Anda di halaman 1dari 35

Palmas TO

2018
Reitor Pró-Reitora de Extensão e Cultura (PROEX)
Luis Eduardo Bovolato Maria Santana Ferreira Milhomem

Vice-reitora Pró-Reitora de Gestão e Desenvolvimento de


Ana Lúcia de Medeiros Pessoas (PROGEDEP)
Elisabeth Aparecida Corrêa Menezes
Conselho Editorial
Cynthia Mara Miranda (Presidenta) Pró-Reitora de Graduação (PROGRAD)
Danival José de Souza Vânia Maria de Araújo Passos
Idemar Vizolli
Ildon Rodrigues do Nascimento Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Nilton Marques de Oliveira (PROPESQ)
Ruhena Kelber Abrão Ferreira Raphael Sanzio Pimenta

Pró-Reitor de Administração e Finanças Prefeitura Universitária


(PROAD) João Batista Martins Texeira
Jaasiel Nascimento Lima
Procuradoria Jurídica
Pró-Reitor de Assuntos Estudantis e Marcelo Morais Fonseca
Comunitários (PROEST)
Kherlley Caxias Batista Barbosa Projeto Gráfico/Diagramação
M&W Comunicação Integrada

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou


por qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos
do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.
Falar em estágio curricular supervisionado nos remete a pensar
esta disciplina para além das exigências de cumprimento de carga
horária de curso, o que implica, portanto, considerar o estágio como
elemento fundamental para a formação de professores com vistas de
compreensão do significado real para o ato educativo e os desafios
que se interpõem no processo de ação reflexiva e que respaldam no
fazer pedagógico. Assim, o estágio consiste em um elemento es-
sencial e inerente à formação de professores no sentido não de sair
preparado para ação docente, mas como uma possibilidade de apro-
ximação do fazer docente, uma vez que Pimenta (2010) ressalta que
a formação inicial, por melhor que seja, não dá conta de preparar o
professor à altura de responder por meio de seu fazer pedagógico as
novas exigências e demandas acerca do processo de ensino e aprendi-
zagem. Daí a importância do estágio curricular supervisionado para
a formação de professores e para o conhecimento teórico e prático.
E isso, de certa forma, traz algumas consequências negativas
para a realização do estágio, pois quando os acadêmicos estão esta-

13
3
giando, geralmente não conseguem fazer a articulação dos elementos
teóricos apreendidos na universidade com as várias situações encon-
tradas no contexto escolar (gestão escolar, planejamento, avaliação,
indisciplina, evasão, reprovação, didática, recursos materiais e huma-
nos) entre outros fatores da organicidade do trabalho pedagógico,
tornando assim a teoria distante da prática.
Em se tratando do estágio curricular supervisionado no curso
de licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Artes
e Música, essa situação se torna mais preocupante, pois a maioria
das escolas públicas nas regiões atendidas pelo estágio (conveniadas
com a UFT) no Estado do Tocantins, não dispõem de profissionais
habilitados nessas áreas e, além desse problema, a disciplina de Arte
acaba servindo também como complemento de carga horária para
professores, embora nessa disciplina sejam trabalhados os conteúdos
de música, teatro, dança e artes visuais; já a disciplina de música pra-
ticamente não existe nas grades curriculares (Estado do Tocantins),
apenas em algumas (poucas) escolas de ensino integral no Estado.
Diante desse cenário é perceptível que não é possível compreender o
processo de ensino e aprendizagem como um todo em sua formação.
A esse respeito, Pimenta (2010) adverte que o processo educativo é
mais amplo e complexo.
Nesse sentido, este texto tem como objetivo descrever e ana-
lisar os percursos e desafios acerca da realização do estágio curricu-
lar supervisionado no curso de licenciatura em Educação do Campo
com habilitação em Artes e Música, na Universidade Federal do To-
cantins, campus Tocantinópolis.

Como procedimento metodológico, esta pesquisa se baseia na


abordagem qualitativa, de caráter descritivo e interpretativo (BOG-
DAN; BIKLEN, 1994; ERICKSON, 1985). Utilizou-se a pesquisa

134
teórica e empírica na perspectiva da abordagem qualitativa. A pes-
quisa teórica, segundo Demo (2000, p.
teoria, conceitos, ideias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em
termos imediatos, aprimorar fund
pesquisa teórica, Demo (1994) complementa:
a valorização desse tipo de pesquisa é pela possibilida-
de que oferece de maior concretude às argumentações,
por mais tênue que possa ser a base fatual. O signi-
ficado dos dados empíricos depende do referencial
teórico, mas estes dados agregam impacto pertinente,
sobretudo no sentido de facilitarem a aproximação
prática (DEMO, 1994, p. 37).

A justificativa pela pesquisa empírica se dá pelo fato dos au-


tores deste trabalho terem tido envolvimento com as experiências
desenvolvidas ao longo do estágio curricular supervisionado no curso
de Educação do Campo com habilitação em Artes e Música. So-
bretudo, esse tipo de pesquisa possibilita a compreensão e a busca
de dados relevantes e convenientes obtidos por meio da experiência,
da vivência do pesquisador, com vistas a chegar a novas conclusões a
partir da maturidade experimental do(s) outro(s).
Como forma de análises dos dados, a técnica da pesquisa in-
terpretativa está em consonância com os instrumentos metodológi-
cos utilizados na pesquisa, bem como se coloca adequada aos pres-
supostos teóricos enfatizados neste estudo. Para Erickson (1985) a
pesquisa interpretativa é bastante significativa para a educação, por
se interessar pelo espaço cultural e social da sala de aula e o ensino e
aprendizado ali construídos, e pelo significado das ações que aconte-
cem nesse mesmo espaço, promovidas tanto por alunos quanto pelo
professor durante o processo educativo.
Inicialmente foram realizadas a análise de documentos Pro-
jeto Pedagógico do Curso (PPC) do Curso de Educação do Cam-
po de Tocantinópolis / UFT e as Diretrizes do Estágio Curricular

13
5
Supervisionado elaborados pela equipe do colegiado do referido
do curso, com o objetivo de identificar elementos acerca do estágio
supervisionado, bem como aspectos sobre a formação de educadores
e educadoras para atuação em escolas localizadas no campo.
Outro instrumento utilizado para coleta de dados foi o uso de
entrevistas semiestruturadas com 8 (oito) discentes que concluíram
as etapas do Estágio I, II, III e IV no referido curso. A escolha dos
discentes se deu por meio do critério de assiduidade nas aulas ao lon-
go da realização dos estágios. O roteiro da entrevista foi constituído
a partir dos debates teóricos e literaturas estudadas durante as aulas
com os discentes, buscando problematizar algumas questões em tor-
no do percurso e desafios encontrados para a materialização e efeti-
vação dessa disciplina, bem como a percepção deles no que concerne
à importância do Estágio Curricular Supervisionado para a formação
de educadores e educadoras do campo. As entrevistas foram gravadas
em áudio, transcritas posteriormente e, por fim, analisadas.
É importante ressaltar que as falas dos entrevistados foram or-
ganizadas da seguinte forma: entrevistado A (2017); entrevistado B
(2017); entrevistado C (2017); entrevistado D (2017); entrevistado E
(2017); entrevistado F (2017); entrevistado G (2017); entrevistado I
(2017), com o objetivo de preservar seus anonimatos e o atendimento
à ética na pesquisa em ciências humanas. Contudo, para análise das
entrevistas e, devido a extensão do texto, foram selecionados alguns
trechos significativos das falas desses estudantes para dialogar com
autores que discutem a temática em questão.

Segundo o que consta no Parecer n. 35/2003 do CNE/CEB


sobre a história do estágio supervisionado no Brasil, o seu conceito se
consolidou no país na década de 1940, a partir das Leis Orgânicas do

136
Ensino Profissional. Os estágios eram voltados para preparar o estu-
dante para atuar em indústrias, no comércio ou no campo. Os alunos
tinham nesses lugares uma oportunidade de colocar em prática o que
aprendiam teoricamente nas escolas técnicas.
Cabe destacar que os estágios supervisionados no Brasil surgi-
ram concomitantemente ao desenvolvimento industrial no país, prin-
cipalmente a partir dos anos de 1930. Isso fez com que a educação
brasileira fosse reformulada, pois, não bastaria apenas ter cursos secun-
dários e superiores para formar as mas, também, eram neces-
sários cursos profissionalizantes para atender as demandas do processo
de industrialização, que necessitavam de mão de obra qualificada.
Contudo, foi a partir da LDB n. 5.692/71 que os estágios su-
pervisionados se tornaram relevantes na educação, pois, com o Pare-
cer CFE n. 45/72, os estágios se tornaram obrigatórios para as ha-
bilitações profissionais técnicas dos setores primário e secundário da
economia, saúde entre outros.

Essa orientação profissionalizante consagrada pela


Lei Federal n. 5.692/71 provocou a definição de uma
legislação específica para o estágio profissional super-
visionado. A Lei Federal n. 6.497/77 regulamentou
os estágios profissionais supervisionados na educação
superior, no ensino de segundo grau (técnico) e no
ensino supletivo profissionalizante. A referida Lei foi
regulamentada pelo Decreto Federal n. 87.497/82.
(BRASIL, 2003).

Entretanto, a atual LDB n. 9.394/96, em seu artigo 82, ampliou


os objetivos e a abrangência do estágio supervisionado, esclarecendo
que o estágio não se refere apenas a uma prática profissional, mas a
uma oportunidade do estudante se integrar no mundo do trabalho,
trocando e socializando experiências, aprendendo novas habilidades,
desenvolvendo responsabilidades, atitudes éticas e construindo co-
nhecimentos. O próprio currículo do ensino médio, destacado nessa

13
7
Lei, em seu artigo 36, ressalta a importância de se compreender o
significado das ciências, das letras e das artes. É nesse sentido que o
conceito de estágio supervisionado se amplia, ao aliar as dimensões
do social, do profissional e do cultural.
O Parecer CNE/CEB n. 35/2003 chama a atenção ao fato de
-
meiro Mas, sim, uma atividade curricular da escola, um ato
educativo, que proporciona ao estudante, em processo de formação,
conhecer a realidade do mundo do trabalho, se identificar com a sua
escolha profissional.
O estágio supervisionado também é ressaltado pelas novas Di-
retrizes Curriculares Nacionais para as licenciaturas no Brasil, Reso-
lução n. 2 de 1° de julho de 2015. Em seu capítulo V, que diz respeito
Formação
define que deverá ser dedicado ao estágio supervisionado 400 horas
na área de formação e atuação na educação básica, para cursos com
no mínimo 3.200 horas de trabalho efetivo. Vale lembrar que o es-
tágio curricular supervisionado é obrigatório nas licenciaturas e que
os docentes que atuam de forma regular na educação básica, poderão
solicitar redução de no máximo 100 horas da carga horária do estágio.
A Lei Federal n. 11.788, de 25 de setembro de 2008 (BRA-
SIL, 2008), dispõe sobre o estágio de estudantes, alterando a LDB
n. 9.394/96, e enfatiza que o estágio supervisionado pode ser obriga-
tório ou não, conforme diretrizes curriculares do curso de graduação
que o aluno está cursando e do projeto pedagógico do curso. Além
de proporcionar ao estudante um aprendizado das atividades profis-
sionais, um olhar crítico sobre o mundo do trabalho leva o discente
a descobrir e a compreender os diferentes desafios encontrados na
profissão. Contudo, assim como as Leis anteriores, esclarece que o
estágio supervisionado não gera vínculo empregatício.

Art. 1o Estágio é ato educativo escolar supervisionado,


desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à pre-

138
paração para o trabalho produtivo de educandos que
estejam frequentando o ensino regular em instituições
de educação superior, de educação profissional, de en-
sino médio, da educação especial e dos anos finais do
ensino fundamental, na modalidade profissional da
Educação de Jovens e Adultos (BRASIL, 2008).

É importante ressaltar que o estágio pode ser realizado nas se-


guintes entidades (AIRES; COSTA, 2016): a) Pessoas jurídicas de
direito privado; b) Órgãos da administração pública direta, autárqui-
ca e fundacional, dos municípios, estados e federação; c) Profissionais
liberais de nível superior que tenham registros em seus conselhos de
fiscalização profissional.
Assim, o estágio curricular constitui um momento de aquisição
e aprimoramento de conhecimentos e de habilidades essenciais ao
exercício profissional, que tem como função integrar teoria e prática.
Nessa discussão acerca do estágio em relação teoria-prática, Cury
(2003, p. 113-122) refere-se ao estágio curricular supervisionado
como a oportunidade de articulação entre o momento do saber e o

separado do momento do fazer, e vice-versa, mas cada qual guarda


sua própria dimensão
Nesse entendimento, Pimenta (2010) pensa o estágio como
uma possibilidade de aproximação, tendo em vista que cada prática é
única em função dos elementos que envolvem o processo de ensinar
e aprender (professores, alunos, escola, comunidade) e os contextos
político, econômico e cultural em que cada escola está inserida. Vale
destacar que o estágio de docência também compreende um conjun-
to de atividades para a atuação do professor e constitui-se em espaço
de integração entre universidade, escola e comunidade, através do
intercâmbio de saberes e da articulação de ações de ensino, pesquisa
e extensão.
Com efeito, o estágio curricular supervisionado se constitui em

13
9
uma experiência com dimensões formadora e sociopolítica, que pro-
porciona ao estudante a participação em situações reais de trabalho.
Além disso, consolida a sua profissionalização e explora as compe-
tências básicas indispensáveis para uma formação profissional ética
e corresponsável pelo desenvolvimento humano e pela melhoria da
qualidade de vida.

O curso de Educação do Campo tem as especificidades de


realizar estágios nas séries finais do Ensino Fundamental e Ensino
Médio na disciplina de Arte. Isso de certa forma foi um dos desafios
enfrentados pelos professores e pelos alunos, pois nem todas as es-
colas do Estado localizadas no campo (e mesmo algumas em alguns
municípios desse Estado) contemplam os dois níveis de ensino. As-
sim, alguns alunos tiverem que estagiar em duas escolas. Além dessa
questão, as grades curriculares, principalmente as do Estado do To-
cantins, não possuem a disciplina de Música, considerando-a como
elemento da própria disciplina de Arte. Vale ressaltar que mesmo não
tendo a disciplina na grade curricular de algumas escolas, foi sugerido
aos estagiários que música fosse trabalhada por meio de projetos ou
como componente curricular na disciplina de Arte.
Outro ponto observado no estágio foi acerca do preenchimento
dos formulários, pois além das dificuldades dos alunos em seu preen-
chimento, alguns tiveram que utilizar dois formulários em função da
realização de estágio em duas instituições de ensino. E como alguns
são de municípios distantes, isso foi um dos desafios enfrentados por
eles, no sentido de colher assinatura dos diversos profissionais dire-

140
ção das escolas, professores de Arte, professores orientadores do es-
tágio, direção do campus da UFT que são exigidos nos formulários.
Outro desafio enfrentado pelos alunos foi a realização do está-
gio na disciplina de Arte, que acontece somente uma vez na semana,
às vezes coincidindo com feriados. E quando esses dias são feriados
ou quando acontece algum evento na escola, é impossibilitada a rea-
lização do estágio, demandando mais tempo para a sua efetivação no
tempo comunidade. Nesse sentido, o colegiado do curso de Educação
do Campo reorganizou o espaço entre o tempo universidade e tempo
comunidade, deixando um tempo maior nesse último para facilitar a
realização do estágio.
Nesse sentido (BARREIRO, 2006, p. 60) ressalta:
[...] a importância da relação interinstitucional e da
mediação do professor-supervisor na orientação do
estágio curricular, que deverá propiciar ao aluno mo-
mentos de reflexão, análise e interpretação da realida-
de educacional do seu campo de estágio, possibilitan-
do as ações e intervenções desejadas, e que, a partir de
vivências e experiências, ele possa ir construindo a sua
própria prática.

Essas considerações são fundamentais para o processo de re-


alização do estágio, principalmente no que se refere à formação de
professores para atuar na educação do campo. Assim, Barreiro (2006)
complementa que as supervisões dos estágios compartilham experi-
ências e emoções diante de determinadas situações e dificuldades e,
que esses problemas enfrentados pelos professores e alunos propi-
ciam o aprimoramento da capacidade de avaliar e programar ações
que possibilitam minimizar certos problemas.

14
1
Segundo as informações do Projeto Pedagógico do Curso de
Educação do Campo de Tocantinópolis (2014, p. 107) o estágio tem
-
venciar, no tempo comunidade, experiências de docência orientadas e
supervisionadas que o conduza à análise e à reflexão sobre o processo
de ensino e
Assim, o estágio curricular supervisionado é realizado nas sé-
ries finais do ensino fundamental, no ensino médio na disciplina de
Arte, e gestão escolar, bem como em espaços não formais, tendo em
vista a área de atuação do egresso do curso de licenciatura em Edu-
cação do Campo. Faz parte da formação integradora do currículo
do curso de licenciatura em Educação do Campo e constitui-se em
disciplina obrigatória para todos os estudantes matriculados. Suas
etapas são as seguintes:
Estágio Curricular Supervisionado I Consiste na observa-
ção, investigação, reflexão e problematização da prática relacionada à
gestão de sala de aula no ensino fundamental e ensino médio. Além
da observação do contexto da gestão escolar, caracteriza-se como
preparatória à elaboração do planejamento a ser apresentado como
elemento norteador das ações do processo ensino e aprendizagem a
serem desenvolvidas nas próximas etapas. O estágio deverá apresen-
tar um relatório das atividades/observações realizadas junto com as
reflexões e encaminhamentos de proposições. O professor orientador
do estágio deverá organizar encontros quinzenais, nos quais se dis-
cutirá a prática vivenciada pelos alunos, dentro das 60 horas previstas
para esta etapa.
A prática dessa etapa de estágio ocorreu com uma parte no

142
tempo universidade e a outra no tempo comunidade. Na universida-
de, a parte de orientação foi trabalhada por uma equipe de professores
do curso de Educação do Campo de várias áreas do conhecimento
por meio de textos teóricos a respeito do estágio curricular super-
visionado, como de Pimenta (2010), por exemplo, com o objetivo
de proporcionar aos acadêmicos uma compreensão maior acerca da
importância do estágio para a formação de professores.
Além de apresentar aos acadêmicos as Diretrizes Curriculares
do Estágio Supervisionado do curso de Educação do Campo, foi tra-
balhada com eles também uma oficina ministrada pela técnica admi-
nistrativa da Central de Estágio do campus no que concerne aos pre-
enchimentos dos formulários, sendo uma parte teórica em sala de aula
e outra prática no laboratório de informática do mesmo campus. No
tempo comunidade, os acadêmicos realizaram a observação da gestão
escolar e de regência de sala de aula nas séries finais do ensino funda-
mental e ensino médio na disciplina de Arte, em suas comunidades
de origem de acordo com as orientações dadas pelos professores que
acompanharam o estágio. Posteriormente, foram socializados e entre-
gues os relatórios dessa observação em outro tempo na universidade,
pelos estudantes.
Sobre essa parte de observação, Pimenta (2010) pontua que a
aproximação do estagiário com o professor auxilia o discente a verifi-
car como são conduzidas as aulas, o que pode proporcionar também
o conhecimento a respeito da identidade do que é ser professor ao
longo da carreira docente.
Estágio Curricular Supervisionado II Fase de execução:
prática de sala de aula nos anos finais do ensino fundamental. São
propostas ações para a prática e o aprofundamento do processo de
construção do conhecimento. É a fase da elaboração do planejamen-
to a partir de propostas de ações para a prática que será vivenciada
na unidade escolar em questão, durante esse período. O professor
orientador de estágio assumirá papel preponderante nesta fase, fun-

14
3
cionando como observador, orientador e facilitador do processo de
crescimento do estudante, mediante acompanhamento e avaliação

nos quais, além de se discutir a prática vivenciada pelos alunos, serão


também propostas ações de reencaminhamento da prática (ação /
reflexão / ação), dentro das 90horas previstas para estas etapas.
Essa etapa de estágio se deu também em dois momentos: na uni-
versidade ocorreu a orientação aos acadêmicos sobre a elaboração do pla-
no de aula para as séries finais do ensino fundamental e outro momento
ocorreu nas escolas de suas comunidades, referente à execução da pro-
posta do estágio em sala de aula. Vale destacar que esse último momento
foi acompanhado pelos professores orientadores do estágio.
Estágio Curricular Supervisionado III Fase de execução:
prática de sala de aula no ensino médio. São propostas ações para
a prática e aprofundamento do processo de construção do conheci-
mento. É a fase de construção do planejamento a partir de propostas
de ações para a prática que será vivenciada na unidade escolar em
questão, durante esses períodos. O professor orientador de estágio
assumirá papel preponderante nessa fase, funcionando como obser-
vador, orientador e facilitador do processo de crescimento do estu-
dante, mediante acompanhamento e avaliação dos trabalhos
e encontros mensais no tempo universidade, nos quais, além de se
discutir a prática vivenciada pelos alunos, serão também propostas
ações de reencaminhamento da prática (ação / reflexão / ação), dentro
das 120 horas previstas para esta etapa.
Estágio Curricular Supervisionado IV Neste estágio foi
elaborado e desenvolvido um projeto de extensão com a participação
da comunidade. Constitui-se o momento que culminou com o tér-
mino do estágio, dentro das 135 horas previstas para esta etapa.
Esta última etapa do estágio, que também aconteceu nesses
espaços citados anteriormente, foi bastante profícua: as outras três
etapas possibilitaram aos acadêmicos fazer um diagnóstico da temá-

144
tica em suas comunidades, para então se elaborar e desenvolver um
projeto que envolvesse a comunidade escolar e local no sentido de
contribuir e aproximá-las.
Vale mencionar que todas as etapas de estágio curricular super-
visionado realizado pelos acadêmicos foram trabalhadas em dois mo-
mentos: tempo universidade e tempo comunidade. Nesse sentido, o
estágio curricular supervisionado realizado nessa perspectiva da alter-
nância possibilita uma formação condizente com a proposta do curso.

Com o intuito de ampliar as reflexões produzidas nesta pesqui-


sa, a seguir são mencionados e analisados alguns relatos dos discentes
a respeito da importância e realização do estágio curricular supervi-
sionado no curso de licenciatura em Educação do Campo com habi-
litação em Artes e Música, bem como seus desafios e perspectivas da
realização e desenvolvimento do estágio.
Como primeira questão, foi perguntado: Para você, o que signi-
fica estágio curricular supervisionado? Os entrevistados responderam
da seguinte maneira:

Entrevistado A (2017):
Significa observar e anotar tudo em uma unidade
educativa para depois fazer a sua análise de como está
ocorrendo o ensino em uma determinada escola.

Entrevistado B (2017):
Antecipar um aprendizado e experiências pedagógi-
cas realizados de forma prática na escola, indo ao en-
contro do que é diferente da teoria, enquanto ainda se
está na universidade.

14
5
Entrevistado C (2017):
É um meio de aproximação entre o aluno e o profes-
sor, dessa forma torna o aluno com mais facilidade
para desenvolver suas competências cognitivas e atua-
ção dentro das atividades em uma escola da comuni-
dade ou fora.

Entrevistado D (2017):
O estágio é uma preparação para que possamos apren-
der e planejar nossas aulas de acordo com a necessi-
dade dos nossos alunos, na qual irei atuar como futura
educadora do campo, somando conhecimentos junto
aos discentes para viver no meio social.

Entrevistado E (2017):
É o acompanhamento do professor na prática do alu-
no como docente, que resultará numa troca de conhe-
cimento entre ambos.

Entrevistado G (2017):
No meu modo de pensar é uma preparação e adap-
tação.

Entrevistado H (2017):
É uma preparação para se tornar professor, é quando
a gente vive um pouco do que vem futuramente na
minha profissão.

Entrevistado I (2017):
Significa colocar em prática o aprendido na teoria
aproximando o profissional em formação da sua fu-
tura profissão.

De acordo com as falas dos entrevistados, percebe-se que os


discentes têm conhecimentos acerca do significado do estágio curri-
cular supervisionado, visto que estas concepções estão em consonân-
cia com que está explicitado no PPC do curso a seguir:

146
O estágio supervisionado é um espaço imprescindível
na formação do educador. Lócus apropriado onde o
aluno desenvolve a sua aprendizagem prática, o seu
papel profissional, a sua responsabilidade, o seu com-
promisso, o espírito crítico, a consciência, a criativida-
de e demais atitudes e habilidades profissionais espe-
radas em sua formação (UFT, 2013, p. 108).

Essa citação coaduna também com o Entrevistado F (2017)


-
fissional acompanhada de novos conhecimentos e expectativas onde
o estagiário começa a ter o primeiro contato tanto do espaço e sua
realidade em si, quanto da profissão e práticas que o mesmo pre-

dialogam com a literatura científica da área a respeito do estágio,


principalmente com Pimenta (2010), quando a maioria afirma que o
estágio é um meio ou oportunidade de se aproximarem do contexto
escolar, dos professores, ou mesmo, de se prepararem, na prática, para
o exercício da docência. Contudo, assim como mencionado anterior-
mente, o estágio não deve ser considerado meramente como uma

educando conhecimentos acerca da docência em sala de aula.


Ao questionar como eles percebem o estágio para a formação de
professor para atuar em escolas localizadas no campo, assim relataram:

Entrevistado A (2017):
O estágio é de grande relevância no processo educa-
tivo da formação de professores, pois temos a oportu-
nidade de analisar o que dá certo e o que não dá certo
dentro da sala de aula e, dependendo da metodologia
do professor, o aluno pode aprender ou não

Entrevistado C (2017):
Sim, pois é através desse primeiro contato que a pes-
soa irá ter uma aproximação direta com as realidades
corriqueiramente que uma escola do campo tem.

14
7
Entrevistado F (2017):
Bom, o estagiário enquanto a sua atuação e sua for-
mação quando se atua em escola do campo, o sujei-
to tem que ter a sensibilidade de buscar conhecer as
necessidades e realidade do espaço que deseja atuar.
Se o estagiário conseguir obter essas características no
decorrer do seu estágio, será capaz de ver e perceber
que essa será uma disciplina importante tanto em sua
atuação futuramente enquanto professor quando para
a escola e os sujeitos ali inseridos.

Em suas falas fica evidente o quanto o estágio curricular super-


visionado é essencial para a formação de educadores para o campo,
uma vez que é um momento que possibilita aos estagiários terem
contato com a realidade dos sujeitos com os quais atuarão futura-
mente nas escolas do campo. Sobre essa questão Andrade e Resende
(2010, p. 232) asseveram que:

Na formação do professor, o aluno deveria se apro-


ximar da realidade da sala de aula e da escola para
que, a partir das observações realizadas e das vivências
nesse contexto, fosse possível fazer uma reflexão sobre
a prática pedagógica que aí se efetiva. Essa reflexão
proporcionaria a (re)construção de conhecimentos e
de saberes essenciais à sua formação.

Portanto, essa aproximação com o contexto permite ao estagiá-


rio estabelecer a relação entre a teoria e a prática que possibilita uma
reflexão da construção dos saberes inerentes à formação do educador
do campo.
Ao serem perguntados como foi a sensação / experiência de
estagiar na disciplina de Arte, visto que a maioria dessas aulas na
educação básica se refere às artes visuais, responderam da seguinte
maneira:

148
Entrevistado A (2017):
Foi uma experiência muito boa, mas ao mesmo tempo
percebe-se o quanto a disciplina de Arte ainda hoje é
desvalorizada em nossas escolas e tida como a disci-
plina tanto para professores como para os
alunos.

Entrevistado D (2017):
Devido não ter materiais pedagógicos na escola dificul-
ta muito a aprendizagem dos alunos nesta disciplina.

Entrevistado H (2017):
A minha experiência dentro estágio na disciplina de
Arte foi gratificante, pois pude perceber com mais
clareza que arte é mais do que eu imaginava, pois
achava que artes era só desenho e pintura e, dentro
do curso Educação do Campo, tive a oportunidade
de aprender que a arte está envolvida no nosso coti-
diano. Foi uma experiência muito interessante, pois
percebi que apesar dos professores que lecionam não
são formados na área mas, os conteúdos das aulas são
muito bons e melhor ainda foi sentir que estávamos
preparados para dar aquela aula.

Entrevistado I (2017):
A experiência de estagiar na disciplina de Arte foi
muito enriquecedora por me fazer valorizar as outras
linguagens e ao ver os alunos olhando com um olhar
diferente para as novas abordagens trabalhadas em
Arte, foi uma experiência única e recompensadora.

Entrevistado C (2017):
Uma experiência bastante agradável, só não foi me-
lhor, pois a bagagem que tinha em mãos não era o su-
ficiente para ter me sentido mais confiante, ainda sim
fiz um trabalho excelente com conclusão. Contudo, de
certa forma, o pouco de experiência que já tinha em
sala de aula, ainda que não foi na disciplina de Arte,
mas deu pra conciliar um pouco do conhecimento que

14
9
adquiri na formação básica com as experiências vivi-
das no cotidiano.

Entrevistado F (2017):
Foi uma sensação cheia de expectativas... Não pos-
so falar que foi boa ou ruim, foi um aprendizado de
oportunidades, pois foram experiências em que pude
conhecer o que desconhecia em que a realidade e a
necessidade da disciplina de Arte e artes visuais na
escola são bem visíveis, devido aos poucos materiais
didáticos para se trabalhar com a disciplina de artes
visuais, fazendo com que os profissionais venham tra-
balhar mais a teoria e pouca a prática, enfim foi um
aprendizado com novas ideias futuras de trabalhar a
disciplina.

É importante observar pelas falas de um dos entrevistados que


a disciplina de Arte ainda é vista nas escolas como uma disciplina não
muito relevante, em comparação com as demais do currículo escolar.
Acredita-se que talvez seja até por falta de profissionais em artes para
trabalhar tal disciplina, com formação na área, no estado do Tocan-
tins e também da falta de conhecimento dessa área para a formação
cultural e estética do aluno. Além disso, ficou também evidente na
fala de um dos entrevistados que o mesmo tinha esse mesmo concei-
to da disciplina de Arte antes de fazer o curso de Educação do Cam-
po. No entanto, por meios dos conhecimentos adquiridos no curso
foi possível perceber essa importância que a arte representa para a
vida dos sujeitos camponeses.
Com este sentido, Pimenta (2010, p. 88) relata que o professor,
[...] é um profissional que ajuda o desenvolvimento
pessoal e intersubjetivo do aluno, sendo um facilita-
dor de seu acesso ao conhecimento; é um ser de cul-
tura que domina sua área de especialidade científica
e pedagógico-educacional e seus aportes para com-

150
preender o mundo; uma análise crítica da sociedade,
que nela intervém com sua atividade profissional; um
membro de uma comunidade científica, que produz
conhecimento sobre sua área e sobre a sociedade.

Diante do que a autora expõe, fica explícita a relevância de que


o profissional da área de artes deve conhecer e dominar as especifi-
cidades pedagógicas e seus elementos teóricos, tendo em vista a sua
contribuição mais sólida para a formação dos sujeitos do campo.
Em relação à proposta do curso em alternância para realização
do estágio, os entrevistados justificaram que:
Entrevistado A (2017):
É um ponto positivo, pois no tempo comunidade
temos a oportunidade de colocar em prática tudo o
que aprendemos no tempo universidade. E a partir
daí podemos frequentar o local do estágio para poder
estagiar e anotar tudo que for relevante.

Entrevistado B (2017):
Um ponto positivo foi essa troca de experiência entre
acadêmico e escola, pois é fundamental na construção
de um bom profissional.

Entrevistado C (2017):
Positivo, pois dá tempo pra realizar o estágio sem
atrapalhar as aulas na Universidade.

Entrevistado D (2017):
No meu ponto de vista foi um ponto positivo, por-
que essa questão da alternância é o tempo que a gente
localiza a escola para estagiar de acordo com a dispo-
nibilidade do professor atuante na disciplina, pois a
mesma só tem uma aula semanal.

Entrevistado E (2017):
Positivo, pois o discente tem mais tempo para prepa-
rar os materiais para desenvolver o estágio.

15
1
Entrevistado F (2017):
Penso que a proposta do curso de alternância é um
ponto positivo, pois essa divisão de tempo entre co-
munidade e universidade serve como um meio de
preparação e elaboração dos conteúdos a serem mi-
nistrados no estágio.

Entrevistado G (2017):
Positiva, nós alunos temos pouco tempo, mas a alter-
nância possibilita organizar nosso tempo, e isso é algo
maravilhoso.

Entrevistado H (2017):
Bastante positivo, pois assim dá tempo para fazer o
estágio com calma.

Entrevistado I (2017):
Se o calendário for construído pensando no tempo ade-
quado ao desenvolvimento do estágio com todos im-
previstos suscetíveis, o estágio do curso em alternância
não prejudicará o estágio em nada, portanto, positivo.

Nesse sentido, é possível concordar com Aires (2015) ao afirmar


que a alternância é compreendida como uma alternativa pedagógica
para os povos que vivem no e do campo, e que se constitui em uma
dinâmica de interação em diferentes espaços de aprendizagem (escola,
família, comunidade). Com efeito, essa pedagogia se apresenta,
como meio para atingir a finalidade de reflexão e ação
e no e com o contexto do tempo. É o movimento al-
ternado potencializado por uma organização imbricada
em um contexto que se propõe um processo de apren-
dizagem pautado na relação que diagnostica, proble-
matiza, reflete. Dialoga, planeja e age através do coleti-
vo (VERGUTZ; CAVALCANTE, 2014, p. 376).

É nesse viés que a alternância deve ser pensada para além de uma
proposta metodológica de ensino, visto que a dimensão da ação e da

152
reflexão acontece por meio do diálogo, em que o processo de ensino e
aprendizagem busca a transformação da realidade (FREIRE, 1987).
No entanto, ao serem questionados como os estagiários veem
a teoria e a prática para realização do estágio, assim se posicionaram:

Entrevistado A (2017):
Na teoria precisa mais de organização para facilitar a
nossa observação, pois sempre no estágio ficam muitas
dúvidas, principalmente no preenchimento das fichas.

Entrevistado B(2017):
Ambas têm algo em comum: o planejamento. A di-
ferença é: a teoria não é flexível... só a prática, tudo
pode mudar.

Entrevistado C (2017):
Na teoria parece um pouco difícil e complicado, mas
quando me sentei com as professoras regentes das Es-
colas que estagiei, que uma foi na escola do Ensino
Fundamental e a outra do Ensino Médio... quando as
professoras me mostraram os conteúdos que as mes-
mas estavam trabalhando, logo pensei que não iria dar
conta, só que quando fui pra prática, descobri que não
era tão complicado.

Entrevistado E (2017):
De forma contundente, sem a teoria a prática fica im-
possível de ser realizada com sucesso.

Entrevistado G (2017):
Muito boa... entender algo e depois executá-lo nos permi-
te atingir a excelência ou aproximar o máximo da mesma.

Entrevistado H (2017):
A teoria nos dá o suporte para trabalharmos na sala
de aula e nos ajudar em muitas situações, nos dando o
conhecimento necessário para resolver os problemas
que aparecem na hora da prática.

15
3
Entrevistado I (2017):
A teoria e a prática se completam para a profissiona-
lização em qualquer área e não seria diferente na for-
mação do profissional professor, portanto necessária.

Alguns alunos demonstraram a importância da teoria para a práti-


ca da docência no estágio realizado nas escolas. Outros alunos deixaram
claro que a teoria se mostra um pouco mais complexa que a prática do
estágio. Contudo, a maioria está em consonância ao dizer que tanto a
teoria quanto a prática são indissociáveis e fundamentais para o exercício
da docência na disciplina de Arte nas escolas pesquisadas.
Outra questão levantada foi a respeito da avaliação que eles fi-
zeram dos professores / orientadores do curso de Educação do Campo
frente à organicidade do Estágio. Suas respostas foram as seguintes:
Entrevistado A (2017):
O professor é ótimo para explicar as coisas para os
seus alunos e também está sempre disponível para
atender os discentes que precisam de alguma ajuda.
Ele é um excelente profissional e realiza o seu traba-
lho com honestidade e respeito.

Entrevistado B (2017):
É boa no sentido administrativo, e de orientar quanto
às dúvidas, mas deixa a desejar no sentido de ir
acompanhar os educandos, mas essa é uma questão
que pertence ao corpo docente do curso não só aos
professores frente à organização do curso, exemplo
disso foi o último estágio realizado na Aldeia São
José, acompanhado pelo professor responsável.

Entrevistado C (2017):
Na minha visão e experiência de estagiário, foi o me-
lhor estágio, pois estou convicto que o meu orientador
participou das mesmas experiências que eu ou parte
dela, enquanto ambiente, no sentido de socialização.

154
Entrevistado D (2017):
A minha avaliação seria 8, não pelo fato de não ter
feito um trabalho perfeito, mas pelo simples fato de
que cada um dos professores pareciam estar bem ata-
refados com outras atividades, dentro e fora da Uni-
versidade, isso também foi despertando uma falta de
interesse da parte dos alunos.

Em seus relatos, é possível verificar que a maioria afirma da im-


portância e ajuda dos professores do estágio na orientação e execução
do mesmo nas escolas, mesmo, em algumas falas, deixarem claro que
o professor poderia ter acompanhado melhor os estagiários durante
as observações realizadas.
Quando se perguntou aos estudantes se após a realização do
estágio eles se sentiam preparados /preparadas para atuar como edu-
cadores / educadoras do campo, foi possível observar pelos depoi-
mentos que o estágio permitiu a eles uma visão maior a respeito do
processo educacional, bem como da educação do campo:

Entrevistado A (2017):
Sim, pois ao longo deste curso tive a oportunidade de
conhecer melhor sobre a educação do campo, apesar
de morar na zona rural não tinha essa visão de hoje,
pois havia muitas coisas presentes ao meu redor que
eu não percebia e, isso com certeza, me faz sentir mais
confiante para atuar em sala de aula.

Entrevistado C (2017):
Sim, preparadíssima, tanto que deixei meu número
de contato na escola que estagiei do ensino médio, de
aviso, na ausência de um professor, pode me chamar
para substituir.

Entrevistado D (2017):
Sim, porque dentro do curso tive várias experiências
para levar para a prática educacional, para contribuir
na formação dos discentes do meu município.

15
5
Entrevistado E (2017):
Sim, porque pude entender as demandas que o cam-
po nos oferece como educador, tendo em vista que o
campo é um setor defasado por falta de recursos, e
o curso oferece o suporte necessário no preparo do
docente que atuará nesse setor.

Por isso se entende que o estágio na docência, além de ser um


dos elementos indispensáveis e inerentes à formação do educador,
possibilita a ele, a partir da experiência ocorrida no contexto escolar
e universitário, disseminar o conhecimento obtido durante as aulas
teóricas do estágio na universidade.
Quanto aos desafios e dificuldades enfrentados no decorrer da
realização do estágio, os entrevistados disseram que:

Entrevistado A (2017):
Em 1° lugar devido à faculdade não possuir um local
apropriado para a gente permanecer durante as aulas;
[...] e o último é porque devido à gente vir de uma
escola aonde os professores não exigiam e não cobra-
vam tanto da gente... passei por muitas dificuldades
quando cheguei aqui na universidade em relação aos
trabalhos propostos.

Entrevistado C (2017):
Um pouco foi pela questão da alternância, pois tinha
vez que quando estávamos no TC, algumas das esco-
las já estavam de férias ou mesmo em greve, sendo as
estaduais. Outra questão foi das fichas para realização
do Estágio.

Entrevistado D (2017):
A maior dificuldade foi a falta de material pedagógico,
e o fato dos alunos não darem valor a essa disciplina.

Entrevistado F (2017):
Continuo ressaltando a falta de comunicação entre

156
universidade e escola, devido o difícil acesso à escola,
porém no primeiro momento fui barrada no portão
da escola, pois segundo o diretor era preciso um do-
cumento que liberasse o devido acesso à escola e sala
de aula... precisava conseguir na Diretoria Regional
de Ensino de Araguaína... depois de uma semana de
correria e espera a questão foi resolvida. No segundo
momento, no decorrer do meu estágio pude perceber
a falta de interesse por parte dos alunos quando se
referia à disciplina de Arte, pois no horário das aulas
a maioria dos alunos queria ir embora, pois queriam
mesmo era só fazer um trabalho e entregar na próxi-
ma aula, e por fim, o horário das aulas que por ser à
noite a disciplina era ministrada por último, sempre
nas segundas-feiras e sextas-feiras, o que dificultava
muito a compreensão e o entendimento dos alunos
fazendo com que os mesmos perdessem o interesse
pela disciplina de Arte.

Entrevistado H (2017):
Primeiramente a duração das aulas que é de quarenta
minutos... achei o tempo muito curto para desenvol-
ver tudo que é proposto para a aula, e segundo a falta
de material para fazer uma aula diferenciada também
pesou bastante.

O que se percebe com as falas dos entrevistados é que esses


desafios e dificuldades são de naturezas diversas, podendo ser insti-
tucionais tanto da instituição formadora como da escola-campo;
relacionados aos professores; relacionados aos alunos, dentre outros,
com destaque para burocracia da entrega e preenchimento da quan-
tidade de fichas/formulários para iniciarem e concluírem o estágio
curricular supervisionado, sendo esses obrigatórios pela própria uni-
versidade.

15
7
O estágio curricular supervisionado é uma disciplina teórico-
-prática do processo de ensino e aprendizagem e constitui-se como
componente curricular obrigatório para todos os graduandos do cur-
so de licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Artes
e Música, configurando-se como vivências profissionais necessárias à
formação acadêmica, destinadas a propiciar ao graduando a aprendi-
zagem de aspectos que contribuam para sua formação profissional.
Com base nos dados obtidos neste estudo é perceptível a impor-
tância do estágio para a formação de educadores e educandos para o
campo. Todavia é enfatizado também pelos envolvidos nesse processo
(docentes e discentes) que há ainda muitos desafios a serem superados
para realização do estágio, que vão desde a parte burocrática de preen-
chimento de incansáveis fichas/formulários até as questões específicas
do próprio curso e instituição, como: falta de recursos financeiros para
acompanhamento dos estágios nas instituições de ensino; organização
do curso em tempo universidade e tempo comunidade; atendimento
de alunos de vários municípios; falta de acompanhamento por parte de
alguns professores orientadores; desvalorização da disciplina de Arte
nas escolas; falta de interesse dos alunos para com a disciplina de Arte;
falta de profissionais formados nas áreas de Artes e Música para minis-
trarem Arte; falta de auxílio em alguns momentos por parte da Central
de Estágio do campus de Tocantinópolis, dentre outros.
Posto isso e, a partir da experiência do estágio no curso de
licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Artes e
Música, este estudo trouxe uma série de reflexões e questionamentos
acerca da maneira como os cursos e as universidades estão atuando
na formação de educadores para o campo: como está ocorrendo o
estágio docente nos cursos de licenciatura em Educação do Campo
no Brasil? Qual a sua real contribuição na preparação desses futuros
profissionais? Será que os alunos dos cursos de licenciatura na Edu-

158
cação do Campo são adequadamente preparados para se tornarem do-
centes para atuarem no contexto do campo? Essas são apenas algumas
questões que surgiram ao longo do desenvolvimento desta investigação
e que se entende serem necessárias socializá-las neste estudo.
Diante disso, para que o estágio se realize a contento, faz-se
necessário muito compromisso de todos os sujeitos envolvidos nesse
processo, principalmente das instituições de ensino envolvidas. As-
sim, para superação desses desafios enfrentados no curso de licencia-
tura em Educação do Campo, da UFT / Tocantinópolis, demanda
a elaboração de uma proposta de estágio conjunta entre as institui-
ções formadoras e as escolas, no sentido de garantir ações que ve-
nham atender aos diversos sujeitos, principalmente os da Educação
do Campo. Sobre isso, Pimenta (2010) acrescenta que os estagiários
consideram que é urgente a necessidade de parceria mais ativa e efi-
caz entre as instituições formadoras (universidade e escola) sobre a
reestruturação do estágio e da forma como é concebida a disciplinas
nos cursos de licenciaturas no Brasil, o que, de fato, entende-se não
ser diferente nos cursos de Educação do Campo.
É possível dizer, portanto, que as transformações socioculturais
e econômicas ocorridas no final do século XX ocasionaram mudan-
ças profundas e significativas no mundo do conhecimento, deman-
dando, assim, por profissionais altamente qualificados e com múl-
tiplas habilidades (ALVES; BARBOSA; DIB, 2016), em especial
no que se refere à Educação do Campo, que possui características
que precisam ser compreendidas pelos educadores que atuarão nesse
contexto. Dessa maneira, é fundamental ao professor a habilidade
de compreender a realidade na qual está inserido e a atuar de modo
efetivo na transformação do profissional atual e na devida formação
do educando para o futuro.
Assim, espera-se que esta pesquisa possa contribuir para am-
pliar as discussões a respeito da formação de professores e do estágio
curricular supervisionado nos cursos de Educação do Campo, bem

15
9
como instigar mais estudos sobre esse tema em pesquisas científicas,
com o objetivo de contribuir para a produção de conhecimento na
área, ainda incipiente no Brasil.

AIRES, B. F.; COSTA, S. Q. (Orgs.). Manual de estágios. Palmas:


Fundação Universidade Federal do Tocantins, 2016.

AIRES, H. Q. P. Um olhar sobre a pedagogia da alternância em


escolas no Estado do Tocantins. 180f. Dissertação (Mestrado em
Educação). Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2015.

ALVES, A. V. S.; BARBOSA, C. R.; DIB, A. Fundamentos peda-


gógicos e a formação do docente: a experiência do estágio à docên-
cia. Revista Docência no Ensino Superior, Belo Horizonte, v. 6, n.
2, p. 63-88, 2016.

ANDRADE, R. C. R.; RESENDE, M. R. Aspectos legais do está-


gio na formação de professores: uma retrospectiva histórica. Educa-
ção em Perspectiva, Viçosa, v. 1, n. 2, p. 230-252, jul./dez. 2010.

BARREIRO, I. M. F. Prática de ensino e estágio supervisionado


na formação de professores. São Paulo: Avercamp, 2006.

BRASIL. Lei n. 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional. Brasília: Câmara dos Deputados/Edições Câmara, 2013.

. Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o


estágio de estudantes. Brasília: MEC, 2008.

160
. Parecer CNE/CEB n. 35/2003. Dispões sobre as normas
para a organização e realização de estágio de alunos do ensino mé-
dio e da educação profissional. Brasília: MEC/CNE/CEB, 2003.

. Resolução n. 2, de 1º de julho de 2015. Define as diretri-


zes curriculares nacionais para a formação inicial em nível superior.
Brasília: MEC/CNE, 2015.

BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em


educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Tradução de
Maria João Alvarez. Porto: Porto Editora, 1994.

CURY, C. R. J. Estágio supervisionado na formação docente. In:


LISITA, V. M.; SOUSA, L. F. (Orgs.). Políticas educacionais, prá-
ticas escolares e alternativas de inclusão escolar. Rio de Janeiro:
DP&A, 2003, p. 113-122.

DEMO, P. Pesquisa e construção do conhecimento: metodologia


científica no caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasi-
leiro, 1994.

. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo:


Atlas, 2000.

DIRETRIZES CURRICULARES DO ESTÁGIO SUPERVI-


SIONADO DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDU-
CAÇÃO DO CAMPO COM HABILITAÇÃO EM ARTES
VISUAIS E MÚSICA. Departamento de Educação do Campo.
Campus de Tocantinópolis. Universidade Federal do Tocantins, 2016.

ERICKSON, F. Qualitative methods in research on teaching.


Michigan: The Institute for Research on Teaching, 1985.

16
1
PIMENTA, S. G. Estágio e docência. 4. ed. São Paulo: Cortez,
2010.

UFT. UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS. Pro-


jeto político pedagógico do curso de licenciatura em Educação do
Campo: Códigos e Linguagens - Artes e Música, 2016.

VERGUTZ, C. L. B.; CAVALCANTE, L. O. H. As aprendiza-


gens na pedagogia da alternância e na educação do campo. Revista
Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v. 22, n. 2, p. 371-390, jul./dez.
2014.

162

Anda mungkin juga menyukai