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‘a ) we ao “2 2 ® @ = te oR ® TERRITORIOS SOCTAIS E POVOS ; +. “PRADICIONAIS NO BRASIT: POR UMA SB ANTROPOLOGIA DA ‘TERRITORIALIDADE ® Paul I, Little 4 ; Ee * EY i we ® «® 2 9 2 2 a 3 ws Brasilia 2002 SSSSSESEAZOSES SES. _ FOF GGFFFGHHFHHGGS 6 SLHHHFOTEHIEIGFHHHISSESHHDHORSSSD ‘TERRITORIOS SOCIAIS E POVOS TRADICIONAIS NO BRASIL: ~- Por uma antropologia da territorialidade —.... - a Pal “Universidade de Bra WN) a 7 A Diversidade Fundiaria no Brasil como Problema Antropolégico A imensa diversidade sociocultural do Brasil 6 acompanhada de uma extraordindria diversidade fundiéria” As miltiplas sociedades indigenas, cada uma dclas ~ com formas proprias de inter-elacionamento com seus respectivos ambientes gcogrificos, formam um dos niicleos mais importantes dessa diversidade, enquanto as centenas de remanescéntes das comunidailes dos quilombos, espalhadas por todo 0 territério -nacional, formam outro. Essa diversidade fundidria inclui também as chamadas “terras de pret”, “terras de santo” e as “terras de indio” de que fala Almeida (1989), Ainda, ha as distintes, formas fundiérias mantidas pelas comunidades de _agoriands, babacusiros, caboclos, caigairas,_caipiras,_campciros, _jangadsiros, ppantaneitos, pescadores arlesansis, praiesios, sertanejos e varjeiros (Diegues € Amuda 2001), ‘Esse grande leque de grupos humanos costuma ser agrupado sob diversas categorias — “populagées”, “comunidades”, “povos”, “sociedades”, “culturas” ~ cad: uma das quais tende a ser’ acompanhada por um dos seguintes adjetivos; “tradicionais “autoctones”, “turais”, “locais”, “residentes” [nas areas protegidas] (veja Vianna 1996 & Barretto F°. 20016 para discusses detalhadas). Qualquer dessas combinagdes & problematica devido.& abrangéncia ¢ diversidade de grupos que engloba. De wna perspectiva etnografica, por exemplo, as diferengas entre as sociedades indigenas, os quilombos, os caboclos, os caigaras e outros grupos ditos tradicionais — além da heterogencidade intema de cada uma dessas categorias — so to grandes que ndo parece vidvel trati-los dentro de uma mesma classificago. Mas, em vez. de discutir agora @ validado ou nfo dessas categorias, vou pedir licenga temporaria para utilizar 0 conceito de “povos tradicionais”, para retomar essa discuss no final do trabalho quando teremos mais subsidios tanto feGricos quanto elnogréficos para esclarecer o que esté em jogo. |Até recentemente, a diversidade fundiéria do Brasil foi pouco conhacida no + pais e, mais‘ainda, pouco reconhecida oficialmente pelo Estado brasileiro. Ao incluir os diversos grupos néo-camponeses na problemética fundiénia ~ no que Bromley (1989) chama de uma “outra reforma agrizia” -, a questio fundiiria no Brasil vai além do tema de redistribuiggo de temas e se toma uma problematica centrada nos processes de” ‘ocupacii ¢ afirmacio teritorial, os quais remetem, dentro do marco legal do Estado, as politicas de ordenamento e reconhecimento territorial. Essa mudanga de enfoque nfo surge de um mero interesse acedémico, mas radica também em mudangas ro cenério politico do pais ocorridas nos iltimos vinte anos, Nesse tempo, essa outra reforma agréria ganhou muita forga e se consolidou no Brasil, especialmente no que se refere & demarcagio © homologagio das terras indigenas, ao reconhecimento e titulagao dos 2 SESEL 2 = <@ @ ® a ® @ a “8 iil we ca) oe @ 2 “a 38 r 2 a «a @ a @ Tematiescentes de comunidades de quilombos © ao estabelecimento das reservas extrativistas. Procuro analisar aqui as razes do sucesso relativo dessa consolidagio, pérlicularmente notivel quando consideramog qiié & reformia agréria original’ ~ a Tata” [por uma distribuigtio mais eqUitativa das terras produtivas por parte dos trabalhadores sem terra.¢.outros-setores. dispossuidos.da sociedade_—fica encuralada em.confromtos..... que niio parecem ter uma clara saida no horizonte préximo, Minha intengiio & tabalhar com esse conjunto cclético de grupos humshos desde Wii PeWSpectiva furdidria informatia pela teoria antropoldgica da tersivorialidade——— e, dai, delimitar um campo de andlise antropolégica centrado na questio territorial esses grupos ao invés dos enfoquas classicos do campesinato, etnicidade e raga. O foco. nna questio territorial nto pretende ‘reduzit’ a exist@ncia desses grupos a esse tmnico fator rem apagar ov ignorar as diferencas existentes entre os diversos grupos. O interesse ¢ mostrar como este novo olhar analitico pode detectar semelhangas importantes entre esses diversos grupos — semelhanigas que ficam ocultas quando se empregam outras categorias —, vincular essas semelhangas a suas reivindicagdes e lutas fundiérias descobrir possiveis eixos de articulago social e politica no contexto juridico maior do Estado-nago brasileiro. ‘Apesar da tervitorialidade ter um papel importante na constiwigao de grupos sociais, nas dcadas recentes esse tema tem recebido um tratamento marginal dentro da disciplina da antropologia. Fssa marginalidade se explica, em parte, pela apropriago do conceito de territorialidade hurmana pela eiologia, onde ¢ considesado como, um instinto animal ao par com outras espécies animais (Ardrey 1966, Malmberg 1980). E clare que para antropélogos socioculturais, explicar conduta humana através da comparagao com abelhas ou lobos carece de sentido etnogrifico. Pelo lado teérico, como Bateson (1972: 59) argumentou convincenteniente, © conceit de instinto na ciéncia funciona como uma espécie de “caixa preta” na qual se estabelece um “acordo convencional entre cientistss para deixar de explicar um fenémeno determinado”. Outta linha de pescuisa ng antropologia busca explicar a territorialidade humana em tormos de densidade populacional e limitagécs de recursos naturais (veja Dyson-Hudson © Smith 1978). O problema dessa abordagem, do ponto de vista apresentado aqui, ¢ que se limita a certos tipos de sociedades de pequena escala e, portanto, nfo tem muita aplicabilidade aos grandes Estados-nagao contemporaneos. ‘A renovagio da teoria de territorialidade na antropologia tem como ponto de partida uma abordagem que considera a conduta territorial como parte integral de todos 05 grupos humenos. Defino a territorialidade come o esforgo coletivo de um grupo social para ocupar, usar, contfolar & se identificar com uma parcela especifica de set ambiente biofisico, convertendo-a assim em seu “territorio” ou homeland’ (cf. Sack 1986: 19). Casimir (1992) mostra como a territorialidade é uma forca latente em ‘qualquer grupo, cuja manifestagdo explicita depende de contingéncias histéricas. O fato de que um territorio surge diretamente das condutas de territoriatidade de um grupo. social implica que qualquer territério é um produto histérico de processos sociais & politicos. Para analisar 0 territério de qualquer grupo, portanto, precisa-se de uma ' A palavra inglesa “homelind” tende a sor tradurida como “pétria” em portugués, Mas 0 significado mais eootoen de patria faz roferéncia am Estado-nagn, 0 que desviao tenno “homeland” de setts outros significados possiveis referents is terstoraldades de distintos grupos sociais dentro de win Estado-maglo. 3

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