até caminhões extrapesados. marketing, destacando que a empre-
Os estrategistas do segmento vão sa fornece transmissões para esses
mais longe e pensam nos sistemas sistemas às principais montadoras
híbridos que surgem em cidades de americanas desde 2007. O conjunto
países mais avançados, associando é constituído por motor elétrico, em-
motores elétricos e a combustão para breagem e transmissão automatizada.
oferecer maior economia de combustí- Um módulo eletrônico integrado faz a
vel e redução de emissões, com a recu- comunicação com o motor. A parte
peração de energia no para-e-anda do mecânica dessa transmissão é fabrica-
transporte de passageiros e das entre- da pela Eaton no Brasil.
gas de encomendas. Se a ideia vingar, “Exportamos os componentes me-
os fabricantes de transmissões abrirão cânicos para os Estados Unidos, onde
novas perspectivas de mercado no Bra- são montados os módulos, que saem
sil, ainda que no início dependam fun- da linha de montagem com automa-
damentalmente de importações. ção para pesados. Não é um produ-
Durante o IAA, a maior feira de veí- to em desenvolvimento, mas de
culos comerciais do mundo, realizada RICARDO DANTAS, diretor de produção em série”. Ele destaca
vendas e marketing da Eaton
este ano entre 23 e 30 de setembro em os privilégios da matriz energética
Hannover, na Alemanha, a tônica em brasileira, que tem álcool e bio-
Automotive
TRANSMISSÃO | VEÍCULOS COMERCIAIS
BUSINESS
Ele entende que a transmissão auto- disponibilidade de frota e redução de
mática é imbatível quando se fala em custo operacional, com quilometra-
soluções de engenharia que visam a gem maior entre os reparos”.
um ciclo de vida maior para o veículo: A empresa alemã trabalha com
“Um ônibus articulado de piso básico duas famílias do componente de qua-
vai operar com o equipamento pelo tro marchas com retarder integrado,
menos dez anos sem nenhum pro- DIWA3E e DIWA 5. Essa quinta ge-
blema. Em algumas situações vai até ração do produto em processo de
mais longe”, assinala. introdução no mercado interno
Segundo o executivo, há mudança ROGÉRIO PIRES, gerente traz inovações eletrônicas, como
executivo na Voith
no pensamento do empresariado ur- número maior de sensores para
bano, que não contabiliza só o custo monitorar operação do veículo e um
de investimento, mas também do módulo mais sofisticado, com novas
quilômetro rodado. funções. Há até sensor topográfico
“A despesa para reparo de câmbio tica só depois de rodar 500 km”. que indica subidas e descidas.
automático é maior, mas a quilome- Pires explica que a transmissão au- A Voith lança também uma família
tragem mais elástica entre os reparos tomática apresenta um índice médio de compressores de ar de dois está-
compensa. Enquanto uma transmissão de falhas a cada 35 mil a 40 mil km, gios, que reduz a temperatura de tra-
manual sofre manutenção, em média, enquanto manual não passaria de 13 balho e evita transferência de óleo para
a cada 150 mil km rodados, a automá- mil a 15 mil: “Isso se traduz em maior o sistema de ar.
Automotive
EIXOS
ARVINMERITOR
INVESTE EM INSTALAÇÕES
E TECNOLOGIAS
EMPRESA ABRIRÁ DUAS
FÁBRICAS E LANÇA NOVOS
EIXOS E CARDÃS
S
SETOR DE
S ilvio Barros, diretor geral da
ArvinMeritor para a América
do Sul, enxerga uma escalada
COMERCIAIS TERÁ
COM no mercado de caminhões e ônibus
no Brasil, com produção de 227 mil
UM V
VOO DE ÁGUIA, unidades em 2010. No próximo ano o
volume pode chegar a 240 mil veícu-
ALTO E LONGO, los pesados.
O executivo admite que o efeito
COM AVANÇO DE
CO Euro 5, que prevê novos motores a
partir de janeiro de 2012, pode levar
PELO MENOS 5% a uma antecipação de compras e um
aquecimento ainda maior no seg-
AO ANO mento. Ele entende que há um círculo
virtuoso na economia brasileira incen-
SÍLVIO BARROS, diretor geral da tivando a produção e venda de veí-
ArvinMeritor para a América do Sul culos comerciais nos próximos anos,
110
BUSINESS
com boas safras e um nível crescente parque de fornecedores da MAN, em Além de fazer a estreia no campo
de atividade econômica. Resende, RJ, e outros US$ 20 mi- dos cardãs, a ArvinMeritor voltar a
“Não se trata apenas da Copa do lhões na fábrica de eixos cardãs que ocupar espaço no segmento de eixos
Mundo e das Olimpíadas. Há preo- será inaugurada no início de 2011 em para veículos industriais, que abrange
cupação importante no governo e na Osasco, SP, defronte à unidade que os fora-de-estrada. A mudança no
iniciativa privada para a ampliação da produz eixos, e em novas tecnologias. portifólio começou a ser concebida há
infraestrutura de transporte e recom- A empresa passou a oferecer eixos cerca de dois anos, quando a corpo-
posição da capacidade logística”, afir- com redução no cubo, uma novidade ração decidiu afastar-se dos negócios
ma Barros, enfatizando: “será um voo local para o projeto de veículos pesa- na área de veículos leves. No Brasil, a
de águia, alto e longo, com crescimen- dos, e se prepara para lançar uma nova iniciativa levou à venda da operação
to de pelo menos 5% ao ano”. família de diferenciais mais leves e ro- de rodas para veículos leves de Limei-
A razão principal seria o avanço no bustos, construídos com solda laser. ra, que tem a marca Fumagalli.
consumo, possibilitado pela ascensão
social das classes C e D, acelerando por
consequência o setor de transportes.
NO FINAL DO
N
Para ele, pode ter ocorrido já em 2010
um movimento de antecipação de
ANO PASSADO AS
compra, que pode estar reduzindo para
12 a 15 anos a idade média da frota, RODAS PASSARAM
ROD
facilitado pelos estímulos tributários do
governo e facilidade de crédito. A GIRAR
G MAIS.
INVESTIMENTO O MERCADO JÁ
A ArvinMeritor passa a ter foco total
na área de veículos comerciais e pre- TOMAVA VOLUMES
tende manter a liderança regional em
todos os segmentos em que atua. INESPERADOS
De olho no mercado em ascensão, a
empresa desembolsa US$ 10 milhões PAULO GRANJA, diretor de
para a construção de instalações no suprimentos da Dana na América do Sul
GUIA | FORNECEDORES
EMPRESAS E EXECUTIVOS
QUEM É QUEM POWERTRAIN JUNTAS E MAGNETI MARELLI ........... 116
RETENTORES MAHLE ............................. 116
NO SETOR 1.MOTORES DANA ............................... 114 MASTRA ........................... 116
ELRINGKLINGER ............... 114 MECAPLAST ...................... 116
AUTOMOTIVO 2.SISTEMISTAS FREUDENBERG ................. 115 MGI COUTIER ................... 116
SABÓ ................................ 117 NGK ................................. 117
3.EMBREAGEM TRELLEBORG ..................... 118 OMR – SADA .................... 117
NA ÁREA DE SCHAEFFLER ..................... 117
4.TRANSMISSÃO SEEBER FASTPLAS ............. 117
POWERTRAIN ALIMENTAÇÃO TENNECO ........................ 118
5.DIFERENCIAL TRW .................................. 118
COMBUSTÍVEL TUPY ................................ 118
6.ESCAPAMENTO AETHRA ............................ 113 WAPMETAL ....................... 118
BEPO ................................ 114 WHB ................................. 118
7.FIXAÇÃO BOSCH ............................. 114 WIEST ............................... 118
CIAMET ............................ 114
8.SERVIÇOS CLICK AUTOMOTIVA ........ 114 TURBOCOMPRESSORES
CONTINENTAL ................. 114 AÇOTÉCNICA ................... 113
COOPER STANDARD ........ 114 BASSO .............................. 114
1. MOTORES DELPHI ............................. 114 BORGWARNER ................. 114
DYTECH ............................ 114 CUMMINS TURBO
INDEPENDENTES HUTCHINSON .................. 115 TECHNOLOGIES ............... 114
CUMMINS ......................... 114 ICAPE ............................... 115 HONEYWELL TURBO
FPT .................................... 115 IGASA .............................. 115 TECHNOLOGIES ............... 115
MWM INTERNATIONAL ..... 116 INCODIESEL ..................... 115 POLIMEC .......................... 117
MTU .................................. 116 INDEBRÁS ........................ 115 MASTER POWER TURBO ... 116
PERKINS ............................ 117 INDÚSTRIAS MANGOTEX . 116 VOITH TURBO .................. 118
INERGY ............................ 115
JARDIM SISTEMAS ............ 116 PÓS-TRATAMENTO - EGR
CATIVOS MAGNETI MARELLI ........... 116 BEHR ................................ 114
AGRALE ............................. 113 MANGELS ......................... 116 BOSCH ............................. 114
FORD................................. 115 MECAPLAST ...................... 116 CUMMINS EMISSION
FPT - FIAT .......................... 115 MELLING .......................... 116 SOLUTIONS ...................... 114
GENERAL MOTORS ............ 115 METALÚRGICA RIGITEC .... 117 VALEO .............................. 118
HONDA ............................. 115 PARANOÁ ........................ 117 VOSS ................................ 118
MAN.................................. 116 PROXYON ......................... 117 WAHLER ........................... 118
MERCEDES-BENZ .............. 116 SOPLAST ........................... 118
PSA PEUGEOT CITROËn..... 117 TI BRASIL .......................... 118 PÓS-TRATAMENTO -
RENAULT ........................... 117 UNIPAC ............................ 118 CATALISADORES
SCANIA ............................ 117 BASF ................................. 114
VOLVO ............................. 118 JOHNSON MATTHEY ........ 116
FILTRAGEM MAGNETI MARELLI ........... 116
CUMMINS FILTRATION ..... 114 UMICORE ......................... 118
HENGST ........................... 115 WIEST ............................... 118
2. SISTEMISTAS HONEYWELL .................... 115
BEHR ................................ 114 MAHLE ............................. 116 ARREFECIMENTO
BOSCH ............................. 114 MANN+HUMMEL ............. 116 BEHR ................................ 114
CONTINENTAL ................. 114 MECAPLAST ...................... 116 DELPHI ............................. 114
COOPER STANDARD ........ 114 SOGEFI FILTRATION ......... 118 DENSO ............................. 114
DANA ............................... 114 GATES BRASIL ................... 115
ALGUMAS EMPRESAS
DELPHI ............................. 114 INDEBRÁS ........................ 115
PREFERIRAM NÃO DIVULGAR DENSO ............................. 114 ADMISSÃO/ MELLING .......................... 116
SEUS DADOS. DHB .................................. 114 ESCAPAMENTO MTA .................................. 116
EATON ............................. 114 ASSOCIATED SPRING ....... 113 PARANOÁ ........................ 117
PARA CORREÇÕES FEDERAL-MOGUL ............. 115 AUTOCAM ........................ 113 PROXYON ......................... 117
OU ACRÉSCIMOS À LISTA IOCHPE-MAXION ............. 115 BASSO .............................. 114 RESERPLASTIC .................. 117
KNORR-BREMSE ............... 116 BASTIEN ........................... 114 SCHAEFFLER ..................... 117
ENVIE E-MAIL PARA KSPG ................................ 116 BOSCH ............................. 114 TRELLEBORG ..................... 118
CONTATO@AUTOMOTIVEBUSINESS.COM.BR. MAGNETI MARELLI ........... 116 CINPAL ............................. 114 VALEO .............................. 118
MAIS INFORMAÇÕES MAHLE ............................. 116 CIP ................................... 114 WHALER ........................... 118
MANN+HUMMEL ............. 116 EATON ............................. 114
SOBRE EMPRESAS E MECAPLAST ...................... 116 ELECTROCAST .................. 114 COMPRESSOR DE AR
EXECUTIVOS EM SCHAEFFLER ..................... 117 ELRINGKLINGER ............... 114 KNORR-BREMSE ................ 116
VALEO .............................. 118 IPERFOR ........................... 115 VOITH .............................. 118
WWW.AUTOMOTIVEBUSINESS.COM.BR ZF ..................................... 118 ITALO LANFREDI ............... 116 WABCO ............................ 118
112
BUSINESS
BLOCO E CONJUNTO 3. EMBREAGEM A Raymond
DE FORÇA EATON .............................................. 114 Av. Comendador João Lucas, 555,
AAM .................................................. 113 POLIMEC ........................................... 117 32242-000, Vinhedo, SP, tel. 19 3836-
COOPER STANDARD ......................... 114 SACHS/ZF ......................................... 118 6900. www.araymond.com
DANA ................................................ 114 SCHAEFFLER ...................................... 117 Presidente: Alexander Pircher
DELGA ............................................... 114 VALEO ............................................... 118
FEDERAL-MOGUL .............................. 115 AAM
IGASA ............................................... 115
INTERCAST ........................................ 115
4. TRANSMISSÃO Av. das Nações, 2.051, 83706-630,
ALLISON TRANSMISSION .................. 113 Araucária, PR, tel. 41 2141-1098.
JARDIM SISTEMAS ............................. 116 Presidente: Lance Heinhard
CORNETA .......................................... 114
KSPG ................................................. 116
MAGAL .............................................. 116 EATON .............................................. 114
FPT .................................................... 115 Açotécnica
MAHLE .............................................. 116 Via Acesso João de Góes, 1.900,
MECANO FABRIL ............................... 116 GKN .................................................. 115
JARDIM SISTEMAS ............................. 116
06612-902, Jandira, SP, tel. 11 4619-9555.
METAGAL .......................................... 116
MAXIFORJA ....................................... 116
www.acotecnica.com.br
NEMAK ALUMÍNIO ............................ 116
Presidente: Sylvio Salomão
OMR - SADA ...................................... 117 MERCEDES-BENZ .............................. 116
POLIMEC ........................................... 117 POLIMEC ........................................... 117
Acument
PROEMA ............................................ 117 PROEMA ............................................ 117
QUAKER CHEMICAL .......................... 117
Av. Mofarrej, 971, 05311-904,
QUAKER CHEMICAL .......................... 117
SABÓ ................................................. 117
São Paulo, SP, tel. 11 3837-4000.
SCHAEFFLER ...................................... 117
SANDVIK ........................................... 117 Diretor de Operações: Waldo Coimbra
VOITH ............................................... 118
SCHADEK .......................................... 117 ZF ...................................................... 118
SCHULZ ............................................. 117 Aethra
Av. Centauro, 234, 32242-000,
SIFCO ................................................ 118
5. DIFERENCIAL | EIXOS | Contagem, MG, tel. 31 3045-9199.
TEKSID ............................................... 118
THYSSENKRUPP ................................. 118
SEMI EIXO Presidente: Pietro Sportelli
AGROSTAHL ...................................... 113
TUPY ................................................. 118
ULIANA ............................................. 118 ARVINMERITOR ................................. 113 Agrale
WHB .................................................. 118 BENTELER .......................................... 114 Rod. BR 116, km 145,15.104, 95059-520,
CINPAL .............................................. 114 Caxias do Sul, RS, tel. 54 3238-8000.
DANA ................................................ 114 www.agrale.com.br
DISTRIBUIÇÃO E DIEHL ................................................ 114 Diretor-Presidente: Hugo Zattera
PARTE TRASEIRA FREUDENBERG .................................. 115
AUTOFORJAS .................................... 114 GOLIN ............................................... 115 Agrostahl
BEHR ................................................. 114 IPERFOR ............................................ 115 Rod. Raposo Tavares, km 67, CP 75,
BORGWARNER .................................. 114 MAX GEAR ......................................... 116 18120-970, Mairinque, SP,
CESTARI ............................................. 114 MAXIFORJA ....................................... 116 tel. 11 4718-8080. www.stahl.com.br
CINPAL .............................................. 114 MECANO FABRIL ............................... 116 Presidente: João Augusto Macdowell
DYTECH ............................................. 114 MERCEDES-BENZ .............................. 116
DHB ................................................... 114 NEMAK .............................................. 116
ELECTROCAST ................................... 114 POLIMEC ........................................... 117
ENGRECON ....................................... 115
SCHAEFFLER ...................................... 117
GATES ............................................... 115
SKF .................................................... 118
INPACOM .......................................... 115 Allison Transmission
SUSPENSYS ....................................... 118
ITALO LANFREDI ................................ 116 R. Agostinho Togneri, 57, 04690-090,
LITENS ............................................... 116 TIMKEN ............................................. 118
TUPY ................................................. 118 São Paulo, SP, tel. 11 5633-2599.
NEUMAYER TEKFOR .......................... 117 www.allisontransmission.com
NYTRON ............................................ 117 Diretor de Operações: Evaldo Oliveira
SCHADEK .......................................... 117 6. ESCAPAMENTO
FABBOF ............................................. 115
Gerente Nacional de Vendas:
SCHAEFFLER ...................................... 117
Carlos Roma
SENSATA ........................................... 118 FAURECIA .......................................... 115
Gerente de Marketing: Clovis Kitahara
SIFCO ................................................ 118 TENNECO ......................................... 118
Gerente de Engenharia: Celso João
THYSSENKRUPP ................................. 118 WIEST ................................................ 118
TUPY ................................................. 118
WHB .................................................. 118 7. FIXAÇÃO
ZEN ................................................... 118 ACUMENT ......................................... 113
A RAYMOND ..................................... 113
ELÉTRICO BÖLLHOFF ......................................... 114
BOSCH .............................................. 114 ArvinMeritor
FRIEDBERG ........................................ 115 Av. João Batista, 825, 06097-105,
DELPHI .............................................. 114
GRAMPOS AÇO ................................. 115 Osasco, SP, tel. 11 3684-6628.
DENSO .............................................. 114
HENKEL ............................................. 115 www.arvinmeritor.com.br
REMY ................................................. 117
VALEO ............................................... 118 NEUMAYER TEKFOR .......................... 117 Diretor Geral para a América do Sul:
STAMPTEC ......................................... 118 Silvio Barros
LUBRIFICAÇÃO TRANSTECNOLOGY ........................... 118
BRASSINTER ...................................... 114 Associated Spring
CLICK AUTOMOTIVA ......................... 114 8. SERVIÇOS R. Wallace Barnes, 301, 13054-701,
MELLING ........................................... 117 GREENWORKS ................................... 115 Campinas, SP, tel. 19 3725-1000.
SCHAEFFLER ...................................... 117 LMS ................................................... 116 Diretor Geral: Guanair P. Souza Jr.
GUIA | FORNECEDORES
114
BUSINESS
Engrecon Gates Honeywell
Est. dos Romeiros, 42.501, 60501-001, R. Dr. Renato Paes de Barros, 1.017, cj. 81, Av. Júlia Gaiolli, 282, 07251-500,
Santana de Parnaíba, SP, tel. 11 4154- 04530-001, São Paulo, SP, Guarulhos, SP, tel. 11 2167-3000.
9000. www.engrecon.com.br tel. 11 3848-8122. www.gatesbrasil.com.br www.honeywell.com.br
Diretor-Presidente: José Carlos Nadalini Presidente: João Simões Ramon Diretor Geral: José Rubens Vicari
GUIA | FORNECEDORES
Magneti Marelli
Av. da Emancipação, 801, 13184-654,
Hortolândia, São Paulo, SP, tel. 19
2118-6000. www.magnetimarelli.com
Presidente Magneti Marelli Mercosul:
Mecaplast
Virgílio Cerutti R. Boaventura Pereira, 414, 05158- MWM International
240, São Paulo, SP, tel. 11 3901-8566. Av. das Nações Unidas, 22.002,
Mahle www.mecaplast.com 04795-915, São Paulo, SP, tel. 11
Rod. Anhanguera, km 48,2, CP 3534, Diretor de Operação Mercosul: 3882-3200.
13210-877, Jundiaí, SP, tel. 11 4589-0844. Marcelo Calache www.mwm-international.com.br
www.mahle.com.br Gerente Comercial: José Pedro Marcilio Presidente: Waldey Sanchez
Vice-Presidente de P&D: Ricardo Abreu
116
BUSINESS
Nemak Proxyon Rigitec
R. Sen. Giovanni Agnelli, 580, 32681- Av. Robert Kennedy, 851, 09895-003, Rod. do Açúcar, km 129,5, 13360-000,
080, Betim, MG, tel. 31 2123-8800. S. B. do Campo, SP, tel. 11 2199-5300. Capivari, SP, tel. 19 3492-9100.
www.nemak.com www.proxyon.com.br www.rigitec.com.br
CEO: Ernesto Sanz Diretor Administrativo Financeiro: Presidente: José Marcio Bertoldo
Carlos Gazola
Neumayer Tekfor Sabó
Av. Arquimedes, 500, 13211-840, R. Matteo Forte, 216, 05038-160,
Jundiaí, SP, tel. 11 2152-4878. PSA Peugeot Citroën São Paulo, SP, tel. 11 2174-5801.
www.neumayer-tekfor.com Centro de Produção de Porto Real www.sabo.com.br
Diretor-Presidente: Jorge Luiz Jacomini Est. Renato Monteiro, s/nº, 27570-000, Diretor Técnico Comercial Vedação:
Porto Real, RJ, tel. 24 3358-6686. Rodrigo Vilela
NGK www.psa-peugeot-citroen.com
Est. Mogi Salesópolis, km 9, CP 2540, Diretor do Centro de Produção: Tarcísio Sandvik
08780-914, Mogi das Cruzes, tel. 11 Telles Av. das Nações Unidas, 21.732,
4793-8009. www.ngkntk.com.br 04795-914, São Paulo, SP,
Presidente: Kyohei Hayashi Citroën do Brasil tel. 11 5696-5424.
R. James Joule, 65, 16º, 04576-080, www.coromant.sandvik.com/br
NTN do Brasil Gerente de Vendas da América do Sul –
Est. Municipal, 400, 07215-040, São Paulo, SP, tel. 11 3375-5948.
www.citroen.com.br Fitas: Paulo R. C. Totume
Guarulhos, SP, tel. 11 2085-5000.
www.ntn.com.br Diretor Geral Brasil: Ivan Segal
Scania
Diretor de Projeto: Eric Breuil Av. José Odorizzi, 151, 09810-902,
Peugeot do Brasil S. B. do Campo, tel. 11 4344-9333.
Nytron R. Miguel Yunes, 351, Prédio II, 04444- www.scania.com.br
R. Suzana, 190, 03223-000, São Paulo, 000, São Paulo, SP, tel. 11 5696-3000. Presidente: Sven Antonsson
SP, tel. 11 2916-8999. www.peugeot.com.br
www.nytron.com.br Diretor Geral para o Brasil: Guillaume Schadek
Sócio-Diretor: Luiz Aparecido Rodrigues R. João Thomaz de Almeida, 900,
Couzy
18540-000, Porto Feliz, SP,
OMR tel. 15 3262-3112.
R. Ricardo Medioli,100, 35701-618, Quaker Chemical
Av. Brasil, 44.178, 23078-001, Rio de www.schadek.com.br
Sete Lagoas, MG, tel. 31 3071-9600.
Janeiro, RJ, tel. 21 3305-1800. Presidente: Carlos Magalhães
www.omrautomotive.com
Diretor de Compras: Luca Merlo www.quakerchem.com.br
Presidente: José Luiz Bregolato
Paranoá
Av. Casa Grande, 1.911, 09961-902,
São Paulo, SP, tel. 11 4061-6533.
www.paranoa.com.br
Presidente: Luiz Gustavo Kass Mwosa
Schaeffler
Perkins Av. Independência, 3.500 A, 18087-
R. João Chede, 2.489, 81170-220, 101, Sorocaba, SP, tel. 15 3335-1500.
Curitiba, PR, tel. 41 2141-8896. Remy www.schaeffler.com.br
www.perkins-br.com R. Blumenau, 91, 88355-000, Brusque, Presidente Grupo Schaeffler – América
Diretor Geral: Wilson Loterio SC, tel. 47 3211-3500. do Sul: Ricardo Reimer
www.remyinc.com.br Vice Presidente de Vendas Automotivas
e Desenvolvimento de Produto INA &
Diretor de Unidade de Negócios: Paulo
FAG - América do Sul: Sérgio Pin
Nielsen Vice Presidente de Vendas LuK - América
Diretor Operacional: Adson Silva do Sul: Milton Vendramine
Gerente de Vendas e Aplicações OE: Diretor - Aftermarket Automotivo -
Bernardo Milioni Garcia América do Sul: Rubens Campos
Gerente de Aftermarket América Latina: Vice Presidente de Vendas Industriais e
Fábio Pignatari Desenvolvimento de Produto INA & FAG
Polimec - América do Sul: Antonio Marcondes
Rod. SP 101, km 6,5, 13185-405, Vice-presidente de Logística – América
Hortolândia, SP, tel. 19 3809-9520. Renault do Sul: Marcos Antonio Zavanella
www.polimec.com Av. Renault, 1.300, 83070-900, S. J. Vice-presidente de Recursos Humanos,
Diretor Comercial: Celso Eduardo dos Pinhais, PR, tel. 41 3380-2000. Comunicações e Relações Corporativas
Schwarzenbeck www.renault.com.br – América do Sul: Marcel E. R.
Oliveira
Presidente: Jean-Michel Jalinier
Proema
Av. Humberto de Alencar Castelo Reserplastic Schulz
Branco, 860, CP 276, 09850-300, S. B. R. Valdemaro S. Maia, 100, 89202- R. Dona Francisca, 6.901, 89219-600,
do Campo, tel. 11 4343-1701. 260, Joinville, SC, tel. 47 3433-3519. Joinville, SC, tel. 47 3451-6000.
www.proema.com.br www.reserplastic.com.br www.schulz.com.br
Diretor-Presidente: Paolo Paparoni Presidente: Ideraldo L. Lescowicz Presidente: Ovandi Rosenstock
GUIA | FORNECEDORES
118
BUSINESS