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questinnamen los, a obra de Pierre Bo111 h u t
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respostas originals renovando o pens, rn 1nt<


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so br~ as !unções e o f undonamentd
de ensü10 nas sociedades conten1por nf.n .,
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rei.ações que rnantêm os diferentes grupn·.
escola e <..om o saber. Conce itos e catec e r 1 1
por ele construídos constituem hoje n1of d (1ff tH
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DE
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pesquisa educacional, írnpreg nando. com 4., •u lto f
xplicat1vo. boa parte das nálises brasileir11s
condições de produçào e de distribuiçao do b r 1.
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cuJ turais e s1mllóíicos entre os quais se ind11 tii
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obviamente os produtos escolares. J>t
EStf1 livro fo~ organizado com o intuito J€ ui n ' •r,
língua portuguesa, a um1público de pesq Isa l r H, " o
e('.tudiosos e especialistas em educação, um ~ ,,
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r lc u11s dos mais importantes escritos do au o n
d educação e de ensino. que ainda não est varri .
t.O

isponiveis em nosso país - boa parte dos q ul 1 ~


publicados originaln1ente na revísta Actes de la R °'ru-·
......,;

en Sciences Socialesr cria.da por Bourdieu ern 1 7' ,


hoje por ele d i ri gida'~_ J:>
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EDITORA -·
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oo v do p lo flon• l•vro
'"Espera-se do·
...
sociólogo
1

que, àmedida do prof~ta., dê 1

resposta~ últimas ,e
(aparenten1 ente) sistemáticas
às questões de vida ou de
n1orte que se cotocam no dia-
!
a..,dj a da existência soe ia l. E '
lhe é .recusada a l unção. q uc
ele tenl direito de rcivindkar,
corno qualquer cíentí sta de
d ar respostas prec i ~as e
verificáveis apenas às
questões qu~ está em
condições de colocar 11

cienti ficament,e: quer dizer,


ron1pendo com as perguntas
1

postas pdo sensQ con1utn. e


tnmb6m pelo jornalisn10.
.Não dtwe entender-se çom
isto que cfo deva assumir o
papel de perito ao s~rvic,;o dos
poderes... Doravan.te, a
~ociologia estará tão "'egura de
s1 mc-s1na q~e dirâ aos
pol ític.os que nao pode1n
pretender governar cm non1e 1

de uni vc~os dos quai ~.


1

ignorem as leis de
funcionamento rnais
el en1 entarcs. ''
Piet"t'e Bourdit>u
PIERRE BOURDIEU
1 ·ÇÃo , "NCIAS SOCIAIS DA E DUCAÇl\O
Coord'9ntidores ~ Maria Alice NoglJ~irn e l.k.a Plnhii!iro Pah~ão

- O su/~ilo da ea't~caçi;jo
Tomt.tz Ti21cfeu da Siiva •:org.)
~ i'"leolll.JeraN.srno, q uf:'Jl1cimfo to tai e e,focação
Tornaz Tadeu ck1 Silva e Ptiblo Genlill (orgs.}

1eol"J'1 ç rHft.-a. ~ & u<:ação


Bruno Pucd {ory. ~
ESCRITOS DE
- Currfctdo- Teorrr:: e histôrlo
Jvor F. GcXldson -
EDUCAÇAO
- C.scri tos de edw:;açào
fl.·fori.a Alice Nogu~lni e Afrânlo Cit~ni (or!~s.)

- 1-àmWa e escola ... Tm.teiórjas de esw!arlzaç.ão ern camadas médkls e popi1la re,.,
Maria Alice Nogueira, Gera ldo Romi!r1clli e Nadir higc1 {orgs.)
Seleção, organização, introdução e notas
- A escola r!.r..açdo das eliles Maria Alice N9gueira
Atrc.l Maria Fonseca de Akr1eldei e Maria .~llcc Nogl1cfra (urg~.) .Afrân.io Catani

Blb Q:._. ~..>\.Cb


Hor,1em pi'w•a! - Os det etrn lricm tes da ação
Bern~r<lLa! 1h'e
Tombo Nit Clj <::5l
Cls.u 3~ ..o~s. lj
C11tter _ ~ "E' 1 J}_
(lti cl ~l ~iCA
rreço ~€ 4
V1t _______

Dados Internacionais de Catalogação na PubJlcação (CCP)


(Câmara Brasileira do Livr-0 1 SP, Bra~U)

Escntos de. educaçã.o / Matla Alice Noguclra e Afrãnío


Catani (organh~.adom.c;}, 9. ed. - Petr6polis 1 ~~ : Vozesr 2007. -
(Cfênda_c; .sociais da ed ucaçàu}.

JSBN 978-85-326.-2053-8

1. Educoçtlo 2. Socio logla cducadonaJ 1. Catem[, Afrân~o .


H. Nogueira, Mnrh Alke. UL Título. IV. Série.

96 0345

fndlccs para C<ltúlogo sisternfl lk:o:


CDD~370. 19
l/i EDITORA
Y VOZES
1. Soclul~U3 P.ducaclarui.I 370.19 Pe1r6poll
® P1erre Bourdieu
© 1998, Editora Vozes Lida.
Rua Frei Lu ls ~ 100
25689-900 Petrópolis, RJ
SuMÃRro
lntern êt: hn p: //v.r1;v\1Y'. vozes. c:om.br
Brasil

Todos os d1re1tos reservados. Nenhurna parte desta obra poderá ser Urna sociologia da produção do mu11do cultural e escolar
reprodu7.lda 01..1 transmltjda por qualquer forma e/ou quaisquer meios (1\IIaria AIJce Nogueiro e Afrdn io Catani), 7
(eletrônlco ou mecânico., incluindo foroc6p1a e. gravação) ou arquivada
em qualquer sistema ou bQnco de dados sem permíssão escrita da E<li1 ora. Prefácio~ Sobre as artimanhas da razão iTnp'2rialista, 17

1. Método científlco e hierarquia social dos objetos, 33


·•Et ouvrag~, publié dans le cadre du programme de partlcipatlon à la n A escola conservadora: as desiguak:lades fn~nte à escola e à cultura, 39
publication, bénéficie du souUen du Ministêre fmnçals. des Affa1rªs
Etrnngéres, de l ~An1bassade de France au Brésil et de. ta MaJson UI. O capita] sod~i - notas provisór•as, 65
Française de R~o de Janeiro."
N. Os três estados do cap)tai cukural. 71
V. Futuro de dass~ e causalidade do provável, 81
"Este livro1 publicado no âmblto do programa de partic]pação à
publicação, contou com o apoio do Ministério francês das Relações VL O diploma e o c-Çirgo; n~Jações entre o sjstema de prcdução e o
Exteriores, da Embaixada du Franca no Brasll e da Maison française do sis1ema de reprodução, 12 7
Rio de Janeiro" .
VII. Cl~ss tficação. desclass ificel~o1 redasslfkaç~o, 145

vm. As categorias do juizo professoral, 185


Edttoraç~oe org. literária : Jaime Clasen
Capa: Susana Callegari IX. Os excluído... do jnterlor: 217
X. As contradições d a herança. 229

XI. M,edalha clª ouro do CNRS 1993. 239


lSBN 978-85-326-2053-8 Anexo I: Quadro cornparatívc dos sistemas de enslno -
Brasil/França, 249
Anexo 11: Significado das siglas, 251

Este llvro foi composto e àmpre.sso pela Edltorn Vo2es Lida.


UMA SOCIOLOGIA DA PRODUÇÃO
DO MUNDO CULTURAL E ESCOLAR

A décad~ de 60
sociais
c1ªnclas
podº S'2r considerada um p_er!odo de IQusro para as
francesas : un1 acelerado processo de desenvolvim,ento,
·»~pressa sobretudo na arctpliação do número ~e pesquisadores e no
crescimento do vollune da produção c1entlfica, levou ao aparecimento de
}Hmsadores como Pierre Bourdieu (l 9;30). cujo nomê despnnra ínltialmen-
P como criacJor, t:!m 1967, do Centro de Soc1ologia da Educação e da
C\tltura (CSEQ. sendo autor, juntamt?nt,e com J.ean-Claude Passeron , do
livro Les Hé ti t Iers (1964) uma das prindpats fanc~s inspiradoras dos
1
1
c""~' udan tes universitários rebelados em maio. de 1968. Desde então, as
.málises de Bourdieu dedicadas à sociologia da educação e da cultura
1 1 1d~carnm gerações de tnteJectuais e ganharam ra[Jidaroence notoriedade
m'c:ional e intémac1onaJ.
Ao mesmo tempo em que colocava novos qu€.f)tlonamentos. sua obra
lr1,neda riespos[M origlnals, reno\•ando o pensamento sociológico sobre as
li tnções e o func3onrun ento socia1 dos sistemas d~ ensjno n~~ sociedadc?S
11 nf\::rnporân~s , e .sabre as. relações que mantêm os diferentes grupos sodals
cr 1m a escola e com o saber. Conceitos e categorias anallticas por ele cons-
1n1ídas. consutuem hoje moeda correnrn da pesquísa educncional~ impregnan-
' 1n, c01n S0J alrn poder explicativo. boa parte das análises brasilekas sobre as
umdtções de produç.ão e de distrLbuição dos bens cu]turais s!mbólicos, º
•nh e os quais se induem obviamente os produtos esco]ares.
ste livro foí organ1zado com o intuito de oferecer em língua porl1,1-
'l'' •sa, a um público de pesquisadores. ·Qstudiosos e especialistas em edu-
'" çao. un a seleção -de aJguns dos n1ais jn1porte.ntes esçretos do aurnr ént
i 11 '1 ',,,lu. de. educaç_ão e de ensino. que ainda não estavam dispon1v~is ~m

'IL'ª " o livro u(! Bour&ru .e d'\!' P{!~C..":!, L~s h'êrit! •r. tum 01 1•'fe, por
I , I ~ 1v11 ~w d /m::ir.. C:S:r l!'y\!LJ
dl t~ 11o;1 llvto d. ceh~crnra dcs <>smà~!l1<'$ d!} maio'' - d. M'emórlas ·:tr<Jd. Oclr:ii,.fa .llJ:·y-e!i
t-.·.111~
Vdh1 '~ Rio ti • J.:mPir'rl. N Ji.'tl Frn1ueim; 2~ t.1tl., l CJ.H6 D· S2J

7
nosso pa1s - boa pa11~ dos quals publicados orlginalm.entf2 na rêvista Actes t 1 11 t~ objetosconsiderados -· d~-valotiz.ados" espernm de uni outro campo
de !a Recheri;he en Sdem;es Soôa:les (ARSS}, criada por Bourdieu en1
1t~ rL'Ct)mp0nsas qu~ o campo cientlfico lhes recusa de a11ten1ào.
1

1975, e até hoj(;! por 12Je dltigida.2


Apenas qua(ro anos antes d~ A Reprodução, o artjgo ''A escola
Ern se tratando d12. obra j"ão extensa, iara forçoso operar escolhas. o ron'.!. rrvadora: as desigualdadés frente à escola eà cultura!' (1966) asstnatou
1

que provaivehnent€ não fizen1os sem certa dose de arbitraliedad~. Gulou-


111 n t1:1pa decish:a na. exp~or.ação das funções ~sco1ares de reprodução
1

nos • .entretanto! a intenção de evitá-J.a ao mãxbno e o propósito de 1 ~hura l EZ d12 conservação sociaJ.
selecionar na obra, !nkialn1ente, aqueles momentos fortes do pensarnento.
marcados por te.xtos que tiveram vasta repercussão e jnfluênda na área; Hurnpendo eom a~ ex.pi kações fundadas em aptidões naturais e
L~m outro cr1tér~ó le\.·ou-nos ã opção por uabalhos que tentassem cobrir 111divldu~is e ensejando - de modo praticamente pioneiro - a crítica. do
os diferentes aspectos da questão educaclona1 que ocuparn o a utor, visando m li w do "dom ' , o autor desvenda as condiçoes soda.Is e culturais que
obt(2r uma certa r~presentattv1dade do conjunto do pensan1ento. p1.·r11 r!tirarn o de.setwolvim€nto deSs€ mito. E desmonta também os meca~
nhmos , través dos quais o sistíZtna de efl!!; lno tran3forrna as diferenças
A disposjção dos textos a partir da ordem cronológica cle public.ação não ltil4 L1I~ - r~sullado da transn1issão familiar da herança cultura] ~ em
nos paréee.u oonvenientà, porque! qu~br.arla a s-~üência rernâtica_ A ela p~·e­
l 1· k1u" ldades dé destino escolar.
foiimos uma êsn·ac~ia de apresentação que os agrupasse segundo os
diferentes aspectos da problernáHca de Bourd1eu no campo da educação. No~se momento da obra 1 já despontavam elementos que irão se reve1ar
T rata-se. pois~ de textos red1gklos ern momentos diferentes e 12rt1. distintos d11~ 'douros no pensamento! conquanto tenham sido ulteriormente 111elhor
çont~xtos, o qu.e toma no mínlmo amsca.do foJar~s42 de um corpus un1fkado. d~ ttc•rLVotvidos ou majs rígorosamerite. demonstrados . É o cas;.o 1 por €Xem-
pl11, da ênfase confer~da à relação çom o saber (em detrimento do saber
Integram assim a pres ente coletânea onie textc)S precédido~ d~ um
11 .1 m~srna) como uma d~s camcrªr[s[rcas princípais da teoria bourdieus-iana.
pri?fácio do autor e acresddo:;; dos anexos [ ~ H que fomecern. respectiva- (J, e·Jucandos proveníenU}~ de fan11lias desprovidas de capital. cu[t1..1rnl .apre-
rnenk~, as equivati2ncias emre os graus e as séries dos sistemas de ensino
~,~1 11 )'E1P l JJna re1ação corri as obras de cultura V€icuiadas pela esoola qu12. rnnde
francês e bra~jJe~~·o! e o signifkado das si.gl~s educadot1ais francesas qua
" ~e 'r Lnter~ssada tabmiosa! tensa, esfórçada, enquanto para os indivíduos
1
a.pan,::.cem nos textos.
o~ lqh1j.rlos de. meios é.'l..tlturQJmente privilegiados essa relação está marcada
ª'Método cientLfico e hierarquia social dos objetos"' {197.5) é um art1gô de: f"M; ll dllRtt.mrtismo,. desenvdtura, e:Jagânda. fadfidade velbal ''natural··_ Ocorre
ab€rhlrn, espécie de edítorbl pubHcado otigi11aln1énte no prirneiro nú.meto t1t1c, ti valiar o des€mpenho dos alunos. a escola leva em conta.sobretudo
de ARSS_ Para Bourdl~u, a exist~ncla nos campos d€ proouçao slmbóltca. de u 1n-.dent~ ou inconsctentemente - esse n1odo de aquísiçá9 (e us.o) do
uma hãerarquia dos objetos legitimos, legitin1áve]s ou lndjgnos corutit:Ui~~ !!!ffi h~·t ~1 1 e m outras palavra,s, €ssa relação com o saber_
umõ das mediações por meio das ·quais se irnpõe a censura e~p~df!ca de um
''Oi; 1r~s e!itadcs do capítal cu1tural ' e "O capital social - notas pro-
1

detmminado campo_ Na seu 12nNmder, • ad~fjniçãodom~nante das coisas boas


vt 1'111, •11 Ll}'.)&recera~n em ARSS, respectivamente1 ·em 1979 e 1980. São
de se dizer e dos Mn1as dignos de ]nteresse é um dos mecanismos 3deolõgtcos
t j(,., fun:damentais para a comp1·e~nsã11 dos esquemas expllcativos
que faze?m com que ·coãsas também muito boas de se dtZE!r rião sejam dltas e
d• ''IW lvidos por Bourdleu. Ele formulou o concdto de capital cultura~
com que temas não menos dignos de interesse. não ~ntere.ssem a ninguém. ou
t)nt.t d,n conta da d~iglJa~dade de desempenho escalar di2 c:rlanç<3s
5Ó possam ser tratados de n1odo envergonhado ou vicioso".
orfurnh,i·· de dfferentes cla!!:ises sociais, procurando rela.clonar o "suces50
Ê a biernrquia dos objeto~ que, consdente ou inconscientemente, oticmta 11
11 11.n (Isto é. os bet11efkios específicos qi1e as crianças clãs diferentes
os irp•.·es~imerito.s inteled\,lai.o; dos agentes, mediados p12la estruru.ra de opo~tu· ( 1 • i í '. e frações de d.asse podem o bt '2T no mercado escol ar) com a
nJdades de tucro macarlul e s1mb611co_ Asstrn, os produtor€S que ~rnbalhatn il h lb 11 dOi dessCt eapitãl êspedfico entre as classes ou frações de classe.
1 l 1u • t1.trLJ sigtüf1ca ··ur'nii) n~ptura com os pressupostos inerentes, tan to à
11 o • J e: Jfl 1urn que considera o sucesso ou fracasso escolar como efeito da5
:2 . Alnda e.sra por ser fdb il f.lrni.lis.:. (Í.::.; ::oruli~ões de, recepçõt (.fa oor-tt <lia BotmJieu oo Br .11, â 1jtlld11f' '11att.1rais, quanto às teoria.') do 'capital liumano'".
$ •tnclh.:i n~i!> &J =lll~ fe.z LoY.:: '1,\'f!lííllmm p:tl°"tl q Estf.l~O!ii Ur.ri::l~s_. em seu 1~to ~_B::iurrll~ll ltL
il c.iptt(lr cult tral ~xiste sob três formas, a 5aber~ .a} no estado rní
/\r:-ierira ! 11oles o n ~:he tmn~r'l~l.:inLic im i::orL(lbi::-n of social thootv l~r. CAL JO~ : N. C.: U~Ui,.1f\.
E. r! POSTON!:. M (·::irgs.f J3011rdiet~ Crti!c:::iJ Po?rsp.E".::J-ii....:.s, C mbrti.Je:. • P~bly Pr1•, , 1' t) '~) 1 111 rN 'rwio~ ~· b r.i forma de disposições du_ rá\.'eis do org.anjsmo. Sua
M~a . desd.a jti. t. pn!:!:i5°·,1lii !ilipar quE, Entre n-:le \o"fil"i~ki'l •SO;! o mesl!'l:.ã Íli!!LÜntúítt: .df:o cl~t~ 1hi:s 1 ' 111 m11 , :J ~.11 ~lgada. aq corpo'. exigindo incorporaç·fü:>. d~mê!rtdal tempo,
11 ~)tO (lo ~r.:in.1"· 1.x;in: ~ doi! ;m,:'iL1s1~ f!l~IJ>:>ku;.as- rrr;>r..ll:.i.:1i:fo1s p-. 1!i Lolaql-'T<1rk w \1 11 1 ~ti 11.
Bourdi~u e ·...·~i::u~d::.s r.<1 reo.isla /\eles do:: io Ru~1e'rch . t:r• $.::!'11~1"'1!' s'J IÇllfo~
bÇJ,I ho de i ncu lcação e as-sjffiilação. Esse ternpo t')ec4$~átlo
111 •0 111 ' • 1r1n 1 tr _
hi 11 , 1•1 ~ qv • l~dn p ~s oalrn et-1t e p~lo receptor - ''to.! eorno o bronieamen-
1

R
d , r;$fratég1as de reprodu~ão que utilizam para me]horar ou 1nanter sua
to , essa incorporação nao pod e efotuar· se por pt'ocuração'\ b)' no esrado
po!-líção na estrutura sociaJ".
ob}enuado. sob a fonna dí=! bens culturais (quadros, livros. dicionários.
instrun1e.r.tos. máquinas) , transmi ssíveis de maneira rel alivam~nte lnsran- A ·causalldade do provável·' é o resultado dessa espécie de dÊalética
1

tãnea quanto à propriedade jurídica. rodavia as condições de sua apro--- •'llh' => o /1abitus~ cujas antecipações prác1cas repousam sobre toda a
priação específica :s.ubme!~ern-se âs n1esmas leis de tran.srnissão do capiral ''>q1e riênda anterior, e as ·'s.ignificações prováve1s··, ou seja, o dado que
cultL1ral em estado incoroorado; e) no estado jnstituciona lizada~ conso1i- • ~l toma como percep~áo seletlva ~uma aprec1a,ç_ão oblíqua dos indicado-
J

dando~se nos titulas e cerliíkados escolares que , da mesrr~a maneira que h•r; do futuro, Assirn. ·'as prátlcas aparecem oomo o resultado desse
o dinheiro, guardarrJ r~latlva independência e.m :rei.ação ao portador do 'ucnnfro entr·e um agente predtsposto e prevenido e um mundo presu- 1

titulo. Essa ce1ijdão cle çnrnpeltência " instrtLJi o capfü~J cultura) pela magia rtiido, i.s[o é. o único que ~he é dado conhecerj'.
coletiva, da rnesma. forma que, segundo Merleau-Pon Ye os vivos ins.títuent O sis tema de estratég]as de reprod Ução pod~ ser def1nído com o
seL s morlos arravés dos ritos do auto''. P or mª-fo cles~a fo rma de cap~tal • •·r ~Oêndas ordenadas e ori~nt adas de prát[cas que todo grupo produz para
cultural é po~sivel colocar a questão das funções socb:1's do siste1ni;l de •,•produzir-se º.nquanto grupo. ~fa.recem destaqµ e, dentre putras, para o
ensino e de apreender as relaçôe::; que mat1tém c om o sistema econõrnlco. 1utor, as estratégzas de fecundidade. limitandosse o número de filhos e,
O capital sodt;l] é , pura B ourdieu. o conjunto de recurso~ (atuais ou l qns qüenmmente, reduzindo o total de pretendentes no patrimônio· ou,

potenciais) que! esi:ão ligados à posse de un 1a rn.d e durável de relações mais ln•1a, -0s estratégias indiretas de limjtação da focundtdade, como o casa·
ou rneno s 1nstitucionahzadas. em que o. age-ntes se reconhecem como l n4 nto tard~o ot1 o celibato. As estratégias sucessó ria s têm por fim a
parC:!~ ou con10 vinculados a dererminado~ s) grupo{s)'. Tais ag~nres são lt ~w1mtssão do patrimõn1o, com a menor possibiJ1dade de degradação. de
dotados de propriedades comuns e, também, encontram-se unldos através 11111u geraç5o a outra. As estra tégras educativas, consdeotes e tnc.onscten·
de Hga.·çoets p~rni.a;rh1ntes e úteis , A ssim ) o vohime do capital sc-c~aJ qua um I• :;, :s.5o investimentos de lotig,o prazo qw~. em geral1 não são percebidos
agente indíviduru possui depende da éxtensão da rede de relações que pode 1111111J tals pe:los agentes . Esrroiégios matrhnoníats existem para assegurar

ou consegue mobiliz:e r 12 do volume. do capitaJ (econômico, culmral ou , r1.1produç.ão biológic~ do grupo~ tratando-se de evitar um '' casarnento
simbóJico} que it. pos~ e exclusiva de cada um daquele$ a quem está l;g~do, <h lRLml" e de prover, atravé5 da aliança çorn un1 grupo ao menos equl~
1

v,1lunlc:?. a manutenção do caplté)I de relações sociais. As estratégras


Bourdieu escreve que a reproduc;c1o do capital social é trfüutária de
fd,•u l6gjcciS por sua vez, visam legiUmar os priviléglo s, naturalizando-os.
1nsti tuições q ue visam iavorec~r ··as t rocas lagítim.as e Q exduh as rrocas 1

ilegíth:nas, produzindo ocasiões (raJl'yes, cruzeiros, caçadas 1 sarausprecep~


1 •.o Rem mencionarmo5 as estralégia.s propriarnenle eco nômicas, de
11u1t•st'im ento ~"ôC ~al, prôfdáttcas etc ..
ções etc.), lugares (baJrros chiques, escolas seletas, cJube. e!tc.) ou práticas
(G!sportes chiques. jogos de sodedade, cenrnõnias c1Jlturnis e e.} que O futuro de classe é determinado pela relação entre o patrin1ônio
reúnem: de. maneira aparentem ente fortuita;. ind ividues tão homog~neos (1 'msic l12rado ~m s12u volurne e composição) e os sisten1as dos instrumentos
quanto pos.sível, soh todos os aspectos peronéntes do ponto de vista di;i tl11 r produção. Nesse senUdo, os detentores de capital não podem Tnan1er
r.?Xistência e p ertinência do grupo" . Tai reprodução paga trfüuto , igua]m€an· u,1 p Jsíção na estrutura social (ou na de um dado campo, como por
t~, .a.o trabalho de sociabilidade. de uma çompet~nctia específka (conheci- ' L 1nplo o a11ístko ou o jurídico) '"senã.o ao preço dr2 reco nversões das
1

mento das re,aÇóé~ g~neal6g~cas e dõs ]igaç,ões reajs e arte.? de. utiJizáplas). 11 ·ci~ de capital que de1~rn~ em outras espécies mais rentáveis. e/ou
3
de um dispêndio de tempo e de esforços para mantê-la - a]ém ~ naLural- 111 sl!-i 1 •gíhn1as no estado considG1udo dos instrumentos de reprodução" •
mente, de cap~ta.I econôrnic:o. O texto "O dip!oma e o cargo: relações éntté e sistema de produção e o
" Futur-o d e classe e causalldade do provável'' (1974) apareceu na 1 h 'tll~ de r~produção'' (1975)~ escrito enl colaboração com Luc BcltansW,
ReDUP. Fra1 1Çolse de Socioiogie~ sendo republicado em parte no livro La 11 111 dginalmente conc.eb~o cmno nota provLsótia. de trabalho, cuja finalidade
Distinction (1979). :\'o entender de Bourdieu! as práticas econõm'i<:as das 1 l1 !\.'• 1 11 ser a de lançar o debate sobrn uma série de rupóteses a respeito das
agentes sociais dep endem das possibiliclaées objetvas com qu e se. ass~gura te·l.1 • ' • entre o sistema de e.ns•no (o diploma} ~ o sistema produtivo (o cargo},
o capital, em 1.,1m dado mornento, a urna da.sse e.spedfka de a·gen es. T 1 11•11 11 1 JU•' na d~cada de 70 mobfüzava não apenas os autores inas grande
siLuaçao ~ detenn1nada p elas disposições d~ráveis, habUus, prind plo
gerador de estratégias objetivas. De maneira mais pr~dsa , 1a1s práti:tai5
~conômicas '·dependem da estrutura das possibilidades dif renCl;,\i ~ dí' 1 ' BI l lftDIEC, J1, l30'_T.l\N~KI , I_, .~f-\INT-M/\nTIN . ~.L
11
:'\s -esiratÊ!gitJs der ~011 1.•CTííl!rJ:
aproveltan1Emto qua .se oforecem a assa dasse Jevanclo-s' ..Lrl con· o ~~lr~l'ír.\ fl,. rri !111)· tn Dnl~}\ND, .1. "',G. ~Org. I, Edu~nr,:d e H eymnanfa rlí?
1

1
1l 1 ,., •IJddl- •' n
é'fo:.r.r• ti } 111lçll~.v ldtJo.'ógico.H fo l?!iCtJ ló tlki tl~ J•.meh'.J, Z(tt r. 1979, !') 1WH76
volume e a est-rutura de se.u capi ai'' como tambérn ·· i:l fl5h utu1d d<J 51 temiJ
1

10
11
parte dos sodó]ogos da educação françeses. Esse programa de estudos watiação d~ um dernrmjnado tipo de conhecimento (domínio do campo,
terá prolongamento no artigo !'OMsiflcação. desdassitlcação, reclassifica- vocabulárto tecnico, entre outros), levam-se em conta~ sobretudo~ ··critérios
ção" (1978), igualmente publicado na revista ARSS e posteriormente f~Xlemos !• tais como: postura corporaJ: maneiras~ ap arência fisiai, dicção.
incorporado ao segundo capítulo do livro La Disttnction. oraque. estUo da linguagem oral e escríta, cultura geral etc.
No prilneíro trnbalho1 os autores Hmitam·se a f0<;a]izar a defasagem Desnudam o sistema de dassificação que orienta a aprectação do mestre.
exiSt~nte entrei de um lado, as transformações que afetam continuamente a ,>que se expressa através de urna ·'ta>donomia propriamente escofar"' que
estn1tura das prciis.sóes e1 de outro, a produção de produto~-" peJo sistema distingiue {e opõe.) qualidades superiores como brilho, originaHdade~ fineza,
escolar, o quaJ, ,e m razào de suas funções mais gerajs de reprodução social (e ~utifeza , elegância, desenvoltura, dlZ virtudes mferiores - ou, até mesmo 1

não apenas de r~rodução técnica) e de sua autonomia reJariva: não se ajusta "negativas·· - cmno esforço, seriedade, precisão, modéstia~ correção.
senão dê modo muito 1mperfr,dto às demandas do merçado de trabalho~ Mesmo se hoje em dia, mais de vjnte anos após a publlcação desse artigo.
possibiJitando o fenômeno da "in!Jaç~o de d]plornas··~. os sodó1ogos não nw1s. se permitem enxergar nos processos sedais de
Já no artigo de 1978~ Bourdiru estº1lde a aná~lse às estratégias empre- (;lvaliaç?lo escolar apenas a ação inexorável de um meranlsrno~ de uma
gadas pelos diferentes grupos socia1s para obter o 1naior rendimento possível ''rnáqulnà k!e0Jógica' de na nsfmmar herança cultural em capitaJ escolar, rIBo
1

de seus investimentos educativos e de seu capita[ escolar. Segundo a posjção ln 1pede que a jrn.aginação criadora e a demonstração soclofógjca dos autores
que ocupam no espaço socialr esses d]ferentes grupos travam, em tomo do cunsave. até hoje. o mérito de ter decifrado as dasslficações P..scolares como
diplo1na, uma verdadeLra luta por sua dassüicaçáo> para não se desdassilica- forrnas de classifkação socia1 e, principalmente. o vaJor hmJ.ristico dª ter
rern ou para s~ reclas.s!ficarern, dado que, com o mesma níve~ de ctiploma, 1 •smit1Ç:ldo e nom~ado o universo fino ~ ~uti] de ºle.rnentos implkitC$ e ocultos

ocupa-se postos cada V€Z menos elevados na hierarquia ocupacional. iiue povoam a apr~ciação professorai. E preciso pois render a esse texto,[}
Esse efeito de depredação relativa! oriundo da rnL1ltiplicação do con- ·ondiç.ão d<2 p jone:lro no terreno da sociologia da avaliação escolar.
tingente d~ diplomados, Jeva a Uma intensifkaçilo da. utillzação da <2sco1a: Bem rnals rocente: o artigo "Os excluídos do ]nterlor": publicado 0J'i-
por parte das cat~gorias já - anti2riormente - urlHzadoras deJa, ~a uma 1linalmente ern ARSS (1992), e reproduzido um ano ap ós. no llvro Ler.
desllus.ãc, por parte dos novos utfüzadores, no que .se refere às aspirações ~ 11 isêre du monde (1 993}~, trata da constituição de noi..ras formas de
que nutriam em relação às credendais escolares obtidas. É no seio d~stes rl~s igualdade escolar. Se. até flns da década de 50 <l grande clivagem se
!

últimos que o processo de desvaJorização faz suas maiores vitimas. pojs t~ ia entre, de um lado, os esco(atizados, e, de omro 1 os exduídos da escola.
que, em geral, são privados de outras espécles de capital i(em pQrticuJar o 1
hufíl en1 dia e!a ope1·a , de modo bem menos $.imp]es. arra\,iés de uma
capital socjaJL capazes d<a rentabilizar seu terüfiéado escola.-. 'i gregação tntema ao s1stema éducaclonal que separei os educandos

No artigo ·'As categorias do ju~zo professorar {1975). exarninando os ~iegundo o fün erário escolar, o tipo de estudos, o estabelecin1ento de
•'nsino, a sala de aula; as opções curriculares . .Exdusllo ''brCJnda' ·'contl~
1

considerandos anotados pºJos professores á margem dos trabalhos esco-
lares de 15 4 alünas de filosofia de un1 curso preparatório à Escola Normal nua\ ··tnsens1ver , ''desperceb]da '~ . A escola segue pois exdulndo nms hoje
Superior de Paris, nos anos 1960, P1erre Bourdieu e Mo11ique de SaLnt- cil _,o faz de modo bem rn.als dtss1mulado conservando em seu lnterior os
1

Martln constatarn que tanto os julgamentos mais favoráveis quanto as notas ~ ·clu1dos, postergando sua eliminaçào, e reservando a 'Zles <Js setores
12levarn-s e à medida ·e m que se ele..,. a a poslção social da a[un a. ~mborn o
1 i:; cQl res rnais desvalorizados.
primeiro eJemento esteja, ma!s fortemenre correlacionado à origem social Talvez: seja ~ € arfgo de 1992, escrito em colaboração com Patrick
d o que a nota. r·1t1111t)dgne, o t exto que melhor d~ixa ver a renova.ção do pensarnento dé
Bem mais relevante entretanto. é .sua demonsiração de que nada lluurdieu no que se re:fere ao papeJ da escola. Das prirneirai; obras dos anos
(JO ~o momento atual, a anáJise se atuali;r.a em funçào da nova conjunttuet
escapa ao julgai11ento operado Pºlo docente. na hora de avaliar o produto
do trabalho discente, Ao lado, ou para alérn, dos "crltérios intemos''de , <}](Ir e também ideológica. M as não renunda ao núcieo da teoria: a escola
t 11rn1êlnece urna das lnstitoições prl.ncipa1s de ma.nur~nção dos privtfégi.os.
1

D modo c?tnelhante, o tex1o ''As contrad1ções da herança" (1993).


<1 . Qt.,a.~e dP2 r.11os n~.!'l is :at"ch•, r~o J1,To Ha.~110 Ar.ad ~mic1.1~· {Pilrls, Y.irrui:. 198.!l ~. S.:iu:n:li ....
!'il! r11<:1str,1J ~ :<lt ido do livro A I'vfiséria do lvfundo. propõ(l novas maneiras dé abordar
m~is 1t~t~n llJ!'ltt: ;:.o ~1 11;:rr~a dil annlogiu dri i.ntlaç~::.;, "a l'f!Jill r.::c:.im .Ili ril.St? 1•mlcri~ de
ma. tri.balhf:o" Ulllit l/ez Q' .e cmt(I~ escra1~ )ftdividtrais 0 11 :-x.1leci'vt:1:s dos ;i9€fi1 í!>I, r.atn• 11 f19T
IZl<~nplo, ., .;:ri 1çdu dr; . G\IC:'5 n1~rcarlo · e prpfh;sõi?.S, i;:-0d m p~a.1.:mr:r p~rl cdQT'"-5 r1 • cr~ltri.-~1..k.
escc a11 -.s riesr..:.-rloúzados (-t. p. 21'1J.

12
o p<.!so da jnstituk;ào escolar na vida dos ind1v1duos. nota.damente o papel proceder dessa esfera, que cada vez mais pauta suas açõ~~ e serviços em
que podem ter seus veredictos nos processes dª tran.sm ls~ãn da herança inatéria de cu1tura, dª denc1a ou de literatura, pf!ia -' tiranjc1. do marketing.
fam1liar. Sº.us efeitos de mudança nas posições e dis posições dos agentes das sondagens, do audh11aI e de todos os registro~:: que se supoem
incldem poderosamente sobre a construção das identidades tndivicJuais. legltimos face ~s 12..xp~ctafü.ras do maior número. da qurinlifil:ação absoluta".
Numa perspectiva mals próxima da intimidade dos sujeitos. o élutor Uma palavra deve ser dita ~ ainda, com reJacào ao texto ··sobnz as
reflete sobre as formas de · sofnm ~nto social'' que têm a fan1ilia e a esco]a
1

artin1anhas da razão in-.pedalista"', publicado driginetlmiJnte ern ARSS


em sl.la or•9en1. Cjta como situação exemplar o caso de pats originários de {1998) e tgndo como co-autor Lo)'c V..•'acquant. Esta coleiânea já c:.:lava
nleios desfavorec]dos cujél rela.ção com a escolaridade prolongada e o con1 todos os textos raou7-idos e nos ·~ nC(Jt1trávamos à ~spera do prefádo
sucesso escolar do filho € marcada por uma. forte ambjvaJ.€mda: ao mesmo de Bourdieu quando. em carta de meado.s de junl-io c.fa l 998, n autor nofi
[erupo em que desejam que este se difarºncie defo~~ torrn~ndo-se alguém sugerill q ue fosse esse trabalho, 'de grande imporlânda paru. sodólogos
1

bem suced1do escolar e socialmente~ te1n em a inevitável distânda dos de dHenmte"S p ais'2s··, transfo~·mado no artigo lnicial - sugestão que
padrões populares - e porranto de st mesmos -que tài processo acarretada incorporamos de imediato .
para o flJho. Cumprindo um destino de ''trânsfuga··, este ú]Umo ~ por sua
vez, enfrenta un1a dilacerante contradição ern refa~ção a si mesmo: ter
sucesso culpabiliza pois sign lHca trair uas origens: reri uc ldar a ~]e Larnbém,
pois representa decepcionar expectativas paternas.
coletânea~
1
.. Medalha de ouro do CNRS 1993 úJtitno artigo desta
' .

const~tu;-s~ baslcanlentc ern um ••texto de combate'' em, qu e o autor re:ali.ia J\lfo ria A 1'tc~ No9ueJr.a
A_frün fo lvler1d s wtani
uma defesa apaixonada da sociologia. dos sociólogos. do mét je r de
Be,1o Horizonlí! - .Sdn Paub
sodólogo e das condições d~ institucionali2ação dessa tiênda, em espec]q] Agos cd 1998
na França. Bourdi. êu ~gradece ao Ministro do Enslno Superior e da
h1vestigação pe]a láurea que lhe foi c;onferida e, ao mesmo tempo em que
enfati.za que a sociologia francesa é ··unir..1erSd1mimte reconhecida como
uma das mí:!lhore.s do m undo'· cobra das autoridades ·'as vantagens
1

simbólicas e rnaterlais "' associadas a tal reconhecimento.


Defende a Ldéia segundo a qual a sociologia deva Sêr sobrettJdo
reflexjva~ que torne a si própria por objeto c.om o trabalho s12 desenvol·
1

Véndo en1 equipes integradas - resultados déSsa po~tura podem ser


encontrados em Homo Acao'emrcus (1984) e nas ações que cukninaram
na edição de A t11~sério do mundo, na revista ARSS e no seu suplemente
internacional. Liber.
Recusando-se a ··pregar aos convertidos", Bourdieu mergulha na
sociolog1a do universo ciendfko , perseguindo a "ps icologia do espír1to
dentl'ficoL' preconizada por Bachelard, desvelando o lnvisíve·I ~ o não dHo,
as cens uras ~ a lógicã dos determinantes sociais da exc1usão~ dos con1itês
dº seleção, do.s critérios de avaliação, das condições sociais do recrulamen-
to e d o tomportamento dos administradores cie ntíficos etc_ E!ê VQi dlssecar
a lógica inerente de un1 {!Spaço social específico : quer dizer. o campo
d~ntlfko 1 situando o socióbgo em Séu jnterior, ··este pequeno profeta
priviJeg1ado e 12Stipend1ado pelo Estado'1 1 nas palavras de \;Veber.
Nesfa sua fala de quase cinco anos arrá.s, Bourdiell faz a defesa do
oJ ~r.:-sr cite:., !;~"i!S ] ilJTOS S u r kr cefí.!!lis ior. (Pari:!>, u~ E.dl~!.<ins, 1CJS17;1\! Contre-Je:ux •:P~rt:;,
6 . \/tt.r.
Estado ~ ..que representa a única liberdade diarite dos constrangimentos Seuil, l 1)9IH bi!m oomo c1ls.1,111s <l,.. s"11s d~obrarnmto.s r.-o ar ligo ·' ,l\ 111Aq 1J Oln lnfrm~J". in .'-fals.1,
do 1nercado'' - 1 diredonàndo sua mtilharia conna a arual maneira de FoJI n ,fo s. Pr:ru ro. 12/ 7; 1998.

14 15
PREFÁCIO:
SOBRE AS ARTIMANHAS DA RAZÃO
IMPERIALISTA

PIERRE BÓURDtEU E LOlC VlACQUANT

Troa'ui;5o~G m.H'l:RMf. J OÃC) [;.(; Flll:'.ITA~ Tle:J};.t;.Jf:,i\


Retifsóo 1êcnrcc; Mi\PJi\ Aucc N'O<.iUrlP.A

Fa-n ce: lfourclieLI. 171-erre e Wa-=qu.a:nt. Lo'lc, -sur J~ nis~ cf~ ~


rn!iiQn lmp.~a l~1·1i ' . publlci'..do oilg h !;i]mi?.r:.1 ~ 11 1 A ç~ê.ll
d<: ra rc:c>i.::r·-1~ . ('!1 U~em.:tt~ S•ºJCio:Jh!-l;, Pari r'l. 1 2!-
12.2. 1 ~rç-u c.fo 1998. p. 109-11.S .

Q hnp etia Hsn10 cultural repousa no poder de universalizar os patiicu]a-


ri.sm os associados a uma hist6rica singular; tomando-ostradtçAo lrrec.onhed-
1
véis como ta~s • Pissim , dô me.5mo mede que, no sécttlo X[X, um cêrto nún1'éro
de questões ditas füosófkas debatidas como universais, en1 tooa a Europa e
para além dela; trnham sua origem, segundo foi muito bem demonstrado por
Fritz Ringer, nas particularidad~s (e nO$ conílitos) históricas pr6pnas do
un lVêrSO singular dos professores universitários alemãe:l, assim tarnbém, hoje
em dia, nu:ineroso~ t6pic.os oriundos diretar-nenté dº confrontos intelectuals
~ssodooo.s à partkularidade social da sodetiade e dàs univers3dades america-
nas impuser~m~se! sob formas apnrentemente des1stotic1zadas ! ao p]ane:tã
int€h'ú. Esses 1uga res~com uns no sf!ntido aristotéllco de noçõ~s OL~ de tc.si2S
1

com as quars se argui11enta.! mas sobre as qua3s não se. argun1enta ou, por

1. Pa~ ,·it3T c~".J::!.l ;:iue- mal-e 1b:m6clo - e a fasta~ a &usai;iio de "a:"Jtiamerkartismo" - ~ p!efcri•.•cl
afirrr~· r, 1.fa :><:1:.d~. qu~ 11ç1u.tt ~ m.:ij:; llnh..-=:rS&.J d:..i q 1..i:1;; ij r.:ir~..:ooEk:- o:JO 111'.iversilJ Oll, tr:.r:.is
prEX::s:!il'r'l~:nle, ,:]. un~-.;'2rSruitw;iio de um:i •,•is.50 p::.rticul.21.J do mur-.do; i:il~n disro. ~ d11mor...:~rl};ilo
<'-"ib:lÇi'td.'I i'l1l~ ~~;5. •Jti.lldn, t11~tofü; r:n :.icandJi'i1 l)ilr~ o utt·os campo.:; <> p;:!iiso;>..s •:prlndpalmar.t:::, ~
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d 'o!'t nlfi\:. -"
1:1 .
p• .B(:~1r:.J1 •;G'.~. ·• ,"""... 'i!t1:-: .mp
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•• J., -,· ~1 l- '....lo )
:- ~11r •. ~ 4 • .,, ~ ~ ·:-;J'I l•·..._.1,11,,
[. '.'1rnénquc d.01; Fra 11çais. ?aris, Ed. François Boulin, 1992:.
2. f. íl.if"!-.jcr ; T'na- ~t::!lt'lé o_( ~n!.' M::i:""!dtirl.ns. C~mbl'idfl.i!', C:mbndse r..;ni·...·ersir~· Prb$, 1961..

17
1,, Lhd'l p. 11'-"VfrJ. • ~se!!. preS!lUposlul:3 da dJscussáo que perrnanocem indis· enquanto , nos Estados Unidos, €]e rem.ete às seqüelas perenes da exclusão
<11tidu!i 1 devem urna parte de sua força. df~ convicção ao fato de que, dos negros e à crise da mito]og1a nacional ~o ··sonho americano'' , correlacio-
tn:ulando de colóqulos ttni'\. ersüários para Livros de sucesso. de revis :as
1 nada ao cresc.ilnento generalizado das desiguafdades no decorn~r das úlUrnas
tU1 ü.,arudnas para n:ak\t6rios de especialistas, dei. ba]aoços de comissões para duas décadas·-- Crise que o vocábulo ''multicu]lural" encobre, confinando--a
rapas de magazines. estão pr~s~ntes por toda parre ao mesmo tempo, d~ artificial e· exclusivamente ao microoosn10 universãt~rio e expressando·a em
Berlln1 a Tóquio e de MiJão a Méxicol e são sustentado5 e imennmiados de um registro ostens ivamente "étnico'' quando~ afinal, ela tem como pr)ndpal
tuna forma pcderosa por esses espClços pre:ten~ilmente neurros como são questão, não o rnconhedmento das cu]turdS margJnaliiadas pelos cânones
os o rgan;~rnos jn lemadonais (tais con10 a OCDE ou a Comissão Eurc.ipi2ia) acadêmicos. mas o acesso aos tnstrurnentos de (re)produçfto das d ás.ses
e os centros de estudos e a.ss~soria par~ polittcas públicas {tal como o tnédia e superior - na prirnelra flla da,s quats figura a universidade - ern
Adam Srnith Jnsrltute ~ a rondation Sai11 -Simon}j. um contexto de descornprorni~so maciço e nlu[tmfonne do Estado •
5

A neulraH2ac;ão do cootexto h1stórjco que resulta da drculação in1er- Através dess.e exemplo, vê-se de passagem que, entre os produtos
nadonaJ dos textos e do esquedm~n(o correlate das condições hlstóticas culturais djfundidos na escala planetária. os mais h1sidlosos n ão são as
de origem piocuz un1a unhle.r:;ali7.áÇão aparente que vern duplicar o teorias dª aparênda si stern.átLca (como o '·firn da história'' ou a ''g lobaliza-
rabalho d e "' teoriza<;ao ·•, Espécie de ~xiomalização fkticta b en1 feita para ção") e as visõ~s do n1undo filos6f,cas (ou que p~éienden1 ser tals i como o
produzir a ilusão d~ uma gênese pura. o Jogo das defüilçóe.s pri:àvias e das ·· pos-mod~rnisrno·' ), no final de contas, fâcel~ de serem identifiCDdas: rnns
decJ1,1çàes que visam substltu ir a contingência das necessLdade!S sociol6gjcas ~obretudo determjnados rermos isolados com aparência técnica, tais como
negadas pe)a aparênda da necessldade lógica tende a ocultar as raízes a :'He.xibi1idade'' (ou sua versão britânjca! a ·en1pregabiJ1dad<i'} quê, peJo
1

históricas de um conjur.to de questões e de. noções que, se.g undo o c~mpo fato de condensarem ou velcularern uma verdadeira fifosofía do 1ndh:Lduo
de acolhin1ento, ~erão co11sideradas iílos6f1cas; sociológicas. h istórkas o u e da organização soda], adaptam -se [J'erfeitarn~nn~ para tundonar como
pol1t~cas. Assirn 1 ptanetarlzados, mundializados , no sentido estritamente verdadeiras p alavras de ordem polHicas (no caso con.c~eto: "mencs Esta-
geogrMico, pelo desenra izarn.ento. ao mesmo tempo que d<:!sparticulariza~ do 1' ~ redução da cobertura soda] e aceitação da gen(?ra1i2açáo da prec.arie-
dos pelo efeito de falso corte que prodtJZ a concelnJaHzação, esses luga· deld e. salarial como uma fa talidade~ inclusive, um bc:m·efício}.
res-cumun:; da gnmde vulgata pJane.tárta transformados. aos poucos. pela
Poder-.se-ia anallsar tan1bém e1n todos os seus detalhes a noção
insistência midiaHca en1 senso comurrl lm]r..,· er-sal chegam a fazer esqu~cer
frntement e põli.ssêm ka de ''niundjal1znção·· q\.lê teitl como efetro1 para não
que têrn sua. origem nas real)dadcs complexas e controvertidas de urna
dizer função. subrne rgtr no ecun1enismo cultural ou no fatal[smo econc-
S.Üdedade histórica parlicular, constltuída tadtamente como mod elo e mL~ta os efeitos do imperialismo e lazer aparecer unia relação de força
medida de todas as coisas . transnacional como umc. necessidade natural. No termo de uma reviravolta
Eis o que se passuu, por exen1plo. com o debate impredso e in- sirnbólLca baseada na naturaUzação dos esquemas do pensan1ento neoHbe-
consistente em torno do ''n1ulliculturn.llsma··. termo que, na Europa, foi ra l, cuja dominação se in1põs nos últhnos \.··•nte anos! graças ao tra balho
uttllzado. sobretudo , para designar o ph..ir~lLc;mo culrnral na esfera cívica, de sapa dos think tanks conservadores e de seus aliados nos campos

4. D. Ma!i!iq~e N D •n;c:m. A1n-•rican Apariheid~i>aris, D ~!i artes 'Õ'( C'1, 1996, cri,0. de 1993); M.
3. Etilr~ os i!LTOs ( llJí( d li.o r ,strn m~nho d.!Ssa McDonatdizaçã rampante do_pens.a:ili:m;~, p;;d ~t.: t;lçai; v"·;i1~s. E01 •1 ~c Opt mris (B.zrkule~·, Llnii.•ml1).' of C~lifort'âci Pr~s. 1990:1; D.A. Bollingar
a jeremitid.a el~tislll dP. f1. , Bl<JOff1 ·nie Cfos!ng cf :fie Arner!c:an .'-fü~ l".'\a·.~ 'fork, Simon & Posil!1J 111rr Americn INt:'.'r:t Yrn k, Bi!iSlc S.01'.Jl<i; 1995): l:! J Hochschüd. ,t:'ar!ing t~p fo Ht'!
Sóusti!t. 19871. lr.!.ldo~idu itr}í.~:fü1(fifl1<'í'lt~ r.m êranc~, prJl! e:iitora Ju!.lii'1rd. w rn o lituk1 l '1i111e 1hnerican Dream: Race. C/QS$, (lnc;J th~ Sot:I o/ tnc No,rio.ri (Pritxeton. P:rlnr.0on Ur:iiv.(l;'JSlt~•
drt~C"mttíe (1987:· ·e o p :::i1 dle~o et:.ri:'li;•.F.i:;i lo do l:tilÇJrt'in~(! ~whl).nQ r..r>::ic.-m;;l!r..•ador (t! biéigr~r,, de Press. 1996): pa.ra uma anttlk-:e diJ er.m /.m.C.O dessm: qi1est&:s q1.2~. OOtl1 Ju~t~~. ·e;.Ju ~ em e"...idê11ri1)
R~gM'.1, tn~'tbr-e tio M?.nhõttr..n lns.tttutQ.. D. DiSouz:i.. IWbcra{ Eduo:.:t1H<.1 n: The Po l~~ lc.s oJ Ràc;e sua dTICQragem ~ vc.rorr"n··i11 ltl~Lóricas. D. Lacome, la C..,·isl!.: d~ ."ideri!ité an;t!-rlc:::irrre. Du
a nd-Scx on Campu.s t;N1Y... d York n 1e Ft1~1) P1<-.s. , l 9LJJ 1 rr;rduzi~c em fr?ncês wm ~ til11I<.~ ft)c>,I~ i ng pO~ C!~ m u ft!cu iruro f~5 111e tPo11rl:c., f ay;,1 I, l r:)l}7).
L'L"cfoca1 1a.11 C·::in!r!? ,' ," .'i fic r1 ·s, Pnri", G;ilhml'lrd ~C(1IW.<1 --ie M<'.ss.-1g:o:r ), 1993. Cm dos
S. S~br. ~ lmtn.Tc1t1v-o de reo:mhe::imento .::ulhJra!, C Tri1/.çr~, Mullicu1'wmJfsm: Exam!olng che
111<!11 1ore; Lrid~ios pi:l.Ta ié.entifa::ar a!!: o·::iras que ~~<'lrlicipim 1 d " ~ct 1i<J'•' P.a dr:x.:1 lnt~ ~:tuzil c:c-m
Poli~ ics r;.f Recognttiun (Pr.llcel :::n, Pr1nc..,1(1n U11L-.,.'érsic~1 Press. 1994). e O!\ tl':'-(tô!\ i:-cl~aôo é
"P
pr~ -~v ple,.ucLfinõ é a ci;:.h?r1d.:2d.~, abs::::h.-1:i.mPr..t€ mal;; lrniL rarr: .~ _qu. 1 ~o tr.;du?1~:; _í!
apH?51?tfü1tl~s par T. G!:!ld:-i.:1f~ ~ed .), Mv.'t kult u ru 1'1.~111: A Cr!.i lco.1 HeCJde,. ICatrbndge, Blt. d<wPll,,
publicadils 00 e.-...letior f:;()bt'E'.·ludo, (!!ti l-CfllpM. ~· o rom ilS ab!as e 1 nilfu::a s). Pr:ira m nil v1s.110
J<:Kli:l); ~01e os t'nlrti·...~:. it:s eslra~égiçs da. pí!f'.J)<'et1.:1c.;o d~ ciass~ t:.Mio r.os Estados Umdos. L.
n(l1A'~'.L rk: C.Ot".l} un:n dos succ::x;::::s. e fracilsso.s elos pror~rl\':S ltr'll\.'~~ stt ~, f<JS .;1.1 11L~nG~nas ai11almen·
\.\.'e.itc •IL'l11l, " Ui _gênernl:.S;:ition de J'it~s;~ url~ · .~,..l~rieil en Ami?r'..:we: restruduraüm•rS d'antrepliS<~
t1i , ··•l:Jr ·} rec:1J111e o(tm l'!Yl' d<~ ,IJ.;::t!díl l~s cor.sagrado .ti 'The l\mer~.1.t1i .o\,t.·,,d rn.~r,: Profes.slon f.n.
~• crisF C{? :rep:roductlon soc~?Je ··, !fl A c~it:s cfo fa re<:he rche en sdences sod ufe.s-, l l. l 15, dez rrr1bro
126. oo.~kmo d~ 19971. pri ncip~lt 11~11:~ B Clark, · Smrrl~ \Vn:rlds, Dlfterer..t ·~·c~lds : T.j)e Uniqu.e:i f(;!S~
&? 1'9'J(i. ll h-S-79~ o p1\:dundo mal·estar da dasse mi')õiirt am<:t1cana ê b~rn d;;s;:rit::i por K
ard Trnuules. cf .~r1t?ricrm Ac.11d1?1nic Prof€'..'isions" [J. Zl-4~ . ~- P , ,A.li h.:ie:h, -An Jr..t 2'.l"r..a1E-anill
;\ nw111Mn1 Df:rt'írtrn~ Fort ~~ries (Nova Y01k, 1:3a~ic 13(JcM, 1993;.
,i.\c...,;J~rnj1,; Crl.31~? Tb • Am, . can PYcfo.~s..".lriate i Ccmpan1ti1,.•e Perspe:tive... p . 3 1 5-~3.!:!

18 19
politko e jornalístico-:. 1 .a remodelagem das rel.aç-ões soda&s e das práticas tos, e não tradu.zjdos. do tnglé.s): iiustra~o exernpJar do etelto de falso
culturai · das sociedades avancadas em conformldade con1 o padr~o co rte e de falsa uniuer~o li'2ação que produz a pa.ssagern para a or<lern
norte:-arnerkano . apoiado na pauperi2aç~o do Estado, mercantfüzação dos do d1scurso com pretensões filos6fkas: definições fundadoras que n1arcam
bens públicos e genera]izaç~o da insegurança sodal. é aceita atua]rnenre uma ruptura aparente com os panicularlsmos históricos que permanecen1
com resignac;ão como o desfecho obrigatório das ê\•oluções nacionais no segundo plano do pensamento do pensador situado a datado do ponto
quando não é. celebrada com wn entusiasmo subservlente que faz 1embrar de v1sta histórico {por exempfo ~ como será possível não ver que, como já
estranhaJnénte a '·febre'' peJa América que, há meio seculo! o plano fo i sug~rido muitas vezes, o caráter dogmático da argumentação de Rawls
MarshaJI tinha suscitado en1 uma Europa devastada'. em favor da prioridade das liberdades de ba~é se t1xplica pelo fato de que
Um grande número de temas conexos pLlblicados rece.ntementr! ·sobr€i! ele atribui tacitamente aos parceiros na posiçãõ origh1al um 1d€ai ratante
a cena lnteJectaJaJ européia €, sin gu1arrnente, paris1ense, axravessaram que não é outra senAo o seu! o de um professor univet·sitârio arrf'2ricano,
ãssJrrJ o Atlâ ntico. seja às d~ras , seja por contra.bando. favorecendo a volta
apegado a urna visão ideal da democracia t.rn1erlcana?) 10; pressupostos
da .lnflu~ncia de qué go;:am .qs produtos da pesquts<;l americana. tajs com o
antropológ1cos antropoiogkam·e ote injusUficáveís., mas dotados d~ toda a
1
o 'polmcament€ ccrreto''1 utmzado de forma paradoxal, nos meios inte1ec- autor1dade sçcia! da teoda ~conômtca neomargm'allsta à q_ual são tmnados
tuaís fra nceses, como lnscrurn~to de reprovação e r~pressão contra
de empréstimo: pretensão à dedução rigorosa ql)~ pem1He encadear
formarmente conseqUêndas tnfaJsificáv~is ~m se expor, em rH2nhµm n10-
qua1quer '\.'e]eidade de subversão, p r1ncipalmente feminista ou homosse-
mento, à menor re·f utação ~mphica; aJternativas rituais e inisóriasf entre
xual; o u o pânico moral em tomo da ·' guªtoi:zação~· dos bairros ditos 1

21tomista.s-indir..1idualistas e 1 olístas-coletlvist:as, e tão visiveln1ente absurdas


" irnigrnntes·', ou alt1cfa o moralismo que se insirjua por toda parte através
na medida em que obr]gam a inv'2ntar ·~ ho!lstas-jndividuaJisras" para
de uma vjsão ética da politka, d() fomlha! etc. conduz1rydo a uma espécie 1
enquadrar Humboldt , ou ''atomistas-coletivistas''; e tudo 'sso expresso em
de dé$polttlzação ;.pnncip1ell.e '' das. problemas sodais e poJfücos. assim
um éXtraordinárjo }Q rgilo, iam u·ma terrível li11gua franca internacional gue
desembaraçados de; qut;l1quer referênda a toda e~pédP- de dominação ou, permite jncJuir, se.m levá-las e1n consldereção de fo tm a conscien te, i odas
enfin1, a oposição QlJ€ se tornou canônka, nos setores do campo lnte]édual as particula ridades e os particu1arismo.s assoc:ados às tradições fUos6ficas
mais próxjmos do jornalismo cultural, entre o ·:01odernis1no·· e o "p6s-rno-
e po Jl t kll s nacionais (s ~TJdo que aJguém pode escrever /fbe rt y ~mtre
dern1sm10 '' que, baseada em un1a relelrura edétlca s1ncré~ ica e. na mélioria 1
parênteses apôs a paJavra hberdade, mas aceitar sem problerna determi-
das vezes, de.sistôriclzôda e bastante jn1precisa de um Pº'tLJeoo número de nados barba.ri srnos conceltuais comu a oposição enne o ·procedural•! e o
1

autores, franceses e alemães, e..stá en1 vtas de se impor, em sua forma ··substandai"). Esse debate e. as ''teorias!· que ele opõe. e entre as quaís
. , ' ~
am~ncan~, aos propnos europeus . :seria inútil te ntar introduzir uma opção política. dev€m , sem dúvida, urna
S~ria
neces.sário atribuir um lugar à parte e conferir um de.sen.volvi- p arte de seu .sucesso entre os filósofas, prlncipaJrnente conservadores (e,
rnento mai:s impoltante ao dgbate que, atualme nte. opõe os ·' l~uera i s'' ao~ em especlal, católlcosL ao fato clé que tendem a reduzjr à poHtica à 1noral!
.;defensores da comunidade"~ (outros tantos t€rmos dircramente transcri- u imenso discurso sabiamente neurrnJ:llado e. pollticamente désreaJizado
que e~e suscita. v:eio ton1ar o Jugar da grande trad~ção al~mã da A ntropo-
i'og~a JUosófi'ca , palavra nobre e falsamente profunda de de negação
6 . P. Gt-~'fTlioci. Pre'JIJeS, l,lr:'e l'~IJl.J~ r! I) 1:vpéic11ne d ~ris, 'Par'.s ~rufliard, l '?Cj9; ,'tiJ~!.'i;,'letlC(' d1.: ,1'crr1:.:,_ic,rrr (Verneinung} que. durank~ rn ujto tempo, ser...·e de anteparo e obstácuJo -
mur. lsme.•1e Co(lg.'1!-.s pour ,'cr ,'ioorré de ,'a ::uf!ul"'!! á Par~s. Paíls, Fif;'H•:1, 1995. J.A. Sn~ltL The I.:.lec. por toda parr~ em q~Je a fi1osofia (al~rnã) podia afirmar sua do minação -
H.t'O.k~~. T11hik fo·1~~ O.'l:i !Fie Rist!. ol rne Ne!.!.1 Pn1'lc_1.· F.1iw, N:.J\.~ York The Freie py~... 1991. K 1
Out17J 1, "u5 fa·~e'.:> du Mru-chi.r". ln Ll~.r, n ]2, se1~1 1br-o de 1997, p. 5 6 .
a qua1quer anállse cienttfica do mundo soc1afl .
7. 5'.::l!-YP. a "m1•r:.di, lit.u,.;;~10" corno · projeto ·~mcr c-..a nç,", N Fl:.g.Sli!in, '' Rbêtc.rique el r~litê3 d4 ln Em um campo rr.ais pr6ximodas realidade5 po]ítkas 1 um debate corno
· n •0 11 =-iabl:ibvn "'. in A f:'ces d~ l.o ret'~ ·· 1'(;/ e cn sci«n.::es $o!lcim'es, n. : 19 , setembro ;:J.} F ' ;') ,i t>. o da ~· raça '' e da identidade dá lugar a semelhantes intrusões etnocêntr1cas.
36-47; sobre o t.:-.sd nlo ~rnbi\.'il1;;nci.;: pi:fa Ammca. no p.:rlodc após a QIL(""r"ii 1... Bull.an:;k,
"Am~~rk...'l , .l\rn ·ri...:d... Le phm M çirshall el l'im porl i's LIOll dl'l ·mein.:i91:.1111ertt',', in ltde.s de 1'a
Uma representação hist6rlca, surgida do fa.[o de que a tradi.ção american~
'es, n . :~ , 1 '}~ J . r>. l 9-41 . ~ íl . K uiHI, Soo uc~ ltrg
iy~d: t:i'tJ1~ i..:n sei ences sc•i:'!o 1 '''e
t1·~11ch; f/;.:
D 11'ern 'TJ•l af Amerirnnlza! 10.11 IB-•ri-: ~i~'. i:...· n1o.."1:1sit:,.· of Coli fomiil Pre!!i!'i , l 99:i ;
8. ::\lk SQ •r'vt~ ~é úni0::1 ;::;;,~o em qu.-= p:-:r ':.Jffl p.<-3.rct~;>;o que rna:iifosta u111 d ::is eff!lLcs ma~ lípko" dJ
0
10. H.L.A. Hrm . "R:?.wls cn Lil~,.,,..r~· tiJ •'1 its Pr.ot"it:./', Jrr N. Dar'li1 Is féd.), Re.:Jding R::iu.I.>. NQVa York.
domina.e.lo !'.il):bt:h~.:t 11m '~~º JILu: leTO da tópkas i:;.ue os Ü't<>.d~ L)t'lldos exrxirlmn e impõem BMic 8ooks, l (J7;. t>. 23S-25'J .
an;:, ''.do o Uf11\·(:'r;o, 1:1 .;:o meç:i.ir pâ:J. Em-opa, fcrnm k:J1·1P<fói> é~ ~• 11J.1rhstimo a es..s,,;:s mes11:1.C1S (~li '
l l . Di!.S:>t: pcnk: de '.~!': 1il ,::i•.rllt.!1<l~111mle sc-dal6gicc, o dJãk:~<1 '1rl lré R~·"'•ls e .tiabzrmas - . ~p ·lto
03 !';xel:em co m o as fa nn<is m:i.is <i\.'ilirlif i'l:1;J~ dn 1ec~td.
dos quais nón '• • ager<"..dc. afimlar qu e, .,......, 'I J~<io 6 1T1.1d:çilo tilo~ófka . 9 ~~l.ml · ~~u~val.i!hh~
9 . Pa:>l'I t1ma bibHogrnfia do jm c-!'\~t) ~;:.~t··, ·... er pJi; 1n sopliy & S1Jcia,1 :: rl!i,;fa>m , 3/ 1 •.•, 14, 19t\8. - .(! 11l~t1n'I •11 ~ sisnif:.rnt!vo l,d p.::;t ux~nplv J. Hab:?rmai;, "H~orir .ihali1J11 throu;&.11Lhé. P11btjc V P.
spe:óill Lc..<;u~, Uri11..'et<: ~ltsrn '-'3. w mrnur.:itiloon!61ll · conlemporç.r; cht!x:it " h) eU 1k s. \ 1é R ·a!ion· Hí!1nal k!'; 0 11 PokHt~J LíbE:-i~lisrri", ln .,'o~4rr)ul o( Ph11'osophy. l ':ii:t5, 'il , p 109-131

20
calca, d€ maneira arbitrária, a dlcotomia entre brancos e negros em unia
da rendai ~·plomas, região de origem!, etc.}! em.função da htstó1ia das relações
r12alidadº lnfinitamente mais complexa 1 pode até mesmo se impor ein
e dos contlitc:.-- entre grupos nas d)versas zonas·u. Os norre-americarios são ·OS
paises em que os prlncipios de v1são e divisão. cod]ficados ou práticos, das
únk.os a déínir "raça·• a partir somente da asc.endênci.a e, ~xdusivamente. em
diferenças étnicas são completamente diferentes e em que, como o Bn~sll ,
reJaçáo cios afro-a1nericanos: €m Chicago~ Los Angeles ou A[lan .~ a. pes ·o~
alnda ernm considerados! recentemente~ como contra-exempJos do ··modelo
2 é ''negra'' não pela cor da pele, mas relo fato de rer um cu vâ.nos parentes
amencano··l . A maior parte das pesquisas recentes sobre a desigUaJdade
ktentificados como negros, isto ét no termo da regressão, como escravos. Os
emorradal no BrasU, en1preendidas por americanos ~ latlno-ame•icanos
Estados Urndos constltL.tern a única soc.~ledade moderna a aphcar ~ ··one-dt·op
fonnados nos Es"ados UnMos, <esforçam-se em provar que~ contrariamente à
nt 11e " e o ptii"LcipJo de '· h~podescendência": segundo 0 quaJ os fllhos d~ ~.JJTla 1

imagem que os brasilekos têm de sua nação. o pa]s das "três tristes raças•!
união mista são, automatkantenre, situados no grupo lnfodor (aquj 1 o~ negros).
{indígenas, negros descendentes dos escravos, brancos otiundos da coloniza-
No Bmsil, a identidade raclaJ defin~~se pela referência a um cont fnu um de
ção e das ·vagas de im~gração européias) nào ê menos ·•racista'· do que os
"cor", isto é, pel~aplicação d'2urn principio ílex[veJ ou 1mpreclsoque, lc.-'vando
outros: além disse. sobre esse capttulo, os brasileiros "brancos·• nada têm
a invejar em relação aos primos norl.e-arn€i:r3canos_ A~nda pior, o racjsmo
em consld'2ração traços físicos. como a textura dos e.abelos, a forrna dos ltib1os
e. do nariz E? a posição de dasse (princlpalmei~te, a renda e a educação),
mascarádo â br~!]e~rn. seria, por deflnição. maís perver.;o já que dissimu-
lado :i negado. E o ·qué pretende, en1 Orpheus and Pov..ter-=-. o cientista ºngendr<ml um grande número de c.ategarias intermedíárias (tTiais de uma
crtntena foran) r~pãrtorizidas no censo de 1980) e não implicam ostracizaiçào
politico afro-amer-1cano Michael Hancharcl; ao aplicar as carng~r1as racia~s
radical nen1 estígmottzaçào sem rernédb. D~o testernunho dessa struãçao,
norte-americanas à situação brasileira, o autor erige a história particular do
por exc?mplo os [nd~ces de segrega~o .a~ibidos pelas cidades brasllelras,
!
Movimento em fovor dos 05reitos Civls corno padrão un1versal da luta dos
nitidamentP inforion!s àt>S das t iett6po1es norte·mne:r1canas, bem como a.
grupos de cor bprim•dos. Em vez de cons~derar a constltuição da ordem
ausênc1a vttiual dessas duas fomrns tip~carnente norte-americanas de viol.ência
e~norrací~I brasile~ra em sua lóg.ica próptiat essas pesquisas contenram-St:?.
raclat con~o são o hnch tmH?ntc e o n lolim urbano i ·:. Pe~o contrário, nos- Estadcs
na majoria das vezes. ern substjtutr nél sua totaJkiad ~ o mito nadonal da
'·dérnocracia radar (tal c01uo é n1endonada. p or exérnplc~, na obra de
Unkios não e.x1st~ categoria que, soc1al e legaln1ente. .seja reconhecida como
'· rnestlço·11:--.. Ai! temos a ver com urna divi~ao que se ass.12nidha 1nais à das
Gilberto Freire'\ pelo mito segundo o qual [odas as sodedi;:l,d~s são
castas definitiuamente defjnjd-0s e delJmH(ldas (corno prova, a caxa
l•radstas'', inclu,sjve aquelas no seio das quais parece que! à prlm eira vjsta,
as relações ··sociais'' são menos dJstan ~es e hostis. De utensmo analítico. o
excepcionalmente baixa de intercasatnentos: menos de 2% d~s afro-ame-
ricanas contraerrL uniões '·mistas ··~ em ç.ontrapo.siçáo à m.etade, aprox1ma-
concelro dª racismo torna~se um simples instrumento de acusQção: s~b
darnente , das mulheres de or1gem hispanizante e asiática que o fazem} que
prere.xlo d e dêncla, acaba por se consolidar a lóg;ca do processo {gàran-
Undo o sucesso de livrarm a, na falla d~ um suce;sso del estirna} 1 ~_ .se ten1a disslmular. submergindo-a pefa "globalização'' no universo dq.s
visões diferenciantes.
Em um artigo clássk.0 publkadc há rrinta anos. o antrop6logo Charles
1
Con10 explicar que sejam as.stm elevadas, tacitamente, à posição de
Wagley mostrava que a concepçao da 'raça· nas Arn~rlcas admíte várias 1 1

d€finjções, segundo o peso atrlbu1do à ascendenci.a, à aparência Hsica (que


padrão universal elll ~~ação ao qualdeve ser analisada € a\.1aliada toda sltua,ção
de dom)naçã,o étnica-"', d(tl-errn!naclas ·'teorias'· das ··relações raciais'' que são
não se limita à cor da p efe} e ao $tatus soc~ocu]t1JraJ {ptoflssão. montante
t ra n sf igt~ ra.ç:ões e once itua rizado s e, 1nc:e5;sant~tYH~nte, renovadas p Q]as

12- S~gur.dc o 12.5tud~ ditssi.::o de C Degler . .'\1e1t her Dlack N.:ir 1A'hi~e· Sfa i..~r.v a rid Racç Ri: ltt r1L?n.ç
fr1 Brozf •' Cr)d ! ri t: Un l 1r!.d. S!.a.' es, ~aclisan. Ut)iVer5il'.y' o f 'Vvisr.or..sir, Press. j 995 :rJUblL-::rido JJclM
')JrirTl~T(l '-'~ ~Ili 1Q74), 16. C' iNngl,1 9. -o,.. 1 ~ ·., Co11 eµ1 úÍ $ocW ílarn in thE? /\meri•·Js". 11; D B. H•.-1Ü 1 (1r.;J H,N Ad:im.i::
0; d s i, Con re D)í)?J rarv Cu.'~ u r~.> and .S".::lcic rfes i n 1-altr. Pi rru::: rica, Nr:r... 11 Yórl-! . Hl'lr'drar. H <illS('.
13. M. l l<mchard, 01'pJ1c tJS a 11d Po~•er; The Mormr.er. to .\•egro of Rio de .lar.eirv 0t1d Súo Pa ulo. 1965. p. 531-545,
1945-1988. Prü1c::etar.., Pnnc t t:.>11 Üi Uiv~:: l~r Pr~S. 994. t:m vo:leroso i':ntidcto :'..O \•erten:::
c'1r1:icé1 L1ricc .scbre ~ tEnl.il erxon1r íYSe na d:ira d'i! Anlhori~; \1i'lrx, Ma~rna Rut·· (Hld .\'a Wm: l 7. E.E Tell~. RaCT Cid~ • .\":1 11d Spar~P. ln H17.l7.l~i1m C iti.c;:s". ln l •Hema rfonc,' ,k1.:.;:rr.aJ o/ Urbon cr11d
A Com.r.il rlian D} 1he Urii.'6'd S ta.t s. & IJ r. Afr10::11 1'.1 '1rl Brc;d' (C:Mn~icl~w. e~. oi 1,:<ld~. Hi::gio t1a.1P.1m :arch, l 9-3 . i:ec~111bnJ dr.? : ~J95 . r. '.l9!5-t,QG. e G.A. Reid, Bla~h and í'.ih~:es 111
Llr~i'\.·~sity Pt· <: , l t..r=J..!;!i qun dP.mor..slrn ;:iue as i.lrJ..;;~ ~ad<t:s !;ã{J estrci1.arnentc Lrib.rLliri<i::: ti~ S~.:J P.;J.1!.a. 1888- 198.B. ~·fadiron, Univl2'1Si":y of 1•1.r.s:xirlSit a P~s , 1092.
.hi!:lóriil r.iclilic~ ~ icloolb:JI 'li ::to pr~1s r.oosll'.l~radr.-. sendo que cada rs.:dêu fdb~ca . Ji:: <1'.gunu1 l S. F · f.D~1:J"l, l-to'h o ls Illa.:k?" One Na l "cm '.s RuÍC'. L:nlv~r~lt~ P.:;14c, Penr~~tv;:i. IA S1.21l1! Press 1g.g1
kwrna, "' oor::cep;ão de ~ ri:!ça'' c;:Je lbe con•Jem. .1 WUl~11),~ nn_ fht~ Neu, Pe::ipJe: J.,.1lsceaeriaticn ônd Mú1 atlocs ~f) ~ h~ u~)tied Scorns. NC'i>.
1

l "1'- G, Freb 2, Mat reJi e~ e.s!'Í.:l'L'es, Pi'lru. Gailinlllrrl, 1978 Yc t:lt Nev.o York Unii.•im;i'l}-· Prcs:l l l 80.

lS- Qu.:indo ~~ri pubbcildo um Ji•.rro in'úlultic!o "O Br'abil rnds:;-a- lio€fll1J)do <J ))1!.:del:J dri obra oom u 19. ~ é!;l.lluto di:: patlr ~e 11~ll 1.•1·rs;:;I. d~ ·ªmerldíarr:J de Greer..i.1ch .. em r~ç~o ao qui"ll 1-áCJ i::.'vi111ttd<:i ..
1

lít1 11~ •a11rlf;.<:01rn<~P. in111Ji)lifi.di1.•el. " La Fr~n.ce racis1.e ". de um soció1c50 fr<lneiS n1a!i3 ~1enl o ~ ~ r)VimÇOS e ÔS
1
à\ri3S~, 0 ' itr1_:.ft;Sfl) 03., (' f:S. -ffiOO.:!IT!Í$lT11::.s'· ia 1;~nguarrl1)I e
Uíllll rJas
ex,pC' l iltii..•as do -:11mpo jornaU!itko <lo q11i:- As eornpl~Ztd\1.i; da rí':~ídaàe? 1i 1>li r.1tl1t'i u nh1ws;:!:l'! dr1'1tM?I es q;ue dorrúrmm simbrili:::-amt nte um unh.'~ r:. fd~. P. C3'lí'inv~71 ,
'e.sr. cc~ 11111 Jrnl •' !'1: 'r'l l~l lcm 11 I, 1(1_qo <l(1 rloutoradà. Paris, ~97).

22
nec~~sldades da atuaJizaçito. de esrere.ótipQs. raciais de uso com11m que, tendência do ponte dé \.•ista a1nericano 1 erucHto ·ou semi-erudito, sobre o
em si nlesmos. não passam de justificações primâr!as da dominaçâo dos nkLindo, para se in1por como ponto de vjsta universal, sobremdo, quando
brancos 5ohrQ os negrosi!º? O fato de que. no decorrer dos últimos anos, se trata de questões, tais como a da .. raça., ern que a particularidade da
a sociodicéia racial (ou raóstçi) tenha conseguido se ·'mundiall.i:ar'' , perden- situação an1er•cana ~ parciclllarmente fJagtante ~ e~tá partkuJarmenre
do ao mesmo rnrnpo suas caracter~sticas de discurso justificador para u5o long<a de ser exemplar. Poder·s&ia ainda •nvocar, evidentemente. .a papel
int~rno cu local! é, sem dúvida, uma das confjrmações mais exemplar<~s motor que desempenham as grandes fundações amerkanas de filantropia
do impéno f:: da jnfluênda simbóllcos que os Estados Unkios exercem sobre e pl2-squls~ na dlfusão da doxa. racial norte-americana no seio do campo
toda espécie de produ~o erudita e. sobretudo, semi-erudita, em pÇ1irtku ar, universitário brasileiro, tanto no ptano das repr\::~entdções, quanto das
atn1vês do poder de consagração que esse paí.s detém e dos benefido$ práticas. As$ím. a Fundacão Rockefeller financia um programa sobre ''Raça
materiais e sirnbóncos que a adesão rnah:>ou n.1enos assumida ou vet·gonhosa e etniddade!· na Unlverslclade Feder.aJ do Rio de Janeiro, bem como o
ao modelo norte-am12ríc-ano pt"Opordona aos pesquIBadores dos paJ5es domi- Centro de Es udos Afro-asiáticos {e sua r'2vlsta Estudos Afro-astátkos) da
nados. Com efeito, é poss]veJ dizer com Thoma5 Bemder, que os produtos LJniversidade Cândido Mende.s, de maneir1a a favorecer o intercân1b2o de
da pesquisa ammicana adquiriran1 ''uma estatura 3ntemacional e urn pod~r de pesquisadores e estudant~s. Para a obtenção de seu patrocínio. a Fundação
atração'' comparáveis aos '·do cinema. da música popular, dos programas de impõe corno condjçâo que as equipes de pesquisa obedeçam aos critérios
inforrnátira e do basquetebol ame.ricanos'' . A violênda .sin ~G6lica nunca se
21
de affrrmatiue action à maneira americana o que Jevanta problemas 1

exerce, de fato ; sem uma fonna de cumplicidade (extorquida) daqueles que a espinhosos jâ que , çomo se viu. a dicotomia branco/ nêgro é de aphcação.
sofrem e a "g)obalL?.açào:·dos temas da doxa social atnericana oll de sua no mínhno , a.rriscada na socie:dadQ brasilr2ira.
trnns.crição. mais ou m€nos SLtblimada, no dlsCUr:io sêmi-erudito não seria AlGirn do papel das fu:r'ldaçoes filantrópicas, deve-se enfim, colocar 1
passive~ sem a col abor<l~o 1 consciente ou inconsciente, direla ou .indlre- entre os fatores que contrlbuecn para a djfusâo da '' pensamento US'' nas
tainente tn'teressadaTnão só de todos os "'passadores" é importadores de ciêndas sociais a lnt0rnadonalização da ativm dad e edüorlal un lversitária. A
produtos c~J]turnjs com grUe ou ''dégriffés'' (ooíton~s, diretor.es de instituj- Integração crescente da edição dos livros acadêm icos em língua inglesa
ções c1..11turaiS, museus; óperas! galerlas de arte revistas ~ etc.) que, no pró· 1 (doravante vendidas, freqüenterncote , p~las me.srnas editoras nos Estados
ptio pa1- OL I nos paises-a.lvo , propõem e propagmn .. muHas vezP~" com toda Unidos! nos diferentes pa!sas dij antiga Con1monwealth britânica, bem como
a boa-fé, os produtos culturais amerkanos, rna5 também de todas as ins~ nos pequenos paíst?S pd iglotas da União Européla, cais como a Suécia e a
t~mcias culturais am ericanas que, sem estarem explidtaménte. coordenadas! Holanda , e n as sociedades submeclclas mais diretamente à dominação cultura]
acon1panham, orqu'2stram e, até. por vezes! organ•zam o processo de anH2r~cana) e o desaparecimento da fronteira entre atividade 0ditoria]
conversão cola1iva à nova Meca simb6lica2:.!_ universitárla e editoras comerciaJs contrjbuíram p ara encorajar a circ.ulaç.âo
Mas todos es.ses rn~canJsmos que tem como efeito favorecer urna de termos, remºs e trapos com Jot1e d:ivu lgaçào pre\. ista ou constatada 1

verdadeira •· globallzaç~o " das problemáckas arnerlcanas, dando assim que, por rkochete , devem seu poder d~ a[ração ao simples fato de sua
razão, em um aspecto. à crença amerkano-cêntrica na ·'g1obaHzação'· ampla difusão. Por exemplo, a grande edir ora sen1icomercial, semi-unlver-
entend;da, simp lesmente, como americaniz.ac;üo do 1nundo ocidenta] e? sirárta (designada peJos anglo-saxões co1no crossover press}. Basil Black~
aos poucos, de todo o tmiverso , não são suftc:i'2ntês para exphcar a \.i.:ell , rJào hesHa em i.rnpor a seus, aulores determinados títulos ~m
consonância cmn e,Sse novo si;'!nso comum p]anetárLo para" instalaç~o do
qua] e]a tem dado su~ contribuêção sob pretexto de repercuti-lo. Assim! à
calet·ânea de textos sobre as novas fo rmas de pobreza urbana! na Europa
20 ' J,,nl~:.:, Me.Ki~:': n<:m.cr..sua. i'l 1Jlllà só 'o/(?Z, \?ln 51.)t' obr:.-.·m~s ni., Scdo1'ogv o 11d H1·· ll·•tê' p~"·' i~rn 1
rr. ~ F:-.i: li.. rc of o P~"St~.C!lt.,~ •:Crl~1nri <md Chir.i'..go-. Ur.1ve:-si~y of úllno]s Pr~. , 9931 . : 101 i:::1 e na Am ética. reunidos em 1996 pelo sociólogo italiano Enzo Mingione,
la 'o que ~Srl!' lrorir.s .;:om pr •ré r\S( 1(!.S ('! i11tlf ('.'t<; 1\1rnrn.;it1~ "' 1~=.ter 'Óti~o d<i irl.:rio:ridade ::-.illu~r.J foi dado o tin11o .Urban Pouerty ond zhe Underdass, contra o parecer de
dü!i 1:.::g_YC6 l'.!1 por Clll~m, que el<Js SE f E!1,.'el1'1 rt1:il sin~ul ..mner.t Q lrli!P~ét& rn:'~ f~(':"!lz:>r P. :fopc..is
seu responsáveJ e dos diferent~s colaboradores uma vez que roda a obra
c:.:r llr;:ir a. m c:biliz.a;:ão negra J o dpós-gu.:rra .., o s rnoti;is r.:icin'l:!õ dos ~nos 60
tende ci dernonsh ar a vacuidade da noção dª undêrckJss {BackweJI chegou
21., T B~Yi•:)', " Potr..::..~. Jrm~llect, ard LheAmeri.crui L.:nr-.•en:.i.t>'· : 94S-l 995 ~, n 1 lJt:ir:.:i.;. ·,·:,s, ri 126. in.. ~rr.~ 2
d~~ 1Y97, p 1-38; rohr~ ri lmpr..rt."1.C~O rla ternitici:I d;::. gucL::: m ret ente dei:H.'lle e111 l<11t'.:"1d a <lrt.-,d."! nlç;smc a se recusar a colocar u termo entr€ a.i;pas} : .:;. Em. caso de :reticência
e de !; ;mlss. L. \.J,.illr.q•Ji\.111 , "Po11r 4'11 'lr-111 m'<$r: ~~ m:,.th.<'.. ,'h!3 'dtê:s-ghet1ao.': les óf~er©i=e:; .:•11l re
l;i Fr.:ir.: ' l lés Lli'l!:i-U11is'·, in Annci'e s d:? la recln:rchc •1rlmrn.z 52, Ctú1nbm d~ 1992. p. ~(kKI.
2 2 . l)mP.i dt>.s(j"içe_;:: roc:~mplm· dt pr-ocesso d ~ trn11:.iertrndõ dv ~Wt'~ ,'1~ •Xlt1'\n~l'ilí,'i!ic da P;m;; pari'! 23 . [. ~·1ir']~cna UrJ:iat~ P:w ert_.. :u~;J :i1c t.'•1rfor:,,'c ss, IL Roo:-i!?r Ox:fad. B.<isll B:!.:':lw,.vll, lGIJ6 N~i;.i ~
Koi.•a 'i't1rl~. cm m ri1fofo d,'!. i"llt~ d.::. ·vr:ingu<i~dri. enror.l:n:i-se no li'-'T'O dà~Ko rl ~: S~gc G11ilbr'1t1L trnrn de Jm :riu&.~ ili!: i9:Jl~o: n::: rn::::mc:n1o em q tJe e:.1 1! artif,10 L'<t~ f)t\Tfi o r.tr'1IO. u mE:"SJmi. e::lilbra
How ,t>•hn.L Y::: r•; SLo,'rz tiie: !dl.lv of M·'.'.l'~ • r',t) A r1" Abs!rarc Jm.iJ:r~.;s10.r1~sm, Freed~m. arid l.ht• 'tnl r · ·ndt'u um c:::mooie b:rie60 r.om ü!i llf -n0log.."'; Rcr:1'11d v&n KempE::'11 e P~er M~rcu!IP, a fim
t:~ IJ lVa r. Cb11::a 9=1 The UmvETSit;: af Chic::.3:;. Pr~i:. l 983. d1:1q11e 1!'.Sl{5modi:iquEffl çi líh1le d s 11.1 oi.# .;:cl li·.·.:., Thc Pcrnittom:d City'. p-ara C"iJl'>ba ,'l:!!l?l9 C1r1 ~

2.
detnasiado grande por parte dos autores, Basi' Blc:lckwell estâ em condiçõe~ f~/l.ç concept n~rté-arnericano de .. raça'' sob o efe1to da exportaçao mun-
de pr~tender que. um titulo arraente é o únk.o meio de evitar um p reço de. dial das <Altegonas eruditas arn encanas.•
v~nda elevado qU€, de ql-lãktu~r modo, ]iquidaria o l~vro e1n questão. É assim
. Pod.er-se-ia fazer a mesma demonstraç~o a propósito da difusão
que. certas dºcisões de pura comercializa~o ooitrnia1 orieniarn a pesqu3sa ~o
mt~mactonal do verdadeiro-falso conceito de vndcrclass que. por um
E?nslnô unlversitárlos no setitkio da ho mogeneização e da submi~são às
~fmto de ~ 1fodoxfo t~anscontinental, foi importado pelos sociófogos do
modas oriundas da América, quando não acabam por criar, claramence,
l.·elho contmente desejosos de conseguirem uma segunda ju ventude inte
determinadas ,;disdplinas· tais c:omo os cultura ,' st1Adies. can1po hibrldo!
1

lectual surfand~ na onda da po pularjdade dos conceitos made rn USA 26 •


,

nascido nos anos 70 na lng1Qterra q ue d e,,ie sua difL~são ~nternaclonal a


Para avançar_rap1do, os pesquisadores europeus ouv~m falar de '' c iasse~·
uma politica de propnganda edítoriã.l bem~suce.<llda. Deste modo. o fato
e a~editarn fazer referênda a .uma nova [JOsiçáo na estn.itura do espaço
de que essa ··dtsdplh1a'' esteja ausente dos campos un1t.• er~ltário e intelec-
s oc1al urbano ,quando seus colegas americanos ouvem falar de '·underr' e
tual franceses não jmpediu RoutJedge de publLcar un1 comperidil)rn inUru~
pa~sam cambada de pobres perigosos '2 imoraís, tudo isso sob umã ó plica
lado Fren d~ Cu!tural Studies 1 segundo o nlodelo dos British Cu ttu ra i
dehberadam.ente ~··~toriana e tacistóicJe. No entanto , Paul P~tenmn, profes~
Studíes (existe ta1nb~m um tomo de German Cui't um J Stud2es). E p ode-se
sor de clªnc1a pohtJca en1 Ha~·vard e diretor do ''Comitê de pesquisas sour~
predil-er que! e m i,,drludé do ptindpío de p artenogênese étnico-editorial crn
voga atualmente, ver-se~á ~rn breve aparncer u.ma rnanua.l de French Arob
?, un~erclass urbana " do So·c:ial Sdence Hesearch Counc~ (também
tmanc1ad0 pelas Fundações Rockefell.er e Ford), não detxa sl.Jbsjsttr qual·
Cultural S1udíes qu~ venha a constln.fü o par simé1ríoo de seu primo do
quer eqt1LVoco quando1 com o seu avaJ~ resume os ensinamentos extra!dos
1

alén1-Mancha, B tack British Cultura} Studies, pub]k.ado em 1997.


de _um grande coJóquio sobre a underclass realizado 1 em 1990. em
Ivfa todos esses fatores reunídos não podem justificar compl.~tainente ~h1ca~o, ~est·QS .t:rrnos que não têm necessldade de qualquer comentátio:
a h egemorda que a produção exe rce sobre o mercado mundial É a razão . O s.ufixo cfoss e o componente menos intér~ssante da paJavra. Embora
pela qua.I é nec:es.sár1o levar em consideração o pape] d12. alguns dos unphque unut relação entre doi:; grupos sodais, os tennos dessa tê.lação
responsáveis pelas esrratégias de import-export conceitua~ mistificadores pe-:nane~e1n •tndet~~minaclos enquanto não for acrescentada a palavra
tnis ificado~ que podem veicular, sem seu .c onhecimento. a part~ oculta - rna1s tamdiar under . Esta sugere algo de ba ixo, vil, p assivo, resignado ei
e, muitas vezes! n1aldlta ~ dos produtos culturals que fa2em circu]ar. Com ao r:n~sm~ tem~o, algo d~ vergonhoso, perigoso, disruptivo. sombrio,
~foito, o que pensar desses pesqul.sadores amer!canos que vão ao Brasíl ~lal~ftco, mdustvº, demornaco. E1 além desses atributos pe~s.oajs ela
encorajair os lídi2r~s d.o ..~ovimen to ..'\regro a adolar as 1átic.as do mo\dmec1to irnphca a ld~ta de b-Ubmi$Rão ~ subordlnação e mlsêria'' 2?. ~
afro-ameriamo de defesa dos d ireitos di.,1ls e dem.mdar a categoria pardo Etn cada campo in!~~ectuaJ nacional~ existem "passadores·· (por vezes.
(termo intermediá rio entre branco e preto que desígna as p essoas de. um 5"Ói outras vezes, vanos} que n2tomatn esse mi to erud ito e refon11ulam
aparênda flsic:a rnisra) a fim dé tnobílizar todos os brasileiros de ascendência rn:?sses tern:os alienados a qu~scáo das relações entre pobrezaf imig ração
africana a partir de urna oposição dicotômica entre ''afro-brasile1ros .. e e s~gregaçao em seus países. Ass]n1. já não é poss1vel contar o número de
•·brancos~· no preciso inomento em que, nos Estados Untdos 1 os indiv~duos artigos e obras que têm corno objetivo provar - ou negar , o que acaba
de or~gem m 3sta $C2 mobi lizam a fim de que o Esta;d."o ame~·ica:no (a começar sendo a n1esn121colsa - com uma bela aplkaçâo positivista a 1·ex1srênda''
pelos ~nstitutos de Recense~mQn[o) reconh eça! ofíc lalrnente , os ame~·i~a­
1

d esse "grupo" em tal sociedade. cidade ou bairro, a pardr de indicadores


nos Õ•rnesUços~' . deíxm1:io d~ os class ificar à forca sob a eclqu~ta exdus~va ernpírjcos na rnatoria das vez.es ma] construídos e mal correlacionados entre
de ··negro''?~'1 Semelbanles constatações nos ~utoriiam a pensar que i3 o ]
sJ.2'.'! . ra1co ocar a questão de saber se existe l~ma unde rduss (t12ffilc que
descoberta tão recente quanto r~pentina da 1·globa1ização da n.~ ça=·Z~
resulta, não de un1a bn1sca crmvergência dos m odos de dominação
etnon-ada.I nos diteren es paises, mas antes da quase unàver~.alJzação do 2 6 . Co~m Linh,i!. .slrio. ab$Ct'ô, :1C-D. "~ al9un:; .anos, [)OY John w~..;;tm·~aad ·~ ~,;\ alo~JJ(&o dio!ll 1Le dt:1
1

1
Bl'ltli;h St:tol~t.:il Association f' About ~'~ E3 ~'Ond 1 l 1~ U1L~cll"!SS: Si::; me N::::(C!~ on the ~nih.ienc.e
:'. ~~;~~ l.'.:1ma:le ~n Brlti5b ~ociolcm.· rO<J,.,y"), b 1 Soc1oh;gy. 26 4. julh:::~.::rr.bro de 1992,

24. J ~1. Spc~ru:er, The ,...,rew Co,'ura-d F1?~ 11le. The Mh::cd Roc.1~ ,\.fo :.te.n1cr.11 iri Arrtç .oo. Noo.•,;], York 2..7 • C. Je.nd.-.s e P. Pit..e1SCll1 ~!!d3.), TI-ie l)l'oor• Un!lcrt.'c:ss, 'v'v'ushir..,,ton. B~l.w...-_, (V'f1~ .
· ~~ lrtitituric ~ 1:,-, ., ,
;\"€'.1.· York Cnl·.. ersitv, J997, i?. K DôCO.~i'I, R~.o-.io.k1 ng ··RocE.'"; S ndaJ So;esat~ d lmpJ~r-~tlor.-~
"a- 1-1· ~')

28. Eis trés e.~emplm, :ntr~ n~·.i~os; T. R0d~mt. ",4.n Eme.rging Ethni Urden:li'lss ln 1h12 Nelh(!r.Lmd~·?
o/ the Mu.1 ~1 r.:;::fo f .'.fo1.-eme11 t ln l'i me r~c~, T P!"2 de da.1lc;-..~.do, Uni'ver;:;idade da Cr.'.iifr>tt ia,
S~P.. E:.1npt: li.;l:!I V.·ld~~c , in New Com.rrum11 y. 19-1. outul::ro d~ Jf'/9·2, ri 129-141 ~ J.
B\\l'kdP.Y, 199S. Di'!n~:;Chdl. Ctrn:milr.:itton d Pave.111; i n lh~ Lands.cap "S ot · &n111rl)'.\.•11 ' H<1rrtbtrr<' : Th e Crea~5on
25. H . V..ilnanl. - Radal Fomn.:1IÍ<Jrt and Hegemo ny: Glc;lil)] ard Local Dev.ax,pnt'l:!!"its .. ln.~. Ran.:in:.i d a N"""°:.t.:rb1m C'm:l~d .. ss?" , in Urba.ri S cud.1t.rn. 31-77. ~gos.to dE:: 1994, p. 1133- 147; e C.'F.
<:.ncl S. 'o,.V~lwC>lld (ecls ~. Rocisrn !de:):IC ., Ech.r1iclt~. 0:-:iord, Basil BLadw;iõU, 199'1 , e 1blderr., Wh.P.l~. ~farginal~a110n Dl'r)fl\'rrt.:m , c111d Futu..1'lsm ir'l lhe Heprubli.r; oi lre.lilnd: C!as-s. an,;i l:'nd.,;r-
Radar Ccndt: iuJ ,s. Mlnneapobs. t~nio,.•t.'f .. if\.' ot M~nnesota Pr~s. l 9'.15. iel.:-rs!ii 1 f'f'ill•Yb'i.l."S" ln Eurôpcan Sacio lo,gf::'ll 11 Reu1e w, 12· l . maio d 1t)'lfi , p :~J-S l

26 27
al91.1 ns sod6lôgos fran ce2scs não h es>taram em traduzir por "sub das se". na já éncontrado a propósito de ourros falsos conc~ttos da:vulgata mundta1ir,ada~
expectativa, sem dúvida, de ~ntroduzir o concei[o d€ sub·homens} em essa noçào de u nde rc!ass que nos chega da América surgiu na Europa, bem
Londres, Lyon, Le1den Oll Lisboa é pressupor. no n1ínjmo, por urn lado, corno a de gueto que eJa t€lll por função ocult~r em razão da sev<mi censura
que o termo é dom.do de uma certa consµ;t€nda -anaUtjca e, por outro, que polLtica quº, nos Estados Un1dos. pesa sobre a pesquisa a respeito da desi-
tal ''grupo" existe reafnJ(mt~ nos Estados Unidos~~. Ora a noção sernijor- guaJdad€ utbana e radal. Com efeito~ tal noção tinha .sido forjada, nos anos
natístíca e semi-en-tdtta de underclass é desprovida não só de coarênda 60, a partir da palavra sueca onderk!assr pelo .u..onomista Gunnar Myrdat
semântica, 1nas rambém de existênC1~ soc~aL As populações heter6cHtas Mas sua intenção era, nesse caso, descrever o procºs.sa de rnarginaHzação
que os pesqulsadores americanos colocam 1 habitualmente, sob esse termo
dos segmentos inferíores da dasse operária dos pafaes ricos para criticar a
- beneHdárlos da asstsrnnda social, des(2mpregados: crônlcos mães soltei- !
ideologia do aburguesam.er1to generalizado das sode.dade.s C?.1pjta]istas:t;1. Vê-se
ras, familias monoparentajs, rejei.tados do sist~ma escolar, ct'im]nosos e corno o des\.1o pela América pode transformar 1..lrna idéia: de urn conçeito
membros de gangues, drogados e sem teto , quando. não são todos os
estrutura~ que visava colocar em questão a representação dom1nante surgiu
habitantes do gueto sem distinção - devem sua indusão nessa categor~á
uma categoria behavior)sta recortada sob nledida para reforçá-l.a imputan·
·; fou rte-tcut" ao fato de que são percebidas como ou Lros tantos des1nenti- 1

do aos comportamentos ''anti-sodais dos nlais des1nunldos a responsabt~


1
'
dos vivos do "sonho ar=nerlcano" de sucesso indiv1dual. O -'çonCéito··
]idade por .sua despossessào.
aparentado de '&exclusão'' é comurnente empregado, na França e em oerto
número de outros. países europeus (prindpalmente, sob a lnflu~n cia da Esses ma[· entend1dos devem-s.e 1 em parte, ac foto de que os 11 passa·
1
Comissão Européia), na frontelra dos campos políHco1 jomalistlco e dores ' transat]ãnticos dos diversos campos intelectuais imparladcJres, que
científico, com funções simtlares de deslstorici2ação e despolitizet1.c;ào. [sso produz-em, reproduzen1 e fazem circular ro<ios ·esses (falsos) problemas!
dá urna ídéia da inat':)idade da opernção que çonsist~ en1 retraduzir urna retirando de passagem sua pequena parté de benefíclo material ou s lmbó-
noção jnex~s:tente por uma outra tnals do que incerta.Y.I r lico 1 está.o expostos, P:e!o faro de sua posiçao e. de sells habltus eruditos e
C.-Om efeito. a u n de rc la ss não passa de um grupo fictlc;o, prodl)zido póH~kos, a uma dupJa heteronornta. Por um lado, oJharn em dJreção da
no papel pe~as .práticas de classifkação dos en1ditos, ;orna,isras e oucros Amérira, suposro núdeo· da (p6s-)"modernidadê1' wdaJ e científica. n1as
espeda1istas em gestão dos pobres (negros urbanos.) qtJe comungam da ef~..s próprios são d~panden1es dos pesquisadores americano·s que expor-
crença em sua ex~stência porque tal grupo é constituído para voltar a d~r tam para o exterior dete1·mLnados pradutns intelectuais (muitas vezes , nem
a algumas pessoas uma 1~_9.itimidade ciendfjca ei a outras. um rema tão frescos} ,1~ guê. ern g era]. não têm conh~cirnent-0 direto e especifico
3] 1
pollticam~nt.e compensador . napto e mepto no caso amencano. o
1 - <las h-1stituições e da cultura a.rneiicanas. Por outro tado, indinam-512 para
conceito de importaçãq n ão traz nada ao conhecin1ento das sociedades o j ornalismo ~ para as seduções que elê propõe e os sucessos imediatos q•Je
~r'Opkias . Corr• efeito, os instrurnentos e as modalidades do governo da
ele propordõnc ~ e, ·ao n1esmo terrtpo para os temas que afloram na
1

miséria estão longe de ser idêntkos dos dois ]ados do At]~nttco1 sem falar interseção dos campos midjático e polítlco, portanto, no ponto de rendi-
2 m~nto m áximo sobre e mercado ©{terior (como serla mostrado por um
das divisões étnicas e de seu estatuto pol[cico:t • Segue-se que! nos Estados
Unidos, ~ d efiniçào e o tratame.n~o reservados às ;·populações c:om recenseamenro das r~senhas complacerü~5 que setJs rrabalhos recebem
problemas" dHerem dos que são adotados pe]os diversos países do velho nas revistas err1 voga}. DQ.i, sua predileç.ão po'.r problemáticas soft, nem
tnurido_ E, sem dúvida 1 o mais extraordinár]o é que. segundo um parado>'.o verdade1ra1nente jornalist1cas {estão guarnecidas cmn conce[ros)r nern
completamen te eruditas (orguJham-se por €starem em simbiose com ''o
ponto d~ v'tsta dos atores") que. não passam da retràdu~ão semi-erudita dos
~.11ta r~-F..culdMe para ilrgilir urr1<1 ei,id~·:d<1, cu s.(!] , 0 ia Lo de qi 1e o C(.:CK.ato d-2:
29. T;.7.1 i; li:;. &a"it1do probJemas sodais du mom en1o em Lnn idi01na 1mporlado dos Estados
underclas.s não se b~hc:s às lxla.:11-.;. tr.'ltlr.1~as, (\oi:)l'fon Ai..\'?r..el oceil.-r e r~orç:s f'i .::H.~o. f"1l c:-011(:.:.Cid.çi Unidos {etnicidade.1 id~nr1dade, m inorias, comunidade, fragmentação, etc.)
5"!'.)Ur.do a quill ele serfü O~Cr'>Jio l lvcl f&":Jt,; LJr:_:(ki!i (-Ui ques.fon de j" t..•txfcrc.:11\.tSS J~ dt>i.1. o:."\'t~
~ I AIJom.iqu€ ' 1 inSoc1.:i1 og1e du rrntmf1'. 39-2, dtnlde 1997, p. 211 ·237).
0 1 e que se suceden1 segundô urna ordem e titrno duados pe1a míd:a.: ju-
J Q_ N. 11 ~pbi. - L\mdi:-rcla.ss dei~ 1s l<.1. i;txiol~i·~ (lmr'>ricalnL~: .'!.'l:dusion so_drile I? p11m•reie , 1 in F.'ffüU e
ventude dos subúrbios ~ xenofob~a dà clas~e operár~a em dedinio desajus·1

/ r<Jrn;ç:lsr: ,·Je S<>cL0Jog11:\ 34-4. j uthQ'i;elemoro ti.;: J 993. p '121 -:;3~. talnento dos esb.idantes secundar1stas e unh,;ersitártos, violências vrbartas.
3 J. _ 1~. v,;,, ·'1'· i'tm, ··:..··u111:ladas:; 1
ur.biline da ris 1im::..gk1blr~ soda1 ('.t s:foml,fiqltP. antóic:i.ln ". 111 S. etc. Esses socl6]ogos-jo.rnalistas. sempre prontos a comentar os ''fotos de
P~tl!Ji'.'l= 1 (~'.ti. J_'~c.'i_.• !<;i G,n · ("éracde.~ Paris, E.diticms ln DéooU". .'é.rte, 19'16, p. 2•1,fl.....2(12 ,
so1.'ci1r_i.; 1
sociedade'' 1 ~tn urna Hnguagem. ao me.smo rnmpo, acéSsi\.1 ~] ~ "'modemi..-,
32. oo-: dií iri:mça~ ~â1) .;:õlíi'ilztJd(JSJ ~m prohm::lc5 pedestais hi~côrioos, <:orno lt:a'.'.'.l ic.=t a 1~1llro romi:-a~arla
d::is trrkiruhos de" Gic-.•arl11ij Pn; '!\Cé:l ~ i\tlrh.'ld X..ltz: G. Procac-:i. Gou i.:ê rncr fa tti isi:.l "~. Jú O,l•~~c1'<m
se 1a.'eet: Fn;n.~e. l 7/J9-1B48. P~ris. LeSruil. 1993, (.!. i\1. Karr.. h1 Lh<J $hodnl., o_( !ne Po0orhouse.
r

,~ Hi$:v r:v o{ lt! ·~f(1te 1..1 Arr.erlca, Na,•a York. Basic Books. ~ 997 1 ric~ 001çlfo.

28
1a1" 1 portanto, multas vezes! percebida como vagamente progressfata (em seio de deterrnlnado Estado-nação a partir de traços "cu]turais" ou •· étni.
referênda aos ·'arcaísmos·• do velho pensamento europeu), contribuem, cos'' 'l êm, enquanto tu fa, o desejo eo direlto cle exigir um reconhedmen1o
dº maneira partle;.1..Llarmente para.doxru. para a mrnposição de uma vjsão do dvko e polfüco. Ora! as formas sob as quais os ir:.d]v~dtJos pr.ocuran1 fazer
mundo que está longe de ser incompat~vel, apesar das aparênclas, com as r~c;onhecer sua existência e seu pmtffi1cim~nto p ero Estado variam segLmda
que produzem e veiculam os grandes th rnk ta nks lntemacíona1s, rr1ais ou os lugare. e os momentos em funçào das tradições históricas e constituem
1nenos diretamente plugados às esferas do poder econômico e politlco. sempre um motivo de lu l as na histór~a . É a~~im que uma análise compa-
rdtiva 8paren1<?met1te rigorosa. e generosa pode contribuir . sem que seus
Quanto aos que. nos Estados Unldos, estão comprometidas, mujtas
autores tenham consciênda disso, pàra. faz"~r aparecer como universal uma
vezes sem seu conhecimento, nessa imensa operação ~nternadona~ de
proble1nática féH-a por e para am~ r:ic~ nos.
import-export cuJturaJ. eles ocupam.. em sua maioria Uffta posição dorni-
nada no campo do poder americano, ~ até mesmo, muitas vezes! no campo Chegn·se: assim. a um duplo paradoxo, Na luta pelo n1onopó]io da
intelectual. Do ma.sm.o mcxJo que os produtores da g'.ranch~ indústria cu]tural p redução da visão do rnundo social universalmente reconhecida corno
arn encana con10 o jazz ou o rap, ou as modas d e vestuárto e alimentares unlversal. na qual os Estados Unidos crupa.m cituaJrnen1e uma posição én1i-
mais comuns, como o jeans. devem uma parte da sedução quase un1versal nente, lnclll~ive don1ioarne, essé pais é re.,.altnente ~..:i<c€pcional, mas seu
qu~ exerçem, sobre a juventude ao fato de que são prôdu2~clas é u~'lli2adas excepcionaflsmo nào se ~itt ia exatamente onde a sociologia e a d ênda sociêJ
por minormas domjnadas34 , assin1 tamb~m os t6p!cos da nova vulgata mun- nacionais estão de acorde em situá-~o, isto é, na fluidez de uma ordem sodal
dial tiram , sern dú\,•ida. uma boa parte de sua eficácia slmbólica do faro de que oferece oportunidade:; extraordinàrias (prlncipalmente. ,em comparação
qué, utilizados por es,pedaHstas de disciplinas pércebjdas çomo marginais com us estn.1turas .sodais rigidas do 1J~lho continente) à mobllldad.e: os estudos
é subversivas! tais como os cu lt1.J ral stud ies, os minority stud ies! os ga_v cornp;n-ativos nrn.is rigorosos estão de acordo ~rn concluir que, 1.1e..i;re aspecto.
stt.Adies ou os tuomen studze.s, eles assumem ) por exemplo, a.os olhos dos os Estados Unidos não dtfer~m fundamentalm.e nte das outras nações ~ndus­
~scritores das antigas cotônias européias; a aparência de me:nsag~ns d e ttializadas quando. aHnaf, o leque das desigualdãdes f! aí n1cidamente mais
abert'o~i • Se os Estados Unidos são rnalmQnt(!! excepcio1.ais, segundo a ve1ha
1
libertação. Com efeito, o imperlalismo cultural {àmericano ou outro} há de
se impor sempre melhor quando é servjdo por lnte]ectuais progressistas temática ~ocqu€vililana, incansavelmente retornada e perjodicamente reatu(:l-
(ou ·'de cor'', no c~so da desiglJaJdade racial). pouco suspeitos. aparentP.- )jzadn, ~antes de rudo pelo dualismo rígido das di\•isc)e.::; da ordem sodaL
rnen~é, de pron-tover os interesses hegem.õ nkos de um pais contra o qual
esgnn-tem com a arma da crltica sodal. As.sim. os diversos artjgos que
compõem o número de ver~o de 1996 da revista Dtssertt, órgão da ··velha 11/.-:,'íoc~· do "folso <lmigo" ~ú, .,..•.i: I •11Lemente, os mgl~::;i.s p:'.lrCf.J•~. t~p~ri.nlemente. fali!im ili :;~rlll'I
esquerda" dernocrát ica de Nova York1 consClgrado âs ··Minorias ern lula llr"'ti'.W. mris t~.mbém 1xm11 1<:~ 11111nziiorii'I das va:e:.. WSLLfo i!.pr~.~'di:.lc ti 8:lc'..ologia 1~m n 1,Jtno.'!is. rooders
e 3...ros mT1e!ic.,1r'JOs, 1l~ 1 t~m; 9r.n::f" cois:i. a opor. Sillt,.•: : 11tr1d ~lre:na vigilr\non ('Pif;t~>rr.jl:Jgico po
no p]aneta: direitos, esperanças~ an1eaças" !l, projetam sobre. a h un1ru1idade
3
h1irn. <i tn>:asãc 00111~?.11u'tl ft dtJro. i~lem ptilv.; d.1 1 ~l,;I Kx·i~ decli'lrad!l il h.:?.gc>tllPJ)i~ mnenrnna,
inteira, com a boa consclênda humanista caraderistlca de certa esquerda co::!"J::i. IY.'.ll' <'!<C'!.1 11~0 . no CMO drh e:cudru êlrn~oo, '1tn rrm10 d~ re\iista !:"eh q!r' (11 1d R:;r!a.' Sl!~dJes,
di:rigidt1 prn M.'lr:i:i Bu.1rner. i:? rio gn.rpo da ~~1~.&..1 • !.lo m::isrn::i e da;; mlgr-f1t;xjl.:) de: Rcl;at ,\{íks na.
acadérnka., não só o senso comum fiberal norte-americano, mas. a noção
Uni1,.1~:.i<lt1dc e.!·· Glw~ ,\•: nc- en.c~11;0, ~l.>ll}S pllr.Jdi@nas al~~11.;itli.'O-~, JJl\:c.<:upm:los '21Tt levur
de minorhy {seria necessario consetvar sempre a pa]avrn ing]esa para Jll1:.'.!! 1~n 1eu 1rc r:m car.siC.e:r<.u;âo M '"•Plx:i:ió~b.des. dil a rd;im lwi1.1r"ti ~. n5:::: se ddinem m:~>O~ 1XJr
lembrar que se (tata de urn conceito nativo importado na teoria - e ilinda c:•poS;; ;)o .is ·:o:i~e~c-e; i'lrr1.u''>:"·,1nus ~ seus dc1"1..·ado.s. brlí(!n:cc;~. I Sc.~u~-Ee que. "' lngl~t erm \..'S16
s·;lml urnh ncnte pr.edispc&a a .;:r'l"l,.~r c;;e <:m·<:ilo ~ T róli'l !l~!i:'i qi~p,] M no;6i!:s d-::i :serLi:o comum 1J'i.X.blo
aí, origina rio da Europa} que pressupõe aquilo mesmo cuja exisrênda re.aJ
36 i'lmerica:i o lJ >n.:!tram n:'i C'.t-11 lp;:l inleledual etl!'ClP""J 11s:so ~ ·vtllido tanto em mr t ~n ltuciJ~~:llll.!J, quanto
ou possível deveria ser demonstrada , a saber: categorias recortadas no •!'.!Tt["lClitlu. a~~1r:õ1111 ·.~ tl soàa[J. t na i.nglM<'fr11 qu ~ 1'1t;-iio d:l"S fcrd ;i,ç :5 r'(JllS'frvtld0'.1<15 e c'..o..o;
in:.~~llni•M~lt'l' ::enfuios e:.iá p_:rtal;);,j~~~ h6 mi'lis IEtl~Jl" f' ,.
a mal~ arulr ·l:>o ~ com[-trns<:rdon:i. º!\(,
k,swuu.11 ir 1t.: 'IE!:'..H• sfüiaçila a rlift 1$tt::J dt.:> mico eruc!:to da 1mde.rcfos.:; r. .r, ~~Kii?l d:e intc.>!'l,.\~flÇÔ~
.J!t~ .u\idiuli.::odas<le Cr..ad~, M11rr ·~· esp-t:-ci~liçt:H.b Manhr.na~ !ristl lute e GWU int cl~:".Clf(ll dl'l ci:irdl<l
34. R. Farttilsia, ··E.·.•et>ythh~ an~ Noth~11~ : TI1e ~·k:aró11!J d Fm;::·food ilnd Other l\.me:rk an C\Jlt11!:'BI libertitri<l d :::is J.~'i1(11·k :, Ur ~i;Jns. f! <le sat µar sim ·,1rk~o, tu .sej;:.. :::: ~(!tll" dn "dcr;a'X.léncia '' dcs
(°1<Jl.XfS Í li f r';'lJlC'=( , Ín Tité ( OCQW~l'i.1 .le .~e~ ;i?~..t..'. l 5-- 7, 1994. p . 5 /.,S,9 , C:::sla•,,l)l ,,çi:lo.r; 1•111 ra! "çi10 ii.s ajudas saciais. QUe, .seguro o lJl:'O:;:iCL:.Ut ele T 1)1l~· B!rur, elevem .;er
35. "L-r1\;)nnled Mlncrlt. ~ e.rn 1Jr j ri,. Gk:be: fü<3h~s, Hopes, Thre<1t '' , Dlssent, '.ILmiio dl~ 1996 . n,,J111,;. l,\.::i ~lr,r l i!·.1:;.iem.: ri fim c!e " llh·.>tri'lr" oo p o br.es da -sujé~ei" ~d t'lssii>: -n::ii:., como icl f{'Jta
) 1:r C.Lnton 111 relação aos prin 10!; da Arrnkica no v~ ão d e 1 9-~6.
36. O p::--0blema d~ fing1.1.;;, ('1.'CC~do de pl'IS!iõgem, e um dos m~s .::spinhoso.;. Te:ndo oonhEdm(!llCO
Oi'\S pr cr-...'!t,J(Õ~ ccm1i'ld~::. pt?las et1 i:kigos n:t introdução de :-iBla1,.1ras. nari'..oas, ~bofft taml:i~m 3 7. n . Ir' pnr".:cu:.ar R. fukk l)!f i3 J . GaldlhDIJlt!. 1)F' (À."JS f(Jfl f ,1l'X. : A S.tua\1 of Moti.',11Lp 111
$1~1)111 conh13;:ioos :odos os bendici;.:; sirnb6uoos fC:Jf1<;eldo.s por ~::;e V~rlts dê: rr.ode-r·Ji l.t§t, ~."!dLs~ n a.151::<:t~! t!ts, Oxford, Clilrendon ~ess i 9r~2·; F..rik 01.in V•higbt ::hL~Q~ il:O 1ni.:~111;:; n~sultarló
podem.a s no.; su~preendl!r qul' d Pl(:rl"f: 1r).f!C;.u p:rof ~ioTii!lk'!· d1:1s ciências: .sociais po'..1r..r.m !i~lil m m 1J~rl nl ~· ;-: lu$.:~;.i~ .Sl"llSJVi!:bnt:!lm~ dlfon;nle, P11 1Ci't..'S& Co.unt$! ÜJ1• l('Aro ti1Jc Stu.::fo::s iJ1 Cio~
IJnsuagcim d<=ritidk~ oC"Ot 11 lin)tOS "fois::::: o.lmi!Jos·· (€óricas biJieados. no~ mf')IC'!s d~t..ttklu 1 1'1~ko'l6- .'o~ 1 LJf:'1°i rJI. Czirnbridge·Pari.s. Cambric lg~ C'ni·...·et-.sity Pr~s·Bdltlar.6 di,i llll Mtl:SCn d es s:::i enut>s iil"'
g,ioo (rr.ioorj:~·. min~idade: pro,fess lor~ . prcf..;si\o ]lb,".ri\l, etc .) .r;crn ol:i5-~ que: es.s~ p1:1la ... ré'IS l'i •rnnm. 1997; so re a s c!l1~l vm u11tmles politicos <la <:.'ic:r..la riat1 désigU-Oldad~ oos. IZ$1,"jdo ' l11Jàc ·
mc1fclcgi::mne:nte gfüT..eas esti\o R1~1~''ll ;t:1(1~ po r 1od~ n d~l«fill~ IDl.istent.a w l:re o sistema social e '1c SCH L ' !i imc~1to dtJr.(.!Jlfe <IS úJtim~ dt a.s d~ · ' IM C fiKhe7 l>I aí , ftWql!:ti.lt(~: by Üe"s1~rt·
n o q ual forain p:rc:xi11zxla~ I! o 11oi..•o ·l~lrmà nl} q Ili esliio smdo inl roduzidas. Os mais exp~los r.ruc"',•h .1J 111, 13r:.'r' Cume ,\fytí1 . PYlr1t oJ101'l. Prn~ atem Uni•J r5J~y· rl , 19%.

30 31
Eninda mais por sua capa cidade para impor como universal o que têm de
11mis partkular, ao mesmo tempo q ue fa2ern passar por excepclônal o que
têln de mais cornum_
$~é V'2,rdade que à desistorlcização que resulta quase inevitavelmente
da rnigração das idéias através das fronte•ras nadonals é un1 dos fatore~
de. desrealização e de fa lsa universattzação (por exemplo. com os ·'fo.lsos
<ln'ligos '' t eóricos}. encáo somente unia verdadeira h istória da gênese das
lde~as sobre o mundo social, associada a uma. análise dos m ecani~mos
sociais da. circulação •ntemacional dessas ídélas. poderia condu2ir os erup
diros! tanto nesse c.ampo quanto alhun2s,, a um controle 1nais apertelçoado
dos instrumet'ltos com os q U<Ü5 argutn<2ntam sem flcar'2m inquietos. de
8
antemão, ern argumentar a propós•to dos mesm os:i .

Método científico e
hierarquia social dos objetos
38. F:m •. ma o'nra esser:.ciJL p~r: . ;i·., L:!ir pi •r.a.me.n1e nilo st a petr': da. lni:or.s.di:mte h iJ: tórko <W""· !i:ob
11m.!If;-;r1n.=t !Tli:il~ CU mer.os irre(XJt)li<'1~i~·(!( .-. reprimida, soorei,.•ivc n~ ltt'<:bl~mátic.as erudi~l!!S df.:•
um pnb , rr:.{1$ cmr.bém ::: '.Je-SO bi·.i~Q"r::.:o qu~ da ao lmp'1riahsmo ~.:ide:niiç., An:1~lcano umil parle PIERRE BOURD1EU
de sua {n"IÇlrclJ~1't1:.=i fo r.çi'l de tmpvc.'lçll<.;. Dr.mth'.,' !i.oss TE...,elil rn;n:l ru; c11'•11dr:.s sc....:iais
,,meric.a.n<'l s. (.cccm.at1in. s:.; .lologi<i . cier.ci.J po!lck:& · pslcr:Lõg!.3.) se cons.:rnLrnrn . de .si11id11 ri 1>=! rtit
:io? dois dagmas comrM111 ·ntM<'.'l ccnstit1.rtii..1Cs c.fa ::lo:.:~ n.1 lonal, a !i.<!ber e irdii..·iduoli:1n 10
m· t .:if:i.1():"1 - .;!_a idfu de 1.J:ma v;Josiçf.u diametral C!r.tre o dirnm1~1110 ~ .;i fl.1 :.:ll}jl idd .e dl · nova"
•.>nl~n sc-:··Ial ameJicõna . rc>or u111 k lr), e.. prn outrc , il esl•~grA..;,:ao e .-. rlg~ez da;; ··1,.1elli.as" Tmd~~ô: DENI.-[ BAHlli-'iR.t\ CATAM F. AíRAf\10 ME~JC:, LATANl
torm.i1<;õe.s S':Jd('ll$ ..;ur::::péJas. •:D- Ras-,, The Or1g;rtS o Arr111?r!ca.'1 Soc!m' Sclen<. ', Ca:iT1ln:lge, .Réi.•isrfo técnf.ca · M/..r<v\ AI JCE NOGUD~A
( .11:':'lbrdge l..!ni'.•erstl;..· Pr'~. Y)<Jl ). lJrnr; dogmas hmcldtk•:'11.<: ruJa."i retrndu~óes dir.e1<.iS ~
i'
er: ··< 11l;arn . <:'.rn , ~t;:;iy.'io r.io prtmeiw . 11 flÇ(lf.?-~1!111 astoE!:lsi'.1 i:!lm~Le ·d 'iJUl"~~li'l d.=i éW ri a s.naol6G,]rn
c:::m .11. 1Bflttitf •.1,.. ~:-~:-iic:.:-i. C:e Tulcoro Pan;nns de elabnrar 1..m1t1 '11DJriri l,o\jlur1tl!l'kta d.-~ r.içfü~ ~ e,
:~ais mce11~emmilc 1 t'lb rl"'~.~ur:;;~nda dil tooriti di'l8 ,d(l '1..'leôlha racional; e, em rnwcf'.i:; fl(; 'li.;QUrx:lc, fo11 ce: Bourdi"'-u, Pkrrt>. "f\.U~thcde scien~ifique l!"l l1i{Jr11rr.hl1J :<>a•
l 1i) - , e cria da rn-::id~rniu.ç.hn ·· •)IJ'<I- 1 dn'1'1J s.:m purtllbM oobre o ~'lluoo da rrmdançi'I so::ü:lldl r'l(l~ 1'lo'.ll<! ~i':S cbjels". pu'ulltado C(t~1nrilm.ente in Ade~ de fã
tre:; tlêci>:fa~ .-.pr.s a Segunda G11erril Mundi.:il Q\.e, anmlmenle. f ~ um r~.:.i r..o L i:$p.srado nos rcchc rrh~ crl scre.rir.es soda.~s. Pa~. fl. · , ,ane:lro rlE>
e5.t1x!o.s pti5·rni,.'Jútll'X"l5 1975 p 4-0

32
Q uando Parrnênides indaga a Sócrates. para embaraçá-lo. se ekl admite
a existência de · ' formas ·~
de co1sas .Jque pode~lan L par12ce.r a1é rne:sn10
insigniíicantes, como um fio d.ê cabelo ~ a lamal a sujeira, ou quaiquer outro
objeto sem irnportSncia nem. valor··. S6crat~s ç:onfossa QUe não pode
dec]d lr-se a fazer 1sso. 1-JO]s tem m€do de resvalar par.a um '·abismo de
besteiras''. ]sso~ d iz Parm ênides, é porque º'1e <2 jovem e oovo em fi[o.sofü:i
e preocupa~se ajnda com a o pinião dos homens; a fi1osofü~ vai apoderar-se
dele. urn dia e lhe fará ver a inutilidade dessas arrogânclas das quaj s a lógica
nfto participa {Parmêrúd es. 130 d.). A flfo~ofia dos prok:s~ores de filosofia
não retei.,.•e sufklenternen te a Ução de Pannên]des e. há poucas tradições
onde. sej.a m abi marcada a distinção entre os objetes nobres é! os objetos
1gn óbeis, ou en Lre as m anejras ign6 beis ~ as rnanelras nobre$ - jsto é 1

Q.ltam~nté ;' ti:i óri cas .,, ~ogo idealizadas, n eutraHzadas ! euJemizadas - de
tratá-los. J\.1as as pr6 Drias dlscípllnas denóf]c~s não ignoram os efr~itos
dessas disposi~ões hk~rárqui.cas que. afastam o~. esl11djosos dos gêneros.
ohj~bos, metoclos ou teom,~ menos prestigiosos num dado momenlo do
tempo. Assim fo1 p assivei mostrar que certas rf:lvduções cienHficas for~rn
o prodt1to da lmportação para domfnios sodalrnenle des·~·a lorb:ados das
clhpusiç6es corr~ntes no·s domínios ma~s consagrados L.
A 1-t lerarqu~a <;tos obj<::tos JegHimos, lcgifü11ávels ou ind1gnQs· '2 urna da$
mecliaçõés através das quals se irt1põ€ a censu ra esp ed fica de um cantpo
cl~tt':!rrnlnàdo ·que. no c.asq d~ um campo cu}a independência está ma l
afrrm ada. cotn relação âs dcm121ndas da dass12 don1h1.antº'. padé ser r::.la
pró pria a nlt~scara de uma censura puramente política. A clefinlç.ão
doniLn~nte das coisas. boas de se d3zer e dos temas dignos de interesse é
um dos mºcan ts:.mo~ ideológicos que fazem com que coisas tainbên1 Inulto
boas de se dizer não sejam ditas e com que lema:; não meno5 d1gnos d~
;nteresse. não interessem a ninguém, ou s6 possam Sl~r uatados de. modo
envergonhado ou vk~oso. E isso o qu e faz com que 1472 1lvros sobre
,l\léXandre, o Gr~nde r~n ham sido escritos. do5 q1Jais apena..:;; dols sedam
nect??~s.áricJ~, ca~o se acr~d i tc no autor do 14 73·:t que! a despeito de. sell
~ uror ü:ooodasta. E;s~~ Jnal sfüiado para se perguntar se um livro sobre

1• .J, BEN DAVID & R ,-.OW NS. ·Sn.:i.i: ·.ict.)~:; in Lhe Origim d ri Ne1J, Sci.:!ncl'.:!: 'f1 112 ~·as~ oí
P !ii,at:.hi; k::gy . ir• .4.n:~n.::a t: Sodo.:Jg1rn 1Redew.. 3 J:4 ~. a_gosco de J '.Jt.6 r . 4 5 . -4:(J5
1

2 . íl .L .. OX, Ali!.'(l'.IJ1~rY Lh t> (lr'L'ã~. Lcr..irl5, t~Jlen .."Jní!, J <J7:$, &:1~ d~n~tlfüfo diJ..."l iJll(! L'!..'l.;;11.
' '1liht ald~ (.l é :'ílrf.11 ll.;)J )1-l rul',i;'lo:J'1'11 - d:~ lxir.1rJ c!iJ o,.risla do lurx::ic:m~mmlo 1!!.:;11'1 p(:!rp sb..t:açi'.\'.1 do !:il!Lrni~.
1:'tlidem1.o1n1 11ra -. \J111ij \·Ul {irn .,.., 1xm.1:-titui p.or si u11 i.11 \•@rtladaim dctEStJ ccr;,tra .a. ailitil lí!X'em:i q ue,
f}<lf(i ~d L'XC:r•- L' I d tJl.'e OOr.1fiíf .~wlTI A r11,. a~iJ L.Co.,ah..1 1 - ~Jafa imt nY.i~'.,\,J - 00 111'11 t@;$p~;o::i,1llst(!i,

,' 11)
H
Alexandte é ou não necessãrio, e se a redundânc1a observada nos Jom[nios LJposiçõ'2s são re h:itivo~ ã estn..1 tu :i-·a do campo considerado, m esn10 que o
ma~s con$ag~a.dos não é o preço cio siléncio que pa'ira sobre. outros ob}etos . funcionam~nt'o de cada campo 'tenda a fazer com que eles nao possam ser
A hierarquia dos dorn[nios e dos objetos orienta os in L'es.rimentos percebido:; como tais e aparêçam a todos aqueles que interiorizarem os
inldeçtuais pe1a m edtaçào <la.estru tura das oportunidad€2 s (méd1as) de lucro sistemas d e cJasslfic:aç§o que reprod uzem .a.s estruturas objetivas do campo
cna{erial e s1mb6Hco que ela cont ribui para definir. O pesquisador partidpa como intrinseca. substanc~al e real m~nte importante$, interessantes, vulga~
~emp re da in1portânda e do valor que são comumente atribu~dos ao seu res, chiques. obscuros ou prestigiosos. Baslará ~ pa~·a baUzar esse espaço)
objeto e é pouco provável q ue e e não leve em conta, consciente ol~ in- marcar v..guns pontos com exempios tomados das dênclas sodajs, Por um
conscientem€nte. m.~ alocação de seus interesses Intelectuais! o fato de qLH~ lado, te1n~se a gré\nde stntese t~6rica , s~n1 ouh o ponlo de ap o io na
os trabaJhos {cierHJflcan)ente) JTtais 1rnporfonh:~.s sobre os objetos mai.s realidade a não ser a referência sacraHzante aos textos cat õr~icos ou, na
"insignificantes" têrn poucas cponunidades de "er, aos olhos daquéfes que melhor das hipóteses! aos objetos mais lmporrn.ntes e mais nobre-$ do
b1teriorizaram o sistenla de dassiíicação cm vigor! tanto va.!or quanto os mundo sublunar , isto é, de preferênciã ·'plan€tários e constltu1dos por 1
'

trabalhos mals insignificantes {denli!;cç.mente ) sobre os objeros mais ''im- uma tradição ant1ga. Por outro lado. ·1em-se a n1onografia p.rovinctanu.
portante~· · que. com fre.qüênda , são iguc. lmente os mais tnsigniflCZlntes, duplamente infima. pelo objê:to - rnin(~scu]o e 5ocialm~n te inferior - e pelo
islo e. os mais anódínoi. É por isso que aqueles que abordam os objetos método, vu]garn1ent·e mnphico. Oposta a uma e outra, tern-se a anális~
desvalorizados por sua '·futllidade'' ou sua '·indignidade'': como o jomalis- s fd.Jn3ológka. da fotono,..~e.la ! dos senmnários ilustrados, das histórias er1~
n10. a moda ou. as hlst6r~as en1 quaurinhos, fraqüentementi:! esperam de qu~drinhos, ou da moda, a plicaçao bastante h erética de urn méi:odo
um ôutro campo esse mesmo qt.:.e eles estudam: as gratificações que o
1 leg[timo, para atrair os pr~sflgi os do vangL1a.rd3smo"' objetos condenados
campo ciencifico lhes recusa de anten1ão. e isso não contribui para pelos guardiães da ortodoxia que estão predispos~.os pela atenção que
inchná-los a uma abc)r<lage1n c~entífic~. recebem nas frontehas do camp o iht.e]ectual e do campo ardsrico - a quem
Sºria necessário anali sar ó forma que assume a divjsão! aJmitida como fasdnam Iodas as form :;\:::; do kitsch - a apostar em estratégias de
4
naiural em dom]nios nobres ou vulgares . r.édos ou fúteis. inlere.ssantes ou reabilitação que são Ianto ena.is rentáveis quanto mais arrfacadas • Assim ,
trlviais nos c.HferQ=-tle.s campos, em diferentes n1omentos. Cert.anumte se o conflito titual entrn a grande ortodoxia do sac~rd6cio acad~mlco a ª
descobriria que o campo do~ obi~tos de pesquisas possJveis tende sempre h '2rns1a notavel dos jndepend entes inofenslvos faz parte de n1ecan.lsmos
a organ:zar-se de acordo com duas dimen sõas inJependentes, ~sto é . que contribu~n1 para man[er a hierarqui~ dos objetos e, ao mesmo tempo,
segundo o grau de legitimidade e $egundo o grau de prestígio no inrnrior a hierarquia dos gn1pos que dekl tir<lm seus lucros ninte_riais € sirnbóliço5_
dos limites da deftniçáo . A oposição entr~ o prestigioso e o cbscuro que A experiência mestra que o.s objetos que a repr€sentação dominante
pocl~ d~zcr respeito a dom1nio. dos gêneros, objetos ~ formas (maL ou trata como inferiores ou menores. atraem freqüentªm~nt 12 aque!~s qllê estão
m enos ''teórk.os'! ou ··~rnp~rlcos·· de acordo con1 a!;; taxionomias rdn àn[~s}, menos preparados para tratá~los. O reconhecin-tento da indignidade domi-
é o produ1·0 da aplicação de critério~ domlnan rns que detennina graus de na ainda aqueles q ue se aventurnm no terreno profüido, quando eles se
e.xc;~lªnc~a no h1te.rior ào univer~o da~ práticas legitirnas. A oposição entre crêern obrigados a cx•b11· uma indignação de uoyeu r pulit.ano, que deve
os o bjetos {ou os dorníniüs, etc. ) ortodoxos e os objetos com preten são à condenar p ara poder consu1nir, ou uma pr11!ocupação de reabiJítaçiio que
consagração. q ue po<lem ser consir3eradus de vanguarda ou he rêticos, ~urõe a subm issão íntima à hierarquia dils legltimidades ou. ainda, uma
conforme s~ situem ao laào dos defea-uor12s da ~1 ierarquia estabelecida ou hilbil c:ombinução de disrnncia e parUdpaç~;o, de desprezo e valorização
ao lado dos que ten tam in1por uma no·.,/a de lin1ção dos objetos legítin os~ que permite brincar con ~ fogo, à moda do arjsrocrata que S€ abastarda.. A
rn ~nHeslil o potarlzação ciue .:ie estabelece em ~ oclo ca.mpo entP insti.tu ~ções c1€nda do ob}eto tem p or co ndiç.50 absoluta . aqu~ c.:omo ~m outros casos,
ou agenrns que ocupat-r:r posi.ções opostas na e5~n~1ura da d ·stribuiçào do n ci ênda das diforente.s fonnas da reJacáo ingênua com o objeto (dentrº as
cupitaJ espedik o. Isto qu~r dizer. evidentemente. que os termos dessa$ quo.is a que o pesquisador pode manter com ele na práticu comum). rsto
é. a cl~nc.i a da po.sfr,:ào do o bjeto estudado na hierarqu;a objetiua dos graus

3. /i. li:i~l•~!-l;' .~i.mLl:ic.a Lulu :i. ••!: p i <.t\·1·.J s d:1. lir ·i..3~;~m :-:rd ina1-õ.a enLroi U$].h)S kt G. B.r'\CI tü\RD Lu
.1'1dêrit:i,11s r 11 'í;lil'.Jõ ' tlc;d. r i'.rÍ!;. t;..·Ur , 1<)51. 1~ · 2l fi:• 1:dJél l tWrar '.llTiil. n1pJL11'(1 C:..:rJ ~ ( 1 Ih:;"; C'OITil.ll.Ci

que pcG.(' ser o d~ di,.c.111ua ablL?lt~·<1n:e •:·=>bj 'las " ir1...111ilir~1~Y1 r~ · uu - i1l':.vort::.nl e'$" ~~) ,!i:)1l'1Cb 4. Do mesLT!.<: m odo quL~ ri .l-ri,'~?.i1'1·.Jiri 1~:1f. •. ;minh ~ 11iô"-li 1t l:1n u1r. rx~l.'11.;nn ~ in·it., (m i"..ii i;.o;m1pl , xJ pm~1u\3
mool.1~~Zfifli'I r d.-, GXito .;''.!'"<:r,I t') ('01) 1 ri <:ri"i!}•lm w it'tl ;d. r BOL!HDIEU. L BOLTAKSKJ E p
, ;.:-;í!~~~enle J'(!cc nhe:.:id·:Js ci.;r~):: 1n 1;mr ta =-1tes o u 1m:i!)r.:J:,;:il11Les m 11 n d"lr!<.t mc.-tn :r.1Lo do- Lern-p ) o;,, ,, •>
d· rcr.i::: fi n iÇ-.lú 1~:"l:rt ri. :":1\:-:iliciL:l que cit{.::orrt~ria il !m1?;;.:ic., num !:i!ilcm~ de \'.o, 1c<r:J\(.'tõ,, d..i pala'.'Yi)!<
.,_.lALDlf)[[.íl . ' LH:léil.!r~Bciu.::urµi:' i:-1 /;)forrr1orfon sur.'·s s.:.'t.!t~c ss:Xi°!2.le:.. 10 (41. 197_), (.;
11n :•.•· ,.. -·I Qlll? .1. -ri E:llLIJ'TdC p<u 11m ;li llliu poruo du L' raç.o ::lm c.bj 1L~ de P• q11ls.;~ L!Xphl 11.-t
L 1
ctdir.iina~ il!:!:i' i1 oa.-.ht Ji:Jh.~ r,om o · int<?iramer::.e reL LT..-;;.,, 1~ cl ;i:I~ k órica
c1 po!'> i , D 110 r.i111p t e•" Ir h•l órlo 1.. n• rx 11:..: lw · ,, ~~....

36
de legifünidade que comanda roda-S a.; foiri:nas de experl ~ncia 1ngênua. A
únk:a maneira de escapar à relação ingênua de absolucizaçáo ou de
contra-absoh..itização consiste! de fato, e1n apreender como tal , estnnura
objetiva que comanda essas disposlçõas. A ciênda não 1oma partido L1a
]uta pela manutenção ou su6versáo do siste1na de classiflcação don11nante 1

da o toma por objeto. Ela não díz que a hierarquia dominante que trata a
pintura concelrué'\' como un1a art~ e as hístótias em quadrinhos como um
modo de expressão inferior é necessária (a não .:)er sociologican1ente). E
nem di2 que a hiernrquia dom1rtante é a.rbjtrâria, como aqueles qL e se
armam do relativismo para destru~·la ou modiflcá-Ja mas que. ao final, não
faz.ern senão acrescent~r mais urn grau, o 1.Jltimo, à Qscala das práticas
c1.;Jturals constderad;;is l'2g•linu1s . Em suma, a c~ênda não cpõé um julga-
mento de valor a outro julgan1ento dE! valor. n1as consw ~a o fato dê.que
a referêncma a wna hierarquia de valores ~stà objeUvarn~nrn insctita nas
prát3ca.s e, em particula1, na luta da qual essa hierarquta e o objeto d~
disputa é que se exprime em julgan1entos d e valor antagôn1cos.
Cmnpos situados em uma posição infe~ior na hierarquia das Jeg~dn1i~
clades oferecem à po]êmica da ra_zão dentifica urna oca.s1ão pdvlleg:iada de
exercer-se, com toda liberdade, e de atingir po r procuração , con1 base na
homologia que se estabelece entre carn pos de l<2.gitlrrüdade deslguaJ. os
m~canismo.s sodai.s fettchizados que larnbén1 fundona.m sob as censuras
e as máscaras de autoridades no unh,ierso protegido da alta legitimidade.
Daí o ar de pilródía que tomam todos os atos do cuJto de celebração
quando, abandonando :;t2us objetos habil"Uais. fllósofos pré-socrátlcos ou
poesia malarmaica, volttun~se pa.ra unt ubj.eto tão n1a] sjtuado na hie rarquia
en1 vigor q uanto as histór1as em quadrinhos! traindo a verdade de todas as
acumulações ~ruditas. E o pr6prto efoito de dessacralização que a ciência
clevc produz\r para se conslitutr e reproduzir para se comunicar ~ rnals
facilmente obrído quando se vê obrigada a p€nsãr o univ~rso por demais
prestigioso e por demais fammar da p1ntura o u da Uterawra mediante uma
c:máillsé da alqu1mia simbóli ca pela qual o unive rso da a lla costura produz A Escola conserva dora ~ as d'esigualdades
a fé 110 valor insubsHcuível de seus produtos. frente à escola e à cultura

PIERRE BOURDJEU

Trad tq;cfo. APARECIDA JOl .Y GocJVrli\


Rt!ufs-Jo tE}cn icô : MARL-\ ALJCE N OGL:EIRA

.i::a 11 te: Bnurd~eu. ~t:!í'Te, "L \~ccil-e <"Ons11tv.:11r1Vl!. LA:1S irks<ibtés


dei..1(~11• I' {':e~ • '1t la culture · , publicado c.rig~nalmP.ntP. ín
R,wue Jrnn~ts~ de so.clnl-0g lí!, Pr>lMs, 7 ·:3}, l 9&6. p .
32'::.t·~4 7.

38
,
E prouavelmente por um efeito de i nércja c ult ural que contrn Lwmos
tomando o .siste1na escôlar corno um fator de rn obLíidade soc ia! 1

segundo a ídeologia da r•e.scola libertadora,., quando, ao con/ rá rfo 1

tudo tende a mos trar que e le é um dos fat o res mats ejic:azes de
conservação socza 1~ po~s fornece a aparéncia de legitir't"1idade às desi-
gualdades socia is. r3 sanciona a fl'erança cultural e o dom social tratado
com o dom natural.
Justamente porque os rnecan]s9nos de eliminação agam durante todo
o cu rsus*, e legítimo apreender o efeito desses rnecan1smos nos graus muis
elevados da carreJra escolar. Ora, \.'ê-se nas oportunkiades de acesso ao
enslno superjor o resukado de urna seleção diretu ou indireta que 1 ao longo
dà csco~aridad e~ pesa com rigor desigual sobre os sujeitos das dif~rant es
classes sodais. Un1 jow2m da camada superior tern oit~mta vezes 1na)s
chances de 12n1rõr na Universidade que o filho de l.m1 assalariado agricora
e qu~renta veze.'i mais que um filho d ~ operário, e suas cha:nc<?S são, a1nda:
3
duas vezes s·Jp eriores àquelas de um jovem de cJasse mêdia • É digno de
nota o fato de que as institu]ções de ensino mais eJevadas tenham tmnbérn
o recrutamento n1uis a1i31ocrático: nssicn. os filhos de quadros superiores
e de profi$~lona~s Uberais constituem 5 7% dos alunos ela Escofal Politécnk<.1,
54% dos da Esco!a Normal Superior (freqüentemente dtada por seu re-
1
cn1tamento ' den10crátlco'·) ~ 4 7% dos. da Escola Central e 44% dos do
l nstlt ur.o de Estudos PoHticos.
Mas não ~ suflciente enunciar o fato da d@Sigualdad e dinnt~ da esc.da: é
necessário descrever os meranismos obj eUvus q uc d~termínam a eltrrrlnaçào
co~tinua das crianças deslav-oreddas. Par{~çe. con1 efejto, que a explicação
sodológka pode esclarecer completamente as di(erenças de êxilo que se
atribuem. snajs freciüentemente, às d•ferençus d~ dons. A ação do p·tii..ilégio
cucLural só é pe.rcebida, na mn~or parte das vezes, sob suas formai; mais
grosse.irQ.S, isto é 1 como rec.omendaçõas ou rei.ações. ajuda no trabalho esco~r
OLl ensino suplementar, in(onnC1çâo sobre o sjstema de e nsino e as perspec·
tivas profissional~. Na t'&lÜdade, cada famtlin transmite a seus (ilhos, n1ais
por vias ind~retas qu e diretas, um c~xto capital cultural e um certo etho.s,

• N.l ,: Opl~1T1os pc!' rn;mfo1. J1~ lr.:rd ção. il expr1?Ss!o l.:1tl~t1 "cu::-su!i", erip1 ~~itcf1_11 pelo .i1,;.1b :- pa1,
~l~J~r"..<:.r O parcur Q ~lll'Jb t '.J 111 no~ '~ngo, fl _o;!IC <JU naquele rarno Ô~ ('~lSir.c , r.c.:s.,,c C ~t)qud •
cs~~lcom .1~)) (•f 1;l uni• • 1•rlD ahu~a .1 J 1:.r~;qo de s1,,2, c.am~lr?. ~..;;:olrir
l. c r. P. Eo:mou..u (1.1. {' IJ/;~'.';thON , /... . . u, !f1:,·•1;, P··r'.s, t-.dlticn·. r1, ,\~hi'.ii~. 19Gil, p. :1 ,,_, l.

11
slsten1c• de valores implícitos e prof11ndamenk ir1teriolizcdos. que contri~.;u,i conjuntamenrn i n1as. por outra lado, para um valor fixo de cada uma des5'ls
variáveis, a Olüra tende!, por si só, a hierarquizar os esco~·es . Asshn, ~m
3
para definir, enlrc! coisas. a.s •:3JHude.s foce ao a.iplLal cultura l e ~ ins1itu1ç5o
e~col~r. A herança cultun:1I, qi.;e difere. sob os dois aspectos. segundo é'.IS v•rtude da lm,tidão do processo de ac:u1utação, dJf erenças sutis ligadas às
das.ses 5cda1s, é a responsáv'J.!I pe.i.-\ diferença inida. cfas crianças diante da antlgmdades do acesso à cuhura continuam a separar )ndivíduos aparent12_.
e.."iCperiência m;cdar e~ conseqü~nL ernente, pelas 1axns d~ Cl"Xito. n1ente iguais qt1anto ao êxito social e mesn10 ao êxito escolar. A nobreza
cu]turaJ també1n te1n seus graus de descendências.
Alênt disso . sabcmdo-se que çi resídêncizl p~risiense ou provinciana (e!a
A TRANSMISSÃO DO CAPITAL CULTURAL própria f011emente ligada à categoria sociopro'fissiona] do pai} está Iarnbén1
assoc1ada às vuntagens e desvantagens culturais cujo efeito Se? nota em
A ]nHuência do capitaJ cultura] se delxa apreend~r sob u fe rma d() todos os se' ore.s, quer se trate de resultados escorares anter~oras, de práticas
relação, muitas vezes consrata<la, entre o nívd cult 1raJ global da fan1ilâa e e d.~ conhecimentos culturais (em m~téria de têatro, rnús!ça 1 jazz; ou
o êxito escolar dã criilnça. A parcela de "b-ons alunos'' en1 u1na an-Lostra cinem,a) ou ainda da fad1ld.ade ~•ngüistica, vê·se que a cons~deração d~ um
da qujnta s€1ie cresce em função Ja renda de suas fa1níljêls. Paul CJerc mostrou conjunto relativamente r12strito de varláveis - a saber, o n[vel cultural do5
que, com dipfoma 1gual, a reL 1da não exerce nenhuma inílu ência própria sobre ant:epassados <la prhneira ('. da segunda geração, e a resid~ncia ~ permite
o êx1to escoJnr e que, uo conlrá1io1 com rend~ igual a proporção de Lons explicar as varre;1ções ma·s importnntes do ê.xito escolar, rn~smo em um
a[w1os wuia de mZJne1ra signmcauva segundo o paí riso seja dipJomado cu seja níve] elevado do cursus.
bache1ier'4, o que p~rm)L e conclulí que '1 ação do 1neio fan1Uiar sobr.c~ o êxHo
escol.ar é qL~ase ~dusivan1e.nte cultural. Ma1s que os diplomas ob(~dos pelo Ê até n1es1no poss1vel que a combinação des~es critério~ permita
compreender as v~r~ações observadas no Interior de grupos de estudantes
pa1! miliS 1n(2scJ10 do q•Je o ti po d e es.coli=!ridade que ele seguju, é o ntvc..1
culturnl. glubal do gn1po fan1iliar que mantém a relação nmis estreita com homogêneos em relação à categoria sodoprofissional de origem~ é assinl
o éxi~o escolar da ciian~"'I.. Ainda que o êxito €".scolar pareça ligado igllêlknen~e que os jovens das camadas superiores tendern a obter regularment,e
~esullados qu~ se distribuem de maneira b11no<laJ, isso tafl[o em suas
no n1vel cu 1tura l d o pai ou da mãe. percebern ~se a~nda variaç~ éS ~ igni fi Ca·
civas no êxito da criança quando os pais são d.e nh.1d desigual .
prt11kas e s~us conhochnentos cuhurnis quanto na sua capacidade para a
con1preensão e o rt1.anejo dti Jíngua (um t2rço deles se disting,ue pelos
A anánse dos rasos em qu~ os níveis culturais dos pais são desiguais nfto desempenhos nJlidmnente supenores ao resto da categoria). U1na análise
de:!V~ fazer es:1uecer que eles se encontram fr~üentcrnl-->nl e .lgados {e.n-1. r.az5.o multlvarlada , levando en1 conta não srnnan1e o nivel cultural do paj e da
da horr)cgamia de classes), e ns var fü:1yens cuJturais que estão assodadas ao n1fie, o dos avós paternos e 1Tmten1os e a res~dcnda no rnrnnento dos
n[vel c1Jkura] c..k>.s r;xiis 51.~o ctu11ulati\.ias., corno se vê já na quintn séri~, ern que estudos supcrjores e durante a adolC2.Scencia~ lTu:"'lS também um conjunto de
os fi~os de pais füulares do baccalauréat obtl!..m un1a taxa de êxito d~ 77% caracterís~]cas do passado esco]at, como, por e-x~mplo, o rãmo do curso
contra 62% para os filho$ de u111 b.1che lier e de lUTu) pessoa sem diplomn~ secundário (dãssko~ rnodemo ou ou'ro) e o ttpo de estabeJecimento (coJég1o
éS~ di ferença :;e. n1nnifc:sta n1ai.s nitidamente ãinda nos grdl1.s rnais elevados ou [keu. institu:ção pública ou privada}, permite explicar quase inteiramen-
do curst.Js. lJ m~ a'•..:a1iaç5o pr'2cisa ti.as vanl-agens e das dºsvantag,eris transm]- te os diierentas graus de êxjto ohndos pelos d~ferentes subgrupos definidos
tid as pelo meio fan~illar deve.tin ]evar em conta não son1enta o nível cu[Lural pe~a cornbinação desses critGrios; e 1sso sein ape!a r. absolurame.nte, para
do pai ou da n1ãe, mas também o dos ~scrndentcs de wm e outro ITlffJO da a.s des1gualdade.s inatas. Conseqüentemente, urn rr.odelo que leve em.conta
tarnilla (e tambérn sem dúvida. o do conjunto dos n1embróS da fomfüa extensa}.
1
ess.as diferentes variáveis - e também as características d<~n-iográficas do
Assim; o con hechnento que os estlldf!ntes de [et1tis mm do t12<:'lrtu {medido grupo farnmar, como o tamanho d~ fanülía - pennitiria fazer Llm çálculo
pelo n ú1nero de peç~.s de tea1ro v istas) se hiernrquiza p eiieitanrnr~1e muíto preciso das esperanç.é.'Js de vlda escolar.
segundo a ca.Legoria socioprof1ssional do pai ou <lo avô seja majs eleva.dn, Da mesma fonn~ que os jovens das camadas sup~riores se distlngue:rn
ou à rnedkfa que o caregorta $odoproflsstona] do pai e <lo avô se elevan1 por difQr~nças que podem '2.Stnr 1igadas a d i.ferenças de condição sodal1
tarnben1 os filhos das classes popu[ar.es que chegam até o ensino superior
parecem perrnncer a fmní1ias que diforem deç inédia de sua aitegoria~ tanto
N.T.: No !'L'>t1Jl":'1CI 1r(u · r&>, p r.?SSr:..1 que r.rn:luln c.:;~1 !<lX c:.:;,sv. ~E:·u.:> e.s~. L:.cb::: seaJr.dfniiY.' L~ to•:"rtY.1-Sc?.
t-
por SQU n1vel cu tl.Jral g]obal corno por seu tamanho: dado que, como se
p 111d..,'.o. purnri-::::-a do "b?..::i.: Ftl;:i1.::i wnr'' ~iY-1 1 11..1 êorr::-i:.t .<1b::-evinda, - bac: .1 , 1:<.JjA rr~' lu~fin :iL1·1-ul. \:r.'.l
:i:;or'tu~u-s , seria. '·baà..cr:?iat(J.. , ~1o1s t il=~. f.:rr. !rnnccs. da~Sgr:.a, .:>.o m..-~· ''''-' 1:..:r11~0, .s exz.m cs e o viu, as chances objaJiva.s d e. chegar ao ensino superior são quartmta vezes
ci1plc..'Tl1tí conJeridc ao ibal fi0 2 cicl:..> Ô'J er.sir.c de 2' grau,
2 . Ci. p. CLE.RC. "la ~i:lm~:~ 1"!t I' ri J ;~.1tion .s::ol:"'l-lrc <:!..I nivcau de 11 sblit.""flC. Er;q.1ê~ lle juir~ 1r ó3 d;:ir.s
1':-.ç.g~~1b;:itlm ~ri!Si~1 ;;H:". in Popw1at~::i.11 1 l'',ni:::, \4:í, ,-,g,;sto/Sé".emb~o de l % 4, p. (13 7·f 1 ~4.
mais fortes para um jovem de camnda superior que para um filho de liceu mais próximo, aringínclo essa taxa 3617(, entre as fomHias dos alunos
operário ~ poder-se-ia esperar encontrar! numa população de estudantes da classe de hn1 de estudos primiujos. O liceu niio faz parte do unh1erso
investigada, a m~ma relação (40/ 1) entre o número n1éd1o de indjvíduos concreto das famUlas- popu lares, e é necessária uma série cont[nua de
com estudos super]orn.s nas familias de estudàntes fl1hos de operários e nas suc12ssos ~cepdonais e conselhos do professor ou de a lgurn membro da
farnfüas de estudantes das ~rn()das sup erlcres. Oru, numa amos1ra de. fan1i~]a para que se cogjte de enviar para Ja a criança. Ao e on trár1o, é t ado
estudantes de n1edicina. o n úm ero mc~dio de membros da íamília ext~nsa um rapttal de ir'lfortnações sobre o cursu s~ sobre a signiHcação das grand~
que fizeraJn o u fazem estudes super1ores não varia 5enáo d ~ 1 a 4 entre escoU1as da qu]nta série. da sétima ou d2.s clas~es terminais do en sino
os estudantes oriundos das classes popu la res e os es.tudnnc:es o riundos das secundário, sobrG as rarre ir(;ls futuras e sobre as orientações que normal·
camadas slJper]ores, A presença no circulo fammar de pe]o menos uni mente conduzem a e ]as, sobre o fundonamento do siste1na runivers.í ár3o,
paremte que tenha feito o u esteja fazendo e.urso superior testen1Lmha quQ sobre a slgniíicação dos resultndos as sanções e as recompensas qtH~ as
1

essas famtlias apresentam urna situação c u]tural original~ quer tenham sido crianças düs da<ises cultas investem em suas çondut3s escolares .
aferada.s por uma mobil&dade descendente ou tenham uma niitude frente A:s crianças oriundns dos rne1os mQis favorecidos. n5o devem ao .seu
à a scensão que as disUngue do conjunto das. farn1llas d e sua categoria. 1nelo somcm1e os há bitos e treinmn~nto diretamente utUizávQ.is nas tarefas
P rova lndireta. cio fato de que as oportunidades de chegar a o ensino escolares, e a vantagem mats importante não ~ aqu~la. que retiran1 dn ajuda
s€.Cl...mdário ou sup~r]or e as chances de ser bem sucedldo são função , direta que seus pais lh e.s possam dar·'. " EJa:s herdam também sabere:s (e um
fundasneotaJmente. do n[vel cultural do me1o famJljar no momento da ··~voir- íalre '') ~ gostos e LUn ''bo m gosto '' . cuja rentab ilidade escolar é tanto
entrada na quinta série (isto é, quando a ação hornogeneizante da escola rnaior quanto majs freqüentemente esse.s hnponde:ráve~s da atiti..tdé são
e do meio escolar não se ex'2rceu por n1uito te mpo) temo-la no fato de as atribu1dos ao dcrn. A cu lLura "livre·\ cond1çfto jmplidta do ê xito em certas
desigualdades de êxito e nt re crianças francesas e crianças estra ngeiras carreiras escolares, é muito desigualmente t·12.pm1ida entre os estudantes
seretn quase total~nente explicáveis pelas difet~nças na composição social universitários orlginlirios das djferentes classes socküs ~. a fortiori entre 1

dos dols g rupos de fon11lias. Cotn níve l social igual, as crianças estrangeiras os d~ Jiceus ou os de colégios pols as desjgualdades de seleção e a aci'io
tlim um níve l de êxito sensivelm ente ,e quivalente àquele das crianças fran- Lornogeneizante da esco]() m'lo lizQram s~náo reduzir ns diferenças. O
cesas : co111 efeito . se 45% dos fflhos de operá rjos franceses Côn tra 38% ptiv1Mg1o cultural 1otna-se patente quando se trata da famlliandadc cotn
d os fiJho.s de operltrios ~-'ltrangeircs entram na q uinta série, pode-se supor obras de arre, il qual só pode advir da freqüência n~gu lar ao teatro. ao
oue urna boa parte dessa diferença (relativamente rninima} é 1111putável ao museu ou a concertos (freqilênda que não é organizélda pda escola, ou o
f~to d e que ô ·S operár]os est rangeiros têrn urna tÉ)xa de qualificação menor é somente de manºira esporádica). Em todos os domínios da cuJtura, teatro.
do que os operários franceses~ . musica, pintura, jazz, cinem<.l, os conhecimentos dos estudant€s são tã o
Mas o nh..-el de ]nstruç5o dos m ernbros da famllld restrita ou extensa mais ricas e extensos quanto ma]s elevada é sua origen1 soclnL tvlas é
ou ainda a resid~nda são apenas
~ndkadores que pe nnite n1 situar o nível particuJarmente notável que a d ~ferença e ntre o~ astuciantes oriundos d e
c:.ultural de. cada família, sem nada mfom1l)r sobre o conteúdo da herança me1os diferentes SÉZ}a tanto n1ais n1En-cada quanto mals se afasta dos
que as familias majs culla.s transrnitem a seus filhos, nem sobre as vias de domínios dimt~inentl! con1ro!ado5 pela escola~ por e.xemp)o, qt1a ndo se
trcmsmissão. As pesqu1sus sobre os estudantes das facu]dades de letras pllssa do teatro clássico p(]ra o tentro Je vanguarda ou para o teatt(J de
tendem a n1ostrar que a parle do capita~ cultural que é a rnais djretament e bouleuard, ou a ind~ , para a pint ura que não é d iretamente objeto de
ren[ável na vida es<::ola r é con$htuida pelas informações sobré o mundo e nsino 1 o u para a m úsica clássica, o jazz ou o cinema.
universitário e sobre o cu rsus, pela facilidade verbal e pela cultura livre S~ os exercícios d e
co111preensão e <le m anejo d a üngua escolar não
adquirida nas experi~rtci~s extra-escolares. deixan1 aparecer a relação diretc:i. entra os t'esultados e a origen1 social,
As desigualdades d e. lnformaçtlo são por demais evidentes e conheci· que se obse.rvu c:ornurnc:.nte cm Ol~tros cloin]nios, c)u se acon tece, a'"é
das para q\.rn haja necess]dade de recordá-las n1ais tongarnante. Conforme me.sino, qJe ~ re1ução parece inverter-se. ]s.so não deve Jevar à conclu.são
Paul C!erc, 1 5·:.~. das fornfüas de a!unos dos C.E.G. (col~ios de ensino geral ue que, nesse dom~nio, a desvamagem seja m enos iI11portante que ern
cujo recruta. ne.nto é ma is popular que o dos liceus) ignoram o nóme do
5. P CU~RC r1fl'l(!r..\1 t.P a \.~;]i'f:.n ·iu ·&Xc<rcida p ela> p;:'J fs seba ..., tt"(llx:i 1ho d?.s criJ;1ç<::.s é ti'lnl o mil'.!!i
fi 't'f~1c11te t iootllo 1 ~is elci.·iXh.l ê s;Jo PÇiS~~o n.:-1 hfora:rqHi.~ w ·.-.1. :sr::m Cllle: exis1a. L:.."Ti a liga.; tio
4 . P. CLERC. '"-:\' ~.r., .:..r.s doortl?c:s s·Jr ~·m·i d ation H.:ol;:ii: · ~IJ 11~0!'!",Q::;-.t d~ l'crnêe c.m sixiêrr:e (li). Les Ll~r ,, J r.Lre n fr · {!ri.da dl'! L.,:'11.v .,.wlc ri:::~ i=·~'.t. • o 51d'1 ci e êxili:.i e.scolar •:d . "la faml:l • el
éiei.:e> de r~lioniJW: t:lr<1~·· e• ~". b F"r.JJmia! 1o n P<1~is , ou:Li:::iro/d~IJ..-...> (lu 19-6'1, p. 87l , l°C'Ticnt~tl• >ll scoli'.\lfu r.11 n i'J•'Ol l d• l.1 l~l ' it .B... , .'nc. nt. , p. 631"'.·36).
outros. É necessárlo ter e1n rnente que os ~s _udant~s cl~ létrHs são o produto d asses sodaís ent·íam à quinta sé1ie. partes tão deslguais d 1a suas crkmças.
de uma série contínua de ;elêÇÕi;!S sêgundo o pr6pr1o crltérlo de apt1dão invocam-~e, freqüentementer explicações tão vagas como ··a vontade dos

para o manejo da i;ngua, e· que a superwse~eção dos estud~ntes oriundos pais··. i\1as, de fato, pcd~-se a~ncla faJar d12 ·· vontacl e11 , a não ser riu m $en1 ido
dos mêiOS rnenos favorecido~ vem compensar a desvantagem in1dal que m~l:êlf6rlco. quando a jnvesligação rno5lr-Q ql.le ''de rnaneira gera.l, ~xis.te
devem ã atmosfera cultural de seu m eio. Corn efeito , o ê.xlto nos esh.1do.s concordZ.nc1a plena. en tre (.) vontade d()s frim1 liELs e ns or1~nu1ções tomadas"~
titeritrios éstá multo estreitamente ligado à apUdão par.e o m_aneJo da língua cu. 1nelhor d izendo. na malür pmte dos casos, ns f~rnHias têrn asp1rações
escolar! que só é. Un1a llngua mate.ma para as crianças oriundas das classes estritmnente Jimitadci..s p-elas oporlunidades objetivas?J El11 reaUdade. tudo se
cuJtas. De todos os obstáculo.s culturais, aq ue]es que se reladonam com a passa corno se as atltucle...;; dos. pai$ em lace da ~dl1cação das crianças, atitudes
língua falada n o m eio fam iliar .são1 sem dúv~da os mais graves e o.s ma is
1
que se manifestarn na decisão de enviêlr seus nlhos a um ~stabeledrnento d~
insidlosos, sobreh1do nos primeíros anos da escolaridade, quando a con1- ensina secundário ou de deixá-]os na d nsse de fon de estudos ptimbrio.s, de
preensão e o manejo da llngtm constituem o ponto de c=1tenção principal inscrevê..los em um liceu {o que implica ~m projeto de estudos" longos t\O 1

n.a avaliação doi; mestres. Mas a 1nfüJ<2nda do m eio lingüíst3co de origem menos aié o ooccalai.Lréat) ou. em um co~égio d~ en~ina gereJ (o que si.Jpõe a
não cessa jiarnais de se ex,ercer, de mn lado porque a rlq ueza, a fineza e o resigrm~o n estudos curtos, atr1 os certificados de ensino profissional, por
QStilo da ,ex,press5o sem pre serão considerados, implldta ou explicitamen- . e-:<e.r nplo) fosse.rn1 antes de tudo, a interiotização do destino objetivrunt211.te
te, consciente ou inc.ons-Cientetnê.nte, em todos os níveis do cursus, e> ainda. detetminado (e medido em termos de probabilidades estat[sticas) pum o
que em.graus diversos ~ em toda$ .a s carreiras un~versitârias, até n1es1no nas conjunto da ca'l.iego,Jía social à qual perlence:m. Esse destino é con.tinuamente
dent1ficas. De outro Indo, porque a lingua não é. um shnples 1nstrumento~ letnbre<lo pela e..xperi&m::Lçl direta ou cnediata e pela e~tatí..<rtica lnrultiw1 d'°'s
:mais ou rne.nos efü;az ~ m~is ou rnenos adequado. do pensarn1211to rnas dl'.m'otas ou dos ©titos pardais dns crianças do sr.2.u n1e~o e também, mais
fornece - a lém de um vocabulário 1nals ou menos Iico - urna sintaxe, isto indiretamente, pelas apredações do professor, que, ao dese.m penha r o
é, m11 sistema de categorias rnaís ou tne.nos complexas, de m.i::meim que a papel de conseiheiro, !eva em con~a , consciente ou inconscientemente, a
apUdão para o dedfrarnento e a manipulação de estruturas complexas. orig~rn social cl~ sBUS a.lunu$ e corrige, assjJn. sern sabê-lo e sem de-.:;ejá-lo,
qu~r lógica s quer ~tétlcas . parece função direta da complexidade da o q u~ pcclerLa tet cle abslrato um p rognóstico fundado unicarnx!!nte na
estrutura da Hnguu inicinln1ente falad~ no n1eio fan1Siiar que ~ega sempré nprQcinçiio dos resu]~ a:dos escolares. .. Os objetivos dr:tS fammns" , escrevem
1

uma parte de suas caracter~stk~s à língua adquirida na escola 6.


1
Alain Girard & Henri Basttd~ ·•reproduzr:aln de.aJgurna n1aneira a estratHkaçâo
9
social, alíás tàl como -ela se enconlm nos diversos tipos de ensino•! • Se os
A p arte mais lmportante e. mais ativ~ (escolam1ente) da herança
Hlernbros das cli:iSses populares (;:! médias Lornarn a realldac.fe por seus d~ejost
cultural, quer !H~ nnh~ da cultura livre ou da 11ngua transmjte.-se de me:me~rn.
1
é que, nessé têrreno como ern outros, as aspiraç-Oes e as exigênc-ias são
osmótica, mesmo na falta de qualquer esforço m etódico e de qu.alquer aç~o
def~nidas . cm sua fcmhl e conteúdo, pruas co ndições objetivas, que e..xcluem
tnanifesta~ o que contribui para reforçar, nos m.embro.s dQ clas~e cu ta, a
a poss~bilidade de desejm· o in1poss]vel. Dizer~ a propósito dos estlJdos clássicos
convicção de qu~ des só devern aos sc::us dons esses conhecimentos, essas em um liceu, por exemplo. ''isso nao é para nós" , é dizer ma1s do que '·não
aptidões e css~s atitudes r q uet desse modo, não lhes parecem n:?sultar de terno~ rne~os para isso.,. Expressão da nocessidade tnte.r1or1zada, essa fónnula
uma aprendi.ulg12n1.
estâ, p or El.Sf5ím di2<ar, no iinpcratlvo-Jndicatlvo, pois i.=.xprirne, ao mesmo
ten1po, uma impossibilidade e uma jnterdjção.
A ESCôLHA DO DESTINO As me~mas condições objetivas que definem as at1tudes dos pals e
dm11i11am as esco]ha!i importantes da carreira escolar regem também a
As,atitudes dos membros das diferentes classes soda]s, pa~s ou crianças atitud e das ctianças diante dessas mesmas escülhas e, cooseqü~nlemen e,
e, muito particularmente! as atitudes a respeito da escofa. da cultura escolar
e do fL~turo ofereddo pelos estL-1dos s.ãot em gnmde parte,() expr~ssão do
7 . O aoo:rdó á 1nt;;;1a freqili::T:rl.e i!:iln.! t:6 d~as k:nnulados pelos piJi.5, ante:; do tennino ck c:xo'._.L p!imilra,
sistema de valore~ impJícttos ou explidtos que eles develn à sua posição a:; ar:-'-"'llôes ei-:pressas r~.rusp1:rltv"Nm(lnte !':Obm a .e:scdra de tal o.J tiJL tJp::t de fSlabelecim~lo E: ü
scdaL Para explicar como, ~m nk.rel igua] de futito escolar, as dlferentes L~olk1 :'ca;;fJ1,!nl c ~r~JJda . "/'i..e.i11bl~J'.!o d ' .ir..u~rw:V.:ci 1 ~â longi.;d.:?s,crçc:e-.i;..'1~.J 1<~li!'I p::;c- todas
as fort:JlkiS". ~rre\.IC.U P. ~-.;, "Trê.; ffln 5M etn di2.1: scrc,0 -:it ie r"1Spor:rl~a~'f1 p~!:~v~mcn•, •}, c-fl:r~
..:iuelas cujo filho ~iâ no C.E.G, 0-..1 :1~'!. cl~ <le fim cJ(:! E::Sb:.I!..:$ prirr:.á:'.i?.>S-, t: ~.so qi_;ulqu~"r qu'!:
pos..~1 !ii;?r o dx:IL9 (1.Tl~ior de se.J filho •:P. C'.:erç. foc. clt., p. '655-659).
6 . Cf. P. BOUH >fHJ. J.-C. Pl~SSF~O~ fo SAlNT-M/\RTIN. "les eaxlitints et la h ns:..ie
(,! 1v1. c

d'mscig:ier.im;C, 1n l'.~ppo rJ pêd;:ioogiqvi:! ·CJ wmml.Jtlfçr:H -'ort. Pri.is. l...;:1 H:=iyL'!. Mo1,1.t01), l 9G5
8. l~- GlRARD e H. Bi\STlDE., "L.i 51:riJl ifü:11tt•:nl s d~lc €1. ]~ IÍ~rnlii:a'fü:n
0
de l el'l!oeigr.;m1er~1 ". m
(Cai1iers du Cenlre de liocio}o-.:;ie europê1mm1. 2').
f~p1 1 frrrlli1rt, I" 1 • IUJl1t1/ dt>n irru '"ll! 19G3. p 443.

46
tcda sua a .. irude corn r~Jaçi10 à escola. De tal fonna que, p ara explicar sua geral. as crianças e sua iamllia se 0 1i f:ln tarn sempre em
De n1ti neita
rerúncia a enviar seus hlhos a um estabalcci1nento S{;!Cund ário·, os pa_is refe rência às forç.c..1s q ue as <ldem1inam. Até mesmo quando suas escolhas
pod~rn invocar in1cdiatan1ente np6s o cust<J elos estudos (42 ~ 45%.). o Jh~s parecern obedecer à inspiração irredut[vel do gosto ou da vaccç§.o ~
desejo da crjança de não prosseguir os estudos (16 a 26'H;( M'ats e~as traem e. ação transfiguradél das concli ço~s objetiv'Õs, Em o utros t·f!nnos ,
profundamente, pc.mirn. é porqué o desejo razoável de ascen~lO através da n estrutura das opo11u11idades objetivas. J e ascensão social e, mais preci.sa-
escota não pode \!Xlstlr enquanto as chances objetivas de êxito íorern ínflm.as, n1ente! das oportunidades de ascensão pe a escola çondicionan1 as a tiiudes
que. os operários - ernbora ~r1orandc comple1arnente q estatLstica objcti'.,;ci frente à esco]a e à ascen~ão p ela escola - atitudes que ccnhibuern, por
que estabelece que tun fiU10 de operârio tern duas chances em cem de chegar uma parte determinante, pura deHnir as oportunidadczs de ~~ chegar à
ao e.nsklo superior - regulam seu comportrunento obje~~vam<2nte pela esfünÇl- escola, de aderir a seus va!ores ou a suas nom1as e de nefa ter [~it o; de
tiva ®npírlc:a d~sas esperanç.as abjeti~1as, con1tms a todos os indivicluos da rea~~zar, port~nto. u1na ascens5o social - e isso por lnte.tmédio de espe-
sua categoria. As~im~ compreende-se por que a pequena burguesia dasse de 1 ranças su Djetivas {part]]ha.das por todos os individu os definidos pG]o n1es1no
trans~ção, cdere mais fotiemente aos valore1S escolares, po~s n escola lhe futuro objetivo e reforçadas pelos apelos à ordern do· grupo). q'IJe não são
oforece ch(lnces razoáveis de sa..'sfazer a todas suas expectaiívas, confundjndo senão as oponunidades obj12tivas intuitivamente apreendidas e progressí-
1
os valores do êxito social com os do presHgio cukural Diferentemente dM va1r:ente interlorizada.s t •
cri~mç.ns orJundu.s d.us dasso..s populares. que $ão duplan1e..nte. prejudicadas no Ser1a necessário d ~crever a lógica do processo de intL!tio li:zaçáo ao
que respeita à faciü<lElde de ass' rnUar ~ çultura e a propensão para adquiri-]~. flnal do qual as oportlm1dadas objetivas se encontratn transformadas €JTI
as cria11ças das classes médias devem à sua fammn não só os ~ncorajamentos esp~rança!'i ou desesperanças subj~ri\.ras. Essa dimensão fundamental do
~ excrtaçóes ao esforço escokir. mas tambén1 um e thos d"2 ac;cer:s~o sedai e ethos de c1nsse, que é a atitude com relação ao f:Jluro, seda, cotn efelto.
de E!.sp~raç~o ao êxito na escola e. pela esco!a, q ue Jhe.s permj1 e compensar a outra coisn além da tntc"Jrlorlzação do futuro objetivo que se Caz presente e
privaç~o cultural com a aspiraçao fo.n. orosa à aquisição de cu]tura. Trata-se,,
1
se impõe progressiva1nentÇ! a todos os men1bros de. uma mesrna classe
ao que parece; do mesmo ethos a~célico de ascensão social que constiLUi através da experiênc1LI dos sucessos e da.s den-otas? Os pslcóJogôs obser-
o princípio das condutas en1 rnatérla de fecund1dad~, b~rn C<-1rrto das van) quê o nível de aspjrnçâo dos indivíduos se dete rmina: mn grand~ parte ,
atitudês a r~spelto da escol~ de urna parte dn c:lasse média : e nq uanto,
10
er11 J"efetência às prcbabl1idadcs {intuirir;;an1en re ~"1in1adas através dos
na~ categorias soda!s maJs fecundas~ con10 né)s dos assalarindos agricolas, sucessos ou Jas derrotas anteriores) de atingir o alvo visado: " Aquele que
ngticukorcs e Opí2rá r1os, a$ oportqnidQde.s de ingressar na stxieme decres .. rJence M, escravê Lewin. ·· s~tua seu próximo uivo um pouco (n1as não tnuito)
cem nítida e regularmente à mecHda que as fan1í1ias aun1Emlatn em uma adma de SGU lihin10 êxito. Assitn, ele eleva regularmftn.e SeL1 nivel de
unidade, essas oponun1dades apn2sc::ntarn urna quà.da Lm l'l al [)ara as asp1racão (. ..). Aquele que malogra. por outro lado , pode t.cr duas r~çóes
categorias menos fecundas (artesãos e corn~rciant lM, cmpreg<:ldos ~ quu- d '.Ierentes: ele pode situar o seu alvo rm.1lto ba~xo, freqüentelnente aqu.é rn
dros m&lios) nris fammas de quatro a cinco crianças (ou mais), isto é. nris d~ seu ~ito passado (...}1 ou então e]e siLua seu alvo admu da sua~
familias qu~ se. distinguem do conjunto do grupo por sua grande fecundi· possibllldade-s1·l . V~-se, com dareza. que, segundo urn 1 roce.sso drcu1ar,
dade. Isso indica que 1 em vez de v.cr no numero de filhos a explicação ''um mera] bzüxo .e.ngenJra urna perspe.ct'.Í'~'a ten1poral ruim : qu e. por sua
caus()] para Ui ba1x~ brutal du taxa de cscolaridac..k~, é. necessário, talv~z, V'2Z, engendra un1 moral ainda mais baixoi enquanto que um moral ck~·. .rado
supor que a von·ade de llmitar o número de naschnentos e. a vontade de
dar uma educação secundária à:.;; c rianças exprimem. nos sujeitos que as
reúnem, uma mQ.Smu disposição as.c:~[kau. t :2. O pr.:;!:s1~1xisto d •sLe • is.h :i 11; 1 ilu ~;:.;li:: ~ilo pez p:r<.:c:;')Ç~'> oc~'l1111~ d a.'! opo11·,1~: idfül (!!; c:b}l3fü'i:.'S e
c.:oletJ•n,.:; ~ cy.IC~ l';IS •...·~1!"!rog'3ns (Jlt: M; t.léS'...t1nl ilger.s p e11;eb! ~'I r::-:u:..tlt'.Jl:tll o r;x1ul·...·a k:n'.a f1Jnc;i• na:
~ vi'ln:.:1 5l~''ls 'i!:e~~\·U:tl~r.te experim(~ti'ldas r:t. ç;~J,,..tli..•,11 r; :..<:ile.· •.1cr ific;:idi:i!: , d, da q Jc e!.as e:.:i:.!rcl'..!m

!J. P. CLEl{C, Jor- CH . , ll. fj(!fí ,


ic,fJuén.c:..:. -sd:m:~ o -:::on-:.JX1:1~m('.J':t:), O li'-~ ' '&o :m;-il:.:-iJ q·.m s e s.1bes:im~ a lr~pC"rl~n.::!<-1.
" t:'11.::.1 11<l
dttS op:n1.un:d~.des c bjetlva:'i: cfo fatô, ~'~lls .:is cl.. t!l'.'ilÇÕas cimLifo:as, em sltuaçõí:.~ !IDfÍi;ll" ~
1 O. Cf. p. no um.>IEtJ ~ A.
IJAHDEL, "L:! 1ir. d'U.:1 1:1l:olll t•.isict.,i!t-JTII?.. 1ri DARR.A.S. Le. Pu rt;;gc d li cub..:.r ais l~i.Jl:o à lfor,'"::"1:(':$, ~~~l<•m •l r r.-=!:~:'~r qL'E EXi'.'"-fc: lL'Tlu ÍC~u D~di1Ç..:1b ~1111 ' t..' 4:.'Sl>tlrt.Jr.-:;ils
1Jétiéffc.!.'>, Pa~~ . ~··:Ciirlor~ d • Mh··,.1k (;: 1 - Le scn!- e mrnur. "). l 966. su~jeti•,•;:is C? t'ls "'l'C~ 1nlded12S o~jc~:-..-a~ . as scgur:clas te1x fondo ~· 1:-iooil~c. r i'Í i:;ll•_1;ii,1:~11 e "~ n'.3Lu::les
11. An.J~i:>ar..do a ~n~uônd(I riií r,r<:r~:-•~I ' I' '"° b <li;·1e1r::fuJ 'Jil íarrj lia e:x€rt"e, 5'eg"Jr.d::::i o ~Tido. s.obrn e " B~ cçn~I t ~(I~ t-=cl.J mediai;&:< ci':lS pr.méras (e . P. !30L'l{Dií! LI 1 T r(õl,'{1 i' ' :
r-cwo 1 u rs en A Ígérie,rre
pari ~. p . ~fü-38 . Jh:hr~rd i\. CLOVv /''!.RD & Uo:~d E:. 0:-IUN.
1
.:ic~o (\ V r.:n~ir.o .sc.·t'.rnui·.r.o. A. Giran:l e H. Bt1!i~~ c:..~crzi..'C!!). . s~ d:-i!~~· :.~:~o.o:: d;.~ f1:} 1fX3 rl Pél:-is. ;\bJLc:i. 1962. 2ü
e1 n1-::-~l.'lclris a..J de ~r'.E:S.5.cs e comcrd.:iritos 1?.n:::-a.-at~
n, ,;ixi''-ml', ·" I Jrop1..,~r~:> ~ 11~.,55 ,o!<:C r:t.,1r...;'h.1 D ! .'Oi]IJ<'.1fl V nml 1-:ippurnJn,t~•11: ~J fÍl4Y)ric of '~e l!r-iqut7r.t gar.g~. Nm·~ v~k Fn~ ' flt~ d
e111Ie iJS crinr:ç<:is de fo!"."li'.las cem 1 O'J 2 fLh -;i.;) , M~:; n(' $<:'. ~•\JI ~. os fíll ~=~d · foimíli~:s nu;ntroi;t,S
1 G:en -ce., l 960i Cl;-i~f!1.Ú SCl-!Hl', G, - Dtllnr:;uer:q.1 and c ppo1tw·•.li:!J. i'tl ;~11,,.sl::t ril · Thr:011./ , ln
l4 cu n:::.ls~ rn•t) ~ ..11rr1rr1 1n-:f~ ri CI s:ix-1êm~ do Cj'L1e os fi,lhos de ope.rri rios q u~ r.-ão .!:~m sê1·1.3:J .~Jr.10 lr~y 1111rJ S<..i ·fci T f?c "rçrch (46), jor.eir.::: de 1'J ,2, ~- l"ir,· 176.
LJ.'JJ ou â:Ji:< rnn6~... ,,,, rrrr.cs·· 1:10::, .-f: _p. ::158, !)riío m eu). 13. J<ur\ Jn.=.•tX, ~n1 111· ;('l.,l" d i.\ · ~I Ni, 1.ili r , irr J1&.·..'1 ·<it-1 ~ ·11·'· ,· ç .' 1_ii1r:~. i\'(1..il Yorl:.. 1948, p. 113.

4' 11
não sorn01te suscita alvos elevadas. rnas ai~1d a tem opmtunidades de criar /V1as o mecanismo de supe:rs12leção funciona t~nto m ~ lhor quanto mais
14
situtiçóes de progressos Ci:lpa.ZBS de. conduzir a um moral ainda melh or'' • se?. s~ él@a na hierarqula dos QStabeJecimentos se.cundârtos º" no interbr
Por outro !ado, corr.o se sahe qu~ ''os ideals e os a1os do i ndi·~'1duo desres. na hjerarquia {socialmmite adrnlt;da} das seções: aqui a ind a, com
dependem do grupo ao qua~ ele pertence e dos fins e expedalivas des-se resultado igual, as cr~an~1s dos mefos favorecidos vão mutto mais freqllen-
qrupo'·!S ve-S~ qU'2 él ~nfluênda .(io grupo de pares - smnpre re]atiVélnl C?;Ol€ temente que ~s outras para os lkeus e para as s~ções dásskas desses t~ceus;
hornogê;)QO quanto â origen1 s.odal1 de vez qu~. por exerr1plo ~ a distribuk;ão devendo as crianças de o rigem desfuvoredda, t'la. maioria das vezes, pagar
das crianç.as cn re os colégios técnicos 12 õs Hceus e, no interior destes. [Xlr s1.ta entrada na quinra série o preço de serern rekigadas em um colégio
ent rG us seções. é, muito estrita mente. funçáo da classe social - vf!rTI de e nsino geral, enquanto aquelas crianças das classes abastadas que se
redobrar, Emir~ os d esfavorecidos, a influência do meio fam iliar a do veem impedidas de freqüentar o lkeu. dado o seu resuJtl)clo rnediocre,
contexto social, que tendern a desencorajar arnbiç6cs p{!rc<!bidas con10 J:'lodem encontrar ab tigo no ensino privado.
desmctdidas e smnpre mais ou menos suspr!ll as de rQnegar as origens . Vê-se, a]ndn nqu1, que as va ntaç;ens e desvantagens são c umula tivas,
Ass im 1 tudo concorre pa rê\ concJamar aqueles que. como se diz. '"não cêm pelo fato de as escolhas inícia.is~ escolha de est~be1cdmento e escolha de
futuro~·. a terem esperanças '·razoáveis '', ou, como dii l_ewjn, ·'realistas'', seção! defln1rmn irreversivelmen te os destinos ~scolarns . É assim que uma
ou seja, rnuJto freqüe.n emente~ a renunciarem à ·esperanc;~ - p esqu]sa mostrou qu~ ·Os resuhados obtidos pelos estudantes universitários
0 capital cultura] e o ethos, ao se con1binarem! concorrem pan:l <lcfinir de ]e tras eJTI um conj unto de exercidos destlnado5 a medir a compreensão
us condutas escolares a as atlmdes diant·e da e-.scola, que con!itltuern o e a l nanipulação da língt.Ja , e e3n partlcu~ar da J]ngua acadêmica, erarn
principio de eliminaçao d1fe.rencial das crianças das diferentes classes funç~o dirnta do Hpo de estabelecimento freqUe.ntado durante os Qstudos
sodals . Ainda que o êxito escolar~ diretamente? ligado ao capital cultura~ secundá rios, bem como do conhecimento do grego e btlm. As escolhas
legado pe]orne]o familiar 1 de..~emp~nh~ Lnn papel nn escolha da orjenlação, operados no momento da entradL>J na quinta S-érie selam. de uma VC2 por
parece que o determinante prinçipal do p1~osseguimento dos estudos Sºja todas, os d~s~h'l os es.colares. convertendo a herança culruraJ e.rn passado
a atitude da ·família a resp elto da escola! ela mesma funç.iio, como se viu1 escolar. De fato, essas e.scolha~ qL1e comprometem todo o (uh.iro sã.o
d~tuacJas con1 referência a. imagens diferentes do fururo: 31% dos pals de
das esperanças objetivas de êxito escolar enconl radai; crn cada cntegoria
social. P~u l Clcrc tnostrcu que, ainda que a 1nxa dB frx ito escolar e a taxa
alunos do (ke1t dc.sejan1 que seus fi lhos a.Unj am o erlsjno superLor e. 27'% o
dE: enlrada na quintt!I série depe.ndarn estreitarnent~ da classe social. a5
bocca la u réct t~ u nm parte ínHma destina seus fllhos a 1.1m bre ue t * t~cnlco
{4%} ou ao B .E-P.C . (2%). A o contrário, 27% dos pais de alunos elo C.E.G .
desigualdades das mxas de entrada nessa série são n1ais afetadas p~Ja
1 desejam vê-los obter o bret~er técn1co o u prons.sional, 15% o B_E,P.C.,
o rigem social do que pela de.siguatdade de exito esco1a r c.. De falo, isso 1
14'·J·ú o boccalavréat: 7% apenns espºram \.1ê-los atingir o ensino s.uperjorL •
s·gn~flcci q ue os o bstáculos são c::urnulativos, pois a5 cr~ariçrts das classes Ass im : tlS e.statlsticos globa;s que rnostram um crescltnento da taxa de
populares. e mécilas que obtfün glob~lmen~e uma taxa de êxito rna3s fraca escdarir.açtio secundária dissimula rn o fato de que as crlanças das classes
precisam ter um é.xi.to mais forte para que sua fomllia e seus professores pop uJares devem pllgar seu acesso a esse. nível de ensino com urn estretta~
Pº-nse;n1 em fazê-las prosseguir seus estudos. O mesmo n-tecanismo de rnento considerável do carnpo cle suas possibilidades d e fuhJro.
su.perselc.ção atua segunda o crit~rio da 1dade: as criança.5 das cla~~es
As d fras slste-máticas que a.inda separam, ao final do cursus escolar~
carnponesa. e operária, g~raltnente n1a~s velhas do quf! as. crianças de m·e1os
os estudantes oriundos dos difor~n res 1nelos sociais devem sua fo rma e sua
mais f~vãr~c.idos , s.50 mtliS fortem ente elin:-1inadas. 1 cOtl'l idade igual, do que
as cria.n ças desses tneios. Enfim , o prindpío geral que conduz às 1perse-
leç5o das crianças da5 dasses populares e tnédj()s, estcibelecê-Se assim ~ as T N.T.: Nq sl'ltcma ~l1 1C.t.ó:xiill Jrnncé!.s. f! o certi..f...<..c1do f:!SOOl.:•t 1bç;cb ~pós e:. renl2açâ.o cfo lr.n wno
crianças de.s5'1S da~ses sociais que; por falm de capil-al cultu~aL têrn menos pnofl.-· i0;'11:1l!Znn te de Z anos. foi:o em se.2u!cl::i :=io 1~· ô:!o_
oportunidades que as outras de demonstrar ucri ~>::1to ~xce.pcional devem~ 17_!'.:, pr1r~c. .:?l't', r"·!ert:1cfo ., rnmi ck!imlc:'io social ~ di;llon:-..:i. rtll{i\)vclrr..ente acessíve'.: CJll.(! 0!'i pr()jf:'Los
hYllvld1.1 .'.l!s de ctu".l"eirn se det<?rminilrn e. d'CSSé roodo, :s l'ILitucles frerrt• á «oi~. F-~~ dêfbiç·;fo
contudo . <lemo nstmt um êxlto excepcional pata chegZlr ao ensino secun- SXW] V<:tri<i, ei. 1idl'!"lte1r.<l!"lte1 .:.O Üf.lllr'do ~ clrtSSi.?S EQci<l:.Sj Cl1Lt'J:!cn:o p.:i.rn C'.IS '.m('l'tlb~ UOS estrn.tos.
dário, itJer!Ores dilS dass.<>s t~OClld . O OCITO lcrLtrea 1 pélTC'Cfl scr p:?rce'::;lclo . (: 111.;.fe. ht>)~. como O tem.n o
nonni.ll do.! e<.1'.d >; - JX::- ur:1 c.:fd l o de lné~da C'ul·.u ral e pa:- falr•. d.u in~ort':Jt'..ç5o. rr.zs tam':-if?rn,
~..-:ni d~i.·ldo~ 1 porque os er.:iprcr:iudos ec-i; q~l(ld1 c1~ t:1é::lic:s tQn .. 111.ll.lsqi..;.e todo!i 0$ O'lJtro~ . [IJ ôcilsiãc
de cxp121un~11wr , e!icácin tkss.c'l b r.rrrl:'l'I 6 ~:.cer~o W cii)I - , e:e a.p;i:r~i:'<'- c~lfi '"t·.: r.i~is aas
1•1- fr1Jil., P- 11 5. trntos s-.ipertcr~ d;:;JE; cio 5 m ~J 1, !l · tis di.lss.e:s supeior.~ cl)n~o 'JOla ~!R:de de ~ma. de
E!1 Hradt'I f--.:Ui'I o ni;lí'..() • lllà •r h 1. : . ... ~esenU:.çtio do eu i'.~lJ. · Dnderí_~ e11p l::cã:r par que filhm de
15_ Ítl!d.
('mfiíi!g<1d::~ " ri . qu.t\cln • rn ·li• IS t ~)lll ~ inm, (m.) r:~ l)) t(ll\:Lil!S pmtic~tl 1rme11:.'.? el01.1ncl!'l!1 , "'
16. P. Clorc. loc. d t·-· p. 640. prc.:6S.f-:~1 rir • • 1-i --1u:lrJ( . 1~ 11 .tr, ;... . ,·ot~-T11 ri'-1 d .

50
natureza ao fato de q uc a seleção que eles sofrem é d e-síguahnen hi s~era, O FUNCIONAMENTO DA ESCOLA E SUA FUNÇÃO DE
e qtle as vantagens ou desvantagens soc]ai]s ~o c-0nve;rtl<la5, progre~siva­ CONSERVAÇÃO SOCIAL
fl1e·nta em võnlagens e de~vamagens escolate.s pélo jog() das orientações
precoc.es, qu~, clir~ta~11~n[~ Hga~as à origem soc;al,. subst~tu.0n e redobram Concordar-se-â facLln1Mt12., e talvez até facfüne.n te denrais, com tudo o
a 1nflu.ênda dGsta últmma. 54? a ação COlnpensadora que a escola. exerce nas que precQde_M~s rgstringtt·ftse a isso s~gniftcana a.bdkoITTlos de nos 1nterrogar
matérias diretamente ensJnadas expltca~ ao menos parciaimcmte! que a sobre a responsabilldélde da esco!a na perpetuação d.as desigualdades sociats.
Vê'.m~agem do.s estudantes or~undos da.s classes superiores seja tan~o mais Se essa questão é raramente colocada~ é porque a ideologia jacobina que
rna,rcada quanto mais :se se afasta dos domínios cu1L1lrais cHre'la.mcnLe insp1ra a maior parte das crítkas dirlg!das ao sistema universttilrto e'i.rita kwar
ensinados e totalrnenrn conuolados pefa ascola. s.ome-11te: o efoito de em çonta realmente as deslgu.a]dadcs lrente ao sisterna eseolar1 mn virtude do
compensação ]Jgado à superseleção pode .expllcar q ue para un1 compor- 1
apego a uma delmtção social d.e e::iüldaàe nas oportunidades de. escolari.zaçã-o.
tanrn.n.i.o con10 o uso da Jlngua esco!ar. as diferenças tenda~n a se atenuar Ora. se considerarmos seriamente .as deslçfua1dc.des &acialmente condiclona.-
ao máximo e mesrno ~ se; inverter, pois qo a os estudantes altament€;!: das diante da es>Cola e da cu~tu1a, somos obng,ados a çondu1r que a eqülck'"'lcle
s-eJedonado5- das dess~ pop1..1lares obtêm, nesse Jomlnto, resu]tados formal à qual ·obedec~ tcd:o a sis1€ma (!l;;Colar ê injusta de fato, e que" ~m toda
equivalerltes àqueles. dos estudar1tes das classes altas, menos fonemente sodedada onde se proc:k"Ull.run ideais de~nocrátkos~ e1a. protege melhor os
selecionados, e superiores àqueles dos esti..idantes da..s classes mé<:Uas, ptivilêgios do que a transm]ssão aberta dos prb.:ilé.g bs.
•guaJn1ente desfavored dos pela atmosfera l~ngü1stica de suas famílias, mas Com efeito, para que seJam favorecidos os m~is favorecidos e desfa-
menos fortemente seledoo~dost~ . Da rnes·ma fonTJa, o conjtmto de carac- vorecidos os mats desfavorecidos é necessário e suficiente que a escola
1

terística$ da carreira e..=;c.oJar, as seçõé-s ou os cstabelecimentot> 1 são tndkios ignore~ no àmbito dos conteúdos do ensino que transnme, dos métodos é
da influ~ncia direta domei.o fami1iar, que eles traduzem na lógica propria- técnicas de transmlssão e dos crjtédos de avaliação, as de~iguafdaJes
n1ente escolar: por exernplo. se no estado atual d.as tradlçõe:s e das técnicas
1 clJlturats en.tre a...s crianças das diferentes dasse$sôc]ais. Em outras paiavras,
pedagógkas um maior domín:o da língua ainda é encontrado entre os
1 tratundo todos os educandos, por maki d~smgual$ que s€jam eles de foto;
estudantes dê letras qrue optararn, ern seus estudos secundários, p12Ja s~ç~o corno lguais ~n1 dtreltos. e deveres , o ststerna escolar é levado a dàr sua
de línguas antigast ê ql)e a formação dássica é a mediação pela qua~ S€ sanção às desigualdades inJciais diante dn cultura.
ex:prlm12ro ~ sª ·ex.etc.em ou[ras influê;nctas., como a infortnaç.ão das pa!s
A Egua]dad~ formal que pauta a prática p0dag6gmca serv~ como máscara
sobre as saç.ões e as carreh~s, o sucesso n;ns primeiras etapas do cu rs us,
e jL~stiflcação para a indlferença no que diz respelto às deslguak:l1ades reais
ou, atnda a vantagem constltuida peta. entrada nos ramos de ensino em
1
diante do eI'ls1no ~ da cultura transmitida. ou! rnelhor dizend~, e.xigida. As.s~m!
que. o s iste111a reconhece a sua elite. Procurando recobrar a 1óg.ica segundo 1
por exemplo, a 'ped~gogja~· que é utilizada no ensino secundário ou superior
a qua] se opera a transmutação da heranç..a sodal em herança escol.a r nas aparece. objetmmente como unia p€dagogta 'pàra o despertar"~ corno diz
1

diforenle.s situa.çoes de; dasse, observar-s,e-ã que a escolha da .seção ou do \Ve:bet, visa·ndo a d~L)0tar os "'dons adom1ecidos ~ alguns i.ndMduos
estabeJedmc.nto e os resultados obtidos nos prin1eiros anos d~ escolar-Idade excepdonais, a.través de técnicas encantatórias, tajs como a proeza Vêrbal dos
secundãrta (e]es próprios ligados a essas esco]has) condicionam a utUização rngstres, em.oposição a L1r'l:la pedagogia mdonal e universal1 que~ partlr1do do
qu·e as crianças dos (Hferentes meios podem fazet• de sua herança, pos!Ova lero e nâo consi<lerarido como dado o que a~nas alguns herclararn, se
ou negativa. Sem dL'wlda, serh~ imprudenta pr~tender isolar, no sistema dê ob1igaria a tudo em favor de todos e .se organi~ria metodkamentla! em
re.l.a.çõ12s que !.'lão as carrn.iras escolares , fator~ dete.nntnant~s e., a forttori) referênc~ aa fln) exptlcito de dar a todos os meios dº' adquirir aquilo que nã-o
un1 fator predominEinte. Mas, se o âxito no n!vel Inais alto do cursus é dado. sob a aparênda do dom natural, senão às oi~ças da~ classes
permanece muito fortemente ligado ao passado escolar mais longtnquo, privilegiadas. Mas o fato é. que a tradição pedagógica só .se diriget por trás das
há que se admil1r que e.scoJhas p recoces cômprornet~rn rnu1to fonemrmre idéias ~nquestionáveís de Igualdade e de universalidade~ aos e.ducandos que
as oportunidades de a1ingir ~a~ ou tal ramo do cns ino !;Uperlor a de neJe estão no caso particular de deter uma herança cultural. de acordo con1 .as
tr~unfo.r . Em s~nh:~se, as cartas são jogadas muito cede. <~xigencias c.ukurais da escola. Não somente º~º exclui us interrogações
sobre o.s meios mais eficazes. de transmltír a todos O$ corthed mentos e as
lB . cr. P. BüUlt..1íEU, J ,-{;, )A.SSEí{ü N e M. de S.t\INT-MARHN . •1u->;. Cit.. P.e. ta 'ffl('À~t· <::orn~li;;.~ll·
habilidadas que a ºsco~a exigGde todos e que as dlferentes dnsses sociais
rr:n:1:11 e o ;zrd k: do r..~qi.lal l~1gl!.ístir::ti, é nu.:C!:"ário ost~u'2:10;:~, ritr{!.\.~ de ü..':'ttidc.:-i ~~<'l"'i•n<':r.tf.11 só trnns1111tem de forma d1esigual rna5 ek~ tetide ainda a desvabriz.a.r corno
1

<1r.il.ICfSCG it 'J e.ks rmliuu:k.s. pr.'T Barnstrun , se ·EKis~em rdaçõBS i:1gr.ific~Liv~s entr·• i"I :s.in1.axil ~l.!1 ''primâtiêls'; (com o dupJo santido de priml'tivas e vulgares) e, paradoxal-
l'.n gua fa!âda lj."<:~ exi:mplo, st.:a com p le.-.;id :!()e:• e o b:~l.o em cdra.; dc·m inios que não <:.queles
dm cstudru l'.t CJrâ:tlas (c:r..da , r&::aç~o ô. a~~rad.a.l. p or ID:..empla, i'I r::,,a,lrnnátlG1..
mente, como .,es~olares ''. ~ ,. çõ~ p~d~gógicas voltadas para tais fü1s.

t:l".I
·- I!.
Não é por ac~so que o en~h10 prlmárlo super1or, quandô concorria :;,x p ecta1ivas. freqüente1nen.te inconscientes ~ dos mestres e, mi'tis a1nda . às
com o l~ceu clássko! cans.titu1a um mundo rnénos estranho, do que o liceu ·xigQ.nd<ls objeth··arncm1e insclita_s na 'ins.ti uição. Não há ]ndído algum d.e
para as crianç.as otiundas das classes porJul~rl2S, att·Ei indo ~ nss1111, o despre- pt!1i~ncb nen1o .soda], nern mesmo a postura corporal oLt a lndumentária,
zo das elite.s ! precisamente. ixirq ué. era n1a1:s expHdto e metodkamante o estLc dª Q:Xpres~ão ou o s-oiaque, que. náo sejam objeto de ' pequenas 1

escolar. São tambérr1 duas concepções de cultura que 1 sob inten~-ss.es percepções!• da e.asse e que ttão êorm·ibutim para oriuntar - milís freqüen(e-
corporativos, se exprin1em ainda hoj'e nos conflito.s entrs os rnesrres rnente. de n1i:mciim lnconsci~te - o jwgnmenrn dos rnestres_m, O prufés$0r
pb"or.;e.níentes do ensino pnmário e os profossores 1'radidormls das e$cola..-; que, ao julg,:ir apar~ntemente "dot1S inatos" rnecle, pelos critérios do etilos 1

secundárlasl'). Serja preciso qoe se jndagasse tamb~m1 sobrº as funções que da. elite c;: uJLivada, cor~.du~as jnspirndr..s por um ethos ascético do I rabaU10
exerce junto aas professores e membros das das.ses cultivadas o horror t?.;XºL':.Jtado ~1brnio;.;a e clif.icilrnente~ opõe dois tipos de relação com unla culti..:ira
sagrado ã ';bachotag~'' * • ern oposição ei cultura geral . O ''bachotage" não lJ. qual 1nd1•.A duo5 d~ rn€l-Qs soda.is clifcren1e-s e5l"ão cleslgva mente destinados
é o mal ~bsoluto, quando consiste tâo·some:1te em r~onhe.CG!:r que SG desde o nascimento. A cultura da ehr~ é 1Eio pr6xin1a ili) cultura (2Sco!ar que
prepara os a lun os para o baccalaurêat, e determiná-los. pôr isso n1esmo 1 as crianças orlgin.árias de um nieio pequeno burgllê.s (ou~ a fortJorl~ camponês
a reconhe-cer que eles e$tão ~é prépar:ando pm-a o ·'bachof'. A desvalór&- e open:ír1o) não podem adquh-ir. senão penosamente. o que é herdado pelos
zação das técnkas não ~ senão o revm-so da exaltação da proeza intelectuat flU1os dns clc:tSses cul1ivada~: o '2Sülo, o borr~ôsto, o talento, e.fn sínL~e. essas
a qual tem aflnidade ·e strutural com os vaJoTes dos grupos prlvl]egiados do atitudes e aptidões que só parecEm naturais e naturalrnente ex~tveis dos
ponto de vista cultural, Os detentores estç.tu.târios dtis ;.b~ mane.iras•! membros da <:lasse cultivada porque constituem a ·'cultura., (no smi.ti<lo
1

estão sempre inclinados a desvalorizar como labc.'.>riosa5i. e laboriosa1n ente empregado pêlos etnólogos.) dessa classe. Não recebendo de Slkl.$ fum:tllas
adquiridas as qualidades, que não vak~m senão sob as a.parêndas do inato. nada que lhes possn selv1r ~rn sua atividarle escolar. a. não ~e.r uma espécie
de hoa \JontEJde. cuJturnl vazia, os filhos dçts cla5$es médias sào (orçado~ a
Produtos de um s1stema voltado para a transm~ssáo de uma cu]tura
tudo esperar e a tudo receber da czrs.co a. e sujeitos, ainda por dma.• e ser
a.ristocrátka em sei..~ conteúdo e espiríto, 0$ educadores ~nclinam·s.Cl .a 1
repreendidos pela e.sea la por suas cc ndutas por d1.1n1a]s cscolure.s "'. '
desposar os seus valores t com mai$ ardor talv12z porqu.e lhe devem o
suc€sso un1versitárlo e sciciaL AM~m do n12üs , corno não integrariam! mesmo É L1ma cultura arístocrátka e. sobrntudo urna relação ari.5tocrática cm11
e sobretudo sern que di$SO tenham consciê.ndu. os valores de seu melo de 12.Ssa cultura, qu~ o sistQfna de ensino transn1ite. e exig1/n. Isso nunca fica
orlg.em ou d~ pêrt~ndmento às suas mii.rieiras de julgar e de ensinar'? tão claro quantci nas rela.çõ.e.s que cs. professorê.S rnantêm corn llnguagem.
Assirn, no ensino supe1ior, os estudantes originálios da~ ciEiss.es. popu]ares Pendendo entre um uso carismé1lco da palavra cerno encantamcn10
e mooias serao julgados segundo a escala de valor~s das classes prlvil~gla­ cle-..stinado a colocar o a luno ein condições de i . receber Q graça;, € um uso
das1que n Llmerosos educadores devem .;l .sua or1g~m sodal e que assumem Lrad icional da linguagem universitária como vE!.lculo consagrado de uma
de bon1 grado, sobretudo 5e o seu pertL.:i.ncime.t to à elite datnr de sua cultura .co11~agràdà, os profo..:;;s.ores
. paliem da hipótese d e que ex]ste, entra
ascensão ao tnagistério. Dâ·se uma inversão dos valores - a qual. através o ensinantQ. e o ensinado, uma cornunldacle lingilisHc:a e d~'! cultura. urna
d~ un a niud.ança de s!gno, transforma o sério e:m esp1ttto d~ sér!o e a cumplicidade pré\.1i() nos valores, o que só ocorre quando o .sistelna escolar
valmtzaçno do esforço em uma mesquinharie1 indigente e laboríosa. suspei~
ta de compensar a ausência de dons - a p~rt]t do momento em que o
e thos pequ.eno-burguês é julgado seg.undo o ponto de ~Asta do ethos da 20. Do rr~~no mt>:.lo que o ;·..Jlg 1mentoi: que o.s t~rdi<':..so~ ~ flrnGrSci.;, írr1;ir~11 .... tl~ d~ •.·rilores d~~
d.:!$$~ tcldhu ~ .qu...ds pe..-Llí::l'ltE::llt é c.I~ -qL:iD.is µra..~c:. cedi:i o.' ei. 1r.c.is. fu21Í!m <le se"..1s n..\Jn.os lev<:.'"11
eJite., ou seja aferido pelo dt!etant3smo do homem culto e beJTI na~ddo. De
1 sem.,"J::e err:. c o:nlil a colornçi:.o éticil das O...'°'Od1.;fas e il .:::.tltude: err.. ~clai.5.c ;)0 p rofosro:: C!. à.i::
tnodo oposto~ o dUetantlsmo que os estu<la:1tº-5 elas classes favorecidas distlplim1s .esi:ol"res.
exprimem e·m vária5 coriducas e e próprio est~lo de suas relações con1 t-Una 21 . No cer.tro dil da{f:niçüo nmis 1mdidooal de cullu!a 151ã. Sl!m cr.11..'i::la, a J:SLir:.ç,ãCJ C!ntre a oonteúda
di:í c:..1lt rn:il ~n.a sen::do s.rb~e-J...'O d.:i i::uhwa ab'..c=.rJa. !::rm2~iorl~a~ 011, st:! sr: qu!s.er, o saber, q; a
.ç,J]tura QIJé eles não de.vem jarnais totalmente à escola, respondem às rnorltil:.dad(.I c.arncieris.ti~ d.:!. ~o!ise d.::ss.L:! 52.'::icr, i lL'e U1e. J.~ too~ a !i~nlfu:.'ilç:lo Q todo o i_o,pJ .-:.f,
.i'\ql!llOq~:,2 .e i::i 1,~r)ça l1 ...:d~ d!(! 1tt:"I rr· ·•h') i':t..•lti'J(ilÍO ~i~o t! !a~111 ru-"1~ 'Jir~._1 ~ ·1tt 1r :n!) ?Sl~'lt;dQ obje1i\/r;.).
111;is. w1~ e<'rlo : 1 tl!o do ~Gl~~.'.lo (;'.•m ~1 c::u.'. Ltlr...: {jl..:,.;} prt.~'fl pl"oci&:irnent · do rnôdo de m1.ui:;:çfio
de:;::m cufü.ira. .l\ rel~ç5o que um b&·...~uo milnten:i cco1 ilS ob::-.:1.5 da çi.;:t.Jroil ;:e a modal!<;la_d.e d~
l 9. Ver. neste mesmo nL:..'Tiéro, o i'lrli{}(J d~ V. 1Sr'\:·1BF.RT-..1r\:'.{,'\-M. -IJ., rlg'.dl:~ d \ me lnslitu~:or:i: toci.as as suas cxpi.?rifu1ciils c1,Lt-t.1r.;l.i!i) ~. p:::rtan:-ó, 1~ai9. O".J 11~e:-.os "fac!.'!'', '·t:'l'l'. h11!:"ttC!", "::-.("JQ:.1.:il'',
i;t1u~'l:r' sr.rJ.e.lr~ et ~is.teme dz \.'a.leu~s" . p. 306. w~1;;:q 1O!;B" , •• Ç;'.·rduali , .. ._.ram"
" ' • L. '~ .e.ti cu 1 , ~ tcn~ l i • ::: "'Rll•11..10
~-1 ..Jl,..,,t_,.,
as oon:z_ ..,v ...:.S nas. ;:ji ~ •IS G\'.! acktu: nu
::il.J~
'* N.T. : Par ~ bach~ag-e'' E!Tltfflde·!:~ bxli:1 pr~iJr~.;;.So rn~cl.OCt1-=.3l t~tillUui..t! ~'l!Xl::'ldo n:~(.ln-:,rn-it~ t:. (t,!llwi·: ~- ..r,' v.lii:!r1.".1fl o~.m ~o'I. .11~ íd:ilíl il:'I ~~"''LYrec-t;;d'J 11:~'11.l; expL"!rie:icii:i :J~ "[ilrnil:..:~ r::dt'l;:!Qo.
(•f)l'ú\'.;:1.y:.11:> em i:?:-;arr~ e ~nnru~ (fi:?lrn, 12m g~al, de '·rh::as" e eKpttJiar:.t·es prntioos~. O;:iõt.'-SC, \fom·~ dJ i~~t-iã1) Chr ~' nJ l:h •.t), q11 n . pt'iJ; 1diZiJ9-m:i i.~ulm· ria~ i::r..a )<:mnis fo17112rnr c.ç1.1p]r:L<:t
po::H~n~o. ilO dik:1,(J~'lll&r111) l:nt ' i<:etual d~ni~~sado. O lermo deriva. dq; "b:l::haler". que. G"n 111o1r.L • V.l-::: LlsSJ 11. f jll~, ,, , f oJh11 •1 1 ·nf<.1 I:! n, m!~ií• HDITI iJ c:.1llur~ -e iJO ·y·.:i'.n~izar o EStilô dc.:
tra!K.ês., sigr..ificil ::;ussar pelo "bíltho(', ill'tô é. p1u::; - b:-1r. 1~;1:i'!.1 1rA11''. t·•l.:Jçi"• mi:lb 1i:-1 - 1 111Lr1 I,! Ud !l I•• " to lirilnn), <'I scd<J. .f.a·.....,-,r"~I;! c;-e. ~ 1f'll!l 'l(!.'k.'Of~ldc..;.,

.r:4
.) '
està lidando com seus próprios h erdeiros. Fazendo como se a Hnguagem Mais profunda1nerite: é porque o ensino ffad1cional se dii;ige dojetiva-
do ~-rt~i no 1 li ngu~ folta de ah.isões e crnnp1iddade. fo sse natural aos suj eltos tnc n1e àqueles que deve"m ao seu Jneio o CÇipitn] l1ngülstico e cl11tural q ue
·' inteligQnt~s" e ·' do~ados''. os educadores µ odem-se poupar o trabalho cie ele ·~x ige objec:varnente é que esse Enstno pod e p ermitir senão e..xplic;itar
controlar tecn~cm.n ente seu n1anejo da ltnguagem e a cnrnpreen~ão que suas exigêhdas e não se obrignr ~ dai· a todos os n1e[os de satisfaze-tas. A
dela 1êln os estudantes. Eles p~d em também experiE!nciar, corno estrita- moda de um d ircito çonsuetudlnário, a tmdição universitária prevê. apen ns
mente equânimes, as a\•a11açóe.s escola res qu12 consl'lgrarn, de. fa o, o lnfrações e sanções partjculares. sem jamais explicitar os prir.dpios que as
prjvilégio cultura!. Com efeito , como a linguagem é a parte mõis inatjngível (undamentam. A verdade dez um 1al sisten1a deve ser. então, encontrada nas
e n trmls atunnt~ da herançn cultural, porque1 enquanto sintax e~ e]a fornece suas exigend'1s b1pHcitas e no cará1er Jn1pHcito de suas ex1g~ncias. A ssitr)l
Uln slsternn de posturas n1entais transfortveis~ soHdáttas com va]ore.s quº tornando-se o exemplo do exnm.e , pcrceh12.-s12 ei..•identemente que quanto
dominam toda a experiência, e como. por o utro lado, a l' nguag~1n m<l]s as provas escritas propostas se nproximam c1é um exercício retórico mais
universitária é muilo desigualcne.nt ª dista nte dn ltngua efetivamenle falada t ~-adkional~ majs fm;oráve] à exibição de qualidades ilnpond~ráveis, tanto no
pelas d·forentes classes soclt.ds. não se pode conceber educ'1ndos tgual:s ern estilo qu~nto na sintaxe do p ensIDTiento ou nos conheci.1.n entos mohi~zados,
d1re1tos e deveres fre nte à língua universitárja e frente ao uso uolversitârJo a ''di.sse,rtatio de om.nJ re scibU]'t que dmnlna os grandes concursos ]Jt:erários
da Hngua, sem se condenar ã cre.c.füar ao dorn um grande nún1ero de (e que aJndn desempenha um papel in1portante nos C<'.mcursos científicos),
desigualdad es q u e. sá o , antes da tudo . deslgualdades sod ais. Além de um mais clQS m arcam as d1ferenças ªxist~ot es entre os candidatos d ~ diferentes
lc)..xlco e. de um<l shi t:axe, cnda indivíduo herda, de seu m eio1 uma cert~ or~g<2ns ~odai s . Segundo a ln~ma lógica, os ·'h erdeiros" silo innts favéx e-
abtude em relação às palavras e ao seu 1.~so q ue o prepara mãiS ou 1nenos ddos nos exarn es o ra]s do que nos escrtro.s r prindpalrnente quando o
parn os jogos escolares. que são sempre , ern pa rt12 , n a tradição francesa exame oral se rorna explicitamente aquilo que ele s~mpre é implid tamente. 1
de ensino llle.rário, jogo de palavras. a saber, o tes+e das nianelras cultivadas e distintaszz.
Essa ligação com as palavras ~ revéi;~nc:lal ou livra, artificial ou fomillar , No ta-se , e:videntmn an1-0! , q ue trm siste1n a de ens incJ como este só p ode.
sóbria ou :n tcmpemnte, não é nunca tão manifesta q uan to nas provas o rals, funcionar pérfo.lLamente e nquanto se limite a recruta r e a selecionar os
nas quais os professores, consden te ou 1ncon sc1entemen te. diferenciam a educandos capazes de Sl)tisfazerem iis e.xigêndas que SQ; U1~ impõem ,
facilidnde ''natural'1 ~ constituída da facilidade. de expressào e de. des~nvol · obJetivmnente, QU seja, enquanto se d ~rija é:I indiVÍ<lt1os dotados de capital
tura e]ega nle, da cl ~trêza '·forçada."\ frL:.qüente nos estudantes das cJasses cut ure] (e da aptidão para fazer frrn ilkar esse capital}q ue ele p ressupõe e
pupula.res e l oédias, e q ue t rai o esforço para se çonforrnar (~ custa de consagra, SQJTI exigi-lo cxplk itatnente e sen1 transm iti-lo metodicamente.
dissonfü1c1ns e cfo un1 c~rto tom arüfldal) às nonnas do dh;cu rso universL- A ún1ca prova de que ele possa realm~nte se ressentir não é, como se va,
tár~o. Essa falsa d aslr€za, ~rn quie dº:>ponw u êlns~edad e de se in1por1 deixa a do número , mQs a da qualidade d os educandos. 'Ó Qns1no de. massa, do
rràn,sparecer por den1r.üs sua função de autovaloril..açào r par~ nüo ser qual se fala tanto hoje em dit:~ , o p õe-se. ao cn12smo te mpo, tanto ao ensino
suspeitÇ\ de v·ulgaridCJde inlere.s. ada, Em síntese1 a ''ce rtitudo st.1i'' dos reservado a um p e.q ueno número de he rdeiros da cultura exjgida pela
pro(essores, que não se exprime nunca tão bern quanto no prestigio do escola, quanto ao ensirio r~ervado a un1 pequeno número de indivíduos
cur~o 1nag1srral, a!irnenta-se de ut11 ·· ~tnocen l rismo de dasse", que autQrit.a quc)isqu cr. De fato, o sisten1a de ensino p ode acolh er um núrnm·o de
tanto um uso del cznn inad u da 11nguagQ.rn p~·ofessoral quan o cettzi atltude <2ducanc.los cada vez maior - como já ocorreu na pr3n1eirn metade do sé cu1o
ern relc:::.ção aos usos que o s educandos fazem da l inguagem e, em pmi ic:ul(lr, XX - sem ter que se rransfrnm ar profundamente, de.sdft que os recém.-che·
da llnguagetn professoral. gados seje.nn também portadores das nptidõ~s soda)mente adquiridas qur<'. !
Assim, o que está lm:pl"icitc néssas r12lações con1 a ]jnguagem é todo o a e-scola exige lradiciona hncnte. Ao contrário , ele está cond ~natlo a uma
s;gnHicado que as classes culms conferen1 a o s.aber erudito e à lns1iLl.J1ção crise p erceb1da per 12..xernp)o como de ··queda de n1ve1", qtrando recebe
1

éncarregadn àe pct1)e.tuá-lo e transn1iü-lo. São as funções latentes que e_i;sas um número cada \.:ez rnaior de educandos q ue não dominam ffta is, no
classes otribuern à instituição escolar, a saber, organiza.r o cuko de un1a lnctSmo grau que seus predec~s.soras ~ a herança cultural de sua ,c:bsse social
cultura q ue pode ser pro posta a todos, porque está reservada de fato ao s
(con10 acc nt,ece quando as taxas de escofarização secundára e. sl.lperior
membros da~ class(2S às quais ela pert.e.nce,_ E a hierarquia dos valores
intelecl uaãs qt)e dá aos rnarlipuladores presttgiosos de palavras e id~las. 2 2 . l1t. re.'ll!icl!rtcla dc3 ;_)t'CÍ· '"' ras iem rolt'!Çiio à ''dc:u:!.•"lld.og!~- l'N.T.: E'.st~ ll....., 110 desior.ll. em fra.""lr.ê.'i, fJ
supe.rloricl;ide sobre os hum1ldes servidores das técnkas. É, mfirn , a 16gica ~t,fltl !li:t :1.1 r '. ~ o dil'í fcrITT"..;is d 1 avcll~.io de& cc:r.~ 1 ..~iro ·ri'J:.:t:;I ~. mnit: ::.inda. oo: rQJi'li;.:fo ii f ( 1(11)
,-.;.forçl7 r i11r.. TL ..iomil!Zii!:" ~ p~c..·a.... \\hk cs ~(:( -·~10:1 irdis~ que cle!:?e1-::çim as (]111."St . '-· focl1ati~1~)
própria de tun siste1na q ue te:i1 p or fünç.ão ó bjf!tiva conserv8.r os valo res
~· ul··rilru rirnmdr=il crn1.m~1 • 111 i me· 1r~ •·t l1rJS u:i~lôeri'ltiao dil r<:.C.·.1'".a de~ :HY.i11tt1~ .. õi11d.1 riue -e
que fundamentmn a rn·de.m social. .ill h 1 ~ 011cait1u •.1m ~1111 ! ·'d (•1111 ' ' •11-:o :ri. rlr:iúr:dti ! IO rt:u.il ilu j.J.~+ 1 1·1~ -ratirn.
dbs d~sses trad k ionatrr1E!n te ·asco]a,rizadas crescem contlnuarnente, ca lnd p dades de ''dons'' ou de rnérito, e~a tran.;:.forma, as desigualdades de fat o em
a tm~a. de se!~ção paralelan1ente.}, ou que., procedendo de da~s€s socia is des igud~d ad~~ de d lreito, as diferenças econômicas e . . ociais em '"distinção
culruralrnente des favorecidas~ 5ão desprovidos de qualquer herLJ.nça cultu- de qualLdade ., e legitima a transmissão da herança culmrõl. Por isso, rua
ral. [núm eras transformnçôes p or que pc.t5sa atual1nente o s,stema di'e ens1no exerce uma funç5o misüficadora. Al0n de: perrnirir à elite se justlt~car de
são imputáveis aos J~termintsn1os propriamente rnorfo16gicos; assim se ser o que&., a '·ideo]ogja do don1"'. ch av e do :s~sret11a esc~o ar e do sistema
compreende que elas não toqvern no e.ssendBI e que se questiDne Ião social, contribui para encerrar os membros das classes desta1,.rorecida.s no
pouco nos programas d~ r~f om1a, ben1 corno nas re1vind1caçõ es dos de.51ino que a sociedade lhes assinala, levando-os a p~n:eberern como
educadores e educandos, a especiíiddau~ <lo sistema esco~a1· Lraôicianal e inaptidões natura1s o QU<i! não é senão efeito de uma condkão 3ntericr, e
de se.u (Lmci<.m amento. É verdade que~ dernoc:ratl.zaçâo do acesso à quinm p-2rsuo.dinJo-os de que e!es d evem o seu destlno soc1al (c{:lda vez J11als
sétie constituiria, sem dúvida. u1na p r ova clecisjo;,.'a, capa2 de impor mna estreitamente ligado ao SIZU de~tino escolar, à medida que a sock~dad se º
transformação profunda ao fundonarn(:ffi.to do sistmna de ensino nc que radonaliza) - à sua natureza individual e. à sua falta dé d(ms. O sucesso
ele tem de mais espedflco, se a segregaçáo di;tS criançrrs~ segundo a excepcional de alguns lndlvídu os q ue escapam ao destino co]etivo dá u ma
hierarquia dos tipos de esla.beledn1entos e das seçóes (dos colégios de aparênda de k~gllirrridade à sel.ecâo e-Scolar~ e dá crMito ao mlto da e.sr.ola
ensjno geral ou de ensino técnico às seçôes d ãssicas dos liceus). não libeitadora junto àqueles pr6prios indiv1duos que ela ellm!nou, fazendo crer
fornecesse a o s1sterrLa uma p rot eção de acordo com u l6gic~ do sistema: qu~ o suces50 é uma simp]es questão de rrabalho e de dons. Enfim , aqur;des
qt; e a escola ''Hb erou' meslres ou prafessorQ...i.;, c.:o lncom sua fé na escola
1

a$ ·crlanças das classes popularczs que ntio empregam na ativi.d ade escola r •

nem a boa vontade cultural das crian ça~ das classGS rné<lias nem o çapital lfüertaclorn a servtço da es·colé cons.ert..·adora, que deve ao mito da escol~
culmral das d a.sses super}orE:!S refug iam-se numa esp~cic de rrtitude nega- lf..1eli ado r~ uma palie de seu poder de conservação. A~sim o si5tenia
tiva, que d esconcerta os edue-adore.." e se e.xprin1e em formas Je desordem escolar pode, por sua lógica ptôpria, sêrvir à perpetuação do - p:riv:légios
até então de.sçonhecidas. Evidentemente que, nc..sse caso. é su fidente culturais s12m qu~ O$ pdvileg,iados tenham de se servir dele.. Conferindo às
"lals5erAfaire' para que aluem com a maior brutalidade os ' ' handicnps~·
1
.Jeslguald ade.s culturais uma sanção fom1almente contorme .a os id~..ais
culturais, e para que tudo retorne~ ordCc:!.rn . Para responder verdadeira.men- democráticos. ele fomac12 a m~~hor jus!ifkati"'ª para ess~s desigualdades.
te a essa d Mufío~ o sistema e.scclar de.veria dotar-se dos rncíos paru realizar
um empreendhnento sistmnáüco e generõlizado de aculturação, do qual
ele pode presdndir quando se d ir1ge às cJasses mais favorecidas;.:~. A ESCOlA E A PRÁTICA CULTIJRAL
Seria, pois~
1ngênuo e:$perar que! do fu ndonarnento de um sistema
Porque um fenômeno de moda ]ntelectual 1'2va a reconhec~r ern todo
que def~ne ele próprio seu recrutamento (irnpondc exigência.s Jantü lrnis
lug1'ros sin a.is de uma hom.ogen~l1ação da soc iedade, numerosos. autores
eficazes talvez, quan1o mé:lis i:m pllcitas) ~ surg]ssem as contradições cãpazes
[JretP.ndem que as distâncias culturais cntn~ a~ classes t~nd<J:rn a se reduzir.
de dêterm3nar urna transfonnação profund a na lógica segundo a guru
funciona esse s1stenm, e de impedir a insfütLição encarregada da conserva- Contra as mitologias da homogeneização cu11ura1quP. (entre outras coisas.
ção ~ da transmissão da cultura legitima de exerce.t· suas funções de e sem que s~ precise jmna1s a pane q\Jé cabe a ttm ou a outro fator) o
conserva ção social. Ao atribuir aos ~ndtvtcluos esperanças da vlda e.sco]ar enfraquecln-::en1o das dlferenç.as econômicas e das barreiras de elas'"'º · por
e.strttamente dimensionadas pela sua p osjçáo na hlerarquia social, e um ladu ; e à õÇào dos meios n1cden1os de cotnun1cac;áo, por ou Lro ,
op erando u1na sel eç~o q uª- - sob as aparên cias da eqUlda.de forn1õl - determ!narian1, a pesquisa científica mo~ tra que o acºs:;o às ouro$ ç~ illtJrais
sanciona e consagrtl as desigua e.Jades rea1s1 a escol.a contrfüui pc'lra permanece corno prtvilêgto da$ dn.sses cullivadas. Assim . por exemp lo. a
perpetuar as desigualdadesi ao m esmo tempo ern que as legitima. Confe- freqü&nci~ a museu~ {quf::! -- c.:o mo se sahi?. - '~s1 ~ fortemente ligada a rodos
rindo uma san ção que se pret~n de neutm ~ e. que é aJLamente roconhec]da os outros Bpos dê prá1kas cu.tura1s ~ as ·istêncl.a a concertos ou freaüfü1cia
corno lal, a apt1dõ~ sociaJmente cond~c:ionadus que trata corno d B.Sigua]- katro~) dep ende estreit a1nent e do nível dQins.t~ução: 9%:i <lo." vi;~tantes
âo de.sprovidos de qualqLL(?r diploma~ 11% sáo füulargs do C.E.P., 17%
1

do C.A.P. ou do B.E.P.C., 31% são b..'1cheUers e 21% sao .r~cenciésw , o


23. A pressão d.. dcmilnrfa a:crxmiai p: · impor t~'L'IÍcn-:-.::.çõe:. d.:x:i.::!vras'" PC'I~~(! c:cnceber ql:.e. a!'
~rk-d"'cl~ fr..dustr'..a!s ~·r=il lilm Mti!iÍ&Zer bS ~ ll,'1 11C!~<-.:1~ld,1de.!i de qui.'dro.s s~irn ernp~le.r r1:xnsk;lerm:d-
mu11lu a ltl'Sc e~ ro:;nuarnen"Xl do ensino !íE'<:w-.dhlt ê srh1'('.n.1.-k1oo ensino s•.~ri:x. C~fl >:clt:-;.. se
se :rociocbt~ b!A"M (!:11 tenr.o.; de CLSiOS, ou. se !:!lquis.zl', ué~.edonalld.=iddcmial. pode se·r ;Jrdt..'11'-~
rec!".Jlar. ccm';re. a.; i111(:-t(;'f,~1 h. 1s da )31!.ça es:dilr, :n~ dnss · · ~1J~ t,;l:.;tl.."f?J soclul e r.:-Ji:.is p:ró:-;ir:'.ol & • :'\ .T P ...s1> p~1rt r1d í'.e11 " ' 1h1 lr.{, ,, 11P'l'H"T:;iW1io ª'' licertce ' . L1Lulo mta·me&t.r.c e11r~ o 1'' e o ~:.1
n.1~:,1,:::-a ~oolar, <::se d i! p enSt, r, <l~-~ 1o trr.a, d" •..fn (!fflflr'Cern:l :.- nrnto da i'trullUn'lçij('I, c~kr dolo I• I~ li<Upnrl' l'c:..
que sígnifk<.i que os visitantes com o haccafouréa r ,.,ou um di p loma. mais s~ a ação ind1reta da escola {produtora dessa djsposição geral d iante de
elevado constituem ma1s da metade do púbUco tota]~... todo tipo de b€m cultural que define a atirud&? ·'culta'') é determina:nrn! a ação
c..H:-efa, sob a fom1a do enstno art[stico ou dos djfereme.s Hpos de incltação à
A ex1s1t1nd a de uma hgação tão fo rte e ntre a instrução e a freqüência
a museus mcs1ra que só a escola pode crlar {ou desenvolver, segundo o
prálica {i..·~sêtas organ!zadas. erc.}. permanece fraca ; d~xando de. dar a todos,
atrnvíds <le t trrJa educação metódica, aq.1I)o qué QJguns devem ao seu m e1o
caso ) a aspíração à cultura. mesmo à cu ura menos escolal.j. Falar de
~ÇJm iliar , a esco!a sar1c1ona. portanto, aqw2!as de:;igualdad~ que somente ela
··n ecessidade5 cukur ais., , s e1n lembrar que ª las são. diferente.mente das
•ô neçr,;.$sidades p t·tmár1as'', produtos da ~ducação, é. corn ~fa lto. o melhor pod0')a reduzir. Com efeito, somente uma instituição cuj~ função -esped{ica
fo %é tran~cnit~r ao maior n úmero poss[vel de pessoos; pelo a préridizadô ·e
rnejo de d1sslniular {m ais u ma vaz recorre ndo-se à ~d eolog la do dom) que
pelo ex t!rdcio ; as aUtucl.êS ~ as aptidóes que faze1n o homem '·culto··, pod~rla
as des]gualdades fre-nte às obras da cultura erudita não são senão um
compensar (pelo m enos p ardalm ente) QS desvantage~1s daqueles quG não
a.spe cto e um efeiro das desigua lda des frente à escola, que crla a n ecessj-
encontram em seu meio familiar a lnd1ação à p rática cultura].
dade cul1 urnJ ao mesm o rernpo ern que dá e define os m e ios de satisfazê-la.
Se as d e.s1gtmldades nà<J sã.o jamais tão a centuadas quan o dian[e das
l\ pr~vaçáo ern matéria de çultura n5.o é necessariamente pe rcebida
obras d.;! r:ul1 ura erud ita, e las pem1an'2cem cooav1a, muiLo fortes nas
corno ral, sendo o aumento da privação acon1p anhado , ao comrário, de
1

;xáticas cuJturiüs que uma c.~rta ideologia apresenta con10 mais universais,
urr1 enfraquecim ento da con sci~n c~a da privação. O priv1légio h'ml, pn~s.
porque mais largan)e11te acessiveis. P o r exe1nplo, as enquét~i; !lohre a
rodos os s1nç.ís exteriores da l eglt~rnidade: nada é mats acessível que os
a: td iênda ra diofôn ica mostram que a posse de aparelhas de rádto e
museus, ~ o~ obs1áculos econô micos, cuja ação se deixa pczrcebºr e m
1elevis5o é mui(G desigual entre os diferentes u~eios .,ceia.is: e inúmeros
OL.h.ros dominios. são aqui tnf.!n o res, de modo que: p arece ter-se majs. indícios pe rrnite tn inferir qu e as desigua]dadcs se r cHetcrTi nã~ sur'n<2n te n a
h.mdamento, aqui, pa ra invocar a desigualdade natural das ne.cessklad~s e!!i<:Oll a dos programas visros ou ouv1dos (escolhci que d ep~n de estreita-
cult\trais. O c:dáter a utodestrutivo dessa tdeo lo gia é tão ev1Jente quanto mente do nível de insrn_Jç.ão , tantc-J quan1o r.i freqüênda a museus ou n
sua 'função justificadora. co :lccrtos), também, e sob retudo 1 no tipo de atenção dedicada.
tild.S
Verif~ca-.se, rnais uma vez! q ue as vantagens e desvantagens são Sab~-se, com efelto, para usar a Jlnguagem da t ºorra da cornuoicação. que
curnulallvas. A sslm ; sáo os rnesrnus indiv~duos que têm oror1unidades nlais a rece pção adequada de un1a m ensagem supõe um a adequação entr " as
nutnerosas. mais dura douras. e rna is extensas de freqCienrn.r os m useus, por aptldões do recep to r (aquí!o q·Je chamamos grosse]ramenrn de sué'.l cultura)
ocas1ão de giros mristicos. os que sao também dotad os di"I cull ura, sem a e a natureza 111.ais ou menos or1ginal, macs. o u m~nô.s redt.mdant12 , da
qual a5 .._.;agens turisUc~s n ão ennquecem em nada {ou .some nte por acaso mensagem. Essa adequaçiio pode, evldentem e.nte, r~3lizar-se en1 todos os
e sen1 maiores conseqüf'-ndas) a prática cultural. níveis. mas é igual rn~nte evidente que o conteúdo informativo e. esrét1co
Da nu.:-sma rn.<:ine;ra. corno se prucurou mostrar nas an áli s~::; preceden- da mcmsage1n 12fe1'ivarnent e receb1da tetn tanto mais chanc;es de ser mai.s
pobre, quanto a ··cuJtu ra .. do receptor for ela própria mois pobre.
res, os indiv1duos que Lêm um nivel de in strução rnais ele vado têm as
ntalores chances de 1"2r crescido num melo culto. Ora. nesse dom~nlo . o Como toda mçm.:-.agern é objeto de u1na recepção diferencia, segundo 1

pa pel das íncitações difusas p ropid adas pe~o m Qio fa1n iHar é p.a.riici..1larmen~ as CEtractetísticas soc:ia i ~ e culturajs do recep tor, não .se pode afin 1ar q ue
t~ dernrrninantQ ~ a ma ioria dos vi5~cantes faz sua prim~b·a visita ao museu e.~ homogen eização das m ensagens emíHdas l ~ve. a umá homogeneização
anres da idade de quinze cinos e a p<Jrte relativa das vis~r.as preco ces cresc.:é . da:; m ensag~n:, recebldas, e! menos a1nda, a urn hc n ogene]zaçao d os
regu lar~1 ente, à medida que se se e leva n a hierarquia sociaL rccepr.or~s . E pr~dso denunciar a ficção egundo a qu al '' as nleío~ de:
comunicação de ff.1 ass.a" seriam cri pazes d e. hom ogeneizar os grupôs
sociais. transtnitir~do uma "'cutrnra de massa'' jdêntica para tcx.l.cs € idc:mt1-
ame11te percebida prn· todos.
2 4. () p(~:'.l::c, d::: h:illro t:ip;~:('fGi w:ru es:rutura a11iilt:.;; , e J req1..1··~1'~" =>..() D n e m il. rnnsider, rfo 1XJ111:·:
111 r"!rt ?Jrt~ r.);u:. popubr. e ~n111l:;{i11 1 111~!0 d~1 1:>.: !:11-gUn:Jo ti~ diJ~~:.: ::1;,I<., :'~';mdo de 82·1: r-xm..1 É preciso, tarnbérn. pôr P.ffi dúi,,rida a eficácia de (odas as iécn :cas de
e~ q 11,°rd1Y\:. ~li~ 1'!1k/1·1?_"i r~:-.EI ~:J:.rçs de í-lfl)rSS.:"11"'$ 7 q:.:. Jltlr.:I ' t?ll1f 'TL~.~ .(I;~ (J7 ~·I :·n~ra a;.
1ílJ C1 lniS i'I
ução cul:urn.l direta, desde os C en tros Culwrals até os '2mpreend·m~ntos
(! 1

r p ~ritn;.;s P 64 :.~, 1)(tr.~ r.~ p;,,;;_ •.tz.-.cs propr>e'lár..vs. O . ~m"' GC i::.;l ,i-\. •L~ ;:-br·111 .... :fleti: rirrl ~u
m.:1 l·1 d• 1 " , 11 : L 'f..o.J.:.:=-1~s1 ::: ., ,Jc la r1~d1~rd1e s..-:~e.-1tí f:q ue :Z l (kZ;~11bm d~ 1Q(,4, :r :10 <le educação p opula1'". Qu12.r esteja apoiado num museu , como no J-[avre,
25. O logõ r!,1s, i'ln::.k..gíns v;cr;..i ....i~ t,(JI 1ui .,lg,' 1t'.s ,, Ídla~ ,,,m " 1:;.rop;-11·=(>t~" 1)é1roit íJ'JliSIJlnir" e:1 e eh. •-1.1.'-n-:-' 1' 1U nurri .. -2(.lt:-o ! com o em, Ca(m.. o c~ntrc) Cultural atraiu e reagrJp{)U - e
li: :1n ·11h .1a !, ··omo ii!e-s foi, m d• ' 1 :?:~ 1!'.um:~ cuJlural ' . Dissoo.:iilr M (1 'f,_1 ittJr/>~tc: •:t.:ll q1ml d.~ silo
medidas alrn•.::~ Jl't~ L'11f1\Jh r;?SI e.o~ -:.:or,;.1il:k~11.1f1:~:~ 11 0$ L}:;:.CJf 6r~~1ccs e .S!; - j.,;._. trJe .-1:, t11'!1 11rm1 nc1~
i· !>..:r r1L 1c.-Trr:1r n s~ :::il u s :;i 1w ~ <•1 n~ttr-;.~ rl\1 (:!r:.Jn ciilr e eh.· c.k111J~f"IM !ll!i!S .::au5as: i?. prmbir·!il:! de
1~.:;qul:i<!~ ~ · ··1.:.ud:;ões C'::1:i1y}ir:J!"'<t.s I? ·~J t\l"l rk. t_m o-~ Lipo d'!. ..i:.:.JJÍ •'\. <-J•~

60
jsso iá € sufide.nt~ para justificar sua exisCênc:ia - aqueles cuja fonnaçào escolar eon10 o decó·nmerno dº urna oltn-.j. da cultura eru d lta su p6..: o
ou. ~Lek:J soda haviam prepanldo para a prát~ca cultura]. S~ a ação de ccnhetin1ento do código segundo o qtJal eJa está codificada , pode"'s e
organizações profissicnajs, esportivas ou familiares r-mze.xistentes pode incitar ccnsiderar que os i enõm eno3 de difus,ê(J cult1.1ral são um caso particular dt.ii
un1a parle da~ dasses méd]as e uma minoria dac; dasses populares a uma ·t eor~a da con1unicação. Mas {) domínio do co ]jgo ~6 pod e ser adqu irido
práUca cultural qu€ não lhíts era fàmiliar: o Centro Cult~..1raJ ~e viu imedtata- nt~x:liant.e o preço de uma apren dizagem mdádica e organizada por unrn.
ment€ investido clas característi.C€1s das institu!ções, .eatros o ll museus, qu~ ele insl ir.uk.ào expressan1ente orde.Lada para esse fim. Ora. as:s.im como a
préltend1a dup~car ou subst:itl-dr: os membros da claS5e ··culta" se sentem no cóml1rilcação que se estabelece entr~ as ubr~' da cul1Jra en~dita e o
direito e no déver de treqüent~r esses a]tos centros de cultura, dos qua1s "='spectador d€pend e da intens1dade e da n"lodaHdacfo d a cu l'l ura (no sentido
os ou tros, por falta de urna cultura sufidente. se sentem. exd uidos . l~nge subjet1vo) d ~sc e t'J ltimo, da mesma n1aneira a comunicação pe.dagégica
d~ pre€ncher ~ função que Lnua certa m1stica da ''cultura pop·ular lh~ depende es,[reita1n~mte da cul1-ura que o receptor deve , nesse caso, a. seu
atribuiu. o Centro Cu ltura~ corir'nua sendo a Casa dos homQns cultos. rne1o familiar, detentor é 1ransrnJ1;;sor de L·m.a cullura (no sentido etnc lógi.co)
E como poderi~ ser difer~n lº'? Se 3e sabe que o interesse que u1n ouvinte mats c u n1enos próxilna, em seu conteüdo e vaJores~ da culhira erudlta que
pode ier por urna n1ensagem , qualquer que seja ela; e. mais a1nda, a d É!scota tran sm lte e dos 1nodelc s lil·,güístico$ e cu 1tum is segundo os q uaJs
compreensão qu~ dela venha ter. sào, dlreta. e esttitement~, função de?. Si~a ·~sa rransmissão é feita. Se é verdade que a experiência das obra~ d~ cultura
''cul1ura'' , ou saja, de sua educaçáo e de .seu m elo cultural nao se puJ € sen<Jo :irudita Q a aqujsição ln::;titi.Lciorializada da culnu'ã que essa exp~ri@nçia
duvidar da e'icád3 d~ todas tlS técnicas de ação cultural direta. d~e os pressupõe obeJ étém â Lnesma lógica, enquanto fenômenos de co1nunica-
C.e:1tros Culturais até os e."Tipre.(:!ndin1e,ntos de educação popular: que, en- çào, compreende-se o quanto é diflcil rnmpfir o '.)rocesso circulru· quc tende
ouanto perdurtlrern as desigualdades frente. à escola (única instituição capaz a p~rp e luar as desiguald ades frente à cukura Jeg it~:lla.
de criar a <:lfüud~ oJIUvada), apel1as contribuir.f~o para d)sfar~r as desiguaJdack~5
Platão relntd. no fim de seu Hvro A Repú blica., que as almas devern
cu turc.is que ri ão consegue111 r&-ft1t1r r<~ahnente e~ sob retudo, de maneira
duradourQ. Nã o há atat"'los no camjnho qu~ l~va às obras da ClL ltura º os ernpref!nder uma outra vida: devem, €las t.H2smas. P.sçolher seu destlno -
~nrre rnodelo5 de ·vida de todo tipo, dentre lOdêlS aS V]das anima]s e
encortros artifidahnente arranjados e diretamente pJ'ô \.rocados não têm fucuro.
1-:umanãs possivets - e que. feita a e.sco)ha ~ e]as deve111 beber a água do
Significaria ]sso qu e \"?ss~s empreendimentos. $Ó Np;x±erão t~1: algu~a 1i o An1éles ~ agua do esquecht1enlo, an1es de retomarem à T erra. A função
e'ficf-tc;a sª se dotarem aos
1
me~o~ de que a esco]a dtspoe. Corn eretto. al€m
d~ reodicél<=i que Platão confo.re ao n-itto con1[_,ete. em nossas s óci edades~
do fato dí2 q1..ie roda k~ritativa de impor tarefas ~ cl!scipHnos esoo1are.s oOS
ao tri.buna2s Lm iVQrsitâ~·ios. Mas é n e(;essá.rio citar PJatão rna1s rnna v~:z :
orgati isn1os margina}; dª difusão culhLral encontraria resistências id eo~6gl·
cas p or parte dos responsàveis por ess,es organisn1os, pode1nos a1nda '"'Qtwndo e les c hega rctJ11'J tive ram que se apresentar frnedia tamen-
interrogar-nos sobre a \.'·erdadeh"a {unç§.o da polltica que cons1ste ern en· w a Lachê.sis. E prJrneiro um hú3.rofante os alinhou e m ordem. depois,
com.j.::n e. sustentar 1 aí~ o rgnn ismos 111arg~nais e pouco eficazes1 enquanto apa nhando so bre os joe i'Jios de Lachêsís destinos e rnode.ros de uida,
não se [ ]Ve t fo~to tudo para obrigar e autorizar a mstiru1ç5o escolar a g•:lÍgou 1Jm estrado e J'et~odo e gritou: ·Proei'ama ção da ofrgem Lachesfs,
dese1npcnhar a funç-5o que ~h e cabe, de fam e de dir~it~. ?u .se~a. ~ ~e. fíi'ha da ~rece.i;;~ídade. Almas efem e ras, ides começar umo notJrJ ca rr.ejra
~es12nvolvar .em todos os membros da soc~edadº , sern d1stmçao: a apt1.d ao e renasce r t1a cond Jção rnortal. J\lão será um !}êr'lló qLiE'.i! há de vos
p. ra as nráti cas cultura is que a sodedade cons1dern como as mais nobres: surtear, so~s t.Jós r11 es mas que esco lhe re is vosso gên io. O pdme~ro
Não .e s·ar[amos nós no d1reito de fonnular · s~a qu12.stão, uma vez qu~~ esta designado pela so, te escolherá , em pdmeiro ,'ugar. a vjda à quaJ ficará
esi obo.leddo cientihcament e que, a uni .:usto equivakmte , a ex,ensão da Ugado pela necessjdade (. . .)_ Cadu qua 1é responsái;eJ pela sua escoIF1a,
escola1idade cu u uurneato da patie cc1.sagL·ada nos progra mas 12.sco.é.".lre.s a div 2nJudc~ r1ão é. responsáve ,1t.<r. .
<:io ensino ht11stico le·ui3ti.arn , a longo prazo, aos nmse11s. teatros e concer- Para que os. d estinos .sejam rnetamorfoseados € 111 ,escolhas livres, é
tos um número inçoc nparn.velmente maior de ind& v[duôs que oclás as i;ufk iente qui.:: a e.scola, hi~ro fante da NE:ces.sidade! consiga com. •ence~· os
t éc.nicas de açZ.o d1rern. reunidas : quer se trate de anir_naç~o cul1 urai ou de 1r.divklu oç; a se subm etet·e1n ao sº u i... eredicl o e persi.JadHos de que eles
1

pub])cidade atravé~; cla irn p~-cm_a, rádio ou celévisão?.i~ 111esn1os esc0Jheran1 os destnos que lhes haviam sido a prjori atr1buídos.
/\ p.) rtir desse ffH mente, a divindC;lde sociaJ e.stá fora de questão .

26, p ~OURDIIU e ,A,., D:\R~EL , I . ºAr1. r>IJ r .: i ~ ,I' o r•. f , s ni '. Jsé.t..s e.: L le tJ: .oubílc, P.:.ri'S , ÊdLtio; rl<>
MirnJi:. (.;:' 1. ·•L~ 5P.os ccmmu::-i''i, :.9b1.J .
Ao mito p 'atónko dn escolha inicial dos destinos s.e pQderl~ opor
aq uele q ue propõ~ C'_:nnpnneUa na Cidade do Sol: para ~:1s1aurar 1m.ed~a­
tam ente uma siruaçf)o de mobilidade social perfetta ,e assegurar à inde-
pendência ab s o1uta entre a .. posição do pa l e a posição do fiJho 1

in-erdi~ando-se a transrnlssáo do captral cultural. é nec(;!ssârl.o e suficiente


- como se sabe - élfasmr. de.sde o nasciJnento , as crianças de seus pais.
Ess.e é o miro da mobilidade perí~i!a que os estat[sticos<:-.:i invocc.;m implici-
tamen1ej quando constroem 1nd1ces de mobilldacle socJciJ referindo a
sih.J~çào en1p~ricamente OU~ervada E1 uma siluaÇdO de lrniep~.ndênti~
completa entre a p osiçãc social dos herdeiros e dos genitores. Sern dúvida,
~ preci::o atrjbuir a es~ e r.nlto., e aos ir1dices quc2 c:d~ permite ccnsLrujr, umEl
função d e. cri ko ~ pols c:!les concorrem parà desvend~r .a ral[a d.,, crnTe.spon-
d ência entre os idet1ls democráticos a reahdade social. Mas mesmo o ª
exame ·ma!s. supet{icia~ mostr~ria que a constden~ção dessas abstraçõ~~
supõe o desconhe.chn erJto dos custos soda~s e das cond1çoes sociais da
pusslbiJidade de um alto grau de :i1obiJidadc/'i_
Ass~rn ~ a rne]hor maneira de provar em que medida e realtdade de 1rna.
sodf;!dad e. ·'de?rnocrática" éstii de acordo com -rn is ldeais não consistirla
em n1a....rlir as chQnc:es de ace-::;~a aos instn..tn'iento~ ~n.stit1..idr..malLzados de
uscensào ~ocial e de salvação cukural que ela concede a.os lndivíducs das
diferent 12s classes sociais?~º Som os levC1dos ent ão, a rQconhecer a ··rigidez ·· 1

extrema de. un1a orclern soctal que autotit.a a.s classes soda Is mais fL!Vore-
c~das a monopoli.zçir a utilização da instfü1lção esco]ar dei en 1ora r como diz 1

Jvfax V~.'c~ber. do monopó]io da rnanipulaçâo dos. bens c~hurais e dos signos,


ir1stituciona>s da sa~vação cu] ura].

O capitat socia l - notas provisórias


28. Ct. ;\1 , 1~ 5DOD:',K, ··Chitc.r''' ' in iORl ,,. l1orncs /\ study· o1 m •1 ;1.11 :fav~.opmerX' ~" 5! L....fi;· · 1r1
rf11 ícfo, lfur .. , l ~ni•ser~i~· oi ::r.•-'i\ S~L ..dl,·~ '··'-'I. X\/L n. 1, l•:mr'iro .{'. J<J39, p. 1-) 56; 13 PIERRE BOURDIEU
L 1t'U MAíl , :h~ Fkl<I~ IG". i.n Srgma X. Qu(I rce ri.V 2812;1, J940 p. f:.t:-6': 1
2 9. S-:ia1 folh:t u~s dlf;..: ~I ":.:i a:i.;:s L(U e l1i!. en 51:'. 0:1b~ ·r 11·;) - mt"idir..-'! ;iri?C:.S!l ci<i rm.1 bl" i: bíl<-> e 5:..:m rell!rr.bnir
M .1f.C.'!Esões em Wrc):J d l) d e. íK!nt:J .d r;.1 rre-Am d~ 1, i ,, ~-::; ~Lho qui? ;,t' :J,;::•.·r~ l '11.':! 1 ei"
~ .~::::: l 1a
l~:1; 1'lfdç;r?.;:t'i0 p ilr::. c.'::iter ·.,1111;:i ~:~mp>:ir'<tç#to 1-"l-t'I intmle. e l 'T!lÔ oi(), ~O 'ff1P.füºJ.3. mer..:ior t 41_.e, :"úm ú
Trod!JÇào: DE.NICE BARB.~HACAT.!i.Nl E AFHA\fK:t MENDES C~TAl\I
r r 1.:1:t1t.n1 ;3\' tidix & Up!:et ··mo't iil ii.1. u k f'L ' 1: tJiº.<1 • ·:11.::. sPrr·d o ci 2 u·: '~ "if.'··"-liz.1 çâo p erí l'll tl d.:i:;
RevJsdo t éc11fca : M. \HIA ALICE N OGL'"EIRA
rh..1 :-.:::!!" di:' m d,,il; ln~I«.) <' · mobi~id:lC.e m~io.irr- >! · 11~1 J 1·· 1?c:; r ,~res!ô<i~i.im c.-11 ~ ' if}1(1il:; . <' :i·.:~· .} ~red.:o
u::.tl! 1quir ~1 1tre <1 n~ir r..i · 0 11 o · 11h"'I Hlid<1d2" l~rç.cié.ti<> ~ a · n!'.j!Jcl' ou , " mr::bib.ltJd,.-· Ó1,..")1~ii\~l€J!i.
30. s~~~ la 1Jf",2ci!:O. LLll r b~·11 : 1 ! ~·\·.ti' em ~e 11si .!irfrJ .'ltt •IS d 1anr.o:·... c.lbll';'!"IC.~is dõ! \J~CL'lf':t•O ':f:.::i.:i l .:-0 111
1;Jt:r.~1:·.;i 1ic~)IZ?.c~o dc-s mei.:6 ~11:::r.:.l t11:11 >11(1!: , Or , !iitb-::..-sc qllf' . mrn ·)f.:d . :~ i:L:.lr:,;ão f'.'l'.t11i·-·.,11.:-r 1'i! . .r..r:i ntc: ~eu , Pierre. "le cupfü1l rooilil - notes pr.;:wis01r<!S".
{15 iru :1d:foo:: ::rí1.11dcis dí~ di')sse:= sc-~i::.i:.; t:.!11 1;•1"1.i.-.s n;i.:.~ dar. ... r1i\•~is m.-:.i :':li 1tl(:rn:i~ e.lt?':(laos pul>liC'.ado origi""..a.Jmer.1e. m A cres de ,10 re he rche cn
d . l:it?ra~qu~::i soc~J ...cJ ·11 ·s i;rx lcrres, Peim, >t 31. Jdm..'1r0dc 1980, p. 2-3
A noção de c~pital sodal tmpôs-se como o únlco meio de designar o
fundan:1~n[o de efoHos sociais que! m ,e smo sendo d~rament€ compreendi-
dos no n.tve] dos agent~s singular~s - em que se sHua inf2vitaveln1ente a
pesq~risa estatística-! não são redt.Jtmveis ao conjunto das propriedad~
~ndividuais. po~suidas por un1 agente determinado. Tals efeitos.. ern que a
sociologia espontânea reconhece d.e bom grado~ ação das '·relações '· ~ são
purtlcu~arm.ente visfveis e1n todos os casos em que diferentes indiv3duos
obt~rn um rendirnento n1uito desigual de; um capita] {e.conõmtco ou cultural)
mats ou 111enos equivalente, segundo o grau em que: eles podem mobili2ar,
por procuração o capital de um grupo (fanniiia. antigos alLmos de escolas
1

de ··elite·', dube seleto, nobre-za, etc.) mais ou menos constiturdo.t:orno tal


e mais ou menos provido de capital.
O capttaJ social é o cônjunto de recursos atuais ou potenciais que estão
ligados à posse de uma rede dtJráue1 de re~ações mai.s ou menos instítudo-
n<:Jlzadas d~ interconhecimEmto e de 3nter·reconhl'.K:hYt1~mto ou, '2m outros
tennos. à vtncu laçao a um grupo, como conjunto de agentes que não
somente são dotados de propriedades ç-0muru {pass~veis de serem perce-
bidas p'2lo obs~ri.~ador. pelos outros ou por ~l es m'2smos), mas tambªm são
unidos por ligações perff1anentes e úteis. Essas ]jga,yões são 'irredutiveis às
reJaçõe.s objetivas de pro:·dmidade no espaço fisko (se-0gráfico) ou no e~paço
êconômic.o e social porque .são funda.das em trocas iru€paravelmmre materia~s
e slmbólicas cuja instau ração e perpetuação supõem o re·conhecin1ento dessa
proximidade. O vofume do capital sodC'Jl que um agentt: ind!vidu.al posslll
depende então da extensão d.a roo~ de relações qu~ g)e pode efetl-vam~ntª
•nobüizar e do volw11e do capital (econômico ~ cultura] ou simbólico) qu(:! é
posse exclusiva de cada um daqu-etes a quem está bgado. 1sso significa que 1

ernbora seja re!ativamente ~rrooutlvel ao capitaJ econôrnico e cuhuraJ possuído


por um agente detem1inado ou mesmo pe]o conjunto dl!. agentes a qu~ ·E!st:á
ligado (como bem se ve no caso do novo rico}, o capital s.octal não ~ jama1s
completarnente independente deles pelo fato de que as trocas que instituem
o inter-reconhedm-ento supõem o reconhecimento de um mínimo de
bomog,eneidade '·objéh.•a'' ~ de que ele exerce t,un efejto mulrlplicador
sobre o capitaJ possuido c:om e:xdLuúvidade.
Os lucros que o pertencil11ento a u n1 grupo propordon2' estão na base
da soUdariedade que QS torna poss.ivel. O que nao signifka que eles sejam
consden.ternenié persegu2dos conto ta.ls~n1esmo no caso dos grut~s que,
corno O$ dubes seletos, são expressamente arr,anja<los com vistas a concen-
trar o copJtat social e obt~·r Es n1 o pl~no benefid o do efeito multiplicador

"/'
impdcado pela concentração e assegurar os luc~·os proporcionados pelo de! acumulação e mano.tenção do capital soclal é tanto malor quanto mais
pertencimento - ]ucros materiais como todas as espécies dº '·set"\.'1ços·· importante for esse capital, sendo que o limite é representado pelos
assegurados por rela.ções úteis., e luc~·os simbólicos 1ais con10 aque:!es que detentores de um capital sodaf herdado, slmbohzada por um sobrenome
estão associados â participaçã.o num grupo raro e prestig1oso. importante, qlle náo tf,!m qll€ •··relacionar-se'' com todos os seus ''conhecl-
A exist~ncla de uma rede de relações não ·é um dado naturaf. nem dos ··. que são conhecidos por mais pessoas do que as que conhecem e
mesmo um ''dado social". constituido de tun a vci por todas e para sem pre que 1 sendo procurados por seu cap1tal social, e tendo valor porque
por um füO social de instituição (represenraclo no caso do grupo famiHar. 'conh.ecidos!' {d. '"eu o conheci bem r-), estão em .condição de trdnsformar
pela definição gen.ea/6gica das relações de parentesco que é característica todas tis re~açóes circunstanciais em Jigações duráveis.
de uma formação social), mas o produto do trabalho de lnstauração e de Enquanto não houver instituições que pem1•tam concentrar nas m ãos
rr.ariutenção que é necessàrlô pa ra produzir e repi-oduz]r relações duráveis de um agen[e singular a totalidade do capital sodaJ que funda a ex]stêrida
e úteis. aptas a p roporc]onar lucros marêrials ou simbólicos. Em outras do grupo (famma, n~çào , mos também associação ou pa11ido) e delegá-]o
pa~ai...1ras a rede de ligações € o produto de es[rategias de investimento para exercer, graças a esse capital coletivamente possufdo, uro poder sem
social consciente ou inconscientemente orier'l tadas para a instituição ou a relação con1 sua .::ontdbuição pessoal, cada agente deve participar do
reprodução de relações socta~s dir~t~m,e nte utilizáveis. a curto ou longo capita] coletivo: simbolizado pelo nome da famiHa ou da linhagem, mas na
pra2o, isto é, orientàdas para á transfom1açã..o dr.2 relações contingentes ~ proporção direta de sua contribuição, isto é, na medida E!m que suas ações,
como as relações de viZinh ança~ de trabafl10 ou mesmo de parentesco, em ua.s palavras ~sua pessoa honr.ar em o gnipo {lrwerX11mente 1 enquanto a
relações, ao mesmo tempo. nécessárias e eletivas. que 1mpllcam obr~gações dºlegaçáo 1nstitucionalizada, que é acompanhada de uma definição expli-
duráveis subjeUvamenfe sP-ntidas { entit11Q.íttos de r~conhedn1ento, de cita da.s responsabjJidades, tende a limitar as conseqüências de falh(3.s
respeito, de amizadt;!, ek.}ou jnstitucionéllmente gar.:;:inUdas (direitos). E isso individuais, a dele9ação difusa. correlata do pertencimento, impõe conse-
graças à a]qu ]mia da troca (de palavras, de presentes~ de mulheres~ €te.} qü~nterrJente a todos os. membros do gn•po. sem distinção ~ a caução do
como comunicação que supõe e produz o conhecim en o e o reconheci- capital coletivamente possuido, sem colocá· los a salvo do d~crédito que
mento mútuos. A troca transforma as coisas Lrocadas em signos de pode ser acarretado pela conduta de qualquer um deles. o qu~ explica que
reconhedme_nto e, mediante o reconh~c i mento mútuo e o reconhecirn~n:to us ''grandes'' d12.varn. nesse caso, empenhar-se em defender a honra
da inclusão no grupo que el~ imp lka: produz o grupo e determina ao coletiva na honra dos membros mais desprovidos do seu g.r upo)_ Certa-
nlesmo ten1po os seus Umites~ isto é. os 11ffü[l2S além dos quais a troCBI mente, é o mesmo prindpio que p roduz o grupo instiruído c.orn vistas à
constitutiva, c,om€rc'o comensalidade, c.asacttento, não pode ocorrer. Cada
1 concentração do capital e a concorr~nda, no interior desse grupo, pela
membro do gmpo encontra-se assim i.nstllu1do como guardião dos Jimite5 do apropriação do capirnl social prOdL Jzido por esta concentração. Para
grupo: pelo fato de que a definição de critérios de entrada no grupo está em circunscrever a concorrência interna em limites alé!m dos quais ela com-
Jogo em cada nm.·a indusão, um novo membro pod erla n1odificar o grupo prometerêa a acumulação do capital que funda o grupo, os grupos devem
rnudando os limites da troca legltíma por uma forma qualquer de ·'casarn'2-nto regufar a d]stribuição. entre seus mern bros, do dir~ito de se mnstituir como
desigual.,. É por isso que a reprodução do capital soctaJ ~ lr~butárta , por w11 ·tfol~gado clo grupo (mandatário, plenipotenclário r representa·nte, porta.-
Jad.0 de toda~ as institujçóes que visan1 n favor~cer as trocas Jegfümas e a
1 voz), d<t engajar o capital socjal de todo o grupo, Ass irn os gnipos
1

~xduir as trocas ilegítimas. produzindo ocasiões ( ra11~. :es, cruze.1ros. caç~das, insUtuidos delegam seu capital social a ~odes os seu.s membros ~ mas em
saraus. recepções. ºte.), lugares (bairros chiques, escolas seletas, clubes. etc.} graus muito d ~siguais (do simples Jeigo ao papa ou do militante de base ao
ou pr~ticas (esportes chiqu<3s, jogos de sociedade. cerilnônias culrurais, erc.) secretário-geral}, podendo todo o capital colt!tiVo s~r jndit,iiduo 1'izado n un1
que reúnem de. n1ru1e.ira apar~nLemente fmi\ü(a! individues tão homog~neos
1 agenrn s1ngular que o cone.entra e que. embora tenha todo seu poder
quanto posslvel~ sob todos os aspectos perUnentes do ponto de v]sla da oriundo do grupo , pode. ·exercer sobre o grupo (e em certa n'ledlda contra
e:·dstência e da persistência do grupo, Por outro lado! a reprodução do capílãl o grupo) o poder que o grupo lhe p~rm~1e concentrar. Os mecanismos de
sedai também &m'burária do trabalho de sociabilidade. série conilnua de trocas ddegaçeô e de rep resem tação (no dup]o senr3do do teatro e do din~ito) qué
c-,md e se afinna e se reafirma ince5sôntemen te o reconhecimento e que SU[X>º-, $C i mpõem ~ sen1 dúvida, rn.nto mais r•gorosarnente quanto rnals numeroso
al~m dº urna competência espedfic.a (conh~ciml?.r'l.to da~ relações geneaJéJ9ícas Jo r o grupo - como urn a das condições dr:1 concentração do capital social
e das ligações reais e arte de u1i))zá-las etc.} e de. uma dlsposição adqu1rld~
1 (enrre outras razões porque t)erm~tern a numerosos agentes diversos e
pcxa obter e Cllan1~r essa competência, um dispéndiô con -h~nte. de tempo dispersos agír ··ccxno urn únlc(> homem'' e u~trapassar os efeitos da füütude
e esforços (que t~n1 seu €Qllávalente ·em capital econômico) e també111, qt 1 os iiga 1 a1rtJvés do 'U corpoi a um lugar e.a um letrlpo) contêm! assim!
:i

muito freqüentemente, de capirnl econõm:co. O rendjmento desse trabalho u pt·in 'plo de um desvlo do e pH ] que eles fazem exisnr.

68
Os três estados do capifal cultural!

PIERRE BOURDIEU

Trnduçôo; :MAGAf..l DE CASTRO


Revisõo ~écnjççi: MM!i'\ AL.ICE Í\°Olfi JrJfl,.!i,

Fan~e; Boi rrdieu. Pl13'1e, nl es trais.étal.s du ca.pilzll a.tllwd". 1;ubli-


~o -0tigit\.:ib11en1'.l lo Acre.s àe 1'rJ reclir;!rçfle en .r;.:;lences
sqçíales., Paris. n. 30, OCt.oemhro de 197'9, p. 3~.
A noção de. capital cultural primeiramente, como
jmpôs-se, hipó-
tese indispensável para.dar conta da desigualdade de desempenho ,escolar
urna

de crianças pro\..ieniet1tes das diferentes classes sociais. relacionando o


·· ~u cesso escolar", ou seja, os ben'3ficlos espedúccs qu~ as crianças das
diferentes classes e frações de classe podem obter no n1ercado escoiar1 à
cllstribuiçâo do capitaJ cultural entre as classes ~ frações de classe. Este
ponto de pa:tlda intp1ica em urna ruptura com os pressupostos inerentes.
t~nto à visão comwn que considera o sucesso ou fracasso escolar como
~Jeito das •·aptidões" naturais, quanto às teorias do ·capital humano '' •
1

Os economistas tern o m~rito apar12nte de cobcar exphcítan1ente a


questão da re]aç~o entre as taxas de lucro a.sseguradé\Js pelo investimenro
educ~tivo e p~lo investimento econôn1ico (e de sua evolução}. Entretanto,
alérn de sua medida do rendimento do investimento ·escolar só !evar em
conta os investin1entos 12. os bºneficios monetá rios 1o ll diretmnente
.
. dos estuclo5 e o
co;1 uer.s:foeis em d inhe iro.. como as des•)esas decorrentes
"Jqulvalente eln dinhe1ro do tempo d edir.ado ao ,estudo! eles também não
podem dar conra. da prute reiativaque os difer~ntes ~gentes ou as diferentes
classes concede~'r1 ao investimento econôn11co e ao [nvestlmento cultural
por não considerare1n1 sjstematicaménte, a estrutura das chances diforen·
c.ials d e lucro que lhes são destinadas pelos diferentes mercados, em função
do voltune ~ da és:trulut·a de sel.l patrimônio (d. em particular, G.S.
BECKER Ht~man C apital, Nova York, Columbia Unjversity Press 1964),
1 1

Além disso. deixando d12. co.locar as estratégja~ de; LnVéStirnent,o escol~r no


'Onjunto das estratég~as edL~caUvas e n o sistern~ de ·estratég~as de repro-
dução! sujeitarn-se a d~ixar escapar, por um paradoxo necessárjo, o mais
1 cu lto e de.tenn·n21nie soclaJmente dos inve.sHmentos educativos, a saber 1

a transrnissão dornéstica do capUal cultura I. Stias jnterrogaçõ es sobre


relação entre a ,;i:tptidão" (abiltty) puta os estudos e o j11vestim er.to nos
1 1
Gstudo:; provam que eles ignoram que a ' apt;dão· ou o ·'dom·· são lambém
produtos d~ um in•...eslim€nto e1n tempo e em capital culrural (Id., p. 63-66}.
Comprcendekse. e:ntão, que , em se tratando de avaliar os benefidos do
investimento escdar, s6 U1es. res1a se interrogar sobre a rentabtlid~de das
despesas com educação para a ''sociedade '' eml seu conjunto (social rate

L f\•J tnl. I' ri,;: 1 rn co r.cit't.} ~n :;• rn( · n c:, cun t-1 L1q11i. m ~gnr dt! faze- lo f111~i~L:::u 11lr1.:1-~iJ rm r,:;
i-. n• d~· " í?f, ~o m ' tnl) tni11 • 1.• 1uC)fn.'i11co t! frmnal. i t _ . '"1("()n i;i" JlO ~.ei:rthfo rnJJs i.:oroum
" 11 1. 1t n n1· 1mh·t.1,, ,, ::-~ 11 1:1 d1. 11• t .1 1~ 11
11
of 1·e tu rr1 ~ rd., p. 121 ) ou se bre a contribu1çi)o que a educaçi:lo traz à integrante dd '"pessoa", um l1~bitus:1 • Aquele que o possui "'pagou cem sua
"produtividadê nacionar' (the sodal g<J in of educa tion os me,asvrnd by própria pessoa" e com aquiJo que tem de mais pessoaJ ~ ~eu tempo, Esse
its elfects on na tional produçtJuHy: ld. , p . 155}. Essa deHnk;~o tipica~ capital ''pessoal" não pode ser cransmiHdo instantaneamente (diferente·
mente fundonali~ta das ftmç.õe~ da educação. que irrnora a contribuição mente do dtn he1ro, do t1tu1o dº- proptiedad e ou mesn10 do titulo de nobreza}
que o si~ t ema dº ensino tra7. à reprodução da ~strurura sodat, sancionando por doação ou transmissão nereditár;a,, por compra cu troca. Pode ser
a transm issãô h.ereditátia do capl1<l! cuJtural, encontra-se., d e fato, ~mplica­ adquirido, no essendat d e n1ane1ra totalrnent~ .dj55irnulada e inconscic:;mte,
daj desde ª origem. numa d~'!finiçáo do ''capltal humano " quº, apesar de e permanece marcado por suas condições primitivas de aquisição. Não
suas conotações ' hum ~n.ls.ta.s '', náo escapa ao econmn.icismo e ignora, pode ser acumulado para a!én1 das capacidades de apropriaç~o de um
1

dentre outra~ coisas, qU€ o rendhn ento escolar da aç.iio escolar depende agentª síngular: de paupera e morre com seu portador (com suas c.apaci·
do cap[ca[ cultural prev1am nte investido pela famíHa e que o rendime!nto
0
dªde.s biológicas: sua m,e mória , etc.). P (;>.lo fato de estar l;gado, de múltiplas
econômlco e sodal do cerhfl~do esco]ar depende do capí1aJ Sbcial - fonnas, à pessoa em sua síngu(aridade biológica e ser objeto de un1a
tan1bém h 0 rdado - que pode ser colocado a s~u setViço. transmissão h ereditária que é sempre altament,e dissimulada, e até mesmo
O capltüJ cuhural pode existir .sob três forrn~s: no estod o incorporado. invisiveJt ele conscítu i um desafio para todos aqueles que ll le aplicam a veJha
ou sejat sob a forma de dl posíç.Õe5 duráveis do organismo; no estado C! inextírpâvel distinção dos j1i.irista.s gregos entre as propriedades herdadas
obje ti0Qa'o. sob a fonna de bens culrurais - quadros. nvros, dklonários, (ta patróa} e as propriedades adqu~ridas (epikt€ita) , jsto é, acrescentadas
lnstrumenlos, máquinas. que constituen1 indít:los ou a realização de teorias PªJo próprio indivíduo ao seu património hereditário; de forma que
ou de çriricas dessas Leor~as, de problemáHcas 1 etc.: e, e.ufirn . no es tado çons€gue acumular os presHglas da propriedade tnata e os m~rjtos da
1nsrHudona /jzodo1 frnma de objetivação q ue é predso colocar ~ parte aquisição. Por conseqüência1ele apresenta um grau de djssimulação maJs
porque. corno se observa em r~lação ao certUrcado escola.r. da confere elevado do que o capita[ econômico e , por esse foto está ma]s predJsposto 1

ao capital cultural - de que é, supostamente. ô garantia - propriedades a funcionar cOlno capitaf simbólico! ou seja, desconhecido e reconhecido)
tnt12iramente o ri9inais. exercITTldo um efaito de {des}conhechnento, por e.xemplo r 110 mercado
mutrimonJal ou no mercado de bens cuJru rais, ondt2 o capHal econõm1co
não é. plenam ente reconh ecido . A econom ia das grandes coleções de
O ESTADO INCORPORADO plr:itura ou das grandes fundaçõ€s culturais, assirn con10 a economl.a da
assistencia, da generosidade e dos donatlvos, repousam sobre proprieda-
A maior pa rte das propr1edades do capita] cultural pode infertr-se dC1 des d() capital cuttural, das qua'is os economistas n~o conseguem,dar conta.
fato de que! em sQ.U esté)do fundamQntaJ, está !Jgado ao corpo e p ressupõe Com efeito, o econon1icistno deixa escapar, por defjnição, a alquimta
sua ~ncorporo~ao . A acurnulaçAo de capital culLural exige uma r'ncorpó proprian1enle sedar peJa qual o capital econôrnico se transforrna eln caplcal
ração que, enquanto pressupõe um trabalho de ,nculcação e de ~ssin1iJa­ slmbólko. capjtal denegado ou. mçiis exatamente. não reconhecido. Ela
ç~o, custa tempo que ch~·.;e ser inw~stido pessoai1mente pelo inve.scidor (ta]
jgnora. paradoxalmente r a !ógii:;a propriamente simbó]ic.a. da distjnção que
como o bronzeam ento , essa incorporaç-80 r1ão pod~ efetuar-se por pro- assegura. por acrésclmo, benefidos matmiais e sjmbólico~ aos detentores
cl1raçãof_ S~ndo pe.5soal, o trabaH10 de aquisição ~ un1 trabalho do de um forte capirnl cu ltura] que retira~ de sua pcsiç8,o na -estrutura da
"sujeito '' sobre si me.smo (f~la·se em ''cuHivar-se''}. O capítal culL'liral é urn distribuição do capital cultura', um i·a 1or de rarfd<Jc..fo (~ste valor de rartdade
ter que se tornou ser, uma [Xôprj€dade que se fez ,c orpo e tornou-se pane tem por principio, em últin1a an~Jise. o fato de ciue nem rodos os agentes
têtn lT)e los €conômkos e cukuraís para profongar os estudos dos fJJhos
2. S~u ~-.~.P, que. d.? ~t'l.-; ~ me:-Jda.~ d r:~:pil nl ~JJk11r;1l. itS mmos ir~fll B3 s?.ci i!iCJUehs ti·,:i.1 r~:n?..m por
µí>dr.11:> (f,~ n-teéld~ o ~f."lli,DO rú: o~wslç,fo - ram tt ,•if.d 1;r'io, certrirrL':'nW de n~ o re:lmr .y 11,m,,uC•
o'e e~rn!:.:rr1?.ni;..:::o t? ch le\.'ar i.'1n conln a pri111,;:ira a-11 -ri~';.1() fa11niliar, dvrxk1-lht? 11m 1J<ilai pusiliv1J ( ~
11111 L1.~mro g.t..11ho . d<'. 11m r:i•.·a~v:• .:.111 rH!Qõb'v , (de um tcnir.xi r>e:'t<lido e, d~4pru rnrm fe. n 1::i. "'uz q1 1c 3. Sl:!:Jlli""se qiwe a uüliL1 ç<'io ~~J P.Xpk 1ra.::ho d o ci'lp it.ll ctJILural cck :-c. pH.blli!m:1s ,, rt';;,:11;,J.Tês t.Oi>
~;!;O'~ 1 i.~ressàrio }iil!tlt1T1"!m)Jt"> p;ira oorr!~ifr ~JJ ' o1t:rn1..:i5) se.gunrlo i'I cl'b1(!1~..:;1a an rel::..:;i:"k; lis. fô!Ífl.~i:las de~et'l'l<:::::-es do Ci'lf')1tal fi'11:;o~1rn 11ico ou poolico, q•.u:r ,;~ 1r;;il e cfo tl:!("Cí.!l~S µrivc.th.>t· ou. rn-i ou~rn
::lo r11c1151r';.o:J <".!:OOlc1r ISmiil no:.:e.SS.:hY.i dizer. pifü' '!1•.-t;ir .:11J kTuer m~1l ..:h. 'f.l2 l?S&I rNo;.1~ IÇ'l1 J P.Xtr~•~, rk ll•11t:ir~rim q·.~e eni p> cgam ·• q11a::lr~:s - d:-:rndos cl1:: e m;:i cornpetenda -~ul1'.J1 nl
1-:.0 O im[) lja:i ~rr; (.(11, kll I lf" !e:c1J 10:'.ÍI 11001 <lt. 1•1 ~br cf.os \.~r~'t lic1CJ!I (l.!iCTJ~T•"'!S e lirr1i;1•Hi> <lo rogisb"i'.'ú a 171p11'·rí1r' t 1.~'Clll r1! l~r d os 1tü•.•r:s .'.•Jt!\'~rl{!S (fo E.s~\7CÚ:) .:.-::.."1J1C compra~ esse r.~r.,tnl ('Slr~1a o 11?nl~
r;:faç.ão que .se e• l ;:,hr~e:e, llU.:. (,i1os, e.11tri' u:m CE!'lo ~JJÍ <il .::111f.1rral e i'l'i lei . tlJ rr11~r..-"ldo e;.:cl1fl hriaJn i pe-.sct1 s.un çõm1.,r.1~ u p1•,·' t:<1 - e que signitici:ln: pk·.i-..:,;j b p tÚ~Jno eJei1a d::
T<ilv!'.'J. nê.ir: Sl~ja in~rl.11, lo· li't'via re::odar 1111 i~ dt~po:=i....çõ.~ r narci'lo!ifl~ (:om tnn i,.•alnr 11~~trç(J na 1 • k11Ti.1i:;.to q ui' P Yl>il lf)ÔC d1.,sl "füloçfrc dn depend~di11,? C<:i1r10 ' L>t11: enl1'.n rapi~at- o qu.:
' , 1
me-.:,,dro 1 da: l'ti&-:n1 ter um i,.r1l1 >"1 ;1ltami;!nle p::isilrvu é ff• 0 11tros rnercoclcs - e, em r.11irnein:: ~·..r:•itr, 'I' l',fX',•:.sa t l)ur' l't'Ttil~ C:'tnpn:!Si'JS - :1 ,fll 1"'.< 1 ~n1r. r ~ f11.:irlridvr&i d(.!:S.Sa ~pll r\I - t; <Jll~ f.;Q::J'!
cl&i .•, 1:.;is roi!l.:i1; f?es h :.'.~üft!'. ti Sã.a ck aul,~l k l t lo tipo de c:orj(ífX1Lh n ~ r11•'.i1W'1..,..,

74
além do minin10 necessário à reproduç~a da força de trabalho menos O ESTADO OBJETIVADO
valorizada em um dado momento histórico}.
J\.1as é, sem dúvida, na própria lógica da transrnrssào do capltal cu1tural O capital cultural no estado objetivado detém um certo n(m1ero de
que res~de o prindpio mais pod_f!roso da eficácia ideológic~ de.ssa espécie propr1edades que se definem aper'Jas em sua relação com o capital cultural
de capfü~l. Sabe-se por un1 fado, que a apropriação do capitat cuJtural
1
eln sua forma jncorporada. O capital cultura) objetivado ern suportes
ob)erívado - portanto, o tempo necessário para realizá-la - depende, ma.teriats~ tais como escritos! pinturas, monurnentos etc ., é transn1issível
principalmente, do capltal cultural incorporado p elo conjunto da famllia - em sua materialidade. Uma.coleção de quadros, por e..xernp~o ~ transrntte-se
4
por intermédio. entre outras co~sas ! do efeito Arro\V generafü.~ado e de tc~c) bern (sénão rneJhor, porque num grau de eufemlzação superior} quant-0
todas as. forrn as d e transm lssão implldta. Sabe-se! por outro lado, gu e. a o capital econômko . .Mas o que é transmjss1vel é a propri.edade jurldica e
acumulação inicial do capital cultural - cond~ção da acumulaç8o rápida e não (ou não nec'2s:Sartaff)(;!Jl fe) o que constitui a condiçao da apropriaçêo
fácil de 1·oda espécie d0 capital cultura] util - só coméç.a désde a origem. spedftc:a, isto é, a [)osse.ss.ão dos instrumentos que permilem dºsfrurnr d~
sem atraso, sem perda d.e ternpo, pelos n1ernbros das fa.rnUías dotadas de um quadro ou utilizar uma mâqu~na e qw~. Jin1itando-se a ser capital jncor·
um forte capital coltural; nesse caso, o tempo de acumulação engloba a parado, são subn1etidos às mesmas lels de transn1issão.
totalldade do tempo de socialização. Segue·se que a transmissão do Assim. os bens culturais podem ser objeto de uma apropriação
capital cultural é, sem dúv1da , a forma majs dissimulada da transmis&ão rnatet[al. que pressupoe o ca.p ital econômico! e de un1a apropriação
h12red1tária da capitali por Isso, no sjstema das ~stratégias de reprodução, ·irnbóllca, que pressupõe o caph:al cultural. Por conseqGência. o propne-
recebe un1 peso tanto maior quanto n1als as formaS_ diretas e v•sive]s de tário dos instrumentos de produção deve encontrar meios para se nproprl<lr
rransmtssão tendem a ser mais fortemente cenSUt'Çidas e controladas. o u cio caplrnJ lncorporado que é a condiçâO' da aproprêação espº'cífka. ou
dos serdços dos detentores desse capital. Para po.s~u]r rnàquir'tas 1 basta ter
Vê, se! in1ediatarnerite! qLJe é por intermédio do tempo necessário à
capHal econõmlco; para se aproprlar cl~las e utili~-:l~s de acordo com sua
aquisição que se estabelece a ltgaçáo entre o capital econõmlco e o capital
d<Jstini)çào ru:pecífk:a (definida pelo C<1pital cientifico e tecnol6gjco que se
culturaJ. Com efelto, as diferenças no capltal cultural posstüdo pela forn1Hci ·ncontra lncorporado nelas), é predso dispor. pessç}alm ente ou por
ímpltcaJn em diferenças: primeiramente, na prQcocidade do inicio de proctiração! de capital incorporado. Ess.e é, sem duvida. o fundamento do
empreendimcmto de transmissão e de acumulaçáo, tendo por llmite a plena st()h.1s ambíguo dos "quadros'': se acentua1nos o fato de que não são os
u1ili.zaçãc da totalidade do t empo biologic-0mente. disponfvel. ficando o pos~uidores {no sentido estritamente econômico) dos lnstrumentos de
tempo llvre máxlmo a serviço do capital cultural mâxímo; e depojs na produção que utilizam e que só ti.ratn proveito âé seu capital cultural
capçicldacle assim defintda para satisfazer às exlgêndas propriamenta vendendo os ser\.1iços e os prcK.lutos que esse capital torna p0$5Íveis,
culturais de um emprºendim ento de aquisiyao prdongado. Além disso, e colocamo-lcs do lado dos dominados; se ins~stimos no fato de que tiram
correlativamen1e , o tempo durante o quaJ determinado indiViduc pode •;eu~ benefidos da utilização de uma forrna partictJlar de capital. coJocamo-
prolongar seu ernpnumdinrn.n to d12 aqu1siçao depende do tempo Hi.. 1re que los do lado dos dominantes. Tudo parece indicar que: na moolda ~rn que
sua família pode lhe assegU rar ~ ou seJa. do tempo llherado da necessidade cmsçe o çapite-1cult1ural incorporado nos instrum'2;ntos. de ptoduçáo (e 1 pela
econfünjca que é a condição da acLunulaçno 1n~cia l (tempo que pode ser 1n e.sma razão . o tempo de incorporação necessáir>o para adquirir os melo~.
avaliado como tempo em que se deixa de ganhar)·. ]U12 pennitam sua apropriação~ ou seja, para obedecer à sua sntenção
objcUva , sua destinação, sua função}. a força coletiva dos deter. ores do
·.J pital cuJtural tenderia a crescer, se os detentores da e.spéde dominante
1 1" capl ai não estivessem em condlções de pôr em conccnência os

d :tentares de cap~tal cu]~ural (aliás, mcHnados à concorrência pe as própr!as


4. O e: ue designe p01 Ed~ito Anu.•./' getiC'r~il:ddo <llJ <'J.'I o fat<1 d~ qu(? o rnnju:ntc de ber~~ cultu~i~.
1 ondiçôes de sua seleção e formação - e, em particular, pela lógica da
quaàos, mornimen~os. m ãqui11Us, dtijelois 1n~IJ..ilba;.lt:-s .. i..:1n 1;.:i'ftk11~v. t~do.s llqueles que f;:.~em
p~1w 1:-: 1n.;il 1 am~JL~m.::: nural. exe"em um otl.:im <!duczrli\IQ 1:-::i;r 1:1.~~ slm plL'.5 Ç:XI.. : "' .:a, ~. !'.em r\ ... mpe iç.ão escolar e do cm1curso).
::lú...id!i, uttl de~ ÍMC'4 s esu'ulur~ü; dõ!. e.'<plcsão escolar. 110 si:m1x:lo em 'JUe o .;:ru..-.u n1..:r.10 rl.:i
riu~ntl6ide de Cil[)it<ll c.1.1lturL'll a.::ui nul edv r..:; ~li!do 00J1"!li'..1nclo ?.O 1m.:!1 JI :i. a a.ção ocuCDtwa O capital cultural no esrn.do objetivado apresenta-se com rodas as
(llltô 1llacl(' ~mcnt<!. ~~•o!'c!du pelo m~5::> 1:imb5eJ1le. Se ~e ~Kril8.;;C1 tM1 ri 1<;1o !,/ fa~o : 1.: q\Je o .:-a'piic.tl
r.111111· .1i11i;;mr.iotad 1 cil'•~C.i: 1~;Jn=rt;P.ir.1~n~n:.a. vl'l:·~.e que. E!m .:ildi!l g~.!J.~iio, LT~C•! o (~ti o "lis•.;:111.a
º
1lp" rend t:is de um universo autónomo co12n:ml e. que , apesar de s.e.r o
l'-~c..:il,1~ vc..::f it .;;1111!iokl•.m lr ~01 fl•) t1q\.il5~~o. O fP.i to de que o mesmo inveslime:11Co e<lu ..:Mh.'i..:· t('r:1um
111 odt.llo da ação histórica, em suas pr6prlas le5s, transcendentes ils.
h~:n:.Ji1nf!11:0 ("í G:à"lt l! h! 'Jl1~ d c5 fillt;JCS · ~':rULllJôls &, lnílí!i('âO d~ d~flkJll'!.rt.<õ. [.'10 lodo d.os filtor-és vo1 r des individuais, e que ~ como bem mosn-a. o exemplo da Jtngua -
conjunlur'...1!.s '-Ili e estr~o llgrtdll5 " ti!"11as d~ :rea:llr.ver.>ão do ca.p~l;))j 11 ·rmanecc irredLJtí1..·d~ por isso mesmo, àquilo qu~ cadc agente ou m~srno

76 TI
o conjunto dos agentes pode se apropr1ar {ou seja ! ao capita! cuJtural comparaçao entre os diplomados e. até mesmo. sua ''permuta" (substitt.dn-
incorporado). É preciso não esquecer 1 todavia, que ele só e.xis1e e subsi.stº c.lo~os uns pelos outros na sucessão); perrntte tarnbêm estabelecer taxas de
como capita~ ativo e atuante , de forma mllteda] e simbólica, na cond1çáo conve1iibilidadf:! entrº o capiral cultural e o capital econômico, garan1indo
de ser apropriado pelos agentes e utilizado corno anna e oujeto das lutas r i.,•alor em dinheirlJ de detei·minado capitol escolar. Produto da con\.'ersào
que se travam nos campos da produção cu ltural (campo artisttco. cíentifico. J e r.apitaJ econõmico em capital cultural. ºJe estabelece o va1or, no pJar10
etc.) e, para além desses, no carnpo das dasse::s sodals, onde os agentes. do capl1a1 cukura], do de..entor de determlnado diploma em relação aos
obtêm benefídos propordoneds ao dom[nic que possuem desse capLtal m.Jlros detentorºs de diplomas e , inseparaveJm.ente, o valor em diuheiro
objetjvado, portàf'l~O. na mºdtda de seu capital •ncorporadoz., pe)o qua] pode ser trocado no mercado de trabaJho - o investlnu:mto escolar
s6 1Qm sentido se u1Tt rn]nimo de reuers•bilidade da conversão que e.le
implica for objetivarnenre garnntido. Pelo fato de que os beneficios mate-
O ESTADO INSTITUCIONALIZADO riais e simb6Hcos que o certificado escolar garante. de.pendem também de
- ::11 nnidade, pode ocorrer que os invesr:mentos {em rempo ~ esforço )
A objetivação do capital cultural sob a forma do dipJoma é um dos ~;e1arn menos rentáveis do que s<2 prQvia no momento em que eles foram
modos de neutraJizar certas propriedades d~vjdas ao fato de que. estando rn~lizados (com a rnod}fkação. de fci cto~ da taxa de convertibilidade. entre
incorporado, ele tem os me~mos limites b1ol6gicos de seu suporte. Coni o c3pjtal éscoJa r ~ capitaJ econômico). As eslratégías de reconversão do
dip)oma, ~ssa cert1dão de competêncü~ culh Lral que confere ao seu porlador c:~pital t:?conôrrüco em capital cultural, que estão ~nrre o~ fatores conjun-
um va]or convencional, constante e juddk:amente. garantldo no que diz turais da explosão escolar e da inflação de diplmnas ; são comandadas pelas
respeito à cultura, a alquimia sodal produz urna forma d€ caplml cultural transfonnações da estrurnra das oportuntdades de lucro asseguradas pelas
1

que tem uma autonorni.a relariva em relação ao seu portador e, até mesmo Jifere11tes espéc1es de cap~tal.
em relação ao ·Côipítal cultural que ele posstei: ef~tLvarrtér.ite , em um dado
mrnnento hlstórico. Ela rnstf tur o ~pita) cultural pela magia coletiva, da
mesn1a forma que, s.egundo Merk~au·Ponly. os vivos .instiiuem seus
mortos através do, titos do luto. Basta pensar no çoncUr$u que, a partir
do conljnuum das diferenças infinitesjmais entre as perfonnances. produz
desconUnujdades durá1Jeis e bru tars. do tudo ao nada, como a.quela que
separa o último apro\'ado do prinHúro reprovado, (! ínst1tui uma diferença
de ess~ncia entre a competência estatutari~ment~ naconhecida e garantida
e o simples capita[ cultural. cooshmt~rnente intimado a demonstrar
seu
vctlor. Vê-Sé c.larar11ente, nesse caso: a magj.a perfo1·m·ãzico do poder de
jnstifujr~ poder de fazer ver e de fazer crer, ou, nun-ta só palavra, de fazer
recon hecer. Não existe fronMira que não seja m~gica, isto é, impos1a e
mantida (às vezes. c om risco de v1da) pela crença co,'etiva. ''VerJade
.aquém dos Pireneus; erro além ''. É a mesma d~acd.sis origlnárla que institu~
o grupo con10 realidade, ao mesmo ternp-0, constante (ou seja , transc~m­
clente aos 1ndividuos): homogênea e diferenrn, pela instituição arbitrária e
desconhecida como tal cle uma fronte•rn juridica, e qu€ !n5titui os valores
últimos do grupo, Qiquelés que tê:tn por princípio a crença do grupo em seu
próprio valor e quº se definem na oposição aos outro;; grupos.
Ao confermr ao capital cultural possuído par determinado agente um
reconhecimento institudon~I, o certificado escolar permite.~ além disso, a

5 . Tcim-se, na rrraio:.Jrii'I de.s *'


~·~~;:P_'i, rnduzidc il rnlaçãv dirMlio::i:'J ~ntre o t:ilDlíal ::Liliural Lbje-1ivodn (ci
forma pur ·t!oi.Celen::.i il e .1 e:;ailo) , o cãplt.'ll e1ultur?_ lru:orporad::>, .~ umi.'l d~JCt'i~·ao <:>:i'111ooa da
d~1 <1rl{tç:\r.. do espiriLc pela Ia ra . oo vivo prl" inerte-, da c11a~~o 9"'Ja rotin;,. d~ gn:.~ pekl pt!;'l;(.k:

78 7c
Futuro de classe e
causal idade d'o provável *
1

PIERRE BOURDIEU

T rad,1,,1ç6 o.- ALBCRT STL:cK.rNBRt.: '"'K


Reuisd.Q C~criica: GUILHERME JOÃD DE FRfifA.S T[IXEIR.tt.

Fon ie; Brnmjk,.y, 1::i1erre, ",0.•.,11mlr d4 rl<1s ~ .;.."l" :.!lü.'alllt! éhJ p:'Obo-
ble''. µl~l-:-hdo mt~iMlmente in Relltte fm riçai5ê! de so-
c10.'ogi!!, \.d . XV. n 1, jar.kiro-março <ie 914. p. 3-42.

• Este artigo re:presern:a o rnomi:!Tlfo d~ umi!i pesqut:sa m;)i!> 'Y".:isM cr,ue ;>:rt~1.s d cJ1t.1o&v~mdo, h!'.\ lg~ 1s
a11~. mnt L'Jc. BolLBr'Li'.kl .4.llás. rilg111 IS> rnSlJlt<tOOS p.m.iai5 <ld rr"•~1i11.'1 j~ l~n sido di..u!gi.ldos em
oucr::i.s publichçõe.s (d. P. BOURDIEU, L. BOLTANSKJ cP. MAU)ID!ER. -u. .d ~l~t15.-:>. mJ oor~".
i11 Jnjomrn~lon Slir 11es· flt;ren c~.f .s:<.1cl~.1 Ps, 10 l4), 19/" l. p 45-SG e r> BOURDlEL:. L
Bo t ANSKJe M. dP. SAINT-MARTIN, " 'i: ~tmtégi de n:oo1;·... ~mon- • i11 /nformation &u r les
scJ~rire.s .91 .1alcs 12 i5)1 197"'1, p 61· 11 31 Agradeo::i ~ J.-C. Chambored n "' O. Mcrllit> pelas
obs 7rvaçõ~ (? ~ug.. ·~ó ..!i l) lll fl' lf' fll'ílt lrm:• 11' l'1 nml:• 1ram 1 il.l'a ~w ~Cll ki
A
~stado
teoria da prática utill4ada pelas dêndas humanas, quase sempre ern
irnpJkito quando predsam expllcar a econornia das práticas, isto
1

é, a lógica imanente às ações~ o sentido objetivo das obras e institu~ções ,


oscila, para além das divergências entre as tradíções teóricas, entre o
nl~canici.srno e uma versão gera.lm~té intelectualista do flnalismo. Por
recon hecer apenas díferent~s variantes da ação rocíorial ou da re.oção
me.ccín icl1 ê.\ uma determinação tal como a imposição do pre.ço nu~.cankrunen-
1e formado pelo mercado, delxa-se de compreender a lógica especifica de
todas as ações qmz trazem Cl marca da razão sem serem o produro de uma
meta t'adonali.zada ou, ainda ma3s 1 de u111 cfJculo racional~ que são habitadas
por urna espécie de finalidade objetiva sem s~r.em consd€ntemente. organiz.a·
das ein relação a um fim expllcitarnente constituído; que são inteltgii...rei.s e
coerentes sein sererrt provenientes de urna intenção lnte1~gt!n1e e. de uma
deds8.o de~liberada; que são ajustadas ao Jururo sem sérem o produto de tun
projeto ou de um planoL. A força da altêma1iva é tan1anJ1a que aqu'21~ que
pret·endern reagir conrra o mecanidsn10 de cetta tradição da economia sem
cair rto intelectua1lsrno do '·cálculo econômico., (ou ria ··pskoJogia" a pdori
herdada do utililorlsn10 e do pragrnatlsrrio) com o qual ele comumente
a lterna! só rarmnente escapam às ingenujdades do subjetiv-isrno con1 seu
aparato persona1ista de ··aspirações•! e '"projetos''; e que. inversamente,
aquéles que pretendem romper com as lngenu1dades das teorias subjeti\~stas
da ação recaem, de modo quase: inevitâvél, em um ·m ecanidsino quase tão
ingênuo quanto o da teoria que! transpondo para a ec::.onomia a axiomática
da meca:nic:a clássl~. trata os agentes económicos çomo particulas indiscer·
n1veís submetid~s .às leis de um equilfürio quase mecânico. Com ef e lto>para
dar cabo da velh~ aJ1emaUva. não basta vo]rnr a ur11a fonna de mec.anicismo
majs bem dissimulada ! com aqueles e.struturalis1as que tratam os agentes
- convenientemente rn.duiiclos, grQiças a uma su.pertradução de Marx. ao
papel de ''supol1es!' da estrutura (Trager) - corno reflexos r€dundantes das

L 1 i"-'if' ..,. 11 i'-tises Lem o mente C.<:: ofor,;cli!T 11ma fr~m:a ~>: pressa a r1,, dl1 pia :eoriil C.3 açã.<:1 qw•
li:!Sdrflbra. em estado im1:~idto, t enríi'I ocor: :;miei'l . Cons:iclermi::h~ qua:q11er &:;~o c.-:n:;C)ent • ~
.'I
intencional ç~:) "ac;~I":\ ~f!i~..ó~1nr (L'X prec;sim que. se;;jun.i1~ ;;ua ::-1L~;~'.fl'i'· (), p(k;S~ a :Ser urn
pl('I Jl1.'1!<t,n.~:·, c-I('" 1i:iei ~-=r1ht1.":c nenhum r.:!.iirti mo:kJ dr açêo .;il~ll ~ t"t~ ilo reílexa il eslimt~os
(d ,,.,.m MlSf~<;, Nu11 t111 Arnc11 ti Treà'tis.c 0 11 Eco11otr.1cs. NwHilven. 1949, p. 18·2t:-).
estruturas, ou situar no prindpio das práticas um inconsdente definldo r bj etivas e as disposições. Ela também explka e be.n1! os ca~os em que as 1

corno operador mecânico de fina11rdad,/ . disposições funcionam a contratempo (segundo o paradigma de Dom Quixote.,
De fato~ na grande ma;ona de suas ações. o agente econômico é tanto lão caro a Marx} e em que as prátlc.as sao objetivamente inadap~s às
calcu]ador racionaJ! obedecendo. exdusivam~te à avaltaç.ão racional das oondições pr~ntºS por sª1'ern obj.zUvan1énte ajustadas a condlções esgotadas
chances 1 quanto autômato, de erminado mecanicamen e pelas leis do merca· ou abolidas: basta menc:onar o caso~ prut:icul.an11ente paradoxa!, das formações
do. Prindp)o gerador de estratégjas objetJuas, como seqüências de prátkas sedais em qm~ s~ obs~arn uma mudança pernlanente das cond jções objetLvas
estruturadas qu~ são orlentadas por referência a funções objecivas. o babltus - portanto1uma defasagem permanente entre as condições às quais o habitus
~ncerrc. ç,. solu.ç~o dos paradoxos do s~tido objcljvo sem intenção subjetiva, está aju5tado ~as concllçõe.s às quals deve ajustar-se - e, ao n1esn10 tempo,
entre outras razões porql~~ - a própria palavra o diz - -ele propõ~ e.xpli.citaª uma simples translação da estrutura das relaçõ~s de das.se; nesse caso. a
meme a questão de sua própria gênese cok:!tNa e individual. Se ·cada um dos hLsrere..se dos habltus pode levar a urna defasagem enlre as expectativas e
111on1entos da s~rle de ações ordenadas e orlentadõ.s que constltu~m as as condições objetivas! que induz a impaciência dessas condições objetivas
estratég~as objec~vas pode parecer deterrninado pela antecipação do futuro e, (é o caso; por exempJo, quando os dºtentores de certincados escolares
em particular. de suas próprias conseqüêndas (o que jtisrtftc.a o ºmprego do clesva1orizados que, nornina1men1e, perrn~neceram idênücos esperam. 1

conce1to de estratégia). é porque as prâ icas que o habitus engendra e que são peJo fato de sua divulgação. obter as vanragens reais que>na época anterior,
conmndadas pelas concüções passadas da produção de seu prindpio gerador cstavatn \.inCllJacla~ aos mesmos). E ma1s; de tudo aquilo que marca as condições
já estão prnviamént~ adapradas às condições objettvas todas as vezes em que ptimárws que o habitus . :espera'~ e ''exige'\ ainda que seja a contrarempo, pois
as condjçôes nas quais o hahlt11s funciona rnnham pem1aneci.do idênticas (ou P.le as supõe como condição de seu funcionamento, nada é mais detennlname
semelhantes} às cond~ções nas qua1s ele se c:onstltu1LI. O ajustamento às e.lo que o sjstema dos tndices pelo qual e evocado o sentído' da trajetórfo
ieondiçõe.s objE!tiVá~ é com efelto. pexfejta- e imediatamente bem-sucedido e ocia1da linhagem - o s·enridoit- nulo das fom1ações sociais ou das classes
1

a ilusão da finaHdade ou~ o que vem a dar no mesmo! do rn ecanidsmo mais ·estáveis '' é um caso particL11ar de todas as cônclic;õcs que encerram
auto-n:~g-ulado, é. total no coso e somente no caso em que. as cond•ções de as marcas da ascensão ou do dedínio. Em suma, a. tendência a petseverar
produção e as condições d12 efetuaç~o cojncidam perfeitamenre .
3 ~m seu ser~ que os grupos devem - entre outras razões - ao fato de que
s agentes que os compõem1 são dotados de d;sposições duráveis, capazes
A remanênda, sob a forma do bab itus~ do efeito dos conc.Hd onamentos de sobre.v1v(lr às condiçóes eco:nôn1ícas e soclals de sua própria produção,
prlmár;os. impl2ca qu·e a corr~pond~ncia in1ediata entre as est11.Jluras ~os pode estar na ortg~m. tanto da inadaptação quanto da adaptaçâ.0 tanto da 1
habi[Us (com as representações - a experiência dóxlca do mundo soc;al -
t·evolta quanto da resignação.
e as expécrnHvas - o amor Jati ~ que eles engendram) não é senão um
coso particular do sistema dos casos possíve~s de relações entre as estn,,1turas Era pr~dso evocar, sem entrar em uma análise sistemática.q. o universo
das formas possiveis da re)ação enrre as disposlções e as condições para
pens~r no ajustam<2nto ant~dpado do habitus às condições objetivas con10
2. Assim. ti respeí10 d ~ c~l l'ili~1 i'i!i ili: Durkh~im pr1ra ' !!XpÜCcl:r i11 .gàni'IS~ ,, lo pen. itm~tf'> simbólico·· 1lrn ··caso par[icul~r do possíveri segundo a expr·essâo de Bachelard1 e
1
(e'm ;-'~!?. d~ •·comá-lo c!'.:lmo dado · 1 Clm.icle l h'l·Slrauss ~::n.i;~ o s.0;ulr1tP.. '" Os sociólogos e os
psli;61ogas mi.;dC!lt ~5 reso li.·rmi tl'li5 pmbli?nli"ls '1 p..-J0:1ad!> r<'l'ª lt t:.tlvid.-.ddnccm~cien':..c d..:J ;i.spi1i10:
·evltilr assim unluersolizar lnconsci. ~ntemente o modeb da relação quase
m?.s. ii i2po::.a em c;.ue D11rkhR11n ~rl?v~ , d p k:r)lc:t~~ 2 i) l:.ngill:;ticil mcdem!:'l ll.ÍI 1d e)~() 1i.1vl(lm lrcular de r~produção ÇJuase perfeita. que não vale co-rrjpiernmente. sen ãc
aüngld ::> seus r.TI:m:1pais Nsult~~s . t; :1 qt 1<' <;.'l(:pl~;i a razáo p.:La qual D~kbeirn se :1 li,:irt~::i nMt ullo
0
para os c~sos em que as condições de produção do habitus e as condições
qua \lia 0J111u ui ria. .=intlnonrn~. i:rrdulli.·cl (e já er.:i ·u m progre;."<J <X'Jn...x:l~rii'•'el ·~ rnlaçi10 •.10
p~rl'!> ; 1) 11-:1-.ta :"to flr..-J do si:culo X:X ~j qtil:ll f! llus.11i>do, 11 '" ~:<í!mplo. por SJ.ier.cer): o .;:i'Jrilti!:r de seu funcionamento são ~dent1cas t>u homotétk:as. Nest'2 taso parricUlar,
c~g•) dic!. hls161~il P. o fir.alismo dt'- CóJisC1~nd.1 F:n1r1~ os dois cmcc.ntra-se evidc11tem1m' a «s disposjç.ões consr]tutivas do habitus que estão durave]mente 1ncukadas
} lnrli!dode itKonsciet~te do e.spiriio' (C. L '\1i-S~t~1 1!!S. (n Cl. UUH'•..JL"rCH e W E. :'-~OORE., crls
La s~:m '.Jh,7i~ al" XX" .si ée'c, Pculs, VH'-'l!IL~~ Unir.•i::rrsUair-Fs de Fra.ncc>, l q47, 1 :1, ti 527
pelas cond;ções obj et~vas e per urna ação pa1ôg6gíc:a tendericialm ente
~'Ubli:nb:.do pc:- t in:-.l. As d1Ji1!i )e1Lura~. 1ne.:<miosl.a ou f:ntil:.stri, EdO isu Ir 1 1~-.1 e rn (l,:iJ ..•Ç?is aju5tada a essa~ condições tendem a engendrar expectativas e práticas que
::J t~r"'dil ou Sl1r1•~l ~l'..1:.~mcmrn. :ocla; as ,,.-eze;; que l't ciér-.ci.a d i:c00r•~ n'L:~lc>s.i'.S r~.Jlar.idj)d~s são objetiva.mooce compatíveis com essas condições e prf.>\Jiamru-tte adapti'.'ldas
•:oor6,tl~r..,..·~a::, ()!)r f'i{f'lnj,ik, ::: ::ido - ecu. d eriEtx:L d1is "'Cv1,vmi8S ~!lr'á'l'las trach:fon:iis - d~
:' •Jlh;-.:JId .'lbllr:.di'ln:e q •.1e -imp.ica O r ve.c;L..ll1i'f'1kl dol p:ip1 il11çim l~llíJ -imrlic,!!. '' i'l ~t'l1"2nÓi:. e <I vol:_J 'i suas exigênc1as objetivas; em out:ras palavras sendo o produto de uma 1

i!:: .:?fJl~1m)1fo .1, d(! mndo m<1is ~crul, a iodas as ' L~:1 .di?11cii\s ·· d~m0~r3 f1:- .'l!i ) . .•\ilusão do 1~:-rnosklu classe determ1nada de regu ark!ades objetiva~ (aqu~las q1Je, por (!xernp~o ,
r;u , .;;~undc- ~;utra mel M~ro. ~o l-o.t1 mooi.;t.\ ti'i! . 11 ~ oi>. m Bis Ç,~ que u.~il i ::::rrm1 l"JJ~ ~·' 1 ic.:l' d;is
lt ·q Hnuld;'u:les fmal:Stas .:i. .'.!1 B err.iirdirJ de 5Hinl ·Pi~
3 . Patei ~ri'.. COOC!' d.'i nei."R~~rl(! d(? ser ab1:1n.c!.011, dil ..:1 cilLm 1~tr...\ 1 1-=)ttc meci'lnii:=is n a B li11L1lhm 10, nSo h:i.
m1~lho1 L'!5 .;.x.,m-.pk:s do que' il Ju~o-elitnir'W.Çt'i!; ($;. C.:M da~ manÇ<1s oour.i..1!: dus las.~s 1--.;;ip• l!m~ ,
• 0 d.o R No or..~irn:.11 pe:-ite_
mnls ?.iinrla. u ,:c·~spor~ii"l t'Jllie ., cJu.~ n~ dtC' ~!P.115i\n 5L.:.:::ial e as eslrnt~<l~ rlli! r~~111::Jirlad 1 , íl, ,1\ tan tom.1di1 péa d!:!fa.si}gem im1re as; r:L- pos.)(Õe.5 e: as esLrul 11ra s na Gt~O éa rri\·11sla., Ac i.];,.'()et•..da
cnso em qu.:;. a hipóte::~ oo â J;:1,1lo rti:::.;r:lj1nice i :-ionnl ~ particuà.rm~m.e ÍffilÉ1 múl·.i~ l:!ll{jl tii11co '1' 'ª •·lruí'l b!l111 t o rno nti c.:i 1.J, pm lirnlilm nmta ir.tcrcssar:.I e, .e m q1 1c <!Sse prôel'.'.sso s~ <<f'lr.on1rn
ru. apQréncias eh fimili:.fade $€ ·-,;µ(;~n 1l:(n11 1t:-r\it ÍC>Y~;\ partkuleir. 5'Ju i1m111:J11tQin1aromplda , 1 tà i'lr~lt.sodi1 cm 11m .trtlgc- .ir., í::i..:;12 de llT.r:;Jara ~o.

84
caractetiiam uma condiç.ão de clãsse e que a ciênda apreende através das
SP:: l ~indo o que é "objetivamente vãlidop..J, é aquela que •·ter-se-ia desenrolado
regularidades construídas~ tais C<omo as probabmdades objetivas), essas dis-
posições gerais e transponiveis tendem , então, a engendrar todas as prá·
cr o cs atores tive..."'Sem conhecldo todcis its cb·cunstância~ e toda~ as intenções
dos p~r1idpantesdi, isto é, aquilo que é '\,.é]xfo aos oJhos do especiaUsta'',
ticas ··razoáveis ' que são possíveis dentro dos lirnit€s de..~sas regularidades,
1

un~co capaz de constp.tlr pelo cálrulo o sm


s en1a d.as chances objetivas às quais
e somente aque las1 exdujndo às ' loucuras ~sto é, as condutas vo~adas .a
1 11
,

serem negativamente sandcnadas por serem incompaüve.is com as e,xj-


deveria ajustar-se uma ação ·efetuada corn perfeito conhecimento de causa,
í'i-1ax \oVeber mostra claramente quê o rncdelo puro da ação raci.onal não pode
1

gêncla$ objeI1vas. Em outras palavras. elas tendem a assegurar. fora de


ser considerado como uma desctição antropol6gica da p~'ática. i\tas se é por
todo cálcu~o rado naJ 12. d~ toda esUmativa consdenre das chances de êxito .
~ correspondência lmedi~ta entre a probabiJidade a priod ou ex ante qu.e
riem.a h; evidente que. sa!vo excG!ção, os G1gentes reais estão muilo longe de
deter a informaçó{) comp i'eta sobre a siluaçào que urna aç5.o racional supotia,
está ligada a um evento (con1 ou sem -acompanhamento de experiências
subjetivas ta1s como esperanças, temores, etc.} e a probabiHdãd ~ a poste-
c:olno e.xplicar que os modelos ec.on6n1icos fundados sobre a h lpótese da
correspond~ncla ºrum as chances objetivas e as práricas dão conta, com boa
riori ou ex pos t qu€ p oda ser estab eledda a p arllr da experiência passada !i.
e..xatidao e na 1naioria dos casm;_ de práticas que não têm c:onhedmento dessas
Mas isso não corresponde a voh:ar, p or ot.l'tn~s vias, à teoria da prática d1antcs objetlvas por prind pio'? 1l ' Contentando~se em postular in1plad ta-
utilí:zada, ao menos jmpUcitarnen1e, por certos econon1istas quando postulam, mente a correspond ência entre as chances objedvas e as práticas - por
po r ~xen-Lp~o. que os investimentos tendem a ajustar·se às taxas de tucro cxen1plo, entre a taxa de luc,;:ro e a propensão a inv~slir - e un 1iljnJo
esperado ou réalment€ obtkfo no passado? Par~ tornar rnanif esta a diferença fmmular ~questão das condições d~ po5sib illdade - portanto, dcs Jln~ites
í!, ao rr.esmo te111po, pred~ar as análises anteriores, basta considerar a teoria teóricos e empíricos - dessa corres pondênda, c.k~ixa-se o campo llvre ãs
weberiana das =·probabilidades objetivai;'' que tem o métito de reveJar um dos m~i s contraditórias teorjas e.1<phcativas •
11

postulado5 mais fundamentais - ainda que tácltos - da economia, a sab€r, a


exis1encia de uma ·'rnlaç:áq de causalidade Jntaligíi,..rel'' entre as chances
genérfcas f tlpicas •!) ··existentes objetivam~nte em n1édia' e as 'expºctatlvas
1 1
8 . ~.f. \l.riliE!R. op d1 p. 335-336.
subjetivas''r1_ F~ümdo de '·chances médias··~ isto é, válldas paJ.t;) qualque r um, ~- >t Wi:BER Ê:conc.rnfo sl ;Soei". te. Par:G. Plon 1967, 1. I, p 6
1
para um agente indewrm tnado e in tercamblá1Jei - um ··on ' "" . como dMa 1 O. êr:.::011Lrnm 0.S n1'1 llt~ _trn·~ f~~.loolúgki!i a.-gur.s exi:mp.· :. de C'.ir:.t.n;..,-;:is par.i veri fü:i'ir riire1ame11~"
~:i:.a a:itl-an· , qL• ·• ~ r!.'lr:-ria 0.~onémic:-. <i<:ei'.a cem l n(!i~ f1,111u,'!J~l~1 de rr~neirn iin plkHlil \d. E.
Heidegger7 - e ~embrando qu.f:! a c~Ção raciona!, orientada ·' crit~riosanwnte' 1 Bar;; N5~'.i1K. -.S:i,.os.ti!:m;:.Lic ond reclr~ ·t~1(iÜ'.. " d~lgn of ps.,.ch..:ilo-;liGI cx1;.l?Tinm11r:. - , 'n ,). NJ:.Y
.\~EN' ei .. .Procel"dins.;s o.' rh . fü! ..~:~.'ey S:.,1:iip~.; i !J!)) 011 1\.fo~ li ema ~rro i Stçtl. Lf!;'." ~mo' !?rooo-
c!Jlty. l3i!'J'k~I~~. Unlv. oí Call lamla P°r!'.?Ss. 1 9~9 . p i. 43-:202; M.G. Pl'ili.STON onJ P
Bi\ R..-,,1TA, ''.4.n expe-irne11tal slud~· of Lhi? C"~~;;H·Jb iC o f i'Jn uncer.ain inc:::me" ~P A rYI<: r.car}
5 . l\ia<;i é, lnfdlnn~nt.:.. necess:J.rio kmc;~•r u-.BCJ dt\ l 11'.'l&e.i;e da in::ompreensão ir 1Ccr1Q.:Jti.'.!I ~t~ cm'.praendm· ..b11 r11a ~ af f>sydl:1!og:,.. (61:1. 1948. 1; HIJ- 19:~; f. i\':1'N LJ\\.'I.. "P.-Y.>'cl 1ok:.qiG<i: Proll.:1.bilitli as
que utu soci~ogt: {Jue ::;e rc r-;·,ou ~- •lh\'?LV..ia i;:cr sí!Us ir,1bo1l~u::s sr::bn: i1 tm~fae matP,m:i1:.Ci'l dos faJ:Q.; ar
a r:u1 LCLion. Experi& 11:eâ f r~1i..,ei1cy.. 1 ln j' r,f fx-peri!TIE.';'1~01 P:c>~•::+w~· 4 6 .:2:.. 1<:15-.3. p . 8.J ~füi).
1

50dilis r..50 püSS/J. >:.:Ci 1111t;~'nr1.:t • anttlise das re!.l....;óes dinlc~tiras ·11CIX', (1.,, dL=.po:..:a;&s sul:jetn:ns e as ir<ita:r-se·ia. de Íi}lô . d.;'. cJ"Lm·a~ os pocedi."nentos de l•lflh •... ·rdltdr:1ra ocla.'cg lo t!Xperimeril al,
pr<1b.'lb1ll:fadl?i cblE:f.iVZ6 i!1 rli•.1 s~ a trib.;mdo n;:;:- ~~<'H~<'-'i il )ntenç.ão de nao fiu~ m· r.tl...t .i $ t i!.1isk1: .;.•.,~11"1g de m~lr ~:;variações d.ilos d1s:~s içõcs .11 !..:111lt'lda$ s.<>.gunJo ~ rn1 1d!ç6e.... s-::Jdtii~ d;; c1q1Jl$1~ao.
-0:ijgtj•.1amenl12, is:lo é, SFIJ' •rAio M C!b1citi... tl(".Ji1S, ()S ch~n.c(>:S que um ftli.rt: c!R. ór;...,,.At'x1 rnm ~ emrar Poomi.:1.mos pel1.Silr por ex.err:.1Jlo ;'fr~ l ta nst)Of ~ t~cnk:as 1?mprngolrl.'1 Fkl p~1r.6l~"<l!': le.g. H..
na Cnio.'él:id!ide &io muijo lrí'lt.o.:;, E:..~d.ftdo ~ inclke:lil~ote pi:n:;d.1ldo. l"/Um ,o!a no sub1i;:i;L'O, 1)€]i:;. l IPl!.on:• para estudar l.:Orr'lQ f11ncln11n ~i senso das dist.ãnrL:.s, l ·ll11:{1fllius <•U f~\.1Tr71S grand.:zas., e
aooleE.:1;:11113 (lJÕ\llmie1Ih.!, (X J' ~ >mpki, de Wilil'• fan1ilin Ope'~n::I: í).:1t'11!·P, $~S ~as WTI f)CllC\J m11::; e.orno et'le s.;i: oor:stltlQ: a n1'iájl~e fó:perimer.lal 1 ;em li"llHirtltÓTio iJ i~m •·11rr.bier..tf. natunil ~; d.::
velhQS qi '"' ·lt! ;~ 11Wt1m1X.:.1.; 1<'.S oo mesrri::: meio , '~mi 111tr~ <JI1CJl la::~ nl?.flhum c1Lir,;';.J a ni•.ii u.nii,.~~lár.< dis r.;osi;,;õ1.:s •)1 ;.;, l~11W1!1 e cõnsliLuldas. lai!; .;: 0 1110 o siZl ~'J 1fo · uonl:o·• 2do "foio'' ~~pliti.Kli..> ".l •·n1;;~~
O .=ii!oles.cente çotnpo:rta1~s~'-â, .i--orlar fo. "k r-r1ad o a r-1..~o'lzar aqwki que psrrnc.i: ~rm':-: um d.ado t t.J p.,:)as, a obj elos '·le;ttirr.o!: ~ - ~m qre1 "5 dlf 1'1"ó"ltl?_~ cu üegiLirt;,os et ), da .. rira ... e dti
dr. fale: Q'..lill-d:::> se pertenc~ o llm m -.,::l <fl.!Sl,1i..·~reci!Jo niic se µ1:da entrnr rli.1 IJrtlvrrr.~l:iCY.:le. 1°\ l:lilt1i~ "bãra10 ", ck, "brilh. n le" e do · !ôV.n:.i-, ti<i "dic;tlnto" e oo ·\.ul~~r ·, €h.:. d~1,,·1~t a. lc<..•ar a 15lãb.:il.ecl?T
dea!:~ rup<.)t~'e, di;: 1.~ :"Jlh~ aS L!.~aCislicas relatiOJ:'I$ â fk'>Si!]UDkl~~f· d1~ Of)<ntlJl'.i!Íades dinn.te d::: enSÍr;o os si!:~.:n~ de irclice.5 iµQr <'-"<~Jl;plu, os sotaqu~s.) pi.:::~ i;·.1t~i" $(' fl,,,~f'\.:nu ~16 s.w~eos sor ia is.
niib pod ·111 m:-rllflc:~-$!? nc tempo. um.:i w?z que us mdid:li11)'l SCT l)."lmportarn. no fini:il de cL:n1•1s. d'a e p~r.rnili,r ligaJ ns thf IJ:l'('t'~t~ fotm~!i r.:;vestidas. p01 ele:; ~11 1 \n. "' fanna~.;io scclt1I r..r.~erminl'ldn l1:s
mod o i;i ;ti.Çmler o,,•IZ!'dadcnas LJS est:\fu'licilS prct:iXÍ<'1 ~i~.-· IR. BOUOO):, .L !r.b.;cr!té d.E's crKrrK" \: d~sse:; cr..'rr.;;, p<-md r>:i1t~s d.i=; con.ilições s:::dnib d>.:i p1c)fltJÇ~f~.
Pnrls. P..mmnd Co'Jn. 197 3, i; !J5. srilv ni •11:· 5,~ 11"0 ré d~ficukfode ~m u~ce& 1) r;1Z:'10 µe'..a qual 11. .s..j.) •'"º ;.r q 1~1 ic.11<1rdo svbre <:1& eordic;:;~ QJ...Gr;:"lm.1c.1s e cultúrê:iis do -:.:61·ui• ··~' :nômic~
e ~ulor d~ s111 11i\rio u·n l.J'11o ~urr- · ~:"! 11~P p~cle npre-mder a <m~li···· f.'TC-)'):"iSLi'I s "n~c- tom:i ;r," ;i: :ri"'I ~ a11 .~'l1 1lda a.os ag,enl !!S "': onõmicos- mn ,)l!i'l • ;r.1•.irJ"salidade o u somei1te ~o · í!1njlr~io"
"ftru.lt5i:t1'', e prcdso LID €10 JnLifM . a l)YP@'l!nci::. do par ep~1ertÍo(Jl4Jh'{: CO..""L".1illi!oo pela.s (.'-:rsi~ÕB!i - umi!i n(...tid,;jo para perceber e a:...ollaJ ~iJ.,,~·.J~..l.:11 n<=.ntP. i)!'l c.him:es objel f·_o~ okr1<k'l:ll.S p IC6
apaienii'rr.enl~ o'm{<P CI !tStl! 1 ~li,!. f;1ito Cl"'l'fl(:fl!ft..enltJr~ o;J1) n ·e,;i>.nleu,.nv:-,, e Jo flll~15mD. (;.';Ir.'! Ili' •trE1 1t1E m arcado;;. a p'tid5o q'JI!- tJr~:!t,1 por~a ~UT1t.1 infor.:YJ:.t-;f!o q•.uise 1.,11!.nrlfü'it e:u um .. se11!:.a"
to111;w oKb 4u•J Í' l))~!l a1~li.se seja €scolarrn~nt ~; :'n1akig,a6, a.lgu111.J.::; ~ir..lills 11ci111'1. c.:::~;XJ q ui'lse c..~vi1 :o t.l.is ::: a!iióo..!JS 'fdv111 ~·.1 1;4, S1~J~. 110 lado ~oL~lrh~le 1;pc)~l<,1 t en~arido ffl"'r~s ne;s~·
- 1i~p-Jc i;; <lri rn..:iC"-=rnlsm o cfa repeti~5o .. caso. no merr..-:do tio ;,:o::t 1);1'1 1 d(~ riu<:. no mercildo do lr1J1.xi: hv (JU ( k~ prc..odu~o:'iii de c:;ns1m ·,v. i!
6. Cf M. WEBF R. fa~ll l ....- .çur la thé:; r1í::! J e i'c sci.'!'we. tMJ d"·•~. F~ellné. Pru-i~. Plon. 1965, l• '.'Afl alTihuiciv orA'o mc~t1i t~'?•S itUta-r :2g1.lliY.:IO<S cio mli!r{1Jdo L: ;11xl1•r ei1 1ase: ãl•~C:.uLn d-e. r'2:,~l"." (• 1cg11lét!"
'* N rJo R : én lrc:w i:::l. rnonMt. p1"!l;:...::ial :.rddind::: d:! bcr..:rn-t1r);~ nl'\, <?<e-ce:i
1
s1:.1 r..pre a. lí~; o de suidr0. ·. ."Oni.icies ~ prd"rur) .las flL:.<:., .~m (Jl~-mil an6li<:>e, ~ ~i-ên.-1,~ n. · ~ pr:?Cisa cunh r·:r, ;a qu.-. .,c>:1 f :<?-: 1~
de serir.l ©i11•.i1 ;11(lo , O!l n~<'l"lff'..S n;'Jo t !Ibn c•;.trn escúÜli.'1 $~·1~c1 ~ :'lc 51'.' d l'.!l ermmar em e m fuiiieilu
1. rleide99er 1i~11 ':O.[ lldt.~llh~l í! o oor~ai:a dQ"ml·· ao d .. n 1i ' li{!" t.~l uma pàgiM so.:k-l.o9k~n1~ 11.P
dl~<l f )T~f-:6 dol'in1do~ pelos mecnnis1 noS db (.lfo•rlit r. da prc ura •:e!i5ü5 tlu;1:,:; 1iOsio;~ \J)r,IY.:!'ll)itLi•,•iii:;
~mr>i1t, dL~ lnl modo i: t,, i!:i el D êlfi!:LOtn:o1lisr.'1:.'.l , n1nftrlô q uÇ! ni d~sponli'.'J dit;S~lllllladO r()b <1$
1 0 1

11. J pc1ri ei l,;i~ coi;?Xisti.r sem o duilli~m;:, IJ)er~1t1.i: d ki eolo!]l.a ÔJm111<ir1ti? q•..il' f.!;n •.: 11iêl fY.lS.fürq

aµ"tem..i ;:i:; oo 1nr!1.=&.:.i ~ 1 r. M liE.IDEGGER. L ·t 1rn e i ie teri1ps 1r iid. de R. 13ohtiti ~ A rh~


li1 ~ 1.:>111.~ r'h~~•f:lmw p "~~ Tlol é ~e Cotl\1t1r~nt~ ou 1ti1$ .J1Jlri\$ cl.lsses· c. LLIT!]lli:S G'J!.1 '• t'NI hir-itlmcmt~
'oA.'1:1iilh1:.J '. Po~ L,11<1Uim.:v::J. l 964. p. 158· l 60i, "i1lr-lfll(l!J: li'\ pt.111 !oi 111\t<·mp I' ll Llt •J1,,h• 'l1J 1 ti'I (.t,:; Q IJlnJ , ul~ral p:tTil SH 1 rir rl;,1(.t f)',i'í;, (J 1H)U'll;'C!>,

86
K7
"A CAUSALIDADE DO PROVÁVEL''H A situaç.âo-fün ~te dos ~ubprol12tátios, cuta total ãmpotênda condena à
ltemância entre: o ~nirl smo e a demissão. toma vish:~l urn dos aspectos
A a bstração inerente a u ma teoria econênnica q ue não conhece sen5o da relação e ntre o poder atual e as cljspos1ções: as praticas. sem econorrila
as "respostas " racionais de tun agente 1ndet~nnim1do e intercambiável ein nem estratégia desses h mnens sem futuro e~ em parti cu lar , o abandono
'-'ocasiões pot~ndais '' (responses tô potentJol opponunrtfrzs) ou 1 mais pre- fal ali ~ta à fecund ldu.de natural! testem un ham que. aquém de um certo
dsarnente, a chances ITLêdja.s {como as ''taxas médJas de lucro·· asseguradas palam a r, não € passive] constltuir a pr6 prla disposição es tracégic.a que
p~los dlforentf!.5 n1ercade5.} jamajs sº- rnvela tão daramenm a ·não ser quando írnpltca a referência prática a um futuro, por vezes mui o distante, co1TJ0
os cc:onomistas 1ratam das erono1nias pr~capitaJistas s1.Jbmetlda!; ã domina- se a an1bjçlio ef eti1x1 de dominar o futuro fosse, inconsdentememe,
çSo ec.onômtca e/ou po][tica. Essa espécie de situação expenmental e m que proporc1onal ao p oder ~fottvo pa:ra dorniná~lo. E. ]onge de repr~set1tar um
as cond1çôes do acordo emre as e:)trutur-as e as disposições não se encontram de.smenHdo, as amblções sonhadas e as esperanças milenaristas mcrüfes·
preenchir~a.s, uma Vf!.Z que os agentes não são o produto das condições tadas , por vezes! pelos rnals carentes dão ainda testemunho de que.
econômic.as às quais devem adaptãrlt.se1 rr~ostra com toda ci ei..rjdêncja que a dlferentcmente dessa ''demanda s.e111 efélto", baseada. como diz ~·farx , na
adaptação às exigências da ecooointa é o efeito tanto de t.lma conversão da necessidade e no de5ejo, a ··d º manda efetiva·: encontra seu fundamento e,
oon.scmncia qua nto de uma adaptação mec§nk:a .às r.estrições da necessidade ambém, s€· J-5 ~im iré$ no poder, ined1dos pe]as chançes <le .saciar o d esejo
econôm ira: a invenção pressuposta por eJa não é acesslvel senão àqueles que e satlsJazer a necessidade. As aspíraçõ(ls éfotivas. capnzes de orientar
det~m Lm1 min~rno d€ capital Qçonômico-e çu~tura1, isto ~ 1 un1 nlinitno de poder realmente e.is prátkas. por serem dotadas de urna probabiJidade razoável
sobr€ os rn ecanb mos que devem estar sob seu controJe. Através dos de serem seguidas d€ efeito, não tê1n nada em comum com as aspirações
sonhadas, cfo_ejos ·'sem deLto . sem ser real. sem objerc;}', como djz Marx ~,
1
rn ecanismos auto-regulados do mercado que reveJam a necessidade previsive.J
e calc.i.LláveJ do nl Li:ndo natural o "cosmos econõmico'·, importado e imp osto,
1 ou com os siinples proj(:!1os, proj12ções crn1scl12ntes e explk itas de po$sivejs
exige tadtam•12,ntQ de tooos os agentes econôrn:icos dctP.rminada.s di::.posjções que, igualment e, venheim a acontecer ou não e expre.s~mer"ltº constltu~das
e.., em parl icular, di$posjções no que diz respeito ao tem.po, ta[s como a como flns da nção desUnada a fazê-los advir: no termo do processo ~ isto
predisposição e a aptidão para regular suas prâ tkas en1 função do futuro é. à medida que se livr.:un d~ todas as restrições e de todas a.s limllaçóes,
e dominar os m is~anisn1os econômicos pela previ.são e pelo cálcu]o que para se situar~n1, corno se diz, no ''ideal'\ 12sses desejos 1mag~nários
1
e·;;;tão subrnetidos ao co11trol~ exercido! efetiva mente , sobre os mcsrnos ~ a temJern , como no caso estudado por Shubkin. \ a reproduzir a estn.r,tura
p ropensão prá tica e. por razão ainda ma1s forre. a an1bicão cooscienr~ de social. mas em serr tido irwerso, sendo as posiçoes mais rara.;; na reaüd.ade
apropriar-se do futuro pelo cálculo rac.icna]. dependem ~treirarnente das, ~s m~is freqü~ntes no ideal. Ao contrário, a voco çõo efetiua inclu•,
chances - inscrjtas nas condiçõe~ econômicas presen1es - de conse2guir tal enqwrnto dispos2ção adquirida dentro de certas condições soda1s., a
apropriação. A com. mêntia exig~da peia "'e.scolha das melhores e.straté- 1
' referê nda às suas condlções {sociais} de realização de. modo que iende a
a}ustar..se às potenc ialid~des objetji;.;as ~.
1
gías obje'livas (por exemplo, a escolha de urna aphcação fina nceira , de un1
e:stabeku:irnento escola r ou de uma carreira profissional} é repartida de
rnodo 111uito desigual. urna vez quê varia quase e.\\atan1enh!! como o p oder
do qual de pendê o êxlto dessas estmtégjas , 13. K, MAR..X, Cbauch~ di..me cri.Liq•.n: ~~ l' t•c:ii1():JT1k! j'):::tlitlqe l.!- . ir~ Ü"'Lwres. &on o,mrn. Jf, P,,ri~.
G~llrnard IP!~fnde:. 1968 :J. 117.
11. Sh.1bki11 a hseri,.ia que <J tu1rv-rRJ da · pr::sir.;-6 ~..s :stX:•~ls ld~o: "profis.sõ::::s") dl3::jndas uµre.:.elll~ ri b n
se,gue i'!I r:n n 1,:, lõi;iica ao Sü LnLelectw11ís1a par.il si e m'lf:1'11 1:d~Lil :-::iara ~ ' IJCr-ó!-). Seja en~I m, d.ê um a l~ir~1 11id .,, rnM l:JLI•' repr.<,JScui~ 1m1 s lô',J ·...ér\ic<.:, t ·fJ .~•:!'"11id:-,i 11 ...•err-i:::- da pirnmlàí? clils posiç.õ~
um est01~· foi~o na .5.:;>nj!xJti de escaµut i'l ."::istraçãc l..?1,'..0 1do "rr; l':Jt'ltu a dl:.rrtb ul-:áo dos ra":u. '106 !'° l '.:llrc:."·11i: ;>lê!1\'!l:~das, i,;ll 5e:ia. 1.1 r.•.DTH
::ro UM p J7.'.i.çÕi!s 8 tcml('l m i:.1 !'. qu~.11t1~ in".nc-s 1::-rec::4;;io.s;:,si efo.s
Q d"!.'i ~Jlas irdi'..•i l'.F. 1i'lil) c e P''P.tzr, r'lei"', a s "gJJ!::ru" ou ~ ··mofr.·;)~:"J,,_;:- drJS consun 1lí1(.)r ~ {JU a s~o .V. SHl;.BKIX, - Lc cl 1Gix d\.aJl~ µra ft?SSi.:.in Rtsulmls à 'una e:nquel~ r;OCif:~ó3i1thJ _aLpr&i dl>s
rompei l.?TIL i~ L! .-, hf~rm.açáo Ó(1S '' empresãrins". 11}1.\S fozer_d:~ &b 'l l'i'.'t;"ito da.;; con::t1.:;6~ ecc nôml- ;oi!u~)E°.t cl.;? '" réi.ll•' 1de N:-:'..1C'5lbir!ik.. , in ReL•ue /ra:n.;a1~ dí.! :.c;c.10 ,'u 31e 9 (l :•. 196$, P :i-&-5-0).
r.as ei s:::ci.11~ <f(' produçiio d~<l i'IS d~p:::si(Óf: tJ tfa lôgk a c>~l~ÍÍftll do fu1i.-ior~unl'!1 i~Q das 1r.~m,11~1 15. /\.;sim , ~"1b~i:. ~r:.J, ~m~:-: i'I iibandoncu os .est.udos ~ trufü> mui.S f1.:rte - p~mrinl;'('enda 1guais
E as:;lffJ qu'-'> umil tL~ntetil.•tt tiio origiM~ q1,, nlb ~ ,fa .AJl uzrt: Htrsd um.n 'li •e. rum pendo -::0111 0 1oJ !i CrS { llJ trC.G f;11or!?"õ ~ :i , 1m 1 f.l• ~1'jr,1~1;.;r, ( 1 1°"XICO ;~S40l~rj - q uar:to mtlis Ín'IC"'1S fOR;'r ,, p ;ir;o, i!.
mec.:mlds~ m, coloc,;i ~~~ e 1,:.id!}nt i<1 as J 1it1S estr::.tzjj~s ~lr :tJi•.•idl!ais} que 1~s. ( r.>mumidore" p:.1Jan .:las~ de c rigerr.., <15 ~:1;:irt.;:t,!.S obj~~·.,.·a~ C;_i ('.! ·~90 .i'.! C~ ni~1 1~.I !:: mais "21~<..•;:,::los do Sisl í!JI h.1 d':' ~r~111 :
orx;1 h empr~.'!.:; - ex 1t a d P.lc.!.'Ç<•r> (em pm•.11.!JI:;; dT:. 11111 · m 1::.crif!r.h•) e v:::!c!':', o J?t(.]t~k1 - rião , 0 ;; eff'll~~ · 1-s::.:l -causab:J,.J~ do r;m-..il·Jel" ;; ob.ser.• :1~ pí'lr<t (llún~ ci.as pratkas e .:i.Lé nrh
tlse<:.pa cotrilrr~1·n1. a.e i m.,l.·~1'•.mJismc, ~l'iinéimmen~e.. p 1 1;<!<.> s ituar ~"'.i!.S ~tr:Jilt?_gii>is rJ.:i5 repre-J'i:'.~il l'l~ilt"• ,.11l*"'.~v,1s. c:.C. '1 1tu!:'o e nâ ex pr~são de:liJr:!dlli d(!!. IU;p•JT'bl , ~ A~irl':., i'>ll~ ::nt?..s.mo
siruaç J1::..-: l!;K lroon: ir.árl.r!.i. ft"r~ ielaçiic .;,t, t:Slra1~li'~ n:'lrmali w ~:íle: ada p~arl.fl::: l!:: liihll~Õl'.!3 c ()l)lUJls em um ni·y·..:I ii:!li"Jliltlo tio c-ur . ll IN.T : P<:.r.::urso ef 1!1.u?..clú µdo .r.lur..o iJO 10:100 cfa ~u.1 <:flr'! JJlrn
;: e, p:lr i~::i 111es:i.1,J, ~nd.tlci::i..:; a l>hs~1'lren 1 di.:bp.''H'. ~bi l!l.S) e ,::;c:hr~r 1 •l'<J . p ;;ir rãu ~l~CT~i..·.er i:IS f2:S.:o lr:irl ~ il deSp~t:: :i ~o~ efl!l1t: :~ d(• _1ipí\rs:<l.eç~c.. observa•se. q ue os e.s~•JJ.+.~mú 550 t~1 1rr:;i 111 ~"
cond:çfü:.!s eoon~it";)ic~s e ~i...1t1 11 lS do ::.~ ~: !•ÕJJ uu.::. 2t>.b .:, 1:A O 1flRSC11~.'J\N , Ex-ir, l/01· e 1n1xl1~•to:1 •"m H Ji!.3 ambições es::ol~rss (co1110 , a~~..:, J 1P1 <•'..·,1lla\:• o de. sL?. ts rn.:iulc dos) C' 1a1 L(j n l.<.llS
cmd !.oj.1(~(1 ~. Cnm!m1g..:.. Y..ass.. r!ar.:dr<l C'11iv. Pn':'..~. 1970:. 1111 !lados •!111 :"(-,_..-. Tf~ ~:"10~ ~fo ('.Ilrre.irn qutir.tv mui~ fl'ui..·e.s (111 Ili _.:; Cip• t1•,Jllida.:h.!5 <iSCclaJt.?.i;
12. G. B/\.C:'"iF;;l.ARD, L! j\,'v.t1l"3 espi·ú. .sclrJ ,rifiqul!, Paris, r-t~~,... '~.;âv~':ilii 1~d~ fr.m.ce. J934, p. 117 d . r :d.lS- ri!I c:.a1-t"Sr.d.1· ,~ •• ql••: ~l NI•\ pttrto, l)a m<?.'irni!i forrr~:i, npesar clu. !rrc.JlkJ, íl ' drt

88
As estratégias econôm icas. nâo s~o re~postas a uma situação abstra a tealtza·ç óes, ~stá no principio dessa espécie de ··:realismo ", enquanto
e o.tnnibus 1 taJ como um estado detºrrninado do mercado de. trabalho ou .ser.ilido da reaUdade e .senso das realidades que faz com que. para a].êm
Ltma taxa ·méd1a de lucro, mas a UJ'fla configu ração singuíar d e índice.s dos sonhos e das revoltas, cada um tenda a viver ••J e acordo co m a sua
posfüvos ou negativos, in;;etic9s no espaço social, onde se exprime uma condição" r segundo a máxima tom]sta. e tornar-se rnconscientemQn te
relação espedffr:.a éntre o patrü.n ónio p ossu:do e os dHerente.s rnerc;:idos, cúmpHc~ d os procrl.S~os que tendem a realizar o provável.
isto é, um grau de.tenn hnEtdo de poder arua;I e po~endal sobre os instn.Jrntin-
tos de produção t! reprodu ~tto. As ,chances de domJnar os instrUêllf=!ntos. de A definição normativa da prática econômica ad~ptaàa que a teoria
econômica implicitamente assume - e o mi.tlodo form~J lar a questão das
produção ~ reprodução (que o discurso erudlEo expr!m~ . por exenlplo 1 ~ob
forn1a de prohabiHda des d~ a cesso a bens ou inS[Lmições) estão u n1das, por
condiçóes que a tomam poss~vei - tem co mo efeito e, sem dúvida, como
uma rel.aç.ão dJalétka. à ap1'id ão e pt(edispo sicão para dominar esses função, dissknu!ar que a adap tação das d1sposjções às condições objetivas
instrumcri ms, isto ~. perceb~r as aeasiões de apllcação e. lucro. organizar tais comia foram deHn idas ~ pode, no caso das classes cultura[ e economi·
c~ente de~favorºcidas, ser o prtncípio d~ urnai jn adap~ção à ,;situação··
0$ rT'I eio5 dispôtiÍ\.'e·S. etc. 1 enl suma, a tudo O que BCOn'lUTli.e h h~ d @.S~gnado
~ de tuna resignação ai essa inadaptaçâo; são as mesmas. disposh;ões que,
pelo nom'2 de "esplrjto empresarial". P.elo fato de &s co ndições o bjetivas
(por oposição à ~; situação·· ab~tr~ta dos '2 conom•stas e psicólogos} se t:1 daptando os mais desprovidos à cond1ç.ão espedflca da qual elas são o
pr oduto , contribue m pa.ra tornar tmprovâvel ou hnpossivel a sua adaptação
definirem por uma re1ação espedfica entr€ n1ecarüsmos. tais como o
rn º rcadô dº traba lho ou o m ercado escolar e o conjunto da$ pro priedades ãs ~ig~ncias gen~ricas do cosmos econôm ico {por exemplo. no que toca
constitutivas. do patrh11ôn]o de uma d as5e parl icu l~r dé! ag12nt12.S, ~s p ráticas o cálculo ou a prnv1são} e qu~ os levam a aceitar as sanções negativas que
1

engendradas pelo h abjtus sã-o ~justadas a essas condlções objetivas toda resultain dessa •nadaptação~ isto é, sua condtção de~favorecida . Vê·se o
. .~.az qu12 ~sre k:H"o p roduto de conchções semelhantes àque1as às qu-ais deve que diss lmu lam as noções a bstratas da teoria econôm ka q ue 1 em virlud~
de uma ftci·~o ju ris, converrn a le i imane nte da econo mia em no rma
responder. isto é: em todos os casos em que as e.strutllras e os m ec..anismos.
que as reproduzem e/ ou a pos.~ção dos agentes relatlvainente a essas universal da prátÉca econômica conven~ente : o habitus racional q ue é
estrutura~ não tenhan1 sofrido a lteração 1rnr:i.ortante. Nesse caso. a con cor-
condição d.e trma prâtka. econômka irnedjata e petf,eitamente a dapta da é
o produto de. uma condição econ õm1c.a parr:icular, aquela que é definida
dância das expectativas com as probahmdade:s , das antºdpa.çõ es com as
pela posse do capHal econ6mlco e cultural r1ecessârio para p€rceber
efelivatn ente as ··ocasiões poh::ndais '' formalmente oferecldas o todos, mas
ITT'espcnsaoilidl..a~ ligackis i)O Simp leô de,scio\.~~I '! i!I d~p6to do~'.!11(1 d~1 1m pc1!;lç!li de leg111mzj2':ie
realmente acessíveis un icamente aos detentore·s dos instrumantos neces·
qJe a r:ri1~e.~stt'l €.'<erce por si, o pi'lr:li! dos pnis. que jul9\,i11 1'r-,:,1nr\'.ll' y ;n;:~.(..,I (3.? ~f~l,15. flll1Qs l 13.
lb"lh.·zr~~ pi)ssa de 13% enll"e G'5 oparrui ::v.: pim:i 22.% sllre cs rf;r·nvr...:.goo.-: ,, qLJaílrei, rnt,-dlos e sários à sua apropr1açâo11",
per..i 61/~. <}i'lh-1~ cs q u?>dn-.r.:. si..r.p eriorl.!S: ~m"t:r:sa111m~e. a parte dl'lqueles q.;:e esli1 ni:lrn c~1 itlf[resso
' 111ui~n :'lifir:11" rn 1 • h11p~·.. Q'.·" p~.;s. d~ 41% LmlrtJ rn -operfü1os p:irili 27% ~"ltre ::::s ecr.prea<ld.os é
A cornpet~ncla econõmlca não é, portanto, uma apt1dão unlversal e
p <'! ro J~; r;.l (ítrt! ~ 411<1dl't.is ~lJ['ji~k:r~ ~ mL~DiõS dt1..s proti:;:;.õ~ liberal:;. ~lS.O. P .. Enq!.H)te mtpr6 miformen1ente d~strlbuída : a arte de avaliar e pe rceber as chances, ver na
t1'.:s mê rc:.1 de fcrri.'N ~ d(~ lo 1-.19~c.<:? /;)fl,iSl~~t1e, ~P.'k!lnb-o de 19(,~); .:1 parte do-s pi!lis que aiinnrurr~ configuraç,ào presente eia sHuaçao o futuro ;.appré~entê " (com o diz Hussed,
~7j1lr ql~e os_fill 1os M i~ i....;.~f.1q.~ na .i;lx ldr. 1r; 0 11 ~ drl~ltfdJ'r'J~) pr~~ig<.un :S-êl ;.:s: .z.i;tudos pat"i:I alêm
ao oocra.1a.:.irea t IN.T :'\°{] :::sL~il'l frarn:é5. desi!Jril!l, ~o l\;i!!>"'r:11ô 1~mpo. oo exr.inw.$ <!. ( 1 d~r,-~:::m.a. para opõ-Jo a o futuro · lmaginâr1o do projeto), a z.pt1dão para antecitJar o
r.cn;er;:fo ao fm<1l d-;:i 2 · C1cl::: do snsim; d a: 2• graul pass~ dt' l 5C}~ ~· ,~~u <):; (m ··r.=it it)S -~ 1 6~~ emrn futuro por uma espécje de lndução práEica o u até lançar o pos.s]vel contra,
os agritu1Lmss pi'lrn 311': er.ire {J& i1rléslii:::& e pt..i.q•1eiocis 001rii::rrticmt~. 3~·rr. entre ("1~ r.nmrr~i>..dos.
'~ q·..i3.dm:; méc.b;.;::., 6 ; r,-: er~tm as qlta.drc•s s uperi·::ires. m Eml::r:::s da& p r.;::di5We.1". lib;::r1'li~. i~du~11i.:i:t.
o provável por um risc o calculado, são o utra5 tantas disposições que não
'~ gra;n:ii:>.:: c::imt~íi ianll.15. Do 11 t~mo niooc, a p!!.r te d.os µm.s q11-e ded<1mm d 13Se.ji:.r que os fil hOE- podein s,er adquiridas s12não ~ ob c12:ttas condições, 'i sto €., d<2ntro d ~ c.ertas
(~irKl;;"J no prir11~~lol I ~,,=~· a .~ lyfetfle ' m 11:n t1cel! (~ !:11_.o em um C.E.G ou C.L. S.:1passa de l g'Ji condições sodals. As.5hn como o '" ~sptrito empresarial", a informação
~1Lriõ!: os i:"l9rit':l.Jlron~s p. r~ 54% 1'!ritr~~ m; q~Ji!dl'ü$ supcm~P.5: p:'.:1" m rl m lado. J 1% dos ac:11=.!rá~iru.
:..7% dos a5ri.cul1ori!5 qu~ t~m ·..1111 füJ10 na s1x~~tti t' (li 1 dr·ql~ ll •ri~ Rtlrmarn d14eji!tr c;.ue ele! cm~~~ ;ic:onâmka é e~eLto do poder sobre a e conomia: p orque a propensão pa ra
na q ua trten~e d.ii~c::i. contra 41 % dos. quéld.ros ,super'.01êoS (S.O.F R.E.S.. l.c-t frMç.oh-; ~e adqu3ri-Ja depende das chances de utilização bem-sucedida e porque as
j?n! l,,'irn~s dr-:, J.~dW! O!lô;i11)ÇI rforiç,'~. jurllho ;:i.gosto de 197 3; ·1;·.:r t\;pi2r.dice). ManLE:'m.ki ~ rrli.'.:SU'IO!
chances de adquirHa dependem das chairices de utilizá-la com s.ucesso.
!:;~~1:.:l! . .>1ô ,,.,.1111110 rk 11m g<:.tudo ;ioorc i!l 1".;!Jlrí>s.i?nt;:içfo d.o M1Jro "~tre adQlescen1éS do er..sino
lf'crJco. no qui.'JI é i:-..::ilor.r..d1.> ~11 ~.·itl~ 1cJ1.t q11~ "a Jll)S1Çiio •::1n~u<11Ja fl i'.a hl0aTqiJi~ profi~:;5o~::.I, Uma compeMnda econômÊca qu~, como a da clona-de-casa das classes
desde o pri.mein:: .am prego, de.per.de ~EralmmtP. d:i. nr..lurELi:'I d i:I Íônn1:1:;.!jo r~Vúbidd ~ \qui}, p:•r
!O.'.li'r r..1 e2. est<i ~""c-::1.:id:i. à o rigem scd al}e que çi "natureza dos es1•..dCíS proj~os r~~~-i? fielm~nte
.iQlJe l:o. d~ '1$'~tdC$ '~ui:inc:; a1'1.1~~:n1 í!". A.m oint? Léi:::!"I e;.:re\.-e: •-f espantr-tSJ o r€'alisma das
l (1. .'\ ~nál is1' fid~ càndiÇ0.;: -parti ·ulan~.s qu;:t, dev~ n sm" J'r~bidfis par11 que :<.;:?; wn-11'! tJ::-is~wJ (J
F&Sp~1a& k.1tt1rt'çid.us p r:M .ú m.:J!l p o r @4t~;pln <1c:en.-:.a .do:: salârk.1s o:?S~l!radas 0 11 da de..;i:!jo d e
onbll'r i·n1li!n1o E!l"~ito Í!!to 8, sirnµl-esmroite. a -rit:::mamil'I l rorir~ ~à eC-O:irwnia prnÍissioi:.:tl, e,,,:-ib
'e'
d:ir prDsse.;llim-BT1t o .i:.c:s. ·e sLu dQS <.:ip cs a ~idl'I G.0 e::C~b~.;,;;;;li 1tô ~colar" i'/11.. 1.. F.QN "R;:~ - 11on
'.:1mb~11 1 eem d1'.1~·id(l levad.ri p::::r outra..~ vü1:.:., a rnm:h~:i~ i?SS~ forrna p ilradigmilrtic.a da l?JTO
J1.f..(Í(IÇ,;<iÇliQlh~ ~ l"~l'~ti?ltion. de l";:wenir ::1:-.ez des ilddesamLs de I" e-:ni.;eigiH:'.ITl€õl1 1.0!Ct:.T1lqll~·, , iri
~li~i-;,.~tl;'I lW .. C(I~ ):lt-1 ~lil C~í 1f~lir (> ~ialc.r drJ \JnJ{I d :1 erlq(\ç rtt11~t)j)L)l1;:~~-ic·~ d(j pririó1 io g<i:r~Cr
n
81.11'1\zt~n de ps'J.'Ôi{.l ió3fr:., 23 7-1<3), 1%9-l9i0, r;. Jü{i.g..1 081;;.
O/.l.:.o µrl1l ki'!~ •~o m:1d,. r:i 11·®!· .,, , • 1ruldti pl:lkl r ~i8Ü'>l'l'l 1Xlt,, ~tl'lill .. r d~~mi.'ilr.rd.:i tJr~•''"'âf:

90 t 1
popuJares! deve suas Cllfacteristicas às condições particu]ares de Sl. fü estratégias d.e protest-0 (vo~ce) ou até de boicote d la Nader, t.ãc pai;sam de
aqujsição. e de sua utilização, e fundona como um szstema de defesa
1 ílÇóes esta tístkas que! restiltantes de um simp fos agregaqo, conjunto acllttvo
inteframen~e adentado para a mintmtzação das, despesas, não é ma~ do de agentes pass1va e tnecanlcamente totalizados (corno votos de uma eleição),
que um conjunto he:teróclito de mejos-conhe.cimenros capa2es de funda- opõem-se às verdadeiras ações coletlL'aS> tais como reE\.•indicações, greves ,
mentar estratégias defensivas , p(ljssivas e incliv1duais ~ o domínio prático de rnanifostações ou r~\,;oluç.ões, ]evadas a cabo por grupos mobilizados pela e
si:stemas de classlfj cação corno ··marcas" de produtos, escalas d~ preços, para êl reaHzaçáo de uma estrategia. comum ~ com base em uma orquestr.a~
cate.gorjas de .quatldade , etc., assocla~se ar aos preceitos receitas e raclo- çfüJ prc2vl.a das d1sposiç6f!s e dos interesses, prodi. Jzida e garantida por um
nalizações de uma esp écie de vulgata económjca! conjunto de meias-ver- parelho perman~nt'2 e éxphcJtamente regido por man.dato.
dades 5,e]ecionadas en1 função das disposições étkas (e't'hos) que lhes Todo agente econômico é un1a espécie de ern.presário que p.rocura
conferem uma coerência prática. Mas o faro para "'bons negôdos '' está ;;xtra ir o meU1or rend~m ento de recursos raros. Mas o sucesso de seus
tão distànte dô ".senso para n~góc~os~· quanta '; a arre d e faze.r economtas' 1
empreendirn entos depende, prirneh"amerrte, das- chances de corisen.rar ou
do poder de ·· faz'2r a '2conomía". Condenado a estratégias a curto prazo e 8Lu1ient:ar s{i!u patrln16nlo. considerando o volume e a esrtutura desse
de curto alcance, o consum idor sem recursos não pode co]ocar os vários patrfrnônio e . por conseqil~ncia. dos ins[rurnentos de produção e reprcr
vendedores em concorrência a não ser n1edhmte o dispêndio c.onsjderáv~J cii.1~~0 que possui ou controla; e, em segundo lug"ar, de suas disposições
de tempo é trabalho (cálculos, ''transtornos" , deslocamentos~ etc.) ·e nada ~co11õrrücas (no sentidb mais amplo), ]sto é, de sua pro pensã'o e aptidão
tem a opor 2tl€m da fuga (exfr) ou do fJrotesto impotente (uoice), às pura percebºr essas chances. Esses dois fatores não são independentes:
estratégias dos vendedores € ! e111 particular, aos seus esforços para ~s disposicões·em relação ao futuro ('cujas disposições econômicas são uma
embaralhar sisternaUcam ente os Jndkes que servem de referênda aos dknensào p.artic:ular) depend~m do futuro objetivo do patrtimôn to - que.
sistemas de classiflcação dispon~veis (imlEações, simult'ições, fo.ls1ficações, p-ar sua vez. depende das estratégias de investi m~mto dais. gerações ante~
etc.). O pequeno·burguês mantém con1 o merc'1do de capitais uma relação ·i or~s - , isto é, da posição atual e potendal do agente ou do gn~po de
totahnente homóloga àqllt!la que a dona~de-cas-a clas classes populares gentés con5iderado na estrutura da distribuição do capital, (econômi.co ~
mrmtétn com o nrnrcado dos produtos de consum o: suas estratégias cultural e social) entendido como poder sobr·e os instrumr2ntos de produção
purainente defensivas arman1-sie: cotn t..lma comp etênda da mesma natu- e reprodução. Segue-se que os àgente.s tendem tanto majs a procurar a
reza, Exemplo paradign1a·Uco de, sa.bfr cu!turel~ seu di.scurso (!ccmóniic:o segu. anç.a das '-'ap l.lcaçõ~s de qu~. vive de rendirnentos ", qu€ ofen~cem
deve sua lógica - aquela do br>cabraque de noções descontextualizadas e lucros com fraca dispersão portanto menos aleatórbs! 111as baixos e
1
heteróclitas 1 de palavras mal conheddas até em .sua -aparência fonê.tica, e ·xro.stos à desvaknizaçáot quanto· nlenos importante 'for seu c:ap]taJ;
de fórm ula~ desligadas de seu prtodp1o - à .sua gênese e sua função. Esses orle:n~am-se.~ ao contrârmo, t~nto rnais para a$ aplicações de risco, tna$
fragmentos de conhecimento. recolh1dos sem ordem nem métcxlo, ao lucrativas da especulação ~ quanto major for seu capital, capaz de asse.1u·
acaso das coriversas, lei ura~ ou transações. ou reunidos apressadamªnre, rar-1he$ os re:cursos n11cessárlos para pagar comptet.an1ente. o preço do
dia nte da imirJfmcia d~ uma dectsáo econômica 1 serão uttllzados para pôr liseo e garantir :seu ~estabelecimento em ca~o de? fr~casso.
a prowl ~ boa.fé do vendooor ou mos[rar que não se admitlríi ser ''levado ~sso S·é constara c:lararn e:nte no caso das estratégias de inveslin1ento
na conversa'' (como no caso do uso de um termo têcnico dian te do
esc.olar17 . Não dispondo cle informações sufi.clentemente atuallz.adas para
m ecânico} e sobretudo, tª )vez, para radona Hzar, posterio,m1ente, urna
dºcisão económtca engendrada, de fató, pelos. prirtdpios 1nconsc:if;ntes do
ethos de dasse . Essas réplicas anárquicas não poder.i~m estar mais
l 7 .1'1..lnda r,.1 1~ I)~-:-; .:»:!~•tak1 1.J~ ~u s..=nba) c.::;t:urlo 1t11r1plrlce d~ r<...tii.:;t)l-& ·nrr;:: o parl'lrr.(1r:iíü ~fl~ 1:.ílttd~<c~M
distantes das estratég ias das grandes empresas que possuem os melos para d>.:! r..plic;:n,-:.fiu pmp1iaml3r~1 e eco11õmici"). 1u:lo µ ;:m:'.l:e ir.diG11ir q ue rnmo no dorn:ni.u e.s;:olar. os
prever as flu1uaçõe.s do rnêrcado e explorá-tas, senà() détº rrniná-las, ºm ~ger:.1e:; são 1;:;r;so mais: mdinados à ~udaoa di'l esptculaçàc (por oposição à bus.:a dr.. ~-e;11ra.nç.<1)
quanto mi1lio r -E: sua rir,,'Jeza em .:<ipitaí e. r art! c.ularrr1011:12. ei-:i 1 ::apita~ cu~Lural. .4ssim, n:L fa~t:L de
virtude do poder qr..1e ex~~rcem 5obre o rnen:ado. T €oric9;mente toc:!o~po·
um lr..dl.::ador rnBls ad~u.;ida. pode d11!'le?r.;a~t? qu,~ m 1ICL 111.;1rc (tdit r-.::la pas5."J d .., .;i{Ôl6l lô.i!
derosos. uma \lez que sua defecção s~mulrartru) , à maneira de um voto q 1IÇHW~ s JpP.1io~1_o;. , ()11 ;'> r.ep'.!'•"!$t1 fl,tAm 5i.. d1":1$ C?-.·~d$. di;_!i êin 46tr <10 illõt~antíi rl,fJS .1Q1 :• , l?I
hostil: dever~a arrulnar o empreendin1ento do produtor, os consun1idore.s dl!én:.'1 t~·~ ett.:re eis qu~tlros superior.as e as. Olllras da::se: rociiliS ;,2 muito frnc!I: em re<içâo as
ilp~ie<:.<;ões de · pai di? fomili.>:i. ., . t ilis. e.orno obrigr:u:;..Ces cu d.;:,,,i:iósitos em cad~r'..<:1a de paupi!JnÇilj
estão. de fato. reduzidos à irnpotênda pela impossibilidade em que se m;')k; L~r<XIE~cm:~ ,-. 1)0$$e d~ ur.i~. "<:art~1\'t - rl<' itÇÕP.S, :w~ cr'I'.«~ mulm t"'m t11n(',~ô :1('1 'f(!r.tli!o
ericon trarn de organjzar coleti.vamente suas esh-~tégias; suas defeeçõés •:1~llA. , s~l 1 •·:w qi.:.~ c'.~M• 'r!'ll'l1ltl!m linV1 rort rortell"lt;.á<J estati$fi::l'I r·l}J1) ü rn~·el d h1~Ci\J.;..:tol. d-i!}lc:i0rJ1:i

singulares não adquirem efk-áda s.enão pela agregação estatis~~ca que se 1.1n 1b~'.::-;~ ·dti n ii.o1ii .;;I i 11~1.rtJ.i;'iltJ rnrn:idetadà' !!ln si mesmo já que. i:.:m tcdoo !;"'/!. 11i-.·eis d1?. ri!rrlL!I. o
nürnem de .dm · r.1.Qr d~ fi.ac 11Jn 11 rm t·c111d!.! um cúp.lii:·mi:> d{> ensi llL"'.i su;:11ati!;}:r cr.1e p~11m a.i;:ões
opera indepenc.fonteme.nte deles e sobre a quaJ não têm poder algum . As /. Qml!) c~1NJd:1 0111 r ·lri ;l\tU' 'l~ fll11k1t 1• ,, lt1 1~1.11t1 :'lio <: •rhfl~tí.11.::6 ~-~l>).11-r.i.:> I' r, PI 1 l. HAROV, . L1:0

92
conhecer a tem,po ~ •'arostas'' a s~rem feitas, nem de um capital eco- liberais~ enquanto que as frações relativ~m en1e po•Jco providas de çaplta]
nômico suHcientement ~ importante para suportar a espera incerta dos econômico. mas rka~ ern capll.aJ cultural ou soda], procurarão prek~rf!n­
ganhos financeiros ~ riem tampouco de um capita] social suficientemente ch~lm12.nu~ as pt·ofissóes arrtsticas ou d e n2presentação o u. hoje em di<l , as
grande para encontrar uma sa.ida altemativa mn caso de fracasso. as carreir~s-r~fúgio <las burocraci~s públtca e privada da pesquisa ou da
fan Liljas das classºs popu]ares e médias {ao menos, nas frações não-assa- produção CLtkura] de massa. A segurança proporcionada pela certeza
lariadas) têm todas as chances de fazerem maus investimentos ª-Sco]ares. intin1a de poder contar con1 uma série de '' redes de proteção'' está na
Em um dom1nio no qua], como em outros. a rentabiltdacle das aplicações origem de iodas as audácias, inclusive int€Jectuais: vetadas aos pequeno--
depende consjderavelmente do momenro em que estes são efetuados, os burgueses en:\ d econ-ê rid a d e sua insegurançíii an s1osa por segurança . Náo
mais desprovidos não são capazes de descobrir os ramos de ensino mais é por acaso que . en1 todas i'l5 encruii~hada$ do cursus escl'J]a~ (e ern toda~
cotados - estaheleéim'2ntos, seções, opções1 espedaJidades. etc. - senão ~:> r~víra\.'olrn.s da carreira intelacrua!l apre.senta·s'2 <l •=escolha" entre as
com atraso, quando jâ e sra riam desvalorizados se. porventura, tal d'2sva- estra.t~glas daquele que ''vive de rnndin1entos '' 1 empenhado na maximiza·
lori.zação não veio a acontecer pelo s•mp]es fato de sº terern ton1ado ~o da segurança que garante o que já adquiriu e as estratégias do 1

acessiveis aos menos favorec)dos . Vê-se, além d~sso , o que separa as


18
especulador que. v~sa rna:•dmizar o lucro: os rarnos dº e.nslno E:!. as carreiras
informações abstratas qu~ ur11 bacheller* or~ginário das classes populares de mG1iót risco, portanto, norrnalmen1e, as de maior prestígio ~ têm sen1pre
ou médias pode obter de um órgão espedalizadD de orientação sobre as un1a. espécie de par n1enos glorioso, releg ado àqueles que nao possuem
posições raras e a famWaridad~ proporcionada a urn jovem da cJasse suficien~e capital (econômico . cultural e sodalj para a.ssurni rttrn os rbcos
dirigente pelo convívio direlo com parentes que ocupam. essas posições, da perda lotal r.io pretenéerém ganhar tudo~ ta.is riscos nunca são assumidos
permitindo-lhe adotar C!.Straté.gias ''racionzüs ~· sem ter que pensá-las en- a não ser qt rnndo se tem a certezã de nunca perder tudo ao ter.tar ganha r
quanto tais sob a fom1a de. um projeto expl~cito de vida ou de uma tt.~do . É, sem dú-....-ida, no espaço delirnitado pe~os t12nnos dessas d.lternaUvas
reconversão cakulada ou cínica (o q ue consUtui un1a vantage.n1 d eçisi\1a que se ccnsü tui o sentirn ento do suce..sso ou do fracasso1 sendo que cada
s.~mpre que a •-sinceridade'' e a ''ingenuidade" da "vocação'' ou da '·con- rraj etária particular recebe o seu valor vivido de sua pos1ç.ão no s ~s tenra
versão'' fazem parte das condições tác.Has de ocupação da pos1~0 1 como hierarquizado dos trajetórias alte rnati uas que foram rejeitadas ou aban-
no caso das profissões art1sticas}. Ademais 1 o cãpital social associado a u clonadas: ass1m 1 por exemplo, é no interior do sistema de trajetórias,
pertenc~men[Q à classe dominante (''relaçóes.''), que p~rrn ite n1aximizar o apar.entenlente confundjdas na origenl. cuJo cume é representado pelo
rendimento econômko e simbóllco dos certlfícéldos 12sc0Jare.s no mercado pint nr e pe!o fllósu fc de vanguarda. que Sé d efinem as mais fundamentillS
de trabalho. permlh~ tambkm mlnimlzar as perdas en1 caso de fracasso : propriêdades de profissões como as de professor de desenho ou de
assim, as diferentes frações. em função da estnitura de seu c~pitaJ ! Hlo.sofia, determinadas objedva e subjetsvam~nt~ por .sua relação negativa
encontrarão suas estratég1a5 c.crnpensatór:ias de reprodução na transmis- com o conjunto do.s trajet6rlas abandonadas: a amplituda do desvio
são do capital económico (compra de fundos de com érdo~ etc.}, como os necessário para passar a un1a trajetória mais baixa mede, então, a
ºmpresár~os da indústria ou do comércio e até os rnm11bros das profjssões knportânda do trabalho de desi11vestimento que deve ser empnumclidc
parÇt ·'vm~r mais baixo'', como SQ diz c.omurn.e!nte, lsto ·é, para supe~~ar os
efelios do superinvestin1Emto favorecldo pe]c) indlfer€nciação inlci~I das
1
dispntilé.s du p.l~'irnc; ne"", h 1 &;rn1(>1111.;'> e1 sli!.LlsLlr:~•i.: 14 ~). teVF!Tt:.iro ele 1973. p. ~23 e, trajetórias 'J. Recoloca.da n a ordem das sucessões, a alternativa do dsco e
12Spociab1Hmte. Quadros e!~ p . 121. A r~·laçtio (JIJ~ • 1~ : :bci.~,_..a 12rwre as 13tr. 1éqias i!CtmõmiCl'..s e
a :-.aplta} cultural S1.Jscilil ~ qi.:.esl.:i'.> tfa i 11legr~.j(; dt) .;{.:-11:& " "1ª ccmpelêna~ eru:licti :.l '.:, s~
r:tpf,~r.tm.."1$. d~ h~li~u:;~:::. entre o dcmirjo ;prático ft o C<Jtr 1n'.-O ~ilnb()ll,~n ~k1 0.,'l,i l~~l i ~. 11jc1s
il io$l.J'Un"H.:nto.."; 5$..o lor.'ll}CkJCS "f)i'! lil 00lli:i!li(50 (t:ss!l ~el;.)ç.jo SS?í~ ~vdo>:1 no <:<t!;D C~S. g.:tsk.1~
1'J . A iti.$b111l~·Ao c•.:.1'd "'r fa\'O~~ ' 'l:.!k~ ~-Od\fy,l.,Q ;:io ~~unir lrx;li...~duo:i!i dc:;.tlnaoos a carrÇ"!iras multa
ralat:..'Os fi esLéLi "ili.
di-,:e1·g~nte · ('«. Bcl1s-Ar1-c, µor exemplo, ou á F1.1culd&cle d~ ~te.si ~ ~ô s r.•lr-~ré di'! di:SIJ~.Sl\o
18. Esst:. ddd··~!-it-.ull l~nbóm pn _· l,,;,71r d !Sfd!~_gias inada• Laà.as . p::::r serem eÍâun\J~ 1:1 ci:;ntrãt;c1Hpr); t~il.!: camJir:is prrmwt das pilra ob1er 1r;,\1esLimentos qu<1se to dos d~rroporcio11~ck1s 6 co11m1µ.:irtlud
é assim que. ao •,•eriCic<1!"E'm o l\oqud::: d a 1~111;~{:d•J~ ca; r,;>lrft por 11.Ao pcs.sui!'em o h:loc.::;:,'a u rêa 1, C6 ::iu :.: i.Ji:s r - "berão de fato. ::? ,, f.:1r :1i::.r15c:entado 01.Jtro fo~or de discordil;i::i<l ~11Lrn <IS .n.spirnç~
empregados prclongarrL com freqüe1l('I", ~ seu ln~ .tir111 !nle atl! qt te ô5 :ílltY.:is al::ancem esse diploma ~ ih c.hun.:-es d .:•Jt:!Lll.'as. a saber. qui.:, em uma oonJunti ira de :r~n!!:liiçãc d-:'.IS chi"lnce; de ill:A!SSO. o
- e orr1~1ftP. ~té ~i: 1"'!!Vlrnmcmte ro mcrr.mto err.. que o diphma de üucFrcJrer NT,: Pessoa (~ ··i... lt'!-~·~ f 1" 1~1HI~ 1:1 s1ttrri (•S rr.dl\.•ldu{~~ :.ul~tr~efrlru ~ ;.u;;i ação Prn l ílli'I c::i1 :L1içiki pra'..~sória ·:a de
concluiu ooni w ~ Sü• l~ 1JSf\.rnc, ;:1Y.u1...C..iiri;)S e. por:anto, ~0JT1.01J-ss porlud:Jra do l!lç}CC(J"Íüt.Jrécltt q r.;,1 ·-e r;~ .w:.l;.)11le c;.·...i ~lnd~mle.I ~ qufil, ltl't 1;1·11e8J 100-tl':;; li µir·• 11~;ú-:_1 ·, ;:,~1 ~> 1~:r.v.rro.:: ::r,mp l(!lr.m.;;n1e
dei:<cu dl:! desempE111à!r: !)5 Í1mçór · IW~" ..v'M é f):J!Jilfr..• . de <1lltro~, quand.o .i;~arava a '"p~Ui.1:-.a l!.ncemiltol. ;::.o seu meio fom]fi;:i:r, E> prcpi.ci.a. n de:;•J iil~! soojeli·.·i:.merlta cle seu u':!:.;Uflr.;. obj~l l'..•r> .;.:.
l'X fflia" - 'via inIC!rior de ares;;c "p"!l:• p~.io cxil'l l"' - ros r..•r...;:lii. (1,00 -p1irni1tk>s'' ldt!tentore:s do PI :·h••rr i'I< .:1 l •• ~m~i'. l~npJicica d P. um fucu1õ muito dl$ti!lnt~ é"~ c..wrr.G'ição ~ QlJill. cbjetii.·amen1e, ~
C E P.) d~ ·· grand~ 1xirta", abe:i-1a s1; 111 1:1€ a.::is Lih 1l 1m:;s de un 1cl:iplo1'tll1 l\ôhl:'i~. 11 r.~1. t r.1rt n d1111tr~ ,,,~.,,, l: votpu1a . r>cd1_,'-f<~ rl\.l(.tllÇflf {t hipót;-~ d<! C]IJ~ a probabilid.ad·e de o
• N. ç_fo R.: P<'".O~ qu~-=t:Hlclll~t.J cem suc~iSO seus es1'zlos serumJári(;() é 1omuu~. por.anta. portadora im•e:t:Jm~nlo ~·.swl;n 11fir render o lucro esp~do. i. e., a r1rd.Jfll1il kJi'Jcle de um :W1• ~!ri n t.."CS~tmttrl t(),
do ''bt)rci.'lllluréê!J' (ou, J)i'! forrt-:<i .'l~(!i..rl;n-1.a , -1::,-.c''). 'iim 11lrn·1r· 11H•1t1 • :mi ' 1ir:1:; 1· p->i d6gic.o, t! dçi úu~trw;ão corr.P~iva , .::rP.SCe ri.o medida em q•.:p

94
da segurança~ daquele que '' vive de rendlrnentos'' e do especula.dor. tra· nhre esse s~ste.ma ~. por conseguinte ~ sobre os lucros maL.eri.ais e simbó-
duz-se na oposição entre a frnma por ~ceJencia revesttda pela apropriação lko5 proporcionados pe os diplomas que e.le outorga. ern suma. sobre os
monopolís1ica na ordem dos bens ~imbólicos! a saber, a prioridade diferent.es privilégios que eJe transmlte~ com a colaboração insensivelm~nte
ternporaJ (cuja exdusiviciade rl~Lintlva proporcionada. em dom1nios dife- x.Lorquida das classes despossuídas que tendeln a e.s1abª1ecer uma pro-
ren'les , pelo vanguardismo e pelo esnobismo, cons-t i' ui um caso particular} porcão entre s~us inv;Qs imento~ escolares~ os Jucros prornetidos, porrnn-
e a posse desposstüda à r~·..re]ja, aquela que se apropda apenas de un1 bem U\ antecipar os veredic os do s~s1ema • Os direitos que o direito dá não
21

desvalorizado. não pelo 1'empo. mas por sua difusão, ou melhor, por sua s,10 senão a forma explícita, garantida: l~gítima , de todo esse conjunto de
divulgação! que se opera no tempo. dwnces aproprtadas, de possíveis monopolizados por onde as relações
O rnundo econômico e social'. cargos a conquistar, estudos a fazer. de fcrça presentes se projetmn sobre o futuro . cornandando , em re.torno!
bens a consum~r, propriedades a comprar. mulheres a esposar. etc., jamais rlS disposições pre:.entes. O p oder c-0n10 apropriação antecipada, como
revest12, a não ser na experiênc:ía imaginária que pressupõe a neutraJizaç.ão futuro aproprtado: é o que mantém as relações éntre os agentQ.s para a!ém
do senso das realidac.k~s. a forma de um unlversn de poss[v€js igua1m12.nte la criaç5o contínua das ~ntE;raqõcs ocas.lonaãs . Pcderín1nos opor, 5€ aqui
compossíveis para todo sujeito possivºL Apresenta-se como campo lme· fusse o caso , determinadas formações soc:íê.ds en1 que sornente as relações
d1atarn~nte e:;rrururado segundo a oposição entre o qllê já está aprop riado duráveis são as relações de dependênc;a pessoal que não podem s~r
per outros. d€ direito ou cle fato - portanto impos~ível. alienado - e o que, 1
rnantidas no d~curso do tempo, para alé.m das pessoas. senilo ao preço
previamente p ossuído, pertence ao un1verso normal do que é evidenre. Ter cle um trabalho incessante, a outras formações em que o domínb dos
o poder é p os5:u ir em potênda o uso exclusivo ou privili~giado de bens ou mecanismos (tais corno o mercado de lTabaJho ou o mercado escolar) que,
ser...·iços fornmlmente d1sponlve1s a todos: o poder dá o monopólio de Jm1 _eu funcionarnénto próprio . tendem. a assegurar él reprodução das
certos possfve1s. forma rrnente jnscritos no futuro de .:cxio age~tc 2c·_ A relações de dorninação, c.onfere. uni direito de preempção sobre os
herança, e. não só à econômica, é um con1Lmto de direjcos de preempção p ossiveis que dispensa dn trabalho incessante que é necessâ.rlo! em 01 1tTo~
sobre o /t~ t t~ ro~ sobre as. posições sociais p-a.ssíveis de .serem ocupadas <2'. e mtextos, p~ra se apropriar duravelmente do futuro dos outros.
por conseguinre, sobre as maneiras possiw2!s de ser homem. É asslm que
deve ser H<la a distribuição. entre as dasses! das chanc~s de acesso às
dtfm·ºntes ordens do sistema de ensino. projeção dos pcderes diferenciais

2.] - r ambé11 1 í"tJ) J)ó litkll. V dorni1IJ(I t'.ci!> l í l.!!1rl1111-!?nl cs ll.~111 1 1


ét cmmm:l::.r a µ tL= ~h'ro>lkl "' dorn:ntHos.
1:• os l t11.::r1"'lS 1::.rometidcs pelo romo d 1.: 1J11~1n.o r..u carreira rnnst-:ler.21~ le!!.:;•~li't, faculd..;id:::, disciplim'I~ t!S~ !ie sr 'bel qu~. n~~,; doTnir.:.<:1, i.x•ITT[l~ncia ê sC!mpn.·. t'r:'J ~ juri<lk:0 ~fo t1m-110, 1 dl;!f'
l:áo rnnio; dr:.;pf.r!.("...•; a. ;(?'Jldo miiis difk;il r.. a nteeipaç.ão cxa1a do5 lur:-~ c:·-~ 1'X1l.1r;~ do invl?'Slirn-e:-il<:1 ra:;:;r.. ";;ld"J. e -r111p~Of:t'lde-se q,•.>e n J~M~"lío - desespau :J~ d •11tlstM pahl::ioos - 11~L> · $-::r..áo e
du: i;,;01pi~('ll c11k\1rai e dcs \:tG'{lS -e"C~ 1C.í1nlcce e ~lmbólicc!!. dcs àiplom;:is.. t"rr1 1od;J!'> tis cfom:::es tlrf' eM l.w clt1 IDtdr rsr.:-:. Ti rtlei f.'ilt'0.:e mdic"tJ (1' 11! as chancco. dt! lcr ~.-.»<, :!. Li.mil. opinioo '>:·:l,:.r:? urr..a
S"1 Dirn1'1 ll l"91:.i~ ;; d ;: fa.s.:lg:::m en':re ~spirt~õ1• · 11tJ1~ LLmden a ser r.cnu]Z!Cl.-.s pd" )11c:tr, milxlmc -e ~ 1;;l 1h.Jiçiío, 11 t.1nif€SI ··ar) ~~IP.mentilr d~ ~r~tr:-ua.o de as50J.1.Zar-~'.3 v clt,'1r.iínlo da mesm:.i . s eyi l)Çl~a
og r~.Jll.21d~ nu1i : li ?t raridade dos certift{\1d.:) ··~rtJla::-i.e no m~rr:i'ld 1c rr .~w.lho kmrl<; são r:~~-.s;,,v.'.i-la. SEjLI 1:ar-<i (I' nsf<Jttn:i ln. depe111k• .mdamemalment~ rk1 fhk~ P.fotii.·<llt'. tn té e>:;.Y ~lrJo
nec.~5ãrirJLr,E!l1tc 1r;,.-e.~lid.:'s mL 1m !emp::; dsp:::i-is) d1rn~11u~11 ll)Jls em n:~l?.lçâo ao que i.i~ (!I'~ ;~~i~ solJroe ,i.,.c;!I, in.::.fü1.i.çfü1 De k1d1iS "~ lnforniaç-ões (t:n 1~>-~ld.~s pf!a .a..~ãliss Sl?CW 111.-i ~ cb: l,,.!'t; ::onjun'!.CJ
morcarlo 110 mo1mmlo .:>~;"; qi.1ç os fY.Jt'l iY.fores d.esses ::1Lr.;lcm1M!'. 1 -~vam scus esludos·lo11 r~c'{hi. n~ de µ~r~~·.,111tM •'OO::L!rr-.a1I~ tio ~ 1...::i1 J, r.rar-ostas n::; d.ío!•J.:! :"! d'6 ..:.bm:::.is llflCG p01 <:llfr::rr~k:5 inmb..:.1'J s
~eus di piorna!:) ~lU, mllii~ f';.:?it i'l111er.t~ . .!.ln relação ~ 1E:pH?$,1 r11:J..çào que :.:~ inv~bdvrr· . i. e., o.:, frnnce.:~ d~ ~ n:1<tgam, LI rni'l i!. imr:vrti>ntL~, sem di'.n.idli. s~ ••11t<:n":i. r..as \.'art~~ <kts nAf">-r:::s:;>c!:tils
irtlh.~rluas e::oolL riu1 ª-os e sutis fon•llJC.· , tlr:.ham d.~ rnooilde do.:; dir1lomils espera~oo e dos lucros em (ur..ç&c. ;.:r um lat:lo, das -::aractri~'K:~ soçfois s ea::;l,JI'~ ij, :; tl!.'!iEDas mte1TCKj<Jcl.1t~ (cr;.t~rrria
.oortêl. 1l•.•1~;> 12m iunção das dis;i~1ç6 ·.s i 1•Ci1lr.i!t~M pc.1r um €staclo ; 1r:1~f, 1 rla me"c<1C-:J~ 3f os :.;':<.":lr,.profissicrnl. 111..,1;·1 de ir.s-..ru;ão, a. J e.. JJl"H !':(l:t'o lado, c!.-.i ePi1r1r.teristias da~ ;:ienJLlr.;as
im~.1 ~xh~1 ·~ ~i"ío merr!JS ricc 5 em q u iilq11er' ~r:·;">:l.e ri~ capilal que r:.ri.o D :-u~1 ..iral. portanto fr:t"muli'Jdas. A " ' 'nli.:;c íla L'~LruLura de t.;..T111 i'111 1r'*~t<t ('..:.lJontàne::i. cle ot.r)1!"11.r1Stacbs r.rn umi1 &::inrlb!-1 n1
cbrtgoch:.>::. ~ ~f>;'.; ;:ir tudo de~ im't!!'tm nl::; C!irol(.lr \~ (m~~~ano se sw C'JJ.IU ! r:11h 1iral é 1elafr... ,,. i:rJ;JTc I!. <:t'..s.i? do !:!s~~rm1 i 1~ t•11.o;ft\a ;v.lmirJls1.riX:k. 1•"lô ~:-:r~unto de5 ór:.~oos: dr~ Jl1lpe:nsa ~ranc~
rru:nte ~racol ~ p:.iuoo lJt:'~f:.:t!tiY.:lr.-s para e;-:trmr o n ;J!llror r111Yllmrnto eoonürrm:o "' . 1rnbo llco d ;nostrn <le mi'..neiro ~inda 111ais ,,_•dente, .qu" a a,IJI n~ríD mob! lt.:mdo (n;:i l~i~ Ja. pellç~ pnlitica) <1
1'
:; 'l• ' <;1!r'i.ficad:)S es.::olor.;:.s (e, ~ , Ir. Ç:Ô<!S as.s.:.\lanultJS ci..<lS da~Q> riod~!'~'>I. r15JJeito da irl--"~~n coincide, r:t:ilii$ tr. 1 trwr-,,'15, corn "' }'.11'}luh'lç..1•'> :li":ê;. lJ!ílJ<'irios r.;a-es<:r;~,,.:: rn 1futuros.
d1r l::5 ou L...:lirekis, dí> ~'!1.r;ino su::>E'liot. P&Jo la10 de e- interessa d0.-<:H~"b per '.Jm !Jf\JfXI v LJ d •.!Is~
20 , A. .:.;:idolc-;i<> da eKpil'Ji~r,,.;:; : t r~ r;orill , L~c é. <'- ant.liu ~las ('qto::llçõe; ee<:1nflrn11:as e ~ i.:iib <J\I:<?
ilt.,J frrr "ionamcmtc ci'.o sistC'ma d:? .sni.nc d~p@Mr ci:n grau a n q,u:: ~s $l!it2'1'n!l si:r\ls ili:)S :.f.l•L~
m c:1i!tm p;:iss.j'.,.·às as tl1í crer.t'-'! ft:r11111. :1,, t~xper!.i1:nciti tempcn~I. dr.~~lc <i lmprei,'>dcn i.:i f~m~•.,d~
ir :.;~ S.">rs, C6 rm:n rl::r·::is dl'.S d~1~ 1"1. .11.-.s ::ha.""ICes de í!t('-"- e i'i::: ..:il31 f:fna de .f3l"'t;~11v ~;FL; a~ mais früeL'lS
C.Q sL•bpr<..1l~c~ríD ac~ f!. previs;io g...11cm1 ·'iZl:'ldo1 do <;rri1n~s:'.itio, c-onsllrl•I rnu das dimensõ~
têm L:1i ·.L;:1r:m ~ m.ii!: frnQi ch;•w - l:.5 rk. t1>.r s.cesso <.:. t..:.11 ap.in iãc- e.'<.plicil.:i i! sis.C r· -Jd\-:a !>'*1re o
Iurrdacr~~:11t oi~ rfa .;;~dologi<1 ··cor'i.imic.-J. As ·e:;ln.i'h.Jt'êl~ trmpot"ilis e. ern ·µi'lr1 lcul;i,r. as d:ispr.:!:~~ões
:;iste:mr:i de r:::~111r.. ·:r11~;, p c: 1u.:;âi:; Fr~i...111):• O::I"t'. t::ido CZ1so, 1111 1 ,ilrr,. 11l 1•1 L~ d 1'! ire;n.:çâo~ \? qu(ir.<:b
frcm:e ao fo1.·Jro que ~i1r> 1l1S'i.'!°~~1 1•1 ralmcmle m.cukt1das pali"I "surd~ p: P.s~iiod~ reli~ç0es !!::t11~ôm:::.:is -
11 ~~;>;m rnl il::ess;::. 11,):; t ~n 1 !õ -r~11 ::l 1'lllD~s m11itv 11Xh~lrlil5 de perc~r , ,.., :~1:11;-àl!!i ~:bjd r•::is deMil;.'
r>1llO rlL~ M-.1-rx. isto €, r;':'.fo ::i• :t.,rn;; d.as !iar.~õe.; e-anãmic.:M ~ ~· nhólici\;; i?lsso::i<.t.(.k\S ') Li~l'li'i
~Lun1~ . f-:i n mm::. . .:. pJ:) ,hCtrl.=td~ di:: um <i g Lmt'=! lsolnrlo t~! acesso - f, i a de qualq~JEr
p• sici'io : fQt 't'jnln=>.da dentrv d!!S esrn.1t11rl):: ~ 1 ~00C.mh~s. !:âci •Jmi'I di)s n11 11.=tQ:~..~~ pdas qua~ as
pm 1.Ji111·n1o d<' p r:'.}cumçilo ~ d~h·~!}<i .;;!o - il umil opir uf.o .;1.1q 1lkl~.=t 2 :-:oerenl l! ~br1· ,1 ~Lmn<t
rsl ru~i.oms objt•l'l1-'ô r.<'lr-"r.g·.H~m e5trulura too~ ~ .":)!p.mén.ciri . i'I mm ·ç .J p1 e. "~~erienciL'l
1

cm '' :srr..o -!'.'. D~rt;dl'· tr ri~ um.a aç~c ~sll,lí~.11.-:u cieslir..ada rJ 1r.fl.üimcibr' r. fun..:iona~:sento clo 11)~'.I!".~:
~onórn:::a 5.;:m rw:m!JJiJr f)~l<:l~ vi;::i~ de uma delén;\it'a[l<)u; m<Jc:ártiü1 íJl I dt;? 11:m~ tnr:~?/.'.l;i, do.
f)1'l)t:111 I,. d Ç.íilll •'rrr ic111~ <·I•• .t~1 fl 0 J1..,d1~ dl"SSe s~h:11 1\1 lfi.l ld 51Ja Hrpro:luçã.1 , I'! do gr;;11 r::m que e:.1.à.
;:<.·t~d~~l::l?.. acl ~uada
tr;t. , ,,.~ qd.ri - 1.hwt11.·.1m 1 111• l•1t~'1 1 1.1LJ•1 fr.'ilm inle - ém s i Íl ll !~i l'ldmL!nl o .
O SENTIDO,." E A fNCLINAÇÃO"*"'" de que a fa,rníJia dlspõe e os ínvestimentos monetários ou não qu~ déve
consenbr para reproduzir , através de. sua descendência ~ a s ua posição -
Enquanto necessidode ietra. vhiuds.. o 12thos dº c.la_sº é a prop-ensàia dinarnicarnenle definida - na ~strutura socjaJ, isto é.~ pata realtzar q Futuro
ao provável ?ºla qual se re.al iza a causalidade do futuro obiet~vo er.n todos que lhe está destinado, dando aos fithos os mejos para reall2ar as atnb1ções
os rasos de correspondência· entre as dispo5jçóes e as ~hances (ou as ~tetivas que forma para ete:s. A..ss.im se expUca a forrna da relação que se
posições atu21is e potenciais na €strulurn da dls[ribuição do capital econô- observa entre as estratégias de fecundtdade das dlferenres dasses ou
mica i:! cultural}; ass.·m, sBria vão tent~r isolar ~stati.sticamer~te: o efeilo das fraçôes de classe e "'s chances de ascensão s-odal objretivamente ofen~cLdas
dJsposições éticas, perfeitornente redundanle~! neste caso, das co11dições a seus membros (Quaclr·o ij. As das.s~s populares ; .cujas chances. de ace..i;so
das quali. são o produto e. que. elas tendem a reproduzir. Ern sun a, os à dasse dhigente em duas gerações s.ão pratk::ainente nulas, ten1 taxas de
efeitos do hab!tu.s j-a mai~ Sc2 encontram tilo bem esconà1dos a não s€r fecundtd~de muito eleva.das que docre.scem ~igeiramente quando aumen·
quando aparecern con10 o efe~to direto das estruturas (ou de uma p osição ra1n as chanci?:S de ascºnsào 1n~erg~raçõ~s: Ass!m que a~ probabiJid.ades
dderrninada nessas estruturas, tal con10 pode ser ro..ferer.icio.da através dos de acesso à classe d~rigente (ou, o que dá no mesmo, aos instn1mentos
indicadores do capjtal econômico 0 1i.1 do capita] cultural} porqu e são capazes de assegurá·.lo 1 co·m o o sísha•na. das instituições dº ensino superior)
produzidos por agentes que são a esttutura "feita homern''. TGxlavia! há aiingem um certo patamar, as taxas de fecundidade mostram uma sens1vel
casos em que o~ efei~os desse ethos sempre em ação deixÇlm-se percebér baixõ entre os contramestres e empregados de e.sctitór1o, fracão ern
diretamente porque o capital eíeUvam~n.te possu~do no fnsw.n te consrde- Lransiç.ão entre a classe popular e a dasse ffté.d~a2 \ a e:ss..~ fat1a irttt?;~1ecli~rla.
rado - ou o tutL1ro objetivo por ele assegurado - nEio basrn. parn expltcar pertenc:.:l!.m ainda os artesão~*-4 . fra.ção também dé transição , porém em
comp!etament e deterrn1nada~ prãticas ou. o que dá no n1esm o 1 dis poskô12.s decJínb, Nas classes médias propriamente ditas; cu}as chances de ascensão
que ele necessariarnente engendra ~nquanto saldo das aquisições ant~rb­ sáo lncomparavelmente 1nais elevadas (e mi:.üto mais d~Spérsas do que as
res que encerra em potência o seu futurQ e. por çons·eguinte, a propensão rendas}, as taxas de fecundidade mantêm-se em ~Jma diferença mínima
a fazê-lo ti.d\.rir . {oscilando entre 1.67 e 1. 71)i com as classes superiores, a taxa de
Fecundjdé:lde torna a subir fortemente, dando u~stemunho de qu.e a repro-
É as5'lrn que as prática$ da fração ascendente da pequ~na burguesia
cltJção bio,ógica não desempenha a rr-u2:sma funçJo no sistema das estraté-
(e, de modo mais. g:eraL das classes ~ tndividuos em asce.ns.ão) nãos~ de.ixam
gias di?. reprodução dessa-s categorias qiu e só precisam ~nanter sua pos1çâo.
compre~nder con1pletam ente a parUr do C()nhecimento das charic~s
sincronicacr~enta. nu;~d1du.s ou, em outras palavras. dl~tlngi.,1mt'l-s€ s iste1nati~
cumente do que clevf::!rlan1 ser tecricam€nte se dependessem apenas do
capital úconôrnico e/ ou da ca.p1ta) culrural.
lss-o é obselvado 'parUculannenta bem no caso da fecund]dadé que~
s-e ndo importante paru as ba~as rEmda!) p Q55a por um mínimo que1
1

corresponde grosso rnodo às rendas moorasl para crescer novamente con1


as rendas elevadas. Se isso acor1tece desse modo é porque o custo t"elativo
:Z3. A.:: cnt.~gõ1t.a.-=.: cJ....".I i~pr~-g<irlcs .i1 c~~ctll6ri..:.i r..i vumi;!f'(.iácioo rwo {:!Sj,,f o bl31Tl d1?1lni.di:1s ..~m. mi
do hlho ~ baixo para as famHlus con1 renda rnais bajxa que, não podendo ci!ol egcria dC4 L!rnpr~adc~ fl~ .::sei-li (mo, ~o liiêú de bru.1c.hrios o·J c-ornetciános. ~ possi•Jel
vis lumbrar para os filhos lJm futuro diferente de .S€Ll próprio pres~nte, fazmn ':'r't::'On~~il" w 1~rr~~d~ de4.1rme.tém -Ci.l ferrC\.iàrios. A cat-eg,ori;::. dos: oom::::1clfiric~ ~. s;ern tr.'J~:-IPJ,
J i11db 1ni.li!< h~ii'.mó!}en~. )6 que aí se eocontrnrn :ljudantes d.e a<:C11Jgue ((ln=llf.(lnt í:< q1J1' o.s ~)udi:mt1j.S
inv12sfünen os educativos extremamente reduz1dos e baixo também para 1
dE silll::k bart;:, e pzid:uta si!io d<iss5ficooc:r.) ç:::mc~· 01::...~r-lc.s q~Je_ ltl~d.-.:. ), ao l.:ide ti~ repretier~~;nt~
~s familia.s doladQ.s de rª"nda elevada~ já que~ renda cresce paralelamente do:'!. v;:mda~ ou g(!r:>fltr~:: ó~ lüjl'l <".(lrl) i..·'111.;i:r ~I 1 ur~ws. P~u~ y.;;i u;;r1n i:onÍilmilli;iiO rl.:i rupótese
aos tnvestlrnentos. passa por Utn máxlmo que corresDonde às rendas Ol'O!'>f'.?ta. oo fato d P. t] )i.'J 11 t illl!.;\ d(' f 1xLrK li• il'rdr~ dt::5 ~in pre;Jixl~ de ~rilfaio de: s!?lar püblk n
[~t1tre. osqu1:i~ !!: rn .im 1'l f'i':il~;!: rl~s tril-7k lh~,;:lore!; braçat;: e de 2 .04 wr.Mi!i apgn~i; 'J 1 .8,~ pi!ira os
médias. isto ê. â,s clas5es medias forçadas ~ p~la ambição da t:iscensáo soda]!
emµre~dos de e.sc::itóric da setor privrid.:i que sãc qua5e. Ci:x1os as.sala:rl.;ui<1s n~G-:trtnn11als.
a faz.erem investimentos educativos relat]van1Emte desproporcíonados aos
2'1. O es!udo de G. Calot e J.·C. De...ille i!.prnsenta iZl ti'!Xi!i de f~uoold;id~ doo i!ttcs~oo tê ÇorMrci.:itilés
seus r12cursas22 . Esse custo relativo é deHnido p.e]a relação entre os recursos C.on.iun1a:me11'1.e ÍOU sejr.i. 1,92). .Mas e po~:s.ll.'i':J: ~t,1brJei:.ftl', f'l(:IF n 1-eiO dl::' q lJ1il'llt> d.1100~. qu'-! ili ta:K3
de lt'!>:undid:l.de do~ .a:rte-~ào;. ~ m1ld.=.menm s11p "11t:r b dos 1:11r:4um;:rs rnmerd.1'.intes: c;cm efeito,
11ti r:iistl'J~1 tJC(lo r;.;Jr c.:1te.9ori~5 soc:iopmflssionilís d r:> ;nümE!fD de filher.; c.:im ldi!id12 ln íerlc:r .i!i 1~
n(J!i pt:( e11w •:segun:lo u r~::cnseiln'l.€ntb de _'J6B) qu11 mosLr<s glabf.tlmP..nt(! e J))rl?.<:trt.'.! ~Cr'ltltir.&
.. , dt>R, 'Ko or..;ir:.al pe.'1! e di.'1 dl5hibuiçilo dns Ln~as de f~·.md l:.1o1Je apn~r!ntad"1 110 Qulach1 1. ( 1~ <1rt~fil'J<!. ocur..11:1.m urn-11
"'"' N ~ :R.: Nr) -:1rigioçil, J>etti:.hat1 t. JXl!iLÇi1 , mL~>I ::: ~::.ai~ pró:.:lmil do'\ ~>llcr>i ::.l'lf:S. do ql1..;i !JS ~·t.'!Q'll~r'los .i:omercianle.s: <i nüm<!r.n mêclo
d(~ ill l 1r;.o-., e.: m 1 1d1'1 1(' 11!'vl'Jl>J' 11 } J 10!! por cri:5til e de 1 ,35 p;::.rn os Q'JJt!r~'l'iõS. 1 01 1Jarai r:
2.2 . P. BOl '. RP IEP .:!. A. IJAKBEL, UL..i. !in d\rn m111ltl1~.1.:? ll'l ti~m(!r fr1 DARRAS. L'1 PtirtO!.'W de.~
artesf!O.S. 0.88 µa::il- Cs mnpt~óil r' Ü, Í'~ para L"-"' p,cqlJ<'ro:-; OOr.L'l~QeiíU~
ber.iej1ce;S. Piltis. td. J c M lt"J,JIL
l 9GG. p. J 36-154_

98
Quadro 1 - Taxa de fecundidade e ·chances de acesso à do; se~ en1 outras palavras , certas categorias de agentes podem ~uperesti­
dasse dirigente das diferentes classes e frações de classe mar suas chances e ass1m realmente ~umentárias, é porque as disposições
ChaJ~ces de a!'.: e.s.s o cU. T~xa de tendem a reproduzir não a posição da qua) sào o produto , c~ptada em um
Profissões • dass.es superiores'* f er.undidade ** momento dado do ·r empo, mas o sentrdô: no ponto con siderado, da
trajet6rla jndjvidual e coletlva. ~1ais precisamente. as dispos ções frenre ao
Assalariados agricolas 1~8 3,00 futuro e! por consequência! as estratégias de reprodução, dependem não
Peões 2,3 2,77
só da pos1çào sincronJcamente definida da classe e do indi.v]duo n a clas_e;
Agricultores 2,9 2,83
3,7
rnas do sentido da traje.tóriã col@tiva d o grupo do q ual faz parte o 1nd1v~duo
Operário.s sem quaUficaç1ío 2i42
Operarias quàl.if kaclos. 4.3 2. 10 ou o grupo (e.g. fração de classe.~ Jlnhagem} e, .secund()r1amente, do sentido
Contr~mestres 9.6 1.94 da trajetória parttcuJar a um indivíduo ou a um gru po englobado am re)ação
Artesãos 10 ,6 wtd< à trajetória do grupo englobante.
Empregado$ de escritório 10,9 Ainda q ue se;a possível. sob a cond1ção de se colocar ern um nivel um
Empregados de comé:rda 12,0 tanto grosseiro de agre ga ção estatístjca~ opor um e thos p equeno-burguês
1

P~quenos comercianrns 15,6 da abstinenda e poupança ao ethos burgu~s da nat11ralidade, não se pode
Quadros médios 19.2 1,71 deixar de consjderar que €5sa dispos]ção re:veste um número de moda;lida-
Técnicos ZOA 1.67 des e:spedtkas. e até singuJares 1 igual ao das mane ira.s de ascendºr a uma
Professores primários 32.5 l.68
posição inooia dentro da estrutura socia~, de m anter-se nessa posiç ão o u
lndusttiais 3!:>,0 2.09
atravessá-la~ os men1brcs da mesma d a sse podem ter disp osições frente
Gr'.:1 11<le:s comercia ntes 35,6
ErLget.ih e]ros 38,7 .ao futuro. portanto di~postçóes mo rais, rad1(Àj1me.nte diferentes segundo
Quadros supetiores 4 2,0 ~.oo faça1n parte dê uma fração glo ba!mente em asc~nsão ou em declínio; e
Professores 52.7 secundariamente~ confo nne se encontrem rue~ mesmos - primeiran1ente,
Profissões liberais 54.5 _l - -2. 06 enquanto membros de uma Unhagem e, ~m seguida.. enquanto individuos
--1
- em movimento ascendente ou descendente. É as:iilm que, se os peque-
w l.N.S.E.E. [lnsH"ut n~H0nalde lastatisliq ue et d~ étud es éCCJr'lõmlql 1esL l:ºnquéJe
l J OS'.i- n o-burgu eses em seu conjunta te nden1 a m ostra,r-s€ maJs rigoristas sempre
f ortr1allr.m et qu.c:Hfica t!on projess ionn e1le 1970. Probabllid"1des de acesso às
que questões morais estão e m jogo; todo um conjunto de índices opõe o
lasses supe:rtores para o honums . ·egundo a profissão do pru.
rigorlsrno repressivo das frações ettl r~gressão fo:m partlcular 1 os pequenos
~ 1: Número rnedlo de hlhos por famHia c0n1plem! fr~ G. C.l\LOT, J .-C. DEVIU.E,
"NupHalllê el f~condité .sekin !e milie~J ~odo cu.lturnl", in f:conomie et statls!ique,
artesãos e come rcia ntes em ded inio) e o rtgorisn10 ascétko das frações
(27), outubro de 1971, p. 28. em as-censàu {a111bos disUntos do conservadorismo éüco que se enconrra
.,,.* tr Ci. no1a de rodapé 24. rrn grande burgu~sia ~radidonal} . PélO fato de que, tanto na produção
quanto na a·._;aJiação das prá licas, ela não conhece e não reconh~ce, em
1JJtjn1a an à.lise 1 nenhum. outro critério a lem d.a contribuição que essás
Os pequeno-burg•.Jeses ascendentes são rrôprjamente defjnidos pelo prática.., podem trazer à ascensão sociaJ~ a peqllena uurguesja ascendenLe
fato de se determinarem em função de chances o bje tivas que não teriam que se mostra habitualmente muito mais rigorista do que as outras d as.ses
se não tlvessem. a pretensão d€ obtê-las e se não acresc(;!n[assem, por {em particular, €m tudo o que diz respeno ~ educação dos fUhos 1 SQll
conseguinte. aos seus recursos em capital econôrn ico e cultural, recursos trabalho~ saídas, Jcituras. sexualidade, ·e tc.) pod e, sem n€nhuma contradi·
.m orais. Como essa força ad icional não pode eJ<ercer·se a não S€r ção, mostrar·se rnuLto mGnos rigorosa do que a moral dominant12 é do q ue
negatiua m eri te, corno poder de lim itação e de réStrição, é compreensive! as fr.~ çõ~s da classe dominante mais vincula das a essa moral. sempre que
que não se possa inedfr seus ºfeitos senão sob forma de "grnnd~a.s tl.:> práticas condenadas (cmn o o aborto e o ac12Sso dos menores aos meios
negativas.,, cortio teria dito Kant. quer se n·ah2 de ·· ºtonornias •r co1no contraceptivos) são postos a serviço da ascensão.itt_Esse rigorismo ascético,
redução de desp esas. ou de limitação dos nasclmentos co1no rest rição da
fecundidad12 natur~I . isto é, en1 todos os c.a~os de m o rQf ou, o que dõ no
mesmo, de econom1a, a "Inals moral das ciendas morais!·. Se; ne.ss12 e.aso,
c:is dlsposições não são totalm12n1e definid as péla rt!.laçã.o, em um momento
25. ('.'.'r:'l íormt m u•tr , 1~ tort1)Ju1raç,;:jo fl.1 f' tjue.i r.l burg esla d1~ p:-ome.ção ~emprcgt.<fo-s de escr:.I::!Yi J ,
dado do tempo. entre o capital p ossuído e o estado do ine rcado, isco ê, 41mJ:r0$ rnl' it,.,,, t.!LC,) ~ .-4, [11~~\ l<':l h'I ~)IJl --' llP.Sitt ti 15. f,t'OO :só~~ ilpres\",t\tbV-' reµresent.;iç~r..
pelas chanc~s objetivan1ente assoc1ada_:; à posse de um capitaJ determinci" 1:t i -omu O'í m n pl'P': 1dr:• 1·f,1l ~." ,,,,l JIL ~ 1 l'I •rr.Prel;il , vl! cl ·cot«i.dc.P , il..'I r • "?}1cioni::.t a.$,

100 101
q uas,.e S€mpre 3:SSOclaclo a um progressismo prudent~ .e m pofüica! difere 0 p'razo de acesso ao bem ççlbiça-do exçede os ~1n1it~ de uma vida hlJmana,
radica~mente 1 e111 sua inodalidade e no número dé seus i?frejtos, do ~]~ é o horoem do pra,zer e do presentg .adiados que serão v5vidos mais
tig,orismo repressr1.,.10 mais freqüente nas frações em decJínio; com efeito
1
1 1 t.arde ··quando ho·uver tempo·', ··quando tudo estiver pago' 1 ''quando
tendo por prindpio o ress12nUn~ento ligado à regressão social, tal rigorismo 1entürm r os estudos··. h quarp1o as crtanç~.5 estiverem,crBscida s" ou ··qtLando
pa rece n ão ter outra finalidade scenão a de proporcionar àqueles que s6 estiv.er aposentado'·. Isto é., com multa heqüência1 quando já for tarcl~
t€n1 um passado a satisfaç.ào de condenarem simbo1ica·mente aqueles que dern ais 1 quando, rnndq inve scido sua \.:ida . já não houver ternpo para
têm um futuro, ]sto é 1 essenda]mente , os jovenszto. E pode se v12r o melho r 5
rncuperar s~llS fundos e. for preciso, como se õl2. "voar n1ais baixo ! ou
meJh(::ir, ''Cl brir mão em retaçãô a suas pr~tensôes '. Não ha reparação
1
ínclke des~a- distinçào no fato de que os membros d~s frações ascendentes
passam do ascetism.o otimista ao pessim•sm o, repressivo, à rnedida que para um presente perdido .. Pri.ncipaln1ºnte quando acaba aparecendo (por
avançam em idade e. ficam desencantados frente ao futuro que justificava e..x~mplo; col'n a ruptura da relação de identificação com os filhos) a
27
seus sacrifícios _ ''O tJresente, diz La Bruyêre, é. para os rlcos; o fururo desproporção en'tre as. :;,c.u)?fações e os 5.a.Crifldo$ qLH~ , retrospedi\.•am,ente~
para os virtuosos e o~ hábeis··. Toda a existênda do pequeno-burguês subrral o sentido a u1n passado inteiramente deHnido por sua tensão en1
ascendente é a n tedpação de um, futuro q ue, na maior1a das vez.as; não relaçã<:) .(;)0 futuro. A esses pardmontosos qu.e deram tudo sem contar a
podera viver s~não per procurac;ão, por ]n[ermédio dos hlhos. para os esses avaros de si que., por cúmu]o de generos)dad~ ~goísm ou d~ Bgoismo
q uais "transfere~ como se dtz. suas ambiçâ<~s!'. Espéde de projeção generoso. sacriH~ram- se totaJrnern:e ao alter .ego que e:perav~n'l se: -
jmaginária de sua trajetória pa.ssada, o futuro ··que. sonha para· o filhó!' e 5eja a curl.o prazo. em primeira pessoa elevando-s~ na hJeratq\.LLa s?ctal ~
no q uai se proj~ta des ~speradamente de.vor"tl o Sªll pra:sente. Por estar sQiéL a prazo mals bngo 1 por ínterméd)o de un1 slJb!i;tttuto moldçK1o a sua
condenado às estratégias da vári.as gerações~ que se impõen1 toda vez q ue ~~agf!m Gsse Hlho péio qual ··fü~eram tudo'' e que ··fües deve tudo'' - nada
resta senao o re:: sentimer"'Jto que serript·12. os acon1panh ou. em estado de
os ~mimndort!l>,, ecc.J. i15 .:.fü:posiçõe.s frenre L"tó JuL·uro e, p or c<Jnseguin te, o oor~·Jn~o d;:is pr.iticas virtu~lidade , sôb a forma do rr1edo d€ st;?rem otários de um rnurido soei.à~
e opiniões de~end;:m-i tam'b(!m. s&und<irir:im~t e , da antig(!Jldad~ e ampli.d.t:i...:) de mo•...-Jn-ien.:o &. que ]hes ·cobra tanto. Para obter a desforra, basta-]hes tomar posição em
;::is.::qnsão socla_ e d4 s-,:it1. cti~~l'!:tadc- no 1•_'lp~~o sor.Utl; os n:v:1nbms da nov~ p[~u~t'\:'"t \;uJr_gw.•si.il.
v~~ndoor.l"L}S d~ 1-i(IJ'..5 ~~mb611 -~ qoo s~ d 1,,. (11)'1 px=i~~ po.,W•es "de h;turo~ a~rirl,::i mal cli~flnJrl;,is.. mal
1
S{::U terreno predlleto, o da moral. transformar sua necessidade em virttJde!
~t• • da d~ d~ l'StnJltJr'o!:l ooci~I G i:i 4~11;1:111. ooir10 ~QI diz, -tJJd~ ~ e&f)eri"o11çd.s"', ~tndo:t qui.:: um clrigir sua moral particular1 tao ,P<!ffeâtcm1enrn confarrni:l à idéia comum. da
ilt1Lh."' irtenli ta~. sEto JM Ini1kll'ls. mm <li:s.r.xJsiçóes ~~uicu gr)r:mw aocêc.h::M dü qlt.z oo n-;~r1littiS· Lia moral, como mora~ universal. E qu~ eles não tém somente a moral de seu
l:Jtlq 1J~1i'I burgu~ia i:!e p rnm;:içi:i::; qua .se oriil'ill m1tt. qu~ semp1é pçir '.lm &.sf-::irço d!l biLltodid í11õ .
~ara. posiçb2s M muito definidi'ls_ clõ'lrar1Je11te 5Jluadi'l5 em um~ hie.rnrquli:., ele.
jnter~sse, ·c omo todo o mundot mas lnteresse p~]a n1oral: para esses
2 6. ASSl1tt. d('.:S'.(;t:br~-s · por e.xemvlo. (JL..~ o s, ~ules~os ~ cômél'C'i nl~ rr1aruf1JS1.f•m 11t"r1A ~l.Jsocl~
denunciadore~ dos priví1€giados. a mora]idéld€ é o único diplom" que dá
[Jr-Óxirnll dl!i """""4J;.}ju_ie ~n rf!inç.ão .w;:ir; roti~[tis (20% de11Lre ~ de.:ltirntt~ qu,é. !) u~f'IJSI& mo:.J~nô .• d irei to a todos os privi]égios. A indignação rnoral engendra posicion~rnc:m·
iJl{]u~m que zomb1:1 do piliJito" -::ontra 1.3% doo qu~dius superivres i2 o~6oos, 9~ o:.bs que.:~ Los polkUços fundarnen tainumrn amb'lgucs: o anarquismo humanfr;ta e um
n'cl.a;i ~ G% dcs agrk1il:co-i;::;.; o u alrA'l Z8% de-ttre ~ i'l [lJOl.'iID1 ~ idéi.a de que a Mpmh.!Til é urr..a
q1uasti\o pura~~ ·.:nm~ ·· r.anú-:.:1. 20'#, Li.o s qu;:iàro_s m.a:lio3!, operati.os e agri::ultet"es, s l 5% dc-5
pouco choramh'tgas ~ quê pode prdongar-se para alérn da adoJescêncla en-t
qi..l.:i.dM $,m~!ii.on..::~ (,Jliti d*' $ttçi ôs i 1ilti. !l)r'tJí>\~ a dlw q\-~ õS pmf~SCl;';':i. t\ilo sab~ni t i\ZJ,!l"Sll: alguns velhos boêmios românticos, umrienta-se mu1to fadlm~rue1 com a
r;!Spiiitar fou l.llf!j i\, 62';!i, 0011rra 55%~1tre os q..i.i;dros milidKJ~ e eo1pr~ti.os, r:A'K m'h'P. o~ c:pC!!'â1io51, jdade. para o niilisrno d~ co loraç~o fas.c:~sta~ endausurad o no remoer e
4B'};'1entrE os ilgric11lbri:s e 45~ i?Illrt? ü5 quildros supizriml3), rp1e são os m !'l:is in;:lirY.1éos õ itntXtti!'I~ . . L~

o fracasso da:; f.ílhos r.i."".6 e.sl:-.xla!: t11.o fatc de qu-E "r.ão estw:rarn e suik ienta'' ~-ou 5\!j<'S. 57·;..s ron1ra ruininar dos esc:~ndalos e complôs · .
41% anlTI! ~ quadrc<S mã:..::in~ .e. emp regrdos. 46~ enrre r.6 oparittios € asn::ultJ;;f~ 41}'}(, e11rre C1b
quadras superic-~li!S) w julgar que a discir~na não ê Sl!\.'l?ra e bas::ante OCt!i e.st:ab::locimen1os e.soolilJ'rs
(ou s'-1 • 45~ 0:::1ih1rl) 38~ 4$'11r rJ 03 op<!t'árl~ 3lí% imb"c oe; riuatirc6 mt:t!las e emix·~ dCG, 3'1 %
erure os ilgt1cull·~re-.: e 3(1','\. enlie os qu~ superiorf':!i) (F'cml~. S. O,f. R E.S.. I.er. Fm t1ç.n1,1: et ;''cm 2 8. C• qll(~ 513 des·~f~-·e i;.1lJI e11ma fCITTk'I. d~·1tre J;)'!Ib'i'.6, di:l e'.'t!ll •ç.ii.O das dis~si1;fü:s r,ditlr.as, aqu'2-l.i l q;vt:
rnooerne, 24·2'9 de .:ibril ds 1 972~ e S.0 J-.R E.$, Lss F1"1~GI~ cr 11es 1r,ir"bler1 1,;s de ,l'f!çj1.,~r:a: lorr l..?1.·a os émprcg~s a q11adros rn~lit;)S <t ackotarem, çpm :1 avanço &. i:.fade, pc:slç6es. rei;n'.SS:.\100 ~
tic~ JQr.!'J!P., ~tudl.'! ;)Upr~ do:>.s p illrc:trAsi, t . li. ji:.mba•ag,osto ds 1973). repr~~.... ~ m:é.s pr6:<i1m1s J~ JY,o;:,i~é..._>s da; p~wc-ntJ€. oomerd::iT1L~ ~~ ::,obr\:iudo, .dtis l~"YJU~nc;s
.mrl~;S(lj ,,m de::linm, d:J- qu~ '.lit!'l. IY..L:;içõe:. doo lnethbi'cs mr:iis po,.'i!11.$ ti ~.!ia próirnti dasse. m:!Ji
2 7 . A hipótese praprul a a.:irru. par.::.::12 er:.con<rar 1J1 n e.::: meço d.: vEifL.::;111;ã.;:i no fol[} .;:li.'! qu~ E <:1t>sfil'/.él. rtgotiSCf'l!I rlo que n~prl.'!SS',vc~. ~- l2'~iso. e;,it.;!r;tüYJ0'Y.e. l?o;i.cir mtilvE/;~8J' uma r.::la~o 1.J[!.fl3-l 11.!ltét+.-=a
!').') t'!i1n('1go i;ii) frt'iç!io <li;:.;;. i;•...1ooros m~cbJY.i e empre;ados.. diferenças emre <i!: i;)i:-;r:is l?lilras qui::
1:0 11'1' , çi GYo1.:iJherimimlo blliógico e a evo.'l,1~-âr> ~m dtreçiio ;'):::; -::.01 ervadoiismo. As tru!ddn;M de
são m~is· marcantes do G"Ue rio ~m~J:i:> da~ ô utws cl~SSojg ou (raçõ;~ d» ctil:$Q, !lemp~í:! que as dlspC5içful B 1,;osi:;ito r "tll'rleil.S não rrmn~~m umil !'a..:iç.iii.:i .:ip;:.rnrilii! oom a. i,da~e ~ot"f!~•-=- por lnt~~
pel"SIJíl':°Zl! f ~tb'.S oferocem <is d1spc!lÇÓeS rer:m::i;s~-...'d~ '-111,('l O[;)J))'ll,Jt'Jldarl.;; d1~ 111:: .:r1{i.$!1< O ([)Clr .d. s mudnnçru: dli )ll::ie;k&:i scci~l qu · ~ apera.m nc- [ !?;l)r,ó; o nllma-o de renf:i<l.S di;! evd.o..:.;~:i da~
"-'-:r?lllp~o. <i p~rtr: do~ tni7.mbrc$ do?.ssa categof.. :l. que: :rejeitom ~ id~~ '-~ qll~ os i-Jr'Ôtessc..i~ 11;'.!lõ opiniêor5 p::Jll~ie;is 1~ [g!Jíll r:io tl<is Í<..1rtr ..=is .de er.ivelr.admil1 1t t sodru, isto é. ~ h~Jl2tórias sod~is . .~
siio lit-'Vm~ u b!tSt.ílliC p~ssa d~. 36.2 't: par.;>. 2'9'.0% <:: 26.4·},', quarx:lo S"2 pi!'ls:=ri d.as pesi::ol'.ls ccctL t.droki~ rot~r..r~;k:ra quE ccet.>t1íl!!'" a relação l!lll:re i:. ;!:'.•~l~1çlio ~ dire~o ao •~e ~o.ac.kiri!smo ~
idade i1~f-Erior a 35 nr.os paii"I as p.a<:soi!Js 1111 it.ii:-;,:, etária dos 3{; .:'I 5(J o'lt'll:J$ l.l t':(;ffi m~i$ doiJ. 00 o envelh •tün~to ~mt™:itnm.el'~'1 1;1 ,..;iciad:J a um prt:KJrrj,·.so ~ X1bedt1:ii'- P. ruzwl como lm
Cin;:u;, res.µectli:am •r:.te; da 1ne!rn.a forma. a tr.ii ção di!::~oi gmpo q ue consi.de:rí'.'l qui& <J:.o f:1c':tf ;,:;..x';(lt'1~ anlru1.10\õgiC<1. e 1?11oor~..i. fl(",,"'&.'.'J relaçito a m12.l hor ju~c1fü:·.Qil~1 i!i pi!'lm ti $1..ll:i r~pre:enlr:i:;OO p{Nia~t'it ú
€õZ~(· 1x.ill1>::d ~ Is f.(1$$(1 M 44 ,M'i.parà 4 { ,C.% e 60. 4:lfo raan•.;ame11te ãs ITI·:asmms fa 1)(1;15 eLMíllS à "fu::llct11. das idqdogitis " lrloi't'i1çi(ls rw:Jlllât:t:iiJios ("°l'I J1,JV.c: rJtooe d~.•{:? 5~ bmn illlJl"O"A'!.it.~i\"l Ct) ffl
o
(d_!.F.O.P_. /\Wtude i"ég.:::rd des e.riseienttr.~s. rtt~T'ÇC rl;~ 1970 at"!f:üise :11!!0...1ndária t'~alizad:i. E.'.lll 'i •JJ ~·.rm t1..-xl~ .u •TI 1, • l oorl!:.ld~ar:do q~~ ().'lt'<l snnpli:Rt'.(»', iH ~numí!Jiw.:is tu~~ dn
t:i<!lo Ccnir~ de SQt.'k}.lcgle e 1) n::ipP.enr.:el. 11 1,.'{dh.!l".lmt't .to ~od. 1rtt t1 uf..,r(?d~~ ~i é•tkll, •11t"-" D~.1El');)·burgl,,l as ou b'l.ITgu~ (os 1 1r~C6

102 1 0~
~ sa voc,:,ção das uarjantes sistemáticas do estilo ascético de vida Se é verdade que as frações n1ais ricas en1 capital econômico, a saber 1

QU~ ~raderjza propr2am.cmte as dassºs médias basra p<ira mostrar que as os pequenos e rnédios cornerciantes artesãos ou proprietário-s de terras., 1

estratE?gias objetivamente orientadas para a manutenção ou me!hora da orientam-se de preferência {ao menos até uma data r~cente) para a
posição ocuµada na estrutura social constituen1 um sisrema que só pode poupança. enquanto as frações mals ricas em capital cultural (os quadro.s
ser apreendido ~ entendido enquanto tal pelo retorno ao seu prindpio méd ios e os empregados} recnrrem pnncipaln1ente à escola, ambas têm
gerador e uJilfic.ador, o ethos de dasse. por Lntermooio do qual toda a vis.ão e.m cornum o fato de inve;;rrrem, em suas estratégias econõmicQs e
do n1undo º.conômico e social, toda a relação con1 o outro e com o próprio escolare..s d€terminadas dispos]ções asc~ticas que caracter)zam a clienrela
1

corpo! enfim. tudo o qu~ foz o estilo próprio do grupo afirma-s<Z em cada id~al cio banco e da escola: boa vontade cultural e espírito económico.
uma da suas práLicc1s, quer seja a mais natural em aparênda1 a nleno:; seriedade e alinco no trabalho - ouiras tantas garantías que o pequeno~
c.ontrolada pela consdência. pela razão ou até pela moral. Com efeito, as burgues oferece a essas insrtru1ções, embora fique ln eiramente à mercê
~stratéglas de tecundídade dos pequenoM burgue$eS ascenden es. assim d~s n1esmas (ao contrário do detentor de um üerdade!ro Câpitai, econô-
como suas 12..Stratêgias escolares, só reve]am seu sentido e funç~o ao serem rr:ico ou cultural) já que é unicamente por seu interm êdio que p ode obrer
1

recolocadas no slsterna das e.51ratégias de reprc<lução caracteristicas cle os lucros de \.Lrn patrimônio fundanHantalmente negativo'' . A pretensão
uma c1asse que não consegue realizar com sucesso o seu empreendimento tan1bém pode ... er escrita como pré-tensao: sentido asc:en.sional convertido
de {01·mação de cap:w J senão sob a condição de restringir o seu consumo em indin ação para perpetuar a ascensão passada; d a qual essa jncfü1ação
e concentrar todos os ~eus recursos e.m um pequeno núrn12ro de: descen- é o produto, ele tem como corilTapartjda o €spírito econômico e toJa a
dentes, encarregados de. prolongar a ~ rajetória ascendente do grupo. Os pequenez a.ssodada às vtrtudes pequeno-bLirgue.sas. Se é verdade que a
pequeno-burgueses que, t~ndo conseguido 11\.•rar-se do proletaria.do - seu
passado - a[mejam ter acesso :à burguesia - seu futuro - pr~cisom , para
realizar o acúmulo lnlc)al necessbrio a e.ssa ascensão! r·etirar de algun Jugar
os recursos lndlspensáveis para st..1prir a ausência de capital ~ essa energia
da vida sodal. Seu habitus é o sentido de sua traJerórla social. inc i'.1iduãl 29. U clim1t11 l~<'.;-1l1k1 IMr>:.:.o, l~ I oon::o se ror.hgura a1rav~ dos dl~11rs.!."1S d() .. d:rri~~1;?J 1l es e:, sobretudo,
il1l l'W iJs (kJ~ l lrr; @dimento5 bo.JrocrátiCCS impf ~))L~m.'11!:;$ í}e,Til ::_.ci tX.°io r;,.'.'H" OS beC"teh!:!á.Jio."I L ~
ou coletiva. que se tornou indrnação pela qual essa trajetória asc~nclent~ -m 1~ ~·'·(h111no •:d P. BO'JR mE~. L BóLTA.N~KL ~ .J.-C CH.·'iiMBORE.DON. L~ !fonq1Je e t si:::
tende a prolongar-se e realizar-se: espkie de rdsus perser., erandj em que o 1 di t:r.'! 1H!J. É'fen c11!.s p:J u r .UflL! .iD _lõ,1-!'lg'IC: d lJ C~:~d11. í>-oJris . C~nlre de scdolo~ie i:>.ump~õ":íll".õ?.,
] 963: n.á-:J di.fe:-t.? la nt1') do dl t?nl1~ x:t •('ti ~1~1 •sÇ(Jla, o ''bem nl-Jno", tal C(ltnO ~ J~i11ir:X!
trajeto passado se çons€J\.'a sob a forma de urna d1sposíção frente ao futuro, objcLi\lilITTE11te p elas opo.=oaç6L!!l dP. !in}r~,jo l' p-lias ::.preciaçón das p ro!e!i$Of\'-'l. o -1 :~111 cli nte"
em que o já não pro]onga-se num ainda não~ delimita as an1bicõié!S ''razoáveis·· IÍ Ln 'b1'tln;:~dor e hone:10: Eu.a. ··,_- m: 1bw~...1<J J.t{':.:i<)t\I'" loJ fru;.:..i, pi!d~um crêditc r('!la: '"'"n~ 1l1) lt.:iixo
e, por conseguinte~ o preço que 6 necessário pagar pQira realizar essa pretensão mm;. r.t longo pr~zc...; r.t!.,;i üÍ<?l'ül"'~ !'.lt1r' 11Lia~ rt'~. m:.\s a:p·lml'.I~ g?.i~ntl::is r:-r~;>il:1,, semlo q u!.! s1i'1
primeirn fü:i. se cmoo Lr;irn so.11.::; vi r-~udes; conhece sufü:lentemffJt~ o 1!';1·;·.m ., p tirn &er o oh.Feto
rea.ista. A f1i?.<l uena burguesia ascendente refaz. ~nderinkiami2r'tte, a hi5tótia de urna ~pi. ~i1.:;. í> ,..,,.,·kmtil , n1ru; não :> bnstar.t2 pa'l'<t dL~fr:iul ~ , l'ddono1hnt'nte. !:"US in:~cssfS
das origens do capitalísmo: para tanto, só pode contar, à semeU1ança dos e 1irar e 111.~x! 1111: IJ~:;·.·0:·ko dc1o; '-''1r:Ulgens oferecidas Ao Jv111 . x:l,.,...>il, ttuadro 111cdia . de preforàlc2
Íl.11 1 n<'1!il :1i1~:1too h1ft:rrrw,d:> e ba.s:t ...me par:l. oomp '1'ntktr 11& ~:Jenci11s bumr:nll i12s, mas nãc
puritanos com seu ascetis1no. Nas trocas !$Odals em que autros podem
1
e; 1ul10. b~IJ -i!. ao µor.~ c:fo se:- c?.ipf'-..z d~ :-:11or 111nd rw:i.slê1ida r:rgi:111:.zndrJ prl?',.'..sfl,o.fl e- b::isl a1:.M
apresentar garantias reais - dinhe~ro 1 cultura ou relações - ela não pode 1tirl:I s~r :.uf:dE-nLeme~t:? prl?vírl<'nt c, 1nt1:c1 ~a'>> t -r recursos su:fici;;r'll es p:!.ra pcdr•r dts:i-)1~th1r 11111
cforecer :;emáo garanti as moralsi pobre {relam..-arnente) etn capiral econô- cr€GitO, i:i GS-: i;:. cl1:?.tlt<! Oj':.Ô.:1 11',,-:;}l', p :Jr: l l! í< J~dO, O "cliente chal-:i·· , ~Onl p r:!'ltl C~ QU.1~~0 ~lf)l.-°i<JT
[JOSSUidc-r da elevndn C1!1p1t~I 1;11h ll11'll lex. proíf350r de di~ eito! que .. r~a~ki "~I l~t<ir" rXJI, 1l'ic k:.Stá
mico. cuJturaJ e social não pode ··ju·:;;tificar suas pretensões'!, como se diz! do 1m niJ ~:) p c]:; 111édo dl' perd ~r ti ::::-.ance Ot.J p!"IESklr..a.:I() t')C'J21 uf!:f r ,-.::i.'i t.JE:l eriCorili°l!IT lJm tet<i
e~ por conseguint 0 , e~· chances de real!zá-fas, a não s·er sob a condição de riu~ forl'1l!,_.. 111 11<1 c;:;nl n·ou'çcia 1,i.essoal irnponant l\ 11;.o l tii 1 ;n1~sx.li:i::l02 de um pr~Z\> rl,
pa.g~r com sacnfídos~ privações! renúncias, em surna , com vinude. 1 ei.".m bo]si:;o mu:ki longa. cf-:.:rere gari'tn~ rnr.M. e· rh~t'ü...- d"s rn;!:cs inlelec~u~!l p-:iYa mu:r.Jlr .:i.:;i
111( IJ1f'l' .. conrHooes rli::!õsas vamag.::n:.; e, l~õr f:l~lr latlo. o ".:.:~ente d.i! pouco interc..<;~C! ~, ~nrr1 n
per.IS de m :.?Jnbr, da?; ~ l<ts~" J1op111<lr~..• q.Je e press:.On;:.do p21.1 ·.Jrg !'.:n:~, n.11 >1~\> ::011tribu~ção
p1~"'°c<1:, rl('Sr{a ur1 ; i;r~d~L.a longo. C"tfo c for~· . 1 ~fnr'ltla:.i rt:ft'f• e i:ouc~s ni11rnnri.11s i: e,st.Ji'lis e
pn,~c nl 171-$1~ il(ll t(•(n do p-õ4.ôJTirll" dn ra.:ion.alidflrl ~ .rt:l)nÔfftl;XI T.:sce li:brno e r.;:-w :ltdü; qutn! IO i'IO
i;ri" nd r-o. ler'J!l. sido r~cusada dtJ ~ .1fr'!. ~·t\~ln, tir.oTTJl•E t' il ci mt1:<irr..::: p-rm:-:l~o das. 1.'ll.11Lager~
°" .. ortómk Lis ofl?l'eckltis p~..'.'.:- ~ fl!'X 1 " ~-m pilrUci 1l~r, da " p crsr nt1l:zaç.iio . - O .::ri:ti 110 :1il!I) M.1r.>;,,
ão ju i7.n q11<1. ft ' -.;n~;;)I· p(}!itio.:iJ f11z. da mw~liwde ::ló!. urn l t011 t~!1 D~:; !i.1~ d el"'rT'°' .;:. !.:.mbiilflidade
00

CJ:')1~id<.:!rt.d•~ p ·la irl.;JOlogiLI) µooem ser r.kstn::1uidas ern duae gra.ni:!:es d ass.::.s ::iuê rnrre:i1x.m ::1 m. 11r d1.ncl~ il<i , crs.:::ir:.a}izaçilo de: cr di1a: qu<1 dc; .::. !'1i l"'í.':t, '~! ~llt"!r.;:.s.:.:.a :) eh:. p~!:!E.o::., ~ncer,;;.<;:;<1 -:w.:
g •ijo.,S;;..1 ~mdti, fl() r;u1~.i: l, ~dc1I (.111 i:'ICl i rt11:::a ·m , e. p;A m 11ro Ir;:!::; que. .::ss~ d11a5 d<isses c!e Lrnjelánas p l.1:: s::inml ir'ls ri.e !:oli.1ib:Jicl.:1d e ~st.::<.lt:td~ ~ IJ~"-Od. Lili com o .f: defini d::. pda <'r.:::1xim1& r<•lítica .
k ·,Jõim por 1,·..a~ difofanr(.._.,, Ft tli~J)r~iç:j s ,...,.. ~rJl'l.\!l.dvr'.Js ;IX'rli.'!1mmle, muito diterentes em sua i51~ i:-. p~n .:iCIJ ~·alcr n' 1:·•l '11i<J ~elil r.io·.1panç::. µ::>teick1I ~\ie F(l~I" ~'!: :~ftln, l··t.,· .11:lr;. ''111 r:J1)Side
rr..odcl1dcd:~~. •.,(>.;;() riu~ 1:-iMtFt lff•'CA'~r' a::. 'Ji'lrlE:c"<J.:11l~ d!'! icwlo~i.1 C? CtS pr'ú 1c1pioi; s::;ciLi:t3 d~ ._,..,lriilç-iv 1 ~i.·••J :.i..:a iditd1·, 1:1L>I ·:.'.\i.;, ~Loclo de silúd·.'? ~ m ç1ral:...-;li'l rle, n)~. .~ •r.·b·Jo- l! dr .:erfo fo1bi:itlad~.

dil rclt1c;ão ,~1tra e e t~ l)!?11Íi ~dtn1!~~0 Mco11iiglco IJ-0 c11.:;c IJ1t:c1111~ 11 i.v soc::a 1' 1-"'Iõ trrinsfon7l~r umn u IJ.JL"o:.'.(.l (')1..-dc r ;J'l'í'C·~ intPre:=.s.a Hi1' 1 rl?i pP.~[M êC:.1 mpl~u' cm c;eus ntcmo.,,, p~~= pn.~. dr:>.:;
relaçi)o i:sta1 stlc::i. _::;cçialogkrim-.f'lt~ lr.i:d1giv(1 I <lt"r'l lial ntoitlln:.1. proj :i~os o • cl• nr 1~bd , t 10 q 1i. t 111 d 1• 1111Jis '''.'" •!SSu i\I '

104 H .>
pré.-te.rLsão força o pequeno-burguês a entrar na conco rrênda ou concu rso pelo cáJculo, do miná-lo por uma estratégia de investimento que organtia
das pr~1 ~ri sôes an•agcnis[as e o impele a r.;~ver sen1pre abaixo dos seus éJ prátka presente em função dos lucros es perados ou dos custos previsí-
rne Jós, ao pre.ço de uma tensão pern">~rtc?.t)te, ~empn~ pronta a -expkxHr veis. As r'21açóes de famllia ou de amizade não podem mais ser para o
€m agressjvidade {em vez de agres,ão}, ~d a é também o que lhe dá a fo rça pequ eno-burguês o que são para o proletâlio, urna garantia contra a
nec:e~!;àt'ln para extrair rl~~ si mesmo, por tódas as forma s da ~uto~expl. ora­ infelicidade e a calam1dacle. contra a solidão e a rn]sétia, urna redl?. d~
ção - éf'n pait icuJar, a:>cm1srno e mall husiGinismo - <)S m eios econôm i to~ amparos e protecões da qual será possive~ obter, conforme a necessidade,
e culrurais indispen.-áveJs à ascen$ãO. L~ma ajuda, um emprésUmo ou urn emprego. Elas n áo são a1nda o q l1€,
Ê na ord em da sociabilidade e d~s satisfaç<Jes correlativa qua o fora desse conteX[O. se denomina " reJaçôes'' , í~to ê, uni capital social
p equeno-b11rgue~ rea]]z~ o.s ~acrifidos mais important€s, sen~o os ma~s 1ndjsp ensáv el à obt~nção do melhor rendirnenro do capUa! econõmico e
manifestos. Cérto de que não dev<:? sua posjção a nada além dê seu mérito, culturL:tl~'J. São apenas entraves que, custe o que custar. devºrão ser
est.S convjcto de que só se deve conlar consigo próprio parã obt r a destruídos porque a gratidão, a ajudõ mútua, a solldaried.ad e e as satisfações
~aJvação: .::ada Lm1 por si, cada um para sj. A preocupi:;ição ~m concen1rar rnateriahi e simbólicas qu~ ~Jas .;ropordonmn , a curto ou longo prazo 1

esforços e. rnduzir os custos leva a romp er os laço.5 - até os farnUlares - fazem parte dos Juxos pro1b1dos· .
que verihenn a opo~· se à ascensão individual: n au há tempo , r en1 t ;1eios~ Limitando à própria famllia a Lnn nú1nero reduz1do de fühos, quando
nem lampouc;o gosto para ntaoter relaç.Õ·t!s con1 os CU[ros n1Q.111bros da não ao füho único1 no qua! se concentram todas as esperanças e esforços,
fa.ni.Hia que não souberam '· e 'í.rlrar'':~J. A pobreza tem séus drcuJo.s viclôsos o tJequeclo-burguês não faz mais do gu ~ oh12dec~r ao sistema de ex•gênctas
e os dev~res de soJidarledad que çont~ibuen1 para acorrentar os trJenos q•1,e está impHcado ~rn sua ambição: na )n1possjh]lidade de aumenlar a
de~ prO'i.:idcs {reJativamcnte) aos mals carf'-ntes fozem da miséria um eterno renda, precisa reduzJr a despesa. isto 12.. o número de consum1dores::.J. !\i'las.
re,começo. A '·decolagem ,. prnssupõe sén'Jpra uma n1pH,ffa, sendo qL.J.ê: a procedendo assim , acaba por se confonuar, além disso, tacitamente, à
re;eição do~ antigos companhe1ros de hlfortún1o não reprQ.senta senão urn reprE?sentação dominante da fecundidade legitima, isto ê, subordinada aos
de ~eus aspectos. O que ê. ex=g1do do trânsf1..1ga é wna d emJb~da da escaJa lrnperaUvos dr:i reprodução sedai: a Hmltaçào dos na~dm.e ntos é. uma forrna
Jos valores , un-ta conversão de toda a aUtutkL Assim. op1ar peJa família (sen1 dúvida ~ a formã cleme111ar) de t1 umerus ciausus. O pequeno-burguês
restrHa ou pelo n ho único, en1 vez da fo mí)ja numerosa - cujas cau~as é um pro letárjo que se fat p<2queno para torriar·s.e. bur~uês. Renunciando
nega1ivas. tal como o domínio h1~ufici~n·e das 1ecr..icas anttroncepciona1s, à prolifkidade do prolctárlo~ q1Je se reproduz, tal e qual e em grande
não constitttem uma explkac;ão sufidente - é renundar à concepção número. o pequeno-burguês. ··escolhe'' a reprodução restrjta e selebva 1
populJir dae; i;-elações famHiare.s e das funçõe-S ela unidade doméstk a; é.
abandonar, t>Jérn das saUsfações da grand~ famllin 1nl ~grada~ sotidár•a de
todo ur 1 1n odo de sock.bjJid~dé raclidon~1 , com ua:i trocas, testas, 31. A b'1tí!graç,), cl.!1 fo111fliti l! ~~a.ia ... ~ m1:1is, " ri.111d.;:.11,:il r . s~ .i p:is$iviil ri IÍ: .,. nS!'ilm, à med:.d& ~llJ~ ô
confli tos, etc .. as garantia~ proporcionadas por umõ d e.sc.end~ncia nume- 11 -.:Jl•.frdLY.l v;;il • lc::.r11;:."t11:Jo f) r.A'llÇô<?S m;:1ii: ~{;'•lo:.• (!t~" d<>r 1lro dc1 h i _rarquia ~=~ •l.:11 , .lã. que el<i µen n iti.'
r.-...'U111t1k1Y o r;::ir-iirnl ' 'Ci conju~1l() rl<! s:::u; me'l11br?;~ jr:í. ai e:;se rcspeito P . BOUH!J[[ LJ L
~osa. únk a proteção ma;s ou rnenos segurél, princlpalmcmte para as rnãº-s,
BOLTAZ...-..SKI e ~.( de Si\~N'í MAR71N, Jo::, c1t.;..
contra as lncenez.as da velhice , em urt~ universo assombrildo pela. lnstab1~ .32 . Está kmz•~ d~ ser focil w1 1s(·g~1ir a ccnc1liação t:'llCl'i~ •.• mblçii.o da õsi:;:'<'r=-".IÚ(J lr.dl•.•iJ.ual t: iJ
hdi~dé doméstica € pe a ~nseguro.nça econômica e social. Es~a conversão p iJrlJçl!>1tl;.ttÇJ íiP.. ddC'.Si?l doe; i')t~·r(;SS<:S L'Ol(11Í'.10S d<t dd~Uj O ffi ô 1Yl,o'O é (\':.1€, ~~11 1 ·~ti!nl abs::ilul.a•
da ç.tjtude frente cio grupo fammar é inseparável de uma conversão das. Lnenle t?Xciud ··nL~- . !'~razões prfJ LkJ:, e i ••ml:;i~m o fa10 de i.~ ir:~ µir~• :i1n ~m d•u:is •yls.:}e,.; 1:.italm a-il~
orxi:r.1a~ do mur-.:.fr; ~1\.ií'll. ..-\ s empr%1J~ de rc:.:ciclag>t111 ou de prô1noçao 111terrm (c1Y1•t .ir~r.6
disposições frente no fu uro: dotar-se de uma descendên c~a numerosa é ~nwrno5. e.tc. I n~\'.J sm-i.:i~, tA() positi','õ)ITLEõtllJ s~nclan.:idas se. nlt'.! m du ~v~rl .~Oi?..mento l~~'f'•lW
tomar precCltJÇões palpávei$ contra o 1uturo . por uma es(ratégi~ que é, de s~r.:lglf fS!i<=m a ade.sõc iJ ir11>'1it11~Ao ~ P:. ~rdem srxiJI d~ qu.;il fozun pari ,

certa mancjra. o equl\.•a]ente funciona] da consti1ui.ção de reservei5; é erguer 33. As Gi!lf P.g;"}rias si1'.:i:lfas ~ 10 toro::> da da5.c.;c or.icr·hi11 lõl>~fü;cs qutilifi..;:C)uO.:; 4 pri:;fi:;sin1 1ais) ouLl!11 1
cont:ra ele, com am:ec'?dênda, prot~çõe3~ nJo é esforçat·se par~ submetê-lo 1Jm.a rt'11ili:. ~l~bc'tl média por c.[!S~I ~11l•.1al.:r.1 e a l 4 212 f k .(,~mf!nt2 12 6% f µ.:tr: . o co11junlc
.ifos opi::r;]n1J6l c:.<.mw?.i 14 344 F prir...i os ~ .('Yfagadas (G BANDEm~H , - Lea n: '.•erw dcs rr..~1,..ges
a1 1%5'' in L ·s Coii~.tlom d.e J'.'.•'\'.S.E E , M 7, dcrembw liê :970. p. 291. Sê!:Jl•:.:-k:· a
:P sq.L ~1!1a scbre as ror:diç6es d ~ vld;uios c:asrus. r{'.1l~nrfri p~ l.'.:'l.S E.E. i!m 1971, O!i cperârios
teu'l lltn Co;.m 11mo ar:/11:1.l mÉdió 01 C.1.'lnl SG'l5i',1 elrn~1tl:' la'. l?J i'.o d:::is ~rnprn3L'ld~ 122 85• ,53 F
3 0 . Os conlli~os ~ :;~ c11sLns ·=l' •·. !:do ~ co 1:.trilpi.'lrlkki d?.. a::LJ;lv;tin ::v:1c-ir1' !.-'1'J r:-::.rtkularmer-t. <'~ •"'·'adaa ~oncr:i 24 Ci52,B8 FI' Se for l1?1.·ado em cr'>11ta o n•.lmero de p~-.C•M peâ' casal ·:3,64 p1'lrlj o.r;
n~ "-l.d-Eclac.=~ ~~' (111,! ns Lra.diçf:~ t~. dJ::laried<ic e i1rq16~11 1 e -pt!!:=o de um~ ·~?Jrga. e:<rr:.!l~oovr,1 <.i~ •rArlo~ ccn Lra 2.86 1 íl'41 M ~nprégru:!::is), rss dl fP.tL~nçM aes::ern , lá q1 i.1 n :-tm.'iur.:1::: arn ti:'ll
S-.'1 1.m • :)~ !ndi-.~dU~l: ;!(r: ._i~ <~l':.S&l t\!':!:~m foJr~:.ivel :;;bsE:T.',1r', .:tln '.Jn li'I p r.sqt11'õr! ~h!'í~ a d::::mOUlfo rn~dio p:_:.t f'>~õl ~tir..ge 8 41 O 09 F pnra C6 crnpresndus o."Ontra b 277. 8!} f v~•re. oS ,1pcrãrios;
dc-11 1csli .11. feit~ n j) :'1!'.g~li 1 om • Q60, que a fos' l'fo dr;ed~C1fi1. "m :iu e se c11cc11lra (1 D0.1uerta e cwmumQ J 111.:111L'~Mic per 11nidaLl~ d·• ('Dnsut ru::· se-ia de ~ 7 ~1 9S F raira os cper5rir~ <:t::n lra
purç1u 11=~.1. cr,m~~;u)nrk il um e1h' t1rtamento dl't ra!L· d1) sdidt'lLieJC!d ·,.. " '1 um rdr.üriwl'~1<"• l~'I. 11 1 3 ...,so F 1 ... u ~· 1~)1 ,~~os \G. BIGt lA, ~r_e.,:; co1".ditiom; d,! v11!: dt:s rnii.n!l.ge.s Q ) 971",
U"Yh.k1d.;:; d ~I ~cnl 1 IÍ . 1) t-<1S'1 1. ln L ·11 ciJn111 r.'i,ns li' f ,' NS, · 1~ . :.t. 21, 1"v-r:r ~w ·t· l (73)

10ó
li eqü ntecnente Jin~itada a um produto único, coneebldo e moldado em ocial. A esse prlnc.iplo de divísão \.'em somar-se outro: a qualidade -
função das expectar]v,as rigorosamente s.eJe-rivas da dasse ~mportadora. <1preciada do ponl o de \.:~sta da dasse don-linante - da relação qu<Z os
R~tra i-se em un1a famíli a estreitamente unida. mas llmitada e um pouco cle ·entores das rtLaneir.;~s n egatlvamente qua.Hficadas (so[aque , hexrs cor-
opressiva. Não é por acaso que o adjetivo pequeno ou algum da seus poral, etc, ) mantêm com as qualidades que a taxinorni~ dommanl.e lh.es
Slrtônlmos , 5CO'lpre InaiS OU menos pejorativos, pode ser iiSsociado a tudo · tribui. Concretam'2nte. a oposição fundamental ·entre. a natu.rolidooe.
o que diz~ pensa, faz . t.em ou é o pequeno-burguês, indu5ive à sua mora] qlJõJidade dominante, e o constrangiment·o1qualtdàd€ domhu~da, dupllca-
que, no entanto, é o seu ponto forte: eshita e rigorosa. e]a tem qualquer c.e d~ urna opos1ção s.ecundár1a entre. a pretensão, como canslrangbrnento
coisa de limitado e forçado, de tenso e 5uscepdvel, de tacanho e rígjdo por {nos deoJls sentidos) recusado (por un1a ''e..xagerada auEG'-f.SHma que leva a
drnbiçõ'2s, ob}etivos exagerados'' , de acordo com o ~kicJnárlo. Rohert} e... a
força do formalisino e do escrúpuJo. Pequenas preQcUpações, pequenas
necessidades, o peqqeno-burguês é um bu rgu€s que vive de form.a mes- rnuclés tia. como constrangimento aceito (por uma Jouvflv~I moderaçao
1
quinha. Sua própria lu~xjs* corpor<:il, na quaf s€ exprll"ne toda a sua relação na apreciaçâo de seu próprio m.érlLo "). É assím que as qua~idades domina~
objetiva com o ff1iL.mdo soclal. ea d~ urn homem que deve faz'1r-se pequeno das recebem sempre duas expressões: urna, francamente negativa! situa-se
para passar pela po rta esrreita q ue dá acesso ã burguesia: por obrigar-se ria sê.ri e da pre .e nsáo (que deve.ser repr~mida) ; a outra. e1.1f em fsti ca, atribul
a ser escri o e sóbr1o, discreto e severo? em sua maneira não só de vestir, lãs 4 ualtdad€s domin~das o respelto que elas atr.ae111 para sj ao se ac~itarern
n1as tambQ.m de falar - ess-a linguagem hipercorreta pelo excesso de como tais. Ou seja~ alguns desses qUi::lHficativos que en1 v)rr:ude de sua
v1gll§.nda e pruclênda - , º m seus gestos e em toda a sua postura, falta-lhe pollsscn1ia, podem entrar em relaçõe~ de opósiçáô conlp e~as com dife·
semprn. um pouco de envergadura amplldão , largueza e liberalidades-1.1 r "ntes adjetivos da outra sé:rl~: sendo que cada um sublmha um dos
A taxinomia éUca don11nante, aplicaçào do si.5ten1a de dassitkaçào i:'l5 pedos da opos~çáo fundamental entre o grande {ou o largo) e ~
peq ueno, a partir da qual se engendram todas as oposições partic11lares ~.
3

social da dasse dorninante ao campo da moral, resurne-se. em um sistema


de quaHded~ e quallf~cativos que se organizam em torno da oposição entre
as rrranefras positivamenb~ sancionadas ou '' d]stintas '' (isto é~ as maneirõs \BURGUé::S}: "d1s. into" (PEQUENO-BURGUÊS}: (?OVO); ·' modes(o ·
de dorn1nantes) e as numeiras n.egaciv~tnente sancionadas. Enquanto f Agt3d CJ~ w11p~o {menre. " prnten~ioso" ga uche, pes()d6o.
vestigjos qtLase 1ndêléveis de dois modos de aqu~siçõo que tendem a gestos. etc.}, 1lmitado, lact:i nho, embaraçado. tim]do,
perpe~ uar~se no que for aclquhido - ao menos, no termo do processo , sob g,eneroso, nobre. rico, constra...ngtdo, desajeitado.
largo {d~ ide3as, etc.). pequeno, rnesqulr'lho. encabu!ado'·, pobre.
11

a fonna da incerteza e da lnquietudçz quanto à boa maneira favorecida por 11

llberat hvre 1 pão-duro, pcu-c;lmontoso, "n)ode$tO ,


urn modo de aquisição ilegítimo - e que constituem , p or isso. o acompa· bonachão" ... rmtural ''.
11

He.x ivel. natural, õ3tr1co, fcnnalista,


nhaniento simbólico de todas as prátkãs~ essªS dois estilos estão predis- franco (na maneira de
lr<lliqullo, desenvoko. severo,
postos a oferecer um critºtio último, sem apelacão, ao juizo de distlnção rig1do. t et-:iso, forçado. falar) ,
:;~u ro

abêrt o , vasro. escrupuloso, predso, sólido.


fllc . ·etc. 1
.. N . l°!:J R.. Con.~m~t? ;:J ,,. p r·::i:;:iriB:;ifi! ~ .J~socii'ld.:11: no usu de r.nrpo em que s~ CXl~rk1ri2a e riíic:>ii;-~o e.e
dil~se de l•tr.i:, 1:;-ESSca.
:l•t. bu {! i,.•1.mJçide, Cl'm"!IJ s.e tentQ11 wosl rnr. q 11'-' f, cm rei:Jd.:id~ 1 ;"ll!r:; n'1. menj~ <lo ~od-6lqgn G,lJB o
pP.:iuer11.;-b11r9ues ê t.im burs·dês em rnlnlrHur<:i, v&s~ ti,:,d:--1 ó qui! $eia p ·rdid{j ~e J~~e e.bi'lrrl:maJo
o :mi:.CJto d~ peqv1~r~o-bLi·rg..'.~s. <?!n 1:;.me e~ 11~~ definição obJmll.'l:m1 da ab,:rtJt.·.d~é..4lju~. Essas du-3$ cla~ses de habllus que, por s.ua vez. pod~m se.r subdli...•1didas
c o r11. lhu:res, D.'3 r :;m::d as. n.çifl·~ ;..s oom.J.ritrfln ;. "'Cb Jmn fortr";d eSpiY.i?Jr11e11t1? l?\•01:.:11:!õrJ1, u lndefin1damente - pens€-se, [JOr exemplo, na ··naturalida.de forçada" do
m r\.\h ni.;. d.z r-rnf.'ti~<:des s.:i lc lr:sH.~mem\~ r~tiPe:nte;. Al.f:.t1L:.J:sse. ·il rnd1 1ç&-, obí.ell'la11tP. por 1

m.~1s oruLnl ~1 1<- ~eji'I. nada t~1 1 1 (1 ·,.-er cc!'n o dL:!5}~:re;,c· d.s d<tjiS{ - que :r-~pcrt:ute em c.inlüs. 1}3{,"'ritos
consagt•t!drJ;S nos . qul'dlr.r:.iu:-gu(!s,1s1 :;d~m de µar.e.;. da trn::licior.n~) do.1 prnfe:ia iEli~iií:m•Le e al•,·-o
pr.r-d1h2rt'> do ,· nãmrr:.P.. tXJllLico (p~Ml'.l·sc cm ~~i!irx l11l1JJ-do de Prouti}mn .:1 - pmquc relaclon.:i as • 5 . Dt:·.•e·!>e ei..rirnr tratzlr est..i:. L;a.-..;i:ncmi<i , r;::-cmc:..idil pefo H1LS1.l~!J€1n <:omun). b: )L~ll'!iJ,j U0.5 :;(11 11 l..::to~~(;~
prr)i:;::-h:iad e.s d t;) l·. 1;,i:us, q~. i'.'1~ ~l:?:nr:'I e x.k•n:dk<1d~..; ~~lc r11cl~mc dí! da~. ~orrio a ·'prl)I v.f'l s,]oº' i:? <Guti'O:S atrmm~tc:d6bgos. istc e. -:c-mv urn sisrecr'..l). rnifi~<Jdo e rei çües .tgi.;;n~: e.:~ or_ . .:.):;1.;:bo l:l
0 11 Ll ··~s:r"l~~<t .. ..:.s concbi;.ó(•.•, 00.11.?fj•:a?:> d;~ qu~ são o pl'odu:o~ j)q·.Jdi5 q1i.~ )Jodern pf(,.~ !'1LC<1r·se di. coi n:,i,,,. 11 ~{-;-il r..nc..~lí' I),.._.rh:;~lfl Ft t.ini :inn.:.1' ni'J 1:~f:lti t1 :i s.~·1.:iço d~ ft.Jn.çê.-v_<: p:rfltic~.:;. ob~~~foce
..:cm '.~rt11d(~ 111imOS i::-ltr 1á·y~··!- e u r l'$...,11n'lr um semblitiil e 111.:;1...s ..i11g?t to". esq J~~e1 n·se :le ~UP. ili umil /f.;Ji.:n pr~tic:J. ,l\sslm, '-' ;JrM:i" qu~ ry,, burgLi~Q.. 0:1~10 é, rl'!- 1 te.J i!l'• ÍTl'l~it('.1.: ~1 ffn_1.:in1i·
rJS tJfv[me::Jnd..:~ C:011d'i'nac.Ja9 per ies >fio ~ COJ1lrt1µa r1Jd11 lr.Wi1á·.,-e( d(JS li 1'2C"ill1h::Z"JCS. qi lt! .. l11i l<i5 !:2 o:nrmu .lrz) rr.3errd.rn111 r.n p ""i'. 1Si"lr ~:':I r.i:ie p:;1 opc::1:iio f1 peq •mn hi.J• l h'.!Sill n.:11& " o
;:; ,,; ·gu:rurr.. a i'-~Wl'1s."Jo u1dn:1:11ttJ., i::~o ~. l'i ~x~m:;.\o !õel<;,1·.... dos in:fr...frlurJ.S confcrm:..=;t~. ct:mc " 1,>,.'(l .. !l ~ 1)1 t•?. 111 ~o p1~T1~/i·k1 .::?inc- 1; p .,,.ti, .,,, 1)p..<>::":in:~ dn:i .:'idad~; na r: lr..111p:::1_.o:ó e.
se o:; ·••...f·~~ :..:" · e ;i:.; "\tj~l 11d..:s ·· cics P"Il"-· c110--uur:Juc.s ' " fqi..i:' - serti ,~~em,, J.,01nb ar ~tst ~ d.Spe::to1 JlQ 1" l.!ll!;J<'r · lr.irl 1 j'Wi.\ lr~Hv~lrti!Ç/1(1 1•:lpltl1 1 l~~,;~1~ _1\.'í 1lqii ~'l 11r1S =t'~ÔI-,,~ cl1)l!'1iN1.'1;>..:; d :?. :A:;;P
u
1~c ::>n Pf111e111 L:.:ti)u 1~is sen.'iC> •rn rclaç~1:- ~..t<Ji:i moral :fr,. 11i.in1~ti?) d 1?.·c>_c;5('t11. ~1ffiaunP.flt • .. lcml~i'r.~E). p<Qr opc'Jlçi.io L.mtQ "º "bur:;ul>~ ' quilr.l.o DO "µ;;G.·,11;mo·bur9u1<:. , 1slo i . o ..:.ulet 1\~.:o
1: 111 seu Gl!>O ~,. m1p1.~1acr:s ?lr>S i'lger,14?S •• r)ikJ is e.:;tnrti;.'T?Js ~ab µn'!t~tl.I d~ q-..le M ~lrucuras •, u\11r- .'I it'l' • 'fiJ! '" "' n, .•oni-'r , 1r,,,ir,1 li ·lida (-' ~(!li•'r~~,1. i;.-p.:iri!.-::k, ~rP.ni'J!i por a~g:unms ! n•.·ers(?J?S
lhES d r" m a huerdildC! :"'are:\ ''iU&h.:!r'' ;i 1)1.:.,.:. .:tlier..a.y.\j ~ d·· ~h i.11 dei l:..1111 r11)1•1.1111 >111t• lr1 .liJ 1· r•11u J, ·d im gi·11n1~ -:'I v11 1·... rl<11'.:t
1

108 1()4)
pequen.o-burguês paruenu - em função de varjáveis secundárias que! d~ ESTRUTURAS PATRIMONIAIS E ESTRATÉGIAS DE
cada vez 1 designam particufartdades das condições de. produção dos. REPRODUÇÀO
habitus, remetem, em última análise, para dois modos dº aqujs.ição, fsto
é ~ para dois sistemas de sançÇie~ rnaterlajs e simbólicas assoc1adas a duas A s5im, deixando de fora o caso QXcepdonal em que se encon1ran1
classes de condicôes de existência consideradas en1 sua eficácia €ducativa. l reenchidas as condições (econômic<Js e outras) necessárias para tomar
A naturaJ1clade (a.i;s[m como o '" constrangjmento'\ seu ant6nitno} designa, poss:~1 QJ a r:ição racional na qual o agente toma ~l J as decisões en1 função
ao inesmo tempo, uma maneira de ser e um ttpo pait ku lar de condições de um cálculo do~ lucros passiv~i.s dio serem ussegurõdos pel,os diferente.s
mat121iais d~ existêncía, mais precisamf;!nte. uma disposiçZ!o disflnta e' as mercados, as prá1kas de uma das~e detenninada de agentes dependem
condlçóes dº e.xist~nda das q1..1ais efa é o produto e quê, por seu intennooio. r,5n openas da e3trutura das chEmces teóricas m '>dias de lucro tnas das. 1

~o continuament~ le1nbradas: o princípio e o efeito dessa disposição chances espec:ficai rter') l ê ligadas a essa classe, isto é, da rel(:lção. em um
distinrn e distintiva não é outro sehâo a experi ência do mundo e de si c.:omo rncm1211to dado do ten1po, entre essa estn1turn objetiva (dentiHcaunent~
necessária, corno coincidência rea lizada do ser e do dever-ser, que calculável) a a ~struturil d~ dis'lribuição das dift!rcnles espécies de capital
(cap~tal econômko, c.apitaJ cultural, capital soem]) enL .1?.ndidas, sob o prisma
fundament~ e autor1za todas as formas [ntimas ou ©<teriortzadas da
eira çonsiderndo, como instrumencos de apropriaç.ão dessa$ chances. A
confiança em s1! segurança. desenvolrura, aparên cia agradável, fac ilidade.
.~ntecipaç~o prática., ina[s ou menos adequada, q.J€ está no prind pio dessa
f1exlbilidade, Uberdade 1 elegância. ou. ern uma palavrn ~ natura.tidade.
''causJ.lidade do provável" clev~-se ao habicus. rr~arrir. geradora de r~postas
Tudo predispõe o pequeno-burguªs a entrar na luta da pretensão e da prnviamcntc adap t iida~ (1nedian l ~ urna ~rnprovisação permanenre) a todas
cllstinçã-o, essa fonna da luta cotidiana das dasses , da qual sai necessetria- s cond1ções obju iva5 klênt~c~s ou Lornótogas às condições de sua
mente vct1d doi e smn recursos, urna VéZ que. ao engajar-se nela, reconhe- produção: guiando-se por índ lces que está predisposto a perceber e
ceu a l12glrimida<le do jogo ê o i;n~Jor do cacife. Essa .cornpeUção é um ca$o decifrar, e. que, de certo modo sh ex3ste1n para '2 le, o habims engendra,
1

part1cular de todas as re)ações de concorrência, nas quats a clu.sse nesse çaso, pr~~ticas que ~e anrncipam ao futuro obj ~tivo. Sena sem dúvida
privl[eglada esforça-se para reprimir .as pretensões {nobiliárias. escolar€s váo, n~ss. s condições~ proc·\.lrar un1 a.ncadt?.am·ento linear de CQUsas no
oiu outras} daquela que se lhe s~gue imediatam ente , entre outras colsas Jm aranh~do cl í2 relações sig rificafr.:as que leva a uma pràtica objeCh·'êsment€
tra~ando suas ambições e aspirações como uma esp~de de dd ]rio subjetivo 1 djUsLada ao pr01~1 á'l.nd . É assim que, au ser apreendidc segundo os esquQma~
baseado em urna auto~estima por demais elevada. e procurando fazer de apreciação que se encon ram nas. ca1P.gorias de n!unos e pais tnais
com que passem por pr~tenslosas! isto é, presunçosas! desproporciona- diretamente ~ubmetidas à autoridade escolar , o ~YJto escoh1r {por si.~a vez~
das, éXcessivas, arrogantes. ridículas ou. no mirümo, prematura5. É assim det~nnlnado - ao menos, em parte - pelQdetecção dos indices que sen..1em
que ela afirma a sua dlstinç~10 em refação à classe inferjor, op ondo a.o seu sempre de base à cooprnção, t~is con10 as boas intenções r~[ctivamente ã
jurididsmo o monopóHo dos dtulos {nobiliárquicos. escolares ou outros) lnstituiç~o) fundona c01110 um ~stimulo reauvanrn que redobra a propen~ão
sobre os quais repousam seus própr1os privifégios . Por seu lado . a ç]asse '-' investir na escolti e reforça o ef~ito de consagraçào €Xercãdo pela sarn,rão
inferior exige ou r~ivjndica o acesso aos privJ l egios~ ate então reservados escolar, portanto. a ade~o à autorádacle da insutuição esço]ar. Tudo se
à classe s uperior~ em outras palavras , converte em pretensões legítimas passa como se o futuro obj12tivo, que ·Csrà em porência no presente, não
(daí! sua p ropensão ao ju ridjcismo) sua pré-tensão. isto é, sua vontade pudesse advir f-;.énào c:om a cobboração ou at€ a o;mpUddade de u1na prática
de consegujr acJia_ntaclot antes da hora, a crédito, é3S vantagens que, ao qu . por su~ vez. é comandada por esse tuturo objcHvo~ con10 se. em outras
menos em uma situação de concorrência, portanto de tr<lnslação pe1111a- palavras o fato de [er chatices pos.ltivas oi:J negativas de ser ter ou fazer
f

nente ~ há de obter de qualquer rnodo. Isso quer dizer que não se dºv12 ver qualquer co' sa predispusesse, preclesrinando, a agir de modo a que essac;
con10 um, desmenrido às anáJi.ses anteriores o fato dt:! que a pequena hances se r~nlizen1. C.om ef.ejao ! a c.ausalidade do prováve.J é o resultado dessa
burguesia ascética, tradicionalmente votada à poupança. a.cabe por se voltar, cspéde de dia ética ·entre o ltcbih.Js! cujas antecip ações prá icas repou&aJ11
no âmbito da sodedade de concorrênc1a, para o crédito; é! ainda, a pretensão t1bre tcdci a expêriênd a anterior. e as significações prováveis, êsto é~ o dado
â burguesia, prindpio de todac; a5 suas vlr1udes negativas. que leva a p€quena q~ 1e e1e toma corno uma a.percepção seletiva e uma apreciação oblíqua dos
burguesia a buscar esses meios de i;.~ver adma de seus rneio.s 1 ao prerro de lndlces do fumro para cujo ~dvento deve conttibutr (coisas ''a serem feitas''.
unta tensão e d~ uma contenção permanentes. e que assin1 a sujeita a urna ··,, ~erem d~tas ··. etc.): ô!i práticas s.éo o resultado dess12 encontro entre um
nova fonna de asc.erlsrno, própria a desernpenhar por outros meios, mais .19 !11Le pr~disposto e pr N nldo. e um mundo presumido, isto é, pressen-
bem ajustados às novas estruturas eoonômicé3s, as funções amtlgas. 1Ido • prejulge1do. o únlc;o ciue Ih à cl;\do conhec~r.

110 ll1
A presença do passado1 nessa espécie de falsa antedpação do i.u.turo~ geraçõe~ . O h abitus , ~~to º-,
o orga.rfr;mo do qual o grupo se· apropriou e
não se vé!~ paradoxalm ente , senão quando a causalidade do pl·ovável é. que é apropr"ado ao grupo: funciona. corno o supo rte n1aterial da m emória
desmentida e quando a defas-agem ~nt re as chances objetivas e a:;;; [Jrálicas e . .letiva: jnsttumento de um grupo~ tende a r~produiir nos sucessores o
(com as aspirações que estas impJicam ou que as acompanham) obriga a q u12 tot adquhido pêlos prndecessoms , oui slmplesrnJ2nü2 os predecessores 1

1nvocar o impeto de. urna ~r.aj etória pas~ada e a histerese das disposições nos sucessores. A hereditariedade soda~ do~ c~racter~s adquiridos, as$egurada
amtigas~''. J\'o caso~ por exemplo, da pequena burguesia a.scenden~e. o ('J or ele, oferece ao grupo um dos meios ma.is eficazes para perpetuar-se
habitus não mais funciona. corno um operador prático da causahdade do enquanto gnlpo e transcender os limites da Hnitucle bjol6gk:a no sentido -de
provável, mas ten1 em m~rn uma. aspéde de ponto in1ag~nár1o. d12sfigado salvaguardar sua rnane:ra chst:itttiva de ~xistir. Essa ~tJ-éck~ de tendência do
do .uturo 'Y'irt.1...mlrnente inserira nü presente. sob a forrnQ dos instnJrnentos grupo parà p€rse;..:erar em .seu s~r náo tern sLijeiio pr<.;priam01te dito, ainda
de apropriaçao do fuhlro a tualn1ent'3 possuídos. Ass:m. a propensão clas que possa encarnar--&e 1 a cada momento. em um ou outro de .seus membros;
farnilías e crianças, escoladzadas a investir dinheiro: esforços e esperanças opera em um niv€l muno mais profundo que as ''tradiçõºs familiares'' : cu'a
no sistema escolar~ tende a rep roduzir (nos dois senHdos) a re]ação objmiva pG:m1arn~ncia pressupõe uma ftde idade consc:ienten1ent€ mantida e um çerto
entre a elas.se de agentes em questão e a instltutção e~cular quº se {;'X prime núrnero· de guatdiã12s - pot· isso. das ímpliCüm um.a rigidez estranha às
co;ncretament~ através de indices práticos! tal con10·a presença no universo esrratégja,s do habitus gue, frente a sil1..1ações n clVas , é capaz da inventar novas
tamillar ffamllla restr[ta ou extensa "-relações '' de vi.z1nhança ou dº traba
...
ho) ~
m<àne~ras de d~sempenhar as funções antigas {por exe.rnpJo~ o recur.so ~
dos sec.u nd~ristas o u univen;jtârios, dos bad1e1iers ou licendés··· . E as
1
instrumentos de reproducfá.o ) come,> a e$cola, desconh.e ddos ou recusados
sanções positivas ou negativas da instituição escolar não podem fazer mais pela tradição)i ma]s profundo, também , do que ç.s e;.strarégias conscientes
do que rraier um reforço sêcundário ãs cert12zas práticas da e:;stadsrica p el.as quais os agentes entend e.m agir 12.Xpressa.mente sobre o seu futuro e
esporiti111ea que leva a senUr como ncturr::il e normal ou corno irn1;;irováv~l , rno~dá-]o confo:rrn12. a in1agem do passado, como as disposições testam€n-
in12sp<2rado ou irnposs[ve] o acesso a esses diplomas ou instltuições. Mas: tárias ou até as norn1as explicitas, simp]e$ chamadas à Drdc~rn, ~sto é, ao
procis amen1f:, corno $~ vê no caso do filho d e professor primfuio, cuja prni.:ave~, cuja efic.áda é redobrada por s~ intervenção.
boa-vont<:1de escolar incita a proloog.a r em d ireção à escola normal superior As '2stratégins e as práticas fenom€nalmente mu~to dri:erenles produ-
a tra)etória patern a, é o sentido da trajetór~a da linhagen1 da duas ou rrês ztêas p~Jcs agentes g quº , pm· interrntdio destes. fomm aproprtadas pelos
gerações e ~ rm~i s ~spectfic;:.an1<znte a hi st6ria df2 sua re~aç~o objetti..Ja com fl glupos, dese1n pen harn sempre.~ em part.2. í unções d 12. rept"odução: quais-
i:-i.stituição escola r que, tacitamente vivida ou e;xplidcam~nr~ ton:11...tn icada quer qu~ sej~m as funções que seus autores ou o grupo em conjunto lh~s
atra·...·és dós julgamen.o.s> conselhos ou prec.i!!itos~ ceirnanda, a cada mo- aLdhuart1 o fmcialmente~ são objetivarnente or1entG1das por~ a. c..:.)nserr.JaçJio
mento ~ a rel~ç.ao prática corn essa 1nstltuíçãó_Ass1m1 o habltus representa ou o aurnenta do patrimônio e. co1Telativarnente, pura a lnanute nçâo ou
a Lnércia do grupo. depositada em cada organ ismo sob a forma cle melhorjé) da posiçao do grupo dentro da ~strJhJ.rn sodal. Para imputar as
rlsquemas de percepção, àpreciação e aç.ão que tenderr1. con1 mai.s firrne.za e5tnukgia:::. d ~ r~praduç.ão ao calculo rnciona! ou à intenção e~trnt~gica.
do que odas as norrnas g.xplldtas (aliàs . geralménte congruent<J:s com essas seria preci.sc nJo Elnglobar nesse conceito senBo as estratégias e.xpJid ta-
dispos]ções}. a assegurar a conformidade da s prátk1;1s pará ci l ~rr1 das men~e cot~sütuidas ,com o ob;et~vo de cumpr~r essa funç~o, lsto é, as
~st rõtégjas propdarnenw suc~~soriais 1 e ace-itar taci.am€nte a d efin;\-:~o
oficial das estrnkgias de reprodução reconb~cíclas cerno legftirtws em um
dc,do momento:ir:. Ore fato~ o habitus. como relação herdada de •urna
.3fl,_ Nes.se G.'lso, ilS .lJ..nCedp i:iç<Jes do ~mbilu!i Si:'.-::i i:!liH.121 JH<~i":. n:::nli~.:1&, 11a 1110'!d.. -~•'i '1'~;~ Pr jrnjP.t611;:i
pciss.)d<1 que ~1 se exprime. i:St.o é L ~·J5 irri~? dr~ ~~"' l' f' r; · !Vi-ti ~· u 11<i, p!!r:kJi"9-!iõL? nml
co;t•t lf:1,Ji.!l1 ·n~~ .::rm wi ~!'L.'ij •Infla :~m:.ra· qu:1ndo o fui um sr; c-;-.;.or.1ra ~omo -uP. implic<!.dr:• :no 38. A ~\'!tli'l 1111_.m...r:.1.CI. a. d.:.bm~Laçdo da:,rnlo qu~ e h;µLim.,,_m~:rtto? lrnr:isml~íi..·ii ii! i 11~~'P'~ro1t.1 el01,.,ri1(':,
)i'\!:.SàdO - Ili.) l:a${J pC!:' ,~1?.1 npk.1, ~fo Íllr..ri de pn:::!i!Ss1::.r prhnZJ1i.:.,. iiJP- f:l Ópl io f)]l1.0 .:Je Gllllli~ 1;f>s, das ma1;:?"iras. l~ilimns d.::. Cüll" "'rvá-1.-;J e Lram miti-lo, · u ôuj~tu <le 11111a lt,Uí. ;.darl.;i 01,1 ::ic:!c:'..?..ra~-.
~ ·~ ~~rê. ~ 1rc1fc.»l.)i - as õlsp~h;ôoes ptL.dun~as pci! p ••!:içào pa:r!:fina, da pr.;:1pri..<J ·~111 de•.•ir, ~ntre. ;:i5 d.issi:s. 1\ m e:lid;:i qm: a fon;.:1 do!' i:k11 ró 1Md<JS ti ...~1'!)~1 1(.1 ; )tM i!l'J I•;t{I., a \ f itic?i i;ub-,:-ersiva,
.Jl'..Cn11) ?..nt'...'l m, pi"'L:í'di.m.t:b·<.i. o d '".'.i r da p i:...:..ii)ia q1~e µ r::n 1rn <1 lk~ir ;:i cl=sse diri::i,i.l:nl(~ 11 prl11 lpiu de. su~ t:i'!'p~.:r~~('º· t<'.rr.:lr:! a ::l?'~bingi:: a e.ster.::i

3 7 . A ri:'::; jNtN õ ,'l ; 1wc::;t1r 1~:1 Sl?'»tZfflj'j de of:!L:;ir,;:: de:~~~Lxfo t;::unbb-J, err:. pilr'l€ , r.hl ro11m1di!. di.slribui~·flo
dai;11ik1 q"'Je e 1~~gihl11rJmP11t ~J1'!nsmi:<.'5'Ív~ "J1-<.~ ... Tf.;ll.'1~11'! Ç'A<• d1") ~ilt'i\t~1 af.:iil:r i\rl.o do me.de Cl:i'
L:'!.!.t"l'.:rí:i~·-lJtl IJ.~1i>,.1,eJ-erlrkJ 1: p~a .:'r jck i'.1 :ia~ id20logizis qus '.'iSi!i:t":. ~i.-15li~ic6·1o (p:Jr' ~.;?J)'1pl 1 ( 1
d(1 C?. p~t~ l(dnJrlll ~!'"ltt<-. lls. da!'i~: o d~t::> de d8monstri:l~o e a aç~.o· dl:' i.:idtimer•1o :co;i:.:o ~1 1çl.:i)
11i.r:loq: ·, .:I• '·n?i~dm r.ntç."~; 4".$5~ ~r:f'°)r;o da •.rigi lfinda cntic~ e dos rnrtjri:xi.e-; int:t1ll11':11;,ff1~is da
"!Ji:~•rdd:-:s pdAs prf:t.tic..a:::. dc~mimmt~ ·'.t.1s priti::as de e5".:olllr.:Z'-"~ilo di.'i dt'lsse <lo1) 1l•1•~· 1~i::) f1·. I) 1:od.,...m
q.wre.~r~:s: no C'iL::.--.::i em q '.J!? a distlibulção dils probabi:.idr.id.-..?s objelj•,.'L'IS tlE:! v<'.~S::.;1;. _.. t ::t ClemalS!
ll:'e.11S"o'lt::;::;~C1 (.: 111)1 (f03 fa:·or::-_;; qu e c:anl:ribuem p<i~il k ·.iar a tmr 1Sft;.rn·1t1çã!'.; da:; Ç-_t;:n 1t,,.;;i&:'l L
:..·
rr:::pt.-::lu1: -~.>; M (3:)~ntêgla:<. ~·b:-.i"iz~ r. de b ?iixo .::usto, 1n<i:: dedi:u-.w:li!!:i. como i.!< !1,,r::s:.ff,IS::!·~ d r..
1-:-:n 1c;1lrn11:nrn ,-.Ji!isln)ôt1i ;:(J : os d.::ltos '·d~.s.morQ:.ii;:i: lle:s'' dÉ' 'J.llht :r iKb i;rot •llhr· :JadoL' d.: ;1 ·e;;;:::i :;Ac.,
pr . .'.ll?r ~ :.ir..~ 1)rb.. .lhglos :-ida sui:.;;s.~o is~ linhil à.irem. cedem pro9rns!.'i'Ji.mii<?~11 .: e l~J~~· <i .::.urr:i.s
(!J~~~ , r~,éor1j.il.dc$ p('!lc;. ...-Jei1o de exclusão .que é exer.::iw por L•m~ ~ç~o •:.:pJ· ~ ~ ~ .:~n:1 µolisc!~ (1 , ,
l'l.'-~it. .:i:;..;,t~QU!'~m um :i. =~i:lr.s-mis:::i)c ::líssir.Jul;:idn quB µocl-=- ~~ d!i!SCi.JI ·J '" e.: l,1 1'nq .1nmi::o mi, r·:::rl amo ,
C!.'.l l? 1,~•.•:1. d-s. 1?J<::H::los ;:i oenc<:!.r<!lre111 .:i .i ptipri.!lf;ilf.;o dr:> .'.lt'I n t 11 1 d.:t ptf. Ii.~?.. Mf'_'Yil'ra da ~c.rnb 11m a.
pmí.~.a.rn;;!nl e roco:nh.Et:ic!ti. e Je~R~mtl rm1.s o preç(.i .de ul:'I dêS!{,1il('.! 1na!tJF ~ (],~ 11111 -usLc d!!
pro,·m ed ~d e i1: 2·P.TI'.<:. ao o~Jt- l]Y-Oll p.
iiic:!llm ulçiçü 111;,!,J, clt•\.".;ii:lo k:çma .:i i 111,.•eslimier•l.;;i '=!::r::ol::r~.

11 2
herança, é a raiz comum de práticas que n ão pod~m1 aut erir sua coerPndQ. de melhor, transposições sistemáticas impostas pelas condjções particular~$ de
um projeto consciente, runda que a cunsdênci.a ex.pHcita das d1anc:es e suõ trnplementação~ nesse caso 1 o mesrno erhos ascético que segundo as
bnplicclçúes t'Ossa c-.onforlr uma s1stematlcidade expHcita , e~1 çertos pontos. à expectativas. devetic;l exprimir~se sempre na poupança, pode manttestar-s~ ,
sisten1aücjdacle objetiva da 5 ··esco~has '' práticas do habitu s3 :1: nada :;eria mais em um cont'2xto determinado, par uma forma particular de utllizar o crédito.
pL.YtigrJ::-0 do que tentar ex] brar ~esuntégtas ~plidtarner.te otientadas para a As práticas do mesmo agenre e. mais amp]amente: as práticas de tcx:los o.s
manutenção ou o aumer.ro do pQrrirnôn io E.~, a forliorf1 a salvaguarda d~ !;UQ. agentes da mesma classe devem a afinidade d+-Z estilo. quê faz cotn que cada
rntegf:dad~ p~ra além C:as gerações, sem levar em conla estrntégm..s que não uma seia uma metáfora. de qualquer uma das outras. ao fato de que são o
se confessam jamcris co rr.o 1a35 - por ex·emplo. aquelas que regen1as prátic~s produt~ das transferências incessantes. de um campo pa~ outro, dos mesmos
de focundidad@. , a ·· es'"'olha ' do cônjuge ou de urn estab~ l (,!drn~nto escolar. esquemas de perce~o, pensamento e a~o: parad3gma famfüar desse
Ess.as esrrategias devem st1a coerénda pró tica cw !ato de qu(~ , ape:rador analógico que é o habitus~ a dispes1ção adquirida que denominamos
objct]varnente o ri12ntadas para o desempenho da mes1na função, s~o o ''escrita''! jsto é, lJma forma singular de traçar caracteres! produz sen"lpre
produ1o de \J rn sé e m e~mo princ[pio gerador que fondóna como prindp1o a rnesma ''escrirn" , isto é~ traços gráficos que, a despeito das diferenças de
unifü:~dor. Enquànto es.tnttLtras cstn 1turadas {opus opera~um} que a n1~~-­ 1an lanho. matéria e cor ligadas ao suporte - folha d e papel ou quadro-negro
ma "StruLUra l!Srrutunml e (modus operanch ) produz sem cessar, ao preço - ou ao instrumento - can G!ta-tinteíro ou bastonete de giz; a despe•to,
de r·e traduções jrn :->os1as pc.b J6gica pr6pria aos diferentes campos, todas p orronto, das diferen~s entre os conjun to.s motores mobtlizndos, apre.sen·
as p ráticas do 1nesn e agente sác objetivamente harmonizodas entre si. tam uma afinldadB d~ est11o, um ar de família irnedi~tamente perc;êpth,•eís.
fora d ~ qualqu~r b1.. rc3 intencional d a c oeréncia. e objetf\.·i;lmente orques- Coristruh- um obj12to tal co m o o ~ istema de estratégias de reprodução,
tra.das. fora de. Q. ualqu c:: r acrn·d o con::.ch.•n (C!, co1n a.s de todos os rn et.nbros seqüências objetivamente a rd ê.nadas 12 orientadas de práticas que todo
da m esma da sse'~i.:o_ Sendo o produto da ~p lkação das estruturas objetivas grupo deve produzir p~ró reproduzir-se ffiquanro grup-o·ii , é encontrar o
do cosn1os ~t:ün ôrr1ko e soda! .sobre u1n organism.o que sua 1 6~ica própria meio para pensar em sua unidade os fe11õrnenos objetivati'1êtlte llgados quº'
fcva ~ futi d onar de n1c..d.o sist emático., o h;~hirus engendra conlinuan1en e as diferentes ciências do homem ap reendem de 'fom1a desordenada e em
meláforas práticas: lsto e: numa outra llnguagern, transferencias {das q uais estado de separação.t.<!. Restaurando na dênda das ptá.ticas a unidade que
a transferência de hábim~ motores não é senão um exemplo particular}. ou, s ~ estabelece na prática p ode-se. assim , pensar sob e55e conceito o
r o nj unLo das estratégias negativas de. re produção que visam evitar o

39. ,ô, e.. _t:~~LO do o!:'ll'l'lf'.<J <li:. L!:::."'.to~é~l.'IS c.:l>letilJil.S de rep~oduçáo, q1,1,~ stlo !.!.'< ph:' lrnr111<'1li • OOl l"lit11idns
.:o. :J c"1mlajias 5U '!l('.d i\L') P. ·,.,..J}'.)~ 1;n1rr;Ípio~ S~::> cxpliciti.'imente fom1ulado.s " j11r.d1:-~tn<.'IJ I[( • 4 1. S<' a!I ~1rncê!g5i!a3 de r~µ:roduç.ão nii<: podem c1l'i'lr~~r . ..i b eir1 rl..zr;.: :-..'11"1~..Ci na , cla.:ue:; C."-1 íraçào?S
~; :-ill1tkl~ r'2!ice .::Gn1n -e t!.arti~1:!.i11io :1 o;('f 1r'il~)':'fnlt ldt U1n 1351vo:h d:::i conJLill rc d~ priuic-J.S q ue de: dasse que esti:ro ]cs,1:::mmm;..i (qLlo)( ·lo n(to í>f,i [iC1"\111(;b1 r;,>J C:..0,,:[.1!::51ilS. 3. dgsclas,si ficilÇ<ÍO por ta em
'.·i~ m nsseg ·~r :l 1ra.nsrni!:!:iln <lo j.•i!.ll'iml~ rir:. ~ r.:rr- r1:1 ~·-~~IX-'3 1 " '' ;; rr1b1irr:o po:.'SSlv'el de di!gradaçtio ill~o a perder. ~·m r ~~!.;;.~d:ir fJ ir ac.a:d:ic:. da tra1~nissáá do(J capital e:nlr~ as g~rnções, pode· e
~<'nrfrr.-!I, tor•m duv;;:b , il rnçl51r ! c&..<U i'i5::> i ra;s.a IX>s;;i•.'El oom os rnl!c;:.-<1(13 tr1!1d1::it:11·1,;,i(j dl::' 'fh!'$ "1Lri5í)j ~t;.:;Onh'llr', n.;is fr~n~~ 1n1~ior..15 da p q1J1?11t1 hUJgue:;t.:i ou ale n as camt:1d.:i:: :s.r;11)eziorQ.$ dê! ·la~ .. <'
- qu,;. ~ 1<\ .l~~!ll.i"-Ç~r:> da·~ ~ll'd(~~ pn;pr~mc:nLe !:IJc~sori, is. &:si le a cm r:pra :J.i C! 1drvs ai~ l1::i. 4 í\P'fél!'i;'J estra1e_-.; n:; .,,,.~i:ls quai5 f,5SES gn1pms vi s, 1n H!prvdjJ.tir ,,q•Jilo ctifü <JS fH.".flilr'n rla co11rliç.ão
.~ ~ . d 1
di.fer-Ent~ kmnas -ifo fra.•..t"!õ~ L.;;:"al, ~\ 1(1t 11.) m~is fr!J(,j..i~I~ q wm o n :..:ts im µortnnl t;! ·2 l} 1mm11fu'tiü E ' .r . ,1 1. l •
uas chsses •.•ol1!Jas iJ !Sllllp les reprcx:Juyi.ç r:fB ~ll1'1 ~)<j$[~,t ~Jl1. ~ J'()l('trtl".li"..-;,J0 e !il,lt)'JlH>.l!"o.:U llJ O:: tlSS.:.m
• I m~ma p o posiçáo ti.'imbém ~-~lia '..1 ~.d{t , ll1 lJk Jl1 j. f)) ( ,'f(J r1d1.s. J)i'rrn :'1 1r<.1J151Tii5sfiu do rnpi:nl tllllural,
!:li! me.plica o ilpr:iri:.'::i1mm.ló &i proprs11Sà('} ;, hwe;-:tlr no s!slL~:,'ª c:2 e~i;~~· no s~ di'!.S c~r/)~cltJ:;
1"ilíi.1 l;u r IJ~ ~plii:.:i~nrnenle ccn.!:~11<1& conio tal ,~ ) ?.i~lr..rif'lln 1~~11tt: "º}ldr'llí-11~-iii. n m• >kii:. que e;. :;•..-pl"J'iol'r.;s ~:..t ).n·d~<!rla.rlo J':tl'C(l(:Upaci(l!l ("ITT poupar uos Jl!.ho.s a Le~tudt'l n o ~J.Jpr1)]1:J!Afl{IOO
1....1~ltr1I culll. "'1 r ,: 1&c.11lt1.;. ú 111,,i!, w ll u:Jsç . q•.:ar :do n&o ·e m v.alor absol.1.:.to, :..:.i r.i ·~ 1r:s '"rn v;;lr.r' rdt:1l'i ..u .
(e.onipo!ltCJ, p•1i.nr:::l1)..:Jm en1.2, d e eslr an3eiros).
h;dL~se .a1b ª~''-'lÇ«"i!' ~· lrl~1Ó11"' •J tk q~ u- " ::;er.so de rea!k~aáE:''. o s.:;t:so clt1c;,1.,;l-i q1 1r: "rt,~(J )l!:S ~
42 . T.'.i' l t;cm!iCl'l,JçA::: LC!ITl pm combção a destruiçãc; cli!s :::li·yi sf:.õs tradiciv:nl'li~ ::lo .:J~ e'.! dwt itlcn qu~.
rm'111itido '' t l!:'n 1..anl:J ma!!:. d r.Jr...;~ óc J '"""'"''~11 i.Jlll ~l<1ri:i J~ senso prót1c.o. i!'LO é, <14u~m e.a
ni'itó lla::-.!ii)m Ge dio.•isões flr9ZI J7.ilC10flh i:! da ci ~ l ( Sf.1dal (11U,~, ftOi' :".';li!i \.-'<1.Z, S..lô ça..::ad_as li pL.'lrtiT
•!li.plintN,"il:= qtl:!l 1Lc mais ba..>:a l> l"....L:..=:.:1 pu:.l1;:f!.;.1 111'1 bitT~T'Cll•in svci.il: por esse mofr,:c, J e e:>:t!1·~
das cl.io,.•i!:Ões insri'h.Jrj::;t>&;is d.:i l-•r?.11 :(:! Sí IAI1 1i)i'l!! r.on.c;tlt uidas em dominms de oojeli'.i::hltl~
s:::l:t"P. .:t.~ rrah::as LllTI da mini'.} que r -i.:u-1 a apaclL~ 111,1 , , l.:le-~'1:;.~t!. ti 1l!Jld':'t: ;.]I) iJ tUÍ!:C.Jt:do. do OC1\'io,
&.-;p<11, dó:i réflido · 'ür I~ ir~fot);?)1:-l,mt~. serv.:lo que as d:.1. ;cciolc·gfa d~ e:Jucaç5ó '>:.~~ 1 vn~1 .1
dr. 11tl:.B tfo ~ q•1e fun:iorn. rnmo d l31b::i 1il - 1Lo SE a rel~ãc ca:n ~ :")r..dr· ,~ nhj ~ r.,~ ·~ :c1 1d~ d
·v .,. • 111 ét da ooch)~gii!i 04onó micrl e, por mofr,•o ainda m ais ÍO:"le, com i\s d!l'i e-.·011o·u1l.:i P.lén•
l<Qrní?l'~I~ 0:: • 1 •.•r:J, '11'\êl~ JvP" llscil. 2.oi~ligndi1 Í.. rnodirl<r ~llJC li ir:d.,;d.oo Sr: .;j~·.1 r..;,1 r.M'Cl:'ciul:; ·:.: 1~·11 ,
eli ·~ :<;t)m ~1~1 :? um i' :'oeciolcgia compara~va dos sjsLem~!: de l:'.Slrocé9~ de r~t · 001J~~(J hl~lonc.a­
i!'o..",:": 1ldlJ q11~r di~f:!r qué i.l S r•ratirns SE tomem -@~ Vr?I. mais rrreuflS!as É, .:J~ ti!.10, t>:) ro · . ; ! (1
rnt:!n1 r. oo!'IP.t'\•ados p6mitina estab,;:licer ~npir~:urri!'.!1 tlC o tm lv "rso dos JSCQ pos!ii'.1 is dos
dil ITTantim"r~. ;:i O•t'>f!fWClhun od~li rt • ··-1:1 . qu::.11rlo 1<1orirc111~rnk1s aoli11': 1Lo"~ J,.J :?'l'IZU:'!.•v,·I, íaze111
diforcmt~s instrumentos insci;1u::krrl<liiS ou oíicil.:60:, {ti) (jU'~ a <"la~ <1irig~nte p :Jde di~par. nas
µarte das Jib~dad,;s. rnn.! l):ilrif!s. e (11~ r ·co; ·n6 1dM, pclil cl-:'iiniç.lr:r -cbiel io,.·~ da scl1Jrl~ja l!.
d iºerentes é pOCllS, r.)ll.n 'i 8~~Jr(lt i,J(l r;t1'>f1rt~1 YP.lJt:'OOUç!a e: .as lei~ dt! ÍUIXiOllllr.Jl?JllO d~
1Jl'l"'IU~m, :;Jvrqu.;: il r{'b çfü.) q,.J:i.>:~ ra<'!Qt aii?.;rde. .;;1,;11Y1 ãs wndi~.ões ::;b.ieliv.n a:..il·J1•1u idas pelti
'n1~l' ~ 11is1no · til~1cmoos f''-' lcrs q1 1;:ili; clõ :í.1r.d FI p ,rµ e:".Er sui!i p rópnil d.;:irnjna•; io O l<11o d ·
~pb:ili:.çilo e p.i:l!;i ;;in.i1Ü3e -afor;Y, ;""; 1.-tr 1).S 11W i•:":t- d r.: ~<l~1)I ~ao.
descr~o,.•e:r ~slé1ndti.;.:atr1,er1l1i1. I• r, ~. ~•f!IJ<ifll r> S):;LL>mé'J . o mnju mo da; 12stra1~rl5 de. r;?f!roduçfü)
40. O h· nitus '.Jm cor~trmo irrm Jl11.oo?! ~5 m,.11;.f l:i:>t~ç:ões fon.1 dM q_t1L!;is não posst> Elir ilpr.c:er:.::lido; co.c1rc~e1 J."'J'l ::t1Jr:-t1s d;"' utrur. êpc.:a náo se-ia regre:lir ã Khagr ilfia di"J ~)istóml dos ~r:.on:~.cin ·~r\1-0S c~1
i ·:o;o não s1gr.' fim q•.Je, seguooc ;; Çrlt•'1fnC1rl·.:il ( Ih :-c:; li~tr~-0 u :Jo c:iom:ir:ra.Jsmo. s$ preciso ver <Ú lii$L611a il 11 •d.ótlcPi. ma!l :wii oG?t'"ICOll~~i!.r o m eio pa.ra esc.ap M ~ i:illematiVLI entre jcliogl<1'Í~i.i­
11m .sim1;~ e=; nrxme. mais ciu mmos. arbicri r1o i:'! 11H11~ cu )J wr1o s ~rbfü'.!)JÍ.:JL JITTll.e •~pJic:i.do a um JlfJl b~I COl1)prom~ b i!:.!ilartl.p. •ntrc t1 cu11Sl m ; .50 "° il d-e...o:;cr}Çi!lo, M q11i"ll fü:' i1nl to11~im~<100
1'<":nj11nl;:i de r•ilti~õ ~!i esLatis'ika!i iC..•-.:umrar-~â urn. é . IYrSkãc:. n11.,ls slst em:itlr:{! dt1S pror>rt;:C.iKl~ l i!<n'to~ ln1~lhos hi~1órh;1~ qua1i&l nãQ SE! e!:qui~·ilm por mdo du r.•w µoslm~ta d05 n1<'1;oorJ.i;
rio l1olb it1Jo: •:.!. cn p.uticuia~ d:!i 111 1.-e11.!'11:!d ud(.' .:;ln~Ut)~r.'!{J que a c~1 t1CL('rb:~. ir. P BOURDIEU. '-Jl ld) 1Lila111.m , di'J'i mb11Jrldé - IF KJrilo pmsai.1l!So - dzi :t:liogra bzi ·~ di:.s _~1'.lfm~~ - J;l0 JA() coo-:.r:..r11~vd.~
Esqu 1s:;L' d ';m ~ ,' li ·n.rie de la .Cl ru 1fr1!JI;.!, PnF1s-G1~1 1~•_oe, Proz. 1972 p, 17 4-J89). • m ~ li hrn) gro111 d t 1111 iLi ~li d.~ d (·11 h, - Ll \1erd,,.Jrir tor;:.;1r••o.;ã..~ ioon•ÁI

] ]q 1]. ~
esfacek~rnenlo do pat~lmónio , corr,elativo rj multiplicação excessiva dos mente garantidas (djrejtos}; as e.s t ro tég ias ma trl mon ia js. raso particular das
h ~rdelros: ou seja, em primejro lugar, as estratégias de fecundidade (ou, precedentes, que de;vern assegurar a reprodução biológka do grupQ sem
mais exatamente, de limitação da fecundidade). estratégias a longo prazo runeaçar sua reprodução social pelo ~s<m1Qnto desigual e prover. pela al•ança
- jã qu<t dep,;mde delas o futuro da Jinhagem e do seu palrimônjo - que crnn um gmpo ao rnenos equivalente sob todas as relações socialmente
visan1 lin1itar o nümero de filhos e , por conseguinte. o trabalho de pertinentes. a nlcmutenção do capital de relações sodais; por fim , as estraté-
reprodução socíal, n~duzindo o nún1ero dos pretendenle.s ao patrimônio ; gíos iàeológkas que \.'isam legi.thnar os priv~lêg]os, naturn~iza.ndo-os . Reck.1zin-
em segundo lugar, as estratégias lndtretas de limjtaçà.ô da fecundidade, J o as estratég1as de. reprodL~ção aos seus produtos. considerados
como o casamento tardia ou o celibato, que tem a dupla v.antagem de separadamente e çomo fale; c:on.suma<lo: condenarno·t1os. se}a a converter o
impedir a reprodução béológka '!. êXdLfü (ao menos, de fato) da herança (é ~1stema das práticas de um agente ou de uma dasse de agentes nutna rapsooia
a funÇãQ da ,Orientação de certos filhos para O Sa·cerdódo, nas fi:HOí)ias de. dados. r~iclos por lguru número de leis positivistas, seja a ··articular
aristocráUcas ou burguesas sob o Antigo Regime, cu do celibato dos filhos ~L stânc·as··. isto é~ anicular índeHnidarnenLe discursos sobre ins(âncias. De fato.
'· -
1na i.s novo.s em certa.s uarnçoes ca1nponesas )ii..•, A estas acrescenrarn-se sendo o produto do mesmo princípio todas essas estratégias são objet íz.Ja-
1

todas as estratégiÇJS posirivas, como as esrratéglaS sucessoriais~ cujos tnen te orquestradas, o que tende a excluir as incompaHb;Hdades entre
vestígios codificados no costume ou no direi to não rept~se.nrnm senão o práHcas neces.sariamQ.Jlte interdependentes - já que c:ada urna deve contar
aspecto mais visível, estratégias abertamente orientadas para sua l·eQI praticamente com as ccnseqilB-ndê.lS da outra~.q - e favorecer as suplências
função - trans.mitfr o patrimônio: com o rninhno possivel de degradação, funcionais, como dizem os b iólogos. Qualquer tentativa foita no senrido
<li'.! u1na geração a ou(ra - que devem , entre outras cojsas, recuperar os tle colocar em evidênda o sistema comp,eto das relações entre élS estrn.té-
fracassos das estra l{!.gias d~ focundidade, como um número excesstvo de gias que çada uma da~ classes de uma formação social determinada põe
flU1os. ou os inevítàveis addentes da reprodução biológica (cOJllO um em açao. em djfereotes campos d~ prát1cas, esbarra não só na ausênda
nún1ero exc ess lvo de rneninas}. Mas é pr,e dso também levar em conta, de est:atíst1cas s1smmaticamenrn constnüdas, rn.a5 também no fato de que
]nseparave!mente. as estratég~as educa tJuas, conscientes e inconscientes a ~gregaçáo estatisti.ca tende a embaralhar as relações que se €$lab~Jecem
- das quais as estrãtégias escolares das famíHas e crianças escolarlladas praticrunente~ na existência de cada agf,mt~ s1ngular ou dº- cada unidade
são um aspecto particular - . invest>mentos a prazo muito longo que nào social elementar, entre todas as práticas suc~ssivas ; nesse caso , cada nova
são nece.ss.atiamente percebidos como Eals e que não se reduzem~ corno -u-atégla. ~ncontra seu ponto de partida e seus lin1ites no produto das
estratégias anteriores .G . Pode-s~ . todav'a. como se utilizass en1os sucessivos
4
p€nsa a economia do ''capital humano··, ~ sua dimensão estritamen e
econômica , ou até n-~onet~ria. já que visam primordialrnente produzir ·ocos de projetor~ iluminar. pouco a pouco t d iferen re5 s ~tores da rede da:;
agentes sociais çqpazes e dignos de receberem a herança do gnJ po ~ isto
é , de serem herdados pelo grupo~ as es tratégias qU{!! podem ser denon1i-
nadas profi!<l ttcas! destinadas à manter o patrimônio biol6giço clo grupo ,
assegurando ao.:; seus m8.mbros os c.uldados contínuos ou desconttnuos 4 4,, P fo :1110 de :::.v ~11ll~r<·nt .. pr:>ntos cilf P.'.l'~nt,;s de> t:klo d\:? i,.'):li'.'J ccmo proce5sc irn:vJ:Sive1, i:.s
dl1,•tcntcs 1:, jh ;,c(!gl.% d,: r~pt·::idvção si\c tambem CT0.'10,' ogicamsnte a rtrcufoda.s, t~"t rn.;;:dk:l:::i f!l:n
com o objetivo <le preservar a saúde ou afa~tar a doençzi; as estratégias
.:i11e.. ri <'.'ld11 rnom~1.r.:~,, cada uma dirvc contar com o s resul~<'.ld0s alcL't11çl:!'Jt;x:; JXJa' :>qu"•lr1f. •111P. ~
p ropriamente econômkrrs, de curto ou longo prazo. com o as op éraÇÕí:!S pn1ce.àeram ou que lm urrw. r,t:r.sc)~fü,·<1 r~m por ~ u1::tl$ c.11rL:i : ê: n35lm que. par exempla, ni!l
de crédito , poupança e investJn tento, destinadas a assegurar a reprod1.1çà,<0 lracilçSo bee.rne.~m . .JS eSlr'.J~~j.~ n Hltrl1 r1<Jr.1i'llS .rl ~pendi ~m 1111.!itc· e.;Lr ei1Jl'9i:mte das 1rnt li!gii'J!i de
[ t':.1J1)d~~lc df1 Íêlt·l :,íll,-:1 (par lr.1~11'.Mlo d n 11úm erõ d Ci.:io prelen:ienle:s ::.:::- ]Ji'ltrimõn:{J e do r'*;:u~c~Uvo
do patrimônio econômko: as estratégias de im.1estfmen t<:> social, cons· !!i~:.:1>, j tr: P., rl1) n(1mam de filhos a serem d:::taáos com unm bí?rilnçl'.I oo compe11:.iao:.·t;o)i dl\S
d ente ou jn conscientemertt~ oriílntadas para a 1nstauraçao e manutenção 1 ~-.1 f'11aj.~ .,~.JuL:a.Li•J,:is, .:u!u ~:<i'.o era a oor.diçf.n p1.1ri) ~ lm plerr'lertta.;;ot> d(f::, ,;:;,~ .t~IM qu~
t..'1:.i'i 1.'a m d<2S!:artar da he.rarn;::t a-s f1lh:::!; Jni)Í!:. novos e m; f~h.OJi: (1:$l~ i:;~o Cd6C:.1i tén:o ?spro prl11c!c>
ele relações sociais diretameme rnobil ii~veis e utilizáv'2~s . a curto ou longo
~ eis ,;11trr.-s pelr.i celitato .;,~u pela c1 nlr.rttr.(~:.;); drl~• <'~(!'at1~glas p optiam°":;t e ecori:>1nkils que
prazo , islo é, para a transformação. operada [J€ta alquimia da troca de r.·isi1v'1m m;IJ e r: ulr.&s co i.,f3 ' . a 111!'1N.Jt~:n(ff.n cu .:1umc·,ntc do c.a.pltal de Lerri\S, ek. E!ósi'J
dinheiro, trabalho, tempo. etc. por obrigações duráv·ei'"'. subjet"vamente i lenJ~er1 lên ·id ~ c~:ndici· ·e µor v<'n l;is. ~r.rnç~<'.s . sim1o que .nnil 1~müia pcdfo ser olirig"dei.
1

! lu r.,r I~ 111Lri!L> te1ri po, d l:'l':lµO!'-SIJ p <!, .:itfos .::~"llteio5 r: :i.ra com:;:>eru:<1:- a~ despe.s.&..s llJOr' \.'~.Z ~ , ~•li
sent~das (senfünento.s de r2conhecimento, de r~sperro , etc.} ou in~lituc.ional-
1<'rTt.S:• ! w.i.:c-;!;fir; ittS p,.,~-:! -(ir:>t.11 ' 1 1~cm te°f(IS ~l dinh eiro , uma Í i'.!. niÍ~il d~-~~ltid n\lltl\!rO<J,1 ()1 1
r •"!'",t"IPe.!~t<-r .f!i po sk:l\c ~ateti.al - e. ;;:::bretu.dc. simbólirn - 1.k 1 ar..•r::'J. e.rx'J::. u"n · .1 f;drl~~t: ! ;"6igu;:il
.:15 l'.S$1t11 1: p í'it71 1:> es ci!c 1e ~r.ldo :isl;} é, . ara ::: cor .r.m1o ~1c;l 1?m~licr. dr:: lrrlç-::;~ .:Jl~t1 nrh1 t'X'i'. .:~li "
43 . .S& r(: o1:i ~.J111(:":<'$ 5<,ir:t.~I~ dr! celibuto dos 1ilhos mil is no·Y'05 r..., tt~ir.;:~l> b~1'fi 1~o:.1. r..1f!1 P B OL !R:)I EU 1·• r.if 1P'Ji:t:t.in 1:-:ê..:ts il" r;n'toc"m;; e. cb tt!: d.e um rJ!]O:nf e ::;.ms,ul,1r 0 11 de 11m l11SS 1 r:ie (!!:j~1t~. (dn!;SC!
" L~ :'-ITr)tê~i;::~ nM~.rimGni•1l-i!S rldn..:; b j;!Jr;ti11íW. d 'S !>tr11túçil~.!i d~ ~·ep'r. ocluct3on'', in .'111r1cr1.i-s '27 i-·~ 1 :rd(~C> d" cb ss "~. como pafi'I a ·si 11 0 da.~ o bms dr! o1 ie d ·· uma cw:>::a- <!. a hl~~.jr..ít, dt1 1."d l)
1 1

i<l -5) iulho -i:l111rn:iro de 19 72 . 11 05- l 07 S ·lirt: o'.!:!- ~ 1n~:) !'; d, r.d iha•o de-:; p;id::- es $::.b e A!"ltiao d.• 11m 1ni- 1•Jidur1 o u d~ 11111 i'.lf'. -fKI ande 'i" 'J . o 111~mr. rnôJ14:S • ,·x~rpt1ri'1 i~1(x)1 ,l rdr nu:n;~J Cb(J!'.
H ·gh))1• 1Jrr F.Y. BESNAR O, S.-1!.11Jt?,'1ir d 'iJt~ nor:::ig · na ir.::. 'P Tis. 18âfl , [, p l·l, cit11t:fo ln I::.,{~ ri "\ !:~J.1s i:.::inlas d ..•p io t· LI·• •"'.115 dt ·· ~1 ;..;:,1de.:irkJr~; P,11 1 6~- pró l~'ls pr()d~~1<:ts (t.n'.ltnr-se·:n d.os
C,'\H3ER. í'11c BvL:r9i::v 1st(' lri .' 8!h f.RrH IJrJ,: J.•1 Fr:Jn1~e. P:ir.::eton ?:-ir..:etcm Unive~l1'.y' ?res~ {'Ylrn s:;ii:foi;, n~·r..Jf!qí 1 lfr' l 11lr 11r;i"> ~ 1• qlt,,. to!i ~.:•, f:-:rn 'C'1 , ,:;P.rn rlüvid:i., i). melhcr i::r:.r.:;l!ln dõ
J967 r. l:.:'. G, íllllíJL •l"i$lil mi; ir• d(I 1Ili) • 1" a • <k l 1r,1.,, LI! iid.1:. pvr 1~111 'C1ij11n l.:i íl ~ t "li'lr/,ie.'I signliiciut1Ç$.

11 1 17
relações que conferem, à prática de un1a das.se, a coerência e adaptaçao dn caplrn.l ec~nômico (dor e) ou do capi1 al d~ honO) ab:~ldade (virgindade!.
às condições de ~istênda. que lhe são próprias. n1ndu.tc::"' , etc.r, E cabe con:;idf2rar se não se de.;e ver o efeito d~ urn outro
Assim! as estatísticas da entrada ·na sixieme, segundo a classe social rrocesso de suplênd~ íunciona! no cresdrnento da Jecundkiade da classe
e o número d~ ftlhos na farnília·! permtrem, por exêfnplo, pen::gber a relação 1
b mir ante e até das frações dominantes dessa classe, cUJa reprodução
que se estabe1ece, mais ou menos diretam·enre, entre a5 estratégias de t(!pous.ava, prindpnJment~, sobre a Lransruissão do capitaJ econômico: ccn-
fecundidade e as estratég& as educ..ativasq;,: 1ê-se ai que as chances de entrar 'lr~rlBimente ao que se observa quando a reprod·uçào é assegur,.~da pela
na sixieme para as crianças perl~ncentes às fan1ilias. das classes médias 1rnnsmiss~o din:~tQ do pa[ri.Jnônio oconôm~co a um dos d~ce:ndcntes (en1
{mtesãos e con1erdantes}quadros médios ·e empregados) que se djstínguem detr1men1o dos ]n i'.!resses do.s in::livicluus que sã.o ~xduk3os do estanüo de
do resto de sua classe por uma acentuada fecundidade (quatro filhos ou he:rd(:!.ircs legí1 imos lJ-ela sua pos1çãc.> - filhos mais novos - , ~exo ou outro 1ndk:í:!
mais), não são maís elevadas que as dos fí1hos de operários pertencentes socia lménte r12conhocido), nada, senào o cuslo do_ estudos, impede de
a unta farnma. de dois ou nés filhos; vewsa a1 ta:rnbén1 que as chances de l s~egr..1rar o ·· estabelPdm cm to'' da totalidade dos descendentes {alnd:1 que o

ingressar em um liceu {o que pressupõe um grau mais elevado de ambição i".lpirn] cultural trnos1n~ sível por cabeça dhnir)Llé'.l., sem dúvêda . côm o tiím1ero
~scolar) são ainda mais estreitamente ligadas ao tanianho da familia 1
e ffhos. pelo fato d~ que, ao contrilrio do cap~taJ cukural. teoricamente
{sobretudo , entre os empregados e os artesãos ou comerei.antes}. Contra d\.1isível ao tnHn3:n, o tempo de adulto, disponí.ve.J para a transmissão, é Bnilo},
a explieciç.ão apar~nte que faria do número de; filhos (e dos custos quando i:l reprodução pode ser assegurada: ao menüs parcialmenle, pela
correlativos} a c.ausa da queda da taxa de e.sco~ariza.çào 1 a limitação da. transm issão do capita' cuHura] e pela uufü~ação do siscema d~ en sino.
fecundidade 12 a an1b1ç.ão escolar d~ven1 ser 'Ji5tas como duas manifestaçõe.s Nessas condiçõ€5, co1Ttpr~~nde~se que os burguesGs possam, hoje! dispen-
da n1esma dispos1çti.o a ascese para a ascensão. 5cLT o l'ecurso à rcstrtção dos nascimentos qu ~ lhes éra Jinposto outrora

Como as estratégias escolares p redsan1 contar com os resultados das {t tuaJmenle; I:!. o que es á acontecendo com os peq\.~<?no·burguesªs} como
estratégias de fecundídade que, de ant€rnão, são condicionadas pelas uma das condições flind an-Jentais da reprodução social.
exig~ncias do invesHmento escolar~ as estratégia5 matrimoniai n~o são, Para Lon1ar perceptlvel a noces$~dade de pen ~ar como tal o ~istema
com toda a certeza. independentes da.s estratirg~as: e.scolares e de modo dns estrai t,g1as de reprodução, não há ~ com todci a certeza. meJho·r exemplo
rnajs geral, do conjunto das estratégias de reprodução. Basta pensar na quê o do investjmcnl·o C:!ducaUvo, ;, .rotado n s~r cbjeto de apré12.nsõ "ª parciais
transfom1ação dàs estratégias utiUzadas? tr.adicionalmen1e, pela classe e abstrata$ pela dlv1seto do trabalho entre as disdplinas. Os ecotiomistas
dominante para casar a~ filhas que é tambem, assim como a transformação têm o rn érlto aparente de formuJar expUcitamen1e a ques1ão da relaçjo -
concomitante das estrat~glas de fe2cundidade (conb']buindo, sem dúvlda, e d e sua evoJuçào n ô rernpo - entre as raxas de lt)cro asseguràdas ·pelo
p ara ~xpllcá-ia), correlaüva a uma trari.sfr>rmaçao das relações objetivas ir J.•esUmento P.ducatjvo e pelo lnvéstitnc~to econômico. Mas. além do fato
e..ntre a classe dirig.ente e o sistemã de énsino. Com os progr~ sos do acesso de q1.2c sua m ed~da do rendirnento do investl m(!!nto ·es olar· não l~va ~rn
das m oças ao ensino super~or, os mecanismos d.e auto-orientação (''voca- con.a senão os jnv~stimºntos e os lucros monetários C)U d1reLam ente
Ç<)o ·~ ) e de seleção que. produzem grupos L?.scolares (faculdade oH ésco]a, c.:onvcnsiveis em d inheiro, conto os gastos acarretados pelos estudos e o
disdpfüia. etc.) socíalment e muíto hon1ogêneos n10.straram tendência para equ]-;...-alen e em dinheiro do tempo ccnsagrado ao esmdo, eles não c:onse-
assegurar a endogamia de e.lasse {ou de fta~o) pelo menos , tão 12hcazmen- ~uem explicar as paatíis r€!lat1vas que os diforerit~s agent12s ou. ~s diferentes
rn - mas s€gundo um n~odo 1ntejrame.nte diferente - quan1o o intervendo- dass~s cone :idem ao ini.Jestirnento econômjco e ao inveslimento cu ·urnl,
nls mo das ían1llias e 1 em particular, seus esforços p~ra organizar as ro~s não Jevam em conta , sistematicamente, a es truturá das chances
ocasiões diretarnfilnte controladas de en contro (balle-S, festas-surpresa! Jif >r Jndais de fucrc que lhes são prometidas pelos cliferen es rnerca<los
46
gincanas, etc.). Esse efeito inesperado da escolarização conhibulu muito, '2 111 funçf.to clc vo lu me e da eslnHlJra de seu p.a'lrinLúnio _ E rnai.s airida, ao
sem. dúv~da, pata encorajar as familias a abandonar a política ditigista (em c ru ~ ir de rerni'.lmú 1r c)S estral égias de investimen1o escolar par~ o ârnbito
[Odo caso , bem d lfkU de hnpor) em provêlto da nào-intervenção ao m€smo 1

ten1po que era complecamente redefinido o ~ lste.ma dos critérios que


detem ünavam o valor das rnoças no mercado rnatrimonial, quer se tratasse 4 7 . O 111-rsmo l,;.p:·:~:";;-=:nl) foi obs.;it"..<:tdt:o p :; E.'i:f1Ca5 Un:dv.,, 11d :_! -e. ~nrlogt1m~;i soa11ol" q11.:! ~
.::::::rre'..a'IJ1:.1 ,:1r1 'd ")i,.x rl\ilrr.r:n:o dn educl\Ç€lo :J, · 111i1S!><i · as.;::: dado • •.. 111 !'t'I).=.~: m en co é:i :it:'.léÇ~(.1
·t1;:.ii1, 1r-nd;~ .a 1.u mp&1!iJr C>8 •>feiUJ~ do "aumen~o d.tt llc •e•d(IC.<> r un -,~idr. ila> jctv'l-~ r.s. n<1 ~..cclhti
do ccw;·,.j .,.. , Ci..Jll't:!là llVtr ~o "dr!drnu d.,,.s. l11çcs fomui!JrB.> lr,1t:f,1! '1:~. 1i!.1S" ld . B.K. ECKLANIJ Na.v.
116. Cf. A. GIRAR D e H B.l\.STlm·;, .. La scrn.ljfj ·3l1Qn :;cdi!I.? dé lti rl,;rno.::raüs.,unn rfe I' nsl?lgr'l..:l~l~m , MaLing Bom'td..:11 is m 1'.L1.11Cd1ion '' , in Sor.ioí B !u,'tNY. 17 (4), d~e111~)l'f:qil~ 19 ./ 0 ;:r. 2.69-277,1
ín - Pr.pu.'c:i!ion" et i'e-meig ricmcnJ , Parb;. Pres:>it.~ Unli.1en=i1<\lre\.. ~fo F'n mca. J 7 0 48 . Cf '"'" i.1rfo:ulo1 G.S. BL,;;('.KI H Humâl'l Cai:; ll td, Nu...1.1 Yml~ r.::;h unl:w Ut:l\.~:=.i~· PYe:;s. 196•1,

118 1 l t)
das estntégjas educali,.ias e do s1s. erna das estratégias de: reprodução, de patrões da lndüstria e do comércio que, 1.endo outros m.ei-os e outras
cond(;!narn-.se a dºjxar escapar, por um paradoxo necessária ~ o ma is b12m vias de exHa não dependem~ no n1e smo grau , da sanção escolar. in\.1estem
ocull o e socia m~nrn mais lmportante dos investimentos educativos ~ a menos jnteress€ e trabalho nos estudos não ob'têm o mesmo rend]rn ento º
saber, a transmissão domésüca do capital cultural: as interrogaçôes ingê- escolar (o rnesmo ª>{iU)) de seu capHal cultural. Isto quer dizer que a
nuas sobra a relaç~o entre á ''aptidão '· (abHH>~) para os estudos e o propensão ao inve stimento escoJar. um dos fatori;:....r.; do êxito escolar (com
jnvestirnento nos estudos dão testemunho da lgnorância de que ··a aptidão'' o capital cultural). depende não somente do exito atual ou esperado (Le..
ou o ''clon1·· é tan1bém o produto de um investimento e.1n leinpo e em das chances de êxito prometidas à categoria em s~u conjunto~ consideran-
capital cultural!:'~. Ê compreensível que, e111 se tratando de ava~]ar os l1,.1cros do seu capital culturnJ)i mas torrtbém do grau etll qu~ a reprodução da
d o ]nvestimento escole;ir, náo s~ vá atém da consideraç~o das rendas posição dessa cJasse de agentes dependt: - no passado, assirn como no
monelàrla.s individu3js Sétlão para lndagar - nun·1a iógica tipicamente futuro - do cap jtal escolar corno forma sodafmente cert1ficada e garantida
funcionalista - sobre a rent~bilidade das despesas com educação para a do capital cultura]. O ;'jnteresse·· que um agente ou uma classe dé agentes
"sociedade'' en1 seu conjunto (sodal rare of retun1t" ou sobre a conhi- d~dica aos '·estudos'· depende de seu ~xito escolar e do grau em que o
buição que a educação traz à '·produUr..ridade nacional' (tire social gain of fi!xíto escofar é 1 cm seu casa pc;irtku~ar! condição necessátia e suhc.iente
educat fon as measured by its e.ffec.ts on nado na~ prodLicUuiryf L_ Essa para o ê..xlEo social. A propensão a investir no sLstema escolar - que, com
deflnlção das funções da educação, que ignora a contr•buição que o sistema o capital ,cultura) do qual ela depende pardalmente. cornanda o êxito
de en s Lno traz à rep rodução da .c2strutur0: social ao sancionar a transmissão escojar - dGpende, por sua vez~ do g-rau crn que o êxito sedai '1. deµend(;Znt.e
<lo êxito escora~ i. Ass lm, considerando que , por um lado! um grupo
1

hereditáli~ do capital cu tural~ enoontra-se, d12 fa.Ea, ln.plicada, desde a


or)gem, num.a definição ~o ''cap2tal humcn'lo., que, não obstance suas depende tanto nienos complatam en1e do capiml escoJar. para sua repro-
conotações ''humanis as!', não escapai ao economismo e ignora! entre dução , qwmro mais rico é seu capital econômico. e que, por outro, o
outras co3sas, que o rendâmento escolar da ação es.co!ar depende do capita] rendimento económico e sodal do capital escolar depende do capital
cultural prevjamente )nves lido p~~ta farnilia e que o rend~men.o econÕlnico econômico e social que podê s;er posto a seu serviço, as estratégias
e socia l do cerrifjcado escolar dep ende do capital social1também herdado , escolarn.s (e, de TY•odo n1ais geral, o conjunto das estrarégias educativas,
que pode s.er posto a seu serviço. inclusive as don16sticas) d-ependem não s6 do cap it~I cultural possuido -
M~s, inversanHmte, o esludo interno do siste1na de en5lno e das Wl'L do~ fotores d12tem1in'-1ntes do êxito escolar e, por conseguinte~ da prcr

estratégias nele éngendradas pode.tia ter d es\.iiado cJ~ cunstru\.ão du ::.i$lema pensão ao investimento ec;coJar - más do peso relativo do capltal cult ura[
completo das relaçõe-, no jnt~rior dq qual se! dêfinen1 as_ es(ratégias es· na estnttura do patrimônio e. portanto , não pod~rn s€r isoladas do conjunto
cobres, caso não tl\lesse sido observado que a propensão a investir €ffi das escratégjas conscientes ou lnconsdentes pelas quais os grupos tenmm
trabalho e ap icacão esco!a.r não depende. exdus~v.;in~enle, J o vo1urne Jo ma 1ter ou m eJhorar sua posição na es triJturn social.
capitaJ cu!hxa1 possuído!:- 2 : as fraçôes das dasses médias mais rlcas en1 Para explicar 1nrngralmente as estratégias d e! reprodução . é preciso ,
capital cultural {e.g. os professorQ.S primários) têm uma prop ensão a in\•,estjr port..: nta, l'1 var em conta não ap~mas as chances globais de r~produção
no .mercado escolar {isto é 1 Lnna boa~vontade cL.Ül11n:sl çomo esplríto (tais como pod~m ser percebidas , por exemplo. através das çhances de
empresarial escolar) incomparavelmente mab fort~ que as frações domi- e~censão social, como foi íelto no caso das es'lratégias de fecundidadº},
nantes. da classe domi r)ar'lt~ , embora e_tas não sc)am menos ricas en1 mus também o sistema das chances diferenc ia is de lucro que os
capital cu~c1..m~Jli'.)_ Diferentemente dos fllhos de professores primários que
rendem a co~centrâr todos os. inves imentos no m ercado escolar, os flliio.s
54 . Nà0 Ct~l"! aql•i <lestr.z•.•er o unli.1 1~1 ~011 1pleto ::!.:is r.e:liaçée; µ:r~li~ n ·I~ rrX! iS se esl~bel~c.e,
;;:;;~) t!.'da c~sc.., :i. rd;u;::to i:it-:itT'l o '-'Olum C! e .... e.sLr.JL11r;i. dr: IJQrri111õ 11io . e ilS estrnti'!.gias d~
~n·Je.i;timen~o . Pod • 0~~'.ê!iN>E , p ends que. ~)ti ~:liso dr>bv~ timen~o esoolar, () ~lto 1.isool"1r ~I' 1e,
4 9 . Iâ 1 t",,3.f,(,_
pc:.r ~·.J \.'• 17. 1 dr~pvnd.;io r!.:1 capi:.11 cuj1·11r~1t lll' "11lri.:J ~ -d<) 1.:orope-.sík: a lr.\\",t;;l-r 11.:i ~~eo!c (qu ~ ê
5 0 . fo' ;'! 121 CÍ<'JK:i k!n-1~ J o v'Jlume dc.i c..a1::.icc1I euJI urill f~ dt.i seu pese nil ('l.Stnrt'.n a ri~tr. 1t"11.n1idl), f?.l'.l?T r P t1or si
u·n RI r:il ::; ·~e ~ ef.. ~:;a .:.cbr<' n !•t0~ens&.c LI ir.•,.estir, c:c~-.t ltukl~ J Jl'3rbr <lrn; i11clY.:.:!!:. prâ:.co.:: d a
s1. Id ~ l -s.
n:!:i~;,o ooj i!l i\.•i.l :':t:"l C!o 1:--, ·tituiçfoio esrnlLir (?.a::.lm , p ~ ~· 111plo. :-i !'.;TüU Nfl que a i r.111LI:=.. p~
52 ,, CI, P H<n .1R tJ:t-:l.... . "H.:!f)r<Jrl11,".l;lon e.ult,,,~~lk cl r.::.produ.ction ;o-.:Ll!]e'', )n h~fom;a~ior. sur ieos lnl l 'tlr~l-.dlo <le ~:~u c.:h.rl..: - o JVu - l')11 111 mimo~ .grn•.1, de outro d . s~11!'1 1r1~rr:~ ros. dei.· e su::.
,o;r.i<r11Ct'& soc1 ~Je.!i. 10 ~), l(J'1l ;:.i. L 15-7(J 1 >:1:>t ·~;'O.._, iJ scçt.:l. ou á l:.ist1, J('lk1), Qul111Cr> , o f1-:i1c própri'J ~ es1n :hJ1 fl c.Jc: p~.11ri;t'ftmio. ele resu:t:!I
5 3. /' l 11d0&r.; <.':' td~1 ··J ri ~ti•.•i) ••J. íl~··1 x 1!'lt<,'••1) i..•111 1c-b ('1e ar1J11;:is aa i:a pi1a.J ultural e a. C:-.an -15 te:l•rrras. L!!.m~~. sem rlÜ'_..rla., d ·-;, 1o1:ô ri' q•Je €5Sr etriw de .::~m~-.1grt1-;:bo ~ L:'.into ~::1i!..is eficaz qw.nt0 r11RI~
a:Je este assegun~1::-. na fzil:a C.e )m.1eslim.::=-ib acf:idom 1de "vb Lutl~' d~•Je-~ t1>i111UctP,, ex: 1m, ·~ 1rnrie., <.ui\ 1ml1 ,::J)f.1,1 •• ,. cr.;:- u J' 1l,w. d(I i'l~· ·n~ · t d ôLi·.·aml'::nle des:pn:1..;ido.~ d<:. nit it,.,I · '(Jl1f>mko,
dt.J ~~to d q11•"? ,j e. 1unifa il ""!'•, :'1111....1 ,:i ~=-?.iJr,I ó ia ia•r.iliae-. 1~"-i11.i1 1111, d l.ill.!res - r i 11 11lll'll1 i~

120 12 1
dlfe entes rnercc1dos {n-Jercado de 1.rnbalho. mercado escolar, etc.) o ferê· porque - como é o caso em nossos dias - e~s se distinguem. ao menos,
c~m aos possuidores d~ um patrimônio com determinado vo lume e tanto pelas subespécies de cap1tal escolar que tendem a assegurar por
composição. É assim qUQ.. por exemplo, um capi1a' cl.lkural fraco em valor lrwestimentos escoJares cons]deravelmenta ampliados (sobretudo nas fra·
absoluto pude exercer uma influêncja determlnan ce sobre as práti cas cões dominantes) quanto pelo peso relattvo qu~ atribuem aos investimentos
quando - por exemplo , entre ;s empregados - tem um peso rela1ivo n;u~to
56
econ ômicos e aos investimentos e.scolares •
forte na cstn 11.11ra do patrimônio. Em outras pa]a\.11(.1;S. e.ss~s es1.rare91as mudança da relação entre o p atrimõnio {con-
Segue-se que qua]qtJer
dependem da relaçào que se es tabd~te em um momento determinado sid erado em sr;m volume e compos]ção) e o siste1na dos instrumentos de.
en1 rn. por um lado. o patrhnônío dos di(erenteis agente..s e classes de reprodução, com a tra.nsfomw.,ção correlativa do siste111a das chances de
õgente s consjd~rado em s€u volume g~obal , ass!m como em sua composj.. lucro, tende a lrivar a uma reestruturação do s1sterna das estratégias de
ção (isto é, leveindo em conta os pesos respectlvos do çapltaJ econômico! Investim ento~ os d~entores de capltal, rião podem manter sua posição na
do capital cultural e do capi1al social) e, por outr? . os difere~I~ instrum ~n~ estrutura social (ou n~ estrutura de um campo detern1inado, como o
tos de re!produçâo dispun[ve1s, quer séjam otidaís ou ottclosos ou ate arllstico 0 1.1 o den tífico}, se não ao preço de· reco n ve rsõ~s das esp€cié5 de
clandestinos: é. crnn (:delto. essa refação que déine as chances de rendi- capital que detêm em outras espécies. ma]s rentáveis e/ou ·maãs legítimas
m enl':o dlierendal que os diferentes instrumento~ de reprodução podem no estado considerado do:s instrurrnmtos de reprodução~ essas reconversões.
of ere.cer aos tn.vestimeri tos àe cada classe ou fra ção de classe. Mais objetivamente impostas pela necessidade de evltar a d~svalorização do
prec1samf:! nte. a estrutura do sístema das QSCra1.égias Ôe reprOOUÇ~O Car'aCª pa1rirnônio, podem ser subjetivamente vividas como mudanças de gosro
terístka de uma unidadQdoméstica ou de uma classe sociaJ, seu modo de ou de vocação. tsto é, como conr.ie rsõei'i.. Em forn1ações socia•s enl que
rep1-odução, corno combinação particular das es(rategias de rr2.produçá.o o estado da relação de fcrçd Emtre as cla~ses faz com que a classe dirjgenle.
às qt~ais r~côrre efotivamen1 e para rnant~r ou ilUmentar ~eu patril:1ônic) ~ d eva constantemente mudar para conservar su a estrutura , as frações
posição na estrutura, dª'pende do valor relativo do lucro que as dl!enmtes J ominan.tes d~ssa dasse réndetn necess.arfaunente ~ div]dir~se, sobretudo
e~péci es do lnvestimentos podetn assegurar-lhe 1 c:ons:derando seu poder nos períodos <le transtom1ação rá pida e de crts~ do modo de reproduçao
efetivo ~obre os djferent e~ mecanism·os lnstituclonalàzados (tais. corno e 1m \.rigor~ segundo os ' graus!• (e
1
as forrn as) de reconversão dQ suas
mercado .econõn1lco, o tnºrcado matrimonial olJ o mercado escolar) que
p odem kncionar como lnstrumenros d ~ reprodução: a estnirura da discri-
buição do t.JO"ler subre os h1str\..Unentos de reproduç~o e. num estado .':i5. t:sperd "!:>e, de um wnjunti., de pí.5qu1sas d[Lld~fl 1tm1~ &aJ1) at:ild111~~nkJ . s.ol~:iot• .is dt1 ~::t ·ud.~~ ""
rrnr.ça e, nli'Jli pal1KuJ:im~:2HLe, sobr e n c.IBS!ii.'l Cfü~i.:rU'.~'. que p.:?m~ll."lfrl flíOOSil~ "1.SSaS Ç)f11'.)li~ ,
det~nninaclo da defin1ç.ào dominante daquilo que é le.giUnmmente trans~ A s pe:;qu!sns .;cbr -2 a tr;m;.formaçào di11 iBtrutul'il dü ~tnfXl .:1.:is ln;irlçLo~l'.)l)_i;: d~ (•11 ino r,·· ·or -
m1ss1ve] e das maneiras leg1timas de transmiti-los, o fator deterrninante do _grar1de.s éc.1 fes [N.T .: Cara~".r~;i;i~n-~,~ por 'L~t.:im indcU<!rld ·n1"'8 e.to ISlêl lloJ u11i 1Jmi!l~Jio, r~
rendimento difo.rencja] que os diferentes ~nscrumentos de reproduç~lO es1ão cn nar1~1) 1x"1r .::c:ur"'.1Jr.><..1 1; , "' t.l-e '~n'1r~m li fôTmiJ.r t'IS elices inle]&;:Lu.eús e d~ngences dn n<>ção) e
facuk1adrl!..; - <JU1~ 'i f.,LJfH.!Jali1.1i.\ ti. ;r~1 ~ fon· li>;«io do- mouo dê ;:iproprii.,~tl d::xs h~.;:rc~ do CL'pitill
aptos a oterecer aos investimentos das diferentes dasse,s ou frações de 1'(:0n~1ri1Co (tais cumo foram i'l11dll.si.'t:.lt"ls em~ )â. pirolicildo. d. P. 130URDlt:.::C, L. BOLTAM)·
classe e. po r cans ~gu~nb2> o fatt)r determinante da reproduHbil3dêtde do KI e M. c.k' SA:NT-Ml\.ffflN. .'e.:. c1t. t hõo ro~n~cer d:i.dos no sentdo de torna.r milís mlm~losi)
p atrirnônio e da p osição scdat clas n1esn1a..tt. portanto, da e~Ltl.llura das .o i!mi\li!;e d",i: e.st1·~Li:'giils es.c.olilres das difer;mtes frações di!I d ass.;;. dhríg&"ltC (!. das t rnr,isk:rm(.lçô(IJ:
por qu e pil.:."3i!lln. ~1:n ~az~o das mur! i!.nQí!.::. sol:w~~1~1~s nc> e.a rnrio 1).~011õ1 r'lJCO. A~ f:>~1ul~.:;s q 1ti!
propensõ~s diferenciais a in'\.i12stir sobre os dlferentes m~rccldos . visam ra-:oJcx:ar c s gosto.;. :? ccnsumo cul11• .lf;il~ dM difol'1~11c11." fritç1~ d~ díi~-S~ d111~~r;t~ n1 ~ ~tb'ni;;
d:l.S r râtic.i1:=> r•.-ms'btuci•_.,, ~o •.:.'it.'lv u·~ ufu'c CE!ri1ctet-l~~kó d.;!: ~ad.!! 111r)., dizli.15. d~~rk1;"' l'!pruer~
Isso quer d~er que n5o seria poss~ve] explicar intºgrnlmente estratégias U't~ S~11 h,. 1CÍô l ll'IM 1t!n lt: prbllc;J O í>rirlCll ~io g~r.Jdar d::is d ifermles si~L·~rnas de !5lTiJtÊ!gi;1!: .'\o
consciente ou inconsdenternente orientadas p ara a reproduçào do patri- tér111~110 dr'S!-i.\S i:J lemriliz.~õc:s pilrcial5. !: 1 râ. p~q,,.Ji. c:cnstruir o sis1e r-..a :Jas r.;;Jaç0es enlre as
mônio , s~não sob condJç!io de possuir ucn conhecimento (sincrônko e <'J:1rucuras patrimoniais das di f.::rentí!!i cb $CS e fr ~Õ13 ~e cl3S5e (com as cr:.ns~om1açôe:. p~n:;
quais são ~Ít!Lüdf'ls~ e as astralegins de ai;=:.ica{ào e Lranstd:>sào d1:::. i:.apita: eoor.tin :.irn, c:11IL11raJ l?
diacrônico) do pamrr~ônio econômico, culrural e .soci~J de cada fração de S(Jd1 1 (0 qu • 1m~Jllca 1·'·' r i-;m ' i:flt?i, <:1 lfo 1 dlaS i.J~h::n·• li~ lonn~:; tle opl~~·~v ~1 11~1);.iC'l!i pEili'l

classe. Em todo caso . pode-se observar que as diferen1'eS traçoes da da.sse ,iy~1>n0ml.1 . k:n n'1 ~ ieuos r~o11~·.l~idi.:.s de ~n·-·esl:ime:1Los que nik: podem ser CJercebidas -

d ~rigente , que se. di stinguen1 pela estrutura pàtrlrnorüaL isto é, pelo perfil "n:.1uc1~ 1to se ~s;.>ern '.mli:l pesq·.!lsi:l e.d. hcx. • a n5o ser por irrterrn.€dio de indi.cado re5 dis~~os.
~IJ:.S Con 10 ti~ t1JXii!:: de CO~ri.'Jl~ dY.> C<lSi:ill"lento. de c:!otes. de t~Ulmentos, d e C:C'rrlpTil d~ q·J:ldros,
da d~s tribuiçáo clas diferentes espécles (e .sub~spéc;es} do captml que é<G e;t:i.dias :no ~trar.gelro rk y?t~Clf)e.~.:ir.. •~fll a CJC'le.Ç.Ôl\:., ote.)
possu em e, c.:crrelmivamen te~ pela estrutura de sua renda, ori~nta1n·se para 56. l <11 ~ o p1indpk1d.~ ÍenC:m~n....~ s.o <ils cl ·• e:;;!:.:11€1 '! 11atu~e;u1 m11~t:) dtr~ ~n~ , íXJfnO t\ N.;,'.ô11•. (.-r.;.'\o
1

estratégias de reprodução qu'2 apresentam e~trrnuras inversas. sºja p orque d~ um. r:.rtstn<n!;:·Ui. jui·i::ti/1•i et11 l;x.rn::t~cibi de ~t~dô ou. 110 'i?XC"r:'emo o pu::.to . .ti re:::or.-~er..;ilo d e
11m 1a p rk c.~u tl~ tcwlxh::itle d.;:: umil disci~linil denLiticil er.n outt-.n. ou de um s enero ctter.5tio oi.1
- esse era o caso, atê uma época recente, na França - as fraçóê5 domina.das ttt1i~fko em um :;.ulro ln~si? Cíl.S:J, <l< dLstitn~~ \!l'\trP. R,..~rd f'.idie obj~ti•.1;::; e ;i \i !rd?i;fo si..bj1~tlv~ P.itll"lg~
e as fraçõ~s dom inantes atr3buem pesos jnversos respectivamente aos <!IJ 1'º117o 111.l;iorno , 11 ..=i~1rn .dl(I L· s1~r, 1111~ v~. ~11 a NCCt~·;;;r.!.~~o • f.o a:i 1• lúJ ~.}'.lto 1 i.s1o \
investimentos econômicos e aos investim ~ntos cukurais. {'! ~scolares~ r.eja p ruclwil ..:iu 1 ki »iml.il11i o, ~ 11 , l.;ir 'y \ilrll'> r pcrcl."bidil como canvITT"'..ão~.

122
) h at >t•~ prállcas e ideológ icas de reproduç~o, portanto, segundo o grau <'r•stocratas do inrerior sem fo rtuna nem cultur~ . nas vésp eras da Hevo)ucão
atn que estão adapt()das à nova situação. Surgindo quando o rrtoclo <lc Francesa. ou, num uni;;erso 1otatmente d1ferent~ os professo res de línguas
rePTod1..i.ção estabek~cido já não func:lona normalmente e não é mai5 antiga.s n1ais estreitamente vkJculadas aos (~XQrddos de crgrégation"ll) serão
p oss.i've] cont~nrnr~se em dei~ar agtr os meeanísn1os de reprodução! as condenados ao conse rvadodsrno do desesperor~J .
ideol.oglas conservadoras, q ue ten-1 por função[ seja legitimar o mo<lo d e As reconversões representam outros tantos deslocamento~ e.m um
reprodução antigo ~ exprl:-nindo a.quilo que disp€Jlsava palavras en quanto espaço sodal que nada ten1 en1 comum com o espaço . ao m esm o tempo,
as coisas se passavam nonnatme.rue, transformando, ass im~ a doxQ e m abstrato e r~alista dos estudos d e. ·' mobillclade sodal'' . O nlesrnc realismo
ortodoxio~ seja radorializdr - no d uplo sentido do termo - a reconversão, que l12va a de~crever corno ''mobilidade ascende nte" os efe ito s da transla-
apressando a ton1ada de consciência das transfcnuações e a elaboração ção da estrutura J as reduções de classe {por exernplo, com a passage1n
das estralég ia.<> adaptadas: e legitimando ~ssas novas estraté gias aos o lhos intergerações de professor primário a professor de C.E.G.} leva a ignorar
dos ·' integristéls·~. tende m a apresentar, 1nvarlave!n1e nte 1 nos mais dl\.•ersos que a reprodução da estrulura soctal pode, d entro de certas c.ondjções~
contextos. três va r1a n tes='7 : o conservadorismo de van g11arda daqueles que, exigir um a =· hereditatiedade prof1ssional" muito fraca (ou, se preferirmos!
tendo realtiado a reconversão de suas estratégias de re produção, não uma ··r1glde2 '' rrn11to fraca) : esse é o ca~o sempre que os agentes não
besitam ern partidpar da contestação das bases antigas da dominaçãó de conseguen1 mant~ r ~ua posição dentro da e.stflJtura social senão ao preço
~ua dasse 1 o consen.1adorisr11io reac~onârmo da retaguarda de classe que é de uma reconversão de seu capital, isto e, de uma mudança de condição
~evada a buscar em uma idco1ogja ret rógrada urna cornpensação p<lra a (por '2.Xl?rmp]o . e.cm a passagem da cond içã o de pequeno proprietário rural
sua regressão econômira e social (€ o cas o ~ nas vésperas da Revd ução à condição de pequeno funcionário público, o u de pequeno artesão a
Francesa, da '·ple be nobi))ária'', como di2 Mathie~. cuja recusa da perda empregado de com~rdo) . En1 ~un1a~ a te oria das das5es sc-ciajs e de suas
dos privilégios condena a urna m1s érta arroga.nte}~' ; por flrrt, o conserva-
8
transformações ni?mete a urna teoria dos campos, isto é. a uma topologia
dorismo esclareddo daqueles que, ocupando uma posição jntem.w:diárla (é soda t Cc~paz de faxer a d1stin ção entre os desfoéamentos no ín te r~or d o
o caso, por e,"{ernplo. das burocradas d ~ E::;[ado) esforçam-se por concillar espaço próprjo de um campo, associados ao acúmu lo (positivo ou
os ,e_xtremos € esclarecer óS membros de sua classe cuja cegueira reaci~­ n~gativo} cla esp éde d e capital que constitui o objeto esp<2dflco da
náriaou "revoludonãria'' ameaça os jnteresses da classe em seu conjunto""'_ concorrenôa que o define como tal , e os desloca me ntos entre campos,
Es;;;t'1s fo rmas e graus de reconversão, assim con10 as estratégias jdeol6gl.cas associados à reccni..1C2rsão do capital de un1a espéde determinada ,em o utra
que lhes são conelata.'), corrcsponden1, avidente m enle 1 a condições eco- QSpéc1e, corn aceitação iam um outro carnpo, sendo que ambas as classe~
nômicas e socials diferentes! sendo que a propensão e a aptidão à de deslocamentos dependem, em seu signífkado e valor, das r12]a9ões
reconversão dependen1 do vo ume e composição do patrimônio possuido: o bjetivas entre o s diferentes campos , portanto: das taxas de conversão das
os agentes ou os grupos nl~is ricos (relativamente} de uma espécie de ti lfore n tes espécies de capital. e da5 mud anças pelas quais estas são
capital owtrd que não a quela q ue sen.ria de base ao poder antigo serào os õfetadas n.o decurso do tempo, ao térmlno das luras entre as classes e as
tn~]s propensos e mais aptos a ~mpreender utTiã reconversão;, ao contrá.rlo , frações de classe.
as frações mais estritamente liga.das à espécie de capital a m éaç.ada (e.g. os

57. Q C~SC da i:lr'.51.ccraci;:i pru$:õl,1r~1 , d,, !>"-!JS ide6lcgas e de :i"Ji:IS id o logilt!. dlJ [1.,li rl :': no S:tngu2 , qu e
w11 1\'.ç~m il de!i~m.....nh.121•se ct.Ji:<lldo a~ l;,::is~ ~r?tdldcnai:s do pu::I - da_d.,i::_.z s.=i<J (tl üav1d:i_=., ., N .-X. R : E o Lü l1ç 11r• "!J l'...l?'Slin.ado ;:, r~cn.tar pr'<Jt ií!:'l!:C>f"e:> p~r., e ~i ai e pam nlgum ;1s fan1ldad cs,
w11~11tul. sani diwk!i). i:I mcl.nór ili..:;:;lri!çr;o ct~;ia't análi:;e.;; ~d. H . ROS.t.NB.i:.~G . füJ!\!rj LJ C ~tlr.!J
t10. Somo.?r?r<-.: 11m cti~l!dc o-Jmpi)r~LivD da:.- esLr al é;las d e rt.!rntl.,.~::.~t) ~udm{'I, ei.·..dentemenr.u. p~mltir
011 d A 1·:~ itcrt!q=. Tr1~ PnJ ss!a.'7! Ex-perieJJcs. J 6.{i(). l 8 15, Carr..brirlge, H ~rv~rd Un ivi:r.. ~LV Pi"~r:,
1958 , esp.:!cii"lhnrnlc p. Z•1 ; .l.H. GIWS. Th:e Pru~:.srm1 Bl-'~t!l'l lJ::rac'.,o fr2 Cnm, 184~1 81.'.iO. F1 001'\:;t m;}m omr.]ela Ó:.1 .:;isoe!1"1a cfo di!H":oh 'l.!l QI I'' t ~~lito O U ]r;terdit<Jm . c:J:'t", Ci?J~i) Cll O, .'l:i
Or1g~1JS o/ a 11 A.a'ttl in ;s irn 1iu~ E1 ho-s. StMdford, SLand lord U1W.-~l'::;lry Prr~, l 971: e pnnr.1~1 re-::on\'(lrs-::1é;!, ~ :·.Jnd.o !>Lã 011r.1 :Jlttn.:~ \u~de"' ~imples r,> assag:<m ;;i 11m~ M: ' liÇ.ít> .,."ltinh.:i <1Li!: v
111<'nll~, R BER DAHL ·'The S1iin:ie i'lrrl 'Ih~ O t lg111. t>f Comer.. <1".:lsm i n Pnis!ôia- , ~n f.i9N4?er. th
0
salto lJl'lt":!i 1.nn ourra '.Jn:vet·il)J, :.;;!ti mo menlo lde:d~ rl!i p.r111léi'!.;;; 01'11 ir!Ício d· :;,::e - i'IS m:i.is
G~n r 'J.'~_,; S111!i'l~.s, (; Ç3l. Spr.ng ! 97 3. ;J. 298-3211 arrL.:.:r.ida.$ m, -. t a.1111J~rn. ~~ dfr,rid:i:, as tni!.ils rfflti\v{'..i:_, - ôl M .adescei: rios ri:f::m o.•cr!idm da
UJ>:1{!c1111fl l .:.1n; I. t:s mudanças :s.«un~;\rl~s :11J.a i:lt! irr;plica111 ld.;:.sC.e n rei-m 1•,ocrsciu n::i pmprl.:;i
58. A. MP..Tl-llEZ, ~,a Hé1m i11r1 on jrn.'lçi:J;ss, P.nis, ,A, , Cc1lm , 1951 cama f. p . 7·8 luc;ill". p er exemr.-lo, :).1(: a n ·1.ucw.a-siin q ue im1)Iic· a C!ll l~:t:;r.:i.;ão), .ele. ~•·ní! 1>r•·Ciso diS[JC;:- de
5 9. Em 1')1ltl'rl (ll"llSi. o, c1211Lan:m1os desc·l?\·Cf Ili IOTT11o!! tl~L•rnim re.b ~:OTI!il~f'.1 i:ldcnsmo es::li:!ni;:ÍC..Q fl(t F:rn.nça ;mal.ises qu,: '! \".Stlfü'i$:ir1r1 n co11Ii--J1ira·~ão r :!1.'e:,-lxfrt em difcrnnt,;>;,; i "íiC: n 1e11t~. pP.lb ::fo~'SE' &rigente
i:ILU~.l. rtii 1d 0Nt; ·:lo PJ ·~~fütur.:t d ~~.sa kirolo_;pa ..:om i'.'1 Cmlwi.\ d~: <"1•11 ntc•O dta 1~adução e drcwra.;,:ilv r: J!':.-s.1:t11;· lri ,- ,..,., .:.c"~7~pD de ;:>::is1çc ,.s, is tô i>, .=. r ei •·' 1 "i r>tii~ti\o•~s er'Ltre ~ ]X)sições dc!'i ..:ig.:>.:1t 1<1-::
r~ qual elt'l s~ romlil".õ · í111 1d :-; :11 •:p:)L
rn :::utrascoisas, c<:Jm vs ··~:Ji"l:.iO.o\ 1;ó 1Ct'('X') ;:i~ i:IS comi!i!:Õd n çirn~''")(I:; q1 . 1i 1;1 h 1~in 111 ~rn••.i..:; ~t11 r .;.."1L1!.S d ~ r• .(;.JWP'l 1..\1.>, i11qliddv res, r12acioná~os .'! mo1,'~rl.')~C!5
0

••

iJ ' r.lr.nc 0 11 ~ cdéquios, onde se ei1W11tram ~ dií P.ff!!ll :"S fra.çfl....">S:•~ m m <li> (ur~õl.l5 dl'! n ··"dr, ~;· oçeio 111 ;d moo::, ~ 'lUl! rdi\r~<.:; 1 , 'i!o!J ll <l ~1rutuJil do campo das Comarl;is de pr>&lç.â<'.J i '· ~16giGL'l5 :
das cslral~tJ1 !t. .Jt• M1-:.1w1~1 são di:ls óf érenles {TdÇ~ (lll"· ,.1.. dt>.E.empcml1e1 1 ITU~kfcl d 1 ,,. ollll(hl ti . 11 or; I\

124 .
l •) f',
APÊNDICE
A é·o rrost>ondênc::ia entre as chances e as aspirações escolare5
Cli11nr.-~ P<!f!C'!m Aws..""J rln-. fi!ho5 à mtl•Jersxmu\' ('I) 1 E~<ibeloom::~o illn itj(lc.h1 Seção alrr1~d.1 1 Ntvd almejado (5)
ª'*°"":s de t1 ( Xl' LI {:ir11t1lc10 oo
ingres-sc l'1i'l i·• ~!:.!) (qu;smo d:o ingresso n~~ 3"
acessa "" l"
(5) s..~~) lS•
sêrie !3}
h (I iv.l Nctrmal •Possir..-cl P<_~;j._'ç~ l~lp-05- Semi ~C.E.G C E.S _ IUcai S=m rr,;11.:;ai Nhic?Jr.. Olãssi ISem C.i'\.P. iR F..P(~. -B?.w:i.racl:Uplo
i?l'"ISiJJo llc'.:~1i 1 U"ii!S m:JS .s1\ll~ n~.('t<"St rP.Spos- e 11','J 1'.1'1 r~pns- \ IH'(ll " ma ~P.
~•11'3ior oo 3" bem 111tilto l,1 a;rirnn- lt."I e.cm ~'l'r:irio
fh!'"H'1G) sôrie difrci) Ui fKil <-liUit"t 1 (111'.&> sup
111 M 1 ·~71111]
~r;icdcores .
1
1G.>JI .1~11 k ck")S 2.7 6 ,8 13 33 z:i 18 26 29 1 :fü 17 24 27 181 !m 16
~pi 1:"!-l•kolas 8.f) 7 .7 15 33 z~ 18 26 29 =~() 11 24~-
27 1~ ~~º 16
01Jo;riu11;-,5 :~ ,"1 9,5 15 1 u 20 2ft 1-'> 26.1 M ~H 21 28 :n ,1~ H 23 22 :n 3J 15
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P'arrões 1n:l e i.:• lm
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_ P. BOURDlEU. J. C . PA';SERON. l ,{] Reproductio n, Pilrist F..rl_.de Minuil, 1970, p . 260 .


. QJcuio efotuado no Centre de Sodologce e c.ffopi:erme_ - Fontes: l.N.S.E.E. e MLnistere de l'Éducotion Nationale.
3. U\l.E.D.. Populatíon et l'enseignemenf, P<.~m, PresSees Univer:;iktirf'.s de Fra ncc, 1970. P- 249_
4. í.F.O.P.. .Enqut;:te otipre~~ des lamines de ~a n§n fon pcr"i.~i~nne (n = 393)~ seh~mbro de 1968.
5 S.O .F.R.E.S., Les França fs et res r>rnblemes d~ l'éd1Jcation nafium.rle! junl)o-agosto de 1973. Ne~ pesquisa, os industriais eos g'l"õndP.S comcrcianks
são considerados conjuntamente com os 4 Uiuiros superiores e. os membros das proíissões 1ib~is .

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1. AS LEIS DE TRANSFORMAÇAO DO CAMPO DE PRODUÇÃO
OOS PRODUTORES E DO CAMPO DE PRODUÇÃO ECONÔMICA
AS DEFASAGENS ESTRUlURAIS DAi RESULTANTES

T odas cts p squ1sas de nlobihdade. 1oda5 as cornparações hist-Oricas


1

considerarn como fora de questão o que d e.veria constituir o objeto central


da in1 errogaç~o . ou seja. u. perman(}nci" da relação entrP. as pq~avras e as
cr i.-as . ·e ntre os diplomas e os cargos, en·re o nominal e o real; qual sent~do
haverá ein iden(lf]c.ar o professor p~·iml~rio de 1880 com o profos~or
pr1mário de 1930 € com o profe.sso:r prin1ário de 1974? O filho d~ um
professor primário será reah n~iitt:!. fflh o de t in1 profoss.or primário no
sentido em que ele próptio ê prof~s.rsor primário'? Não será que~ identidade
nomiHal oculta a disparidiide real:? Mas Isso nãu fd tudo: na luta }ntre as
dassl':?.$. os dominantes podem pagar com .:-at1sfaçóebo reais ou nominais
{q~e. do ponte <le t 1ista sociológico, não sao m eno s rnai~}. ]s o quer d;zer
que:, se a ldent;dade nominal pode encobrir a c!Herença TeaL certas
di-erenças nm't1lnais pode1n servir para n1ant~r identidades reais: a lógica e
dos que ··clasecnpenham o p ap el de''. tv1as é ainda simples demais: n~o é
impur.emen Le q1.J~ $e paga con-Lfalsn s promessas. Ter o riorn e é .sent lr-se
cem o lilrejto d~ e:.xigEr a:; colsas que, normahnenEe estão associada~ a t~1s 1
1
ptibvras. ~:;to é, às prátkas {por i?.xemplo, o efeito de 1' estudanttzaç..~o '
e.xerddo pela escolarizar;ào nos C.E.G.) e aos corre.spondentes benefkios
n la~~riais e simbólicos {sao as reivjnd)caçÕe"- salarje.i$, ele.(
As ceor1as da mobilidade reduzem íl rnobmdade ind'viduaL por um lado,
o qu~ e o produto da mudança do a )are lho de p rodução do::; agentes
(sisterna de eri-lno - SE) e. p or out ro , o que dependl3 da transformação da

1. l:;~r.'I r.oL.1 de Lraba'._ho, ba.~nçó e pr~o:rnrrw ~11idul 111 r ,1· "Jr'..,.ui~1Cls !')f'. • 11so ~1 1L.!rnL1, cem pc) f1111 ã.u
,,f :• 11 .~ <11:'(.ll~~o, ~ob uma torn-.n pro·v:st:ria e rnpida. ~s hivól~~ ::;r.;o:..ir " .~~ q.~ 1:; n~1;,J1tso1 1111 1
1-;:;: 1j11nk1 ,J<• 1~.;·.,q~. 1~:=t°' @! .anr.il m ('r.tc: O::: &KUl1'!::::ntC6 estão ni p:l.Ti) ·::onlr~('jl;:)I LÇiV u s 1·: f.,;: h s
Je: 111 :.'! Íc r mul.:içilti , m•.Jit.1 •-·~'7r6:,; . 1:1i ~; \1n 1 1~1 b .1~ ft'l11Jl 71!': .. p ,rrnr11.<;!"1t i;a t<-.Ól~::as d e;;;;es pr::::<l•,JIC~
1

d;1,Jl~11~ ti5<1 · rJ, drr1biilhr- de r<'lll I po: ·~ f.1{:i liL, 1r ,, rt>·1!1rlicr.~iJ1J du..-: \:m t ·1~i[1':{. 1 d :.is1Kr~.:1r>:fo o,; c.k.ij~tos
do ~;;.:;' r.>O ;.• 1nt1~•' e• t:OS .:l•lrn 1nla, d ... o.•h!e1·;.,o~.lade !'J.:I rC' a::; q •:us inooe ;:i ar:.<Úse En :::;nlTl!~r~.'1 ,
r,•,; µruxímo 111'.t.~L.'I'• ; e• ti! ••" ri"·' '~ )t ... . h• lt.il,. •111,h n,~li.tn ':o<; ~10 qui'l<!ir d .sr; ~'rc•gra"'li!

l '} )
estnLtura ào~ postos de [fé}ba lho, ~sto é, cia trnns:OlTnação do apllrelho cle enslno e o aparell1o econômico ~, ª-m parricular, da tensão e..)tru1ural
econó1rüco. O matedalismo su1nãrio que. reconhecendo aper1as o deter- que resulta do fato de que o ststema de ensmno e o aparelho econôn1ico
minismo tecno ógico, foria das rnuda.nça.- da máquina o principio das obedecem a ~ógicas diferentes e Iêrn 1 por esse n1otivo. durações estruturais
mudanças de proris.sáo do~ agentes que e.st~o a seu serv1ç-o, esquece que º
muito desiguais: na lógica do SE que restde o prindpjo da defasagem
os aparelhos como o SE. que prcdu~wm os ~8enres para a produ ç8o ~ têrn estrutural entre o SE e o al)aHdh o '2 Conômico que dá o funda meniQ objeEivo
uma autonomia re1aUva que est..â na ori-gem de efeitos de histereS·" fo.g. o i-±0$ jogos estratégicos dos agentes-.
SE produz literatos~ enquanto o aparelho de produç.;o exlgirl~ denli5tas). Os- tn [ºresses dos compradores de torça de trabaJho levam~rios a
A. exp1kaçào pe!o deten11in is1no tecrtológ iro é. sem di.:1vído. '.-,n toi reduzir ao minirno a .a utonon1ia do SE., colocando-o, assim como a
menos verdadeira r..a ff1~dida em qu-e n()S dMghnos pilra setor •·s da famiha, soh a depertdânda dire.rn da economia ~ nesse casa, a <lUtonomia
prcdução nos quais a impmiância do capital cultural investjdo º- rr 12ilm- manifestá-se sob a forma de defasagem tenlporal entre:~ a rapidez da
(por[an to , rnals verdad€ira para os operárlos sern quallficaçd.o cla cc 1~srn.~­ evo]ução do SE e a rapidez da evolução do i.iparefüo econõmíco (dat
ção do que para os técnicos em e'etrCmica). É. n~c~ss.fuiô 12...-.capar aos dois por exen1p]o ~ a voncade do patronato de encurta r os es udos). Com o
ttpos d e l'{::xlui;.:ão: ~o jogn ienrn~ a5 mudanças cio aparelho de pro-dLLçilo é crescím~nto do papel do SE na reprocluçi\o esta escapa não só às
as liludanças do ,sj~l sma de eris1no que está nà origem das dere sage:n~ l2r:itre farnlHas, ma5 tarnbén1 i~s empresas. O qt.h2 k~va o SE a escapar às famílias
os habitu.s e as estruturas. E.ss.as defasager.is devQm, prntamo, ser co~11 - faz corn que, da mesma forma. ctle t&Scape à economia.- Com o SE. un1a
preendidas ern referência ao es ado e- à hist6ria da. re a·çáo -entre o si51erna ~nstãnda sociahnerire pot ente chegu a fundonar de m.a-nelra relativa·
de ensino e o sisterna d~ protluçáo. mente ind ependente en1 relação à ~c:onomla. Aparelho de produção de
t. prec1sa.
então, anabsar a relação º-Tltre as [G-is de transforn1á~ào do produtor.e.s com petentes. o SE é tarribém un.1 a.parelho jmidico qu~
campo de produção econômica ~as leis de lr('Jln,sformaç§o do campo de. garante. a .e;ofnpetencia: a massa dos ágen.ies, cujo valor no mercado de
produção do~ produtores, ou s~ja , a escola e :=:i famítLGi. sendo ql~€ ã escola trabalho de.pende da garantla esco lar , tende a constl'!uir un.La força soc ial
1'~ncle a oc1.J par lugar cada vez n1ai.s importante. na medida em que o
l JlTI cada v-ez mais lm portan t 1:1'!.
~p~relho econômko se desenvolve e ganha uma cmnplexidacle cada vez É preciso distinguir a Gconomia, cuja diriâtnk:a própria está no prãnd·
maior. Nos rncdos de produção mais an 1gos. nos quais .era rnenôr a p~o das rnudançãs do sistema dos cargos e o slsten1a de ensino que é o
quan idade de capltal cultural que estave incorporado às rn~quinas ~ ~os produtor principal das capacrl~des técnicas dos produton~s a dos diplorn:as
agent@s, a~ rnudanças do modo de procluçao cocndnaai..1 ~rt 1 mads rá pida 12 de que são potiadores. Cada um dos dois sistemas obedece à sua lógk:a
mais din~1 amente a rr~udança das re[a,ções de produção. Em um estado do própria: ~m relação ao sistema econômk.o r o SE te1n unrn. autonomia
modo de produção izm que e muJto grande o cap~tal culhu-a] jncorporado relativa ~ urn terT1po de evolL1çâo próprio ; difere:nter11ente dos outros
nds máquinas e nos p:-odutores que fazem funcjonàr as máquinas. o ,sjgtema sisternas . o SE tem umfl auton_om.ia rebhva forte em rela~ão à economia,
de ensDno te rna-se ci ins . . ãncia drnninan e de produção dos agent12s. Ora, portanto, un1a duração estru.t uml parttcularmente cl~da~~dã 12m relação a
por exercer nã.o só fLmçõe.; de r~produção da força quaMicada dº trabalh·ô ela. Uni a economia capLal•sta pode le r u 111 SE parcialmente medieval.
(que chc1marnmo5 pa·ra ~irnplHk.ar! função de reprodução técnka). mas
1 Segue-se que o jogo entre os dojs si~Letn~s, que se lnan1festei. através cio
também funções de reprodução da posição dos agentes e de seu grupo na jogo entre diploma e. cargo. ~alvez não hmha pniceâl'.lrtrns.
estrutura so---ial (função de reprodução .soc]al), posàçho que é relativam ente A caract(i!rí~tica pen1nent€ do sistema d~ e-ns~no no que: diz respelto à
~ndepencle.n~c! da cap~ci<lad12 propriamente t~cn ica, o sisrº 1ua de º.nsino relci.ç ão q'l.L~ rnanret: ) ·tom o ap21.r121l 10 econômico reside não no fato de que
dep ende menos díre tom.ente dos ex~gêndas do sis temr. de produção produz produLores cloladns d~ llmi:l certa competência técnica (da qual nao
do que díls ex~gênc:fas da reprodução do grupo fdm iJjci r. AIQm dbso. a l~n1 o monopóho), n1as no fato d ~ que doLa ~e~.J.s pro<lmos. providos ou
lágic~ esp~cifka do sj~tema de ens ino, tal como foi d~scrirn. nos traba1hos não de ~ J tnà competenc1a récn ic.::t, tecnicamente n1ensurável . de d iplon1as
antedores~ faz con1 q-u12- ele tenda a se organ~zar en1 Ílmção dos hnperafrvos dotados de um valer lmh.rf!rsal e r~br1va1nente bnemporal. Ass1n11intrc..~ uz
d'2 su~ pr6pr1a rfl produçã.o. o que o pred~s põe a exerce.r a função de o prindpio de unrn. au'onomia dos agentes eccmômícos dotados de
re.produçac social. em vez da funçi.io de reprodução técnica. \lê-se que a diplomas em rnlaçliio ció jogo livr12 dci necessidade econfünica (assim se
i:lnálise das Jel:s internas do sistema de ensino con10 campo relativan1ente QXplka a hosUlidade dos a.gentes dominanles do ca·m po ~conôrn~co e.n1
;_=iutônomo e a ccndição prév~a de. toda ariáHse. das rdaçõ~s ~r)tre o iste:ma relaçào ç\o SE, mecanismo coletlvo de proteção e suai preferênda pel.CJ:s
1

13()
diplomas "da cas.a 1' - engenh~iro 1'da casct "} O diploma ··universaJila'' o epós a institucionalização
trabalhador porque. análogo nes, e aspecto à moeda, rran~forrr1a-o n i.Jm
•·trabalhador livre: ' no sentido de Marx, mas cuja con1petência e todos os n 9a:nmfü1 Dh,IQm~ de Esta.do de audioprotéaco
-e.sc-0lar e a. Lei r.• 67-4 de 3 de janeiro d e 1967
díreltos correlativos são garan[igos em rodos os rt:ércado s {por oposição insti.tudo1;3ll~­
(Pr..;.i:;Wer: _e dil Republiai Prú ~:;,; rn11l::;Lri:J, tr::.i 1'.I11.:-.> dri Edu::.1L.: 1L• N~ ic.nal,
ao produto ··da casa'' q ue estã acorrentado a um mercado porque todas çio di1 pro~u
Q-..:~~ S1.x:lals F.l<,..(" ,mhat~ll~ e Vil i111as de Gu~:
as suas pro p t·iooades lhe ·vem do cargo qu~ ocupa}. Garante uma corrtpe- He_gi.dc m12nt.:;ção dcr pmf1s.s.::J.r. cfo ~1 :.diopl'ócrJ: 1m.
ênda de direjto que pode corresponder ou não~ un-La competência de falo T ~º ~:.d::i il::lo'lad~ p1:tJ A5t:E:'111lilélei N;:.::-.ç.ni\l .í" f.a-iacb, ;.'ª
Ou rJa rc ismo merente ao certificado QS.Co]atj. O tempo do diploma não é. o da V rr,~..:.irl.-1nt, da Rcyühlir.<1 p romulo;:i l'l lei., o.~ loor ê Q ,i;r.;:,u iill e.:

cnmpetênck1: a Ob$ôli?.scênçia dus capacidades (equivaJen~e ao .de..'igr..d e da.s


(descrii;ão t
A rtigo :ini::o. - ~~r:1~11td<J a.o Cndigo 6 Sa:.:d2 Púbfü.:i:'I, li·.w N . l1111
do cargo) 1~11.;:!<i \/, (l~slm rooigido;
máquinas) é dissm11üado--negado pela i.nten1porniHdade do dip!oma, Eis aj um Ti~i.do V: Pn;.fi~~~~ d.e- çWd!o,om ct?ttco
faror ~upfon1entar d~ defa sagern temporal. As propriedades pesso ais. como '"1-\n: L 5 1o~t - s.- r) ccr~111..1l_ • .:<;1r"..Q f!o! 'i\.'l":.nda a profusão d12 <iudiOPJO-
l~il.XJ tcbls M pe.::s.aas que -p!'oca:iem <i tlslàlaç.Jo ~ d(J rl.'J 1(!o$ o 11 L<'.fü~1~lle;
o dip]oma, são adquhidas de uma só vez e ac;ompanham o indivíduo al.ditivos.
durante toda a sua ·vida. Re.sultcl dai a possibilidade de un1a defosagem entre F.:;.__".i'I np<'r(l~O c.::w-.pmende ;:. escolhn. b ~d.li• l8~·· o. :) t:nl ~.;.o, e ~L nlrd e

G)S compete?ncias garantidas Pºlo diplo ma Q as caracterlsiicas dos cargos.


d~ efü:~c'..a irr:.a!ill~d e f~J'll.\fl~ 11 e da pr6use a.•.dll!,;a .:. a a::Jur rlÇáu r rolaira do
.-:11!1....1~1 1te a~dil io.'O UJm apilridoo
cuja 1nudança, dependente da econc)n üa, é mais rá.pida. A w lciC';'!Çni:::• rl~~ cada ap.ardl-Y.:i de prótese iluditi•."a ê S".bmel.xlt!o it rmt~:-t'.('.10
mã::lir:a 1;d:~..i n -s r:l.:.-.ri'irit6rii1 l"'tt. e 1-v~·J l'i.r.. •••m af)<l~i;:loo, ç.p6s eo:i'.lm e otol~iceo
(crta-ção do ;) aud!orn.::trko cç.:nru õ? t,ICc-.al.
dlploma~ Ait L - 1()..~ - F. cria d~, () dlplcrnLi ::le &ttldc de .:iui:h:iproi~_litrJ, 1) : 1r~:OO.:.Ji :
:.i.pf...:; .:>311:.dcs pr'2J)~ralértos e ).)l'tlY'•i' (:tJ~: • ~l'i'~i'lma ~ fix:~ti per da.1"lD
Textos de ilustração ;:;ti:.inwtld:::. aci 1-:.am:;c!f do r.)JJ 1i!:tro .d:>..s Q\;P-=.100 Som~. ::lo s;1h 1islro 4~ &.! '- t..<;r1.r.
N & io nl'll e rb m:ni~lro dolõ E.x.-Ct.?1nht.1tt.:Jlte5 <:: \/il:imiü d.;: ÔJ~.
antes da in stitudona liza çio
"Nin_guém p·Ddi.!rii t:!Xi!t'cer i"I prr:fi ~sbo d • 1'1• ~= lh_:. µn;:;M1h-x·, .')1~ n~/,) for titular desse
~Qxllfkaçtin das dir km•il í! o:fo r~1 :lorn.:i dP. Fsado d.õ? douto11 em medicina.
rela~ d\:. fafo •·p,~ L S lü-3 . - [ A lituln· tr,:iri..~~tório ::: par den:·og~tçílo ilS ~1.:QS1~~ ~fo
Le Fi3oro, 2 de feverei10 de 1973 enb'e o diploma .rti!-lf) L : l O-~ acim a. esrao tmbili':ilcloo c:.:nt~ 1111,!.r l = ('!-..RY:;ci1:> ii.<i µ f~o de
e o cargo) ~udioprol êl~t>·
18.000 protéticos dentários à eSpêra ·· 1• i\s pe-.:~ rmmit.los <.-lt: ~ n c«~rrl!l~ de e;tw:;\:;,5 t·§cnioos de ilrÜ~lir..i
i!l~!.ci!da. aC6 apan~h05 ·'2 prõtesi! .:: rliU\/o r:x 111i::;;iJ~ }l~s f;u:~ukfad:::s ôe
de um estatuto profissional m~ia1 li'l. d · fc1m .~la r.ii.1 ;ao.l!.daci~ ntis'ras de ine:.D: ina e-<l'=' fdh:I 1ki(I:
O 3" C:::nqr~ [n~~:1 ;.:!..:~;,~I dr.i Pr<il 1o·s~· d~ ••;p.t•d.1.i.(, •C.ín M ~!'. . : '""1:c,v.J,!r • d u c1 fo.11 .:li.! "Z~ $;:?b Tes€r\.\!! de :s~a 1L wJ:r;Q'\1ltdo'.\.i;; riar uma~~&:. nadon~ de quaf.ficu~'k>,
0 ;::1Lánn. 11u l! ~ E.Í-:<ri;a n es:e rri!J!n imtc. !li!. r -:~ul..imenla~ãr:i. est e r..,mr;. d e em;mo 11iio t· r qu1,e :--0'~ •l'L~triuirla por dt'O'a:o d.o rritnis'lro dru; Q.:mÓ"S i !.'..$. .1~.r,td:i ao
Mais:::-.'1 de 11ü d i!rnie. ~11 1 P11rl~ t:::ri~cEU ~ 11&-: 1'1 du 1>',•r.~p.,1(Jrir). Al<!n 1 d:.= :;e , n.10 oom11on ~ pa1-.2;:er do rrW::i.'t:-lro dd &!A..!•<•~ ~adí)11i!l L~ d::t rrunrStro dr:~ Ex ::crrh:íla::J.13 l!
p rotiss."iô ?.! o c.:isiáo d ::: expor suas difl.culdades nenh um<i "pnss1:1 rell:'." 1xu<i :.: én.s~11rj :,.q -;-u-ivr 1·, \.•'i füt"'iét!i d.·:? Gu~~ . .lls pes.sr.05 q•m ro:npr: y !Jl'J •) t ,- ;;1c<.cY!k:lo. ~~1mC'.11t<?. frl
I N deccrr~ I" çonf.;;-r•·r1.~l11 de l n 1t'irç.r1.~.~. 1 ;:'l~l­ c-tr~ p.-1r1 1r'IJ.13:r, p ari!. :is P3t 11Llos d1'1u:í1ic-s. -;-.· i1 ~t~ral/i;:i do;,:. Mpdl'..:lh•J& (•Jll rli!flr:wnLL'S ai..<ditivc~ durnnl~. J>;!Kl n~'71ct! drio.X'.i P.)Y1•,
ca1ida on le111 Praru;.a, d cznik1 mil pri:•I!?1i1z:i~ csião ,, ~p ·e. rint;;s d--. rrot11Ulg~;:oo da lei t." 67-4 tW 3 d~ l.)n ·~e». ir~V17;
N'>S:li:i r1n>lh~li·) - ( 1~..:-l.1r::~ i'lm. '111 11'!-l;ll)'I: ! d~t! r i•Jul~ill..!J-'it.<i.:;lt< . />i. 11dtnlnl~\ri'l(lin. diz<-tr.
··~ $(f. rP.S<;!11,'i.1 d~ r,:1~rc1n n n.; pro.o:l.S ds um ~rr:tt: prt>fl~ ·1<.111r~ t 11 !":hi't1~~.
.1 • .
C6 í o2'y í '25€'1l[i)IU •'?5 u:J~ p:r c~e l~ CCl5
l . ..! . -
"'" !w-i ltaDtf!ITI ~e-s., '1 . 6 vá:'ios .:mo:S que •.·ei1 1fo~erxk~ :..:'.Jvkl~
1111 1 c·,lt11tuk1 NP.nhu mi!I (lu?Jltlr...:iç~.1.;: 1~-.rtY.ular - d~ 11 1~i::~uior" a tal r i·vin:b::a fü.:; :.:rn. a foll. d~
p ::r:.nn1o. r«r:..~um.n [ió!':.tnli~ - t• "''°;::X.ló a ~1u~m 1:11~11-o _ ro::i(is!:i01:.ei[ s6 IXlcl . 1>111 nh11;r 11,:,~ ~ (reguL~'"'-'liayüi1
"l\rl. L 51 0~ . - A t1l 11.~l=-ide pmti.ssion~ de ;Judiópr·:::ilê:t·:ó só [YJdcr6 .s~
l •' I m d. b-.1.:i!.;,ir 111 11 i?o~ra16rio e. )1rÓI L.:S.f!. Para 1i nt111 1Wl'lt C1fi rf ar.tário !l d" m~ quài:fode das oondiç.ôes •. ·mc-..1:i. l!m 11111 J:::CCJI re.serv.Jdo J1ill L lal hm ~ ttii 11 p.Y.1::: d1~ 7.:or~o ::om as
~e :on-...1r p rotético. P.. pre~.:i. apb; e B.E.P.C.. de exercido) on:liç6r?S f1:-.L'ldm: por rJ Til.o. o fii n i;l1~ Th;tTni;:ix r:; FY5Licil dil ilud:.::;,Jról~.se
c).;il · , Ili ~r~ 1'1 1IQ!; ··fi~ .1 p , :Xli?.'i!:wrn 111n ('. /., p 1. ~I... ' t 1. l.x1.. i:n~t.'\?i l t.! J• r~.,.' ..t'-t41\.: " lr ' n11 u. i: 1.11 ••l• r!d111:.d ~ ·~ sl!guooa al[neil d.o ;:uü:.:io L 5 10-l
em s~±.!il. com outros d.oi,s anos. um brcv!•( r l'f'r(rc::s :-tn 1'"1t:! ~· •.r l l', '1 i rr ~~~ ~ w• lt· 1 .11.· ... , ' i ...
r.
1
i

1< 1A.....JIL-.!. J. r: :.ri..• l! .-rl .1!>!!> . An L 5 10-5 - p-tL)ll 1~ô :) alug1.;;:?l. ilS ·.•emiai: ilj[j~< rn~. (I~ \.';""11d:-.... fi1t""
rol lí-~11>11éil ' 111(' p: ifi :~ s r s~;JIC.0 par ui n i'll ;,,.)
ne dr ~1 1 1on~-trilÇ~Cl·, as i.112ndas <1 dcmic1l:.:.1 ~ p:.;[' cvrr• , 1~ ,11!J,;~1f'1i!. dP. apae-i.!111 !i
de prótese auwli·-·~.
~sistema de • LI a' ~ 1:
sanções}
.•Vt. ~ SHf-..1.J , - P.. su.;1 t'n!icio l e::1pcr~ria o·~ rib~c•ll•'.a do l '>\1.: td1.,"11":- ~(1
I~ of'.:;são de i'll 1dmpm:t~ko r <l •r/;o ··;; l)j'(1niÂn .l;,~;is pdos rribt.nais, ~::es­
S[;{ii'in uznce <1 ~111c1~\.lUcr p e11.1 , ~~il crirni!"l:l..l, sejil correõon~I L·:.:r ~ •'Xl-i·lf~J.
n ' "t(' ú.tlnJn rnsc) 1 di)s penas que c~mp:;:;:t1:11 11 ~1f)ün;:-.s m1.;ILiJi., .
A l1~";'1h.: 1'I f..;"'!'! f. "'-'<Cf:'.Jtl')::lri cx:m:;:- ll?i d~ E::t1.u:lo.
:,l.:,, ·~ ..·11 ! O/ f1r l.::d rlro q. de jm1 ·i:ro d(' ] <;r,:. 7 1~ jj'!J.1 .i~tl q Of/1:-:~e..I de !'[d~cêf !ot~
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NLlt 1011'2.'LI 1~·j d" 19 d~ ~ ~iwiw dí! 19G71

l (j2
2 ~ O MERCADO DE TRABA.l.HO E AS TRANSAÇÕES ENTRE P rofissões de 11epresentação e rentabili.7..ação d o .c apita] socíal
.D ETENTORES DE DIPLOMAS E DETENTORES DE CARGOS
Eco le des cadres )eunes fiUes
Para compreender como se esl a bel ecem 1 na práticai as refações iantre
o sisten1a de €nsino e o aparelho econõm ico e como se man)fosta, de: forma kECEPCJONlSTA
práHca, a autonomia reJatJva do SE, é preciso tomar por objeto o efe rto Ser r.c.t:ep.;:~;:i.;ii!ilo ih, 1J.l1.çlr b:.:\P, uITT.J das p~c: f~E!' S{lr.hticla~ pclils 111oç.tt.: ,. ~. nn!f C:.-!'Jr 11~ti'I
ern ser.,iiç:..;. e d. r'~p~ ""'v11c.m1 ;-" cl,Ql:.:f!.n, a gi-an..1~ familia, e .1:; de:rn.1,s sflo iu l3~: ló p31' rd~r.f.:!"l~.!.i'.l a
próprío da gcrran t~a eseolo r SCÇJbre o me rcaci o de t ra ba iho (definido como
t
•!lii, 121:.Ião. 11 ~uico in q:órlanle qcte 1;?nlt.,i u11 •·l i!!l-•r l!!!.i-t'fll'f'í"."iíO l!rr.r-.pr"-""':...""L~i..,el.
sistema das r-elaçóes ob~ etivõs que con1andan1 as transaçóes que se op~ram., - :V.i!i: 1Lt!•"!.Q•~n ~ •.hsc·fl!ca. s.:!m 1:!5'.quecer .qu !! ci u.:r1iforlt.e \•er':rm::.lh.o d A r\') , r:-110.,
na prática, ~tr~ ag~:ntes detentores de diplomas garantidos peJo SE e agentes
- ou instituições ~ detentores de cargos). A ··articulação,, das lnstânclas não
~ssa de urna paJavra fácil cle articular enquanto não 1iver sido possivd
compreender a lágka e.specífiC4 das lnum-eráveis confrontações, todas dife- l 1 ÉCOLE PARJS[ENNE DES tlO'fESSES
rentes, mM todas igua~nente necessárlas, en) rderência à posição relariva dos [A .ESCOIA PARJSIENSE DAS RECEPCIONISTAS]
agentes envolvidos nas refações de força que ~e estabelecern, em urn dado l>Y~p~1r.:1 r:::.a~a. LUT.o'i nova pm fi:;s[i.c dl?';;':i. ::i&t i'l \ llTI ft•l Uti:) }Jrc11 1is:i\.I' P M'B J~~ .ll!i d1$1"1mas, imeligenl es,
.:.prt.'Ciil<l~i!.S dl.lS ~l~lf,>~ f;(J~"~"- Um número cc:idu i,.'1?2 m:ricr dé !:?! r· µr""tJO:S dll'í> íl·~~h~ ~l~i!.a
n-hom~ntc)~ entre os d~tentore.5 de determinado d~ploma e o.s detentores de
of1">ct1?.dci-:1s r..<1 Hee1?pçào. Ú1'gjlniz.."1.Ç:âo E,xpo~lç.ck.s ílclnç~ E."tt12rfores e: trrl cr...:as e"
lirn cargo. Nessas transações, os vendedores de força de trabalho tên1 uma dcn".!.tti0$; oorn~d~->,, i1ulú~trl.a, turimno_ a dmit:tístraçãa; trans.i;xntes !L1iÉ:reos.
força nmto ma1or quanrn rnais •mportantº for .seu capim] escolar como caplral
cu]tllt't'l l lnCOf(JO ado que rcc.::clJ~U á .SanÇilo escolar e, pnr e$Sê molJ·...-o, ·é Stá
juridicamente garantidc)_O q1J~ têrn para cifo:rece:r no merc;ado de trabalh? {e, Assjm, fka demonscrado. d~ passuge1n 1 mas na prática, a inaniclade
111ais an1plamente? sua ]cientidade social) pode se reduzir inteiramente à da oposiç.àa escolar entre a análisie das estn•turas. . . . aqui , a anáitise ainda
capacidade lmpllcada no fato de ocupar um cargo (engcBnheLro '·da casa''} torma! e vazia das re)açóes entre o sistem a de ensLno e o ~parelho
ou, ao contrár[o. a.o diploma que possuem e que, e1.~12ntualrnente, não ~conómíco - e a anáhs.e pardal e cega das eslrõ"'é:gia.s - .aqui, a análise'. dos
contern qualquer ínfonnação ccmcêtl'.ent~ à capar.idade para ocupar jogos ~ deis clupbs j agos possibilitada pe]o jogu ob~eti '·!O da. relaç.§o enm2
d'd'2rrninado cargo (par .e xemplo , agrégé,., ou rnembro do Conselho d~ o diplOJTia e o cargo: i:!: sob a. corJdição de construir! por tm1a anáHse das
Estada}, sE!ndo que numerosos .a gentes {sobretudo. nas da5ses médias) têm estruturas objetivas., o lugar onde s.12 engendram praticamente as e.straté~
prop1ied~des que s~o devLdas.~ en1 patte, ao d•plon1a e, em parte~ ao cargo. gias, que se pode .e scapar da irr~a]id~de da. articulação teoretidsta das
O va1or que receb~m no mercadô de tt·abalho dep~nde tão nm is ·estrita~ irjstânclas e. ao mesmo te.rnpo. da abstraç~o Mperernp~rmsta das de.scriçóes
rn<?.nte J e seu capirn.l es(o]e.r quantu tnais rigorosamente cuJlfi.ca<la for a lnterac1onisras que, sob a aparência de voltar às própria~ cois~, to locan1
r~la~ão en~ re o diploma e e cargo. Ao contrário, quanto ma.ls íluida:s e entre- parênt~ses as condições estn~turais , prnianto, o verdadefro S8titido,
incertas forem a defin1çã.o do diplcn1a e a do cargo. portanto, sua relação. das estratég•as analisadas. Desde qu{2 o pb·obJema da relação entre o
corno no caso das novas profissõés (p:rofissõ~s de representação, etc. ) 1 diplorna .e o ecirgo é apresenmdo, a:;,sim , como manlf?::;taiçao, no plane da
mai5- espaço sobra para as estrat~gi21s de h~efo; ma1s poss1biUdad125 terão, exper'ência prâríca, da re lação entre o '' ten1po " de transformação da
por exemplo, os detentores de capital Soodal (relaç·Ões, hexis** corporal, récnka, da .f:!~onGrr~í~ e da escola. acab<:i·se por ver se reintroduzir a po 11ítka
etc.) de obt"er tun ·rendim enl o elevado de seu capital escolar.
1 (caso contrário, abaridonada) sob a forma d~ estratégicrs ~ndiuiduats que
os agentes utilizrun para se defenderem conl ra a ~xplor~çào ou para
P..'Xerçê-la - nas. lLitas de classe cotidiémas - crnn o intuito de obterem o
rendilnento máximo de s-eu:s djp!omas ou tlrarern o maior proveito de l:!et.1s
cargos: ou ainda, sob a forn1a d€ estra t égias co.íetiL a.s, uLillz:adas pe los 1

sindicatos que visa~n estab ~lecer, pe1o conflito ou pela negoc~ação , uma
relação garantida entre o diploma e o cargo - ora, ta~ relação é, a r;ada
~· N. cio R PC55:Ja :iue -::i~·~.;:\•e &'\.ili:;. nu cc;m:ur.m rlr:: "<Jgri>:;-:?Lir:m··. lor11.:in;:l~i;!, 1-.;-;::fo11Co, r:-::i;l ~dr:.:n'J momento, o objdo d~ urna luta, na :medida em que os vendedores de
d a füulo de ·'ag;rôgt!" e füula:r do p~s:.::.i de.' rafo.s~or d~ lic!lu ou de focuh:laie:.
rrLlbalhb tentani ,_ 'VaJorlzar seus diplomàs'·. '2rJquat to os compradores
•"' N i·k.1 R. C:onj~1~Q d<': prnpíioop,(j(l~c; ?..:=;!';c-~i.::id.~s ;:io u~o ..:lo rnrp=- em que se exleriotiza a ;posição de
dd ·~ de Ulfl• pG.s.St=-<::.. proc.ur m i0b1e.r, p 10 menor preço as ~pac.iclaclas que, s~ presume. s.ão
1
1

134
gardntidas por e'Sses diplomas (Essa luta i!. Lrm dos. prlndp~os de~ 1nflaçào As.sin1, os ah.i:nos das gra ndes écoles * são o exemplo por execelênç]ã do
ocanõtnicl!l). f _em gumde parte) por desempenhar um pcrpe i' de te rrn~­ pequQno grupo que dev.i sua força à 1m.port~ncia do capiml soci.z.] possuído
nan te nessa lu ta ~ que o SE cori stjrui un1 objeto de uta pofftka: ~ula
1
1
p or seus membros.. predsamente. grQç.as ao seL~ núm .ero r€drJzido - por-
que pode tomar a fcn.na. aqui também. de estrakgja faidi'v1idual - por tanto, de sua raridade .... e rambén1 da solidatiedade. que os une e permite
.(gxernplo: com ó~ esrr.atílytas d~ n~conversão que estão na origem dos que acum~Jlsm sin1bo.ka.rnente. e, muitas vezes, na prática~ o cap~tal q1.~~
p rocessos de inflação dos oelilficados ·e.scolares {d. P. BOUHDlEU. L. detêm lnd3viduclmente_
BOLTANS~\I e M. DE SAlNT MARTIN, ·• Les stratégies. de HKOJ'l\.'ê rsio n " ,
in lnformotíon su 1• /es sde nc-es sod(1 ]es", 12 (5) , 1973. p. 61-113) i ou A o rdem escolar eiu 1 985, segundo a empresa:
d12 Q:Srratêg~as coletivas {organizadas pelos sindicatos de: professores ou pais a utopia de uma univ~r~idade s ubmissa
de alunos e sobre1 udo, ·q.lvez, nesse campo, por grupos de pressão rnenos
1
visivei~) . Os mestres da e.çonorrjia rêrri intereS3<2 e:m suprint ir o dtp 1oma i\s Gm.ndt!s. Éc.c ,"e.s oor.1lmw1n !l.1mdo a A g:rand.:1 n·.:i~ dr.1. · -C1 1dri~: ~. :;:.n1~1ta-=>r
n:i t:i é "11Sll10 i:.·a.1 pETior No 'l!r.1-ll nto, ~i6m evdui- PJ:f?'. o criSn ::> supP.'!"iDr d~ •:una d11Jl)~f10, cuj1:1
e seu fu ndame nto, ou se,ía , a autonomia do SE~ interc~sa-U1es a co~1fusdo do rnt~l't.-:-. :.it, q n::ol<!nt,;id?.Jl .111111. rl ir:?;"..;t:1'!l1mt,• mls!'l:.i1) t! {orrn<ir o!';~ 1~.i.-:nlc.Qs o u n:, q1 1?.idrr:tj; ~i1e­
completa entre o dirlorna e o cargo. Desejam ter as capacida<le.s 1'écn:cas pt:ir<1 .::: p~ep•mlç~10 di.'>S ca.vro?irns tnd'"tstrt..:i:is. ::i..alizacbs dil indústria e do comércio. Um gnmde
produzidas pelo in~ rurnento de produ ção de produtores (o Si:), sem pCJJgar ;'~. U r.áV\!l'!lid:ute i..\1lm u ~ Stl:i. Vt'Jl'.:.t-i..?o lr.1- 11(11 ri.._'lf'() ( I~ !m;I li 1Il'õ!i, ~OOl<l~, •:?. ,1~b(Jr._,'kr.er-110;1
r.::· 111..:s1 r e$, T ~ido llqu~lc ~u 17i:bJit:os ou p11ram.;cr.~a priv<idas. pmpi4Ja -D!i jc·.ami;
l~ ... 1: <1 ÍL)t11 1·:-:,: ao
a contrzipartida, ou :seja, as garantJas que cónfere a ex~stê..ncia de um SE pretec: :1 ' d ·ica.r•5a il'.:5Sli!r1::::•.:i lmen1 E!, l!!D e.nsino t? l::i!Ya i"IEl m?.'1.5 d!·..~rsas Çnll'«it"oit5. A'i _~:,t.flJt JfF.1.$ pP.-
re[atlvãmcnte autõnmno (Le. o diplon1a) . O SE não produz compdênc~a ~ P<'~~· ·I~, ;.1roc11r 1> .;SJi.::;lrxi S:l•j;ti,:ric:.r J k.1ri3~ cfa56gicl.:S 00.ô conctbidl\S prira [JrnTiitir q·we op
1
dur.-.çiio rrur.!.5tra2a 11:13 b.cukla::les. ~'·'-·~n:; arf.:~.Jiram r!ln d:J!$ erµJs , um •xih 1m., d1~
(por exerrrt'.1lo, as capaddndes do engen heiro) sem produz1r o ( !Íe~to de ~pmidru:iil i? 1:-::inbocimer.it.G cp.1!? i.c.. co..\:Jque Em
con:ilçôc?S clt'! s~ adcipt{l.j'L~íl"i, rapi:fa1ru~i)~t!, A :;::1<1
garanlia. uníversalizante- eterrüz~mte da competêncià {o cliplo cna de enge- A t."4.~nltidclJ:'{\ \1 m1~ç..fuJ d~ Unh'l.~~idndç
flJ-:tirit jJTOfi&Jilô bsr) ,)i~r' fti:1.~. ~n p~rtiruh:1r. q~""
nheiro). Os mestn2:; da econ omia não se interessa111 pelo diploma que dá !'..:. fa.--.:!..!l::laJ~~ a".el .:ern um par--e! 111lj:lartCll"'r :.fase c.:..il:::cad:i na rCITili?l;ã:J prohssi.0nc1I e nil:::
{<!
ll::i', pr;ü; o:': i11 1P.J15u <t 11.rcimid<i.Ci:: d.;i r;m(~-.ireii. :~us ~· 1~ toor.çi:l'~,.. S ' 11::; pro;~ro1 1 1ó"l::i ..:: ~1.uirialic.J.­
aos agentes u1na certa liberdade em relação ao sistema econõ1nlco. Qua11to l\.c lado dos p1 of ~:·r-:g d:. en-c.fl"!;~ púl;:bc.:.i, ~ C.~ são- ce1-..cebiclos em -ssLreitL'I tlg~ rnm .::is
maior for a autonorn ta da 1nstância produtora de dip l.omas em r elllç"5o à. Jl :l'"~i'..ri( 1(}Ttfl.'ll' 1?Jt!.o~ {: ' q•.mdm:.: d A "~UCJJ.­ rn A~~leid~ (i..-.::; lt 1di13hk 1!'l (! r,i=i ~11(:trt.i1 d.:i
.:;.k· p~m:.õtn nte'' Tmm 5e ri' 11m.:i t:::.refo ~mcn· ~~fo ni:I q 1I~ i5liiO irnroir11"'.L>'...d::is C ' OI gr arn:Js IU'ITif:
éconotnia . n1anor será a dependência. do dip!cma qué ~ta as.segura e 111 ~.i1 .'.O:P.ils d~ u m q•,J~rto IJ~ f~qr)11lnçili1> 81iV'1 - - '*·· do i!Y.lt-,O dc-.;;7.lj'!'t:! ~. !'}Ili'\$, :r~":fl,rtllrlil 1urn CL"' q1J?1õ'iros
relação à economia. Daí. o soriho patrona! de uma e.scob confundlda corn .;,;rc~ l 968 - liEIS Utl, d~i·..-atr~e:r1Ce. CU;!50:S de prô- d..i.~ {tr1,~.1~~s n~:.oi ~ ( 1 qw f{ll,.'Or\.'Vé tdt»".l'.!
l!'~Ç~C:>, P ridnQ , m 2 10ntV! i;~t.i p mfiS!il!m;::.I i.Jrn h'"IS<~C- dO!i FShdal"'~ 1~1 \.id0 ô:6 11~'1Ó.".I~.
a en1pres,a. de uma ~sc..:ola ''da casa '"~ (d. Colóquio de Orl é~ns sobre ~ ciJmn:;~ csp~C- is. as urs:Y.C 11• turno5 d~ C?srnliJs A.s. JJr.61.11.:i!'l •1 11l [Jf L!!,~ p.-1s.sari:ll'•• "' :>•~ li ~~,m~­
•·forrn açao p ~rmariente ·· , 13-14 de no'i.~an1b ro de 1970 e d.ocum<mtos e faculdades. o u ~implesme~:ite mis empr.::s.as. Fl'lr 1wlt:1 vdL'I cl~t'!S ~1tJIX'-ler~m~1tos, <tos -iJUi.'lis
:3=tõ rr1~.Jl.:t · c~1m<:~c:;;~ :1 de-3 r.ec-~~X"li11 l,l.s ;\ !]te.f'\-
L:i;rta 1~:r.r:l17lt'l1rnt~1~61. jl~"J!'ll , =>L1JJ :-t. ~11m Alg1t-
anexos). Por seu· lado, os prodwor~s dº dlplmnas estão in~eressados em rl-? ma:orm de-:;, profes..:;c~e:.. fc:;:rmJdeies e mfor- rn;,s E.frtu"Kl~ ~Clt~des ~m ~uM pr6pri.as e&:.:cl.ás.
d ~f<mder a autonomia e o valor do diploma. Es5e interesse é compatilhado il" der'" ~- rr~CTI 1~;'lr1.'! km" dt>i:.:11sulo; 1111_ntos sliô
O utra!i pi!irtiopan~ indinztarr.Ef'tt-e da financt..1ml!fl1a
qu.::.dros das e:1:1Y."C::Eiti5. Mas é pr~iso fr:..rm;)r e :J!o! i;...,1(1L~ethw.:i 1k•s i..·.-:1~~1u1o:b~.
pebs p o rtado r e$ do mesmo . ..anta rna1s que S'?l.J ••..-alor econõm lco e soc;a] i't~í:!t{()jçCJar o;; 1::.::in.hL'r:!.iYtCnU'J!l :1..s.'i4S :~~ffil 1>'?S
Em gr.rnl. 8 predso p::!:Ji:'lr µ;:m1 ~L lilr zl.
d ~p ende sobr12tudo do diploma. O pod er conferido por urn diploma não o-:asX::ci~i!:: E:s :::- papel daF.. fa-::u~d~es..
M.:is. ?,10 l:i.do d;...s l~ls.Js. do .E.~ta.cb , ·i'.$ prtipr! ;:-s
é pessoal. mas co~eth.ro. uma vez que, não se pede con estar o poder Lil:wrad.a.s tli!: ~ésadi\ ~are:f.:i ~fa formar 11 err1lJre:>M i:'d.:r1.Jh:irv111 o l 1cibito d~ Hr1cir'l-:.:W)" ·~
P,·õ'ind. Jl)~~i1 d~ ~r..:~j;ó$ ti~ l:!COrLQI t~io'!' .;'::;; P..5L1Jdas d os jm •e.ns '=tue 1.:ír:ia a fa2F.r nr: ~ de $;zt.!
k~gíhnic (os dire~1os) confer3do por um diploma íJO seu portador. se.m Cmver.:.i &.de:. volto~ilm il :::m 'i~rd.<ii:iei.ra m::;
1~~°"~ - a q11~ .i ~ L:..i:·n.ou 1..;in 1l'i pra':k11 c::.:::-r~Le
s a - Lm l"l!;f)o.ço o'."f,;;i. L~~1U urn. ~iXl • •tro, f'h'l${! 111"'1'!1 nos Lli:<1dn$ UrJdru.
cor..H.~~ta_ • ao rnesmo t.en1 po. o poder de todos os por(adores de diplomas
•' •esenvdvi1fJl:!I ttr.· do.:; t' ·n~ :.ciml'nto.:; f·.mdi!t·
e a autoridad~ do SE que Jhe da garant1a. No entanto. s12rli.:t fa lso ver uma 1nt.1i ai d'1 sc-r~ d<iu•-" f! .~r~·pr!.:;e - 742 - 29 d12 nm1e111brn CE: l q.]9
an tinmnia no fato de que o diploma é tanto mais precioso (car o) quanto
mais ra ro .2. embora tenhc.. 1ao mesmo tem po. rner1os d efensores. De fato.
a força de um dlplorna não se mede pela força de s1Jbv~r~ão (port~nto,
urücarnente pelo número) de s~i..Js deten1or<2s, rnas peJo capüal social de
que stlo providos e que acumu l.am em d~corre11da da cUstinçâo que os
constítul objer.i\· al1'1enrn corno grupo e pede s€n rir també.nl de base para
1

agrupam.er.tos intenciona is (associaçõlils de antigos alunos, e, tbes . ek.}.

.. N. dr.J 1;: ~ [11!';:111 11!ç 1 ::?i. dr l'r.51111.l sur rri,Jr 1 irilí!l~'·m1211hs ª' ~ls.1 em;; ll'fli'.1 P.rs~I ?>.ria . 'l'. lP T<'l:JllL;'.Jlll F•Jr
• N. :fo R.: No Dri~lri..a.l. ~ e le- 1110 ls:J.'1. L~m;•~r ·o ..: se d~:.lrmm l1 'I' 11111 Ir (~Ires i1 ·l~:li.ti.'li:Si f' dh lacr)l !il6 <l!l rn: ~.:'lo.

136
A educação penni;tnentc e o sonho patrooal de uma esc ola "da casa ·· Os n1embros d as frações dirlgentes da cJasse dominante que, sobre1.üdô
por mten r.édlo das gra nd ~s éco!es , utlhzam a titulação em suas próprias
M. CEYRACfi
A escoJa não prepara os j O\.'ens para
estrntégias de reproduçáo, não podem con~estar abertamente a legitimid a-
c.on1prec nderetn a sociedade de do cerr;fk ado e.sc:olar e, as~im, privar os vendedores de força de trabaJho
da proteção assegurada p elo dip b ma sem se privarem de um insrru.rnento
Um ··cara a cara '' entte ,os diretores de C.E.T~ mul[O é icaz dª legi[imação do acº sso às posições dom inantes e de
e os repr~entantes do e. N.P.F. dissimulação dos modos di:retos de mmsm,issão do patrimôn1o. R~s1 ~- lhe$
11lltô .;!! 1)-fl !l!:ndirntC!i. ~J 1 1ri'ibalh~::lot • , sri:.J~
agir sobre o sis,t ema clas il'tstând J.s àistribuldorns de dip!ornas e tentar
k1rrn;;-1çi\o a p~rf-3i.çcamcnt · proth~k11v·1 :..::;, Re· con1rolar indire1arrumt~ a cofaçãa dº graus, favorecG:mdo as in.s tltu~ções ele
Um tul 1L:::: 11 ILÍI I' d't(~Q:; vele pr:r.::ç~1:1!:Xi~oo de c çirdr.1no!i '1' m. ·rn ·..irt11d · d~.::s 21;:;.orêos, ~o::Jo
s~ UPJS :J1t~G',l1<'.l• ,~. i;.s. ::iir~orei; .::'. din?l:.irus de Lr h e. llvu:k:~ rnril a. [)OS~!°::iilkfode J;.., ::;::;il:.dtm 11~L'1i!J
ensino vinculad~ .à eccmom~a por ligações pes:;oais (corpo docente, etc .)
e.i;,T. ifo.-.;.111 ~ bnpr12S.5~0 d ' ~ ~(1 t;..:'i' L:4. :ido ··Licenç;:. fc1mo.1ç:~1 · q 111J t){'Jfk!"~ 1~rnk1r.:;:11·se ~ti? ott insritttct(H1a1.s (Conselho dí2 Adrninàstração! subvenções! etc.), ei11 detri·
rE!\.oeilr O ftuidt) (fo SoGI 1 :)L'Jl."lõn 11m l c:- rJC!P i...~genLéS urn fü 10 1 1~rn ; m.pa ir.I e.qrnl
do · a1Jc:n3.L.:i que, t.od1wm, bi:.eilar.J111u·l:J:-;:1n !'.jr;ufo 1rJ<.m 1o da$ insrâr.ida.5 r r;!laUvan L2r1te autônomas (unl\.1ersicladª-S) - cm r elacE]o
"Pôr!arl!{I. tlot1d~1 '1 M . l l .ll1 d:11, :::~ ,~Jusns 1
iZS't~ ''rm<.:. . . . Cl'Jl'l" 111i'llJh11al e :n~~ negligendarru11 a estas ! \õale lembrar que elas têm por ''m issão'' a ·fom1ação de professores
ll'ill 11J11 ,,,. ~..J~ •1'· ::isté...;.<: qu~ [-,es ío.rtm;, kmr.'.l!uJ.:1•
.::.r e t'fl ·!J u • ê rn !.:ez de prr.~1., rnrcr>~ iV /tt:~t..!~
por escrilo- r)tlct; p , T1 i1·irxi~ll~
!t:!t:t; 1<:.os, pcxio?rc;J a&h.: .., (J m .:; lJO !!lr..t::.re.>a, pos- i:t de mestres·· e não a lnstruç.ào e a ''seleção d 43 homen s'' destln~dos à
:tl lh01â 'dr~:<; dé! j ormação q uc. cl fõôs, ç f'.m~~ Ir.a
pmf'is";;t~mt1° ~urre; tm.i m nh; (P.r : 1r e nia 1s i.'! 11'~.
produçao. A contradição pa[ronal - ccnser~~ar as vantagens que a mulayao
Eis i'1 1!1-~:1lit;.dçii0 de!: d irig1?.nll':'l5 rio C i\',P F. \' •1 •• " u ofe:-ece à T4?.prodL~ç,ào da cJa.sse dominante sem d~tx.ar dê controJar o P,CéSSo
',tJ. l_gLifü B..E. P . d~t::i• 1 M Çot))ct, estão aa'ap-
O: p~trfos !!!itâo .cli~ oJ -:::rdn. '' 1\'.~-~ 11~r. d.as outra.s classes aos pod izres con:feridos; p~lo diplomÇ) - ~nccmrra sua
w.J~· C..•1 r..:,-t'..:'!"S.;1dade&· das profi;.;~õç;s, $;;i.ei {'.W. (j.;.il;'
Cv:!n•:.s~~m.:1>:?1'11 (:: 1 ·r11..':'dta1l'í.iS .:i::u'pa( . E JX •rqUl3
q u ··i-é IT10 5, absvfo.~:11 i 1í L1! , d12-darc'..i. :i.t. Hlíºv • ~olução t lO d esenvolvin1erito das institu ições de ~nsiflo pri'Vado ~ das em-
lt11 . {o!!,Su n-1!.•·as re~ 1011.01soJ b~)1ci~1° l!'S de!:: i:: l°CJj.e.i;;~c­
1e::Li f~cm í~ rt!tm1eo :J°.? C./ .P qw:. pnr :;uc• :=~.
res, 1nc s w m cni ~ r.i_lu,·:16- ,'ós .S:J.oM.:-... s;r,1,p1'•-:s-
pres~ de formação, recup(~racfto e recjcfagern. incre.rneritada.s peJa. apari-
!:Dr'fC.!",'.):J,°7.:iicirt 1 sótl 11'.~t'iN o
S:J~é-ÇI 1,oações. Es;;es
Fllt;"t~ t~ dama 11da 11 ces ., Pr:: 1 en::-ia i 1 11~:11~c. pr~i· cão da ''(on ni;lç!o perrnanante'· e lalve2, ruais geralm(:!nte, na instau·roção
t:.
~eo. •c!1ti 11o.i;.o::a t.pi.~ldc,;, .X.1~ir l:>. P. ,P.1-.~~ ol1: 0..'6
~ou •·1 e
:ir· 1..:·l. a .;:.~t r1~wra~ de accl.'111 11~11 w
1
'J-.'.e não ;:-orr~}",00rx:icm1 o 11" '-:-.-: •rdodf!im coeupa-
·
e~ !.~Cé! 111: tr~t.:::- S(: da e'Kfri:)··) r!J°1n6 ri~: r~-..de e;:;-::c.• de um ststema de ensjno tripa.rtido: grandes éco les para a reprodução da
(Ôt) - :·~Yll' t·xl!m,c.'o. ~~111 R E P ât..: rT1'údr•1i~• r...X,.
/umJKe 1c-•Ti'G~rc...~ n1l1~,1ran'(Jl'<?.i 0 11 j resodores,I -
.·~T C' t.m i [!Ç'i'. "I M ria 1\1..rs e euid~tl!-!:.~ qu se CS.'i ,_., classe dominante: escolas récnJca_s, con'lTOkiclai~ pela economia, para a
~~!ü.be.l l!cl 111 11 o.; nda re !:o foctirum 1~111 pos~­
1~\'.l~r}l L.. ill ,')!ô'IX.::ÍO d;: C<W,é tll(,'(."(J Q() ~te;. de!! reproduç~o oa força qualificada de trabalho: Lmjversidade para a rep ro du-
~õo !!°.e ri'i~~ "l1St.ir, 14élc ~(Jílm('r.:e. fo rrnat.;ê..e."
~ n::ilx1.lriô nu m .nti'.\ 1" A p€T!]l LTll'il. da um dimo r tl .
c.::.T :1ue ~11 '-:t1..:vt::ll:1 H".l-.;::r o ~111~: n) dlr1gerrt~
OOo'-:-1,• ),l!?m~ti HJl'i'.'S s , E.:1'1 {;1(.1 ri H:t~.'CI • •:rja p [IJ r 5 ll.::'
oo cào da untvers.i.dacle. Assjrn, o con]ulo o bjetivo das estrnt~3ias das fra.ções
µ ufogã!:')JQ sob a pr~ssao dos :1 ~~.s...o.;; ihm'~s.
r
C.N f. IX'J\.".êt.'..\:1m, n::sse: .::riso, d~ i:T...1ç IL) l~ m1
s réü 111 ; Ji.r.ado~ Q W J rv.s mid,::r~ ·•,
Jiti.g,e.nte::.o da d a::.se danlina(itQ com as e.strat~glús dos •,u.mded.ores de
i\.."l:l .si:iplan..."'rJ:IX', •.1r:.;'..; o B , E-P., nc• iimbit·::i dos
c. i: -: . Oci- repn:senlziru e: du l~L'lbvn1 lo;;i r(':)i1 r:nd.c- Quen t da::idiril ;::i r~p i1o d3 ili•11:.i llcl?..1..ie d~ serviços-esco ares (cujo núrn~ro ten de a õUrnenLi;'lr ao 11T1e.smo rempo que
rrllTI: "Não !Y..lm·Dli f:n.urd~:IS rl !:.<il ~IJg€5 tÕO ' . d if~t.r;I=- n 1tvi.tl'ulç4(!.<; -ac:ipechliztidai::- nt- ~i o volUlne dos detentores de d1plomas) contribi..1i para explicar que çi. uni-
!)õ1n!ic d~'i:<:<t brefo di: Íor'u ..... :,:;10 ? S::ib!"e esse
P..li fus. de rm1rn;-lrn Sõ0111I M. l l11t.1•~h ~ M versalização do valor atr~buido ao diploma e o m onopó]jo correiativo das
Corpd Ú1;.Ji.'l l"fl lt 13nc41tcl1i!J cbr~m12L1trtl ;:.::) .awJi'l.6· p:;rno , i!. rf'.o, i;ic:6t.1. oos d!.Jig_i::nt~ do C.N.P ,F cnl
ri;;:- t;.wz G:lt'lm hot>thõ ;:.:..: ) 1r~k1r~m ~"il!l im:ansi· 1m 1i10 clarn: " Os o rg m ;-1s1nas ~t~i'! d(!J'i:'!J,dem do 1 pos i.çôes n1als cobiçadas -pelos de e ntores de diplomas possa e:oincidh com
cl;,:rf);:h.> ck1s 1.'ll1ido::;. P;.m1 el~, é · l.:r111~ri cá i,d edu ·açéfo r.t~c1~1,.,~J dç1,.1e.1iio, como os a LJ!F i:;.1. um depau~ ~rJtrnento de rnonopóllo univ.ersit{uio da colação de. graus: o
.~er rn hmet !cfos a u qo i:;pl'(..li,i!1Ç!'.Jf:o; t100 serf.!o
•?eh~, Gf'.:13 ' O.llC1U jrpm {)
1
e.
E T. . 30:>Ç~ do,; rnu-
ret<.,1\"i~)r:if:ldos itl ::i fac.1a '. ~e:;se c!:IS::i , ~ ~~.~­
,·~'rES dos E.E.P üt1!r'f'111 JJara as i!c,;('u.s f &nr· c re:scün enio do número de diplomados (que tend e a favorecer a e>:dusao
;:o~". ·· ,\ 65 a.::.ha mos, uo
1 rot.-:
rl.i .otf; qwç- ~s:KJ fJ
bé eu.111 nk1~ ,rB;:eb.zr.:So 1.m 'li- p..1Jt r:!l~ç~o con c-e-
1 itl.1 p:.:r -r..om~.:;s;&,..5- m:icionr.ii.; proíissl< n.-.1 s·· in$" dos nã.o-diplmnado.s e a obsolescênc~a dos rn ecanjsmos ma~s antigos de
~011 1 ·, r •pllr:cu i.n~• d ire1or df': ~ E.. T .. · pois dá e;
;.:i'.l.
: ...das pelr.is c~·gi'lrurrçól:;!S J'.:{l.i~i.:nrils • p.::.las sin· promoção e. secundari:mnen~e, a des•..ra.lorizaçao de cada diploma pa1i1cJJ~ar
r.>;lS .i:l li l }1d:.:d E.1 OCIS ; . l}~tiS q'Lti> ~d" rr:LJP..11am r,l:).S
~cMc:s doe 1r~l1<11"h&:-Jcrci.:;. n~ seqümoil. d o n:::..01-
r. :-tlí&:Js iJ.rfo [1e lec1rn, !J 1[:;$ d12 ~n/ret~:to r r.tri . cm
d 1), 115..".Í I 1;11{ {] l}"ITI Í 1?".'l?r ..:n.. dot 1 1) ~:o!J :.ch re -3. que é corre[ativa à tlanslação do sis .. ema dos diplomas), a universalização do
~(.~~ :J~n'n_. o~ h<i·:caJtfür-i!.iJ~ oL• bw 1.'l;L-. 6 ... tC:-c .. dr:<•,
o q ~~e rc ,O ru ,p t1~'l 111rlO p t'DttWÇÓD '·· ser~ur~r..·;a do ·~n)t)r<'!go, te.conhecirnento atribuído ao diplcn1a e a unifieãçáo, iàô menos sob es:::e
i\ nprm.iaçi.io setit, t"1•1J!o . -concl}:Jid<1 [)C:'
O:; dir:.genle::; d~ r1.et10ll?ICO r1r\õ dis..:on:la~1.
um~ com i::::J.io q 11C, ru11~.uil~1i:;;nt e. ni.i.c côl'l 1~ot ­
asp~to, do mercado de. trabalho, engendraram sua contrapartida~ a divers~­
m:l~ u..:h~rt. ui: k1 n; ·:l;l ~. n 1 ! li ~~·e! é!:::u lllx~ d e
11
º' fortni'1~[1Cl ac.~lerad3. l lrl rnerl:drt -an t['W.:' r .<1'..o?.i"l
Iillrit q1.J?.ilq1,K;.t· ~epresenlimtB da ~d1 h~~êc> r..;icio- ficação do mercado escolar e o desen-·.;olvimento de urn eipCJn'! lbo escolar mais
p:::ss1bih:li1rl-i!s d\'! p t':;tm :'.'i ~" ~.~raa do.'!red.d~s no::; nLJ c•.1 dos prures<;vr~.=s. diretameme ajustado ao s~stema e.c--.onô111ko ca~~ de fo2?r conçonência ao
!
lrdbtllia :'!.'('-'.", (i:-:l 1.•ens. o u 11.loi l:Il:tl Sl::c"Tl.~ÇO r1r s !:!• t··. LI
i nonopdio do sisteua de ensino do setor púbLic.o. As instituições de ens1no
L.'nl""Jr~1.~ , 11~ ~;eq·:Jenciri tJos l 11 ir·:-:~ ;u~1 ;~ acordos
ilssilmdos. ~n 9 df' ]11lru::· p iüsa di:-J. entr e o Jmlro • corrL fraca autonomia. criadas. financiadas o u controladas pela~ empresa~
:são ,eJcm1G.mos detarminarites da luta ent~e cS classes e frações de elas.se
que estão interessadas ern defonder o \-1alor do d lplm11a (frações sup~rior12s
clas dassa.5 popularº s. operár1o~ qualificados, contrameslres ; etc .. nova~

]38
frações das dass es me dias técnicos, quadros mrédios do crnn ércio ou dos 'v'Do..· ~ t~a qul7.I' ser nem <:d·.iO!~ Õ: r. e111m t~;i&:llO:t:!<,
serviç9s rnédko-soc1ais. ~te, ) e as fraçõ~.s dhigêntes. da classe don1inante 1 ~-e;··1 d rnliit;,, r..;:::1 t tfueliâo,

que consideram o controle do vator do d]p]oma e dos mecani mos de .e, CQmuoo,
Vc. .~ rnrri.b@1n 501~/J c:::im 1Jrnd p~ L<:i('~o .=:c...;i~~
acesso ao mesmo um dos instrumen:tos aprnprlad o PC!fÇi c.ontro~Q r o i... alor 1
e u ) í°lJt1 iro b1 ITI1;-1nt.e.. .
e~~~(m, t1.11.· h2S ~e 1nct.s
da força qualificada de trabalhó, fixá-Ja contê· la ou1 em outros casos. 1
1 1 \.'~-...~ ~ p(Xierii tornilr~s:
de..1.;valorlzá-Ja , 'éXdutndo-a·· ou 'desqualificando-a'·.
G~rer.te de vm:h::.::
ÓIJf.IC1r') di'! âP.im<iÇ~C·
1'l1'U1111>1,:...;1r-int(..:-pru.t~~ d,~ congressos, ;:,n:,.,1ttldOr ..l~ lorrn;;.çã<J.
,.11-.Jrneu:!or de ~ti'CÕ\'..· (C!::m<71is 1 ;::.nimildor de ~i:ll<:1 ~ 1. n ·1rJ,J1$itL},
::le. e.5ca~é<>..<: ri E mven 10,,,
;:.r.in ,,,chr .:ie Lwis1110. cmni::wrlo :.1'2- t ordc:
Gesk:r de cdu;'ri'~ fl-2 i~r.1~
INPE H:11sr.ic·r1s6vel por ~nlro d'-! tr'r:;1';;t 111"nta
C(l1';f.d ho!1ho 1?.m ati\;ichd~ de k12b'T
Instituto Nacional para a Protnoção na Empresa E;:1De1-.:: 1·ir(; ('!'1-, H-;.i,~r<?olcg-;~
ô.Jr.sultor ern l{lr'm&~..ll~1
O:ganismo privado rle fillsino il .(: isli: ri1;~t1
tllQe1:.heir::: em ra:ri.. L<•.m 1:mt<J
Ci"tro Senhor, C.:1r c.ulti:ir .;:.1:::1 a ial i'.tjdde
D~eL11t • '(o,1 m.e'ítl ~a. sa: ç .) S(J oom a S ·r..hr;t11.i! , , , . , . , , r~c:. !;a Ç(Jt'.,~~u··..~ir.:i de! Or~LmLi!içácJ . Trrtr,.t'. ng- onsult.'lnl.
Pergt n-.1ei·lhE! p:::r qm~ mt:f.~vD o !;e1-Jim õiinda não ~e enrnrt'lr<l'.':1 entrn 05 cDndid:itas lrucri7o5 e se
t;;.'Ti ~zjt 1mf1 difJ;)..,kh:tdí!. pAt1ieul.:,r', í.:miiliê!l', tlr;.:i11~r,:1 '" ('>r.1tr~. I~<'- dl~S0-mP. {Ili~, ri:-i l\'.-:"ln t m ;":, ''
n
.; en 01' e.sta'.'!! t'eíleti ncb :no ass ur.to
Eu b folk:lto; t~n~::: observa& , frr:qlh'!J'1~41m~te. que o.s moi: lhc.res re5ul't.:Jdcs ncs l!!-:i:lmes ::tio 3. LUTA DE Cl.ASSIFICAÇÔES E LUTA DE CLASSES
<.Jbli::los J)'!l.:1:i f!ltwtOS .;.1uie S<~ S1' b1SC"T'!V1:1n ) a 1100 km:1a r'~fl{l)(.t1ot (li iM, t1".;tl 1,{!;l'(k~. vnw.cs @nr:::<Jnt' A-1•..B
ern siluitçôes br~lht1:1tes t no1mt1I, .;iquel.:s que ruíl~tr!m ;m1ã d~ k:irnar 1111 1a d.:cisf:io irl'l:-::.tri.nlt~
s.ãa p oi:!:>.:J,] !I {I ·1uct t t se pod~ wn~im·' IT1t1Í$ L.z•rd~ r~p0t;i$:.1 ;;,il.id.Jcl~ r111tJOT[f1ntizs.
O SE dese.rripenha um papel caplta] n os conílitos. transaçôe5 cu 1

No enta nlo, ~ e;oqje;rieli:i~ no-s Lem rev.'!2lo:ico iS,1.mlmimtc q t.t " n; o !l'Tõ pre.;:~s:::i negod21çõ12S inclividuais ol 1 coletivas que se desenro l~m enb-e os déten~ores
do~ meios de produçito e o~ vendedores de. sua força de rnbalho sobre:
1) a d'2ÍtrJição do c:Jrgo: as tarefas que seus ocupantes de.,_;em executar
e também., ao mesrno tempo , as q1Je e]r..5 podem recusar:
2) as condições de acQsso ao c..arg.o; as propriedades que devem possulr
HEP seus ocUpãJlÍQS (essendaln1ente, diplomas. por veze: • também. a idadEt, etc}

ÊCOLE DES HAUTES ÊTIJDES POLYREL.ATI ONNEt.LES 3} a ren1uneraçào ofere.c'da aos ocup.a n ~e5 do cargo e. o lugar dessa
(ESCOLA. DE Esnuos POURRELACIONAlS AVANÇADOS] remuneração €Tl'l Ulna bier ~rqui.a de re.rnun~raçõe;s ;
Socied c'ldc c.: rt fl s-e m fi ns lucrodt.10.s 4) o nome do cargo ou 1 se. p rnferlm1os. d.l posição.
~as soc1eclades divididas ern clas,ses; a& cax:nom}a.s ~odai~. o~ sist emas
HEP (HEC - École des Hautes Êtudes Cmnme.rclLtl.es) de c.as:s:ficação que p odL~zem a repri;~enração dos gnlpos (por ext=:mplo.
Dlstin,ç ão soda] -e di.s.tinç.ã.o llngüistkiilr as cêlt egor~as sodoprofissionais ou as categorias iridiciári(;l.s) s§:o. a .cada
.•6•. qu;i~ hõcn:i1-.lmra da ::.:.d.1 nwr·~'=in 1!. C'.Oflf1i::;jo (•nrr.::. a imiraç.:io e , prr:d.na ddLI>m 11(;~ mites momento, o produto e o cb}eto das rlllaçõe.s de fo:rça entre 1.s classes. De
J('(lt):)~\:. j~O dl:-~'tô <t · to:1.;i<; a-:; ~l'.'?."ffti\"1 tlr~ r:!l~! 01~t...:,rS::l-, Cft~(t r•J'!.1tiCJJ[,1r1·1117!1)tc tiph:,r;; dt~ 1~n'(tr \:,.'!...-,
d::: blefe e:<~dd~s. nil rr'.,.)io1fa di'.15 •.·ez~ cctl'. .:i. e:t.tmplit.ida::le é.E. :11...<is \oi:i:'t"ifiS, por m~o dzi!i l?_l.!;i!:; :-. acordo com o e~tacJo das reJàçôes de forçã Uff~ grupo pode obter o cargo 1

)ftj tih 1ii,:$0 ri.;! ·:J IS1r;.(.I .:.ole~ p.::;.rn i.!. o&pirnl i!JIL."'i d.01Lârit1 d :; •1~riuL'l:;õe:. e di.'Js :1rtllifr:ui:;.J.s c1:Jl'r1in.J~. s.Qrn übter c:i remuneração rna1ér~al e a rernuneração siTr.h6lka dos qu12 têm
dlrnito a lal {" o que desemp:inha o papel dê'') ou obter todas as varitagºns
materiais cot11 exceção do norne. (subd;retor) . Pode. ao çon tnirlu, s~r pago
cmn e nome. Se!.fl1 ter as v?.ntagens rnc.~erLa)s conespondentes a S t?.1,1~
diplomas. Os pana.dor€ . . de diplomas podent n.i.torquir a es$.aS estrméglas 1

ten ·ando crlas sltuaçoes ::!e fato consurnadrJ. s.r::rvi1.--se dos diplomas para
ti;!n.ar obter a.s rcrn.1~mcr.Hçõ~s corn~spondenrn!i ou as rr.munerac;:ões nate·
ri tJis e as t1.-1nc(j s 1c;u i tan~ur apropriar-~e dos diploma correlativos. Em
1

140
suma! há sernpr~ uma defasagem entre o nominaJ e o reoJ (maior ou ce flxaders da lu a ou n€goc)aç~o entre os grupos. determinados slste1nas
menor <le acordo com as épocns ê con1 os .secares da mesma formação cl~ classificação - tais con10 o vocabulC:. rio das profissões ou das oondíçõ~s,
sodaJ): ora , a lura de c1assifkações utiJiza essa defasagem por meio de com seus termos crus e seus ~füfemismo_ - não sáo. como s~ria pretendido
es[rarégias que visan1 aproxin1ar o nomjnal do real ou o ma] do nonür1al'.!_ pela tradição idealista. formas d~ construção da reaHcl~cle soc~~ ou mesmo da
Essa Juta está institur;ionalizadâ nas instânctas d'2; negod'1çãu coleliva qu e experiência cJessa realidade, mas sirnplesrnente os pri:ndpios de consHruiç~o
produzem as convenções cole!Lvas que tegalizarn os .sistemas de dass·fica- da t!Xperiência of k iar' ;rz legírfrna do rnur.do soc~al eni um dado momcm1o do
ção estahelecldos e flxnn1 urn esrado garantido da relaçã.o de for~a entr€ terrmo. QJer ;:)~trate de taxinomi<:is burocráticu_ proveni~n1.~!i da negodaçào
as cl ass~.s a respelto da s!stema de d assificação. Mas o mercado de trabalho <.:.ole~~va e submeUdas con~tanternente a múlHplas deformações de-..:id~s à
não é o único lugar desse barga~ning: de todos os estudos que t~m s?do press~o dos diferentes gr1.J pcs. ou dos sisten-ws cl~ dassif:cação menos
fe itos para cleret·mjnar o prestigio relativo das profissões ou os meios de al~an1en:C3 ra.donalizados vejculados p ela linguagen1 comum e utilizado~
tornar ma i~ atraente ta] ou tal proflss.;o abando nada : não há nada a re er r~las dlfarentes classes. em s.uas operaçóes co~idi onas de classiflcaçào, ~ss~s
além das inumeráveis formas que reveste a luta pela deíintção da Imagem 1axinornias têrn funções p rá1icas , ~ ni:io som '-'nte lógic'15. Na codificação
das profissões, 5endo qtle a afim1acão da respeitabilidade e da bonorabiJi- sociaJ , as p alavras sáo segt :1das de efo ll os (eis (J definição do direjto). Nõ
délde ê a r~spo$t'1 ao estereótipo redutor e à difam ação. Produto da lutaº t!Srn.bdecimento da deOn içcio da profissão, o esquecimento de uma palavra
cJa negociacào, os nomes dº profissões (ou postos de trabalho) pode!rão provoca <id~itos: por exemplo, 1~m indhliduo poderá SEff oLdgado a '2Xecutar
ser Sl1brnetidos, ~rn certas condições (a serem d efinidas). a processo$ de uma tarefa que. não deseja e.xercer ou, vk:e-i..1etsa: pode não ter habtllmções
:nfl acão. Os d ~ferentes grupos hão de tent ar mudar os nomes para pnra executa r t ar~fas que. dese'a•ia exercer .
manterem as distândas. em r~laçào a cerLos grupos e aproxirnare1n se de
au~ros grupos (nesse caso 21 dlstânda semânrka é uma expte.s~õo tn1ns-
1
um ex.~mplo de taxinomia burocrá tica: o dicio nário das profissões
fom1ada da distância ~od~l) . A psicologia e a sociologla do ln:ib()Jho (Dídiorin<:rite des mt! iers, Paris. PUF. 1955)
cootribuern para a proo.uç,ão das tax~nonüas burc:>c;rállçç_$ (cuja ' Uma é
repre~en rada pelo catálogo das proftssoes clo ~NSEE.,.), fornec·endo de.scr1·
32.46 . Condutor tipógrafo.
ções ditas objetivas da tarefa a s.er exeo.ttada e das p ropriedades que devcrn Operário h.Jb11i~ ..t :_i :i1Mi! c;und•..lZI~ as m~q11:11A!õ Lip<Jgráh· 11!Z . ' 'ln t)ô)" tlra.gem p lor:.o, '.'~iu V• >r
possuir OS ag~ntes e.nca rregado.s de executá- la. Assim, eoS taXk'lürr1ias Lirn9en' rvl<.1h•.' ,
burocráticas 5ào o prod11to do registro, segundo procedi.merHo.s reconhe- .!rn.02, "'Céin~ur~ ~chapelaria)

cidos corno cientificos, Le.., segundo procedintentos positiv!sr~ . de ta~ino- Ü)J•"'T'j r la c.p \!dillizL do CI ll ~..'OI ÍCl'tT • ._,~;I :n~ U!~ CC!"ll?. O LU::".t0Í::il UI ihl' o-\: lo ' ''' 1 fhnl 11..fi de ffll rihar
i)r;\ T~liJ M 'J~ •Jlt u): IS
111li~S que não são produzidas d entifl.camente, n1as negoc1adas no
84. 71. Comm)tür füumcelr·o
bargaíning en[re empregadorP...s ~empregados . A s taxtnornias positivistas, E~.p~ ·t,;,l\.·,tB <'tn m;:.t i!ria de 'b;.mcn e Bul",. e;> \·'e lo r.::s :;uscc:ti·;-=I cl • q 11j.jr' (1 r{'$.,V,)(j ou :l.
cotT10 as do INSEE ou as ' d asses' da sociologia ·amerkana (imensa
1 1
.:-Dll!tl•: 1dac.<? de que i! con:ii..:lL:~r ' 1o1 d plir 1:1 ãu 1P.Js = -..rx,,:li\·v... l11nr1:-;i..
negação das classes}. são o produto d e um r~gistro do dado, tal como ete 91. 14. Commlto:i- fi.~{!11
s~ apr12.Senta ~ que e:r\cerra impJicltamente u1na ade:são à ord~m estahe1ec1· Prolis::' oni:'ll ..:sp1~3.1l:t.ada 11as q\1E!5f:'lo:: r;il.rt1J\oZll' IH\.-; dlt..ic"•rM"l impostes e hob~liliJJo ,, 1tt::":n'iü-
ll wr Ut'r) l>ll.íCl.:"ul ;.í . um em p r~ria .
da. A ilusão cio registrô {q ue os etnometodólogos recorocam na ordem do
9 2 , 41 . Çni'L~µltor juridko
dia, com a teoda neo-schutziana do acco un t, que fo.z d~ ciênda o simples .Í1 ll).:;l;i, q .11:: estuda . seonndo 11 · dnn lp.11r~~ dc-,.;; ç_fü;ntes, tjUi:!~lÔt!S j11:!°ÍLb::;-1s 1.llii t:::::rr,a l l ii~klS
regisrrn do senso comum con10 aparelbo verbal constltulnte do mundo) segu!"irladc ~o :1111. ::;i~1 ~~·Ai frsc.-L.. :S<;S1.Jro5. <i.::k1t.11h·.··· dr 11 .'i bl hc.. IEgi;;IAç.-io fi11m1criTfl ~hJ ~.>!<'! ~e
conduzi: aceitar a imposição dB urri uacJo pré-construido {ou 1nesmo uma 11ri t ~ pií,h!i!i< o liberal.

defin1ção oficial do mundo), en1 vez de romper com a aparência que este 92 .61. Conge.lheim d e triburut1
V.;.r. MagJstrad::;.
propÜ'-' e, asshn , constn.llr reabnente as regras d e sua construção (d.. por
79. 12 . Conselheiro de embal1'.adt
exemplo, J.D. DOUGLAS. Understanding Euer1~ay Life, Afd1nf:!, Chí-
Fu!:'l:".!~infü:-c superior v~11•:1.Jl.11:t0 ~· rnt ~ vn 1bai»L1 :x r. 1.mr:.-.rr~ li, rtc1 "stulio d.a csrtc.'b
cago, 1970, e P. ATTEWELL, ''E[hnornethodology sinc,:e GarfinkeJ", in problerrm~.
Theoryand Society, 1(2). 1974, p . 179-2 10). Produtos rnomentan·eanrnn- 79. 12. Conselhmrn do f:.«ado
f·l~tr.bro do Co1t!l:..;!ll11 ) ( I~ E!il i't1 la.

2. P-:l'fli!i1, mente Lrnnsprimnt;:i ni-:. 1'fW!'.;;ádo tlE:'. ~n1,b~lr.o. onde 6-tá mullv dir,;ternru-ic•• bg&:'l a it be11 'l~dr>S
111 l .:in Is. L~ <.l:nh1Y1w1.i. ]ndk!!-s, ::arràrr.!:i. snlários, a Juta d.:J. dzissih::-AÇl':><'!· 101 ni:1·w 1ol ~hn;ml e
Ctj)fl•:~ t';.() m e:-c~oo dos bens. simbblico:s.,
.. N clu R Slglil rle J·ru~ 1LI i t ''ª~ IOttL'l i rJe iti 'f(:f ! l ICJ LJC: e 1 de'$ éJ.uàes êconom !q1,tes.

142
Objeto e inslnrrnento pdndpa da Juta sjrnbólica entre as dassa.. pe]a
definição do m undo social, ou seja, para a consti1ru ição das classlficações
soci.~s . a term•nologia socJal (nom ~
das classes, profissões. etc.) perten ce
- c:-0mo ern Ol~t re~ sociedades. a tenninologla d~ pa.r~niesco - à o rd~m das
catego rtas oficia rs. ou seja, do·direito, linguagem l!Utor]zada e linguagem
de autoridade que! nas fot11~0ições sod a.is dotadas d12 urn i;1.pC1re~ho escotar,
deve o essencial de sua aurc ridade ao slstema de ensici o. Como as
taxinornias burocrá~kas que integram todas as situaç.füzs profissionais. a do
' côneLlr·~
1
e a do conselheüro de Estado. em um sist,enrn de catGgorias
homogêneas ~ ex_plidlas, o 5lS-temd de Ei.m:sjrio introduir pouço a pouco,
toàas as profissões - ff1:(?srno as menos raciorjallz.c1.das 12 as ma.ls abandoA
nadas à r edagogia tradicional - no univerw bierarqujzado do cel1iHcado
€scoJar, de modo que! o efotto de naturalizaç~o e de e[ernjzaçã.o das
classifica.çóas q ue ele 'l ffrl de a produ?.ir êITl ra2ão d~ suai inérd~ est<2nd12-se,
progres sivamente. a toda a estrutura social. Asslm! a luta de dassificuções
é um a d1mensãQ- ma.1, 5em duvida, amai~ lH~m oculra - da h.Jta d12. dass ~s.
Se não há taxJnom ia - tratar-se-ia das categorias en1pregada.s para julgar
as ô bras de arte - qu12 nztneta, em últ!mf.) ins.tãnc1a., à oposição rmtr~ as
el as.ses~ essa n~l~ç~Q é. 1.anco rnenô"s aparente quanto rnais autônomo i2 o
campo no qual esses s]srnmas de classif3caçao são produzidos. O efel o
propr1~n1-1?.n e 1dºol6glco do irr.econ hecknento* resulta da transformação
que cada campo impõe às d ass•ficações origin ánas e1 ao lnesmo tempo.
à fomrn. irr12conhedvel que reveste àl a luta de d asslficaçoes,

Classificação, Desclassiflcação,
Rec la ss ificação

PJERRE BOL'RDlEU

Tmd:Jção: Drn1CE B;··.R&·:o.. R..'\ CATA~I


Re~.•l.i;âo rérn ;'ca: Gu1u IIBvl · JoMJ rn: rtMTA..<; TEIXElRA

Fonl s: B:..:u~J PIP.Fre, ·a wsemenl, de::J.:.c;scrni<"J 11 re~hs!!~


mí?llf', pu~ t:t'.9lr.i!lme.1t'1 ln AC,~$ de .'a rer::f.er-:.~ e.' l
. ,l~t1~:es soclal!?s. Pmis. í l . N , 1· lJ'.,t~~ l '1í"S., p. 3 22.

144
A e~trat~la,s de reprodução e, em. particular~as e.sil'atêgias derecon~
versão pelas quais as indivíduos ou as fomUias vjsarn a manter ou a melhorar
s ua posição no espaço social~ rnantendo ou aumentando seu capital ao
pre.ço de uma reconversão de uma espécie de capita~ nuffiél outra mais
rentável e/ou mais ]egltima (por ex.ernp1o. do capital econômico ~rn capital
cultura]), dependem das opon:unidades o bjetivas de lucro que são ofereci~
das aos seus invesr~mcntos. num estado deiennlnado dos [nstrumentos
institudonall.zados de reprodução {estado da tradição e da Jej sucessoria l.
do n:iercndo de trabalho. do sistem.a escofar etc.) ie do capital que e]as têm
para reproduz~r. A~ tr~nsforrnações recentes datS rº-]açõe~ en'lrl!. acS diferen-
tes classes sodais e o sist~ma de ensino~ con1 .a cons€CJilente explosào
ºscolar e todas as rnodif~cações con·~am..·as do próprio sisten1a de. ensino
€ também todas as transformações da estnlturu social que res~1~tam (pelo
n1enos, anl parte) dLl. transfonnação de relações esta beleddas entre os
cliplornas e os cargos., sáa o re~u!h~do de um.a 1ntens1ficação da toni::orrên·
ç'n pela:s títutos esco.l.ares; para a qual; sen1 dúvida; tem conttibu]do muito
o fo1o de que, pa.ra assegurar sua reprc<luç§o, a~ fraçÕ~5 da dass,e
don11nante (emprn.súr~os da indústria e do comêrcío) e das classes médias
{artesãos ~comerciantes), as mnis. rjcas cm czipjtül econômico, tiveram que
intensificar forternente a utiljzação que faziam do ~istema de ensino.
A diferença entre o capital esco!ar dos adultos de uma classe ou de
t1ma fração de clllssc {medida pela tuxa dos portador€S de um djplorna igual
ou superior ao B.E.P.C.) ~ as taxas de esco~tizaçáo dos ~dol~s-centé.S
co1Te5pondentes é nitidamente rnais marc-ada entre os rui.esãos; os comer-
dante:; e o$ industriais do que entre os ~mpre!gados. (:! Ot1 quadros m~dtos ;
a ruptura da co~Tespondênda que se observa comumente entre as <0por-
tu r1idadQs d~ escolarização dos jovens e o pilhin1ôn1o culLurr1l dos ~dukos
fica sendo o ind2ce de um;a transformação profunda das di$pOS1çóe~ com
relação ao investimento escolar. Enquanto a, parte dos portadores do
B.E.P .C. ou d~ um diploma sup~nor é nítidümente mais fruc:a entre os
pequenos artesãos e comerciantes da faixa etfü·:a de 45-54 anos do que
entre os empregados de. escrit6r~o (ou seja, em 1962! S~7% contra 10J%L
seus füho~ s~o escolarizados (aos. 18 anos) nas mesmas proporções (42,,l%
·e 43 13% en1 f96 2 - d. M. Praderie, ''Heritage social e.t chances d'ascen-
sion", rn Darras. Le Partoge des bénéfjces, Paris, Ed. de JVfüiulr, 1966,
p. 348 ). Do n1esmo modo . os industr1ais e grandes comerciantes que têm
um capHal escolar rnríls fraco do que o dos técnicos e quadros médios (ou
sej3, respecti.vamenta 20% ê 28. 9% da de.tentcre~ de .in1 dtplorr:ia, paln
tn<.:t1c,,s, lgual ao B.E.P.C.} escolarlz~n1 os filhos nas mesmas proporções seushon-1ólogos en1 1962, o.is tltu~ares do B. E.P.C. pertencentes às mesmas
(65.8% e 6'},~2%). QiJanto aos agricuJ ores, iniciou-se o mesrno processo, con10 bixas etári<Js que, em 1962, ocupavam prindpalmente posições de en1pre-
mostra o cresdmento muito rápido das taxas de escolarização d€ cr]anças gados vharn, em 1968, crescer suas chances de- se tomarem conn-amestr~,
satdas dessa dasse. enLre 1962 ~ 1975 (Fonte.: fNSEE, Recensemenl général opf;.l.rários profissionais ou n1esn10 operários sem qualificação. Enquanto que,
de la populatlon de 1968, Résu ltats du sondage au J/2(f pour la em 1962 os portadores do ooccarauréaJ* que enlravam diretarnente na vida
1
France e ntfr?reJ Forrnatío;1 , Paris. lrnptirner1e nationu.le, 1971}. ativn totTu.1.vam·se em sua grande ma~orla. professores primáiios~ eles rinham.
A entrada de frações. a1~ enrão fracas urrnz~doras da <=scola. na corrida em 1968, chances impo1tantes de se tomarem técnicos, empregados de
e na concon-êtida pelo ~itulc escolar, lérrt tido como efeito obtíg<:)r ns frnções esniLórlo ou mesmo operários. A mesma tcndênci.tl se obsº~ª ern relação
de das.se! cuja reprodução era assegurada prindpal o u exdusiva1nente pela aus portadores de um dip]oma superior ao baccalauréo.t co111 idade de 25
escola 1 a intensificar seL1s investilnentos para ma:nter a raridade rclativa de a 34 anos que 1 em 1968, tlnhnn1 mais upor1unidad€S do que em 1962 de
seus diplomas e, corr12lativamente, sua posição na estrutura de cJasses· se ton1arem professores primárlos o u técnicos e , nitidamente! n-~enos
ness~ caso. o d1p]oma. e o sistema escolar que o confere, torn<)m·se assbn oportun1dé:!des de se tornarem quadros superiores da ad•ninistração, enge-
um dos objetos prtvilegla.dos de uma concorrência entrG ns classes que nheiros ou membros de profissões liberais~.
engendra rnn cre.sdmento geral e contínuo da d ernand9 por educação e Sobre 100 jovens üapazes} de 15-24 L1nos portadores do B.E.P.C.
1
uma i n fiação de t1 tu!os e..s;;co!ares • e. ocupando um ernpr~go ern 1962, contou-se 41,7 empregados
ReJacjonando CJ :n(llnero de portadores de um dado dlpbma ao número contra 36,3 somente em 1968 C2, inversamen~e, 5,8 operâr1os sem
de jov(!;J"Js com ldade mocL:tl de rrol~zaç.ot"'io de cnda um dos exames, qualificação e 2 p~ões em 1962 contrz. 7 ! 8 e 3, 8 cm 1968. Os
pode-se dar moo esâm;J.tl';,.;a grosse-i.ra da evolução di'l rnridade r~õliva jovens da mesma ldade que são porta,dores apenas do baccalauréat
dos portadores d12 u.m d'. plon1a: para 100 jovens de 15 anos contou-se tê111 mui"'o menos chnnccs de se tomarem quadros méd~os {57,4%)
6,8 novos portadores de um B.E.P.C., 6.E.., ou B.S. em 1936, 7,9 em 1968 do que e:rn 1962 (73~9%) e, lnversameme~ multo mais
em 1946~ 23 16 em 1960. 29,5 em 1965. Para 100 j01.:ms de 18 chance9 de se tomarem ernprr.)fl~dos (l 9, 9% contra 8 1 8'~\i) ou
anos, contou-!-e 3 bachelicrs'" cm 1936, 4,5em1946, 12,6 ern 1960, mesmo operârios (1 ] %contra 6A%). Quanlo aos hormms de 25-34
161 l em 1970. Para l 00 jovens de 23 anos~ concou-se 1,2 novos ano~ que são portadores de um d·ploma superior na bacco.l~ur éat,
portadores de um diploma de enstno sl1perior em 1936, 2 em 1946, têm menos chances de exerc<!I' prc1flssões. superiores em 1968
1,5 mn 1950, 2.4 em 1960, 6,6 em 1968. (68%) do que em 1962 {73,3%) e. em pãrl.icular, de serem membros
de. l'rofissões tiberais (7.6% contra 9,4%}; inversamente têm Lima
probnbllidade mais forle de serern pro! essores primários (1O!4,3
A cornparação <los c-0rgos que ocupam, em duus épocé:)is dHerentes, contra 7,5%) ou tê~n1cos (5 1 4~:1(1 contm 3 17%}. No que concerne. as
os mulares d~ urn n)esmo diploma, dá uma tdéia aproxin~ada das vmi ações mo~s, observam-se éenômenos análogos, mas ligeiramente Dte-
do valor dos diplom-;:is no 1nercado de traba lho. Enquanto o.s homens de nu.adcs. É o b.acc~1luuréat que, para clas, sofreu a desvalorlwção
15 a 24 anos d esprovidos de diplomas ou. apenas p ortadores do C .F..P . m,ais forte: cm 1968. uma moça, de 15-24 imos portadora do
baccalaur.éat t ern, .se e](;! trnballrn, mais d1ances de se tomar
ocupatn. em 1968. posições inteiran~ente semelhantes às que detinham
emprizg'1da (23, 7% cootra 12%} e m 12nos chances de tornar-se
pro(essora primirria (50% contra 71 ,7%.).

1. /\os cleilos dr!i ccr..com':mcia cr..tre cs i;l1.lpas cm lufa J..-ela recl<J!:!:iíiiz~ãa e canhíl n des~ifiCL1çl';o Tendo presente que o volume de cargos corrºspondentes pode. tér
C'j lJ<? $<,! o~gi'lr.iz.l ~ l<.:~O 1:e.
do l'itula e.:;oola!' rt'2is geralrncm1e., em lcrno ele l oo:i. ei]:é.::ie d€ Lrunbém varíado no mestno jntervalo> pode-se con$lderar que um diploma
cll~kJmM ~ Q~I~ ç s ~t'.JJ)Ç5 r.flrrn<im " ms:Hi.1<.?l!'t !IV'· ~i)tid;i.d~ !'.X'!~ ~alaçAo a o1JLros g,11-rpos~.
Lern toda.s as chances de ter sofrido uma desvalorização todas as vezes que
é pr<eei:ru E1Cl'~.ê(!tl1.er IJr;"t ft t<..:t' Uf1 ít11:.eç~O ql!C i<>. pod~ ch;1:nl!lr t~~J r'l,I t !l l'tl i'. 0 Cl'l..$dmmlo
genemÜZildc da es::.ola!'iznç5o ~err.. por efeíl o fil2e:" cres~er "-' milssa do rnpi:.al. rul~nl qult'. ~~ ct1d~
mome:n~o. exi:s.t2 no estildo :ncc~.1.do, de rr.odc c;,'tle. sabendo-se qJe o rb<ilo (.fo ''~º Qiêolnr
e "' <ll~tab illtk..d(!. dl'.'! S<'J 1:;. C!fclcos n<':p<":J''..d\!m <la lmpcrtr)-11c~ do cr:iplta! c:ul::un~I cíirerçimente
r
1r .,sr Midt> t'Jt!ll'I i:.111i~iris. JX>:.l~·soe :,· 4l'lY. q·J~: o Tt2í".dl:ncnto di:'S P.Çlío 12."IC~t' tnnrl~ ?- Çf'(";,'iCCr
cor..t ir ~1Jül1'".l?l1'.c.. cam i'l cond1~ão da q ue os o ..1Lrc!! Í.:1Lcres :s>i!: nli.'lrl.hmbtir n con~tar.t~. Em :$'.Jll:d,
e
o nrndlmemo do 01i:!!iln0 in•,:es· L"Tlen:a ~olar maior. D q·.1e SEl11 d~vid::i contribu i pam p1o._-luz:ir " N:L OJ, t~~ fo1:11 1.:i bb!!'f~'ii'.'IJiJ, "bacft: ern fra.ncés, Je;igna, ao me.'lrrD tcm;io, C'l<: 4:;.l(~ 11 1eii ~o dir.:km~
·um ef~ico lnflac:ioná~·io que k irna ru dlpl.....HT.ilS .-:.1:1':5.Si'.1i:!is a 1lm nt.Jmem mnior tlr! J')L""&Oil5. cxmfo6Jo .:.o finil <lti 2~ cida da ensino d i.: 2!.J g~au.
•· N.T.; Nn sifl~\1J~ b•a1:c.~~. l'l<:."is.aa <JllC. <'.ondu~u com .'il,JC('_r;~o S.i?'US esh.Jdos seci..:ndários e t o.Y110U.-s.e, 2. cr. e. Dd<:()".rrl, " Li 'l'-'UTl~ dur.!ô la vle nctl'. a". I~ Er:t:Jt)Om ie
1
(!f stát1stiqvc, n. 18. d;:zl?:flbra de
p:.;;I Gii ;to, r it1.::dOr1'! do ''b~ .::,ftlo!tur~( ~(')LI. l)i\ ÍOT!'t~ ~b!'f:'Vlti~a. • bac:''), 1970. p, J-] 5,

14 8
o crescimento do número de portDdores de ticu)os escolares é mzüs rápido 1 . As tal!'.as de atividade de muJheres de 2.5·34 anos,
do que o cresclmento do número de! p os ições às quais esses diplqma:s segundo os diplomas em 196 2 e 196 8
conduzta.m no inído do período. Tudo parece indk:é'.lr que o baccafau réat
e os d1plomas inler~orczs têm .sido os n1ais êlfotado.s pela desva lorização: 1
CEP 1 0 \P BEPC bac bac
· 9 ...
de fato; entra os homens ativos. o número de portadores do B .E.P.C. ou 1962 '
1
43.8 ,'.) . I 59'.B 67.1 1
6'1.9
-
do baccalau nfot (con1 exclusão de l~m diploma do enstno supe rior}
1968 46.3 60.6 63.5 1
74 .3 ~~
l I ,5
cresceu 97% enrre 1954 e 1968, enquanto o númf!ro de en1rxegados ,e 1

dC2 quadros médios apenas cresceu~ no mesmo ternpo, 41 %; do inesrno Fonte.: H\'SEL CUec.ensemen t génércr! d~ la pop1J,1a tto11 de 1968. Rest~ Iw 1.s dri
modo, o número de pot1âdotes de rnn diploma superior ao baccalauréat sorrdage nu 1/2of~m'1 p0 1;r 11a Fm nce e n~. lêre . Form12tkH1. Ptitis. [rnprimeric~
e ntre os homens cresceu 85%, enqunntcJ> o n(Jrnero de quadros superiores nali cnale, 1971 (11[30 foi possh.: ,1 lsol~ r ~s rnuUier\!S desproi...iidas de dtplomas).
e membros de proflssões liberals c i'csceu ap enas 68% (s12.nc.J c que 0
conjun to de profissõ es Hbercüs c re:sce u 49%). A diferença é, sem dúvida, Pode-se, sem paradoxo ~ afirmar que õs prlncipais. vifünas dci desvaJo-
mais rnarcante do que dizem. os l1Úm eros : d~ foto . a pari. ~ da<iuefes que 1·ízaçao dos 'líLUlos esco~ares são aqueles q11e en1ram no mercado de
detêm os meios d~ resistir à desvalo rização e, em particular, o copira] Lrabalho r-'esp rovidos de d~plomas . Com efeiLo, a des;.ialorização do diploma
scci.al "gado a un1a. ongelTl social e~evada , cresce à roédida que o jndh..·3duo acornpanha-s e da excensão progressii. .•a do monopólio do~ detentores d~
sobe na hierarquia dos diplon1as. títulos escolares sobrn posições alé aí abe rtas a nã.o-dlplom_ados, o q tlf! tem
A isso é necessário acniscentar a desvalorizaçào majs uen1 cnrnuílnda como efeito ~hT)iC.~r a des·~·alorl2ação dos dipl01 na~ Hm ltEmdo a concorrencia~
que resulta <lo íato de que as posiçõ'2s (e os diplomas que conduzem às mas ao preço de uma re -lriçáo de oportunidadas de cti.tTeira olerradus aos
niesmas) podêro ter pe rdido o seu val.or dist intivo , se bem que o n úm ero não-diplomados (que <.:arneçam por baixo e segL:em passo tl passo 11a
de cargos t enha crescido na mesma proporç~o dos diplomas que, no carreira}* e de um reforço da predf.?terrnjnação escolar <las opo~tunicli:1d as
in icio do p e.rlodo. davam aces.so a esses cargos (.;! p ~la n1e.sn1a razão: é~ de t rajetória proflss~onol. Entre os quadros rnédios da u.dmin1striicão
por exenip[o, ü c~so da posiç5o de professor q ue em Lodos os r.lveis, {homens de 25-34 anos) nà(l se contavam, ~rn 1975, rnaii,; de 43, J i/"í. de
agenles totalm<mte d P.~rro ·,;~dos de d1p~oma d ) ensino geai ou tendo
1

perdeu .s ua raridade .
ape nas o C.E.P. contra 561('> em 1962 ~ parl'\ os q uadros superior~:; da
O cre..<;cln-,en to muito rápido evidencJado p ela esco]ari2eic~ o das udm irnstrução ~ as prc porçoes flr'clffi r~pectivarnente de 25,5'.~·~ ~ 33'f~. e.
m en lné.ls parckipou da desvalorlzação dos títulos escoiares. E rnnto inais para os engªnhGi.ros, de lZ/~1 e17.4% . lnv~r::.arnente 1 eri1re 1962 e 1968,
que a transformação das r~pres entações da d~vis.ão do trabaU10 entre os a p arte dos p-0nadore.s de um dlp!mua de f!nsino super;or p éL SOU de. 7 :5%
sexos (marca.d a forteinente, sem dt1vjda, pcto crescimento do acesso di:.=s p~rct 10 ,2% e.m n~leção aos quadros ~uperiores da administração e de 68%
menjnas no ens ino supetior) acompémha-se p or um crescim ento da p~rte para 76,61f, em rQ]aç5.o ao~ eng,énheiros. Da1un1 decré.scimo da dispersão
dus mulher~s que lançatn no mercado cJe lrabalho dip!oma s, ci.1é então dos deren1 ores dos mesmos d1plomas e ntre. cargos dife rentes e da dispe rsão
p<lrc1a1nl~nte guardados con10 reserva ( e .; investjdos" sorn í!nte no mer~ segundo o tit ulo escolar dos ocupm1~es <lo tnesmo cargo ou, dito de: outra
cu.do lha lrimoniar). E esse! crcsc.irn~nlo é tanro rnaís rnarcr1do qua nto o modo , urn reforço da dependência entre o título escolar e o carqo ocupado.
dip]o m(l possuído é n1a!s elevado: é assim que a p<lrte das n1ulheres de
Vê-se que o rncrcvdo dos cargos oferecidos ao titufo escolar não cessou
25 a 34 anos quº-. detentoras de um diplon1a superior ao baccalauré at, de crescer, (! claro, em d~trilnento dos :nào-dipl01nados. A gen eral~zação
exe rcen1 uma profiss[10 ~ passou de 6 7 ~ 9% e m 1962 para 77 ,5% em do reconhec1mento co nfe rido ao titulo escolnr te m p or e~elto, se1n dui...•id.a.
1968> atingjndo quase 85% em 1975.
unifir:ar o sist et-:1a oficial de d1plornas e quaHdade~ que. dão direiro à
Jsso significa1 de passagem, o seguinte: p~lo foto de que toda segr~ ocupação de posições sodais e redur.ir os l'.lf º-it os de grupos 3sd ados. li.gados
gação (segundo s ~xo ou etnia) contribui p ara fre~r a desvalorização p or um à exis téncla de espa ços soc)<lis dotados J e seus próp r1os prindrio~ d€
efeilo de numerus dausus~ toda dess@-gl"egação tende a rastitu1r sua plena hlerarquiza,ção: sem que o t ítulo esc;ular chegue jamal~ a iin por-.se c:omple·
eficf1cia aos mecanismos de uesvalcrização (o que faz con1 que~ con10 tarn ente p elo m cnôs, fe ra dos lJmites do sist en~â escolc:~r1 co m o padrão
1

rno strou um estudo arnerk:ano sobre os 12.foitos eco nô micos da dessGgre- (ln1co e universal da valor dos agc,,mtes ºconômi,..os .
gação racial~ o s n:iais; desprovidos de diplom.as sejam os que n1ais direla-
n1ente se ressentem desses efoitos).

1 o I' 1
Fora do mercado propriamente esco~r, o diploma vale o que. d'? dHerentes frac6es QOS indic.adores (]nfcdi2n1ét':lte r muito imperfé1tos) do
ponta de vista e:::onôtT1ico E?. sodril, vale o :seu detentor 1 si:;:i.ndo que
c;. rendim :>.n to :::lo caipttal escotur dep,znd~ clo celpital ~ronümico e
volum e º da <Bt rutura do ca.pitaJ que e l~s detêm. P or não se p oder
t!~Labelecer, crn110 se dºsejarla a ~volução por e~ egori.a.s discriminadot"a:S
soi;::ial <]Ue poclP. ser consag~·.ado a sua valori.7'41çe.0. De m0cb geral, 1

f.J~ quadt"oS tt'.r11 tíl<J.ls chance de à5éender ils i1mçõês de d}reçâa do do n1ontan~e da rénda 1 de uma parte. e da (:!st rurura da renda~ de outra
qu:e ~s fun ções de produção, fabri;::açâo <.!: manutgn.ç.âo. na me- pane, para o p ~riodo de 1954-1975 (o que le'"'OUa reproduzir um quadro
d)<la em que sua origem socia l é rmüs elevada. A a:nál~s~ se.- - 2 bfa - ap resentando essa ravGlução por categorias aproximativas para o
cur.dâria ~1ue fizemos da enqLLête rnaHz:ada pe~o INSEE em 1964 pe.rtodo de 1954-1968), i ndko~1-se1 a'érn da distribuição por Jon1es de
sobre a mobilidade prof iss.ional e·.,·idencia que 4 I ,7 % das. fi lhos renda, o montante da renda dedarat.La aos s·erviços hscais. font~ e~plorada
de! membros de profi ~sões liberais, 38.9% dos fUho:5 ·de pt-0 fes- µ~lo INSEE, ainda que se safüa que essa rc?nda ~ subestJm.ada em
sorns qu'1 sã o engenheiros, quadros médios ou da administração,
proporções n1uito vatiár...·ds; sizgur.ido A. Vmen~uvia -· '·Les reve.nus prin1ai-
t'2cnk:os ern empJ'esas , ccuparn 11Jnções aidmtnisti::ativeis e de
dlr~ç~o geral contra 25 1 7% do conjunt e. Ao con1rárlo, 47,9%
rn.s çies ménages en 1975 ·· ~ in Econo m ~ei et statistíque, n . 103. smembro
d o5 fi ll1os de ()'J·e rári os qualificados : 43 ,8 % <los filhos de com ra- d e 1978; p. 61 - :rnria pre çiso m uk~p icar por l, l OE salârios e venci mentos.
m-•srrns. 41. 1%dos fühos de te.cn ic.os d es emp enbam funções d 2 por 3 ,6 os bcnefkb.s agrícolas. por 2, 9 os ga_nhos de capita~s mobiliários
produçâo , fabricação e rnanu e nção contn~ 29,7% d0 .çon,íunto. etc . ~ vê-se que basta aplicar Qssas con eçôes paru restltLfü a seu verdadeiro
Sabe-se também que~, em 1962, os quadros sup.ariores :saldo~ de ]ugar as profissões independentes e, em p articular, os ogrktlhores e as
famiUas de. empregados reC·"'birun um s.:i lârlo anual médio de 18 artesãos ou pequenos com.f:!1-ciances. As ca.tegorias mais ricas (relativamen·
027 F ce ntra 29 470 F ~ra os fithos de jndustriais ou de grand~ rn) en1 capital econômko (tal como se pode consiatar n-ted1ante CJS
com crciantcs~ os cngenheko.:; filhos de asi!alatiados ag:rko laJ: ~ de
indicadores da possº d~ •.,ia]ores n1obiliárlos, J e propdeda.des rurn.ls ou
camponeses , 20 227 F con.tra 31388 F para os iilho. de industriais
'2: d~ gr(1i"ldE?S eome.1c..!a n.t~.
Hrbanas. etc.) t~nd~rn ~ n.:?cuar, de forma bas.tanie brutal, corno o mo.sha
a diminuiçl!lo de st!u vnlume (e o Ci1SO de agricultore.s, arlesãos. com12:rdan-
tes e industriais} f~ o foto de que a pnrte dQjo ve n s djminui ou cresce menos
A rran.sfonnação da distr;buição dos cargos. entre os pot1ador~s d11 rapidatT1 enr~ do qu e etTJ outros Jugares {o fato de que a evolução dos
dtu]os que n2su.ta aU[Ol'r'JaEicarrt~nte do cn~sdn~entc) do nürnero de ti tulados
individLtos de 20-34 anos seja, en tre os pequenos c92nercLÇintes e os
faz com que, a. cada momento: tunô p~rte dos portadores de títulos - e at'te:;.ãos, ig1...1al ou flge1rameli[t~ supedor à do conju nto da caregoria pode
sem dúvida. em prtrr: eiro lugar, os que são maís d<asproviclos dos rneios
se explicar pela chegada de c:cmerdQntes e ·artesãos de urn novo estilo}.
h~rdaJo:s para faz~r valBr os. diplomas - seja ·. . .1füna. da desv.alorjzação. As
Uma parte do crescimento apan mte do capi~at escoJat (e , ~fi·rn dúvida:
estratégias. com as quais aque]es que estão n1ais G.xpostos â des\.'a~orizaç.Zio
econômk:.o) dessas c.ategor1as d(Ne-.se, sen1 dúvida, ao fato de que o êxcdo
esfor~am·s~ prn· Jutar - .a cut'to prazo (êlo.Jon.go de soo pr6ptiél carreira) ou
d longo prazo (rner:Banle as es1rntégias de es.colariiaçáo dos fi lhos - contra
q'U e::! <;!slá na ori9cn1de seu cled!ni.o num.ético atinge seus ex[ri:it 0 5 ln i eriores.
essa d-esva]ortzação constituen1 um do.s fo.tore5 determ inantes do cre.sd· Ao contrário das pn~ce<lenk~, as frações de classe ticas ern capital
nterito do número de djp]omas distrib~J1doii que, por sua vez, contribuí para cultura l (medido, por ex~rnplo . p~las 1axas de portadores do B.E.P.C. 1 do
a desvalmização. A dia lética da desvalorização e recupera~ão tende. assirn, bacca,'auréa t o u de um d iplorna de estudos superiores.) conhec~~ran1 L1rn
a n utri r· sº a si própria. cre·5cimento ben1 signiíicatii,Jo qu e irn p]ica nun~ rejui...•enescimento e se
1T.aduz~ Jnais fre~Uentemente : por um a tone femin ização e urna e levação
da taxa de. d~plornadn:; (ais cmego d.as mais 't ípicas d esse processo sàó as
ES1RATÉGIAS DE REPRODUÇÃO E TRANSFORMAÇÕF.S
M ORFOLÓGICAS
ª
dos en-tp:régaclos de escritório do com~cio~ dos tecnicos! dos qur.idros
médio~ e superiores, dos docent es. àcs professores primárlo~ e, .sobretudo:
professores para cs qual<; esses diferemes processos associados sao excepcio·
As estratégjas às quais os indivíduos e as famillas rnnl recorrido parQ. naln1eme lntensos e. 1nuito pa~iicuJr. rmente, na g~~raçào rna1s )ovem - à
sa·lvaguardar ou melhorar sua. posição no espaço sod a[ s~ retraduzem em dif"1 tQnça dos engél1he3ros pam os qual,!\ o processo p arece 1mobiliz21do, s~rido
transformações que afetam ~nsepamvelmente o L~o.rum e das diforn.ntcs qu~ ,., taxa de crescim~mo l!. ma.is frnCQ )Gl"a a geração m.ais ~ovem do que
fraç6es cle d as:>e e sua es t.ru tu ra pa t d mo n kl /_ para o conjut1lo). Outrn traço marcanr~ . a estab iUd, d(;! ~~~lai j·;.~ d{)s prof ssões
Para se dar unla Idéia aproximada dessas transformações, construiu-se llb >rais qu '; por llTílj;t po)áfa:a deliberooaae n un~e rLJS daUSHS~ COC15€gUÍU ltmiCQr
un-t quadro que permite re la.dcnar os 1nc11ce5 da evo.lução do volume das o cresdml?.fito nun1~l'ico ~' ' L fo1• i~nlnl<;r o (qu12 permaneceré1n1 rn JJto mais fracos

152
do que nas pro(is;~ões su.p<2tlotes com grande capital esco}ar) e escap~r,
1gualn1ente, à pe.rda da rarklocle. e, sohretudo, à rooefir.llçtio n1ais ou n1enos
critica do cargo que a tnultiplic.acão de titLj}~do.s ·e, mais ainda, a f!XLS[fulcin de.
wn exc.ed~mte de p ortadóres deJ ID.Üos com relação aos cargos. acan-etam.
As. rnodificaçõf2S de estrntégias de reprodução que estão no prindplo
dessas transformações motfológícas rn.arcam-s~, de um k1do. pelo cresd 9

menta da parte dos salários na renda das cat"~gortas d ltas ind~penden te.s
e, de outro, na dive.rsiflca.ç5.o dos haveres e das aplicaçoes dos quadros 1r,1 1 N f"- ~ ~ ·~
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supedores que te:1dern a de.ter seu caplta] tanto sob a fo1m<;1 gçonôniE~ ~ 'd"
(.Q ....:

quaoio sob a forrna ctJ.ltura~, contrar]amente aos empresários~ portadores


sobretudo de capital eçonôrnlc.o~ ~ ·t:)arte dos salários, vencimentos ~
pensões na renda dos empres~tios passa de 12, 9% em 1956 para. 16 ~ 4%
~m 1965; com a mudança das taxinomias, em 1975, 5abe-5e que essa
parte representa 19.2:%da reri.da dos a~1csitos ~pequenos comerciantes e .:-W::~
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31.8:>b da rQnda dos industríais e grandes com€rciantes (Enlte os produtores


agrícolas, ao contrário, ela permaneceu praticun1e.11te constante: 23 18% em
1956, 23,5% em 1965 ~ 24,8% e.m 1975). &ibe-se a liás. que em 1975 .....
a palié nos fundos de recursos da re.nda urbana OtL nLral e da renda f"; u-; C': Ir'; ..... - w:r.. -' r"': :t:_.
rnobiliár1a é 1nLdto mais forte entre os que.dn:)S !-illp12r1ores do setol' privndõ N C'"'.. N
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{5,8%) do qu~ ª-nrre os quadros super]otes do setor público {2, 7%) - Dados.
comunicaiidos por A . Vllleneuve.

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1

154
-
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['.; A t€convers5o do capital econórnko em capital escolal' é uma das
r~ C' '
e.straE~gias que permlrern a burgt1esia de negócios manter a posjçao , de
urna parte ou da totallclade de seus h€rdeiros pennitlndo~U"Jes tirar anted -
1

padarn12nte u1na parte dos benizfícios das empresas indtJstriais e com e.reiais
sob a fornui de salários. mo do de apropr~ação mai~ bem d1ssimulado - e
seTn dúvida! mais seguro - do que. a renda. É asslrn que. entre 1954 ª
1975. a parte relativa dos indus~rjals e grand es comerciantes dím~nui, de
forma bastante brutal, enquanto cresce conslderaveJmente a parte dos
assalariados que devem sua posição aos se.tls citulos escolar~s (quadros,
12ngenhehos: professores 12 intelectuais ~ ffi?l!) que, à semelhança dos q1Ja-
dros do setor privado podem rirm· de .sua~ açõe.s uma pa.rte lmportante de
1

seus r(!cursos - d. Quadro 3). [gi..1almente. a de.sapariçilo de muitas das


ne.qu'2nas empresas comerd ajs ou attes.ana>s ocult a o trabalho cl~ recon-
Vér sào ! mais ou rnen.os bem-sucedido - realizado pelos agen1~s pé!\rt:1cula-
res. segundo 16gicas que dependem , em cada caso 1 da :iituação singular
dessas ér'npresas - e qu·e l~va a uma tnff1sfom1açao do peso de diteren'l~.s
frações das classes rn~d1as (cL QLtadro 4}: a~ ainda, a pan:e dos pequenos
r:omerc;a_ntes e artesãos, as.sirYL corrto a parte do~ agricul o res, conhece
uma queda ma.rcElnte enquantc cresce a proporção de profe ssores primá-
rios, d e (écnlcos ou d~ pessoal médico ou da árna social. Alénl diss o. a
-- nil~tlva estabilidade. morfológiça d~ um grupo prcfisslonal pode ocukar
urna transforn1.a.ç5.o da sua estrutura que. resulta da reconve rsão no p róprio
loca l de trabalho dos i;lgentes presente5 no grupo no cútneço do pedodo
(ou cJ12 seus hlhos) e/ou de sua .sub.slituiçtlo por age.111cs originádos J e outros
grupos. Asshn, p or exemplo, a dimlnuiçao rf:!lativamente fraca do volume
global da categoria dos comerciantes . dea~ntores em sua gnmde maioria
(93%) de pequena~ em pt·e..s~s mdi•..1lcluals que. errL pan e. devem ao cr~sc1-
mento do consurno das fa mílias o fato de pcxi12rem re~istir it crise, oculta
' uma tran:;fo rm8ção da estrutura dessa protiss5o: a estagnação ou a
dhn inuição de pequenos comércios de alim entação, particularm ente a in·
1·;
'=!
N gidos pele concorrénc.la dos supermercados ou loja~ de departnrnento~ é
.....
qua_Q compe.osa<la por urn ct e:>cirn ento do cornércio do automóvel, do
equipamento doméstico (móveis, decoraçáo, C!tc.;t e sobreTudo do ~porte,
- -1- -<l
do Jazer~ da cultura (Uvrarlas. Jo)as de discos . ,etc.}e de farmácias (Pvd#-Se
~ ~· ~
r-
supor que. no inter jor n1esn10 da ~·im entação . il evoJução que o.s núTneros
reLraça.m inascara tronsfonn ações que condulern a um.a redefin ~ção pro~
Htesslvd da profissão: assin1, o fe.chamento dos comércios de aHment.ação
geral~ os Tr ta) fortemente atingidos pela crLst2. 12 da padarias n_ zona rural
pode coexi51ir crnn a abertura de buliques ck. dletetica, dé produtos nat urais
l'egionais, de. dlin1entação bjológica ou cJe p adarias €5pec1a ~zadas na
o:::. fabrjcação do pão à anüga). Essa.5 trnnsfon11ações da natureza das empre-
8 i o-~

~ 2 "' L."'~ -t
sas c.oHterd~1s - que .são colTefan!i..•as. d ~ transfon uações , 1;1 0 !n es.n10
u- .....
-e "" ,.,: ;:"'"JC'

p eríodo, da estrutura do ~cnsumo tias fan1m~s qu~. por suõ vez. é


r- ,_

~ ~ :-...
.....
cctTel Ativa do crescim ento da rcnd" é sobrell.ldo , tah.1€Z, do aurrl~J\lO do

lf(l
capila] culruraL descmca.de"'do pela. Lrêlnl:llação da esbi.Hura de oportunida- 4 . As mudanças morfológicas no interior da d.asse mé dia,
des de ac~ss.o ao sistema de en~lno- estão ligadas por uma relação dia1ética ~fJI tlUTil ~'{.) TrJ Xil a rl'.J~l d 1 Parle dAs •M 11l ,r~l' 11:1{.)
a urna elevação do capital cullural dos proprietários ou dos admlnistrndo- v71riaç.ão ~'J
1
res. Tudo leva a crer que a categoria dos artesãos sofreu transformações 1954 19&2 1968 1 ~.'5 t9ó4 l :J·G2 :'J 8 l 'i!i4 : <J(,2 1'J >8 1975
internas um pouco semelhantes"às dos con~erc1ant es; com efeito, o rápido l9G2 19ú.lõj 1975
desenvolvirnento do artesanato de luxo e do artesanato de rute! que ex)gem A11; 1( ] :.; 14.6 11 .2 9.3 1&,ú -2.1 ·Ü,!) ·2 1 1 ,..~ 16,0 14 7 11 ,9
l·\~~111 ::'t ::::s.
a posse de um patrimôn)o econômico, assim como de um capital cultural.,
velo con-tpensar o d~clinio d~s camadas ma.is tk~sfavorecidas do arÜ:!!SaT)Ci[O
tradicional. Cornpreende-se qu€ a dhninuição do volume dessas r;at€gorias
i:•Jrnerd..:nll;!c;
--
kmpfegaco 1j .
24. 1 20.0
- L5A ] 1 ,.1 l ,'.l -1 .7 -1. 7 51 ,7 51.3 50.2

e: "l ..
~S.2

l 3.4 o
médias se}a acompanhado por uma ~ levação do capitat cukural medido
n;rncrdo
l·)~J~'rrJÇ!rtdt J'. : ,,;
8,5·
--·
9 ,(l 9 ,4 (j l ,) i.4 ~2
--
57 1) ';;) I ' o" 59.4

pelo nív e] cfo ir1strução. ' • 1.~nit6rio 3: .3 33,2 :i,7 3K5 ] ,<J J ') J :=;~ n sr:·,4 Íl 1,CJ 65,0
--
Art<3sãos OlJ ccrneirc1anres de luxo. de cuJtura c u de aute, gerentes de QwlCTJ-O:. mdk:!> LI~
;id1 i;i1.i~•I 10 2 1L o 11 1 12,0 20 Z.b 3,9 24,t; 31 ,. 1·1 .9 44,':·
' boutiques" de çonf~cção. revenrledôres de ··grifos'' 1 comerciant~s de
1

Prok.<:!!CC'C'.:'~ pr!mê.ik....=. 7 i'I .. 7 íl 84 9.] 4 i· 4.9 4 .0 t)g_3· 65,l li2 7 , r,,3_5


roupas e d~ a.d'2r12;ços exóticcs ou de objetos rústicos! de discos, antiquários.
dec.oradores. designers , fotógrafos ou mesmo prnprieEár~os de restauran- reé11'cos J . ,.1 ü.1 8,0 1 1i ,·1 ,l !-')- - 7,5 5 .2 7.] 7,9 l 1,3 1q,.:;
rcs ou de "b1strots" da moda. cermn ista.s prov~nçais e livre~ros de vanguarda
~n l
e;., 11111.,:,-1'\
11 1i".;~H-:'cr ·:.;<.i(lis 1.9 , :t.& 3,"i 7,.H 8.'1 .S 83.2 79.0
m11penhados ~m prolongar paro além dos ·estudos o estado J~ índistinção - -
i
~

... lrr::hLi1 :da 05 s~r./.~o; 1r.a iic{l-Súcli'll$


entre o li)zcr e o trabalho, a mlllt~nda a o diletant]snlo, cn.racwristico da
fnn•~: 1.. TI1iJ.. ,,11r t. L. ~1~ari :?iS s~Ctillci;,;n L9í' 5 l'e-:t~ G1C!:"1 du salariat" in.Eçor :1m ,,. ,,~ -~Ml 1-< I fºJlt~
c.:un díçi~a ~studantH, todos ~sses \'endedorés d12 bens ou serviços culturals. / ._, J~i1·t 1C-i"1:>rõSl O dlJ ) ...,
lV n -~
t 1' . r. ..~ ..:J
- • do.:i dL~ fJLIO:irO . ~I ~!i,lr~.Ll$ ' lo \,Ô0:,~1 1 11? ~!.\L:'..-!SÜVO';chs
Ó S C.:t
encontram ~m profjssõés antbígu~s. à rm~d1da de seus de~e:jos, em que o f"l!~('l .Sel'lt llentr~ d . 19S4 (! 1962' d~ !;("tll!fagL'lT I Lfo qu.-..rh> ,!11 1 1l"Jf>S e "~ $ ~)!);.l;)l~l'Ul peli quinto eJ) "1
êxito depende, pe~o menos , tanto da distincão sutilrnBnte desenvolta do 1q "1t". '"'.
, ;:). ~.e. ..1_ .J _
as 1..i.<il.Y..15 . ... •
1 111p=rr.iw1~ mais prni"~;;.;J'J <lt: 11•• " ~.~· µód~ d~-µ~ robre ~e ~tiodo.

"-!.' , 'i ' ue. t1nl re 19:54 " 1i:;l/5, , '!li 11111'~ d\' r,i..:p11I 1ç·r'.o otov.J foi r)'.Jti'lo,.o.elmen~c. mod:.f icufo: enquancc-
·vendedor e, aces~oriamente , de seus produtos, quanto da natureza e <i L~xa d~ a:;no'.'1 úo~~ , .-1 11 pr.~~t': ~:s 1; .~~:,.:tlllnaJ.o!i p nssa.1 cl.z. 26.7 ~ ~~~ 9.3~ e. a t:i..'<il d.a opr-.rát10~
qualidade das mercadorias, um t1leio de obter o ·rnelbor rendhnêrlto para ..i .J111 r.1.:;iu r 1t• ro i 1g • ra111 ~ 1C1! ·:~'"' 3:-l,~. ]Jdr'C:. 37 7-:tiL o con,1unto é.:i. cl~se moola co1:h~~c:1?1J lJ mP.i ÍN1·:'"

l. i.>:11 d .. i'Hi~.-in a;11LO lpd:;~rn:Jo d t 27 X1pura 3 í'"Xi d~ :;:iopuh~iio ~tlv?.f - <'!n rl<1 f~t":~ 1i'>;1i-,:;, dt> n11m .:t;1t:i
um c~pitol cultu. a] no c;ua] a çompetiincia técnkc.' con1a menos do que a Ji1 1 x:i;~u1 · ç.;o •-.s':lt)l1J:-ihd.a desse i:E(or·, COIT'.O mos~ra. e Q.:.:ulro 4 - r. ?..> 1,,:;i~.. ~ d~mh 'l!1 111 • •.·lu ~l!u.:. "IF·li•,1,,-,i.;
fatnlHaridade. com a cultura da classe dominanté ~o dorn1n1o dos s1gnos e p.1s•:..:1:- de 4,3~ mm1 7.S':U.
emblemas da dis;t!nção e do gosto. Sâo outros tantoo traços que pr~L~.>ãem
esse novo tipo de artesànato e de cornércio com g:-and~ lrrvestilnento
e: ,111-ural. que orna possível n ren1abll ldade d a hera ri ço cul IJl ai~ d ~r J.tarnent·P. O TEl\itPO DE COMPREENDER
transmitlda pela famíliél. a senJir d" refúgio .a os f~.hos da classe dorrnnan1 e,
e~im inados pelõ E!:i cola . En tre os efeito5 do processo de inflação de mulos esi:olarns e~ da
desvuforizaç.t."10 correlativa que, pouco a pouco, obriga rodas as classes e

,- 3. As mudanças morfo~ógkas no inteTior da classe dominante

-
1 ~54 1~5? J68 11}7 5
1 1
r ;!Ji.tl u11
•...
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- l'!l)
r1i'l ç.<10
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: Y.'.54 ] cy62 1968 17 ,J4 !'-JbZ 19 68 1975


..
frações de classe - a cmneçar pelos maiores utilizadores da escola - a
i~Hensiflc:ar s?..m c:es:;;ar sua utilização da escola e a contrlbuir, a~51m. por
sua vez! para a superproclu~:ão de di plomas. o ma1s impottan.e é, sem
d(1vida algunrn, o conjunto de eslraPg;as que 0S portadores de diploma~
de11valori2a.C:os 1em acionado pârn manter sua p 05ição herdada ou ob er
• <)(ú~ 1968 ~ g75
-Grn 1:Je1: con • •r1.·l.=t:"it r:.:. -- de -ºus diplc rlia:!'. o e,quivalenle rea~ ao qt~e e.stes garantiam num estado
:n.a 17.0 1 1 ).~ 1 1 o -1.5 o o' -4.~ 1-1 '--) 14,2 -' 3 ,7 13,S
0.6 - 3 ,.:>.,
ar.. <?rtcr <l~ rE?lação entre os dip]oma:;; ~ os cargos .
1 :lu~tririis
.-
11.C
-
7,9 f>.~~ .3 5

·1 7
+O 5 -1 2,0 -12,9 15,6 17 3 19- ,~i 22.2 1
~':.1 .2 30.2 ::(2,9 30,8
Sahizndo qc.e o que garant~ o fi~ulo ~sco1ar - nessG aspecto ! mais
P1 ,1fls::!L1n~i$ libern]S
c;.•u;,dr~ superiores c.ki
1 ;1 ,ít l 2.3
--
10 9 líl.l
próx~. 16 do 1:~ u lo dt?. nobreza do que desta espécie de. t icu]o de propri~dadP.
wJ111itn'1ll'oi'.ç~o 33,5 '.J,7 l5 3 . 3.8.3 - 3 q ·I :}, l - '.}
\..!. 'J S.6 11.l ] 3,4 17 ,l 1; m qLlt? é. transfonnado p elas definições estritamente técnicas - é, nn
E1 1~:mh :>~ ros 9.2 13.!J ! 4 / t 1:-..,o -7.8 +f\1 - 4.7 2.1 3,2 ~.4 4,4 •xp erl&nda soda], ínfü1ltamente outrà cois41 e mziis do que u dire~tu Je
PI of~<;or'2..5 1 proflSsóe> 1 ocu pat un121 pos1ção e a cap cidade pára d~sernpenhá~la . imagit1a·se
li~·'li'lrí<1"- " 1':4~x:a5 9.71 12 ~ 1 (:.,(1 22. 1 1 5.7 .. 9.3 <l.5 39.9 43,U 44.7 47 ,ô íad lt nenl í-' quti o.s porladcir s d d;plomas desv'"!lori.za.do.- Séntern-se pouct'J

158
JncHnados a percc?;ber (e n todo caso~ isso é dJfícH) e reconhacer a desvalo- ccn10 o conjunto dos pa)s. vizinhos, cofld1sdpulos (a "tum1a ''). colegels
r1zação de dip]on1as GOS qua1s estão fortemente tden•ifkados. ao mesmo pode cun[ribuis· para mascarar 'f ortemente os efottos eia desvalorização.
1en1po, objº'tivarncmte (en1 grand e parte , são constítutjvos de sua ídenti- Todos esses efeitos <le lrrcconhectmento tndh~dual e coletivo não têm nada
dade social} e subjeth.~amen1 e. _!'v1a~ a preocupaç5o em g(:)rant•r a auto-es- ~lusório de vez qu~ p odem orientar realmente l.ls práticas e. ern particular.
tilne. qlle 1ncli.na o ind~v[duo a se apegar ao L>cdo r nomfnal dos diplomas e as estr<lt ég ias individuais e coletivas que visam a afinnar ou a rnsrnurar na
cargos não chegaria a sustentar e Impor o ineconhecimento * dessa objeth,iidade o valor subjetlvamente ligado ao d1pJoma ou ao cargo e podem
desvalorização se n5o reenccn1:.ràsse a cumpliçjdadc de mecan1smos obje- contribuir para det€rminar sua reavaHação real.
tivos! do~ quais os rnais importantes são~ por um lado, a histeres,e dos Sabendo que nas transações em que se define o \.•ala r de mercado do
habltus que fev~ a apHcar, ao n.ovo estado do mercado d e dtplomas, ítu]o escolar a força dos \Jendedorn.s da torça clé! trabalho dependê~ s12 se
dekrrninadas categorlas de percepção e de apreci.;lção que corr~spondem deixa de lado seu capltal sociaJ, do valor de seus Htulos esco~ares e isso
ã um estado anterior d€ oporlunidades objetlvc.s de avaliação e, por outro, a ~ontece tan o mais estreitamente quanto a re.lação entre o diploma ~ o
n exisrnncin de mercados relativamente a u ônomos rios quais o enfraqu~ cargo é ma is rigorosamente ccdificada {é o caso da~ pbsições estabelecidas
d rnento elo Vê)]or dos tjtulos esco~ares opera-se a um rilrno 1ncnos rápido. em oposkào às pos1ç.ões novas), vê-se qu~ a desvalorização dos tltulos
O efeiLo dº histerese é t:'1nto n1ais nlarcante quanto rna1o r é a distfü1cia ~!scolares serve diretarnentº aus int~m:~sses dos deteotore~ de cargos; além
em relação ao sistema íl~~colar e 1nais frê)G:'l ou mais abstrata a infonn~~o di.s~o. se os portadores de diplomas '2stão vjnculados ao valor nmntnaJ dos
sob. e o mercado dos títulos. escolares. Entre as 1rtfom1açõG.S consíitutivas liploma.s, islo é. o que estes garan ]arn ~ ern direito, no estado anter'ior, o$
do ~pilal culturaJ herdado, uma das mais preciosas é o conhº'dmento J etentcres de cargos e-tão vínculados ao valor real dos diploma ~ , aquele
pr-ático ou en1d]to das fü.Jtuaçõ~ desse 111ercado ou seja. o sentido do
1
que se cJ~t~rm lna no momento con.s3derado na concorrência entre os
InvesHmen f 0 que pennite obter -0 melhor rendirnento do capital cu]turai
1 titulares (os ~fe1tos dessa espécie de desqualificaçfü) estrutura] vêm se juntar
herda.do sobre o ·mercado ~scolar ou do capit.,'\l escolar sobre o tnen:ado. a todas <15 estratégiar.:; de d<2.Squalificação acionadas pela." empresas, desde
de. rrabnlhc ; nesse caso, por exemplo, c:onvérn sab e.r abandon<lr a tempo há muito rnn1po). Nessa luta tonto ntals desigua] quanto 1nenor é o valor
os ramos de cnsh'lo ou as can-eiras desvalorizados para se orlenrnr eni retaUvo do d ip lorna na h~erarquk.t dos diplomas e quanto mais desvalorizado
direção de ramos de ens]nQ ou carrelras de futuro, é)O invés de .se apegar &. o mesmo, pode ocorrer que o portador de diplorr.as não rnnha outro
aos valores escoJares que proporcionavam os mo is altos lucros num ~stcido recut-so para defender o valor de s~Ll dlplmn a a não ser recusar \.•ender sua
anter!or do mercado. Ao contTàrio, a histerase das categorias de p eroepção força de Crabalho pdo preço que lhe é oferecido: nesse caso,~ escolha d~
~de E1preciaç5.o foz corn que os portadores de cilp]omas desvalorizados se ficar no de..semprr2go assume o sentido de uma greve ·( ~ndividual)~.
tmn em. de algum rnodo, cúmplices da sua própria mistificaç.ão de vez que~
por tun efeito tipíco de allodoxia, atribuecn aos diplomas desva]crlz.ados que UMA G RAÇÃO ENGAN.ADA
lhes sào oL.Horgados rnn valor que não U1es é objet~vament<~ reconhecido: ussim
se expllca. que os mais d~spro\:ldos de infom"taçâo em relação ao mercado de A defasagem êntre as aspiraç.ões que o sistema de en~ino produz e as
diplon1as - qu12.! desde há muito. sabem reconhecer o enfraquecil.ne.nto do oportunidades que reahnente oferecê f:!. nu1na fose de inflação de diplomas,
salário real pçw tras da conservação do salário nominal - possam continuar a um fato e:-1rutural que afeta! em diferentes graus segu11do a ra:r~dc~de dos
buscar e aceilar cs cerHHcados que roce.bem em pagamento d€ S€US anos de respectivos diplomas e segundo sua orígen1 sociaJ>o cml_\unto dos membros
estudos (e, inclusive, qLJarido sào os primeit·os a ser atingkfos 1 per falta de
e~. pital social, pe]a dcsvnlorização dos djp)omas) ,
O apego a un1a representação anUga do valor do di.f)lom.a. fo.vor.e ddo .:i. 0 e.r;lu:::lo d i:. 'I' •,il')Jui.,;fo :11'!' <l~f)"l;ulr l.=t~ ~ c fottas de ernpr~o J::~mfü.• fu2er IJ 11), !.d i'.:t.1 Sr'>.'.tn C.(iv~..:J:!i par·
ci. 1 , i"':"rpt:rfd~fl. rl . d~f..::t ~·?..g~m f;." ltm as a!:~i~;:,o.ções do~ l'9 'r·.t ·· · ' f>.) r~mp1 "'QD.:'l que lh·::s s.=.c,
pela hLsforese dos h~bitus contribui, certarncmte pm-a a e,-..;istênda de mer..
!
J 121i··'l'o t) r;. tn, prnpói::tos: obsl'::r'.'u·se <lS'Sirn q•..;e. dii!. :.:e té t1 1b ro d~ 1 9.~ S a s..;1anbro de: 1967, e•
cados nos q ua.ls os tlnuos podem escapar (pelo n1enos, nn aparência) à des- ~lÚ!fü~f:- 00;\ q ue proc 1.!Yu1Jum empre:JO IXlrrL id.'Jd1~ lr"1F.m:.)l' a 11'1 ari::::~ :JU.r~e l1nh~ bipllc1'1do.
~"'!')(jWllj1C o 1-;úmeo de e l~:-lils Ui!' ""1'! 1préfló pri!i trril n.~ç,~.J r?.ELiKic n t.ri:J; <1 'efas..'lg c m ê pmticul,'1 r-
valorização; çorn efeilo, o valor v~ncufo.clo, do ponto de \tfa;l.a objetivo e
:nem~ l mpc;r.a::-ite n::: qu~ :::or..::"°rne <..rS e·1 nrJt•' Q0.3 ·:n ~scrtl6~ios e similares que er<tm os rn,1b
subjetivo. a uru titulo escola r s6 se deflne na totQJidade dos usos sociais qlle pro::ur.:C.Os i,,s ll~m<1n1.1,!S t~l .•1i~·.:ts .:i,15 L~r íipre~:::s "n 1~critr:..ricis T~p11?:e".!oJ111 30. 4';{ d:..: rnn:•.tt,1c} rl?L'.
d~li~ pocforn sºr lciios. É assjm que a avaliação dos d1pl. o mas que se efet ua den·...100~. l 'l n-1u(11 :~(" ;, •JI ·:TI1í!i crirr ·sp:ir~ni.es !": • réfrl1'.srml~m 3. 3'h. dr:; cr•; r 11 111.> da:-. of m .:r5,
Pa~ece qulí! J t n~h..>'t • ~r[ • d· is lu.,\?rL'> á pr , urn de: •.!1n ett tµ regü esi.'10 1 1::el.; t11en~. , ; c;o 1~~1 1;•ll~·~::.
nos gru pos de j11terconhécírnento mn~s dirccamente subn1etidos à 1xova, en:. c bl;,. r ur;·, l!ll •[ r~ go o:,rr,,~'ili nclvt rce ; 11a qua'. ifi <11)k1 qu<n tlc• i:J1) gi.'lr., nlir 1.•11t .!!l'll~ric t::1nkrrrn1~
(ts ::..•1b·; 1.,pl~11co::i•"?S· 4 4>-.!. nà·::i .r.::CJiiil1iacr. um emprego nilo ·· 11eSp1.:1 -h ~1;J '1 si..· • l)!.J?.o li:1rnção:
35% r''"' íl,.tl'i11rn 1<'n~· .•r ttm .;t.l11rJ( " ( m eor ~~ que j• tl~i'IVóm 1'2: tl~r·~ito (d M1 MM·~(!r..Ot 1 N. /~isê,
F. f<• t1l -J1t<,.11 1, l...-:.: 'r?.in.'1.!: fa.cí' ,, l\. mpk:i , P õ1U., Ed. Univ '~11.:ritu.:;. E i7G . 1' :230:·
1

160
d&t 1Jma geração escolar, Os recêm-ch~g.ados ao ensino sectmdário são se eles sentissem que<) quº está em jogo não é mais ~ em todo ça~o. como
levados a esperar, só pe~o fato de terem ~1do acesso ao mes mo. o que f!!$te ant12s um fracasso individua]1 vivido, com. <::>s (Z.ncorajamentos do sistêma
proporcionava no tem p o em qt112 ~st~\~am excluidos desse ensino. Ta.Ls escolar. como imputável aos Hrnltes da pessoa, mas a lógica mesma da
aspiraçoes qL1e, num outro tempo e para outro púb lico. e-ram perfeitamente instituição .escolar, .A d~uaJificaçâo estrutural que afeta o conjumo dos
realistas, de vez que c:órte~po11tliam a oportlmidades objetivas, são fr.eqüen- n1embros da geração~ desUnados a c-bte~ de séllS dtplmnas menos do que teria
r12.rnente desmentidas de forma mats. ou menos ráp ida, pelos VÉ!r~dlctos ç.lo obtido a geração· precedente. está 110 prhlcípio de uma espécie de desilusão
merceldo escolar ou do rn~rcado de ' rabalbo. O menor paradoxo do quê coletiva que ]ncita essa geração eng.anarJa e dés3'uclld.a a estender a todas as
se c hama a ~· den1ocratização escolar'' ~ que t~nhç. ~Jdo tlecessário que as inslit\.llçôes a revoka m12.Sclada de. re.ssenUrnento que ~he. inspira o ~istema
dasses popuk1res q u~. até rmtáo, não davam importância ou acei1a•y··am escolar. Essa espécie de hurnor anrilns(itucional (que s.e nutre de critica
sem saber bem do que. se tratava a ideologi<:i da ··escola ltb~rtaJor~.' ,
1

1deológ[ca. e dentlfica) conduz! no !imite,, a uma e~péde de denúncia dos


p'1ss~s.sem pelo ensino s~cuncJario para descobrir, mediante a relegaç.fio e pressupostos t-adtarneni.e assumidos da ordem soclaL a uma suspensão prátka
a eBminação ~ a e:scola conservadora. A de..silusão coletiva qu~ re5uJt~ da da adesão dóx!ca aos desafios que propõe. aos valores que prolessa ~ a uma
defasag·en1 estruturaJ entre as ÇJSp~raçóes e as oporttm1dades. entre a rncusa dcs lnvestin1€ntos que são a condição de seu funcionam emo.
idenrldade 5ocial que o sêstema de ensino parece prometer ou aquela que
propoe a ritulo provtsória (isto '2 . o .12stan.Jto d~ :·estuclan1~ - no $.enUdo Os desenc;.ru\htdo:t!õ
''D1: in~:;~. fl7- 011~ tt0>. t'.1-..:::rm:ll'ei um cirn go de L. que fuzjil -E:S:>1?. trnbL"Jlh.o . E:1.1 li 1li.J ,, lis.'!' 1ii
m1Jito amplo que a palar,;ra te.1n ern seu uso popu lar - locaJizado ~ por um t.od.us os ir~tuios d.ri! enqu~l~s du P~r;J. Tcl~k.1 e1 {u1:1 1 1~ r.rc. ur~ i 1rrant e d::;~a m iEes. firz1lmer.1.e
tempo rm:ds; ou menos lon go, fora das necessidades do nmndo do trabalho 1 a::he.i lrab.:"'!!hi;i. DepoÍ3 ao fim d<? alguns meg """· tleti! J'i'Jlll -de mi;: chflno.·:.r nfm ha--;11) l S:~i " ~11:1u~('.S.
no estatuto ambfgL~o que define a adolescência:) ~a identidade soda] ql1e Eu tinha direito 1)0 "seg:uro tltsE'ml rizgo" O fJL'i> f . ,por 1 rw:~). ~ g~1~t·., ·~hrq,u .:tS..'11111 s.l'rt.:: mr:?.S-..,..5. em
r,~guldP.o ,1 ~l~!~~e ~·i1.Jlrna durante cfois m 1Ç!i..:!5 . bepois 1.:ol~ci il foU1 er,;,1u~CttS dt..H'bflle q11!'!13~ s,.e<:.;s.
fl!l. .i't
of erec~ rt!alrnente, para, qu~ .scü ·da esco l~, o rn€rc;;do de trabaJho, está mes€8. ,il'lhi'.'1 un l ,·oiur' Lú 1.:.:11" 1 1~1 i-1po dct1.::r!r~1n.:1(Y.1 mas dei>: 1 a C:$ ri lt.Jrio, .;ó Linha l&iic.:ü li!
no prtn.dpio da desaiec~o com re~ação .aõ trabãlho 12 a todas as manjfcs- demrn. dd\fam e Lrabalho· JIOT ·l:<J p1'iCh(1, r~1 emoorrl . D1J. qu111.iu r m~u:lr ' 1r;;,b...,:lidrl ;.<) 11m .111)1lí;{l
::.. diJ i,;m IJ(...t seu ll11rnP. N11m t11» ri~ Sôi;>_,e(Ji:v..;l{! ~mo (!Ssa,, o 1!fi!lbalho pt:.rn mim nio é o es.s1?J1cii.1l
tãç.ões da recusa da fJnitude socra/1 que es l:6 na nü.z de todas as fugas e Enterdido c-om-o r:.tt. Chinil t!:.lve-~ i::'JJ puo:.!1 ~e t. ~b,c'llh.ü d~}l lic,r;i:;. or dia" (F., 24 a.ni:.;;:;, ·ci'L.~arJa .
d12 todas a~ recusas co·nstitutjvas da "'contracu]h..Jra!' adolescente. Sen1 .\xttx:llÍüJ.J ~a: e a},:ium me_.~ di'i fa::uidad de lrill"i:'15. pa.i qu·:? •.riv~ de 1"2l't:lils:•

dúvida) €:;;s.a discordârid a - e o de.sencantarne:nto que aí se engendr~ - "Q,ll!r d-.i !':~ 1õ m n o::imba nn fio!,. ~ sa cst.:i pi:.~· á. n-i.: rgem : em d ~errrúnadc:; an11'1r::rllo não IJii
mais nrio;: JlL:l.Ç.ã.o pet=éir..'i21 ~ no ím is a; emp-tõ:!g:::s q."" 9i! d~ 1 1~ 5d1 , trrl:vill 11% ;;.m fJll•~ !'it~ ~· ·~a l.rrilkhd.\i.
reveste-se de fon.na.s .dlferentes, do po·n ·o de vista subjêt•vo e obj12Hvo, '1' erJ10 fei~ ~!:!ínpro? biscr.l~i; r.cl-a niu}1·J aµ<1ixo1:;.1 :nl~. e1~t, ft'lr.fJ ect:;mr-1ii'!S pdr • 11.d~ :pM 1·
s~gundo as class~s s.oclals. É asstm QU€! pare os jovell5 d;;;i. da_,,Sse operárlCJi, aburn n l'3l!Q, De qi..;,,:-!.}qu.;::r 11 !OUU. pn1itt• lHlr' . r ·par J'l~O ,np,r- n?.:biio:..
a pas5agern pelo ensino secundárlo tem por e fejto introduz~r quebras na D~ 0-1::; d-e ler ~on11.1do CQrllU~ JIO .l.mc.:~ fi;2 rno f!i1o r fi lHl't.(l ?;ol:"t:nla d~ fi!r.li'IS. Dq~·.:iis,, ~orilre:i
dial€tka das aspiraçõ.e5 e das oportunidades que levavu a aceitar, âs v~:zes 1:rab,1lho num jornill de D::-eux. &il redDLor esbgiãtio, mi.l~ no fim d"' t..loii:. 1 1H~ "·~ i,.: 11 r.:1~1!. e.i..·.:i :1.~
~1l~~'<'J" Ili 11 ~í?gl - 1ti.;. lfo jllftUlli!):a, í!f!'l:ÍCI Cõ'fl~ci-me f! 1~~ 11~rXer 111<1!1 nia de 1.•ii.~ ~gradilr i'IO pcS!óO• 1
com complacêr1cia {como acontecia com os filhos dos rr1in~iro~ ql.Le Tudo e• que l~l I eEcre.-.•iil pas..o:..1va 1 :J.r um cr.-..u Et1 111nibén1 b.:i~-..., fole~. M ~ h31.'li'I ~: <:~~ d•~ for<í'l
idt.!nrlficavam sua entrada no e.statuto d e homem .adulto con1 a d~sdda ~ 110 1r'.i~ll1o:;i, 1-:11 1iAO ·r'.11 rnu~;, <:0r11ba~t...Y.1 i": !'A..Gõ nnh,,1 ·.,.x1ntad~ do:: . Jt<ir. Ao fim de !:ei:s meses. não
me co11fit1!.-'1tr'• ;i"li:Jis lr<1b::.lh.o I::! fu~ erc:º;:ic.:-r.'I. Em ~~ <Jiu.~ me 1.hli!<.· 1:.~~var pL1ln m 1Loda a<lntJn~"'h·r.i;.~
m ina) quase sen1pre comq urna e .rid~ncia, uma coisa qLrn se impõe. o
1

m ~11!ic:r;;\.rl 1 ,,.,..., trab?.ilba1r n 5 C:m d.:..:;. [s;~v na Lni!lgem , ih1rnnlt:i trll!s semam.i!: ~~e !:enh
1

cle!:itlno sodaL O mal- e!~ rar no [rÇlbalho· experknemado e nianiiestaclo, de ·~ r:·Mtrnng do . .:rJÍ num m1.111rlo d• lr"lb.:'!:lho ;:iu u r·._0 r<)ru 1~0~. f'i .('I t0'1":>1111 ."!!> r)ef.~t a:; q11~· rn~
chni~i;il'?Jm, cak•az i\..'l r~l ?.içt..C'.s <:-ntrn cl;i.J.. êi d(mrm.da . ::-ifo h;:wi~ nenl-i..miil ~ôlidari E"d!.!.de. Ao fi:c~ de
maneira patilcularmente viva! pelas vítimas mais evidentes da de.scla.ssifi- ~8s S~(°j[:.!.J~. ri.e tlu'i1iti : '•rnJllC::. 1jfv"o cit.J.Xi li* ~. 1i~1 1,•lct 1.1111 q11. 1 r.JI (' 11·..1d:-1J;,:. u S.'? r ,,..!rar d~ l.A11
caçilo1 corno es,s~s bad1rd1ers. condenados a desempenhar um papel de di•1 par~ ct...'1.rn 1;e1E! hrivii'I fEilv quin.n! m im. tcE í.'t m . is de :11Ler..,L:1lol. E".!l~ =~. l;~ ~:::~ !õc- d{!111i1fr<im. O
:·(111111]0 .Z r~11".1 1.• 'F' .'lçf!ibl'J11 rlc 1.1~'1~ l;ir:-;~'1 '"' ri:: .'.'ir • ÇE, e:=m1do..:j mmc.a t'2 int;<;ressar~m ~ ~·:::.:i'- se
OS* ot 1de cart~iros. ~ ; dg certo modo , comurn a toda uma geri::lção: ~ se. ;..-.~ tnlJim 1•.;q:::dam~t e çoruide:rrido como intelec.1•. :1.1.
isso se exprime através de fonn as ins6titas de lutn, de rejv~ndicaçáo ou de F.111 (~1.Jld , ~f1(:~i)ll r.;:;.;. 1>el ~ A N.P P [A~·'.:1~·;iri N11ckinal l l ar:i. n L-.uprngo] um trab:Lho d12
evasão. freqílen lemenle mal comprnendid.a5 pela::; organiZQÇ0~!5 1rn.d1cio- rnnlabilidr:de num orgô:-ii!:imo d~ 1isrnliz.i..; ãr,;. t!.a i:;:.rn~ b-.win.,.1 D!!JJOi• Linl 1a tld'-' \ 11 11d l:i t i':ti{I i::l.::i
:·o niL".5l!l:l que 11liw dnba s ida JaJ~ J.OJfo l o.:i.: ::J 11 .w 1.: :i. t!l11.jr;:1. dr?pai~ de 1.:..mu -:::le!õcc:n1xislurn. h.1i
nais de luta sh1dical ou política, é porque têm por objeto ouh-a cais ..~ e mab; r.;mbor<J Eu tinba i'lgli.;mLi:d ó ;1i. d::as m ·L . e 111-2i . Em ~1::11 L'l ;)bru "ii u1 r1 1'1'1 "s t! ~ \.<lld 1rna -e ·~dtiJI
do que. o posro cl~ trabalho - a ··.sltuação ,.; como se diz1a outrora. :; A,N P E t.il'lrtj ~rt1 11 1 ;;ir rrl.:lb?.ilh::i f 11i i'<itr.;;·9.=it~<'1t 1 t:1~ ;;, .-?". } <iuríl.nt~· !'l(!I!> 11':.~i?$.. to rmgócia ~n:li~
Profur.dan1Emte cclocados em questão, em sua. identidade. social, na lc1.:::o qu..'i: ~ti li2. I.:. 1.1m lri:::inlbc miernal , chega L.:.m mo1Tier.1.o em q•..-e vo;;e é:1~ti é:..imr>l1:.iV1me11c..:
nll1luco :..obre l:i tui:'l 11lokJ, t,.•Cc~ k.in tt ir'f 1pre~~ció d~· c;.J" L-Xh.:6 qr..:etem e. n Jí~I .. 1)jlxa!)l 1 fc:G dm1nl!I
hnag ~'n deles próprios, por urn sjstecna ~sccla.r e um sbtemei social que Depois de G:-:::is H"".reses dõ? deserr.~·:tegc, m-2" ir:.scr,z·,•i 1m S.:"\".C.'F. [Sxio;,:dúc.11.i: Nd-:'.'il:J1 1fll d"'s
lh€s 1em PàSO com promessas , só podem restaurar sua integtidade pessoal 1;.,iJ.1 1(1(15. d~ F~Tm: . fu. 1'Cl:-ilra:aài p.:i'.l'n .=1s f, 'ia-;, fM!l.:i as r13er...-as ele:ln''.m k'i'ls f.1}pe-i!tdor .não sei a
e social opondo uma recusa global a esses \.1<2redictos . Tudo se passa como q 11\;! ... 1. fiqui!'i qua1ro m e.51.!5 . íui 1'!inb.x 3. po n.l'.•t! ~~nha .;i inl ençã-:.J de ir vi1.·1:!f 110 -ram rx .1 e a inda .as~ou
.11" •:G . 2 • a11r.is, Lr~m1:111 bomb.:'1 n o o:::t::n i.:~11 r~.:.:t D. 1~~ü ~~l!n~~ Ú"' vokia, m.~ fax!n1•IY~i
1
Cf. C. Ma.t hey, ' Reçhe rc he de travrul e t tem:p.s. mi c;btm1.:o.9oc:; il)t(IJ"\.·,~u.!$ •k .50 j~~~
f!'a.vailleurs prl\•es d 'emp.loi ... Úl L'en tJ•ee dntls la vh~ active·, Cahkrs du Cen1n?: d 'é·
hiu1is de rcmplul, 15 , Paris, PCF, 1'111, p. 4 7'9'-658.

162
Compreeod~-se que o confüto <Zntre as gerações qu~ se exptir11e não
A LUTA CONTRA A DESCLASSIFICAÇÃO
..omente no seio das famílias, rnas também na jnstituição ~:scolar, nas
organizações políticas ou sindicais e sobniiudo, ta1v~z. no ambiente do
traba~ho todas as vezes que se '?nconcrarn frente a frente os autodidatas à As estrateglas que os agentes empregam para ev•tar a desvalorizaçáo
antiga que, trinta anos majs cedo~ tinhan1 começado sua ativtdade com um dos diplomas que ~ corre]ativa da multiplLcaç.ão dos titulares - aliás.,
certificado de estudos ou um bre vet* e uma imensa boa. \.'Ootade cultural. habituaknenrn, só é possiv-el reconhecer as mais vis!veis isto é, as estraté· !

gias coJetivas pelas quals utn grupo dominado visa n1an ter ou aumentar ~s
e os jovens ixJcheNer.s ou !~cenctés** ou os autodidatas de novo ~stilo qu~
fevam para a instltujç~o seu hurnor antiinstituc]onaJ, toma freqüentemente vantagens adqulridas - encon tram assim seu fundamento na defasagem,
panícularmente marcante, e1n certas conjunturas e certas poslçõcs sodais,
a forma de rnn confüro úlrimo sobnz os próprios fundam entos, da ordetn
social: rnais radicai e também mais incerta em seus próprios fundamenros
entre as oportunldades objetivãmente ofereddas. num dado monlénto do
de q ue ~ contestação polrtk~ em ~ua forma habitual, e~sa esp éc l.2 dê hui11or tempo e as aspiraç6es realistas que s.ão apenas o produto de um outro
~stado de oportun id~des obj12tívas: essa defasagém é, ma~s freqüentemen-
desenca ntado, que :vaca aq~Jele da prim eira geração romântica, combate,
t~, o efeito de urn dºdinio com reJação à trajetória individua] ou coletiva
de foto, os dogrna.s tu.ndamentais da ordem pequeno-burguesa; '·carreira'',
sjtuação", ''tunn a", "promoção ·', índ1c:e·· etc. 1
'
que se achélva lnscrtta c:oni o potcnda!jdade objetiva na posição anterlor e
na tra)etóri~ que conduziu a essa posição. Es.se efoito d€ t ra)e t~r:z~
Enq ua nto iml 1 962 só 0 ,8% dos p eões com idad e de 15 a 24 anos interrompida faz com que as asplraçôes! semelhantes a um proJetll
tern o B.E.P.C. , 0. 1 %o baccalauréat ou um diploma superior, ein jmpu!sionado por .sua inércia, desenhem, adma da trajetória real - a do
19 7 5 as taxas c.orre.spondem es são 8,6% e 2,8% <em 1975, as
taxas põra os p eões com icl.ade SU.['.H.!d or a 55 ~ rios foram mantidas
H1ho e neto de politécnico que s~ ton1aram engenheit'os comerdt;ib ou
n.urn nh,ie.J rnuito baixo, ou .seja , O,9% e O!31'iL Entre os emrr~a­ psic6logos, ou a do lkendé em direito que, por falta de capitaJ social,
d~s o nde se -contava desde 1962, e mesmo entre os mais idosos, tornou-se anjmador cultural - u1n a traje ótia não menos real e que n~da
uma parte re]ativ(;l m ente forte de porta dores ce d ip lonms, a p~rt a ten1 en1 todo caso. de imaginário no sentldo que, hab~tualmente~ sê da à
dos dip lomas ma~s elevados aumenta mais rapidam eme entre os pa!a~•ra: inscrita no fünago das disposições, essa in1possíi,.1el poten<:ialidade
mais jovens do que entre os mais klos os, d e n'I~ neka. que a pri rte objetiva, espécle de esperança ou promessa 1raída, é o que pOOl"l levm· a un'.3
dos diplomas elevados toma·se ma l$ forte enáre os prirnejro~ do aproxima~..ão. a despeito de touas as diferenças, en'lTe os fiU1os d~ ~~U:gL•es1_a
que entre os segur1dos (em 1962. 25·~~. dos .e!mp re.gados com ida.d~ que não obtiveram do sisten1a escolar os me.ios de [J€rseguk a crajetona m~is
de J5 a 24 anos t~m o brei...oet. 2% o b.;lç. O, 2% um diploma d~ provável para sua classe e os filhos das d';tsses módias e poptdar(!S que; por
faculdade ou de grande é.cole c.ontrtl 38%. 8% e 1. 7 r~. em l 975 .
falta de capital rukural e soda,, não ob"'" iveram de srus tltu!os escalares o que
.sendo qtte, r.n~ra os máis idos.os. as taxa~ correspondente.s Slt~
e~tes assegura.varn num outro estado do mercado - duas cate.ganas que , em
16, l 'X:. 3,3% e 1.4%). Além de todas as Lransforrnaçôes d~
re ções entre colegas de geraçõe.ii. d]ferentes que est€io insc1itas particular; são ievadas a S<Z or1entar para posiçõ.es novas,
nessas dis lribuk;õe..,, é prnclso levar em conta as transfonn~ções Aqueles q ll e pretend€rn escapar à d~sclassiilcaçõo podem . Con1 1

da relação com o trabalho que resukam da >nstélJação en1 rostos efeito, ou produzir n ov<:Hi p rof1ssões mais ê;ljustadas às s1Jas preten~óes
freqüenremertt12 degradtidlos (com a C1uromatlzaçém e to<las as (sodahnente fu ndadas num estado anterior das relações entre. os d1pJo-
forrnas de mecanização das. tarefas que transforman11.,1 m grande
1nas e os cargos) ou então reordenar 1 e1n conformidade com suas pre-
núm ero d e e mpregados em OS das grandes burc(:l~\Clas) de
ag1;:~ntes providos rl e diploma.'> rna~s d evados do q u€ no pa::isado. 1ensões, p.'1r ineio de 1,1Tna redeítn•ção que lmpllca uma reavaBação. as
T udo p ermite supot Qlle a op osição entre o rigor um pouco estrito , profissões às quais seus cl~plon1as dão ac.es5;o·i. A chegada a um ccirgo de
e a té mesmo m esq1...tinho, dos tna~s sdosos e a descontração dos
mais jovens~ perce.btda cérlam ente como um "de:lxur acontecer",
combinadlt. em pan:lcul~r! com a barba e cabelos com prtdos. 11. Coru~a ., rt'p:-~1.:1 ir.:i.:;~o rc~nsta .z :lx1SLl'I q; 1~ ('.'ltfi impl'..:od.a em :. ·~t i!to\ i:i!dições d ~~r.,..'.:~g~~ do
re,t,.?.ilh.c. é preciso ~~I fl l':tAr ftlJG O ,[l"JStO r.ii:J é T 1 tfUf~"y'd t'l~m ;):'.} posto 1OOl"ICO. 151i1 .:!, <li .:tlw1d1.1d~
arributos etadicionais dô boêmja intel ectuaJ ou artisti ca, exprirne ~-~l ~.f>fflf'> dr;1 pede ser ut!Si.:t~I ·~ mn r •gula111e11k1s. nn..:111.:t:rí'. :O ~ crgm1ogrJn~. ní!m aa i-:·nsto TC\'ll
o utra c::::.isa e m ais do que um a simples oposição entre geracões i.11.;: 01 nr) r,11~ pede ser il~:nt•> P•~ln d.l!ií!l'vu•;~..o da a~:·v J.:rJlil r.;> ;il é :iquele que o ç11., 'l~(i, ~ n~ITI rr..c:s~no
ou uma nmdcmça di:l moda cosméti-ca ou de roupas, pda : - e:lL'tt; .,çi rt'f"itre ~ dois. De ruk1 ' 1ontr.. ·l?ffi 5Ud iltlu1iç8.r:. i.:orJn~il qu:i.ntn .:m :suu 1 1>11cl~·~ p:rM1 ' :!.,
O!; tl~kH: são ci cf.Jl<'Lt' dr. lutas pa-mm11:'ntr2:l :1u<> p::.oem i::par r.xs o ti..tfJfltlt·i>S. do posto .:. ~L-1
sup ,,fiorJ::S ou a Sf!U'l subvr: li n~rlo!i ou oc-:s O!:l.Ãi:;,1~ 11l~ d:> pcbl !JS ,:"IZi:ihas e w 11 ·if.f\'ntes ou i.'11cx.-lõ!1
entr i:: el·:?.~ (pr:~ ID:•~rr.pki. 0 r11 ~hg ~ ~ ~. r a:ém•dt(:!Q<:itk1s m d1pJcm:td::is e ::; · 11~~11?1.;ina?os
., N. d J\ Ni;;i ~i~1 Ema t~lui:-.a,~;,:.m:i.I fratYt:...:;, é ' titulo i?!i-e:Ja1 ::bU;Jo após . re.~i;;.:içi:lc:;. d.~ um :.Ul SO
pmflS~iOI HJiz,'.Jnl e d 2 oflt ll:{;, í.,-ito em !ie!l·•.i;Ji't i'IO 1 · cldn m:: .). Os µrt> Ii:;•n(! ~nces c1 • os ocu~i'lnt~ d~ 11m 1:.asto pcdt:111 q,_r b11f'fL!.SSe GJTI n:rld:Jlll", d'~ fo1o
~· 1 ., 11 <l,., dirt:ico. CJ )IJ<Sl Q de '~ m;meiril q ut ..~~ ,-1~c. piY»!I. ~r i::i.:up [tt!:i t>C! o mr:1S , nlem tl(JS
+"' N du R :r"'~cms µon~dor.,s d-a dirilo n1J Lu1i·vers:ILótio do ·· i 1?11 e". tf1ul l~1L"T1 f0...di~ 1tc mr(I t l di"1~nkm~ 1~ r.rnpriedades icl r.11C' ;: ~!J d 'les (.::-f. ai; lutM n<J <-Jo da das.s~ cl.orm11anh~ L!lltre .::~
r. <J .~ • ~ido do~ C?SCLJd\:$ :!.uperkir~
, 1 U• C6 - LI LK..!lr. lb. l)le nàtio11dl tf ~d11111iy.1r.1ú Jlll •!.d11XI ÉnJk!1 1l•,lf1~:+mi,quel).
9
' 1 ' ' d;• acns -o d,.., fato :ãqw.il '25 que !'estão en1
agentes que. seti do dotados de diplomas diferentes daqu12l~s- do~ ocup.antes em ps.Lco.cg.m. erc. - so ao e; """ ~ • ~. ! • ... _ • .,

condicões de juntat a esses dip1omas formats os d1plornits rei."115) ·


cornuns ! traz~m em sua relação com o cargo. considerado tanto em ~ua
definição téc11ica, quanto em sua definição soda!. determlnadas ar1tude.s O peso relafr. .•o das diferentes ~ateg~das ql1e participam d~~
d isposiçõ~$ e exigênc1os desconhecidas. des~ncadeia n~cessariamenva
s~stemtl Je p roducão ct1!tura~ fot prowndarmmte traansforn.rn
no d os d o1s ú.l~imos d ecênios D!> novas. catego nas
transformaç.ües do cargo: entre.as q•Je se observam quando os recém~che­ d o,. • .o on;;;i. l · ·
de p ro clur·:l·r12s as ·alarlados que nasce.ram do e~ '.S~n,r...io v tm~~.~~
gados são portadores d~ diploma!' superjores, as mais visívejs são o do rádio é da tel evisão ou dos organismos. pubhco~ nu pn ~a
cresdrnentó da divisão d o trabalho resultanre da autonornizaçã.o de u11rn dos. de resquisa (]'H~rticularme.me. E!m ciêrtd~$ .sociais ) conb~­
parte das taréas que eram ~té aJI. teórica ou p ratiçamentQ., asseguradas ceram um. cresdm ento cons1derável. (j.s~irn co rno os extrat~s
per profissões de extensão majs ampla {que se p(!nse na diversjfk:açâo das iníer-lo n2s do corpo docente. r.:i nq uan to dedin~vam as prof1 s-
,..a! p"ofL·s .,. ões J' ur1dt~as isto e , o artesanato
profissões de en.sino ou de assistência) e, freqüent12rnente: a redefinjção s õ es art .~s nc
· az::- ·e ....
;:> • . ::> • ,

das carreiras ligadas à apariçao de reiv1ndicações novas, tanto em sua fom1a it1 telectua.lj essas transformações modo ló~ i c~s ! ~iu e se ac.o~·
quanto err1 seu con eúdo. Tudo 1~va a crer que a amplitude. da redefinição p,mham pelo de en\1o]vime nco de n ovas m~t.~nc1as de cirgam~
ds um cçirgo que resuka da transformação das propriedades escolilres de zaç5o cla vtda 'nteleccual (comissões de reílexac , de. est~do~ etc.)
e de nô'i.'ô$ modos 1ns..itucionaliz.:i.clos .de comttnlcaçao tcol6..
s étls ocupantes - e da todas as propriedades assodadas - tem cedas as
oporttunidades de ser tanto maior quanto é ma1s importante a elasticidade qu ·tos. dôb"' "n~· etc.. } são de. n~turez.a u fc.n11;rncer o aparecimento
~ u .. ~. b ~ -1 •
de novris tipos de inte lectums. rna1s. dir~~a.mente ~~ orama~ o~ a
da. definjç.ão técnrca e soda( do CG1rgo (a1iás. é provêivel que ela cresça à dem<:lrt.dn dcs pcderes econômkos e. poht1cos, e~ mtroduç~~ de
medida. que se sobe na hierarquia dos cargos) e que os noi,,•os ocupantes n m:os rtlodos de p~n 5 amento e de expressão, de n"ovas te~ahca
sào de origem sociaJ n 1ais elevada e, por ~sso, menos propensos a aceitar .~... maneha 5 de conceber o crr:.balho mtelectual
~ d e n ov '"'~ t _ e .a
as ambições llrrdtadas! progressivas e pre visívels na escala de uma vjda~ funç.eio do i.nteleclua L É po!5$ive.I que. essas u-~ns ~rmê)çoes, as
dos p~LJen os burgiueses comuns. Essas duas propriecl.odes não são, con1 quais e preciso atrescent.a.r o crescime11to.c:on~1deravel dri P~P~:
certeza, 1ndependen1es: de fato , que eles sejartL levados a ton1ar essa atl tud~ ~ação de estudanlés, lo catizados oi..una s~ uaçao df'. a~re~dLZ ~
por seu s12nso de investimento ~ sua Intuição das possibilidades que tais int eledU().lS, e o desenvoiv1menlo de t.odo um t.";OnJ~ni. o ~~
propriedades oferecem ao ~'2Ll capital ou por sua preocup<:ição ~in não se profiss ões serni-lnteleduais, tenham co~~e~uido. p or efeito ~nn·
cipal fomec~r b produção ··int electual ysto e .. ~o ern:;~~srno
re balxa rem , ori12n ando -se para as profissões estabeJecldas, p artjculé.)rmen-
fH03ÓÍiCO-p0lLtico) O qu e 3 1'arte burgu~a ~Ttl [\ U t"\ICà ~ clJ~~()f,
te odiosas, PlTI sua [ransparente u nivocida de , os H1hos da b~.Jrguesia is to é, um públk.o mu;to importante e d1·..ie.rstH:~d.o para JUsllt~~;r
arHeQçados de desdas.sificação dirigem-se, pr]oritartamente! parçi as pro,..
0 de.sêlwolvimento e 0 hmc.konamento de mstanc1a!io de produ-.ao
fissões anttgas mais indeterminadas e para os setores nos qua]s são e de chfusôo especificas e o aparecim ento, 1u~s franja.s ~o campo
elabo rc..- das as nova~ profissÔQS. Portanto~ o efeito de redefinição criadora u niversitàrlo e. do campo mt electual, de uma espec1e de. a~a
obse1v21·se. sobretudo. nas ocupacõ~s com grande dispersão e pouco v'ulgarização - d~i ciuaJ os "novos fi.l~sofos'' reprêsfil:tam o.hmit~
proHss-ion~Jizadas e nos setores ma1s novos da produção cultural e artistica. exemplar {Sobre a evolução das d1terent ~ cêlteg?na~ soc Lopro
cofftü as grandes empresas públicais ou privadas de produção cultural fsss.ionais, ver L ihéven or, ·'Les c.arégones soc.1a~es en 1975.
(l"áidio, 'le)evisão, rnarkãting. publicidade! pesquisa e111 c~ências scc~ais. etc.) L 'extension du sal. ar~at·, ~n Économie er statlst1qu·'. n. 93 ,
outubro de 1977, p. 3-31; e sobre a desenvu]•,,1 imento re~Lll~r,
nas quais o~ cargos e a$ carreir()s é)fr .da não adqulriram a rigidez das velhas
entrn 19G 2 e 19 7 5, do setor de "estudos e ~ssess on~ as
º
profissões burocrátjcas onde o recrutamento ainda se faz·, n.la is freqüen~
1
"" ,, - eon~e~hciros
emprcs'"'s - 1·ur3d•cos.. contãbe)s e flnõnc~ 1ros.
tern ente por cooptação. is1o é. na base dçis ·relações ·· e das afirddcd es de
1
pub•kitárlos, esc ritórios de arquite.tura. _ et~. - q~e em!;.~e.ga
hablcus, e não em nome dos [itulos esoo]ares {de modo que os füho:; d<;i muirn:S mulheres e con.&titui umêl perspectri.'a unportdnte ptln~ o~
burguesia paris~en~~, qu e têm mais oportunidade.s de chegar a:o:s ,estaturas diplomados. ver P. T rogan. ··Croissance reguhere d~ l emplm
:nt erm cdiários, entre os estudos ~ a profLssão! oferecidos. ror ·e xem p lo,
peJas grandes burocraclas da produção cuJtural ~ que podetn ''segurnr'' ial
atividade per rnals tempo. en1 \i(!2 dG? aceitarem diretamente urna ocupação
bem deHnida, mas d~íinifr.;a - corno a de profes~ CJr- têm rnais chances de
entrarem ~ sere111 bem sucedidos ern proHssóes para as quais os diplon1as
espedflcos - diploma do ln stjtut des hautes études cinéma tograpl1Jques
ou du Éco le tec hn ~que de photo e t de. dnéma Jicence e.m sociologia ou

166
dans les acrivltês d' études et de consefls ·•• 1ri Economie et s.U.u:is·
lk~ue, n. 93! o Lüu.b r o de 1977. p p . 73·80) Um.11 pwfissã.o que prolonga. su:ar \•ocaçio de mulher,
• 1rr.1 r.t:X"epQt;; •h.:~.:.r , Se!:]Ul ido M o r:.sleur Trntor.. ~ P1·z:Hente-~w:id<idor da E"'s00l,:i - t1 - llt"t"?.;t
j.::i 1.'t:!rn, um a mulhol!f jcven qu Ih~ prr~ t?.: .il"JIÇO i:.' r)fl'i f> .:;orrls.:..r' ,

Mas, o Jugar por exce~ên9cla dessa forma d e muda nç.a deve ser \.'oi:.:~ :lll~)~..:1 con-:'.titou '1-gi:intJeztt, t1 .:unilbi.lidr'ld,e. a <l:r.gri<l de i,f.,~..1; daqucl~ <"JU"'.: ~0Jb1n111
e.ss.z amini1{.?
procurado no con.~un1'o de profis~ óes que têm em comum assegu rar o S U rnrtlro mi,{! e ui rí • Sôniso profjs~ion:ll" !
rend ~m ento máximo a ess~ aspecco do qp ~lal cuhural qué, t1ón.srnltldo ESimp le;mllnt<! a 11.H ntk st.;l<:áo <?lf<Wior do- 1;Çeno M~be<:he.1'!W~ 1ro ~ der cellci.dt.de que lhté~
diretmnent.2 Pº b famíJia, não depende da inculcação e da consagraçjo prop::irdom!. Ui"rl::i pwB~s&o em ni)m1oni.a com S'1US d~r::j~ ~ s·••-a po:,rsl)f"l~llill!ide.
Corr.r efaico, no t"!:<: \~rckio d<', ~il~ pmíls:.Jiq. fl tt'(:r;:p;:kr~ti'I \.'i!l::rri~1'1 cm prim eiro lt..~~i}r sui.'ls
escol.are;:;, qu~r s,e trate cle boas man€!lras ou do bem gosto, ou mesmo da 'llJ<:tbd:;id~ d.e ffilJlher' ~ f.!-1ôJtiillJí.1 ~u ~ \\;Jv::.ç.Jio femi.n i:-i:i..
posh1ra e do charme foüco. produtos da in1enodzação das norrr1a~ corpo- O ch:;,m11e, i'l elegânci :ii, a distiru:êo, n ·gr.=icr.i, ~c~...s L'..:::S~ : 1ual vJ~;i<11~ l:)r,;. ' 0::01u·r.AT""1J p.tra o
rais em vigor na dasse dominante, co·m o são os afidos artístkos ou ~!1 :'"l rircr:lss.io11.:il d<' L•~}ia TéC •1Kiótli:;C(1 ::;i1o frtdispern:â•.1eis .i.'J c sucesso eh vi.d:i: p.a.'i!:onl d(~ tooi!i
m11lb r E ~l'.Xll~er ã pmfi~~::. d 12 rote~iom..1a t!. .115sjrn prP!;"ld'1r dar equ!Ubrlt> e bii.'inmc.rti~ ,tl,
0

S12rni-artísticos lntelectuais ou sen1i-lntel ectuais~ 12 também todas as prcfis-


1 ~·i..:-t. pr6 priei vidit.
~ões de assessorha {p.sicólogos, on12nrn..dores, fonoaudió!ogos, e.stet~ci.s as .
conselheiros conjug~is, nuiridor.ii.stas ~ etc.), as profLi;sõe$ p~d~gógica:.-; ô U 1

pa.rapedagógkcu:; {educadonz.s , animadores culturaJs. e le.) o u ~s proflssües


de ar;xesentaçao e de repre~entaçào fonirnanort?.s df! turi5mo 1 recepcio nls- Nos setores mais Ind<2termlnados da ~strutura soda] é que existe mams
tas, gu]as arti.st]cos. apresentadores de râdlo ou de televisão, asse~sores dt:! probabj]jâad'l de exlto dos galpes de força que visa·m a produzir, peta
imprensa~ p u blJc- re /at~ons. etc.}. transfor111ação de p05-içõe-S antigas ou pela '·c.riaçã.o " ~x nihllo~ determi·
A .n ~cess id<ld!..i e:iq::H; rl rnenti:.~ du pel~s
burocracla::; püb llct1s e. 1 so- nadéls esp edaHdad~s r~s12rvadas, notadam ~n e as de. "assessoria "~ cujo
bretudo; privadas, no que diz res pe lto ao ol?'.)i.erddo de funções v...'<erddo r:ião e.xige nenhuma outra competência espedhc;a a não sC!!r uma
de recep ção e de acolhida que difere m profundam e nt e, ta n LO cornpetêrida cultural dE! d asse. A constituição de un-1 corpo socialm~ite
pela -:1.la aniphtude qu~n to pelo seu asiilo, daqu elas que: erairJ reconbeddo de espectalistas do aconselhamento, ~rn mat~tla cl.º sexuàli-
tJ'i)dli::ic: nalment e canfiridl'ls aos h:im ens {d ip!omatas , membro~
(fad e, que cmn eça a se l'Emlizar rnecJjante a p roflsslonalização progressiva
de gabin~rns minlster1als) freqUe:nte.mente s~id{)~ de frações dà
classe domina nt·e mais rkas em capfü1I sodê.JI ~~~rístc:icr~~~ II~,
de associaçêe.s ben €hcentes, fllantr6ptcas oll polilk~s, represent~ cl fom1a
burguesia .a ntiga) e em técnicas de sociabi lidade lndlsp~nsái.,.;c;>.is par~djgmática do processo p .zJo qual çerlos agenti?..s ten~em a S<.ltisfozer
a manutenção desse capttal1 det.errn1nou o aparecime nto de l odo seus jntere.sses categorials , com a convicção íntima do desinteress.,.n~~ua
um, conjunto de profissões femi ninas e de um m ercado legic ~mo está no prindpio dé tcdo prosetltismo, valendo-se, jun to às cJass~s exdu]-
p~ra as proprled'ades corpo.rats. O foto de que a lgumas mu herns das da cultu ra legHima , da parcela de legfümidade cultural da qual foram
tirem um pro'1o e2to pro:fiss~onai~ dr:: .seu d ~rtirrrLi;: (E.-! t ?to d\! ~L3-U$
1
clorndos p·~lo sis1erna de ensino para produz3rem a neoessidade e-a rar]dad~
charrnrt.5-), de que a b\de2êi receba assim um v~lo r no mercõdo da de s.ua cultura de e.lasse. É r;i.-vidente q ue, tanto aqui como em outras
trabalho contribuiu. sem dúv1da. para d eterrn~m1 r , a lém de nu·
situações! a respônsabilidad€ da mudança n ão p ode set atrfüuida a ta.is ou
mei-osa!=i :ransforrn.ações de normas liga.das ao vestuário, à
QL)ais agentes ou classes de a.gentes que n·abalhariarn com uma l.ti.cid€z
cosmêüca, e.te.. todo 1Jm conjunt o dP. transfo rmaç ões eticas, ao
mesm o tem po ql1e um~ redefini.:;.iio çfo ~m~ge rn le.gitfrna da ~nteressada ou t1ma c:onv]cçc)o deshlt<ues.sada t:::i.ara cria.r as cóndtçõe.s
feminilida de: as rn.vtsta.s femininas e todas as 1nst~ncias )~.gítlnias tiec.essárias ao ê..xito d~ seu ernprnendjmento. Dos conse.Jheiros conjugais
em ma Léria de d e{inição 1egifün{) do corpo e do uso de eo rpo aos \.'Qndet:luri:t:s de priJclul os dietéticos, todos aqueles que, hoj e~ têm por
dHundem a im<; gern d ~ m1.1lher cn-:::arn ~da por essas profiss ion4is p rofissão oferecer os me]os de cobrir a distância entre o ser Q o d ºver--ser
do charme burocràlic.o. rncion()lrneme .seleclonadas e formadas, na orden1 do corpo e de seus usos, não s~r~am 1Jada sen1 a cumpHcidadê
segundo uma CQrreira rigorosamente prog,rama da (c-o m s uas inconsciente de rodos aqu~lé!'í que con ttibUêrn para produzir um rnercado
e!:iço]as esp ~ç~t,l 1i w<fo$, s e LLg; coti euts os de beleza, etc .), com
fortil para o ~ produtos que ele.s o ferncen1 impondo novo- usos do co rpo e
vista.s a do.sempenhm·em , segutLdo t.1.S normas buroc:r6ticas, (liS
urna nova hex]s corporaJ* - aquela m12Sma que a nova burguesla da sauna~
funçõ~s fa.mininas mais tradid onais.

' N do R.; N1 1 ngiri~I rw rb 1


ooffljrth'f ct dt 1)róf1r1~.dill?!-i
1:0 r,IJor 111L•; 1'.'fS!!O;;t.11dM tíÇo U!::D dv corrm cm
Lj·.~ s ~hrrkir12a < po!:~áo d(! dMs.a dn rnm1 p(.'.Sso~.
da s~la de ginásliéa e do ski descobrlu po1 si mesma. e, s1multaneamente. ção e recuperarem sua rrajetória de classe e por outros para prdongarem
produzindo outras tantas necessidades. expectaüvas e jnsatisfacõc~: mooi· o curso jnterrompido de uma trajetória v~sada constituem. hojê. um dos
cos e nulridonisia.s que :mp&~rn com a amortdade da ciência sua C:efjniC<io fatores rnaL ln1portantes da transformação das estruturas sociais. De taro,
da norm<.l,riâade! "t~belas de relações d12 r~so e oilura para o homem nom1àl!'. os estratég•as individuais d~ recuperação que perrnitf2m aos detentores de
1.Jrn capiral social de retaçoes herdadas a substituição da aus~n.c 1a de
reguri{;!..'S aliru01 Lare..~ ~luiUbrados ou mod~Jos de dese1.TJp1?.nho exual, cos·lu-
re!ros que cor.terem a sanção do bom gosto 8s rn.adkias itnpossíveis dos diplomas uu a obtenção do rendimento Jnáxin-10 dos d1pl01nas que Pllderam
manequ in~, publjcitá.rios que encontra1n nos nc«...-os usos obrig.arórios do corpo adquirir, onentando-s.e para dceri~nios ainda pouco buroct·ati2éldos do
a OCi.1 ·ião de murl~ro~l~ apelos & ord12n1 f ·vigiG seu peso.,, etc.}~ jomali,tas ~5paça sc-c·al {onde as disposiçõ~s s;odals contarr1 mais do que as '·com-

que exibem valor•zam sua própria ade d e viv~, nos sernanárlos fomktinos
:i
petênda~" garantidas peJ~ Escola)! conjugan)-se corn as estratégias coleri-
e ·1as revistas pam jovens quadros ricos, efegan ..e.s ~ ~dosos, produzidas por vas de reiv]ndk<3ção - que visam a fazer val'lr os diplomas e a obter a
eles e onde SQ dão em espcükub: fü;s1rn _.odos con correm , na ccncorrl!ncia contrn.partjda que lhes ~stava assegurado num es1ado at1terior - para
mesma que. às vezes 1 os opõ(!, para f~er progrt?dlr tu11ã causa que $erve.rn favorecºr a criu.çâo de um g:rand~ nú1nero de posições s.e m ib urguesas ,
tanto melhor na medida € rrl que n én l se r1pr~ [~m conscienc~a de estc.-i· a or)gjnárias da redefinição de posições antigas ou da invençâo de posições
serviço dd mesma e serem servidos. servindo-a. E o r:r6pr3o aparecimento novas e <le.sHnadas a evitar a desclassificação aos ··herdeiros '· desprovidos
d~ssa r.ova pequena burguesia - que, a sen. •iço de sua função de interme- de diplomas ~ a uf~rec~r aos 'parvenus" uma contraparttda aproximada
1

tfüni<l (2nfre as classes. co]oca n ovos instrumentos de manipulaçãn P. q 1J12. de seus diplomas desvalorizados.
por ~ua própria existenc. ia, détérrnina u 11a r~ansforn1ação da pO$ição e. das A anáfü;e da_-; estratégias compensatórias baslçi para most rar o quanto
di.spos içõ~s da. p~qll~nc;. burgu<'.!sic:l anr1gc., só é compreensível em refer~n­ ser1a 1ngênuo tentar reduzir a u1n processo mecánico d.12 lnflação Q de
da às transfcm10.çôes do modo de dominaçiio qul!!, rendo substitl.üdo a desvalor1zação o co1:1,lur1[0 <lç_s Lr21nsformações que. no sistelíl1:i escolêlr e
repressão peki. sedução, a força p'1blica pí.l1as u~~açu~ públicas, a al1lori- fora dele. 1·'2 m sido deterrnínada5 p~lo cre-sc~n1en o n1adço dÇl população
dnde pela publicidade! os modos ríspidos pelos modo:; afã.\Jc15, e!>pern a ~sco!a;·izada; e ern particular, todas as mud.::mças que , .atra•.: és di;ts rrans-
1

ln1egração sirnu6lk:ü das classes dornlnadas n1a:s pela in1posi~o das f 01n1açü~s rnorlológicas sobrevindas nos vários niveis do sistema éScolar,
n éc:cssklad12s do qu~ Pº]a inculcação déls notmas . ass~rn corno através das reações de de.fesa dos usuários tradicionai:s do
!;istema , mm afetado a organizaçâo e o fi..1ndonam~r)to do sistern~ - p or
exemp]o, a multiplicação dos ramos de ensino sutllmente hierarquizados e
AS ESTRATÉGIAS COMPENSATÓRIAS das vias sern sa]da sab~damente dissimuladas que contribw:n1 para pertur-
bar u percepção das hi.;.rarqulas. Para tornar nlais claro o 8:Ssunto, po<le--se
A contradiçiio especfüca do medo de re.produç-ào, com comporirante opor dois estados do si~t12n1a dº' ~nsino 11ecundário; no estado mais antigo,
escolar. í'eside na opos içâo entre os ~riteress4?.s d.;1 d asse que a Escola serve a própria organização da ins11tuição, os ramos de enssno que eia propunha1
<:!s la!JsUcumerne ~ os interesses dos m.embros da cla~se q l Jé ~](:J sacriflca, os én::i lnamentos que assegurava ~ os díplomas que conferia. repousa·. .·çitn
'slo ~ , aque l~s gué são chamados ·'fracassados e estão ameaçados de
1

sobre cortes bem definidos 1 frontejra~ nítidas. sendo que a d•\.risão 12ntrct. o
desdassiHcação r; or não deterem os diplomas f orma]mente exigidos do.s pTimatio e o sr!cundârio detennjnava difer~rlças sl.srnmári~s em todas as
membro _ que gozc.m de plenos direitos. Sem esqi.,u~c~r os portadores de d lmensões da cultura <;!nsinada, dos métodos de ensino, <las carreiras
dlplornas que dão di~elto "noni-lalrnen 1e·' - isco <.!., nur n C!Stado an Ler ior d s prometidas {é ~ ignlfic.ativo que o corte seja mantido ou níE>.Sm(l re.forçado
rr:-!laçõe_ Qrttre os diplomns e os U1Tgos - a uma profiss.ão burguésa aos nos lugares em que .se dá, a parth· de Qntão , o acesso à dasse dom:nan.te,
que! não sendo oriundo- da d asse: nfio pos~ue~TJ o capita] social necessário isto é, no mo2ner.to dã entrada na seconde . com a oposição entre a seção
p~~rtt obter o pleno rendimento de seus ti[u]os ~colarº-5 . A .. uperprodução de '1elite". a seconde C, e as outras, e. no nível do f;!n slno superior com a
d~ diµlomél.s e a desvalorização que dãí S€ segue tendem a. sP. 1ornar uma oposição entre as grandes écores ou, mais pmcisam·ente. as esf;oJas do
constante e.-.tru .. ural quando as oporl unidades teorican1ente iguais de obter pod~r: e as outras 1nshtuiç.ões}. No estad<'J ncuaJ, a exclusão de grande ma!:l:Sa
dlplofftas são oferecidas a odos os fi]hos da b11rgUº-Sia (tanco caçu l~s como de crianças das d aSS<!S populares e n1édias não $~ ope!ra mais na entrada
prirnog ~nitos e tanto meninas quan1o men)nos) enquan o o ac.·es~o das t1~ sixíeme. n1as progres~iva ~ Insensivelmente ao longo dos primetros
ou•ras ela-ses a esses diplomas cresc~ 1arnhem (em 1ürneros absolutos). anos do $ftCUndári.o, através de form~s denêgr~àas de ellminaç.ão, a s~b~r ;
A'='- \%tt•éltégias ut1lizadas por a.guns para tentarem es;c:.~par b dC:!Scla ~ífica· o a tmso (ou a repetenda) corno elhn1nação difedda; a n~ 1~gução aos

170 l '11
~amos de ensino de segunda ordem que lrnplk a um ~farto de marcação~ manlfestamwse com toda ·a .clareza nil! repÇo rüçã.o ~ntre <l:S sec;õe~ .
de e_st ~gtnat'izaçdo. propk:io a impor o reconhecimento antecipeid.o de um te ndo num. pó'o .a da~se. de "elite '', a seconde C, onde os hlhos. de
de.stmo escolar~ sedai; e, enfim , a outorga de d ipfomas desva) orJzados6 • quadres rnedios.. de quadros supertoyes, de protissôes liber.aL~ e de
industriã i5. e grandes e.o m erdar.itE.$ repres 1;:mtamm.~üs da m~t~cle dos
Se ü representação das crianças das d~for~:nt es catego rias sock.:~
efettvos e noutro pô]oas s econdes e.spetiais ~ "pa$.Sar~a ·• ·e ntre o
pro fi.s~donais nas classes da, qwÀ t;Jeme e de. C.P.P .N. reflete ,a 1

segundo c~clo curta e o .segundo dclo tntegraJ, de fato. reservada a


repartição global: de p opuiação atjv.tJi na França, as difenmças
um reduzido número. n•J qual os fiJhos de oper~rios são super-rep-
entre as dL1sses já são m<lnUestas na d~stribuiç ão entre as seções
resentados: e. ~ 1"1.tre os dois _ a.ii seções A , AB ou T. A tles'l.ra!o-
hierarq uiz;;Kfas. desde a quelas q ue conduzem ao ensin o int~
r:izaç~o ~mpcsta pela recuperação e que .atua t omo rn ecan[smo
f,3 té clqueJas que. conduzern a o ~ nsi110 t écnjco ou à exclw.ã<;i: a
propulsor , bem come· a trar1sfom1aç.ão dos c:'1rgos p rofissionais
parte (~us crianças que são . d e fa cto~ eliminadas des~e ensino
integra! (isto é. refogadas ao C.P. P. N_ ou às da~se~ prMk:as)
mais qualific~d os - que, em razão do progresso te.cnol6g~co,
exige. de uma m in oria um.a t ornretfüicia kcnka cre.sce.nt·e - ;
1..•arla rn1 raz_áo ~nversa da h~erarquía s-ocial , passando de 42%
fozern com que o recurso ()0' ens1no técnkô mais 0 1l rnen;:is longo
entre os assalariados agricofos ou 29% e;ntrn os cp.e rários e 0
- tl~d·!) o que faz fala_r de ~democ.rati:t.aç~o" - lmponha-se progres.·
pesscaf d.e. setv~ço, para 4% entre os quadros médios e l % entre
st·..ramente às c1ianças da class.g opc.rtiria e, em particular, àquel~
os gua ~ros s u pie.rJores . As ·Crlanças orig inâ rtas das ciass es popu-
que s.§:o originárias dos extrat 05 m.."lis ·•fa1...otecidos.. (tfu:nkos,
la rns s~ o s upeT-n~presenrnda.s no ensino té cnico curto 1 mas a
operários qm.~llficados) dessa class~. cumo a condição da manuten-
parte dos tUho~ de quadros médios e ele empn:-.gad os cresce
~ão na posiQão ~ o únko meio de escapar As situa.ç.ô~ negativas.
regularm en te que.rido· s.e vai da form ação. em um a no (C. E.P.),
q ue conduzern ao subprole:tariado_
passa nd o p elas C. P.A. (onde os ulhos de (lt1'esãos são rnais
nurne'rosos) e o prirnciro a no de C.A. P. at é o B.·E.P. (ao ti tvel
da sec.onde:} e a seconde. técnica. enqu~to a parte dos filhos de Eri qu~nto o sisterna co1n fronteira~ fortº-mcnte marcad~~ levava a
operários dimin1J] p ar.a!elan-iente {~ parte do~ filhos das classes interiorizar as d i..,1isóes escolares q!.Je correspond~am claram ent~ a cllvisões
domin.ames )J'ennanizce inHma}. Mas ses~ v~i ma1s la1"1ge~ obsen.'a- sodais, o i;lstern21. co111 classiflcaçõ€s irnpredsas e con usas favorece ou
~e. que, no nlvel do C.A.P., os me.njnos das da::> sé:s médias o1'f(oln·
autoríza (p 12lo menos nos niv~i5 ~ ntermedrári os do .espaço (!Sedar) d€ier-
t~Y:--se...principalmente. para a i?Jetriddade em vez da construção
1't1inadas aspjre.çóes:. ern si mesmas Vilgeis e c:cnfu:sa.s, ;n'lponclo - de
c1vLI B tem um leque. <le esr.ollms mais e.xttmso que os ourros: qu e
as: meninas da; ela.sses médias dirigem-se tnais freqüe.tltemcmte par~
maneira rnenos estr]ta e tarnbém menos. brutal que o ant~go sistcm~ .
as fom1;;ições econôm icas e financeiras. enquanto as çrian.ças das
sinruol[zado peb rigor ~mpiedo.so do concurso - o ajustamento dos ·-n1veis
cl~ss:s pcpular~s es(âo mals representadas no setor de c: onfe.cçôes, de asp~ração " a barreiras e níveis escolares. Se é verdade que e:ssra sistema
Ou aLnd~. no mveJ da B.E.P .. o.s m e1ünos d.:is d a.s.7:es médias. mais paga uma, grande pê!.rte: dos utilizadores COJIL muJos e.scoJare5 de5VaJorlza·
fortemente representados do .que no n~vel da C.A.P.. orient.am~se dos - explo'rnndo erros de perçepção induzidos pelo florªsdmº'nto anár-
prlndpab
..
nente par~ os s ervk 06 e.o inerdais t enquant~ os filhos '
de"' qulco dos rainos de en.s1no e dos t1tulos 1 Hdativamente insubstituíveis e, ao
opera.nos .sbo m~joritáríos no de~en ho lndustriaL Assim, tem·s e de mesmo ternpo, sutilment~ hlerarqu1zado:s - acontec.Q que nào lhes hnpõc
J_er.JM em .coma to d[l uma proh.Js5c de ramos de e.nsl n.o hierarttui~ tun d es! n ue-~ t frne n to tSo bruta] quanto o antlgo s1stema: aléun d;sso , a
zado:s., desde o mÇiis teórico e ma1s 21bstratr) a té o ma is tecnlc-o. mais confusão das h:erarqu]as e. das fronte.iras '2ntre os elei~os e os exduídos.
prático, cadf;!I um deles contendo uma hierairquia q ue obedece uôS ent re os v·~rd ade~ros e os fal~os dipJornas, contrib;_i\ parq. jrr1por a elln11naçã.o
mesrnos princtpicn:; - por ex.amp o, com a oposiçao enb-e a eletrl- sllàV~ e a aceitação suav~ dessa elirn1naçã-o , mas favorece a instauraiçào de
c id.acl e e a construçãu d i..1il (d. F . O e.U'l,.trard, art. "'it .). No nível urna relaça.o n1enos realis a e rnenos res1gna.da com o futuro objetivo do
d~.seconrle, as difor en ças ~ntrn as e a.sses sociais de origem - já
~ue o antigo se.rtso dos .1imites que constitu]a o fundamento clê uma
nrhdamente marcantes nas pr6prias tçixas de representação -
pe.t'cepção rnu2to aguda <las hlerarqui~s . A a.!Ioch.Jxlc. que o novo sistema
encora)a d~ mil rnaneiras é o que faz c.orn quº os :·eJegados <;olahorn·m para
sua. própria relegação sup eresUmando os ramos à e en~ ~no adotadoS>,
sttpervalori.:mnclo se.us d5p~omas e se atribuindo possibilidades qu€ lhes são.
~1e fato 1 recusadas 1 mas tan1b érn e o quº foz con1 que -,; les ri ão aceiten1
reahnente a Vflrdade obl~tiva d~! s ja posição e de seus d!plornas. E as
pqsiçóes novas ou renov~ve~s não •xerccr~am t 8J ntmção 5€ - vaga$ e mal

172' 17 1
deflritclas rrtal localizadas no espaço·social, não ofer~ce.ndo-, freqüentemen- do e11~ino superior ou. nurna outra ordem, na aposentadoria progr~s.S:Jva
te. à manéira do ·o fkto de artista ou dê 1ntele~tual de outrem, quaJquer u.f f:!tecida pelas empresa.~ de ·'vanguarda··}. Tudo ·$e passa como s~ a no\.!a
desses crttétios mQtºrlais ou slmbó1icos, promoções. recom p~nsas, aumen- lógica do s]stema escobr ~do s1stema econônüco encora~asse a acfa·,,r, pdo
tos que submete:rn à prova e servem cle medida ao tempo social e tam.bém maior tempo possível, u momento em que acaba por se detemlinar o lirnite
às h~ernrqu;lls socia1s ~ não~ d~ixassem uma n1argem tão grande às. para o qual terid ~m todas ~s mudanças in ílnitesima .. s. isto e, o balanço ítnal
aspirações perm itlndo asshn escapar ao desinvestlmento b1utal e definitivo
1
que. por vezes, p$$Ufr1€ a fônrta de Urna ·'cri.se pessoal!'. É predsO cilzer que
imposto, desde o começo da CJhvidãde até a aposentador ia. pelas profi~sões o ajustamento assim obtido ~ntre as oportunldades objefa.•as e as aspirações
con1 ]in1ltes e perlts ben1 traça.dos. ·O flü \ffO indeten:nh1ado que ~~!-i$as tt.qvas é, ao mesmo r12fftpo rnrus suUl ~ rrtais sutilmente extorquido, .mas também
1

posições ~ugernm, pdvilégio até aí reservado aos ni1ista5 e aos lnt~leduals, mais ani_cêldo e mai.S instável? A impredsão nas representações do presente
permite fa1.er d:o pres~t~ uma es:péde Je sursis perrnan~n~emente' e do fu(uro da posii;ão é uma farma de aç.e~tar ot liin1~es~ apesar do e5f orço
renovado e: a tratar o que a ar.iUga. Jín.gua chamava d<a mn esiad o como para n1ascará-(os que equivale a recusá.- los cu, ...e S(;! prefere. uni,a fomi a cle.
utna condição p1ovisóna, à man~ira de um pintor que, trnb:alhando e.m recusà-los: ruas com a m~~ 'é. de um revol 1.Jcion a'ds1no ambíguo que Lt2fl1 por
pub llciclade. continua a se considerar unl '"verdadeiro ' arfü: La e af ínnar, pr~ncípio o ressen,jmento contra a de!!idassificação com relação a ~xpec'"atir.;~s
con10 justificativa! que esse Gfído mercenário não passa de uma ocupaçilo imaginárias. Enquanto o an~igo sisterna Eendla a prod112~r identidades sociais
't e rnporá ria qu~ abanJon.ará .ass~m que 'Uver conseguldo o sufidente para uern d 13 folidas - d~i~andu poDco lugcu- ao onirisrno social - e eambem
7
a~segurar $W~ i11:dependên.cia econõmk:a . Essas profissões amblguas per" ,on forláveis e in~pkad.oras de conf]ança :na pr6prl.a ren(mda que exigh;,.m, sem.
ltütem ev•tar o trabalho de deslnvestimento e de reinve.stlmento impHcado concessôes. ~ espéciD de íns tabWdad.e €sLrutumI da repw'.!~ênt2l:ção da
na rnconver.sao de uma ''vocação·· de. filósofo ern ·;vocação'' dQ profa.ssot ' identidade social e das aspirações yue aí s12 encontram legitirrn;1n1ente inclu:clas
de fil osofia., d~ artLsta p1ntor 12rr1 desenhlsta de publicidade ou em professor rnnde a remeter os ngente~, por urn 1110\~mento que nada tem de pessoal, elo
dé d.~<2nho ; permnenl e\. 1tar tal trabalho ou, pelo menos. adiá-lo indefü1L-
1
teJTrzJ1o da crh;~ e da cr[tica soclals para a terreno da critlca e da ç:rL1.;e pessoeiis.
da1nente para. mais tarde. Compreende-se que esses agent~s ·· ern 11berdade
provieióri<.t t~nham v2nçulo com a educação permanente (ou com a
p~rrnan ~nda no sislema de 001Jc.aç.ão) que - antitese perfeita do sistema AS LUTAS DE CONCORR~NCIA E A TRANSlAÇÃ.O DA
dos ge·.andes concurs-os. destioado a nlan:ar os l]mites t.emporn]~ e s1gn tficar ESTRUTURA
de uma vez por todas e o mais cedo possível q1Lé o que acabou. está
acab~do - ofe:rfdcrt urn futuro ~beno, sem lhnltes • E compreende-se,
8
Vê-~e corno é )ngénuo pretender rr~~olve.r o pl'cblema. da ., mudança
também~ qw~ ainda a exemplo dos -artistas eles se sa:c:rifique:m com rnnto 1
saciar' atrtbuk1clo à ·· reno\. açáo•· ou à •ô inuva\:ão·· um .1uga r no espaço social
1

empi2nho às modas e aos n1odelos estétk:os e ético~ da JL~ue r1t ude, mt_~n eira - o n:.als alto para uns. . o ma1s ba~xo para outros sempre albuJes. i:n1 todos
1
de m21nj f~s.t ar, para si ~ para os outros, que não se está term inado, definido , os grupos ·· novos'', '·méU'ginaiso; ~ ·•exduídos para todos aqueles cuja primi:i!lra
1
'.
definitlvo, det:em1inado! no fim da rota! no Hm das.contas . .A'!. descunUnut-
preocupaição ti lnrrodLL21r, a todo custo! a '·ranovaçJo ·· no discurso: ei1racrer~?..GW
dad f2S brutais, do tudo ou nada~ entre os estudos e a prafiss ão, a profü)s ~-9
L!n'la cfass~ como ·· conse.Tvadon:i'' ou " inovadora" (s 21:n me~mo precisar sob
e a aposentadorla Lcedf.ml o lugar a p~ssagens por cvol1Jç.ões 1nsensíveis €
que aspecto) é reconendo tacirn~nente ~ um padrão éFiêO. noc12ssanan1ente.
1
infln1tesimais (que· se pense em todãs as ocupações ternporati.as ou
s1luado do ponto de vista soda!! prcdu2it um disçurso que não diz qllil512 nada
s~rniperrnaoentes, freqüentemien.ce assumidas por estudantes no fim do~
a não 5-er o lL~gar de cncle s.e at1kub pon::p..tQ faz d~sapare.cer o ess-eoc'at isto é,
çursos. que en'li·oJvem as posições esiab€ledd.as da pesquisa d~nllÍicd ou
o campo d~ Juta.~ c.ol nu sis1ema de relações objeHvas no qttõl as posiçõ~ e as
tolnadas de po.st~o se defir.etn reluciona lmerite ê. que. domma ainda as lutas
que \.'JS~ a tra~fonnà-lo. É son1~le com 1·éerência ao espaço d~ disputa. que
7, M. G:riíí. Les ;:;Of1fli:~ i ti1 tlL~llt'!\ ifo l'artisL<"'. dans Llfü! so::ti;!1é de masse.~ , in D1age.ne. n. 46. 1964,
as define ~ qué elas 1...rjsarn a manter e; J a rooeflnlr. enquanto tal! mais ou n112no&
p. 6: .94_ No mesmo ~1üg-:J iJ.l!! ,\fa~o11 Grífl. """!C{)I ~~Yi.'i• -!1<>-·i1 Llrt'\.'!i descriç~ o m11ico rne::ISa dqs complr~tamente, que e rossb..~l compreender a~ Q~tratégias indiv:iduais ou
l'Yíor..r:dimantc:s. qwi c s pub~idt 6rü1s. • !)rfü;L;;,!:i corrt~~~il.is·· . i1npc~1., · $~ i-~ ~prenc'uz.:?..:i, írequmfo-
rn~nt' iir1i ~ {IS i?;in p~t".6ilr,J1L~nto. ~i!lf<1 di&err.ninil'í 0 desim....:5tim€rLlo ("J()lo;!.[' t'i:; (~J]1j>1 3" , l}IC, ~ a
coletívas. espontâneas ou organlzadas. que visam a con~erv-ar, tr.ansfon.n t1r,
e 1eirri.161ime:nlr; n11m cani p 1 •• ir':.Í-eriOr'-. trãnsforrnar para conservar ou, ate mêsrno, conser.1ar para transforrnar .
8 . Ê assim qut2 um;::, r.nnts d.os E:!Xtl'<'ll::'rtl~ do sl~c "tl'lit. dr~ en.'itno enc::i!"ltra 0 T1í-·regc:; 1m gi:stão dO!il As estratégias de t€conve:rsão são apenas un1 o5pecto das ações e
prâhl(llm..i e .:;or.fütos ~oõ::ais eQ_;en6i:Klos ~~ '·!!up'!l'JJtlldtlt,itO ·· .;J:;;.:;Dli,!Jt' <' piil?i;; nO'.;as - demÇtn·
di'!I~· que clll. r.::!19o:ID:"fro11 (rõr l';X·;'in1plo. "" ··n~~ssrlMie"" de educ.a.çiio pm-Ttlm rem 1 d'." . ~.
reações pern1anentes pCõ!]a~ quçiis cad() grupo se esforça por manter cll

174 17 1
rnoditicar sua posição na estrutura social o tJ. mais e.':.atamente , a um estágio p robferaram nos úll imos .anos as fe n~ldades de Jetra.s e de déncias
da e.vo lução das soded ades d l vidklas en1 classes onde só se pode conservar térn tod i"lS as r;rop:rl edades dos k1gtires de relegação , a co1nnç.at
mudando. rnudar {.Xlra conservar. No cas.o particuJar {embora o mais pelas raxas de .. democr~ti.zaç~o" (e. de fernin ização:1 p~ticula~meme
freqü ente) em que as ações peras quais e.ada cJasse (ou fração de dasse) elevadas das quais s.e orgulham cs avaliadores avahados. O que
trabalha para conquistar novas vantagens! 1sto é, tom~r a dianteira sobre d~zer di=JJquel,,. · qu 2 \.o'tesse a medir a ''d emocrcrlit..i:.'!;Ç ão" do cnslno
as outras classes, 1090 1 cbjetivament~, para defonnar a es trtdu ra das secundát'io i1 partfr da estr1 tturn social de um C.E.T de. Au~<:'rvi!­
relações objetivas entre as classes {aquelas qué regtstt·an1 as d1stribuiçôes Uers * ou de um C.E.S. de Sab1t-Denis*'? Para fa1at· da un1versmdade
estatísticas de prop:tiºdades,l, são compensadas (rego, ordina i.m ente anu· média"''. eµreciso., alé~l'I. disso, operar uma
" dürrünaid~ pel~s classes

fadas) peJas reações; orientadas para os mesmos obje 4 iv·os , das ouLras confusão. consciente ou jnconsciente, entre as taxas de repre-
dasses, o resultado d12Ss.as ações o postas , que se anulam no pr6prio senteçào .dM classes tnédfos na popuk~ç~o das ÍQ'l cu!dade-s {e:<.p~ê~::i~
p ~l~ põ rcent<lgem de t-t~ udar1tes originária ~ das c:~s~e.s rned 1~$
movtmento que susdtatn, é urna translação global dà estrutura da
na população das faculdades) e as op ortumdade.s de acesso as
distribuição entre as dasses ôl~ as frações de dasses dos bens que são o
fa,..uldade~ · que es tao objeti.vument e Vtnculadas a e~:;as c1ã.Ss es,
objeto da conco rrência (este é o caso das oportunidades. de acesso ao entr ·l a mudanç.ai da composlç~o sodat das fnc:ul<l~r] P.s {que pod:-
ensino superior - cf. Quadro 5 ~Gráfico 1}.
ter efoitos important es - per exempJo! em matéria d~ comun~­
No ~1So das dênd as socia;s 1 o d~scurso cienUfico não pode ignorar cação ped~góg~ca , <:Om a 111~1 ltip llél1çkio ~J ~ est1Jd1111rn~ d~~prov1-
as condições de sua própria recepção: e5ta dê.pende, rom eíéito, a dos dos p 1·é.- re.qu1s.itos implicitame.nte -2XJQldosno an lgo 1st~~,ª
çada momento do estado da proble.rr..:'Jtlc:a soda em vlgor q11c; por _ inc.usive, no caso ém que um grupo venha a pcrrm.~~eccr
sua vez, é definida, pelo menos em ptlrte, pl'..:!tas reuções a um estado socialmente do minado rne.smo sendo mmieri c.amentP. <lo~1n.a:1-
ametior déSse d3scurso. Aqueles que Côm o .ólibJ d~ dart?.Z~ peda- t,e) e a evolui:;ão da estrutura da.s probabilidad~ de esco L~nzaçao
góg~ca . s~mpliftc:arn~ até o s[mpl is nio 1 as nnál~ses proposcas em Les .... ~r.:\C~eristict;is das dif-er~11lf;!S d :;;ses, de rnodc gue l!b s pediam
h!ZdtJers e em La reprodrJction e .aprofundadas a partir dui por um ser c-a]cul.?Jdas :rela c:iona ndo a parte d os sobrevi·~1 .e>J1ks e:icolar1?-s
conjunto -Oe i ubaJhos que Hverarn como efeito, pelo rnenos~ de cada clelssc ipc.uci delennhmdo nivel do cuc'su.s* *} au c onJLlnlO de.
mostrar que elas paccavam aindzi. por excesso d-2. .slmplHic.ação. têm sua ck~sse dÉ'! o~1gem (e não ()0 conjunto de .seus cm disdpu os); o r;).
em comum com a queles que as critlcam sem comprnendê-las. a lém como se v~u, 1al estrutura sofreL1 uma simp]~ tran.;lação pcLTa o uJto
do gosto pe-~s verd~dt!s .si1r1pJes, .a incapacfdade de pens~r rdado· ~ n:iç 'n r 1<1 ver.de.d elr;:i defo1·maç~o.
né1lmente. Com efeito, a obstinação ii:.k~ol ógka nti.o basta. para
ex pi 1ear detenninadas ingenukfad es 1 telis como ~quela q Ué consiste
Processo sem~ihante de desenuo1'vlmento l1 omo té~tco observa~se~
arn fok~t de l; rna "el~.Jaç~o do recrutrurnmto mêdlo·· da uni1v'ersLd.<lde
sQgun do parece. Iodas as vezes em que as forças e. os esforços de grupos
en tre 1950 e 1960 (o que não quer dizer quase nada) e a conduir
pela rransfonnaçao da un~versidude burgu:esa ~m "' univers:d~de ~rn concorrêc1cia, por dernrminada espéde de bens ou d e d3plornas ra~o~}
dominada pl1las cLasses m&Uas'ª (d. R . Boudon~ "La crise univers[- t~nc.k~m asº equlllb r~r como nun1a corr1dá onde. ao te1·m o de uma s~ne
±:Jjre françufae: essai de d1a_gnostic sodo~ogique'' 1 jn Annciles, 3 d~ ultr.aras~agens e cle ajust.arne ntos . a s d1stãncias inkials ,encontrar~~~i~~
1
ma io·junho de 1969, p, 74 7- 748). Um simples olhar sob te a • · 11'd-as- , l'!!;1<J
rtl.an d d' 1rnc1Cll
~ . f2. . tc<las as vez<.:!.:; em que as [entatlvas dos grupos ]
posição q~e ocupam ns faculdtides. - e1 em particuJa r, as f acuJdades
de [e~ras e. de ciên cias - na distrlbujção das in.sli tuições de enstno
s upenor, .s.egu.11do a origen1 scdaJ de sua cHenteta, basta para dur
mente mais despro ...~dos para s,e apropriarem dos bens ou. os. Jp ornç,5
até ai possuídos peJos g1upos situã~os tmediatan1ente o~rma ~eles
hierarqu1a social ou in1ed.iamrnenle a sua f renre na comda. sao qua~e

, medida ele. tt) análise cstatlsUca (akmnente ceJeb:rada pelo autor càrnpensfü;os . .] ., l! rn Lodos 1 •.:l n~\'e;s.
_ _ o- , • rie]os
1~ esforços
· que fazem os grupos
dt;! Le 1\1a! françois que deplo ra ô fato dr2 que esta não enhe tido
ma~s oem colocados para m.a ncer a raridãde e a distinção ~e seus be~.~ e
todo o sucesso que m erece. dando a ssh11 urna outra provê:} de seu
de seus diplon1as. Que se pense n~ luta que a venda ios. t1Lu)cs nnbili.ar-
grande conhecimento d< s realidades un~versit'árias - d . .A.. Pc;.l'e-
füre. Le ;ri.fa,! f ra ri ça is, Paris, Plon, 19781 em vá rias passaget'ls e
especlalmen!e p. 408,409 e 508-509). S lü1adas no ponto m'l~S
baixo de Um cn l)lPO er,,rjtkmtemente dor:r.rn.ad o p rua~ Grandes tcoJes,
- 111.?:üs baixo mesmo no:::; dtas de hoje. se forem julgadas pd o
rend~m anto -ccanàmtco e sodaJ dos d[p!omas que concadcrn, do
que ~s 1-r:.cno:~ p r csUg losrts e n1als rec CJ1 Les escolai; cl com é.rei o q 11

l 7b
quicos suscjfou. na !1egunda metade do século XVl, no ~eio da rwbrnla conferem a estrutura a uma formação social ~ é assegurada por uma
ingles.a, d(2sc?.ncacieando un1 processo auto-sustentado d~ infJaçao e de mudança ]ncessante das propriedades .substanciais (isto é. não relac1onais).
desva lotização desses [ltu los~ os prirne~ro~ a seren1 atingidos foram os majs fsio implica en1 que a ordem estahe1ecida num momento dado do tempo
baixos. corr:o Esqu;re ou Anns: ..em s :Jguida, foi ~ Jez do Ll[u]o de Kn ight 1
é. inseparavelmente. uma ordem terr1pora]1 uma ordem das sucessões,
qu · s~ desvalor~zou tão rapidam€nte que! os ma[s anligc~ titulares üv eram 1
sendo que cada grupo tern como passado O· grupo 1medjatamente inferior
de fazer pressão parn obter a crjação de urn novo tlh..Jlo, o de 13cronet~ e corno futuro o gn.Lpô superior (con1preende-se a pr~n.ância dos mooelos
mas e.sse 1 ovo ií1 ulo que vinhà ocupar um vazio entre o Knig!1 t e ô par evolucionjstôs). Os gn..1pos ern coric.cm·éncia estão separados por difore.nças
do rc.ir~o ap~r~ceu co1no uma ameaça âos d êtertrnres do Ll~u lo superi or , que, no ~endalt Sítuêlfl.1-se na orde11~ do tempo de modo que a d ifll~r· ca da
n i_io va]or est ava Hs~ado a uma c~rta d i$, tãncia~. Nao ii!: necessário ]n vocar d~sdassifica.ção e da rQdassiflcação é predisposta a funcionar como um.
as determinaçõe::; pslcol6gtca~ como o ódio do inferior cu o ciúm~ do m ecanismo rdeológico (cujo~ efeitos são intensiflcados pelo discurso conser-
superio r·. corr . u e fo.z l....a1;'.'l"<2nce Stone. peirn dar conta das lutas que tem vador} que tende a impor aos agemes a llusao de que lhes basn1 espemr para
por 11rin.ciplo o cresdmen~o Cl l <1 defesa da raridad,. rnlmiva da identidade obter o qufl $0 hão de conseguir, de iato. por rneio de suas luras . Situando a
~udal. '.'!o ç~so do titulo escolar. com.o no caso cio r!~ulo nob il iárquico, os d~fere.nça entrn as dasses na ordem das sucessões. a luta da concorrência
preLende:lLes perscquem. cLj12.tlvame.nr~. a desvalor"za\ão dos detentores 1nstaura uma difeHmça qut'-, à maneira daquela que sepam o predecessor do
pelo fato de se a propriarem dos. Lltulos q1.>e faziam sua raridade: não há .sucessor numa ordern s<)Ctal regulada por leis sucessórias bem estabelecidas
n~da mc'hO'r pi:ira desvaloriZC\r um 1í t11lo nobiliárquko do que comprá-lo é. sjn'lt~mneamente, Q mais abso]Ut<l e a mais intrai1sporilvel - visto q1.1e não
quando se ~ pleheu .. Quanto aos deLenrnres, pcrseg·~H2rn objºtivamcm tti. a há outra coísa a fazer a não set ~sperar'! às vezes. uma vida •nte.irn, como esses
des·.,,,.a lorlza.ção dos pr12:l ªnd ~nt es. s "Jja abandonc:mdo--lhes. de a lgum modo, p~uerros burgu·eses que entran1 em casa no momento da aposentadoria;
~~~us ti•r.;Jos para per5egufr os mai raros sejri introduzindo entrn os Umk-tre!~
1 outras \.'c?2ºs , muitas gerações, como css€s mesmos peq llª11os. butgueses que
c~rl.d;; dlierenç~s Ug~das à antigüidade do ac12.s:;o ao []tuJo {corno a nianelra). pro~ongarn nos f~U-.os sua própria trajetô~in tn..mCãdarn - e a mais jrreal: a lnais
Segue-se que todos os grup-os que estão engajados na con kia , q unlqw2r evanescente; uma vez que se sabe que, de qualquer forma, un1 indivíduo
que seja a flla, s6 pod\m1 conscr\.•ar sua posição, s· ~a raridade. seu posto, conseguirá, se soube. esperar, aquilo à quº esrá destinado íJ:elas le~S:
com a condição de corret·c.m pa1c1, rnanler <~ disrância en1 relc,ção àqueJes inelutáveis da (f.Vôlução. Em suma a lula d~ concorrência eteff·,iza, não
1

que os segu ~n 1 im ~d i alamente. e de G1meaçarem assin1 com sua di/erenço condições diferent~s. rnas a diferença das condfções.
c.que]es que os preccd~cn : ou, sob um o.Jtro aspecto , com a condjção de Lé-se, no quadro 5, r') relação entre a evolução morfológica das
as pirarem a ter o q1,,.1e os gr.Jpos situados logo adtante dmêm no n1esmo diferentes. dasses ~ frêlçóes de da:;s.es. e a evolução lo grau em que
mon ren[O e que elces própnos 1 erão ~ rn.a.s nurn tempo u.'ierior. A c1Ja1éüca é mllizc.do o instrumento escofor de reprodução pelos meiTibro~
da desclas.·ifir:açáo ,e da recJass]ficação. que es[á no prindpjo de todo um dess()s cID.sses e frações de dassc~1> : o volume dos grupos cujo 11 1vdo
conjunto de p rocessos soda is, impl·cõ e exig~ que todos os grupos de repro<luçbo era fundado, .sobretudo no lr1ido do penodo. sobre
a transrrüssâo do pt3'Mm6nlo econômico 1~)d e ~ ci imirn.:ijr O LJ a
envolvidos corr;;:tJm no rn12..smo se ntido, para os. n'l{Zsrn os objetivos. Oll sejal
permanec12r estacionârio. enquanto cre:;.ce, durante o rniesmo ce.m.-
as mes mas prop ried ades! a<.p elas qu~ lhes são des ig~adas pe!o grupo que po. a utilização da escola pela<> nit)J)ças ar iginánas desses gr\lpos
ocu )a 21 primeira p osiçQo n~ corr1da e q~H~~ por definição, ~ao propriedades q ue, em gra n<le parte. irão e.rigrossar as categorias ass~lariada:!;
·nacess]ve:s ao5 segujn tes~ uma vez q rn, sejan1 elc;s quais 1orem. em s1 :situadas no mesmo nivel da hierarquia soda 1: os m embr os <las
r ~ le~n ~as e para elas próprlas: são mod lticadas e qualiflcadas por sua
raridade disrintiva: a]ém disso. e las ncio se rã o ma is o que são, de.sclf! que,
n ultipJicadas e dii... l.llgadas, vierem a ~e tornar acess)veis a grupos de
1
1 O. Sl!'fia r:' ~r..:~árx.t HJ !>'ll·~t"tX.ilS as CC':"ISE'q;:.~n:in:n-ocl.~i d,:. i'lt t&50 c:::letii.:o e in.li l o, ~,s,c;c.. tard1c
1
/ • •

condição infetior. As.sim. por urn paradoxo aparente, a manutenção da (un oposiç.ío oo ~ v,) 11.!tr.. :C'm pêf deito sc;qm.~'11~ t i li,.:7.11 o Cempõ de. u~ !.'1zaçóo, 11 1,1 hL: pllt.(1
l1Uma rea~· ~ ílleJIOS fa:.111ili r. 11 ll'l ll'°.t> 111"l,' llllfaJ. C:Ot:H il prÔliCb ~I 1) h(•t fl ..:CX:'6..,~::d::i (o qUP. p:xle kr
ordem - isro é. do conjunlo dds d is tãndc1s , das diff!r~n ça s , das po ·ir;ões,
c~:r 1:;.;:i1fltrdris l1~:nic:i.s - ~e se ~r!:.iil tlv 11111 ?11.rtomfr.,-el c u 5il'TlbôhL;;, • - : .;> se ~r.•m1 d' um bern.
da5 preced ências. das rrioridade.s, das e:xdusividades. das distinções. das cultural:· Al.mt dii5C, -=se alrru;;:i pedi? tepr~n{ót' o '-Yluti,·~ler::-:_e di!:~itc;·..OOJo d°' :-un e !iimples
propdedades o rdinc ~s e, por conseguin e 1 das refações de ordem que r.m'Çlç.50 q•.1!.1....-do t: \;l1k11" oo b~n L,AI da prinica .:ip;Ji, -se 111'11 ~)C ~ podcr a'i,rr 1ri~ it•o 1~..;i.e&-1,
1;.•idr;.'flll)ff!CHU('!, ;à u[JTO:pri<JçfuJ r;n..1:•..+j;(ld."t C:l~ C':<:dusi~·~ - 'e>:à.S\ol . ~i:Je.º' - C:~! t'°'íkniti\riil . premiê-
r ..s "~dr:;. quQ. n.:if'l s.:i:l~~;;içõ:3 ir..~ónsertis i:.JV~ l":! li.j pmflc:C"dDni'i ~e~ 1..'enoodOTJ?[, cl • ~'i!r··i~);;C:· oo 001"6 que
1ãvi ir.t.-arr:sse nas i:I -rit<Jii cv; aNoo'axla e:<ri-omrrt ~ tt': · !a!lm...') essi!s..-; rlefa~11gens, o.len!-!l11do Pf.1
·xP1nplc., <1 cmrr.itemp::: - .....,tl •r.-: ur~rm]7,, li'I~ f::xn de e:~aç~o - ou r.;icardiJ.la r~mimtC' - rou~ns
9 .. L Stc n". ... r;1a ln:laucm of 1-1(!~1oi.1r!°; 1!1.G· 1641 b1P.:m orid Pr~sen~. 14, 1958, 'P 45-70. O'J r)l-~ci~d:.0 1 t<l df' lTn:x.lt\ - • 1 l't q ~ -vi t~ li ~'!'.~ 1 k:no vakir l?m seu ~e' •Pó l)'J r:11n IY-lrr:.1

178
frações de d~ss e ·em expansão rnorfol6glca (quadros med ios. 5·.. A evo1uçi o modológica d as d iferent es classes e a evoluç ão
quadros superiores, empr~ga<los)i ricos sobretudo en'l ca p ital cul- de sua relaifâo 1;o m o sistema de i Ul$ino (1954-1968)
tural e cuja rep rodução era.. no inkio do pe.tiC<io, as..seg·.~rada
'fri:.:a rfa Ta:.;a de titulÇ'J r.e? 'Pmba~ib:fade.s áe T <1x11 de !?!côbr..zàçlic 1
p rindpú!m en.te pe!a escola. tendem a aumentaJ a ·e scola ri.zaçáo do s ei.!tfu~~{J ele 6EPC e i.ilC~Q a.o P.r.s;lr..o f16-1.8 i!.TIQS~
hlhos -quase n a m e!srna proporção das categmi as lndependentes ~nbréológii::l! ~dl 1li:1 (l 1o'.Jl"t~1 1S) •:u.p •nnr •
que o~uparn uma posição equivaJente na <?Shutura das classes . A (B.:::sa
's 962 1968 1961/ 1965/ 1954 196Z 1968
jnversáo da p-esii:;:ão r.r.::Jativa cfos empresários do com ércio e dos 100 rni. % % I962 l W>r> % % %
19&1}
empregados, por um fado. do.s .agrícu !tc1·e.s ~ dos operârlcs. :p er 3 ~

outro. expllco --~.;? pela intens:lficação do rncu~o à escola que se ,~h:ir.::-..doo ··~n::ól~ll 53,7 0,8 .L,6 0 ,7 2 ,7 3.0 23,3 29.7
~mpôs ãs d U.t \5 categorias em declínio numérko e. simu ltaneamente , P:ucltt!'O~ o!lSl"ÍCOlM 65,2 1,G 2 ,7 3.6 8.0 7.5 22',5 38.8
pela ;?le:..iaç~P g~obal das cara.cterlsticas ~tafü~ tcas dos mernbros da Ó'.'l12r.á.'1'1os 12 2,S 2,0 2,9 UI 3,4 16.3 26.1 35.4
cticegoriil (visi~·eL por exemplo. em ma[étia de títulos ~scolares) qUe
Empre!iiirja; dt1 B.9,0 8,5 11,3 1 6.~ 23,2 :~o .o ~;.o Sl ,7
resultá d~ tnms formaçâo da estrutura intem a d es.s-as categor1as -
1i:idüstria E do
n.o senHdo de um~ menor. di~pers.ão - ac rnais precisamente. pelo r.c.rn~rcla
fato de q1Je as camadãs in'feriores foram particularmente afetadb__s Empregadas 120,4 ] 4 ,7 19;2 9,5 16,2 34.9 47,() 54,3
pela c~é e. irnpeUdas à desap ari.:;ão ou à reconversão.
Q~_drO!:I rt-:.édle6 16-~\3 39,9 43,3 29.6 35,4 42.6 71 ,0 74.6
As taxas de. escol~rldade representCldas no Gráfico estão sem
Qt:.o-.dms sup<::dores. 167,8 69,51 73.4 48,5 58.7 5913 57,0 90~íl
dúvida~ superestima das pelo foto de que as estªtis.ticas só ~evam em
Ptoíissões llb~i!ls
coma os )ovens recenseados na fowUiai - ~. ..cJuindo aquele; <.:ft.le
1,.•j\. .arn sc.zinhos ou nuni il1te:mato, nurna "repúuUca ' , .clt c. - ~. ~em
1
1

dú·.;kfa:i , c"d~ vez ma is, à medJdei que se desce na h~erarqu:a soe iaL Compreender esse ln eca nismo é, antes de tudo t ·p erceber a inutilidade
O ligeiró estrcitam ênto ·do leque qu~ parece esboçar-se n.o período dos debates que se engendram na aJt~rnativa escolar entre a. permanência
recent,e é imputáv el, por um lado. ao efeito de satL1r.acão que·.afeta e n alteração , a estrutura e a históna~ a reprcxiução e a '·produção da
as (:ategrni as n1a is ·elevadas· e, por ô utro, ao fato d~ q1.1ê a estatts ica ~ociedade" € q U€ t~m por pr~ndpio real a dificuldade em adrnltir que ne~n
ignora a tlist rih~~c~o dos adolescent es dos difore.nt~ classes êfltre todas ~s contradições e: as lutas sociais, ~ nen1 sempre, estão e1n contra-
r~m'-)S de en$ino por sua vez, são fmtcmmtc hierarqu~zados .
qi.1,e !
Entre 196 7 1968 e 19 76-19 77, a parte dos filhos de o pel'ários ~m
p
dição com a perpetuação de uma orciem estab el-edda~ qu.e, para alért1 das
daS:ses de s.econde do enstn o p úblico (que rep resentava. em 197 5 . antítes€s do '" pensan1f::nto binârio" , a pcnnan.ência pode ser as.segurada
40, 7';',f. dos jovens. de 17 anos} perrna~ec~u constante (passando de pela mudança e a estrutura perpetuada pelo movi m~nto. É também
25, 7'* para 25, 9%), enquanto a parte do~ íilhos de quadros e crnnpr12.e.nder o se.gu~nte: aqueles que. apoiando-se sobre as proprieclade.s
ql.l e podent ser charnadas catclinajs fa~a m do aburguesamento! d (l classe
1

niembros clas profissões 1ibernls passou! durante o mesmo per.íado. r LI

de 15, 4% pc ra l 6,8~rfi , AJ&n d1sso, em 1976· l 977, entre os ah.Jnos operâria e aqueles que buscam ndutá-los invoc~ndo as propriedade,s
de seconde. 56 ,7'fc dos filhos de quadro.s :;.up~riores e membros das ord~nals ~ tên1 en1 comum, evklentenumte! o ·fa:to de ignorarem qlJe os
1

e
p rofissões libera~s estavam na seção ·:·coni, dornbi"1nte cientifica) aspectos contradit6rjos da reaJ~dade fo~ilizados por eles são, de fato,
con:ril 20,6%dos filhos de ass~lariados agric(Jlas e 23,5'%dos fllhos dimensões indissociáveis do mesmo prOCe$SO.
de opoilr~rios. Inversamente, 9 ,.8% sorrnm te do$ p rimeiros estavam
O que€!. que me impede. de respond~r. aqui, a todos aqu~e:s q ue,
n uma. seç~o com dóminante técni ca co ntra 24 , 6~·, dos filho s de
por precip~tação ou prnconc.rzlto 1 ju.ganun ver em La reprod uctron
a5salaria.dos ~grkolQis e 2S,7% dos fjlhos de operários (d. F. 1;.1 ma repres.entação do sistema ~scol.ar como m áquina intelrnmente
O eu \.'ratd. a,l'tigo a !:e.r p 1.Jb)k:~ do}.
organizada com vistas a reproduzir tndef1nH1m112nte as desigualdla·
Fon!es: [NSEE. f?ec.e. n.se me nts d<;- .1a pop u .lr;1tfon, 1054, 1962, 1968~ des soc1als ou a impor, sem r"?sh;tênda, a icleoll)gia do m inante {n ã o
' Probabilités d 'ar.t(SS . a l' ens~nernent su1~..Zneur" , in P. Bol~rdleu.
1

sou eu quem faz a carlcatura dessas i:;t:trlca.h!ras)'? E també m àqu~le~


J .-C. Pa.«is~.ron, Les ~1értHers. Pa,tis, Ed. de Ji.;1inLúli 1964! p. 15 e P. que. in12b rSad os por uma lucidez retrospectiva, que.mm dei..· olver à
BGurrfü~u. J.·C. Passeron , La reprr:dudfó n, P~rls , Ed. de Í\·1inu it,
ordern d'1s r:?.Vld encias çonhedd.as desde sempre a conhibui.ção d a
1970. p. 260: "Ta.ux de scolarisaâon de 16 à 18 üns'', itl Donneés Escola parn a reprodução da ordem soe ia 1~ const.atação qu 2 teve
Sociaies, INSEE, 1973 .u. 105 (para 1\J75, cálcu]05 feitos p parfü da
1
de. ser estabelecida ·evidênd es e todos os seus
con~ra todti~ élS
c:.ondagem q 1/ 5 do rece.n.setJ.n~121"ltc:- 1 Q:;.a.dro SCO 38 C). glJardLãe...-::i a}jés. c-0foca-se a questão de saber por q ue niao p ro f es-
s&ram tal p.oswrn rna3s .cedo, J6 que é por d-ema~s evidente que as
e\Hroci()s )arrmis os am edronLMam·? Alnda a todos aqueles que 1 por

180 l ~
um proredimmto jâ subm.ecido à prova desde há rnulto, :ritk.arn não p~~eguiçáo - em que. desde a p.artid{;J. estão ·necessa1iarn rtnte venc~d~s.
aqulJo ·que r(2~nente estã estrito, mas o que terlarn IX.Jo. por meio de como o 1esterounha a con-;lêincja das d1stánda~ - r~conhc.cem imphctta. .
contra-senso~ freqü.entérnmte denuncif)dos de antemão, par~ re:::onduzir rnen {e. pelo simp ){!S foto dei concorr~r: a legitimidade do.;; fins perseguidos
eis êmáfís.us propost.as ao aleãnte de sua crltkti. fazendo pensar n~ses por aquele: que os perseguem.
clowns que abaixarn a cabeça de~~,1. .compar.:;[) untes de 1he daren~ um
Tendo est~belec1do a légira dos processos de concorr~ncia (ou debanda-
murro ~ fugl~~ o mais depressa possível?
Entre as mu1t as rnzõ es <lesse .s.Llfu-lc5o, eüã a lsutnas delc1..11, Em da) que çondê ncun cada ag :inte él reagir isoladamente aos é~ír.os. das
primeito ~ug~r. o senUment-o de ClUé há tanto por fazer e que é numeras<-- s mações dos outros agente..~ ou. nM:s e.xG:itament.e, ao resultado~
prefetíve! ecn.prégar à e net'iJ ia e o t.empo li.m1ladm de QLJ{J: se dispõe (JgregGção '-'S!Ot ísUca dl~ suas ações Lso]adas, é que roouzem à cla::;se ao esta~o
p~rc faz~r progredir o conhecimento do mundo sodal e corrigir os d~ nwsso dom5na.da por seLJ p róprio númerc € $Uo própria massa, tein-se a
mocfoias proi..'lsórios que ê necessãno propor para progre&r. Em pos,foil1dade de fonn1~~r º que.stcio. hoje nnülo <lcbatLda en1ríi os hi ~tori~do­
s~ukift t\ recusa de cooer li compJacência qt~e irnpUcariu a evocaçáo re.s 1 ~, relaliva. às condições {cr~$~ econôn üca. r:rL.;g econômica :;obrevtnda
dt:t$ concfü;:ões l ii.•Lôrica_s n~s quais os pri~ti.elros lrabi'<lhos foram dcµo~ de um perio:k; de. expansão, etc_) nc..;s quaL- ac.aba po: s~ 1nterrornp,f~r
procuzocfos e ~a. r:ts vezes. po..1enam ter levutlo a uma 1nterpr~taçãô a dinléüca d~s opmtunid des oujeti·..~as e das esperanças :'.UbJetLvas. reprcdi 1-
for0d~ no Sénhdo oposto p.,1ni combatff a jdeologiã tia "escola zbi.do-se mLLL uam~nt~- Tudo Jeva ~ crer que :um bru~co desllganwnlo das
Hl;.Prt dora" - primeiro o~;.st~culo a to...1o conh<:!drY1m l o d entifico da
i;;
l.porh.mklades obj{.!riva... com relação à:; ~pera1ç-as Silbjetivns suger~das pelo
<=>.sr.ola - ou. por vezes, Jl êlceitação de t.~a llngueig •m objetivista e5l· do anterior das oporlun:dade.s objetiv<:ls e de natur.zza a <letem11nur um<'\
decid.idamente orienmda contra a üu~o e;pon.taneísta (ou " a"ion~fü~· nl[... ll.J.rn da adesãc.> qu~ as rlass~~ Jorni11~d-:i.s - ~ibita~1e~te e:ic:du~àas d~
ta "Jqu e ~ nmis é tã o prm1ávP-I e t5o pmigosa quanta a p1'opó5 ito do
cc.m1 da, de torma objefr...ra e subjetiva - d.1ribue.rn o.s obJetivos don1mau[es,
sist~~a1a de en::;ino: com efeito, e prlr seu int iJrrnédlo qul~ o~ r rofos5ores
at ; aí raci tamente ac Ji o;;. it~. por cons~gL:imQ, rnn1ar po ... siv<Zis a )nvençãô ou
e. 0$ Í.tlrelectuais se d.issimu~m <l verdade do que fazeJ: n e do que são.
criando para ~i pr6pnr)S urna ima~Jein c.ompla<:e~~te cJe suas "lutas'' e a impo:-;H;2iu dos objet ivos de UL na verdõde1rc ação coledv-t
de suas d1~pes)çõ~ kH~Jolucianârl~s". Erihrn, a consciét1da de que
não se pode pretender rooll2·r p~a refuhic:Qo lógica certos dc5 · u~os Gràfico 1. A transJação das taxas d e escolarização dos jov,e.ns
{.;Uja ir:o;:uf~ciência lógica e p1·01J~ .suíidente de qu~ só pooem .ser com idade de 16-18 anos, entre 1954 e 1968"
d fer·,didos e admilidos pcm . .1u.e têm , po:r p)'in~ipio , razões socio-
J6gmcas mats fo ttes do que tódas as razões 6gicéls.

A reprodução da estrutura ~odal pode se reallzar na e por uma tum


'ID

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90··· -- ·---··-- -· - - -• -<)Z

•74 ...
...... . ~ .. • . -. - • 79 - e-
"""' ••iihNl• Suljl-C"rlan:i,
-+- P.rofJ••Ôll!• Ulb~l!i

fui.ecuOva. Mi-d hH!


de concorrên.cia que conduz El LJJna s1mptes transação da estnttura das
distrlbuiçóes enquanto, e som ente enquanto. ós n1ernbros das classes '10
... . --..- G11nsn l••
dominadas entraren1 na lllla d e f orma desorde nada ~ isto é , por rneio de. ,:: ,,:: : :::: °.--,(.6-2
ações e r&)ções. que só se tota1i2arn estoHstjcamenre pe~os efeitos
externos que.. as açõ€s de uns Qxércem sobre as açõ'2s dos outros: fera de
toda 1nteração e de t oda l r:an!;açáo, logo na objetívldade, fora do conl role
f.0

P'10
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E mp,,..aa.do•

~[o:r.adm·~· Aerlco!n•
colel!1..io ou indi1/ d1:.1al e: rnais freqüen tem 12.nte, contra os interesses indivi- 4U .-t-.! K
duais e coletivos dos agentesu . Essa forma particular de luta de classes.
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que é a luta ela concorrêtlda, é aquela que os m€mbrcs d.as classes ()p•)r4rln11

dominadas se de:ixan1impor quando ac.eltam os desafios que lhes propôem io


os dominantes, luta integradora e, pelo fato do handrcap inicial1 re pro- --i- All'!M\l~:rtOJdo• A91:fool-111•

du tora urna vez qué aqueles que ~ntram n e.ss...~ espéde de conida de 10

111i162 1968 1.97'5


1954
] 1 ' D l!mll"é ~SE:!S ix~c::-;SSP:::. rl<' ~~(!;; esl.<'lfü;.(j;,a e ::-onslih 1írln p I~ LJ1"0Ces505 de pnnlcc ~., deba.'1d:::ida
no:: quais f'.a.:,b i'l:~1 1l? .:o:llnbui r-~ira d&.~ll:1 c.·.J{~ l.;'rr:~. exe::u'!tlr.do r;içô~ (lt-:lmi Ih 111rl, ; 1•elo w.im
lem:d-:;i ((?; ó L..1SO di::;s r~nÍClli Í111i?tl 1f1,'>l!<'t1~(. t;.:! 11 L000.5 es..w.s c-..~~. ('I bÇfÁJ :ild1v·;:1 .sim1~t'5 1:itr
:-~r~tisliC.!\ d! t'.!ÇGes m....Y:.t.hL=tis 1 1~:::: 1o::m.l1:!t:.:lcl;:.s,
::ctrl.L! .:i 11m !Will!.~JJ cdelíi.o nn:r).Jl'xd ou <1 th11 1iko l 2 _Cf L SI::. n, "Th{lor.P.S :::i Rei.."(.Jh.1.lJ:;:/, ~11 1,V'orld Pol íl11•., , l K(2). j;m~.ro dt: 19-G 1, P 159 17&.
• os inl e:resses Çí.Jlí'Jlt.,.t.il> e rnesm c· aos int<":f•~s-.;-,-. (.:.Jrt:.:ular:is pa-Si;"J.\td r:s 1">0~s Ct~li:i incrvidutiis. ti (C:,5CrJO ln::licLitla~. · m i:o1,lilh"'.do, <1º' 1 1>:._i r •' ;~;:o1~.rizt:.Çüo f'l°ll r::l7.J l'.ki!i Í• •l.'1'11 r;;ort"~ 1.R an cs,

182 IH.
As cotegoria·s do juízo professoral

PIERRE BOURDIEU
MONIQUE DE SAlNT-MARTIN

rracfaçã.o= VEPA S.V. rALSETII


Revrsão técnica; lrosé: CAHLO~ GA1-1c.;1A DL1l~tfü

Foo'e- Ro1Jmb.).l, P.í~ e &tint-MMtin. ~forn:rue de.. "L.e!: C1')1.~


~~ri'"' ele I'emc1'.dcm".4n1 pmf.essaral", µul.::h:adc:- ortg}nal·
men~e- in Ac.tss de lo n::â 1erthc el't ~cr~r~s sociel le.s.
l"i!ins, n.. 3. maia d:? CJ7 5. p. 68-93.
'·Por Jrts is.t~ncia da seção dos e.st ucfr1nt ~.sJ L enjne
rr1arx 1sw
deverjc fazer trê-s conferênctas sobre. a quesrdô a1rório na esco.ia
de. a 11io.s e.11tudo.s, organizadas em Paris por professo.reF. que
ha vlcm sido cassados das unjL'€.rs·idad12.s rus~{.(s (. . .). Hec·('.Jrdc n1~
de que. mHes dess-a primeira conve~sação, Viacfünír Uitd1 estaua
mL~ Uo ·!U?'Wdonado. Masr na cdblma, efr~ k :ig s~ r.ecc111põs. <Ju,
ao meFJos. ass im a.oore ntau. O profe.ssor GambaroLJ. qi-,le t.•eio
ouvi-lo; exprünili a Deutch SLJa impressã1') er ~ dumi; pa11mm1s :
"'um ve r'd.cuieiro professor". E11e acreditava , ei.:-idet1Jemente, 0 11-
torgar-Ihe. assimf ô m a .f or dos .efogios.
Leon Trotsky, JWính<~ uida

A discUSisões d~.senvoJvidastanto ent re os etn6logos (etnoi::iênda)


qi..J.anto entre os soci6logos (emometodologia). sobre as classificações e
siste1nas de das5ifÉcaçào têrn em comum o esquecimento de que esses
~nstru.ment-0s de conhecimento preenchem. enquanto iats, funções que ri ªº
sã.o.de PLro conhecimento ~ p{)de~.se admlttr quª a prática b1lplica sempre
uma operação de conh eclmenro, is( o, é, urnçi operação 1na]s ou menos
con-:1plexa d12 da~.sifkação ~ que nada ten1 em comum corrt unL reglstro
paB~;ivo , sem no entanto fazer dlsto urna consti;Jç.iio puramente in1eledua~;
o conhe-ci:i1e:nto prático é uma operação práti.ca de ccmstn1ção que aciona,
por refedmda ~funções prátlca_,.5 1 sistemas de dassiHcação (taxinon11as) que
organi?..an1 .a percepção e a apreciaç~o, " ºstrumra.m a prática. Produ2idos.
pela prátlca de gerações sucessivas, num [ipo cl12tennlnado d'2 condições de
existfulcta, esses es.quernas de pércepçâô, de apredação e de a.çào que são
adquhidos p e!a práfa;a e empregados no estado prático, sem ter ac~!5SO à
representação exptldta. fundonarn como operadores práticos através dos
quais as estrurura~ objeUva$ das .quais eles são produto tende.rn a se reprodu.z~r
nas prittic.as. As taxjnom]as práüca5, insn'\Jm 12ntos de conhedrnenro e di;t
comunicação qu12. são a COt)djção d12 ~stabdec.irnento do sentido e do consenso
sobre o ientido, apenas €Xerc~rn sua efo:ácia (~·s truh.ircrnte na medida ern que
são elas próprias ,estruturadc1s. ls o não s.ignjfica que elas 5ejarn pas4'ivei~ de
urna anà l is~ estritamente fr1terna {''estrutura]'', ·· componencial" olJ outra)
que: arrnncando-as arti~iciahntinte de suas cund1ções dfd proJ1..Jç'1 0 e
u1i]izaç<lo, r.ão pen rllte a si própria compreender as funções sodals das
laxinornlas p ráticas. Para acreditar ii.lsso bai;~a subnrnt12r à análise não inals
c.~.ssa ou cJqu-ela dessas cu dosa exótkas que a distância nQutraliza, term.ino·
logias de parentesco, classificações de p l.á!tias ou doenç·êL'; , rnas as d a.sslfl-
caçôes que os professores pro<luzen1i cot1d i.arm.mente~ tanto em seus
julgam cntos sobre seus alunos ou seus. çol~,ga~ ac u~ís ou poteodais con10

JK7
@1 SUt produção especifica (manuais, teses e obras eruditas) e e.n1 toda A construção do diagmma
sua prà tica. É na verdade n la1s dificH nesse caso colocar entre parêri1eses
CJS funções sociais do sistema de classificação que é profundam ente Dispoo-se de 154 fichas indlviduais de alunas de um pri111eiro ano superior
dissimulado e que está no prindplo de todas essas classificações e..scotares fem_inino (khãgne)~ de Pads. Nesses documentos, r'2digidos pelos anos de
e das dassHicações S"ociais que-determinam ou legitimam as prim12iras. 1960. constam, por um lado, a data de nasclrnentof a profissão e o endereço
dos pais e o estabelecimento fr0q Uantado dutante os estudos secundários~ e 1

por outro lado, M notas (5 <i 6 por aluna} atribuídas aos traba1hos esctitos e.
A JURISPRUDt:NCIA PROFESSORAL às intervenções ora ts, ac:on1panhadas. de apreciações justificativas.
Dada Çt natureza desse material, compreende-se que não se possa contar
A análise do documento excepcional que oonstltui o conjunto das flchas Côm jnfonnações semelhantes referentes a outras tunnas e determinar com
1nd:iViduais nmntidas, durante quatro anos suce..c;~f'\.!ô$, por um professor de todo rigor o que o objeto estudado deve às características particulares da
[1Josofia, en1 um primeiro ano supenor de2 Pari-;, d~verla pennitlr vexiticar insütui~ão, de seu público (feminino) e do professor. Tudo parece, no entanto,
diretan~en te as hlpótesêS que haviam sk!o desenvo]vidas a propósito dos garanUr a generalidade dos princípios de classificação utilizados.
1
criee1ios imp l1cttos do julgamento professoral na sua fom.1a tradiciona1 : as Procedeu·se, numa primeira fase, à diagonaJização dos dados sobre
lax.lnomias, que as fónnu~as titu ais dos consider<;lndos do julga mento profes- as alunas de um dos anos esh~dados 1 segundo o métcxto proposto por
sora] (''as apreciações'") revelam e qu~ se pode supor estmtu~·arn o julgamento Jacques Bertin na sua Sérniologie graph ique. Dado que a hierarquia das
profes$oral na medida em que o exprlm em! podem ser colocadas em origens sociais ass~n1 obtJda era muito próx.irra daquela que se pode estabe-
relação com a sanção numerada (a nota) e com a origem social dos alunos lecer a priori tomando por critétio o e.apitai rulturaJ da forrúl;a, construiu-se
que faz.en1 o objeto des~ais duas iormC;ls de avaliação. sobre essa base uma nova matriz; que é aqm apre-sentada. a fi.rn de verlflcar
s~ a re~açáo manifestada peln diagonal se mantinha (o que ocorreu}.
As operaçõ12S de dassificaçâo que, nesse ponto do ctff.sus* czscolar.
são operoçôes de cooptoçÇ'io, inv~srldas dª un1a função análoga àquela . Segundo o prindpio de bi erarquJzação asslm adotado e que comporta
1

que tncumbe às estratég~as de sucessão em outros unlversos, sâo, sem evLdente.mcnte un1ã p~uie de arh~tró.rio, vai·se das a~un~s oriundas das
dúvida, o lugar priv1legiado onde se reve!am os prindpio5 organiza.dores cJass12s médias àquelas extraída.~ das classes superiores,~ e no 1ntelior·destas~
do s)stema de ensino no se\1 conjunto, quer d izer. não somente os desde as fraçóe-S tnals desprovidas (relativamente} de ~pítal cu]tural
procedimentc.s de seleção dos quaís as proprle.:lades do corpo professoral (lndustliais e quadros) até às 111Cl1s rlcas (professores de universidade),
são . entre outras coisas, o p~·oduto , n1as também a hierarquia verdadeira ocupando as profissões liberais urna posiçào intermediária,
das propriedades a reproduzir; por1an to, as "'escolhas·· fuodarn en tais do Cada linha do diagrama representa o unfuerso dos julgamentos susce-
sistema reproduzido. tfve~s de ser~m feitos sobre wna aluna pelo professor: a hk~rarquia dos
Serão analisadas assim a.s Jonnas escolares de c1assificm;ão que, adjetivos (agrupados em 27 c:~sses agregando o.s adjeUvos de sentidos
como as '·tormas prirrutiva~ de clas.s1Ílcação'' das qua·s ·falavam Durkheim próximos e freqüenten1ent~ associados nos julgamentos) é a q uª foi obtida
por diagonu.!ização.
e Mauss., são transmlt!dc.s, em esséncla, na e peta prátka. fora de toda
iutenção propria 11ente pedagógica. Essas formas de pensarn~n t o , d~ lV1arcou-se com um quadrado preto a pre;s'2nça de um dos adjetivos
~xpressáo e de apreciação devem sua lógica especifica ao fato de que, da dasse considerada nas apreciações (eitas pelo professor sobre urna
produzidas e reproduzidas pelo sistema escolar, são o produ1o da tt·ansfor- a(una determinada; por um quadrado hachurado, os casos em que o
mação que a lOgka e spcdfü::.a do casnpo un iv.ersicário in1põe à5 formas ' ll.l€ qualificativo é provido dé uma nuance ou restrição {por exemplo, · elocução 1

organizam o pensam~n\o e a expressão da cla:s"'e dominante. naturat mas truncada'r; ''aplicada! mas servir' ~ "pÇlrdal, mas justo e bem
1
cot1duzido'\ · fonna difusa e chata. mas organizada"}.

L Cf P. RO ' lRD IEC e_\~ DC: SAlNT-M.t\HT IN. '·L't>:X~ellrn P. scc-hirP c1 le>. v~Úwr.! riu -~.~ti!Ulí .. N.T.: Khàgt1es, cldo :m~ra~.órlo ;:u:m i!lS Escoz Nô1mi:llS S·~"'flt;!rJotes ~6~~ cm 1~1.Ti"IS. em rue d'Ulrn
.J 1:.·1 1set~Wti?t'l"i1~11~ lr'i!.n~ls·· , ot A.·1na les, 23 1.-). l• rt.-fe•. de 1·:HG. 1} 14 7-1'l5. Sevrr:s. S.i.ini-Cbu:.J e .Font.~<i~k l!gl)dv M -l":lSino secundfui.o, e com du~açtiiv U;!: ucis i] Lres nr:c~
t:l )ÇJS o bGcca ÍJ UreaJ. durar 1te e qua.; o Ci'indkl>:1 tv p"2pl'lr<W~ e <:ortcurso d<1: lngr~o !:'! uma d •ssL'ls
* N T,; t ni.:11 •ti~ •;:$>.!) .11nlaw11lticl m., ~rnpr.;;g.ad~ pt.!lo a•.;itor p'1.ra de:jgn::.r o percut"su l~~mfa ou ~fü'no.s groridcs étu,' ei; (pc::'t<:111Jo , ins tituições de cns!!10 s rperlor, l:;'depimrlé:"rtes áõ s isteff:1<"l. 1,1nlt..•crs\t é.r=-.o.
lc ngl:.. n•!G'it.! ::::i.t i'l<:r.:I' rel-i rnmo <l~ t·11::J 1t~ 1 t'~SS•~ oJ11 · ~·3'1ll"~ . ~sc.:1lwfa~lml'r.:,:.i:• afot11a:fo p.;ilo ah.mq 17.Jf! t'<lt':t',Jt~m :i:;or co11c1,.;J"SO e ~e cfoslir2 m il farrm.r B'i cll·,í'.s ln.tcle.i.:.tu;:ils e dirigente5 d'1l miç!:::.),
n i:.i pro;;se!:JuimE!"!LC C.c SL'l.JS esl udm Tll t),~s. fd<?r11, pare. tis grn.ndes éco i ·s cl1' rJjfit:.:is ~ri.Je rl' :1m. Pol!h."~nl~. Cef~Lrnl. Minas ec.I.

1
Colocou. .se à d)reí1a do diagrama a média do con jun to de notas
IJJ!. Y,0111 n:PJdE" obtidas , aluna por aJuna, durante o ano .
'r;.:J~;rq '.Yo.l.lL.00

Pdmeiro leitura do d iagranw

illllatilldll..1 · 111~s
Cl Jr i:i 1
1 Vê-se, numn pri:meirn ob.servãçãot que os quadrados pretos desenham
grosseiramente urna dia.gana]: os quc)]lficativos rnais favorâv·ei.s aparecem
': .o ~u:it•J õ> ' ri 1~-. d ~ .;i
com urna frnq llênd~ cada vez malor nc.1. medida en-1 que a origern socil!]
das alunas é mals elevada. Observa~se também que as norns n1l2dias
ro1J ·oJ}l\'!1'1. 'u1d111t:! 1 eJevam·se à medida q ue se sobe na hierarquia sadal~ portEJnto à rne.dkla 1

õ>.ju !."Ul.dJ U~.J :


que cresce a freqüência dos juJgamentos elogios_os. Tudo p~rece lnclicar
que Cl origem purisjense. constitui uma vanLagem suplen1enta_ r; os parisien-
ti 1.iJlllii: ' ses obt~m í fr~üen ternente, par.a or=gens sociais equlvafente.s, urna taxa
lnais ~]e\.1ada de qualificativos raros. As alunas proven1entes das cJasses
rn'i<Has (que constituen1 mais da m~tade do grupo das notas sjtuadas entre
np..-wir; w".iµ 1.:.~!J.!-1di.i.1J
' ttlt.til. 'o.ir~qlJ
li 7,5 e 10. e que estão totalmente aus~ntes do grupo reduzjdo das not<ls
superiores a 12} são o objeto pnvilegk~do dos julgamentos n~ativos - e
dos n1ais. negaUvos entre efes ~ tais como bobo, s€rvtl ou vu1gar~ . E suficiente
j Lmtar os q ua!ific.atfvos que lhes são de pr~ierênda aplicados para ver
<'l'·''tll':-JI
~~Ji?'!io?J "O':lfafo\ ;ll composta a i magern burguesa do pequeno burguês como burguês em
n1jniatura; pobre~ estreito, medíocre, correto sem mais, lnábll, gauche,
,õ:o'. ~ 21Jl 'l'.if!:I 110 11
confuso, etc. Mesmo as virtudes. que lhes são atribuídas são também
•j':-'i!l HJth.J,,:::; ' r.ip!',.ll!-'J negativas: esco]ar, cuidadoso, atento, sédo, metódico, tlmido, comporta-
up1_o;:s 'ui ~ , do. honesto, razoável. Quando ocorre de s·e lhes re.conhecer qUi;\ljdades
" 1' •·m' '•'"°P"'!J!•1:i
mais raras, corno clarªza, concLisão, fineza, su1Ueza! anteligênda ou cuttura,

- 11: 1: i;;q jl 1~'1d


• 1 1 1.'I~ • 1 ~ 1 ~. u;.~
é qunse SQmpre CõTt ) reshic;ões (leremos, no quadro s1nótico apresentado
inals aLai.x0 a apreciação 1 b, mantida por seu caráter típico ideal), As
1

alunas provenientes das frações cu1turalmente menos ricas da classe


.--;l'\;:p 'or•p 1cn
dominante esçapam por completo às apreciações majs injuriosas ~ as
1

·1_11,,,~:;,1J ' Gl,;J 'i .::. ~' 'I


des.ignações pejorativas de. que são objelo, são frºqüent~mcnte acor:npa-
J fi! Pl~J.:-:.. ;-.i. ·1ul,i.Q.JL.d1\JCV
nhadas de restrições; elas rcc12bem q ua~lficações rna3s raras, mas ain~
·.-:r1°-:•r>1m1..1 '1roi 11 h·~ · ';.;o!1'ó!1'. muito freqOentenHmte acompanhac.las de reservas. As alunas provenientes
~...... !J~U. das frEiçõ~s Ja classe domh1ante. tnajs rkn em c.apftal cultural csçapam
·0111 m rw.:u;• n1llPLl uJ , • ~
0

quase totaknente aos jul_qamentos mais negativos, mesmo eufemlzados,


assim como às virtudes pequeno-burguesas, e lhes são atrlbu]das com
insistência as qunlidades mais procuradas.
De foto . o modo de classificação adotado tende a minjmiznr c:is
diferenças en1Te a~ classes. A grande djspet·são da distribuição dos adjer]vos
que ocupi.1rn uma posição mediana na taxinomia não é inteiramente
impiu láve.l ao cküto desta posição nem mesmo ao efeito do agrupam12nto
de ndjelivos dderentes, mesmo próximos. Ela deve·se sern dúvida essen-
c.ialm eplc no fato de que o rnesn10 adJetivo pode entrar em combirmçôes

t ~

8
p.
ô 2. Carnr~~~c1e11"..e <1i..;si:m~es da cli'l!l!il? clo ;:.110 est11d.it<b, as !'.lll:fütS i>ri.·.Jttdl'!s <l~ cli:1i;ses poP'.thlr·es (qu.:?
=> "O
rV1n •• lrnpilS!iilm 1..1111i1 c u duas pôr dli'>C) ~uo objc:a rle ~n;rcdl.!IÇX:.-..'!S- rrrJlr.t; p'T"Óxlt"r:t.s tl.::.qudlls
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e <l1rlbi:1:1o1S :1 t JUr'<l'IS d._!S dMsCS mWiru;,
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ti ~~
diferentQS e receber a partir daí senHdos mulro diversos~ é o caso em que se relaciona com a palavra e, n1als precisamente. o sotaque, a
parricufar de qu~Hficativos con10 sólido q 1.J e~ associado ª cuidadoso e eh)Cuçdo e a dJcção que são as mareias mais sQguras, por serem as mais
alen1 o, pode ser apenas urn mt.xio eufem]stko de reconhecer ós méritos jndel~vels, da origem sedai e g12ográflca, o est ilo da lingc,Aagem fa.foda,
da in1pecá•.,re] mediocr~dade peqt.J e110-bu rg11e~q (o que diz adml!avelmente damente do estrJo escrito. e enfim e priru::ipal;n12nte
que. pode. djfor1r profurw
o sem tllG~b do ·'cotTeto sem nlais ") enquanro quet combinado com o hexfs corporm', as maneiras e a condut~\ que sã.o freqüentemente
ínteliggnr~ ou ~L tjJ, exprime a s]nres :i p erfelta das vinudes esco]ares. desrgnados muito dire a:-nent~ nas apt·Qciações.
Obse1" a-se-. por OLltro lado, que, para norn igual ou equivalente, as
1
Não ~lá dúv~da de qiJe os ju~gam.entos que pre~endem aplicar-se à
apreciações são tanto mais sev~ras ~ mais brutaln1ente expressas, menos pes.soa em .seu todo 1evam em conta não somente a aparê:nci.o física
euforr:.[sHcas, quanto ma:s babra é a orlgern sodal daç; alunas. Para se.alcançar propriamente dita. que é sempre socialm ent~ íll(jrcada (através de índices
a inruição con ereta d esse efeito. basta ler no quadro sinótico os julgarnentos c.:on10 corpulência, cor, Íorrna do rosto}, n1as .Lambém o corpo socialmente
sobr~ akmas de origem social d~f erente que receberan1 notas semelhantes (quer tratado (com a roupa, os adereços, é1 cosn1ética e prlnd palmente as
dizerr situadas na r'ílêsrna tnha por exemplo 1 b. 2 b. 3 b). Vê-se que os
1 man€iras e a conduta} qL1e é p ercebido acravés das rnxinom ias socialn1ente
considerandos do jl.' lgam ento ap arecem rnals fortemente Hgados à origem. constihl3da~. portar1ro l1dó como sJnm' da qualidade. e do valor da pessoa.
social do qi..1P ;l noto ern que ~e €'~xprirrte; isto sern dúvida porque ele~ traem {Em razão da má quafüfad e das fotos colocadas nas fichas, teve-se de
mais diretamen e a representação que o professor faz das ~l1Jnas a partU- renundar a pôr em reJação a percepção que o profes~.ot poderia ter das
do cor1hechnento que ten1 de antemão do hexis corporai'* uecada uma , alunas através da aparência física de cada u1na com o~ adjetivos utilizados).
e da ave.Bação que faz em função de critérios totalmente es1r(}nhos a<Js que O hex1s corporal é o supor1 e principal de um julgamento de dass ~ que se
são exp]jcirnmente recorJ1ecidos na d-efin1ção técnica do dr::...;;ernpenho exig1do. ignora cotno tal: tudo se passa como se a intulçao concreta dai; proprie-
O julganrn.n to Drofessoral apóia-se de fato sobr~ Lodo urn conjunt,a de dades clo corpo perce.b3das e designadas corno propriedades da pessoa
critérios diíusos . jamais ,e xp]icitados. padronizados ou s s l ~~matlzados, que eseives5.en:l n o prindpio de uma apreensà,o e de uma apredação gfobaí~
lhe são oferecidos pe.Jos trabalhos e e.xerddos escolar'2.S ou peJa pessoa das qualid.adês intelectuais e morats.
tis1ca de seu ilutcr. A escrfta às vezes explicitamente rn~ncionada, quando Se os d iscursos encarregados de evocar unia pessoa desaparedda
chama a atenção pela sua " feLüra·· ou "puetilidade'', é percebida por d eixam tanto lugar para a descrjçáo de sua aparênc1a Hsica , é que esta
ref m-.~ncia ~ uma rnx:lnomin pratica dils escritus que está longe de ser neutra fundona não somente corno um auxJlio da memória! mas tamb ém corno
sodaln~entQ e que se organiza em tomo de oposil;ões ta.is corno 'dtstinta''
1
o analogon sensivel de toda pessoa, o que €la fot desde o primeiro
e ·'inrnJ12ctual'' ou ·'pueril., e "vu]gar·= . A apresentaçâo. que só excepcio- encontro: ''Tod~ sua pessoa dava a impressão cl~ que tinha um corpo
nalmenk é mP.ndonada, é ta.mb~m apreendida através de urna grade somente porque se deve ter um. mas sem sàbcr como Lisâ·lo. Seu pescoço
socialm'2ntf:! marcada: a desenvoltura excessiva e o cuidado meticuloso (o muito ongo sust€nta\'ó um rosto simpátlco e estranho ao me~mm t~mpo.
sublinhamento escoJar e St!US lápls de cor do prinuirio} a~ são igualmente quase sempre inc:Httadc de um lado ou de outro. Aprºsentélv.a essa tez
conden~dos . O estr~o e ,o ''cu!tu ra geta!" são exp[idt~m entc lomado.s ~m j:ncolor de lolro que é própria das crlanç,as írâge1s e cuidadas ~ talvez
conta, m as em graus dHerE;nle~ e com. crtLérlo. variado$ segundo as demals , por mulheres já idosas e amedrcnrndas - e olhos imen5os. de urn
disciplinas (por exen1plo em fik)sofia e em francês).
1 azul incerto e vagamenie maritimo 1 um nariz quase à la Condé, e. m uito
Vê-se qlle a cuhura específlca, no case par1icular o conhQcimento de ao estilo século xvné urna fronte n1agnificamente desenvoh.1da. mas não
autores filosóficos. o domínjo do vocabulário técnico da fllo"iofla, a. aptidão des medida'' {Nctíc1a r,ecrológica de RobPr1 Francillon , ln Annuaire Et,rs,
para construir um problema e conduzir uma demonstraç?o dgo ro$a erc .. l 9 74 , p. 46). E se a intuição global que 5 ~ exprhne nesse retrato sust~nta
de fato só respond~m prn· umCl pequena parte da apredação. Os critérk>s tão dicaznlente a e~.rocação das qu~Hdades intelech.la]s e mora~s da. pes~o-a ,
··externos'', mais 'reqü~ntemente implíciros e mesrno recusados pela t! p orque o hexis corporal fornece o sistema de ~ndtccs através dos quals
1nstitu]ção. têm un1 peso ainda mais '.rnpmiante na ~prf;'.dação das inElni· e teconhedda-irreconhedda* urna origem de classe: '·fina disUnção··, '·un1
fos.tações orni.s, posto que. aos critétios já. mencionad os~ se junta ludo o
poeta''. "qualidades tão ori g[nals e parciaJn1ente dissimuladas pot umll
timidez comun~~ótiva·· , ''esphlto sombrio e sens[vel" : assim corno a enu·

" N.T.. Nr, c:.ri:;1r.l(:l. hex1li c::; r,1)c·re1'1e. ..:c·nj1_nco de p rcp::-kdades ~s5oc~:;..:.Jt\S tló u~ô Jo oorpo
1 •l lfl q111.•
~ • xwrio1i2<1 • 1>~1 ~·ao de f~1~n d' 11mfl p~;;c.c1,

192
meração das vhiudes que são attibuídas a tai outra (··capaddade. de
traba1ho" ~ ativldade cümtifica variada e fecunda.", ·· d€votamento ·'. ,;grande
i•

honestidade jntele.ctua1·· t ··a{iv)dade prodigiosa e discreta'', "robusto, traba-


1hador, sorridente e bon1.. ) não é nada mais que uma longa paráfrase das
notações esparsas onde seu hexis é evoC(jdo: =·uma saúde de ferro dentro
d e um e.: o rpo atlético'' ''vigoroso fanfarrão·· (Notk ia necrológica dé Louls
!

Réau. in Annuojre ENS. 1962. p . 29}.

Segunda le itura. A máquina ideológica


i]
::e
,..., Pode-se observar o diag-rama como o esqu~ma de detem1inada
.....
i:2 máquina que, recebendo produtos socialn'Lente dass1flcados, os restâtui
:.11
~ ~scolarmente classificados. Mas jsco seria deixar escapar o ~.sse(jclal da
~
:.r. operação de transformação que ~]a r~allza: de fato, essa m~quind assegura
~
:,r;
!r. uma corresp<:md~ncla muito estrejta enrre a elas siflcação de entrada e a
~
~ r;
.....
dasslfica~o de sa1da sem jmna is conhecer nem reconhecer (oficia lmen·
4Ô -.r. te) os prindplos e os crrMrJos de c!assjfkação social'.i . É dizer que o
~ o~ ~
!::
Cí. sisten1a de cla:S$iflcação -oficial. propriamente escolar. que se objetiva sob
.r.
u li!
•C
'~ fJJ
111

~ a forma. de t~m sisterna de ad}eUvos, preenche urlla função dupJa e


~ C··
lr.· ..2
contraclitór)a: permite rea]izal' uma. operação de classUkaçito s-0clal mas·
~
< [ 1:':- ~ carand o~a i ele serve simtJ.lFaneamente de intennediárjo e d ~ barreira entre
;;; :r o
i
~
1

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~
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6~
,g
·~
a classjficação de entrada , que é abertamente social, e a dassifiq1ção de
saída, que se quer exdllSt\õamen e e5ç0Jar. Enfon. ele funciona segundo a
9<( [1. ,J;l -o lógica da den egação: e le Jaz o que faz sob 1twdalidades qt~e te ndem a
mostrar que e le não o Jaz.
""'Q A taxinomia que exprime e estrutura prati~mente a p erc.epçào ~scoJar

-b8 é uma fomi.a neutndiz.ado e irreconhedve]"', quer dizer, eufemizad<;1, dÇt


4
ta..xinumia dominante : ela se organiza segundo a hierarquia das qualidades

-o
~
r.J)
··1nforlores·· {populares), .servilismo, vulgaridade, peso, lentidão pobreza, etc.
''rn&Jias'' (pequeno-burgue.sas), pequenez, estn~lteza, moolocndade! COtTeçâo!
1

a: seriedade etc,, e "superlores., s~nceridade~ amplidão, riqueza , naturalidade!


t 1

savoir·faire , flne.za, engenhosidu.de. sutileza. intelígênd~ cultura. etc . À parte


~
:J os qualtfirativos que podém dcs•gnar propriedades especificas. do exercióo
o esco~ar (parcial 1 sumário, confwso. cllfusu, metódico, obscuro, vago. impredso~
de..~rdenado . claro. preciso. simples). a qt.Ja~ tota~dade dos adjetivos

3 . A:: p.'ig:nas s~ui=ii.a?.S devem rn11i'l.CI Í'.s pi:!squis1'J~ qu-ó w nc!u7.í\ 00111 Luc e.clt~1.nsl<i, il ~espcito dos
usos iilool ~h";(15 ria :in~urig~l.
t N.T Nê::i~ :n~dúiy~ô ":$Sil llill'l.~a c:mrzpor.de .sem~ré ao origirõli~ mccu.1t~l'i:;;rn Lifo.
4. &:s~ 11'1 :-. b urr ,~ :i1r' 11!.=t f"n• fa~L] 0 111 p.:iT1 in1ILU" d<irnza na dit.c:ursc dedicildo iJ cd elir .;:f!r1 Uc1 -ubr ~
d,~ ilrte e. rrw:.S 5~l:N:!ll~ot: . tia<"! 1. x lr~ o i'.I rlb11tC6 eo:d11siva.; da classe! dr:-:~ina11t12 ~d P
BOUHOIEt~, "Las frad ions d~ k. d <'lssll oornh1.;:1 11I ~ ('l l~ 111o ::la..'l d 'ap f.ornl}riaü~m J.:! l'oc1J1:11)
rl'tlr'I" Ir, Inf;i~orMJ Lfr':q si rr fos .i;.::~~11t:es .r.J 1.a,les, 13 i3(, )J 7 ·321
ut'!iza.dos designa1n as quafldades da pessoa. como se o profossu1' se ções: ;·sem vjvac)dade''· cede asslm o lugar a '·desajelt ado'' , "s;rnp[es'' a
autorizassg, da r1cçno escolar para julgar, à maneira de um critico literário •·simplótio'i. formas aparentemente pejorativas, em rcaJidade atenuadas
ou artístico. não a aptidão técnlca. para se conformar às exigências pe)a complacencia rude e paterna] que elas te-ste1nunha1n: numerosos
rigorosamente definidas; mas un1a disposição global ~ a rigor ind efln1vel ~ empregos rn~is tiplcos do uso êscoJar nada mais sã.o do que eufemismos:
cornbinaç~o (!nica dª clareia, de concisão e de v1gor, de sincertdade, de asshn 1 ''pesado" se diz "esquematizado'' ou '·preso ao rexto ; ·~ "que se lê
naturalidade e de sauoir..Jajre. de fineza de· sulileza e de enge:nhosidade. bem" p or ''leve". A brutalidade m anifesta de certas qua1ificações - que
O pr6prLo caráter vago e fluido dos quaJificalivos que, à rnaneha dos seriam exduídas do uso ordinário onde "s~ntir' por exemp1o cede o lugar
adjmivos empregados na celebni.ção de WTta obra de arte, são o <tquivalente a "humilda'' (os humildes) ou a l•modesto'' (as pessoas ''rnodestas") - não
a i11ter,leiçôes nào veiculando quas12 nenhuma informação {a não ser sobre deve enganar~ a ficção escolar que quer que o julgamento se aplique a um
um estado de alma). são suficientes parQ testemunhar que as qualidades que t rabalho, ~ não ~o seu autor, o fato de que se trata de adolescentes ajnda
eles ck~..s!gnam permaneceriam irnperceptívejs e indisc·em[vei$ para quem quer Qperfeiçcéveis, portanto passiveis de tratamentos mais rudes e majs
que nào possu)sse já, no estado prático; os sjstelT~as dedassificação quê estão sinceros (cf. "gentil ~ puerj], infantil"). a sltuação d12 co r.r~ç6o que autoriza
inscritos na linguagem ordinária. Asslrn. não se co1npreenderia o ''sentido q ue se infüja urna correção simbólica como em outros lugares e outros
vago e afeth,10 '' da palavra uu/gar, ou seja, ··a quem falta Iotalmente rempos se infügiam correções flsicas; a tradtção de dureza e de disciplina
distinção. quem trai gostos grosse]ros independentemente da classe so- que todas as ··.escolas d12. elite!· tê:m em comum (''ad augusta per angiJsta")*,
cial'", con10 diz le Robe;t* se não Hvéssernos já e sC2ntido pün1eiro, nada disso é sufidente para explicar a complacêncla e a l~berdade na
prlmittvo, que se situa abertamente no domínio social: ··de condição agr· es~o sim bóHca que Sê obs.erv•amn em todas as situações d12. exame.
rnedíocr~ e baixa, e de gosto. de pensamentos ordinár1os, e.rn opos lção à É o campo unive:rsltârio enquanto tal que. funcloncmdo como censu-
elite ·(... ); coisa própria às camadas mais baixas da sociedade'' . ro~ toma .impen.sâvel ranio p-ara aqueles que os. emitem co1no para aqueles
Ideologia em estado práUco produzindo efe]tos lógicos que são
1 que são seu objªto, o d2cifram ru'lto da ~igriif tcação social dos j ulgamentos 1
an$eparavél1n~nté efeitos politlcos~ a taxinomia escolar encerra uma defi .. ~ssim reduzidos a simples atos do rrtual destealizado e desreallzante da
ni ç;ão irnplldta d~ exc~1<2ncia que, consritujndo corno e:>!;ç~lrn1tes as inicjaçâo esco'lar, da m e.sma fonna que os anátemas colatlvos. O professor
qualidades a,propriadas por aqueles que são sodaln1ente dom.inan czs 1
pode tudo se pen11Hir1 jncluindo as çi.rusões mQis tra nsparentes à classifita-
consagra sua rnane;ra de. se.r e s.eu e~tado. A homologia entre a.s estrutura~ çáo social {'\ô\.l lgar", "pesado.,, ·l pobre'' , ''estreito··. '' mediocr~ ··, L. gauche",
do s•sterna de ensino (hletarquia das disciplinas ~ das seções. etc.} e as "desajeitado'', etc.) porque é fora de cogitação. aqui ~ que aJgu~rn possa
est n!turas 1nentais dos agentes {raxlnomias professorais) está no prlndpio .. pensar ffLaJ"'; a neutralidade escolar não passa na verdade d~ssa extraor-
da função de consagração da ordem sodol ql.Jé o s1stema de ensino dinária denegação coletiva que faz por exemplo com que o professor possa,
preenche sob a aparênc1a da neutralidade. Na VC2rdade. é por ãntennédJo c.m no1ne ela autortdade que lhe delega a instltuiçà.o e.scoJar, condenar como
desse sistema de class1ficação que ó sistema escolar estabe]ece a cor res~ escola res as produções e as expr.essões que apenas s.ão o que a institui~o
pondêncía entre as propriedades sociais dos agérltês e dos posições e-$çolar produz e exige. Essa denega.cão s~ produz dentro e por cada um
escolares. elas próprias nl~rarqu~zadas segundo a ordem do ens1no {prl~ dos professorés singulares que u.tr•buen~ notas aos alunos em função de
mátio. secundário. superior), o ,e stabelecimento ou a seção (grandes écofes uma p~rcepção escolar de suas expressões ~scolares (dissertaçl\o. exposi·
e faculdades, seções nobres e seções Interiores)º-, para os mestres. segundo ções orais. etc.} e de sua pessoa total: o que é julgado é urn produto
o grat• e a locah.zaç.ão do estabelecimento (Paris, íntetior). A alocação dos escolàrm enH~quahficado. uma cópia ·· sem brilho··, uma exposição ··apenas
agentes nas posiçó~s escolares hierarquizadas constitui por sua vez uma passável" '2 assim por diante : jamais un1 pequeno burgi.._1ês. A denegação
outra mediação entre as classes sociais e as classes escolares. !\i1as esse réprodu z-se em e por cada um dos a lunos que, por se perceber como os
rn~canisn10 s6 pode fundonar se a homologia pem1anece oculta e se a outros o percebem, isto é, c:omo ''sem brilho", ··pouc:o demo à fiJosof1a··,
taxinomia que exprirne e estrutura prarlcame:!n[e a percepção utiliza as se dedic~ ao latim ou à geografia. Quer dizer que o ineconhedmento* *
oposições sodah'n ente mais neutras da tax~nomia dominante (''brilhante"/ c.:olet5vo é. apenas o resu ltado da agregação de um conjunto de denegações
·'sem brilho··, "leve''/ "pesado'', etc.} Oll formas eufemizadas déssas ·Oposi·

~ N.T .>\i'a m ç r re:::u}i:.dos ll1!!l!]r1i1~r !S 1 :::r' vins ""~roitll:·


"' N.T.. Dicic11Glio 1iltY"%. u N T.: Nesta trn.duç.'ia , ii?::sa -paki.·.,.'t'tl c.ormS;3r.>ntl ~l'Tl'lr:m! ao cm~;,.](°ltll mêr:ont. !lfr,S(1 11~ ',
individuais? D~ fato r é toda a estrutura de um sistema ·organizado e div1dldo que acr,editnn1 fazer~ porque eles acredHam no que eles acreditam fazer.
$egundo as próprtas dasswkações que ele tem por função produzir Mis1lficadore-s mistlfkados eles são as prjmeiras 1JÍ1jmos da.s operaçõ12s
1

(faculdades e grandes écoles, dlsdpltnas seções, etc. ) que se exprime no


1
que efetuam_ É porque açr~ditEl:m operar 1.nna dassiftcação propriõm~nte
s)st12.ma de dassiricaçào posto em prática pe[as operações práticas de esco!ar ou rnesmo especificamente, "filosófica,.: porque eles acn~ditam
dassificaçao e muüo n:gu1armerrre '2mp1€gado ~ se bem que e~e n~o seja "1.trlhuir dip!omas * d-E! quaJtflcação carismática {'' espMto filosófico'' , ,etc.),
jamais ex.plicJra ment'e codifkado·1 todas as vezes que se trata de expres~ que o sjste1n a pode operar u_ma verdadeira re 1J ira uoJ ta do sentido de suas
$.Ç!r uma. cl~ssificação (anotações de deveres! cadernetas escolar~ , etc.}. pt·flttcas, conseguindo que façan1 aquilo qüo1t nem ''por todo o_ouro ~o
Enquanto forma neutraftzada do sist~mã d~ classmca.ção dominante que mundo'" fariam . É rambiim porque ac.redi1a1n pronundar um julgamento
é produzido pelo e para o funcionamento de um campo relativa.mente estritãmente escolar que o julgamento social que se mascara sob os
aucônorno ~ que leva ao segundo grau de. neutralização as t BXinon:tlas da con.sjderandos eufomisticos de sua linguagenl escolar (oLl rna~s especifica~
linguagem ordlnária! a hnguagern escolar contrjbut para tomar possh.."a;l o rnente filosóf1ça) pode produzir s.eu etetro próprio: fazendo crer aos. que
fund onam ento dos m~canismos ideol6gicos Que não podem operar a não são :.;eu objeto que esse ~utgar.rHmto se aplka ao aluno ou ao aprnndíz
ser d~term lmrndo os ag,12ntes a agir segun do sua ]ógica, o que supõe que filósofo que está nelest ã sua "-pºE.soa'! ou à sua ··1rite.lig~ncia '~ ! e jarnais,
eles lhes proponham seus ob)e.tivos de forma. irre.conhedvel. Gm todo caso, à sua p~s.oa sodal ou~ mais brutalmente, ao filha do
professor ou ao fílho d o oon1erdunte, o jul.g amento ~sco~ar obtém um
Siste)na de dassiflcação ob]eUvado em instituições cujas divisões reconhecin1ento, quer dizer, .um irreconheclmento, que não obter,a, sem
rºproduze.m sob uma forma irreconhecivel a divisão social do trabalho , o dúv1d a~ o julgamen10 soda~ do qLJa.] é a forma eufen1izada. A transmutaçao
sistem,a de en.sjno op€ra dassihcações que se traduzen1 prtmeiramenre p eJa da verdade soclal ein verda.d12 escolar (de '1você é um peqw:mo burguês''
atribuição às, d.asses .escolares (classes~ seçües~ et c. ) e~ em segu ida, às em "você ~ trabalhador, rnas não é brilhanh!':) não € um simp[e.s jogo de
classes sociais. t: sem dúvida por intennêd lo das elass if fcações sucessivas escr,ta sem conSceqüencia! mas uma operação de aJqulmjQ soei~! que
que Hzeram delas o qu~ e[as sào do ponto de v1sta da taxinomja esco]ar confere à5 paia.vras .sua eficáda simhóhca. seu poder de agh· dur.ave~mente
que os produios classjfjcados do .sístema ~sç.olar, alunos ou profes sores1 sobre as pr,áticas. Uma proposição que, sob sua íorm.a não [rans.fo nnada
adquiriram, em grô.lJ$ diferentes segundo sua posição nessas estruturas, o (''você é filho de op12rário '') ou mesmo num grau de transfonnaçjo supenor
clon1inío prádco de sisternas. de dass~fkação tendenç~alrnente aj~1stados ~s (';você evulgar") serla desprovida de toda eftcác1a sinibó1lca e que séria mesmo
classes objetivas que Jhes permitem classHicar todas as coisas - a começar própria a S'\..L.;;citar a revolta contra a lnstltulç5ç e. seus se.rvlclores (se é que ela
por eles mesmos - segil't1do as taxinon1tas escolares e que fi...m.cionarn em pede ser, con10 .se d~-. ''c:oncebivel na beica de um prolesscr"}, toma-se aceitável
cada um deles - na fé e na boa-fé mais absolurns - como uma n1áquina de e aceita, adrn'iitida e interiorizada: sob a f orrrra j rreco.n hedvel que lhe irnpõe a
tr~nsforrnar classifkaç.óes. soda is em dassifü:::ações e.sedares, como dassi- r
censura aspecific.a do can1po esco&lr a1 não SOi.! dado à filosofia,,)_A "taxinomja
hcações sociais reconhecidas-irreconhecidas_ Estruturas objetivas tornadas escolar das qualj da.des escolares (proposta como tabela de .cxcelénda hun1ana)
,estrururas men.rais no decorrer de um processo de aprendizagem que se s.e jnterpõe entre cada. agente e sua ;.V,>tação" _ É ela que comarlda por
cumpre num universo org~nLzado seg1,.1ndo essas estrutura$ e submerido âs exemp]() a orientação, em dheçãa a ta] discipllna ou tal seção, anretior- 1'
1

sànçóes formwlad~s numa linguagem igucilm,ente estnitvr~dçi segundo as m(;nte indicada no vere.dldo escolar {'' ~u gosto muito de g-eografia·'),
rnesrna.s oposLções. as ta:idnomias escolares estabelecem urna classificação Para. se des€mbaraçar dos discur sos sobre o poder do d iscurso 1 i
1
oonform e a lóg•ra das estruturas das quais €las sãa o produto_ Do fato de de\:e-se, é poSSÍ\. 12l notar! .relacionarª Jlnguag~m às cond~.ões sociaí~ cle sua
1
1

elas enconb~arem um~ ·confinnação inc:es sante num universo social org,a- produção e de sua uülLzação e, :sob pena de aceitar o equivalente na ordem
ni.zado sªgundo os mes1nos pr:indptos, elas são postas ern prática com o sociàl do que e o poder mágjco. procurar fora das palavras, nos mocani..smos,
~H~ntimento de evidênda que caracteriza a experiência dóxica do mundo qw2 produzem as pala'-'Ta5 e as péS$ôêlS que as ernltem e recebern. o prindpio
social.. e: seu conts·ário de in1pensad o ·e impensável. de um ['.lod~ que uma certa n1ane:ira de utilllar as palavras permite mobHilar.
Os agentes encane9ados das operações de dasslfic:ação sü podem O uso conforrne d.a linguagem confom1e não ê nada ma~s do que un1a das
preencher adequadamente. sua função sodal de classificação soda] na condiçõe.s de eficácia do poder s]n1bóhco ·e tUna condiç.ao que só opera sob
medida ern que eh~ s~ OJ)era sob a Jonrw de wna OpQraçào d~ classifkação
escolar. quer dizer, e.itravé..=s de um~ taxinomia rropríarnente escolar. E]es
se' f.~zem berYl o qu.~ rn.ru a fo.zer (objéti\.1am~mt12) porque acreditarn fazer ~ N. T•. No ·Cti·ig~nuL br~ve~ '. No $l~ti?ma. <?11111:.adml.aJ rrances, a "bre 1.·a1" ~ o ertlfü::ado r;:o,.:-0J0r obtido
uma cojsa diferente do que fazem ~ po_rqu.e fot.em uma cois.a dlfer~nte do apt):". ili !'(>,;ti"Zi-:içà.O de um cur ·o prt.>ll!:õ<:lüttJlÍ:'><tt"ltú dv i .i'lr.çi!I, ff!ito em seguiQ.a &Kt l '' d d o.

]98 19'1
e rtas condições. Prega-se somente aos convertidos. O poder dos eufom·is- crun~- o re.tgtoso. o campo arl1stlco. etc.) não- é anul~do rXlla operação
mos escoJares só é absolUto quando se exerce sobre ag~rites assjm
s~fecionados d~ modo que 5llas condições s.ociajs e esoolar<e:s de produção·
b1versa de. exoterização do discurso esotérico. d~stlnto e o vursarl o raro o
1
~o comum~ não n1ais são o que são ~ expressões eufemizadas, mas ainda
os pred!isponharm a reconhecê· lo absotutan1er1tef
. •
rnoito transpare ntes dos interesses de classe, quando, ao termo dê um
A diaM:[LCâ esco1ar do hreconnedrnento e do rec.onhecirnehtó assume volle:o p elo céu das ídé1as filosó'fi c::as~ re.tomç;im sob a forrm~ pouco
a forma mais acabada q'Jando a estruturà do sjstema de categrn·ias de Hcon1um." , º' no ent~nto tão pouco burguesa, da "pessoa" e do ·' on", do
percepção e pensamf:!~liu que organizarr~ os conscderandos de julgrunento ''aut~ntico'' e do · inaut~ntlco '", do Efgentlrchkert e do Une ígent lichkeft,
1

escolal' .e esse próprio julgamentc €$tá ~rn perfojto acordo com a esttutura segundo o grau de iniciação do professor e dos disd p ulos.
dos conteúdos qw2 o slsten1t1 escolar ~ erir:arrn.g ado dª tran sm mr, como é
o caso d~ culn~ra llterárid ou fi1osóflca en1 sua forma esco]ar. No ca~o em
qu~ e discurso rnosófico se reduz ao que freqüenwmente se oferece nas. O JULGAMENTO DOS PA~ES E A MORAL UNIVERSITÁRIA
classes de füo~ofia sob o nome de. moral ou pskologia~ quer dizer. L~ma
variante un)vcrsltárta do dísçurso dominante sobrn o mundo social, a No d1agrama segul.nt~~ pnmeíra análise - que será aprofundada é
harmon]a é quase perfeita entre a estrutura de discurso transrnítJdo e as pr.e_.cisada - das noticias nocrológ~CllS pub~eãdas no Annuaire de ramicale
éStn.tlUra.s de percepção e apreciação que o campo müversitario hnpõe, des anéiens é leves de ! JÉcoJ,e normale svp~rie ure dos. anos 1962, 1963,
tahto aos emjssores quanto aos receptores desse discurso . Vê-se per 1
1964 e l %5, foram coJocados em ordem os 34 ex- alunos cuja origem soda!
ex12111pfo, a tifin1d.ade eletl\.!a qL1e IJti.º o s~ste:rn~ d~ represerrlaçõP.s f.2 de estava indicada nas notkias em função da importância de seu c.apita l cultural
valores objetJvamente lns.cr~ro na taxinomia escolar e o dt')curso heidegge- e social de orlgern tal como pode ser avaliado a part3r das jnformações
riano sobre o ·· on ·• 1,· ou o ··fala tór]o cotidiano~· qu<:lndo, levado à sua djsponíveis, quer dizer, principalmente! a]érTI das jndic.ações mats ou menos
12-xpressão rnai!:i simpk~s, quer dizer, à sua verdade objet•va, para a~ pr1e dsas sobre a atmosfora cultural da farní1ia, a prof;ssão do pai1 eventual-
necessidades da corrujn lcação ~sedar. e]~ se reduz à a.Hrniação arístqçrátka mente da màe r a re.s ldênda dos pals no momento do nasdmento *.
da distância do p ensad or ao '\rulgar~' e ao ··senso comum '' que ~stêl n9 Ôs ex-alunos estudados sã.0 1 na sua n1aioria~ nasddos por voita de
prindplo da filo$ofia prof es::;oral da filosofia e do enh.Js1asnto que susctta~ 1880- 1890 e est]veram em aUvkiad~ entre 1905 e 1955. Segue-se. que à
6
facilITtente, nos adclescen es • fnidado com a transposição que a expre$s.ào hnagern do normali€n** que se encontra e\t·ocada nas necrologías corres-
da visão domjnant e do mundo sociaJ produz na ]jnguagcrn esotéri.Cd clil ponde a un1 estado relativamente antigo do SÍS[etna. Ro12ssa1ta., de urna
tmd1ção filos6fka, o d rc r..do de legitin1ai;ão se fecha em si mesmo com o vmificaç5o que põde ser efa.tuadu somente depois dessa aná]ts.e r que os
empreendlmento esccJar d€ exô'te-rt.zação d.o e.')otêric:o. Com .a divulgação ex-alunes cuja origem soci~l não é ind~cada ,las nottdM necro 6gkas, não
1
!eglt~rna _
i un o a d estinatfüjos legHímos (o que faz toda a dif~rença entre: o s-e dístingue1TI, sob esse aspecto,. de maneira sign ificativa ~ da população
ensino e ei ~.in1pl~ '\ .11lga1i:cação ·~) de uma versão roais ou menos simp[ificada estudada {6 são oriundos das classes méd ias~ 5 das classes su1:irz.tiotes e
(e expllcttamen.te dada cerne tal) da forma e~ot:érica da visão oficial dô mundo não foi poSSÍ\.'el recolher qualquer informação sobre o.s outr<:)s 5) e qu~ os
social, t~nn1na~se e con1pfeta~se a circuraç.~o c~rcular que define a cilquimia qm~Jiftcariv-os que lh es. são atribuidos obed~cen1 exatamenta às )~is desta·
religiosa: o efeito de autoFromrzaçcio e, portanto. de !eg-Himoçdo produztdo cadas ne.ss.a análise {a consulta dos processos nos arquivos permitiu mesmo
pela transformação rl?.Sultante do trabalho de eufomização e de esotenzação observar uma forb~
concordând<l en~re as a.predçiçóes esçolarcs que aJ se
rrnposto pel21 c~1$Ura implk.ada nas leis especl(ic.~s de urn çt;smpo de produção e ncontravan1 consignadas e aquc;das que. a.s. necrologias e nce rravmn). Por
re[ativament12 autônomo como o campo füosófic.o (ou . rnai."!. gera1tnente, ó outro lado, os ex~tilunos que são objeto de necrologias não parecem tru.nprn.ico
se d1stinguir do conjunto dos nlunos mortos, saJvo, provavelmente. rm que
5 .. 1-..noonttar~/1 llt11.=t ~".lutr.=t i'!;11itl!~~ d,')!'; hw.d?..1nmt:-o~ lnstl-:.i.dc:n~ls de: rxirl('f d~ ll nguag~ ,_., ? .
ROi IRnJEL:. 'Lr> l1111g1'i!J"' 1'i 11l nri:;4 - nr:; li• l!UT lo?~ .-..;:ir>:"litS-::i;iG s:i.-::iMles dii' hfíkm•ir ~ d 11 rli -mm
ri:hJ~" Ln /1id c.s de 1cr rb!:n i:::rcri.:r e 11 s.:::je,11ces socie;,'c s. n. 5-6, m;,.,. )mbro GE 197 5. p. 183-19 \ . • N,Í.; Cons~:.:.fa-siP. no Anexo ;:(Jl:ros i.'l?!Tlen~5 d::- materi~I erc:pfrko r:r1:tn~o na <>~<~boraçi'io da
dt-i~li~ Cll)G ~(!. "~U\"!,
... N.1 .. Pror-.;.irn.e µ~$0.!il in:JeUr· ·~o d~ 3· 1.:c~o.1:1 que (f~.m pe11:1~ S(:'m vre u. ·runç.60 de suj~·lw.
• ~ N,T.: All.mo da E.:o.'e. ·'10..-mo re 5:~,r~..-faur.e. Ü íi n(l rrnll riens-, Ci;lfTIO os d.:?ml'llS oo~p.~ fr~ITT'..ad0$ f'leli't!l
6. Cor•cr.:;rdar·s~~-k, r.,'l.ttirnlmETJCe. cc.m l.ilc1:1r. quL? "<11 i61.rn1la d e C luunfm l - · pooe·.se .:iµosbr '1' lii! 'k:1dn
grc1.11de$ êco1't-s, orsant:.:1;11·$ê cc:pt>rl!i!l 1•1 ~1°fl~t •, Tr1r~1opo1 Sll.'l ors,e.n 1.?.el~. q1.mn1o f)Ckt p~ii;.!io
1déi;J r-L::~li.::i!i. Lcxh OOtYv, •r:,çciG rc •!.:tid:i ~ Um i!I C H e ra )JOt-que 0011'V~fll iJ mai..-1ni!:1- COl11.f2:nl ?.i(d
a Lcx~!i a;; qu~ r;-;;::rn;;~m ~;:ip;i.1 ê'r> ;;ua f~'!I. :1l. õi!1 lliPr, prndsa1m>.nt(! ~ u :.:u:::ria- :.~. L;.\,C,õ,'.N', !:"cn·~s.
de hQ'...;:-e:mon!a q i.;..e ocup~m em ii:elore~ do si:s~E::má de ~1si;1:) ~u;.'«"ior frnr:.e~. e ~ :J1bfo: r.ieh.~s
CÜ!iposiç.ões culo. m:ils que Jies definmr'I a idenlldr.de, 1150 ~<l€ITI ser con!undiclos toerrJo n::mttaisra.
P~r.;:;, t.d. du :S.éi..cil. 1966. p. 2' ). S::b !.'1-cm:cliç·i.iiode zicrêscefltm : ~ millOHl'l<li?l4u~~ qLli:: ó,:,i~tér11~
:1~:')~<!.~sor d .phn~:fo por cs::..ola de rúvd r.".lb:;l!o no füii'Jsil , ru:~ó ~Ela. qu:>.I se morJIZ'Y-e il demo
s.oci~I "- o si~t<:fl'..a i'.'S o::dri.r 1rnti'.im ca-mo 11:leica;;.
n1ir··~.;_:.1 1 fr11rie·~.

200 20 1
tange à vincufo.ção à escofa. Asslm, parece que, en.tr.e aque]es que silo
objeto de: uma nota n,ecro16gica os subscritores perpétuos são Jig.e1ramente
mais numerosos do que os outros. Enfim, tudo parece indicar que a relação
entre o autor ~ o objetp da notkia necrológira não é aleatória e que eles
em geral têm em r;omum a otig.en1 social grosseitatnente definida, a
1 1

disciplina º o tipo de carreira.


Essa d assiflcação não está evidentemente isenta de arbit-r~rjedad~ , em
particular no que concerne aos alunos oriundos do alto da pequena

1 1 burguesia e da burguesia: n~o é apenas .a 1nsufici-ªnda das jnfonnações


disponívels que está "2m questão (continua sendo desconhecido o grau dos
oficjais e prjndpalmente sua formaç-ão - Saint-Cyr ou Pol~rtechnique por
=
... exemplo~ ainda não se sabe o estatuto exato dos professoresi ignora-se a
in-tportSnda das empresas indushiais e comerciais t etc.); uma história soda1
l o!U. l• 'L.- 1
U P IJ ~1 1 ·...:~0 111 1~ <:S:> da estrutura da classe dominante e da evolução da posiçáo díferenda] das
'"' " mfu
diferente.s prof1s;Oes nessa estrutura é a condição prévia {soberbamente
i)õl.:~{;c 1 1 J 1.W.l f.' 1 ígnorada por todos os estudos de "'mobiJldade"} de toda análise rigorosa
das trajet6r1Cls sociais (e, a fortiori, do estabelecimento de uma h;erarquia
õl', L>; ~ li 11.j '">j~· J llZ.µ ' • •111 I
unilinear que é tentado aqui para as necessidades de análise). AJém disso,
õpL'l ll~• );i J: J (.:B I,. ·n. 1.~·1~l é extremamente difícil avaliar o peso relativo da situÇ)ção profissional da
nr,prc:J ~ família e de sua residência: tudo leva a pensar que a esse nível rnuito d~VCldo
do cursus! onde são exigidas com mais insistência a.s quaHdades ass_oclaclas
à imagem universítária da exc:e1ência, a oposição entre a origen1 parisiense
e a origem provínciana. (redobrada a~ncla pela oposição entre as pessoü..s
de J.angue d -'oU., e as pessoas de langue d tocw, que permanece inserira
1nu:1

~1 nos habitus sob a forma de sotaques} t en1 um peso d€terminantei. 1

Tendo constitu~do, ao tem10 do e.xaine de uma dezena de anos do


1 Annuaire. 26 dasses de qualificaUvos, marcaram-se por um quadrado
negro (sem jamaí~ passar 10 notações) as qualidades (evocadas m.ais
freqüentemente por a.cljefü.r.os) que aparecetn como dotadas do ,ma]or peso
relativo dentro de cada uma das noticias consideradas (porquanto, nas
noticias mais longas! elas eran1 evocadas várias vezes, ou, nas mais breves,
estavarn sublinhadas pelo vigor ou ênfase da expressão ernpregacla~ "da
raça dos grande5 Íílósofosn; ··uma grande figura da ciência francesa,'). O
....:.(?-.ra l!
(' 11•;1n::il1I,\ ·~·f.•''l';:'I ..u(.J q
ú1tlmo j u!gam~nto que o grupo estab~lece sobre um de seus men1bros por
:\!ILI ,ll!?J;•
:)1IJL'l.L l.LO:: J ' l'~ J J.llJ'l "'-:

ms.... p::iw · ~I' 1~1.- ., ~ ~.T.~ Langus d'oc, llngu.i. q·Je is.e f.,la;,.•t:i m1rcgiilo11u.l úv ..·~la do Lal~ 1~ ]Jdd~ Mldl~~ fo11.9t'c cJ'.011,
l111g'_1a Ja2da clurame a Jc.lad<: M{rlia na rn;ião norti:! do Loire. Essasdenorn:naçó:i!: re.fl.!re:n·Sé ~
distl"1Li35 maneiras de pmnuné.a.T·se o o.ul. A Jangtm d 'oii previllece.l sabrn ~ ,!an,g~Je d 'oc e dru
(1,1..,pr.n1 ot1gem ao f.dloma fra ncês ilh.ml.
, · '.:fõ•ut1úwu:i ·• ;.c11 ·,~ .. : 7. l\pai ias Solo t~cndor1ad·os ::'la."3 norns riw~k.a.s çs, d~'l.~OS dl~ !iota.que <!m relação ao so~q;:.Je
confo:rroo e, otr-e des, O'á- rnlm.l.'..;,es do 5'.Jl 1.Jà. f r'.1:.J'l\m. "$,.,""..! sotaq.Jc rt..:tfo dos Ph:'~c:us, rda:ido
as 'r· e ckbJi:mdo alg:.1mt1s oor.s:Ji!nles", Nolicia de G. Rum~u. nflsddo tn') Arbéost (Alces
Pireieu~). fi::ho de p rcfe.:.;sor primãr.o . in Ati.nuafre ENS. 1962. p. 4 2~ ''Umil ·..."Oz grossil. qua
:1~1) ~·oct~~·..~ ns 'l.'rhr.açõ .. cio lcrr/ia m1ti'll , ScBcia de i\ Manis.arrat, rl.d5Cid. en ~tTc.s (Tam).
in /'.nm.iairo ENS, 1%3, µ. 51,
intermédio de un1 portõ-'..roz devidamente íncurnb~do {o elogio compe e a Vê-se que o s jstema de classlflcação escolar (obtido aqui através dos
um camarada de t urma e é somente ~m caso de força nlaior que tal tarefa adje1ivos empr egados no elogio fúnebre) continuou a fundona r ao ~ongo
é. conflada a uma outra pessoa, em gernl um aluno, mas sempre nornra- da carreira u nivers itá.ria cotno ]nstrumento dissimulado d~ elassifica~o
fien, como no _iúrl do concurso de entr.ada} é sen1pre o produto do trabalho social; é notável que, no conjunro dos "ex-alunos'r forma~mente iguais e
coletivo cujo indício aparece a lgumas vezes, quando o autor compila ou rea1rnente igualados - do ponto de vista dos critérios 12.Scolares - pelo efeito
integra ~nfonnações e julgamentos emitidos por diferentes pessoas. O de supersele.ção, o sistenm escolar tenha contjnuado a estabelecer, en1
redator da notícia necro1óg1ca leva em conta ·evidentemente o ponto de fut1ção dos n1esmos c1it~rios por meío dos quais fora m selecionados,
c hegada da trajetó rj& untversitária que pode, em certos casos, corrigir ··a hjemrquias diretamente manifestadas nas <:<:"'lrreil'as universitárias. Tudo S<2
inluição originária freqüentemente r·esumida na evocaçAo de um bexis
11

pasX1 çom efeito con10 se os normaliens se encontrassem destinados a
corporal e d~ um sotaque: quer d]zer, que não ~ posstvel supor; entre o ti-ajetórlas muito estreitamente propordonajs à sua orígem social nrnn
sistema de quaHficatii..•os e o ponto de chegada da trajetória soclaJ uma espaço universitário muito rigorosamente hierarquizado segundo a institui~
relação perfolrn.merue ;d ~nttca ilquela que se es(abelecia entre a origem ção (do Co11ege de France ao liceu), a residência (de Paris à pequena cidade
social. as apreciações margina)s e a nota. De fatot o qu!l a necrologia do interior} e a disçipllna (da filosofia às linguas vlvas e da matemática â
restitui, como a apredação professoral em um outro ponto do çursus, <?. Q quirn)ca). Sobre o.s 15 antigos a lunos oriundos da_s classes populares e
representação social escola rmeM te conslitu{da que estti no prindpio de médias, doze tomaratn-se. professores de ensino secundário ou secundário
todas as opera·çoes esço]a res de apreclação e cooptação: é peJa mediação supmior (khâgne e taupe) , e somente três, professores do ·ensâno superior,
e sob a prot~ção dess.a r·epres~ntação - na qual a representação escolar- mas nas disdp]jnas universãtariarnente tidns como inferiores {llnguas vjv35,
rnente constituid a do h€xis corporal entra como pàrte dererrninante - que q uírnica, Hs k~) ·e-/ ou nc mt('!rlor; ao contrãrio ~ sobre os 19 anl3gos a~unos
op ~ra a origem sodQL jamai$. tomada enquanto tal por prind pio dos orlundos das class€s superiores! somente dois tornaram-se professores de
julgamentos (É significativo que, apesar das convenções do gênero biográ- ensino secundário:, en.qminto dois orie.ntavarn-se:t para a dip]omada, outros
fico, ela esteja ausente de 111uitas necrologias - aqui 16 sobre .50 - e. qui! dois torna vam-sa esctitores e treze 1 professores de ensino superior~ a
os mais próximos un:\!EffSitariamente tenham sido obrlgados freqüenternen· n1aior]a en1 Paris e quatro deles no CoUege de France.
te a proceder a pesquisas expressas para estar em condiçóes de liberar
essa tnfornLação}. O sisten1a dos adjetiuos utfüzados desenha o universo Deverse evitar o estabelecimento de uma reb~o de causalâdade
das uirtudes professora is que, à semelhança d~s carreiras urüversitárias, rnecilniCTl entre a otiget11 social e o êxito universil'ário: p rodutos dasslficooos,
~ quais elas dão acesso, são h.Jerarq u1zadas. A verdade desse universo que. os professores não ces&'tln de se clãsslficar a si próprios ~ na auto-avaltação
enquanto ta~, tende ao fechame nto e111 si, não se depreenderia completa- pe.rmanent~ ond~ se.definem inseparavelmente as ;' ambições'~ e a çiulo-esfuna
mente a não ser pela campa ração com outros universos de virtudes: - segundo os sistemas de dassilicação escolar, ou seja, suas "aspiraçóes'' e
~.ssudados a outras posições no campo da dasse dom~nante {espera·se suas "'escoll1as de carrem ra '' precedem os julgmnentos que. o s1stema fará sobre
retomar as variantes da mornl dominant e correspondentes às diferentes suas nmb~ções. Nesse senHdo, a:s notldas necrol6gb::as s6 são aparentement~
frações da c1ass€ domim:mte pe~a anáHse comparaHva d e um conjun to de enganosas. ao E!fogiar a modéstia dos qu€ sacrificaram ''orna brilhante.carreira''
discursos de celebração - elogios fúnebres, dlscurso s cfo t~Ce.P1tão , erc.. - na Faculdade. ou 21n Paris, pelas alegrias da vida no interior ou em ÍaiY-~illa:
nos. quais diferen es grupo~ se celebram a s l pr6prlos. celebrando um de ta nto é fechada a dialétlca das oportunkiades objetivas e das aspirações , que
seus 1nembros). No entanto. mcam·se muito concretamente os linütes de um é en1 vão tentar .separar os de,termtnis1nos objetivos e a determinação subjetív~.
sistema de classificação que. se propõe com a aparência de universaHda.de O s provincianos n ão quiseram uma Paris que ngo os queria~ os professores
quando se o bserva que ele se revela completamente inoperante para norneor do secundário recusaram a Faculdade tanto quanto ilia lhes era recusada.
e elogiar as virtudes daquele~ norrnaliens que sarram do unlv~r~o uniwrrsitário. Toda socializnção bem-sucedida tende a obter dos agentes que eles se
os dols diplomatas. cu_lü eJcgjo é confiado a ouLros desertores gloriosos~ façam cúmplices de seu destino.
entra-se num un1verso d~ dísc\,.Jrso (a dedicação a seu pais''. L.carreira dedicada A.s escolhas infinitesíma]s {apresentar um tema de tes~ ou não, sobre
ao 5ervíço exdu.si\.'O do Estado" ) que anuncia 1.Jm universo completamente tal autor ou tal outro, com este ou aquefe orientador, etc.) através das quais
<llfor~nte, antagonista, até rnesmo aritinôrnko {"sern vocação para o ens~no
se desenha uma. trajetória conducente~ pos1ções anteriorm ente determi-
- enconsando-$~ bloqueado no conrnxto antiquado de, uma classe . Todas n~das constitueln jâ outras tanias contúbui.çõe.s parl'I o traball10 de desjn-
as S'JaS asp1rações in1µeJiC:1.m·no p ara norãzontes mais ]argos ·~) , O d() aJta
ve.~Cilne.nto que levará , ao pre·ç o de alguns cniifidos da má·fé, ao amor fat i;
ftrn çã0 públ1ca ou da grande burguesia d~ negódos.
virtu de fú riebre que celebrarn as notie ias necrológicas. A ind ep Qfldência

204 1 ()! 1
~elattva
dos diferentes princípios de h1erarqulzação {e-Stab€1~c:imenlo . te$j- lectua1~ en1 6% d o~ casos, a proHssõ~s lib era~s '2 m 4% do~ casos! ~os
dênda, d•sdpHna) produz un1 efeito de ruido que contribui 1nulto fot1e 1 ~ente quadras m.édtos ~m 2% dos casos. não exBrc.endo profi.ss.fw no mom ento
da pesquisa em 2éN'~ dos casos). Não se pode superest1mar o grau e1n qu~
para facmtar esse trabaJho de deslnvestlmento: o professor de filosofia de
essa üpo de estratkgü.l matrimonia] contribui para o fecban Lento e.m si do
um liceu pari~ie:nse não tem dlf~cLddade em convencer·se, p-or pouco. que
escreva nos Jornais. ou re\.hsras lntelecrua1s~ que. nada tern a invej:ar no
universo h iperprotegido do professor univ«~r~ltário .
professor dê irigJê. de uma facuJd~de do m nterior. E inversamente. É assim É por r~ferG.nda à estrutura de.ss,Qc.ampo das qualidades objeflvamerite.
que o trabatho de ce[ebraç.ào que é irn posto pelas leis d o gênero necrol6- ofe.redda5 a rodo no rma lien ao entrar na carreira professoral que se def1ne
g1co dá uma idêla sufici~ntemenrn justa do ''traba1ho de l1;Jto'' graças ao objethrarnente o 1..•a11o r socia.1 cl~s virtudes at ribuídas a cada mn. Da rnesrria
qual aquefos que se acreclitt~vaJn 'Lpromet3dos às m als altas destinações'' formai, a série de pos]ções que ó A n n iJ aire d e r'A m ica h~ de.s ande n.s
podem _gernpre se restabelecer na estirna de si. é!ezuo!~ enumera cada ano - e qu~. ntl amostra ê~tudada, 'i./at cio professor
de fll osofia no Co!iege de Fra.ni;;e. ao profossor de llnguas . .·, ivas em urn
O can1po das tra_iet6~ias possfo~rs liceu d.o interior - delhn;ta o campo d.as traje"6rias póss1veis. para uma
deternünada coorte de no rma fíen s~~ e tt. também por reforênda a 11sse
As classes qu~ produz~m
a$ taxinornías escolª res estão unidas por esp aço dos possh:e]$., a que- a indiforenciaçâc jnidal das n-ajetórias confere
reL~ções que não são nunca cte pura lógica porque os sL~t.éJnas de
urna f(!al.idade vivida, que se. deJtne objetivâll)ente o valor sociíll da~
dassffk:.ação do qual elas são o produto ter.idem a reprodu:zir a estnLtura _rajetónas jndii..•iduàis. valor esse que dâ fündamBnto objeUvo à exper3ência
da.s re[ações objetivas do uníverso social do qual e]es próprios são 0 do êxito ou do fracas ·o. Scgtie-se que as vitiudes (:! as c~rreira"'. que sao
produto. No caso partiçular, a hlerarquia que se obsen 1a no univ·erso das lot.i'i./ad.as ·nseparavelmente nas noLk:icis necrolág lc::a~. são o objeto d.12 uma
'-~irtudes professorais! quer dizer, no uruvet'So, das. maneira.5 de r€allzar a
percepç.ão e de u1nrr c.predação dupkis: formadas nel~s rn~sanus P. para
exce]ênda univers]tária , corresponde estreitamente à h]erarqui~ das carre]w elas mesrnas, .as v~rtud12S infer1ores! ~ L1ulo de con1ponentes mín imos, mas
ras possív~1s, i~to ~· à hi~arqv ia das ln.stituiç.ões d e ens]no. Tudo se passa taulb~m fund amentai s ~ éemen aires e bana]s, mas tarnbém prirnordiai.s da
con10 se. no lntenor cl~sse univ~rso de qualidades hie rarquizadas que a deHnição universitária da exce]encta. consmu~m o objeto dê urn reconh~­
corpo professoral ref:onhece como suas reconhecendo-as nos mr;;? lhores cirnen to absc1uto e ~ncond ldon aL ba.stand o à a.us ência dessas q ualidaO{!S
dos stlus, c;ada agenre se encontrasse obje1Hvamenté sjtu.aclo pela quaUdade 1,-ara c.doLar em qu~s1 ão a participas:ilo no gtupo: 111'1S. de ~utro fad o, riao
das suas vjrtucles. A ~~rk dos aQj€Uvos iecen$eados deseriha o c:;ampo das S€ pock~ ja rna~::;. esquecer totalmen e a verdadí:! do ascet~smo u njversltár1o
q ua11dades professorais professornlmente reconheddas que se manifesta - necessidad e kdta \.'ir1 uck - e da forma completamente. negativa da
de~de: as. qualidades mínin1as, esperadas de todo •óedl1cador da juventude" ,
exce.Jênciá universitária que se redui a esse ascetismo: éssas v~das ~itnple.s
- virtudes domésticas do born pai e do bom marido ou \.~rtudes profissionais e. rnodestê1s, p lenas de sabedoria e de serenidadé lnterior, de resignaqfüJ- e
- a.té às qualid~des supremas, negação do aspecto negativo das virtudes de dignid ad P.~ d~ retidão e de dedicaçao. es~as v1r!Lid es de scib~o. cem vezes
mais or~inárias, que não vaí jainais até à negação dos princípios posifr.;o.s e~ogiad as, q ue culfr. .~ seu jardjn1. percorre - sacola nas costas - as
dessas vutudes {o grande filos.o{o é eJogiado também por suas qua!jdades
1

niontan has e \.rela por suas crian ç:as~ rião p-odem dejx::u· de mostrar a qu e
de p a1 de família óU s,u a vincl:J lac;.ão à esccla} . .servem uma vez recobcad.as no ca mp o das treijet6r'.a.s po&sivel::;, As vir ud es
. É relativamente arbitrário·dmssodar as qualidades de homem dos pro- inferlore.s, e rarnbem as virludes médjas, )á mais. e:specHkas e rnenos
tessores de suas qualidades intelectuais tamanha é a endogamia professoral.1 exdusivam enrn rnorais. [i:l.iS como as a ptidões pedagógicas. - clõret:a
Do.Jevantamento que conduzimos em 1964 sobre as estratégias matnmonjai.5 naturalldad12.. método - 0L1 as q,ualidaJfls inte~ec(uõ1s 1nforiores - erudição
de 6 tumm.s (1948 a ] 953} d~ notm a(ieris liter-árjos (n = 155, ou seja uma 1 (m ern6ri:a}, preds~o - jamais passan1 de vfrtudt:ts dominad crs, formas
taxa ele respostas de 83%)., nota_,..se que entre os norm.a 1Jens casados - que mutiladas das virtudes dominantes quº só podem rl?encontrar s~ti pleno
representam .85% do todo - 59'% esposaram uma professora1 dos que 0
fizeram! 58% unirnn1-se a urna agrégée* e 49% destes últimos a uma
sevdenne1l1< (quanto p,os outros ~ suas esposas petiencem a proímssões h1t~~ 8 . Estil ~~'!:! ·- (Jffi horn lr·.:lirndor én ' 1~í1J.;,o d o •, L1lüT do df:)I ,, l)i't d@ ~~l: rmll h:: ., no ~=-·L~çr..-do -e e a plle,1 11
1

:1c um ::orl;)1:1i.:i 11 wr~lõ ml!<is 011 rnenr:i~ ~':<.'ltL) de.. .. ,_•.,,lc-r ·· de 15lplcrm11 qu·E= .;il s8 <.°t.'! p~hn2 c;.ue ss
r(lt~~it11i í'l ·.;is.ão s-:.1bje.i.j·,,.,-t do campo do!i po~sl·.,.t\'ls que delir:.e i1:; ,it.- l~·a ~. e.;; {"as E!Y.p1Z~t1ti'.,a!': nutn
J.~d-::i rr.::u11 i ~";l'ítr; , & b:re ;:. i'BJ~~.b .ir.LP a rrnjel f::rid ...~ .-.. . . rni;.ç c!.as trt\i'i:!L•Yi la!i flv:i!:Í\• ~is, cl . P
... P '"'=.~i"I qu~ ~bte:•e €.x.lk1 1-.0 r:.:::in::ulsc.:· de ··;:igrl";.:tbon", tcrrrmêrlc ·Si:', port rir.1o. pcrlildoriJ do tiLul:o de BOI...'. RDIEU. - ,õ, 1, 11.nll" de .::la'&::;e ~L {'<1lJSi'llir õ d11 pT001,L:l-e.·, in .R.wue- f ra ri~·;;h;c ,fo ..:::e. ::: L:.i,ÇI E', XV.
ag:régé e ticuli!ir da per;."1.r.I de pra fos!;:.:ir de lli::EU ou de faculd.:idi!. )l.n1,..1r~ 1-nr.RYY.'J de ] ~74, i , 3-42, espedl'ltn~""lh~ p, 14 IS.1 .. E&: ~.11lg:1 enc-c:m lrn-~ lrarl 12iJo
•• Alun~ <l<'I Écnr•"J r19r,rno le cJ..., &h.•r ·s. TIL! pT~ét'.1 P. CõlP.1mnell1 d . D ";:llRl.'!'11 o e cl~ss~ t: e..u.1,1 nlit"..a ,(l d:-.; f:il:"iV~ i,•.J. "'],

206 :t!O'/
valor quando associadas às virtude .. dominantes. capazes de compensar~ em fétias que veio sentar-se perto del~. O pai mostrou aQs fJlhos a be]eza
desa varo que nelas resta de cmpobrecirnen1o e. de medfocridade escolar: <ln paisagetn ~do campo, e cilou-lhes em latim ut11 verso dus Geórgicas.
1
a erudição só \,t<.'\]e plenamente se for ·orti~da de elegância" e o erud ito, se levant."'tndo~se; Passeron recitou os versos ~eguin tes e .sub1u novamente no
não to r ·' fechado na sua especiaJ;dade''. Tomando pouco a pouco todo o caminháo, dejxando-os estupefatos, e cheios de admJmção pot· esses can'l-
espaço dos elogios, à medida qtre se rarefazem as virtudes superiores, as poneses do Condado de Nice 1 que sabjam Virgilio e . ainda por cima, de
virtudes morais não podem ser nada mais do que os lim ites das virtudes cod''' (Noticia necrológica de Jacques-Henri Passeron ~ in Annuaire E1\rs,
inteJec[uais p'2rmi1em aceitar 1 num universo em c1,Jjei culminância estão 1974, p. 120). ''foi então que descobrlu qu€ fora precedido por um aleJnão
estas última5. Lá aitida. a mais driica verdade rnat1ifost91-se sem pre sob a que se } avia apressado e1n pubHcar seus resultados{. .. ). Dessa descobe;rta,
mais 1ncantada e elebração; é rea]m ente slgn1Hcativo que os ~1og1os asso- e!e saiu profundamente decepcionado e tneio desarnpamdo, e, ap esar de
den1 q uase sen1pre as virtudes dmninadas às virtudes de resignação que todo o en corajamento qu e recebeu, ped1u para rato ma.r a o s€c:undárlo {. ..).
permitem ãceitar uma pos.lção lnt~rmor ~em sucun-tbir ao ressenrimento que Em La Fteche * corno na: escola, e[e vivia sufkiente1nente apagado,
é a c:m11 rapartida. nonnal do superlni... es1imento frustrado 1 recusa das unicamente para os seus 1 à 1nargém da vida pública e ~ no entanto. era
honras! r~tidão moral. modéstia. discríção. E o~ obscuros encontram nos n1uito conhecido en1 toda a cidade e part icularmente estimado. É porque
eloglos a lôgi.ca de um sistema que valoriza a 1nod~s1ia e o desd ém pelas ele !'abja servir na hora celta e sempre com simplic]dade (... ). De extr,e ma
honras quando, por umQ estratégia típica de rev~ravolm do pró ao contra , modéslia , sem mnbição alguma, nunca tendo pedido nada, el permaneceu
eles tentam transformar ~ua obscuridade em escolha da \/°rtude e assim 35 ano~ em La Flec h ~, atê a aposentadorma,, (N otlda necrol6gka de Paul
lançar o descrédito ou a suspeita sobre os prestigias necessariamente mal Biassei, in Annuafre ENS! 1962! p. 41).
adquiridos das glórias mui o b rilhantes~'.
O ascettsrno aristocrático
A res-tgnação e a sabedoria que os memorialistas oficiais elogiam
~ncontram Llrn fundamento ob)et1vo na autonorrda re!ativa de que dispõem Ass]m todo n orma/ien participa1 em graus d1forent12s, desse universo
1

êiL5 dlferentes ordens de ens1no no interior dº um carnpo globalmente d~ virtude~ que os norn·w lf~ns reún em naturaln1ente sob o adjettvo
hjerarquizado . Cada tun desses subcampos oíerece um modo de reaHzação norma'/ ien r humor norma/len ''): ne-55('1 C()'mbinaçào única de virtudes
par'icular à an-tbição da n mis alta trajm6rla que es1.2i i1n pllcada no pertencer intelectuais e morais em que. ''él eljtº" J<.l corpo professoral se r econhece
à c1usse dos nó rrna lle n s (corno direito de preferênc]a sobre um campo de e que fundatn sua convkção de coc1stituit· urrla elite sim ultaneamente
possiveis) sob a forma cle urna trajetóda ao menos subjet~vatnente incorn· 1ntelectual e mora!, se e.xprime toda a posição dess'2. corpo na estrutura
paravel a qualquer outra: é o professor agrégé de filo sofia de um pequeno das relações de dasSce . Ocupando uma p osição te1nporaln1ente drnni·
liceu do interior que. provoca .a admiração e o respeito de seus cofega5 nant e (ern relação aos artistas), em uma fração dominada da d asse
mf~no~ titul ados pela simplicidade de suas manejras e sab{!!doria toda dominant<2 , os profossor~s c.onstituern orna espéde de alta pequena
1

íilosófica de sua existênc1a: é o professor de khâgne ou de taupe. rodeado burguesia votada ao aristocratismo da moro .l e da 'nteUgêncJa. As
da adm iração absoluta d·-:> geraçóes sucessivas de prtttf!nclente.;; ao títu!o de disposições que caracterizam propriament~ os prof º-Ssores mn oposição
normallen que o énvól\.'ern na representação sacralizan e qu e fazem da aos '' burgueses" (fração don1ínante) e aos "arttst.'15" (fração temporalmente
Escola ~ que. por sua ÇiHa qualidade esco lar, fozem·no participar de um dominada da fração dominada) encontram seu principio no fCÂto de que
~ 1 niverso de dígnjdade unlversHárja superior à dzts facu ldad12.s {Alain); e assim
eles se sltuam no m~io rern-10 entre ê;lS dui:l.S hier~rqu ia.s, segundo as quais
se dh;~den1 as frações da classe dorninante - a 1lierarqula do p oder
por diante. em todos os nívels.
econômico e polltico e a hlerarqu]a da autoridade<! do presHg•o 1ntQk~ctuais:
Ei d-Ja:i i'ustr21çõ12s entre nlàL ''Outro Jia, ve~[1do improvisadamente inu1to 1·hurgueses'' aos olhos dos escritores e dos artistas, dos quais se
~ Je·..r~ndo a Sa~n c-André um caminhão de esterco p ela estrada rortuosa
separarn por suas cornJições de extslência e s,eu estilo de vida . e nrnito
ele parou para queimar um cigarro seniado err. lJ m banco. de onde SE! tinha ''intelecl1mis'' aos olhos das '·burgueses" com o.s qmüs n~ó podem partilhar
um a helri v]st·a, e. respirar wn po uco. Ap4jreceu uma família de ciLadioos completamente o estilo de vida (salvo n c1. ordem do consun10 dos b en.
cultura2s}, só podem encontrar a compensc1ção de sua dupfa n1rzi~·derror~
, • Jarnais L~})glr:d?J t:ritr.(.t 1.~m '~7lhr :-fl~r.ci ele ~ :/' l''Tf ' lll'td o pvr 51 proprio, <"t OC~uridatJ~ L)áo p:::rJe i.:.er' na re.s1gnação ~tistocrática ou n as satisfações associadas à vida dornéstka
r~r.-111htt:"kil'i, l!X>.: d n s-:ib a ir:rm~ 11.i!=- 1,.•11tud;~ TJCISl1rv?15 t:;JE: 1.::ri!:.l.tmd i!imi.'!m12 supôe ci •sdí?J'n p1..]j!.S
l:cinrns e re::u!:a rlit Gu!'ca ée sucesso;; extra- nii.•~lfllics Ct:imo 1t c.~1Tll li"!.. e, r~o tra.::f! 1ir. 111 ir~-:IQo!.b,
1 ·, 2{J Ftílt).;;, pa r Lll 11 f'UDÍl5i:l r d;1 s~~ 1íl11 rlií\fll ii: (I,• \D'l t ..:e.ndit..,;JlO 0011b'i!J;xh.: Í0 r'oJ d::.t (1H.:iú
11nl\11:rsil .mo pur se.is eSrnl:::::: de ensaistil e _;.;,mili=>ta. ··o !iP.'l"thor r.bc> ~ ~11:7ir.Jmt<":Jlh~1c.\'! :::h:;curn ,

'.J ''
que suas condições ck! existência, ass3m corno as disposições ligadas à sua: sociaís de produção e de utilização, é, em. particular. à contradição entre
trajetória socia l e as estratégias matrimontals correlatas ton1am poss~vel e_ o imparmivo d~ cultura· .e edetisrno. na trn.djç.ão da Suma. e o imperativo
Por suas virtudes domés kas, pe o ascmish10 aristocrat.lco qus estti no de originaHdade, co ntradição inscrita nos pr6ptios úbjetivos de uma
prindp]o de seu e::i"irlo de u~da e ql1e oferece u1n últin10 recurso,à au1o-es,U[na empresa de p rodução cultu ral p<.rra .a s necessidades de reproduçã.o que
quando desaparacam [OOQS "OS outros pr•ndpios de ]egitlmação, e ·tambétn por is·so comporta sempre umq parte de simp~es reprodução (çada vez mais
pela adesão ao mundo e às grandezas desse mundo de que. é lf!Stemunha frQca e? sobtêtudo cada \. e.z mais bem dis simulada quando se va] das formas
1

esse tlpo de espiriro de "s(l..rviço público'' e d~ ''dét•otarnento''1 freqüente-- infertores1 numuais, ate às fotn1as superlores, reses de dout.orado).
rnent~ consagrado por eondeçorn.ções, q1.Jre, conduz às rarrejras adminis- Os professores do secundário não s~o produtores de obras (com
trat1v,21s, os professores são ma]s próx lmós à alt:tl! função pública do C]Ue os- exceção de um, aLttor de tracluc:ões); a produção dos professores de khôgne
int electua]s e a.rt:s.t<l:; cu~o culto cek~bram. A dupla verdade d(l.SSe corpo1 e: taupe se compõe quase exclusiva.mente de man Lmls, de obras didáticas
que não pode cumprir s~us tnais altos valores sem sacrificar é'.'lquefes. que diversas. ··No momento de sua publicação, ess~s livros, bem concébidos é
corre!-!pon<lem n sua própria função, lê.-s~ no j ulgamento que o re3tor'de cJararnente escr]tos, são atualiz-ações prec.isa~ a ~xcelent~s forram01tas
UUe fazia de J ules Romasns, então jovem professor de filos.afia num Jlçg.u~ para os alunos'" {Noticia necrológica de Gui!laune Rumeau; professor de
"Espírlto cultivado, original, provavelmente um pouco dislr(:111do por suas ftska de tm~pe, in AnnuaJre ENS~ 1962); quamo à produção de cilios
an1bições füerárias , allás, bastante legítimas'' (Noticia J1e<::roUJgica de Jule.:i;; furic1onános da Educação Nacional, jnspetorns gerats ou reitores. pode.is~
Romah1s , in Annua.fre EJVS. 1974, p. 43). Essa con.tradição, que está aplicar·1he os ine.smos ermos en1pregados ·para carn.cterizar a obra do decano
inscrita na pr6prta dafinição do cargo e é r'êproduzlda pelas caractet.ístícas liardy: ·'Masr para Hardy, d~sde .a sua chºgacla a Dacar; a grande tarefa e
sod~is dos agentes, é superada so-rne;nte por aqu~es que reallzam o ]dea] fomC!lcer ao enslno os n1ili1u.nis! as obras necessárias para a 'programação'
proclamado da exc~!ência inteJcctual, mas saindo do camµ<) universiti)rio dos diversos planos de ~i:u.dos. Hardy d.á o exemplo, abre os caminhôs, lança
{ou nele ocupando "lugares livres'' corno o College de Fra.nce:}. Mais ainda coleções. Publica livros de ensino qu~ \.'ã,o do manual ou tratado clidá~~co ao
que a dup!a tEmúnda~ inte]ectual e temporal, que sua posiçfi.o dominada livro d@. síntesº proo!s6rla ., {in a 11 nua t:re E.l"°"rs , 1965, p . 38). A maior parte
em um untverso temporalmente domlnado impõe ns cama das infe1iores dos professores do e.n sino superior produziu teses e obras de s1nte>e f;E.~te
do corpo p-rofossoral~ é u. meta consagração ternporG"t] das Cfl.madas médio.s aJ11plo estudo, uma verdq.deka conhibuk;ão para as ·pesquisas d~ literatura
qu12 faz perceber a verdade do as-cetisrno e do desdém professorõl pe]as con1parada '', notida n12cto16gica de Émlle Pons, 'in A n nua ire El'lS; 1974! p .
honras . inv43rsâo simbó ka de urna despossessão: aqueles que ~-eaHzam o 53: "Un1 verdadeiro sucesso de lumlnosa .sintese e de Vt;!!sta e ~1l~ret.a
ideal intelectual dentro dos limit es da universidadel aHngindo ass im essa en~dlção '' ~ Notícia necrológic~ de AuréUen Digeon, b1 A nnua ire Ef'._rS, 1963,
form.a h1ferior {do puntc.1 de vista dos próprios çrlterios que eles reconh~ p . 58}· a excepciona]n1ente romanc12s, ensaios ·'origtna.is'" esciitos com
cern} da gl6da intelectual que o campo Lm•vers31ário pode oferecer~ aqueles ··espirtto'' . ''}!nesse." 1 " chanri,e ''. 'Llucidez''. Nao se: fala de ' 'obra ' ' ~ no
que se apt·oprimn e se aco1nodam (são fn:~qOemten1ente. os mesmos} aos. sentjdo em que o meio intelectual dá a es5a pal~vra ! ou de ·· grande obra··.
poderes oferecidos pdc u n]versc1de não-poder. reconhecem õs$im a dL1pla a nào s~r ~propósi to do~ prc"fessores do CoIIege de Fran,ce_
an1bição que 4?.stá inscrita na sua dupla =neia~vitórl~.
Na verdade. uma ciêncja das produções acadêmjca.s deveria levar em
Os esquemas professorais d~ perc.epçã o a de apreciação funcionam conta tudo o q•. J~ se refere à postçáo do carnpo unW-ersitário na estrutura
também corno esquemas geradores q Ué est111tLltam toda prática e, ern das relações de classe e ºrn partlcular o aristocrn.tlsmo moral e intelectual
particular. a produção dessa categoria p~rtkular de produtos cultt1rais que que e~tá n a principio, por 12.>remp'lo, da atnwsfera de espiritualismo e
silo os trabalhos proprian1(.mte univerr.itárÉ05; cursas; manut=t;s; ou tes~s de tdealismo na qual. s,e en lev~ o ensino literir[o e filosófico, por um desd érn
doutora do. Na ordem das vüiudes intelectuais chegar~ sº-ia ao equivakm't~ aristocrática em re!ação a todas as formas de pensament(J ·'vu~gar(ts·= ,
das tôntradições encontrada::;; t~a ordem das qua.Hdades rnolê1is~ se se cr.)mbatidas por anátemas diversôs , pos3tivi~rr10 . materiaHsmo, empirismo.
anaJisa_sse tudo o que esses produtos fka.n) dº'vendo às suas cond]çô-es Os e!"iqU~m~~. de percepção e de apr~ciação qu€ a anâlis~ sociológica das
necrologta~ 12xurna. QSUí.O em prática na reiturn universitária de Ep1curo ou
1 O, A {!lrn\llsc de c.;1:?. ru'!".IOStra de -i:;t·di.~r~ u:'!fl..1,.-.:~IL?.rios. e: de e;c:ri·.:orc; Cll.J a.1.ist.eib inSct'itcs r.o lV'l:ia ~ de Spinot(;}, de Rat]Iift ou d e flauhrnt d42 Hegel ou de Marx. As obras cuja
wfio i7i' f;""t!1~~~ («lr::'~C- d12 1'::·69·19 70) Í &,t; U;)i:\r~ce' LJl1~ (.Q11l L!nlO d.e dif ll!T!:'l~i'J!: :tjsl • n~Llcas ·c:"ltil! c:onservaç.ão e consagração incumbem ao sistema de ensina sac ass]m
ess~ duils r p.1h~çr;; ~·. Os p1'0fc!..°":;("1~ un:.ver.:]ii.."i!:;'.i i:zr ·~íe1 i:.>,i!r:...s • p O! •Jm ri:t11cro i~édio d~ filho.'l
conti,rm ament e reprcduz1das ao preço de uma distorção tanto maior quanto
r.-kiis ~izi.·t1do ·:Z.39:· drJ q ..fü us .;_~1 \:i:"IH!.<: c:t: a.··ti:;L;:;s: U.56.I; •. c111> taxa ff!lTl(.6 d.?1,ow LJ-~ rolt~ oU
d<': tl:rvmenrJas lresplx:U..·a-ne:.)1-E •J .9~. e 0.');(, con:ra 16,6% e 1O.7%), i.:.: =-~ l.=t:O.:.J bi?m. mais clc-.. uda mais os e.squªmas que as <m.gmldraram estão distantes daqueles que U1es
~ oor:IJ..;' or."lç.:.~~ :65,1~ p.:..,,"'S'.ICTTl íJ le;;:in12 tloll h::.:t~r~ >:;'ltrn :~'1.2;:~ dos ir:tot:le::':.Uaiõl. aplicam os ~ntérpretes credenc~ados,, convencidos de que não podem

210 :2 11
fazer nada melhor além de lê-las "corn as lentes de sua pr6pl·ia atitude·•, Agrégation em letras modernas, l-fomens. 1965
como diz~a \Veber, ,e c.riâ-Jas assiro à sua pr6prta tmagem. Essas dispos1çõe.s "Compllações ruins e rnaciças (p. 9); vocábulos 'í.:ls e impuros que mais
genéricas encontram-5€ na verdade especificadas pela pos]ção que cada va!e suprimir completamente .. a agrégation não é admiss.í\.ie~ o ~spirlro
leitor ocupa no campo un;vers~ário. Vê-se, por exemplo~ o que a mals fádl. nem a banalidade, nem a vuJgarldade. n em a agresslvjdade (p. 11);
co;mum leitura de textos antigos (ó jardim de. Epicuro) pode dever às virtud~ li m concurso se.m brilho {p. 14); sua nulidade agressiva estava bem próxima
dos jardineiros provincianos~ e a interpretação ordinária e extraordiná ria da insdênda (p. 19); o jargão, a negHgênda. a pretensão serão puntdos
de H eidegger a esse aristocratismo da hi:rellg~ncia que w ita nos caminhos (p,_ 22); espedmes consumados de Lm1a ignorânda crassa (p . 24}; a
da floresta oL~ nas estradas da rnontan ha as populf)ções fracas e vulgares, sensib ilidade literária e a cultura g~ra[ (...} dão a rner.l1da das qualidades
ou seu a n,a logori concreto, os (maus) alunos sempre renovados que d~vem pessoais daqwile que fala: uma elocução natural (p. 35)''.
ser an-ancados sem cessar das tentações mundanas para se lhes irnpor o
reconhe.cin1ento dos verdadeiros valores. Agrégation em letras clássicas, J.l\>1u rheres. 1974
,; Mon otonia e p obrela no vccabulârlo. faka de elegãnda na expressão;
ANEXO a 01&adora (. .. ) prisioneira um pouco ]úgubre; car~caturas jncômodas; a
redlaçào pai;5iva; uma exposlção jnútff' (p. 22· 24).
EXTRATOS DE RElATÓRIOS DE BANCAS DE CONCURSOS
TAXINOMIAS E RITOS DE PASSAGEM
Éco/e norn1ale supédeure. 1965
4
'As afin.nações madças, elefantes.cas e os, intermináveis parágrafos
pré-fabricados; um tom pessoa] e u~na rara concisão dé estilo, os 'e.ar.rês·* Do rito de, agregação ao j:ulgamento último do grupo
se rcvelnm mais vjvos na conversaçãu, mais despertos, mais dlspon~veis 11 • f.: o mesmo sistema de clas.,5ifkação que continua a funcion ar ao longo
do cu rsus escolar; trajetórja eslTanha na qual todo mundo estabelece
Agrégation ern tetras, Hon1ens, 1959 classificações e todo n1undc é classificado. sendo que os meJhores dassih·
"Um sentido literário deUca<lo e uma real concisão de pensamento (p. 20)• cados tornam-se os m~lhores dassi ficadores d~que.les qu12 entram no
a frouxidão da elocução e a hesitação da palavra (...} um tom categórico circuito: is.so ocorre desde o concurso d e ingresso na École normate QO
e uma falsa segurança {p. 21)~ algumas explicações p enetrantes e delicadas concurso de ,agrégat~ón: <lo concurso de. agrég.a tion ao doutorado; do
(p. 23); um magma de palavras, Dor Vézes, marcadas por entonações doutorado à Sorbonne ou ao College de France~ do College a.o lnsrur.~t.
vulgares; um palavrôno vazlo e vão ~ urna seqüência bizarra de observações fim da trajetória, en1 que os ··mais bem classificados" de todos os concursos
superficiais (p. 27)i ele soube colocar em protiU1 de maneira ínteligente comandam d€ fc.t:.to todas as ope!rações de dass•fi~ç.ão controlando o
seus coohedmentos ... e cheg.a r assim a um julgamento 'tão nuançado , tão acesso à lnstânda de dass i,flcaçào de nh,oel jmedlatamente irif12rior que, por
pessoai (p. 26); uma Hngua verdadei.rmnente tnuito corrompída. Mistura sua vez1controta a seguinte e assim por diante. Esta regulação e.xterna que
de negligência e pretensão; essa djsparidade ~ tão desagradável quanto a se impõe através da hierarq1.üa das instéindas - o profe~sor unlversitário
vi~o de j6tas de fantas]a sobre uma pele suja. (...} como os pensamentos cioso de melhorar sua classificação deve respeitar as dassi:tcações em
(...) podem se expdrnir de maneira tfio estridente: e freqüentemente tão vigor, tan to nas suas produções como na sua prática un l\.'ersitâr~a - não
desprezíveJ? {p. 28}. Uma apresentação qu~ revelavn a lntehg~ncia! por f~z nada m~i r.:; do qlle n~forÇar ôS efeitos das diSpôSLÇÕe!-'õ a lJIOrt)a[jC8J'T1íinl e
vezes a fine?..a e o sentido llterário do tradutor (p. 29); urna reprodução ajustada.~ e conform~s que foram selecionadas e inculcadas através de todas
servil de palavras latinas; uma série de retoques. verdadeira pasta verbal as operações anteriores de e assHicação.
inerte (p. 30)" _ • * *
Doc:um~nto de primeira linha para uma aná~se dos \.'alares unjversitárlos.
as notas necrológicas- em partlcular aque!asqueo Annuaire de / 'Assocíai~on
c;rn1'.íc,a1e des' oridens éh~ue.s de i École n orma J~ supérfeuré publlcn -
colócanclo a1nda enl prárica ~ no j1.J]gan1ento últkt10 qlJé o grupo faz de urn de
seus rnernbros d~sapatecidos 1 os prindp~O$ de class1ficaç~o que deten11inaratn

212 21'i
sua agregação ao grupo. Nada de surpreendente haverá se, ness€ último Pierre Audiat
r2xame~ os :.camaradas dia<;íjpatecldos ·· se virein dassifrcados como sernpre Nascido en1 Angoulfün<2, em 15 de novembro de 1891
forc1ln classificados em vida. quer dizer, em função de qualidades unive.rsi- pai professor
tár~as sutilmente hierarquizadas qlJe. nesse momento final do cursus, ainda
'·Conheci alguns pn tis1~ntf~s da gema__cujo prazer cotidiano rnais vh;o
mantêm urna re~çãa irned]atarnente visível, com as origens sociais. Aos era pegar esse jornaJ e ler prirneiramenif.! ~sse recado que 'de um exl remo
ma~s obscuros, pequenos professores do inrerlor. at:rtbuem-se as quaHdades eio outro do ul' levava aos quatro ventos - escrito de unú:i forma natur.al 1
mínimas. as do bom professor. mais comumente associadas às do bom pai aguda, predsa 12 nk1da - o e.spkita de.spr~ndldo. alado e sensalo d~ P:erre
e do bom marido. Em seguida, v~rn as qualidades intelectua.ls dé grau Aud1a . (. ..) Pierr12 Au.diélt tornou-se um de no~ sos romancistas rn(1 i5
infer:lôr, a seriedade. a erudição. a probr-dade. ou as qualidades :;upe.hores originajs, o ctiado~· e o mestre, acr~<litc..\ do que poderia ser chamado o
aplicadas a ativkiades inferiores, e.orno ciS traduções. as. edições criticas! ' romance pskopatológico·.
obras um pouco ··escolar~s " que o si stema escoin.r, corno sa sabe , jamais
(.. .) Na _tia te::e de 1924 (. ..), ele surpreendeu e quas~ ~scandalizou seJ
reconhece plenarn~nte. Mrus adiante! as virtud es rnenores dos setVjdores júr1 1 qL~e se incllnou, r ~o etYanto, diante de sua n 1aestria jove1n e bri lhi;lnt~ .
da cultL ra. as qualidades. primeiras, essa$ gU'2 déstinguem os professores
universitários capazes de demonstrar si..1.a exc,el~ncia transgredindo os (... ) escritor nato, 1crido essa e: nna brlJhante , afiada, qu ~ se chama
jmite~ da def1niçáo univers)táría de excelc2nc1a . E a suprem.a homenagem
jwaame.nt l'l eslilo. e que considero um dos. escrit0~·p i; do Ocid :> nte e. da
que, por ]n1ermédio de \Jrn de seu$ próximos {universitariamente}, o grupo
Françã que, p{;1 1o~ s12u.s escrilos. rnantev~ a rnaior flddidad e às tradições
inl eligentes de 1..mT"I. Franç.:i orgulho&1 e. livre qu alnda não es-tá rnoJi~ ''.
atribui àquele que r~ali:rn se.u ideaJ de excelência, c;onslste em situá-lo
naque e ponto além das classifj~ções escolarf;!S;á previsível pe]as. mesmas. Arn.ua~re E1\'S. 1962. p . 38-39.

EXTRATOS DE NOTICIAS NECROLÓGICAS Roger Po11s


Na.scklo ern Equeurdreville, em 28 de agcsto de J 905
Paul Sucher lnáe professora prlmár1a , avós cCJ.mpo ieses
Nascido e·m VersaiUes, e:rn 10 de janeiro de 1886 pro f·~ssor de khágn e no licou Lours lc Gr.and
pat comerciante
"A exp licação des:::.~ suce.sso único deve ser procurada r.un1a abnúga-
.. Depois de Sl-la monografia .sobre Hoffmann! numerosas traduções ção perene. Grande human.sta. Roger P ons punha-se a serviço dos kxto$
mostn:im a tacmdade ~ a ele9ância e a ~xattdão cmn que ele sabl<i transpor e. dos autores, aplicando-se. quer ~~~ 1r~tasse de Pascal nu Diderot, de
os textos, enquanio longas introduções fazem rnssaJtar sempre o essendal Clc.. udel ou dP. Gide. a rl!veJcs~lhes a gen1alidaJe. sem ~ eles se . u.hs Uuir,
dos problemas füerárlos por vezes confusos e corl[rovertidos. Sém ptêOCUpar-se e:-n S'..JrpreeT:cle-)os enl ralta, num clífn él de Simplicidade
(... ) Em prn,tco tempo. Sucher poder1a ter feito uma ~xcelerue tese que e acolhimento. Juiz escrupuloso dos concurso s de agrégatjon, inspetor.
lhe. teria aberto o acesso a nossas Fà,culdades. para grande. alegria dos seus Roger Pon s p ennan12ceu profos::ior, colocando sua expenênd a. f:! s12u
antigos profe~sores. Não acredito que ele tenha sido impedido por diHcuJ- ccinhedrnento a sen..õiço cio E',mstno e dos protessores.
dades que nada sigr!Mtcavam para ek~, nem pelas exigências de um trabalho (. ..) Rog(:!r Po:1s escreveu muilo e, da mais curta nota ao mais dQs<mvolvido
de erudição ao qual se dedkava, yuando bem entencüa, por gosto e con1 ensaio. com um cu]Jaclü m~nudoso , atento à exatldão e à p erfciçãu do
naturalklacfo . Sua vida íntcrior era--ll-ie suficiente: a teitura. a nied1façào~ as pormenor, e S€mp~e r.L~m estilo v~oroso, claro! emocionante. Era. no entill1to!
viagens! as longas e5tradas percorridas a pé, mochila nas costas, ou em oom v.ttesã.o que fabricava sem cessar o úl il e o utilizável rarã os ou.Iras.
biddeta, os largos horizontes conquistadcs. no:; Alpes con1 a força das pen1as de·~;orado µd o 1rôb.=: d ho. pelas arni.1.ades. pelos deveres. rrd~do no fim pelo
ou com os dedos cravados nos rochedos! a vida agradavel no lar qu€ montou d1?.Stlno, Roger Pcns sorri~cl~º ofor~c...,u as aprmürnações. as prnlim lnar~s . os
ern 1926 ao casar-se com uma de nossas colegas do ensino púbUco. erarn esboços dQ grande obra de moraji ~Ca e tk critico que n-a.zJa e.m si. O ~scetismo
suficientes para povoar e enriquecer a existência, como ele desejava ''. universi[fu]o e hu mildalfo cri:;t~ coc1jugados impe.diram·rto {pois a vhtude é.
Annuatre ENS~ 1962) p . 36-37. porvenhffa~ cruel e dí.!struidora) de dizer o 11lQis ·mportante, o rna:s pessoal,
imnlicito em toda a parte, )amais. bvrcmente rew~l~do '".
Annuaire EJ\íSr 19621 p . 52-.?3.

214
Maurice Merleau-Ponty
Nas.cido ern Roche'forl-sur-rrter. ern 1908
pai oficial de arti1hatia
membro do júri do concurso de ]ngress.o na Éco!e n orma,1e supérieure
''A1nda o rc.vejo naquela é.pocat com suas rnane1ras rGServadas, seu
~eko de ouvir com extrema atenção, suas respo5tas per[~n entes e un1 pouco
énlgrnáticas pelo silêncio que. as envolvíai havla n<:~le algo de aristocrático.
umEl distância que pem1itia a profundidade dos encontros .
(...) !vlaurk e !Vk>rlm u-Pont} era da ra~ dos grandes Íi16sofos; 1201 certo
1

se:nliclo con tiíLUZl\.·a Alam e Bergson; sob outro aspa.rio esta·..,·a pr6xin-;. o de J.·P.
Sartrn, e, cotno este. havlô sofrido a influêndâ de Husserl e de H~idegger'' ,
Annuafre ENS. 1962, p. 54-55,

O s excluídos do interi,or*

PIERRE BOURDIEU
PATRJCK CHAMPAGNE

Tm d 4.1ção; l\l!\<..>All Pf. CASTRO


R evisão técnirn : Gt ill lir.RM!-: J OÃO DE fllf'.ITAS TElXBR.':1,

f'onre: Bo urdieu. Piffr~ e C hampagne, 'Patrl.'.:k ''Lês e:-:clus de


1ln1ê-rk-:1.LT'', fH.bllcooo ort~ir.i'Jlmmle in Actes de la
rcche:rr~1e E:ll sch:ric~ .o;0<:1oJes. P.e.ii s., :n, Q1/Q2. in.:i~ço
de 1992, p. 71 -75.

'"'f..stos.análl<;.W :~il.IS partlcul(lml~lt e d<'th::adas l\C6 :tlurim dos l1cecs, são um prolongamrnlo clõ):iudas
qu~ for"dlll avir~~ 1ll~ H~ 110 último nCmien'> 1· A~!~s de lti r'"'" ~rch~ ~t• ~de:1c~.i; :,c.x71uf!;!.\'

216
Falar comonovembro
1

como a de
foz muitas vezes. especialmente
se
1986 ou de
por ocasião de crises tahõi
de nov~m1bro d~ 1990, de ,, maJ·esrn r
1
nos liceus é atribuir indistintamente ao conjunto de uma categôrla
' ,

extrernament~ diversitk~da e dispersa um '" estado'' (de saúde ou de


espírito)! ·em si mesmo. n1al identlficado e mal deflnido. É claro., efetiva-
mente, que o un~v~rso dos <2stabe.lecirnentos esco~ares e das populações
con-espondentes constfü.ti 1 de fa• c:i 1 um conrinuum, do qUêil a percepção
comllln apreende ap~nas os dois extremos~ por tm1 lado! os estabe:ledmentôs
jn1provLc;ados cuja rnulUpHcação fez-se, de man€jra precipitada. nas periferias
1

desafortunadas para acolher popuJaçóes de alunos cadã vez mais rn..1m~r0Sô~


e mais desprovrlos do ponto de vista culrural e que deLxaram cie ter alguma
colsa a ver com o lica.i, ta[ como estº s€ p12rpº11.lou até os anos 50; por outro!
OS e.stabelecjmentos aJtanwnte presetvados~ ondfl 05 alUn0$ oriundos de "'boas
fa.rníllas" podem seguir, a~nda hoje; uma trajetór[a escolar que não é radical-
mente diferente daquela que 'fol s12gulcla pelos pa1s ou avós. Pode até acontecer
que, durant€ uma manifestação~ alunos {ou pÇJ.is) venham a se reunir p~ra
prot12Still' contra o ··mal da Escola'' ~ hoje n1uito dlfundido, que não deL'l(a de
revestir forrn as exlrema.menl:!e cltv~Jfk:adas: as d~ficuldadº5; e mesmo as
ansi€dades sentidas pelos alunos das seções nobn!!s dos grandes 1iceus
parisienses e suas fo.rnillas! diferem, como o dia par~ a noite. claquialas
encomraclas pelos ak.i.oos do!i co~~.gjcs de ens~no · ecnlco dos g:rait...ies conJun-
t os hàbitadonais das perãferêas pobres.
Até o final dos anq s .50 as jnstitulçó~.s d~ ensino secundário conhece-
1

ram urn~ estabfüdade rnuito grande fundada na elimjnação pn~coce e bruta!


(no momento da entrada em sixJeme) das crjanças ork.mdas de famfüas
culturalmente desfavorec1das. A seleç<)o com bo.se sodal que se operava,
asshn, ~ra am p]am en[e aceita pelas clian ças v[tlrnas de ta~ seleção e pela5
fonúUas : uma vez que ela pareda. apoiar-s~ e:-.{duslvam ente nos dons e
rnérltos dos eleitos! e urna vez que aqueles que a Escola r ejc:rn.va f1c.avmn
convenddos (especialmente pela Escoa} de que eram ele-S que não queriam
a Escola.. A hierarquia das estruturas de ensjno. simples e dara1.n ente
identificável, e, mu,ito partlcularrr1ênte. a divisão absolutamente nítida entre
o prhnário (da]! os "prin1ár)os 1· ) e o se.cundárlo, e~tab12.lºcia uma relação
estreita de hon1ologia com a literarquia social; e isso contr1b1..Ita muito põr~
persuadir é)queles que náo se .sentiam fdtos para a Escola de que T'lào eram
fenos paro as pos]ções qu(;! p o d tUn Si?.t alcançadas (ou não) pGla EscolB, ou
sej a~ as p-rof1ssões não~manuais e. muit o espedalrt11?nre:, as pas~ções
dirlgente.s no interior dessas profissões.
EntTe as transformações que afetaram o si.ste1na de ensino a partir dos Seria.necessário mostrar aquj evitando encorajar a
L ilusão flnaHsta (ou 1
~nos 50, uma das que U\.•eram, roa!ore.s conseqüências foi. sem nimhuma em termos rnais precjso.s, o ·'fun.c~ona1isrno do p ior ") <.:orno, no estado
duvioa, a entrada no jogo escolar de categotias sociais que. até 12ntão, s~ completarn12n[e diforer:.te cio sjste.ma escolar que foi jnstaurado com a
consideravarn ou e~tavarn pratkam~mte exduidas da Es,cola, crnno as chegada. de novas d ient12las, a estruture da diStrlbuição dií erencial dos
pequenos c01nerc3antes~ os artésão.s~ os agricultores e n1esmo {devido ao beneficies escoJares e dos benefkjos socjais correlarrvos foi Jnantida. no
prolongamento da obrigação escola.- até os 16 anos e da generalização essenc1al, rnedian1€ uma translação global das dlstãncias. Todavla com
correlativa da Emtra,da en1 sjxie rr1e} os operários da indústria i pnx;es.so que. un1a dife rença fundamental: o processo de eliminação foi djferido é
jrnp1icou uma tntensiflcação da concorrênda e um cresc!rnento dos inv~s­ est€ndido no tempo e! por consegu]nte, como que di)u1d o na dw·a~o, a
tin1cntos educativos pôr pilrte das ca.t~orias que ;n utiJ12av,?1m, e.m grande in.stitujçào é hab1tada, pen11anent,em1ente 1 por excluídos potenciais que
escala, o sistema escolar. introduiem nela as contradições e os conflitos associados a urrfü es.colari-
Um dos efeitos mais pu.radoxats deste processo - a propósito do quaJ dadº cujo únicc.1 obj~ti.vo -é ela rn 12srna. Ern suma. a elise crônica - a que
se. falou, corn um pouco de precipitaçã.>0 e mu~to preconceito. de ·· d~;nno­ dá luger a ~r1.sUhHção escolar e que coo hece, de tempos em L~mpos.
cratizaçã9., - foj a descoberta progressiva, entre os ma]s despossuidos, das manifestações crlticas - é a contrapartida dos ajustament.os ins.Bnslveis e,
funções conservadoras da Escola "1ib~rtadora,,, Corn efeito; depois de um muita.s vezes. inconsdentes das estruturas e disposiçaes > através d.as quais
período d e Uusãio ~ mesmo de eufo.rla; os novos benefidârios co·m preen.- as con:tradlções causada::. pelo acesso de novas camadas da população ao
deran1~ pouco a pouco~ que não bastava ter acesso ao ensino .secundâimo ensino secundário; e atª m12Smo ao enslno supériór, éncontram uma fornta
para ter êxi,t o nele~ ou ter ex ito no ensino secundário para ter acesso às de so]ução. Ou, ern termos mal$ claros, l?tnbora menos cxatos 1 e portanto
posições sodals que podiam ser alcançadas com os certsfiCádos escol.àres mais pe1igosos, essas '' disfunções'~ sâo o ''pmço a pag.::.r'1 p arn que sejam
ob[idog o& b€fü~Hcio~ {~.sp~c1alrn~niê polHEcos) da ''democrc;11ti?açáo •
11
e, em particular~ o bacca km réa t *, em outros tempos, o u seja, nos tempos
cm que seus pares soda.is nào freq üenmvam o ens1no s-ecundârio . E é Hdto Eclaro que não se pode fazer com que as crianças oriundas das família.s
supor que a dlfusão dos mais importantes conhed1nentos das dêndas mais desprov1dar;; econômica é culruralmente renham àCe!iSó à t)S difere.n es
sodais sobre él educação e, em particular, sobre os fotores soclais do ~xito níveis do sistema escolar e, em particular, aos mais elevados, sem modificar
e do fraçasso escolar, tenha contribuído para transformar a p~rcepção qua profundamente o va1or econôn1tco e .simbólico dos d•plomas (sem que seja
alunos e farnülas têm da Escola na nieDida em que já conhecen1t na prâtka, poss~veJ ~vitar que! s12.us détentares corr.am Uff1 risco, ao menos, aparenté) i
seus efeitos. [sso sem dúvida . deve-se a uma transformação progressiva mas é tarnbém dara q 1Je são os responsâve,ls diretos pelo fonõmenc de
do discurso don1ina nte sobre a Escola: com efoLto, apesar de retomar1 de.svalmização - que resulta da multipljca~o dos dip]omàs. e de seus. deten~
muitas vezes (crnno se tratasse de 1nevitávfüs lrrpsos., por e..'templo. ~ propósito tores, ou sej a, os recé m-chegados - qu~ são suas prime~ras vítlmas. Os
dos ·'superdotados''), aos prtndpios de ,,.jsão e djvisão mais profundamente alunos ou ~tud.antes provenietlté-S das iamíH~s mais dêspro~riclas cultural-
escondldos1 a vulgata pedagógica: e todo seu arsenal de vagas noções metite têm todas as chanc,es d€ obt,er! ao fim de uma longa esçolaridade,
sodo'logizan t es - "handkap social "obstáculos. cutturaJS ou "1 nsufiçmên-
11 11
,
n tuita.s \,1ezes paga com JJesados sacrifidos. um diploma desvalorizado; e,
cías pedagógkas'' - difundill a idéia de que o fracasso escalar não é mais se fracassam , o que segue sendo seu destino majs provável. são votados
ou, não unicrnnent12, imputável ós daficmncias pessoais, ou seja, naturats, a uma exclusão, sem dúv]da, mais esttgmaHz;mte e mais totãJI do que- "~rn
dos excluidos. A lóg1ca da resporumbllldadº coletlv.a k~nde, assin1, pouco ~ no pe;s.sado: maJs es~]g1natlzante, na tnedida en1 que~ aparentenumte.
pouco, a suplantar. n as mentes, a ~ógka da responsabilidade individual que tiveram .. sua chance'' e na m ecUda em que a definição da identidade social
leva a "reprGender a vttlma"; as causas de aparência natural, co1no o dom
tende a ser fomta, de forma cada vez rn~üs campl~a ; péla insfüu1ç.ào e.~colar;
ou o gosto ~ cédem o Jugar a fator~s
sociais mal dr2flnidos, come a insu-
e mais. total, na me-dida em qu€ uma párte cada vez maior de postos no
ficiência dos meios utUizados peta Escola. ou a incapacidade e a inc.ompe-
n1ercado do trabalho esrá res'2rvada, por dirnlto. e ocupada, de fmo. pel.os:
t~nLia dos profoss.or'2s {c~d~ vez ma.iS" frcqOe.ntenrnnte ndos con10 responw
detentores, cada vez 1naJs numerosos ~ de u m diploma (o que expika q ue
$á.\.'ei$, pelos pà1s, dos rnaus -resultadcs dos lilhos) ou me~tno , mais con-
fusamente ainda~ a lógica de L1n1 sistema globalm,ente d eficiente que é pre~
o fracasso e.scolar seja vivido, cada. vez mals acentuadamente , como uma
çi50 reformar. catáscrofo. õ;:l1'~ nos rne]os popul~res) . l\ss~m i a instituição escolar l~nd~ a
ser considerada c..ada r..;.ez mais, tanro pelas famfüas quanto peJos pr6txios
alun.0;; 1 corno u rn G!ngodo, fonte de uma lrnensa decepção cole:tlva: és,::;a
11
N. dó R: T;:.mf::.en bd:~ sd.:i .a fonr.a ilb~evinda -bac": oo sjstern.a e:luc.i!l:::b:ii:ll fmr..cés, desirrno~ esp4c:i~ d(! te!rra prometida: semelhante ac:;) horizonte. qu~ reçiua. r:;(~ medida
1t.o 1 :1~ 111) t 11~0. 1~ ~1'~1n~ {! u dl~ICtn'l.e >t.cd<&tldo (10 flivi.'! r.lo V c!.<:lo do <;t13lt"IL) d9 21! ~r,a'J. ern q ue se avança e nt ~ua direção.

220 22 1
A diversHicação dos ramos de ensino, associada a procedJmentos de No entànto, o t:·abalho de recakamcnto da v~rdade objetiva da pos~ção
orientação e seleçi=io cada vez rnais precoces~ tende. a instaurelr prátkas ocupada no seio do .sistema escolar (ou do espaço sociaJ) nunca tem êxito
de exclusão brandas, ou snruhor, insensh..-eis, no duplo sentido de contí· completo~ nem $0qUer quando á apoiado por toda o. lógica da instituição e
nuas, graduais e lmperceptlveis, despercebidas. tanto por aqueles que as pelos slstmnc1s coletivos de defesa que da engendra. O ''paradoxo do
exercem como por aqueJes que sào suas \1tírnas. A eliminação branda é para i:nentiroso'' não é n~da ao lado das dificuldades ql1e provoca a mentira a si
a eliminação brutal o que a troca de dons e contra.dons é para o ··dá-se a mesmo. Tnl fenômeno é perfejtamente ilustrado pelas afirmações de alguns
quem dá'' : desdobrando o proCe-'iSO no ten1po, ela oferece àqueles que. tfun e.xc;luíclos, em sursis~ que fazem coexistir a lucidca m.ajs extr~ sobre a
tal vivência a possíbiHdade de drssimular a si mesmos a ve:rdacle otti pe· verdade de uma escolaridade. cujo únko objetivo é et.\ ll1es~na, con1 a
lo menos, de se ~ntregar, com chances de sucesso, ao trabalho de n1á-fé <let(;!!nn1nação quase de11berada de entrar no jogo da lfusão 1 talvez para
pelo qual é possivel chegar a mentfr a si mesmo sobre o que se foz. Em desft11tar rnell1or o ten1po de liberdade e gratujdade oforeddo dessa fonna
certo sentido ~ as ''escolhas~· nials dec!sivas são cada vez mals precoces pela instituição: aquele que tenta fazer sua a mentira que a instituição
(desde a trofs íeme, e não, corno antigamente, após o baccalauréat e até proclama a, seu resp~ito está votado 1 por dºfiniç5o, à dupk1i consd<'3ncia e
majs tarde) e o dest!no escolar é selado eõda vez mais cedo (o que contrlbut ao doub1e bfr1d,
para exp~icar a presença de alLmos muito jovens nas grandes manife~tações
e.studaintis mais recentes): mas~ ,~ outro sentido , as conseqUências adv~n~ Mas a diversiflcação ofidal (e1"t1 ramos de ensjno} ou oficiosa (em
das dessas escolhas aparec,ern cada vez &nais tarde. como se tudo conspi~ estabelec:ímentos ou dasses esco~res sutilm~nte hierarquizados. em especial
rasse para ençorajar e sustentar os alunos ou estudantes, em sursjs, no através das llngua~ vivas} t~m também como efeito contribuir para recriar um
trabalho que devam fazer para adiar o balanço final, a hora da verdade, ptindpto 1 partjcolarmente disslrnulador d~ djferendação: os alunos ••bem
em que o tempo passado na 1nstituição escolar será cons~derÇJidO por eles nascidos~;, que receberai11 da familia um senso perspicaz do investimento;
como um tempo morto, um m :empo perdido. assim colno os exemp[os ou conselhos ~pazes de ampará-lo em caso de
incert:eia, estão em condições de ~pHcar seus jnvestimentos no bom momento
Esse trabalho de má·fé pode se perp~tuar, en1 mais de uni caso ~ para
e no lugar c.erlo, ou seja nos bons ramos de ensino. nos bons estabeJecimen·
a1érn do fim dos estudos, especialment~ devido à impredsão ~ lndetennj-
tos. nas boas seções etc.; <=10 conbário, aque!'2:S quª são procedm1tQS de
naçãô de alguns lugares inc~rtos do espaço social que , pelà maior dificul· 1

familias mais desprovidas e) em particular! os filhos de imigránt es, rnu1tas v&es


dade em serem classificados. deixam maior margem de tnanobra ao jogo
duplo. É esse wn dos efeitos n1ais potentes e t~mbém - não sem 111ot1vo entregues cornpk~tamenta a si n1esmos, desde. o fün dos estudos ptintá,rios,
~o obrigados a se submeter às injunçóes da instituição escolar ou ao acaso
- mais ocultos da instltuição escolar e de suas relações com o espa~ço das.
posições sociais às quais, supostamente, d~ve dar acesso: efa produz um para encontrar seu c~inho num unlverso cada vez mais cmnplexo e são,
núméro cada vez n1aior d e tndiv'tduos at ingídos por essa ~spéde de assh11! votados a lnvestir, na hora errada e no Jugar curado,. un1 capital
mal-estar crônko insütu1do, pela experiência - mais ou rnenos completa- cultural, no final de contas. extrernaJTIEmte reduzido.
m ente recalcada - do fracasso escolar~ absoluto ou reIDtivo, e obrjgados a Eis a] um dos mecanismos que, acrescentando-se à 16gka da transmls,-
defender, por uma espéde de b~efo permanente. diante dos outros e · ~10 do capital culturn.11 fozen1 com que as mais alta.s instJtuições escolares
mmbém de s] mesmc>s, uma imagem de si constantemente matt:ratadar e, en1 particufor. aquelas que conduze·m às posições de poder econômico
n1achucada ou mutilada. O paradigma desses inumeráveis fr.acassados e polfricot continuem sendo exclusivas como fora1n no passado. E fazem
relativos (que~ possível encontrar até m~smo n os nlve]s mais elevados de com que o sistema de ensino, amp!amenha aberto a todos e! no entanto,
füdto ~ por exemplo: os alunos das "pequanas ·escolas'' em réJaçã.o aos a1unos estritamente reservado a alguns, consiga a façanha de reunir as ap~rêndas
das ··Grandes Éco~es" * ; au os piores d~tas úlfünas em re.1a.ção nos melhl::ires, da '\"lemocratizaçãot• com a realldade. da reproduçt}o qu~ se renliza em um
e assim por dk~rite} ~. setn dúvida, o contrabaixista Põtrick Süs.skind~ cuja grau superior de dissimulação ~ portanto, com um efeito acentuado de
iniséria verdadeitãmente profunda e real vem do fato de que tudo. no seio Jeg itimação social.
mesmo do universo altamente privilegiado que é o seu, acaba por lhe lembrar
r"-·1as es$a conciliação dos contrários não se. dá sem contrapartida, As
que ocupa aí urna posiçáo rebaixa.da.
maniÍeslaçõ(':s dos estudantes dos lh:eus que~ nos últimos vinte anos, t~m
surgido de tempos ,em tempos sob pretextos diversos~ e as violências maJs
ou 111enos ]n1portantes q ue, continuamente , têm Hdo con10 objeto os es-
~ N. do R. : [11sbtt1lçt'S<:s de? ~sino sujlerior, inckp ·nck..'f!te.11 dlo s istC?ma ur:ii,.oersi1ana. qr..re t~tam por tabelecimentos escolares mals deserdados, na.da n1a1s são que a manlfes·
c:cmcu:rso e se de!õllmml k forrocsr i'L'i c!l:tes L'1teled.1ni~ é dlng('t':.1e; da r..ação.
tação visível dos c~ fGitos pe.nnanenl.es das contradações da ãnstil1.ÜÇ<.1o escoJar

·222
e da violência
de uma espécje absolutamente nova que a Escola prattca Aqueles que! 1novidos pelo gosto da dramatização ou pela busca do
sobre aquél~s que não são ·(eitos para ela. sensacionalismo. gostam de folar do ''ma1·estar nos liceus'', reduz~ndo-o - por
Como sempre, a Escola exclui; mas, a partir de agora. exclui de maneira uma dessas simplificações do pensamento pré-lógico que grassa~ com tanta
fr~ü~nda, no discurso quotidiano - ao ''mal-estar dos subúrbios~ que por
continua. etn todos os níveis dn cw·s1i.s* (entre as classes de transição e os 1

liceus de ensino têcnico não há , talvez ma]s que u ma difareriça de grau), su.a vez, está contaminado pelo fantasma dos ''imigrantes", reforem-se, s.ern
1

e n1<11ntérn ern seu seio aquelºs que exdut, contentando-se em r~legâ-]os o saber, a uma da_s contradlç.éas mais fundamentais do n1undo social em seu
para as ramos mals ou m enos desvalorizados. Por conseguinte, esses estado atual; particularmente \llsíveJ no funcionamento de urna instituição
exdu1dos do ü1tmior são votados a oscilar - em função, sem dúvida, das escolar que, sem dúvlda, nunca e.xerceu urr1 papel tão importante - e para
flutuações e das oscilações das sanções aplicadas - entre a ad~são urna parcela tão impotiante da socieclade - como hoje, essa contradiçãô tem
maravj)hada à ilusão que ela propõe e a resignrtção a seus veredicLos, entre a ver corn urna ordem social que tende cada vez ntais a dar ludo a tcxlo n-1undo>
a submissão ansiosa e a revoltn impotente. Eles não podem deixar de especialmente em matéria de consurno de bens matetia~s ou simbólicos. ou
desçocrnrr maís ou menos mpidamente, que a ld~ntidadº das palavras n1esrno políticos, n11as $Ob as espécies fictícias da ap~rência 1 do sin1ulacro cu
(' liceu", ,, estudante de liceu.. , .,profoss.or", '-'estudos secundários,.) '"bacca~ da àrnítaçào. como s'2 fosse esse o únko meio de reservar para uns .a posse
lauréat'') esconde a diversidade das coisas; que o estabelecimento indicado real e lº gítima desse.-s bens exclusivos.
pe]os orientadores escdares é un1 .lugar que reagrupa os tna.is desprovjdos;
l1lle o diploma para o qual se preparam é um certjficado sern valor ('"eu
ANEXO
me preparo para um peq Lteno G2 ' t * *, diz, por exemp]o, um de!es); que o
bac obtido, sem as n1ençóe.s lnclispens.áveis, acaba por condená-los aos
ran1os menos valorizados de um ensino que! de superiort s6 tem o notne; Pa ra e last o bac G é uma la ta de li~o
e ass]m por diante. Obrigados pe1as sanções negativas da Escola a
renunciar às aspirações escolares e soc;iajs. que a pr6prla Escola lhes havia - Em sua opinião, há lH')"}(l hierarquia entre os bacs?
inspirado! e i; ·em.suma! forçados a djrnínuir suas pretensões! levam adiante 1
- Com certeza . Se levarmos ·em ·Consideração unicamente á!:: n1entali·
sem convicção) uma escolôrldade que snbem nâo ter futuro. Passou o dacles. o bac C é muito rnals cotado. As pessoas de C são mujto mais
tempo das pastas de couro dos un ifonnes de nspecto .austero, do respeito
r apredadas que as pessoas de. G. Para elas~ o bac G é uma lata de lixo. De
devido aos professores> outros tantos sinah; de adesão rnanifestados djante da modo geral, a ordem de classificação é C e D; em seguida, A e B roais ou
instltuJção escolar pº1as crianças oriundas das fam.Jlias p opulares tendo cedido 1
menos no rnesn10 nível~ e depois G.
o lugar, atualmentet ·a Uina relação mais diStante: a resigm1.çâo desenCGmtada, - Ne.ss·e caso, não é uerdade quando se diz que o ensino é o rr.1.e smo
disfarçada etn negligência impertinerite, ~ vjsível através da indisênda exibida para todos?
do e:iujp.amenk) escolar, os cru:len1os presos por um barbante ou elástíco - Exaram ente, isso não é verdade. Digamos. ta!vez na origem, se.ja o
transportQdos de forma disp]k:ente em drna do ombro, os Mpis de feltro rnf!.sn10 para todos. M.as a cons1d€ração de todo o mundo, lndus1ve dos
descartáveJs que subsUluem a caneta-tinteiro de valor oferecida par-a servir profossores, por certas classés faz com que ... os próprios professores não
de encorajamEmto ao jnvestímento escolar ou na ocasjão do aníversârio,
considerem o bac G como uma verdadeira dasse.
etc.; tal resignação expnme-s e t~n1hén1 pefa mulliplícação dos sinais d<!
provocação em relação aos professores~ como o walkrnan "gado, algutlWS - Entã.oi como é que é considera da por eles?
vezes, atém.e smo na sala de au1a, ou as roupas, ostensivamente descuida- - Lata de Jixol Para eles, essa elas.se recêbe todas as pessoas que, na.
das. e muitas vezes exibindo o nome de grupos de rock da moda, inscritos troisieme, não qujseram parar e (aqlJeJas que}. na seconde, tiào obtiveran1
com caneta ederogràflca ou com fe]tro, que deseja m lernbrar, dentro da nocas suficientes para ... .. enfün, para as outras seç.ões. Não se sabe o que
Escola. quf! a verdadeira vida encontra-se fora d ela. fazer com essas p essoas, então são colocadas aí. É uma pena., {.. ..) Bom,
o que e cetto é que elas exjstem rea'lmente; pergunta-se o que fazem ai
Alguns encontram-se nessa classe porque não há lugar em o utras seções,
mas não estão verdadetrai11ente contentes . Digamos que se todos os que
.;. N 00 H,; 'Pcrc11t!lO (ma~ 011 t!"Jenos longo, :iess~ 01.1 r~1L•ci{! 1('1~10 c1 ' <'nslno. na.sse ou m:1que'..e •ormn para o bac G, por sua própria vontade, fossérn colocados na mesma
e:tàb1?lecir'n.e.1 co) de:.uf!,;,JO 1 d o tt:~ina <io longo de sue:. ·C<'.:.rreir<:. éscdur. c1ass e! se.tia possível desafiar quaJquer outra cla~s ~. (... ) A vantagem com
,.. N. do R.~ Cf. {'ffi1 •:i.•lo;tc. no Ar'!-eKO. o /Jac que eu faço [G2] e que eu posso fazer advocacia. Se eu for para a

224
Facuk:lade, poderei. fazer advocacia. Tambérn posso fazer Gestão1 C-0mabilt- todas as manhãs .. , nào, eu não tlcredito na escola. Eu creio que se trata
dade Comércio. Há muitas possibfü&des de emprego, enfim, mais variadas.
1 de uma espéde d12 marcha forçada 1 é jsso ...
Porque os outros. por exemplo1 os de C 1 são obrigados a fazer Engenharia, - A maroria das pes-soas são um pouco empurradas pelos pars,
enfün a ficar na área da matemática. Quanto aos de B, eles são obrigados a mas, segundo parece1 não é esse o seu caso?
lazer comércio; os de A, Hteratuta. Com nosso bac, podemos chegar em
- Quando eu d1go ··marcha forçada··, é en1 relação a .. .. . não que eu
todos os dom]nios. En1 nossa seção, jâ exist'2n1 três possibilidades que
seja verdadeiramente um carnejrjnho. mas eu :n ão sei .... a escola para
poden1 ser escolhidas. Se~ além disso, formos para a Faculdade~ então ...
mim,, i5so não traz grande coisa .. . mas, nlesmo as.s_]m, eu estou aqlÜ. O
Aluna de Jiceu 18 anos, bac G2 em Lagny; pci inspetor de uetidas
1 que t:u fatia se eu não fosse à c.scola....? Eu creio que~ a dgor, esta pode
e mãe assistente sodafj ·cH't1bos são tftu lares do bac:. O frmão mais 1
ue,lho 1 ser urna resposta, é isso. Não tenho qualquer dL~pcsiçâei para me esfalfar
20 anos, estuda matemát4ca espedanzada. ou preparar um B. E.P. Eu creio que é mais em relação a '·que seria de
n1im se riào houvesse a escola?" Então. por ~nquanto, eu contlnuo aí. é
Muitos estão oí, porque é obrigatório fr ao liceu isso. Ta1vez. um dia, eu venha a descobrtr sua utilidade. (....)
- ~fas ttocê não gostaria de fáze r, mais tarde, algo que lhe intere5sa?
- O que você espera de seus es~udos no L.E.P.?
- Mmm ___ Bem í eu não sei. Eu cr€io que é difícil fazer qualquer coisa
- Para começar, obter meu diploma e. em seguida. oríentar·1ne graças que nos •nteresse [sil~nc::1o] _ Não, é verdade, eu não se1 para onde eu vou!.
a ele. En1 seguida, eu gostaria de continuar um bac profissional. de fato. Eu penso que ... que eu não sou o único .... mas! de fato .... náo 1

- E em seguida? eu não sei. Eu sei quê eu me oriento para um ba.c B ~, depois, eu não sei.
Eu não sou um super horn aluno, então eu não creio que .. .. eu pegDr~i
- Se eu não c-0mH~~guir jsso t'atvez procl1re o B.T.S. para ser profes-
aquib que me derem ~ talvez, hetn. (....}
1

sora .... se eu r~alrrH~nrn passar.... veremos (.... ).No L.E.P .. é preciso e~tar
reaJmente afhii_ de trabalhar. O ambiente não é favorável a isso. - ,"v/as se rá que isso torno Llocê deprimrdo ou rlC~o?
- E qual é o motivo? - Bem .... s im ~ não ... isso não me 1orna deprimido. lsso me deL'<a.
deprimido , quando º u penso nlsso , ou seja! três vezes- por ano. Eu não me
- As pessoas qu~ estão ai: elas não têm nenhuma motivação. Multas
coloco mu1tas questões, é is.so . Enfirn, eu deixo andar e depois ver-se-á.
estão aqui po·rque é obrigatório ir ao 11ceu ou Qnláo, não tém outra coisa
1
(....) O pessoaf fez a passeata, sobretudo, para denunciar um rnal-estar.
a fazer. De quaJquer forma, a maioria das pessoas que estão no L.E.P.
encontram-se ai1 sobretudo, porque é obr]gatório ir ao liceu . - O que 4ffa esse rnaI-esm r?
Aluna de liceut 19 anos) no 2:1 ano de B.EP. •Yvendas-atividade - Bem, nada. .... .esta vída de cachorro que se tem neste liceu d<i! merda
mercon ur. Mãe) ex-operária, ocupa-se atualmente de e danças com lr•sosl. (. ..}. Eu mudei de e~tado de espirlto em relação ao liceu, porque eu salo
djficuidades mentais. Pai cam~nhonefro~ alcoólatra. Pars dfz.·orclados com uma gata seus pais s.ão pedagogos '(mãe profe~sora de espanhol e pai
1

há oito anos. professor de d1r~tol. Eu ttnha pais que não andavam atrás de mkn, ~u êstava
entregue a. mlrn rnesmo. (....) Esse amb1'i~n1e de pedagogos, isso me sensibilizou
mesmo assim. Eu me dei conta de que era preciso que €U tentasse aceitar a
O que seria de mim se não houvesse a escola escola. .em vez de estar contra, é isso. Eu e.ra contra porque eu~ na e.~co1a~ o
que me d12..sagrada. i!. ...... é o negócio aleatório que h~ por trás._. lndusive no
- Meu probk~ma e qu.a eu não consigo ínceressíir-rne. por isso [os conselho de classe~ onde os julgamentos de valor são feitos sobre pessoas...
es(Lld()sl {.... ) que nem são conheddas .. . A escola reprcxiuz as bierarqu1as, bmn , bem
- J'v/as,en tão, o que leva você a contintrár no liceu? isso, :isso me .... isS-o me repugna um pouco. l\em todos t€n1 sua chance,
- [Sorriso"-] Á primeira v•sta. eu não sei. A .segunda vista [Jongo exatamenle... nern todos estão em um mesmo pé ...
slJêndoL eu não sei. Porque eu não ·m e ]nteresso pela €scola! .... é um Estuda nte de liceu, 19 ano,5, na pren1iere B em um lkeu de
pouco uma e~péde de marcha forçada. perrferia. País dir.wrcíados, m.ãe vendedora) pai caixeiro-viajante,. de-
- lv1.as VO<Çé não ad)a que, no f2nal , consegurrá alguma co~sa? pois ele ter sido bombelro.
- Com CiErteza. nu1s eu não crejo multo nisso. Eu não s.eL Do ponto Estes extra1os são proven1ent(?;S de entre\.'1stas realizadas por Luden
de vista da escola , eu delxo o tempo passar. Eu não me coloco em quescão Arleri. Jean-Patrkk Pigeard e D(~]phlne Fanget.

226 '/.'1.7
As contradições da herança

PIERRE BOURDIEU

T mdut.;õo: ;\<1i\c1ALJ Dr. CJ..~TRO


Rel= i.r.;cfo uknka: GUD.J rER.\1E J oi\C- DC fHUJr.-:; TF-NEl:Ro\

Fome: Bvunl•1)1J, ?J~ r~. l•l.8 COl11Yi!1diction~


de r1i~t<'l91:!.. ,
publ.it~&: crlgln~lmt>..nte 1ti BOURDCEU, P. fof1i.). Ui
Mfae re du m on.a'e, P.!1rls, Édltions d11 Seull, · 993. p ..
711-TlB.
S egundo H ~ràdoto, a vida entre os persas decorreu bem enquanto eles
se contentaram em ensinar às crianças a montar a cavalo, atlrar com o
arco e não 1nentir. Com efeito,. é cerlo que, nas sociedades diferenciadas,
coloca-se de maneira mujto p&rt3cular a questão absolutament·e fundamental
em toda sociedade que ea ordem das sr.icessões, ou seja, a gestão da relação
.e,ntre pals e ftlhos e, mais precisament~ da perpetuação da lmhagem e de sua
herança, no sentido mais amplo do term.o _Em primeiro lugar1para continuar
aquele que. em nossas sociedades, encarna a linhagem~ ou seja; o paj, é o
que constitui, sem dúvida, o essencial da herança pate:mat ou seja. essa espécie
de 1'tendênda a persever.ar no ser.. 1 perpetuar a pos fção soe fa{1 que o hab~ta,
é preciso~ muitas vezes~ distinguir-se dele, superá-lo e, em certo ~antido,
negá-lo ; tal operação não ocorre sem prob1emas, tanto para o pai que
desej(\ e não deseja essa sUpéração assassina, quanto para o filho (ou a
filha) que se encontra d~ante de uma missão dilacerante e susce.dval de ser
1
vivkla como uma espéde de transgressão •
Em segundo lugar a transmissão da.herança depende, doravanté, para
1

todas as cat~odas soda1s (embora em graus diversos) ~ dos v~redJctos das


instituições de ensino que funcionam como um prlr1cípro da realidade
brutal e potente, responsâv~l 1 em razão da intensificação da concorrênda.
por muitos frarassos e decepções. A instituição do herdeiro e o efeito de
desuno que ~la exerce - aité então t atribuições exclusivas da palavra d o pa1
ou da mae~ depositários da vontade e da autoridade de todo o grupo fa1niliar
~ co1n1:ietern, hcJje, jgi.Lalmc;mte á Es<:ola, cujros julgamentos e sanções
podem não s6 conf jrmar os da faunilial mas també111 contrariá-los ou
opor-se. a eles ~ e contribuem d~ maneira .abolutamente clecisivà para a
construção da idenUdade. É o que expnca, sem dúv1da, o fato d~ que a
Escola se encontre, freqileniernente 1 na origem do sofrltnento 4as pessoas
entrevt.stadas. fru.5;tradas ou em seu próprio pr-0jeto ou nos projetos que
flzeram para sc:?tis descendentes, ou ajnda pelos desm12ntidos 1nfhg1dos pelo
mercado do trabalho às promessas e garantias da Escola.
Matriz da trajetória soda~ e da relação com essa trajetória~ portanto ,
das contradições e duplas vinculações (double binds) que nascem 1 espe·
dalrnente., das discordâncias entre as disposições do herdeiro e o destjno
encerrado ·e m s'UQ herança - ,a fomilla é geradora de tensões e contradíções

1. D ~.cil;I§ ptiiAleg5ar., ao longo dest:~• an.âlise. o ~o do Who. 1gscr.rarido i?~:t~ o-Jtr~ QCn;;li!'io o estuda
d~ t•a rl.açl)e..; da rclação de suc.es~a segunda o se.-.:o do~ tJ2!it t:i dos (tll1os.
· genérkas (observáveis em todas as famllias , porque llgadas à propensão a
cornpásso entré suas realLr.açõ~s ~as ~xpectativas dos pa.is qu·é elas não
se perpetuar) e específicas (vat'l.~mdo, especialmente! segundo as caracte-
2 consí!guem sat.isfaz12.t nº1!1 repudtar.4·
rísticas da b,erança). O pa1 é o sujeito e o jnslrumento de um •ôp rojeto'"
(ou. J:nelhor de urn cona tu s) que, estando jnscrito em suas d isposi~e$
1
Se a identlfiraçSo com o pill 1 e com seu 1'pro;eto1' . constitu~, sem dúvida.
J1erdadas, é trans·mítido ~nconsdentmnente , em e por sua maneira de ser, uma das condtções necessárias à boa t~ansrn:ssào da hert'tllça (sobretudo talvez, 1

e tainbén1~ explldtan1ente , por ações €ducati;..·a.s orl~mtada.s para a perpe- quando esta consiste em capital culturaJ), ela não é condição suf!ciente para o
tuação da 1inhagem (o que, em c€rtas tradiçõe,s, e c:ham.ada ·'a casa" *J. êxito d.a operação de su~essão que - sobr-etudo·parai os detentores do capital
Herdar é transmitir essas dtsposiçoes imanentes, pe111etuar ess12 conotus, cultural~ mas também 1 ern menor grau. para os outros - encontra-se~ hoje,
aceitar comar-s.e instrtJ.mento d6cil dess~ ,,projeto"' de rep~-odução. A subordinada aos vere:Uctos da Esco!à e~ portanto. passa pelo sucesso escolar.
•u?.rança bem-sucedida ó. um as.s2issinato do pai consumado a partir de sua Aquele;;, cotnumente ciiamados de ·~fracassados" , são~ essencialmente, as que
pr6pr.la injunção un'lia. superação dc~e d.e.stlnada a conservá-lo. n1anter seu errardn1 o objetivo qu~ lhes ford. socia1mente ~bibu1do pelo '~projeto" ·insctito na
''proje:to:• de .superação que. enquanto tal. está na ordem da,s sucessõe.s. trajetóri..a dos pais e no futuro qi..1~ ·ela lmpllcava. Se sua .revolta volrarse.
A identificação do mho C011l o desejo do pal C:ôr'nó dese,ío de ser continuado indlstintarrnmte, contra a escola e contra a fo.rnília, é porque tem wdas as razões
foz o ~ erdeiro sem hjstória •
3
de sentir a cwnp icidade que! apesar da oposição aparente, llne essas duas
Os herdeiros que; a.celtando herdar - portanto, serem herdados p,e]a instituições e se manifesta na decepção de que eles .são a causa ~ o obje~o.
Tendo liqukiádo as êXpedatlvas e as r2$peranças do pai, não ll1es resta outra
herança conseguem apropriar-se deta {o po)jtéç;nico fil ho de poliMcnJco
- 1

ou o IT)~talúrgico fílho d~ tn"-?talúrgtco}, 12:Scapam dali antinorn•as da escolha a não ser abandonar€m~se. ao desespero tomando à sua conta a irnagem
:;qt:essão. O píii burguê~. qu~ des~ja para. o fitbo o que tem e é; pode se
totalmente negativa que lhes € ~v1ada pelos V€redictos das duas ~""'tituições
aJ~adas, ou m.atare1n sjmboRcarnente, ~m seu prór.nio princípio~ o ;'projeto"
reconhecer completamente nesse a1ter ego que produziu, reprcduçãó
idêntiça àquilq que ele ê e. rat)fkação da ê..Xcelênc~a d~ sua pr6prja
dos pais, orjen t.ando-se de forma opost~ ao estlfo d~ vlda familiar como 1

identidade social. E o rr)esmo ocorre corn o filho.


foz aquele ado k~scer:ite, que,. filho de um eng€nheiro de esquerda. ocupa~se
das tarefas mais penosas do mfütantêsn10 de e.'t\tren1a-dfreita .
Do mesn10 modo; no caso do p{'ii e rn vias d12 a.scehsão em traj~tôria
Seria proctso analisar ~º manf2ira mais ·completa as diferentes formaR que
interrompida, a asc~nsà.c quê leva o filhQ a. superá~lo é, de eerta forma,
Sffü pr6ptio acabamento , a plena realização de un1 ':p r ojeto'' rmnpido que
pode assumir a relação entre .os veredictos, rnuitas vezes esse.n.ç~jstas e. 'totais,
da instltuição esco[:ar, e os veredktos dos pals, prévjos ·e, sob:re:tudot conse-
ele pode1 assim ~ comp!e~ar por procuraçóo. Quanto ao filho, rejelrnr o pal
cutivos aos da Escola~ essa relação depende muito da representação. muito
real é aceitar, tom~ndo-o pôr c;:onra própria. o ideal de. um pai. que~ po:r
sua vez, s~ reji;Iira e se rn2ga, fo.z.endo apelo à sua própria superação. variável segutiClo as categ-0rias soda.is~ que as fammas têm do ''contrato
pedagógico•: € que varia S€gundo o grau de confiança atribuido aEscola e a~
Mçi5, n~~e çÇ\::;.o~
o desejo do pa~. por mais realistêl que. seja. ampHa· se, mestres, º' a-ô rne..<;mo M.m po. se.gu11do o grau de compreensão de suas
por vez12s, destn~suradamente, além dos limttes do realisnlO: o filho ou a ~jgênc.ias exp~citas i2, sobretudo, tmplkitas. Confinada em urn a visão lneri·
filha, transformados em substitutos do p ai! são encarregados d~ realizar, tocrática que a prepara mal para perceber e enfrentar .a diversjdade das
em seu lugar e , de alguma forma, por procuração, um eu ideal rnais r;u es-t.·até:gias mentais doS< alunos, a instiwi~o escdar provoca, multas ve:zes ,
meno~ irreQi \iável: a~stm, ~ possí\. <2l encontrar muitos exemp]os de paiis ou
1
trê'lurnar~srnô$ propid<>$ a réativate:m os traum.atlsntos iniciais: os julga:men·
rnães que. projecando no filho certos desejos e projetos compensatórios, ros n~gaEivos que af,12tam a ~magem de s; encontram um reforço. sen1 dú•.,rid.a
exigem~Jhe o ilTLpossivel. Essa é uma das principais fontes de contradições muíto varjâvel ect'1 sua força ~ fonlla. junto aos pais que redobra o 1
e. sofrin1entos : muitas pessoas sofrem co11tinuadamiante d€!vido ao des. . sofrimento e coloca a criança ou o adolescente djante da ah~matlva d<:! se

4 . O mi?.srno ooom q11::1r.d o. l:llS ~;o:j:)o.;-~'til'ii.VM d:::~ !}'{ris, f'.CIY.11tuidilf; "m um ~..iti'ldo ;;n.~Bior ck: mund:J
2 . P'•J.i :;i '.''-'lt.:ir e. Ir.' ;::ikei rfa 1r.t~1ç1tci C!ll"l;>~~nrn í!'.1ocada pclé1 µaldvB praj eLo. faJ.. r·se-ti ::le: CG111lLus. seor.il)I, $11.C. d e algui:r-.a fo~rna. de<...-:ompc.s:;xlils e d.:.:fosncltii! ~n n~t!>:,"ilo â.s t~lg.oi!ncl.IJ.s: (Jo 1111.1rxlc
é.Vt'TIÍ:!rx.fo u risc::: de ~rêi:.· er q•,_e se ~t.ti <:<:i l-1}'"1~10 D" .i ~ry.!io, rim~ ,r!.t~ que s~o fl1Al?"r aJust~~as as ~'<:pP.::r<1fr,•as dos filho-s. por t~n:m ~ido cónStiCU.Íu2J:s .. m
oncl:11;õêS dr:- li' cieJlza.;ào tl~fli::'e1 1i'íl:i LJ1 nd ':'.!U'l't?I ;e;.,,tf! rl ~ :=.r.fi:lrr.:":l"lt o. L~ a <":XL9h!ndçi da d~scom·
• N. do R.: Nr.- -::11igirnl ~ 1i"l 1r.a1son ..
p.iss;.::;s enl rn a~ e:xpei::Iilli~•ils p~I P-mas e 8$ àpe~t.e Li~· "'"' rnt"it~·rr1i'l!l tp.!~, ;;iu i1.:1!". 'J"-:1.•-~ PJi[~f:i
3·. A x l.:::nlifici'lçiiQ i:lO p ~i E: tlO ~;,:·...-.1~!;.ij!J Ç\)f1 1() d~~10 <l'! ~,..r (:011". nr.;:i b ~ 1JIT'J=t .:;1, ;, 1m n:1pa.15 m í!rliaçii<?S a56C iac:k15 a Lfu::.:ird~ru:ia!:i sriciclis m 1Lre o 1~i .s: ~ rnl1.: -cu e11~~ !ilJ~s lln hago11 G.'•W b,\.-,.can 1
da :.~rrtr:i.dw r:.:i. ilt1Jsio m;)scub ll. O-'LI sej;:i. G.<i. l.'iclé.s~o ilO.S jogt:~ .:: i11 1plkili;Jit"~ o.;I.)~ ii;irJ.,.,õdô-0 C.:1t'!:Y.r prok =-1g(tt: •~, rimlon!lã:ndo a l'õ2$pA;çl:i1,•a hí!ranç i'I (isso cc·n l ras.ta cam ru cases en 1que o d~1:éjc;
l;1t~)r<'!i~'flt('S 1~rn detrmr.lr..:td:-;i '.Jnl•,:prs""' sorJ:i.1. ~ mii;ao ê sírl: r;{e:s.Jfü•r-wt e t é;;IUt.r:1i'lt•to2' êf-·n !'(!J<'.r ~~o <10 eh•
o:; M::.-~:il.:;,fli?.3, P. d~ dLipla vinCl,Jl;içli.Q. ~ ;i
'*' ri-:i p;,i,i/ Llma m.rlra c.a.us.., e!~
exis·.~r..cia d<r: .::011u-rdi~óe!. J 1t1 pto"G'Kr p.~~~mv.

232
submeter ou sair do jogo por diferentes formas de negação e compensação estã votado não s6 à an1blvalência em relação .a si rnesrno~ mas tarnb~rn
ou de re.gTessão (a afirmação da virilidade e a instauração de re~ações d~ ao .sentimento de culpa pelo fato de que o êxito~ nesse caso~ é verdadeira~
força física podern, assim, ser compreendidQis.como uma forma de inverter 1 mente. assassjnato do pai: se ·obtém êxito , sente-se culpado de traJçêo; se
individual 'ºº coléttvamente; as relações de força cultural e esco]ar). fracassa, carrega a culpa de ter causado uma decepção. O, trânsfuga deve
Um outro exemplo. próximo do precedente, embora, em certo prestar Uustlça) ao pai: daí. deterrnínadas f~deBdacl~ à causti do povo que
sentido. majs dramático, é aquele do ftlho que, para ''fazer sua vida.,, como são fidelidade à c~usa do pai (por ~emplo; como confirmam os testemu-
nhos que. recolhemos ~ certas f01mas de adesão ao Partido Comunista
se dlz~ dºve negar a vida do pai rejeitando pura e simplesmente, herdar
1 1
inspirqm-se na busca da reconciliação com um povo imaginário 1 ficticia-
e ser herdado e anulando, ,asstm, retrospectivamente. toda a emprca)tada
JTiente reencontrado no se~o do partidoh a um bom níunero de condutas,
paterna~ materializada na herança rejeitada . Prova particularmente dolo-
não somente po]íticas; podem ser compreendidas como tentativas. para
rosa para o pai (e, sem dúvida., também para o fiJho) quando - como o
neutralizar mag]c.arnente os efeltos da 2nudança de posição e de disposições
agricultor que entrevístamos - ele mesmo constnüu, de alto a baixo toda 1
que; praticamente ~ marca uma separação em relação ao pai e a.os pares
essa herança, essa ··casa'' . que sucumbirá com ele: é toda a sua obra e. ao (..você não agüenta mais ficar conosco''} e para compensar, pela fidelldade
mesmo 'tempo, toda a sua ex~stência , que são desse modo anuladas, a s1..mas tomadas de po$ição, a fmpossibilidade de se identificar completa-
d ~pôssuidas de seu sentido e de sua flnal~dade. mente cmn um pai. dominado 5•
De todos os dramas e conflltos, ao mesmo tempo interíores e Tais e.xperi~nçias tendem a produzir habítus dilacer'1dos~
divididos
exterioresr e ligados tanto à ascensão quanto ao decHnio, que resultam das contra eles próprios; em negociação permanente cor-n ºles rnesmos e cotTI
contradições da sucessão, o mais inesperado é, sem dúvida, o d;Jaceramento sua própria ambivalência; portanto. votados a uma fonna de desdobra-
que nasce da experiêncic. do éxmco como frac.asso oui melhort corno transgres·
1nento, a orna dupla percepção de si e, também, às s•nceridades sucessjvas
são: quanto maior for:seu Cbtlto {ou se}a, quanto melhor voe~ cumprira vontade
e à piura1ídQde de identidades.
paterna que deseja seu êxlto) 1 rnaior .será seu fracas.so, mais contund(!!nte serâ
o assassinato de seu paj, maior sêrc\ sua separação dele; e~ inven;.amente. Assim, ainda que não tenha o monopólio da produção dos dilemas
QUfillto maior for seu fracasso (realizando, a~<;,m, a vontade jnconsciente do sociais e ainda que o mundo social mu[tiplique as posições que produzem
pai que, no sentido ativo, não pode desejar totalmente a pr6ptia negação). efeitos absolutamente semelhantes, a farnfüa jmpõe~ multas vezes, jnjun-
maior será SéU ªxito. ÔJmo se a ix>sição do pai encarnasse um Umit~ a não ções contraditórias, seja 1tm sl mesmas ~ se}a em rela~o às condições
ultrapassar; o qual, tendo sido interiorizado 1 tornou-se urna espécii2 de oferecidas para suã realização. E~, as tá na or~gem da parte mais universal
proibição de adiar~ distinguir-se, negar 1 romper. do sofrlmento socialt inclusive da forma paradoxal de sofrln'Lento que se
Esse efeito de UmiEação das arnbições pode ser exercido no caso em encontra enraizada no privifégío. É ela que torna poss1veis ess€S privilé-
que o pai conheceu um grande êxito (o caso dos Hlhos de pers,onagens gjos· artnadilhas que~ rt11JHas vez'2s, arrastam os beneficiários dos presentes
célebres merece uma análise particular). Mas reveste·se de toda a sua força envenenados da consagração social (estamos pensando na "noblesse.
no caso em q ue o pai ocupa uma posição dominada, seja do ponto de vist~ oblige'' de. t<?dos os benefidários-vHirnas de urna forma qualquer de
econômk:o e social (operár]o, pequeno empregado) 1 seja do ponto de vJsta con:>ç.gra.<;:ão Oll esçolba~
nobres, hornensr prlmogênltos , detentores de
sjmbólico (membro de um grupo estigmatizado) e, dessa forma, .sente-se certihcados esco]ares raros) para as diferentes espédes de impasses
inclinado â ambivalência em relação ao ·~xito do filho , assim como em nobres, vias nobres que se rev~]am ser v]as sem saída. A familia ê~ serrt
re]ação a ele próprio {djvidjdo entre o orgulho e a vergonha de si 1
dúvida, a príncipa1 responsável por essa parte do sofrimento social que tem
decorrente da intertorização da visão dos outros). Ele dlZ: seja como eu~ corno sujeito as próprias vitimas (ou, mais exatamente1 as condições soc~ais
faça corno eu, e , ao mesmo te111po: seja diferente1 desapareça. Toda a sua que acabam produzindo .suas disposições)'.
existência encerra uma dupla injunção: tenha êxito, rnude de situação~ Dito lsso, é prec1so evitar transformar a familia na causa. última dos
tome-se um burguc'!s, e, por outro ]ado, permaneça simples sen1 orguJho,
1 rnal-~tares que. segundo parece, são determínados por ela. De fato ! como
próximo do povo (de rním). Não pode desejar a identificação do filho com se v~ perfeitamente no caso da família camponesa - em que a sgntença
sua própr9a posição e com suas disposições e, não obstante1 traba1ha
continuamente para produzi-la por melo de seu comportarnento e.~ em
particular, peJa linguagem do corpo que contribui tão forten1ente para 5. f:.sUmios pen flr'~O ~o )cl.1P.ru ~rnbc tU!.Scxfo :nil Franç:n: lmpr~S<:100 l'!ntrn <;lol!l unli,.•ersO!l lru:.a~..ci'liâveis.
não con!;é!Ji.;,~ $u XJcntiflCl'lr Côl;n a (>_"ioola que o rejeita, rt'='tra ocm o Pí.!1 1<fll<? ·ele tem o dever de
Ji'Loclelar o habitus. Deseja e fem12 que o fjlho se torne um alter ego~ teme prol eger.; SUCI tt:lSiJO parnc:e c m ;untrb r' \Jfn Cômli!ÇO de solução q~do ~lCcJOlr'a l.lfl~ fnrníllil
e deseja que e]e se torne um alter. O produto de tal injun~o contraditória ooollo,.•i) nos pnis ele s uil nilmorooo e. i:it:~-ós d<'l.a, a J"Xl!is.fullX'JÇ>de. de se reconhecer nu ~oi

234
de morte da empreitada ~obre\.1 érn atrcr. .~és do celibato 01.1 d<1 parr1da do uma língua, como sistema de po:ssibilidades e lmpossibLlidades de ~xpressào
filho mais velho - as fa tores estruturais mais fundamen1ais (como e que interdita ou encoraja processos p síquicos diferentes entre si e. em wdc
unificação de meTcadô dos bens econôn1icos e! sobretudo, simbólicos) raso, djferentes do~ processa5. psíquicos do n1tmdo comum~ através do slst12ma
estão presemes no_~ fatores lnscri1os no seâo do grupo fami lir.ir. J ~so faz com de satisfações regulada!'; qu~ propõe. acaba impondo um regime particular ao
que. atravE!s da narrativa das dificuldades rriais "' pe~soais ., , das tensões e desejo que é. assim, c:-0nvertido eln iUusio especifica. Por exemplo. como
conrra~Bçô~s , na aparência, ma.is estritam ente s1Jbj et~vas, ~cabem se expriR obseiva Jacques !Vfo.ltre , o carnpo religioso capta e legitima processos
mando~ rrm)tas vezes. as estruturas mais profundas do mundo social e suas pslquicos que. para as lnstândas que regem a e.xistencia con1um, seriam
.
con[tadjcões. [sso nuncã é tao \.:lsivel corno no caso dos ocupantes de consld12rados reje~çoos patológicas da reaUclade: os personagens celestes,
poslções instáveis que são ex raordlnários ·'disp os itivos analisadores prátj- obje1os .Imaginários inscritos em urn slmholismo socialmente acerto, va~idado.
cos'!~ situados em ponta- ondé as estruturas sociais ''estão em açà()' e, valorizado. e os n1odelos extraidos, mal!; ou menos conscienten1ente, d12 uma
por esse foto, m ovidos pe)as conrradições dessas. estruturas. eles são tradição místic~ autô noma. pe:nnrrem a projeção de fantasmas reconhecidos
obrjgados, para v3ver ou sobl:'eviver, a praticar un:rn fonna de au~o-análise pelas. pessoas mais próximas e assegur-am uma "regu1ayão religiosa da ilusão'>
q1.le, muims vezes, dá acesso às contradições objetivas de que são vlt:iinas {inteiram ente. anáJcga àquela que asseguram os p~r'sonagens e. mcxletos
e âs estrutunts objet1vas que se ~xprim.e.m atravé.s delãs.fl li etânos em rnatéria de amor)'í. E. da rnesma forma. poderrse·ia mostrar como
Aquj, não é o lugar de colocar a questão da r€lação ~ntre o modo de o desejo se esp edfka e .se sublí.rrta} em cada um dos univer -os propostos à
exploração da subjerividade ql~e propomos e o modo utiUzado pela pstcanál~se. sua express~o~ pard revestk formas soc>aJrrnmte aprovadas e reconhecidas:
Mas é prec)sc pe:o menos, estar precavido rontra a tentação de pensar as
! aqu] , as da libido d ornJna ndi; ou, alhures, as da libido sciendi.
relações desses do~s modos ~m termos de alternativa. A sociologia não Em sua análise do ·'romance familiar dos neuróticos .,~ Fnaud obsen.aava
preteride subsLituir o modo de expllcação da psican~Use pelo seu. mas somente que, nlllila~ vezes o.s sonhos dturnos. da pós-pub erdade aprópriam · se do
constru1r, de OU(ra fom1a algw1s dados que esta torna também por objeto;
1 "tema das relações famHlarn.s·; em uma ativ1d~de fontasn1ática qu.r! visa
ass;m d etérn.~se. en1 aspedo$ J a reallclade que são descaetados pela [J.sic:aná ise
! rejeitar os pais. doravante menosprezados, para substiru1·Jos por outros,
como sect1ndáric>.S qu inslgniflcan es. ou abordados como anteparos que ''de uma posição sodaJ rna1s elevada·· e, en1 uma palavra, ··mais distintos '~.
devern s~r n-ansposms pílra que seja possh.:eJ ~l.c:ançar o ess€ncial (por E. de passagem, subHnha\.1ei gue esses sonhos ''setvem p ara rQalizar
~xemplo. as decepooe.s esc;o1are.s ou proíiss1ornüs, os conflitos de trabalho~ desejos. corrigãr a existência tal como ela ~. e v1sa.tn, principalmente. dois
etc.) e que. p od em cor~ er infom1ações peltkientes sobre coisas que s5.o obje.Hi..·c~. ~rôtico e ambic1oso'!. Acresceritando, logo .ein seguida ~ entre
levadas ern c:onside.ração também peia. psicanalise. parênteses: '·mas. pur detrás deste {o objetlvo ambkiosn} esconde·se!
Uma verdadeirn sodç.gênese das dtsposiçõe,s cons Hu iivas do habiLus tamben1, quas e sempre. o ubj<:!Uvo er6Uco':e. ~ão me compete! confhitlar
de\.•ena em :>(,m haruse em com preender como a ordem sui..:icl) cap~a, cana~ ou :nvaHdar tal afim1ação . IV1as eu gost.atia de lernbra r somente a anrrnação
liza . reforça ou se opõe a processos p-:.; íqukos, Lonforrn e existe homologia. complen1enl.2ff que o pslcanallsta passa em silêndô: o desejo apenas se
redundância e reforço enlré as duas l6gkas ou! ao contrário ~ cnntra.cMção m<:mifesta, em coda campo {vimos um exemplo con-t o can1po r~Jlglo~o) ,
e tensão . Ê 12.'\·'ldenrn qu'2 as ~strutun1s mentais nao são o stmpk~s r0flexo sob a fonna espedhca que, em determina.do tno niento do tempo, lh e ê
das es1nJL1.1.ras soclals. O habltus man1érn c0m o campo uma relação de atribulda por essé cam.po e que é, em mais de um caso a cla an'tbicáo. 1

soHcitação mútua e a 11lus)o é determinada do in ertor. a ,:>attir das pul ~õe.s


que im pelent o indí~]iduo a invesrir no objeto ; nlas também do exterior, a 7. Cf. J. MAliRE. -fr:.:dol<J:~1o;.1 r);: l 1d.:iL)]~g.11.~ ,,t <>.ntrntien non dir.:dif', in Jk·~n.ic h 1fl(;O.'St1 de
p(lnir de um uni'v·erso p articu]ar de objetos. socialment ~ Qferecido5· ao sodo1'og;e. XVI. 1<f75, p 24S·2~ó. TorJ s rY.j11<;lrs qu 2 ten~:<1n.•.m concil:i)J v :;od~1lo!::fi-tl. ·1m tt
psi!:.:mi!rlise n -1cr m :!rn; f 15fm .in1 ::i :m~mn ~J!)OT -õ3 1 1r.:d1~nda dP. J:i.cqu~ Maitre em :!>l?.J5 ti' 'úl)lh.o
investimento. Ern virlude do p~·indpio de divisão (norno.s.J ·especi.flc:o que o s.;1l:l'1) r:~ m!.-i11oos; a:t:m <liss;:i , d-e. crzrtlls t-~LilliVi'IS ri_ - ·nk , p.:Jr[li f':.,.·ar11;;.·1! nt',<;S~ 5..":ntido, p:1d<:!-s.-.i
caracteriza, o €Sp nço dos possívets peculiar a czida campo - e)]giDs.o, mfotir mci•J~·~~ éi •. 11 n.:J 1.'lg::~11da nl. ;; rnakJr. Se ~e :--•rP1i!r:de que ~ 5"Jdtn~11o1l;.:;e ~ .=ilgc: dat:~.n~m12
polJtico ou dcmtífico. ele. - funciona como um c-0njun lo estruturado de de u~"i:r e:s:i:;~ciE! de ' 11r <?1····~ i11,. \J11i'lr1 ' .,1110 .it ftc.n:.::i::e, m ·Las veze!: com ,,s iJ~;:~rli1 •d t: 1;-itf~ 11l<'..·
diilt'IFr!i 'IUP. :?So:apui:r: dils e;.,i9i< ··w~ c.:.t!.S <l11ttS df~d J-)f'Ili'l!i C'm qul:'S'tda. e pre::k;.::l eteli>.·~r11enk
Hcitaçõe~ e de solió ações. e ta tr.bérn de lnl ··rdlções; ritua à maneiro. de o;-.,j1.~1, il 1•.J.>ilQl:;?.r ;.rr~ÇO. ~5 cor.cilfo.\Õe5 er!~lku::; 11.fo {)d IJtt\a -p;;i nnáhsc'' Ce 'i !VJSl a QU-2 ~
.:011:.:.>:11l'I ~111 rt>l:.,~2.::11r ~~ t'r(;1/ : _ ~ni!.ls rng i'clua~ d~ p!:icd.ogit'. esponl J P~d - .:J 111 nbl<:. o 1cm_.,.~.
ci idL?al do Pll nu do:r.!:~n 1:<111;«:i::111 d-t •.'1 lirx:ic&'x't1t; o fra.::i\Sso, ,p12rd~ de ::::b;eoLC'J - rnôs ;an 1ÍJ~n 111
6 . Tr:1in ·leio, ~·.1 1lrn11 '..•í.211!..'> tJ 1~0 dos tr.,1..,m:Jh..~dcr~ cli:! .1rr;~, ~:·i.;1(11 - mkl.::ilm~me. p.;:nst1vnme& 1ln 1,) !lO.::Jj~~g~:i. ··male· qu .... em 11r:•mc dil ' c::;mpl1?>:i~H~1 !°' o d~ "p 6s-moo1?Jrudi)::fe" . rr~:i;1 1ipl1~ ..i
1

ir•k~jg · ·k).s <:<. 111 ,,.f:nr:il, com~ram se ob.1elos p1l\<1lizgLido d . 1lfl'!il ?Jr.•Mi!;e 1.;i:nto
1r:1.,r.-t".i!.ílLL'!.:;: 1d l.a~ l'i\7.l.:is., !i •n~ rd P.l" ·11~" ;:ib, PÜ\·D. dr 11mn m i1v li.;c10 fu 1irl?trli'I nit~ c pC".i;;.iç6 e; de Cennc:;
m~!::-. 1~ic.a em r€'.aelnções ubjô!j..,.,.:; 11..i 111 '1.rt;i PJ o qu :171.:uu miJis l"n!~e. .. '::;;r~ç. .~ .!\ eJrr :i.n~:<1gódoos e Oftt'lle!.ofr{!l 1d1 •, ~ 1111, 1.'l?.l mrt~, ,-:: \.'elhn rnf ;10 l::icrg~._"lrJ~rtO do j r..:IJ.'.l1 lo Ü do .ilQ~llO,
~r~.":!'lllr.~i·'l> .=\Jbja:ivas_ 8. S. F'RI!.~ llJ, .i\rêLrrnse, pi,_., hoss.t d '(! •1 1.;:~Jr'nl, Piuic:, 11 'F 1973. p. :58-15').
Meda lha de ouro d,o CNRS 1993

PIERRE BOURDIEU

Trod U'Çtio; Sl..1tGCO Glt.\CIO

fome:: Bourilieu, RI erre, ".Medallm de ouro do CNRS 1993'',


publicada onginnlcnmtia ín .Educoçdn. Sociedade &
Cu riu ro:; (Re\oista da Asoocit11;:ã0 de. Sudologl.a: e AntrO"
pologia). Porto, Edições Afrontamento, n. 2., 1994, p.
31· 38. TramJSct'ito lHl.~~ com a autoriz~ão do:s editorés
dessa. ~i.•lsta.
D iscurso, de P~erre ,Bou rdieu fe.rto a 7 de Dezembro de 1998; por
oca.siáo da entrega da JY!edalho de Ouro por François FiUon 1 Minrstro
do Ensjno Superior e da lm.;estigaç,ão .

Senhor ""fo1istro, Senho.r Pr.esidente! Senhor DirQ.ctüt"-'Ge.ral, caros colegas


e amjgos~ Senhoras e S~nhores:
As consélgraçõ~s que d12verlam apenas tranqulH:zar-nçs têm ~obre mim
o poder de provocar oll despertar 1nqul.etação e urt.1 certo sentimento de
indjgnação. Mas ela,s não podem esconder a m1nha µrofundri certeza d~
que. a sodologia e os sociólogos srão inte.ir~mente dignos do reconhecimen-
to que a comutiiçiade cienUfica por meu jnterrnédio lhe;s çoncede. Eu
desejaria partilhar esta convicção! aproveltnndo o facto d~ [er cl~ant12 de
mlm as m.als akas autoridades da politka e da dência e os mais emjnentes
representantes do jornalismo pald tentar re'.SpOnder çi atgtJmas das questões.~
muitas vezes etílicas. que se tem o hábito de co lo~ar a propósito desta
ciênc!a n Lal:..amada.
Mas eu não gostava que ~~a apolog1a da socia]cgja ficass.a um êXerdcio
dilliprovl.do de efeitos reais. Tornando-me. por mm11entos porta-voz de todos
1

os sociólogos~ ou pelo menos daque!es que me afirmaram e me escreveTam


sobre a sua alegria de \. erem a sua ·Cl~ncla. assim CCJrisagrada. gostaria de
1

ender€Çãr unw espécie de peUção solen<a às ~u(orklad€s politlc.as e çjentifkas


para que a sodolcgia hancesa, universalmente reconhecic!a, como urna das
mº~hores. do mundo, ben12.fic1e de todas as \.•antagens simbólicasl n1as também
mate-riafs1 associadas a um vercladelro reconbecjrnento, Penso muito parttcu-
[armente em todos os que iniciam presentem ente uma carrelra e qu12 dew~m
muitas vezes viver de exped]entes1 duranie os a~os ma[s decisivos da sua
exlstê:ncla de:ntlfica. sem de algum m odo terem a segurança de urn dia
obter'2m um posto no ~n~tno ou na investigação que lhes possa garantir
decentes condições de trabalho.
Não tentarei ·esconder o ineu desejo ele que as vantag€n5 a que apelo
para a sociologia tenham por priortdade todos os que, numa ou noutra
ocasião 1 partkiparam na nün.ha equipa no quadro do Cemro de Sodolog~a
Europeia e do Cen1Yo de Sociologia da Educação e da Culn.tra. Estão al1uL na
sua maior.la, e go5tava de poder nomeZrlos um por um no momento em qu e
lhes aflrmo publicamente a minha div1da e gr.atidao . Penso que muitas das

ll4 l
dif1culdades que tivemos 1 dentro e fora da equipa, têm origem no facto de; entre cada sociólogo e o mundo sodak a 16gk;a das censuras cruzadas leva
â maneira dos discípulos de Durkhcim, termo~ tentado elaborar um ~tilo a que ele não $~possa abandonar às seduções profanas e aos comprom.is-
de trabalho que, nomeadamente peta seu carácter coJectlvo, contradizia as sos mundanos, os do j omalismo sobretudc), sem correr o risco cle ser
tradições e as expectativas de um mltndo intelectual que aíoda s~ 'mcon- exc1uido do " col~g1o invtsível'' dos cicntL~as~ exclLJsão que tem algo d€
trava hga.do à Iógica literária, e-O~ as suas aJternat ivas rnundanas do $ingular terrh.'·e]t tn~smo se e.la€ 1gnorada pelos profan9s .... e pelos maus jornaHstas,
.e do banal, do novp e do ultrapassado, favorecidas pêros pequenos tn(!stres que tomam as diferenças de n1veJ por dlf ernnças de opinião! destinadas a
presunçosos e pela busca da orjginalidade a qualquer preço. se. relativizarem mutuamente.
Desejo mencionar à parte aquel '2S que partjciparan-1 comigo num A independêncja puramente negat~va que deste modo se 12ncontrn
empr~endimento um pouco desm·ed1do, que conduziu a La Misere du garantida não se rea1i:za com verdade•ra ~utonomia senão na rnedida em
monde~ ~ também aqueles e aquelas que - e são em parte os mesrnos -~ que cada socíólogo se tive~ tom ado S{m hor dos conhe.dm e:ruos cokKti\·' ~.s
duran[e ciirca de vint~ anos, m·e ajudaram a assumir o encargo da revista da sua disciplina, conhedrnentos jâ ín1ensos, cuja proprl~dad~ é Çt côndiçao
Actes de la recheche en sciences .sodales e do seu supleménto interna~ da entrada nos debates propriamente científico!;.
ctonaL Liber. ~sto muito frequentemente sem quaisquer outras gratífkêtçóe's Os sociólogos estão divid ldos é um fato, mas segundo dois p1índp1~s
a não ser a satisfação de participar nur:na ave.neura intelectual (a comuni·
1

rnujto diferentes: os que .se aprop:naran:'Lda herança colec~iva '.gstào unidos


dade dentlfic:-.;a nunca foj multo generosa para com eJes). A minha satisfação mesrno nos seus confHto~ por esta herança - falam , çorno se.diz~ a nu~..c;ma
se.ria can1pleta, esta notte1 se me garantissem que eles receberão das Hngua ~ e opõem-se entrn sl nos t'inn os e 5égundo a lóg~ca Ql.~e .são
instituições que os acolhen-1 ou que deveriMi ~colh ê~lhos~ C .N.R.S .. Escola constttutlvos da prob~C2:mátlca e da metodologia que dai saíram dlreçtan1en
de Altos Estudos , etc.~ o justo reconhecimento do seu mérito. te. Mas também se opõen1 de l nn modo muito d Dst intb àqueles que. e.stâo
Posso voltar agora ã sociologia e às questões que se co]ocam a seu ptivaclos dessa herança e qu~ , por ta~ facto~ estão mais próximos: muim
propósito. A primeira e a mais comum, diz respelto ao seu estatuto de frequentclnente! das expectativas 1ned1álkas. O mesmo é dizer que as
ciência. E claro que a sociologia possui as prtn.d pais Cãractéristtcas que discordâncias Jnais gritan(es! lnvocadas cofi) frequência para pôr em
definem uma dên.d a; autónoma € cumulativa, ela esforça-se por construir questão a dentlftcíd()de da S:OCi o)ogja encontram D.seu fun~ar'néntO prn·a·
slst~mas de hipóteses organizados ·em modelos coerentes capazes de dar mente sor::iol6gico na dispersão e:drêma (no sentido ~stat istico do ten110)
conta de um vasto conjunto de factos observáveis ernpirkam ente . Mas dos que se a n·ibuem o nom~ de soclú]ogo.
podemos perguntar se a qu.estão é verdadeiramente esta!, quando veriflca- Para ser verdadejramente aulõnotna e cun1ltlabva. e p]ename.nte
mos que ela nunca é colocada a propósito da maior parte das disciplinas
corií9rm12 à sua vocação dentífka, a soc~ologia deve ser tamb'2.ni e
canónicas das Faculdades de Letras e de Ctêndas Humanas, ou das ~cbrf2b.tdo reflexiva. Ela de~Jf! tomar·se a si própri~ por objecto, usar de
disciplinas menos seguras de si das Faculdades de Ciêndas,
todos os instrumentos de conhedrn-emo de que dispõe. para anali~Çir ca
Conl ef€1to a sociologia sem·p re fo] suspeita - e:spedªlmente nos
1 domiriar os cieltos socia~s que se exercem sobre elà e que pod~m perturbar
meios conservadores - de compromis?OS com a política. E é verdade que a lógica proi;:>ri~n-~ente científica do seu funcionamento . Ren1eto os que
o sociólogo. diversamente do htstoriador ou do etnólogo, toma como julg.a rem estas anábses demasiado abstractas para o que. é. dito ern Homo
objecto o seu próprio mundo sobre o qual parece tomar partldo e do qual
1 ocademicus a propóslt-o da !:iodologin e das instituições '2m que encontra
·faz· parte. É certo que €le trun , lnevttavª'1mente, interesses neste mundo e 1ugar (t(}ivez então me ju lgu~m den1asi<Jdo concr~ta ... }.
que corre senipn~ o risco de lnvestir na sua prática preconceitos ou, pior
~1nperativa para os sociólogos, a soclobgla do unjverso cíentífico
ainda~ pr~ssupostos ligados à sua posição no objedo. Na real~dade, o
parnce-n1e apenas um pouco menos n r:~ssi,ria no caso das outras ctGncl.as.
f.>erlgo é muito rnenor do que. parece ao lelgo. Com efeito, ta1,..•ez f.)Or estar
Efet1'ivamente, ela é sent dúvida a r ealização mais eficaz da ·' psrcologia do
particularmente exposta, a sodo]ogía permite dispor de um arsenal espe- e.spírlto ckmtifiooi· que Gaston Bachel~rd preconiz.a\ia; está ~rn cemdtções
cialmente forte de instrumentos de defesa. E sobretudo, a 16gica da de fa~r surgLr ·o lrtconsdente soc]a] que é reprimido co!ectivarnente! q lJ~
concorrênda. que é a de todos o,s universos dentmcos, faz com que p~sem ~stâ inscrito na ]ógica srJdal do universo dentlflco, ntls determinantes
sobre cada sociólogo constrangimentos e controlos que ele fai pesar por
sotlaºls da selecçfio ~ dos comitês de selec~o e do:s critérios de avaliação
sua vez sobre todos os outros.. É o c.:onjunto do untverso s-ociológico
da~ comissões de avaliação, 11a~ condições sociolS do recrutarnento e do
rnundi~l , err~ toda a dlversidade das suas posições e das suas tomadas de
comportamento dos admtnlstradares c1ent~ficos~ nas relações sociais de
pos~ção científicas ·(e não po]lticas} que se ~nterpõe, como uma muralha,
doliünação que. Sf~ ex~rc€nL a pretexEo·de relações de au1oridade cientlfica,

242
refreando ou bJoqueando J.nuit.o frequentemente a inv~ntiv)d ade e a crlatl- cl~nclas n"Léüs avançadas e firn1adas. De facto. esta acusação d e 'i mp erlali.s-
vidade em vu de as lfüertar sobretudo nos mais jovf!ns. nas rede5 de
1 1n o vem sobretudo de filósofos e de escritores e de! algUn5 CiE:!nthn:as
cooptação nacionais e hoje lo cais q1.1e protf!gem unrs contra o.s rigores. da particutarrn~ente b1c1ir1adas à cert~ do seu est.atu to. E é. outra \.'irtude da
avaliação cienríftca, interd(tandp a outros a expressão plena das .s1Ja.:; sodologia da ciiincia ela oferecer fortes ant~doto~ contra esta ~n-ogàncja,
possibilidades criadon:~s. erc! eh~. Corno ·Qs drcunstãncias rne obrigam a profundam ente funes a p ara a própria d<inda . N.a i...1erdade, sºm condenar
µ enrn:i.necer aqui~ :aJusivo c-u obscuro. contentar-me-ei por -evocar w11a
1 em nada ao nifüsmo antidentifk.o (o que não demonstrarn1 aqui por falta
pa ssagern , sempre e!o;qU~dda, do famu.so discurso sobre El ci<ànda como
J• de t em p o}, el-a faz regressar a cWncja às suas origens h~stóticns ou sociais:
p rofissão,, 1 em que J\1ç.x VJ<ab~r coloca, diant e da ass etnbJéia dos seus longe de sere m ess~'"11das ere:rnas. sa~das já prep aradas do cére bro h~lmano.
cok~gas reunidos, u:rna questão na verdade ca pnal para a vida da ciência, a~ v.ardacfos ci.entHicas são p rodutos hisEóricos de um determinado tipo de
mas habituaJ mente reservada. para as conversas privadas: por que razão trabalho híst6rlco re~Hzado soh as repressões e controlos deste. rnundo
as un~versidades nen1 s ernprn selecdonam os meJhorn.s (!V1a.x \Neber usa social ~~e:rdadeiramente e.spedal! nas s1,,rns. regras e $obretudo na$ suas
lnna linguagen1 mai~ brutal)? Como bon1prc-.lfiss.ionaJ, Cll fasta a ten rnção de regularidades. que é o camp o ck~n rifico, Talvez a soctoJogia ni esteja ·p ara
atrjbuir culpas a p e!õisoas1 n~ o casião "a$ pequ~nas p12rsonagens das lembrar às outras ciências, tanto pela sua existênda co:mo pelas suas
foc.uldad€s e dos ministéti os., e crn1vida a. procurarmos a rnzao deste ~stad a aná]fa;es t a ór1g~m bistó r1ca daquelas, que ê prindpio da su.a validad~
de coisas ''nas próprias leis da aç.ào concertada d os homen.s"i as que, nas provisória bem como d a falibilidade das 1rH~$mas . E ela rn.o$tra q ue as
ereições dos p ap as ou dos presidentes americanos, levam quase sempre a rentativas sempre renovadas para basear a dênda em prjndp)os tr<ansccn-
selecdonar .;o candidalo núrrtero dcb ou [r~s ·· e conclui, cotn um rn.alisma dente.s estão cond enada~ ao d rcu1o. í!!Vô t:ado por James Joyce! da auto-
que não é isénto de humo r: ·'Não é. de admjrn.r o facto de frequentenH?nte prodamaçáo da 1n[aHbtjídade do p apa!, a quem se não pode rccus;;u: a
acontecerem ciquívo cos nestas cond ições, m as antes que (.. .) ap esar de paiavra em consequência da sua lnfalfütildade.
füdo constatemos um nú m ero tão c:onsiderá,..ié] d<z nom12açã,QS justificadas·;. Comecei a responder à questão de .saber para qi.Je serve. a socio]og,ia.
l )rna p o l"'fü:a dentifica n Lenôs resignada poderia apoiar-se no conhecim en~ Poderia conrenLar-me ern diz~, como Tony Morrisson, escritord n egra a querli
to destas J is para con trari ar e neutrahzar os seus efeltos. P enso, [Jt:ll'"a dar
0
perguntaram se os s~Us pró.)(irnos romanc~-S darlarn: vo2 a personagens.
apenas um exemplo, n~ Uberdad~ qu e inrroduztrla ern todó o .sis.rnma d~ bt·ancos, e que respondeu: ''Perguntavam 15.so a um escrtlor branco?", os
·nv~s tigaçâo a cria,ç;ão 1 n.o s éio d€ cada departan1ento, de un1a secção que senhores potiatn a questão da st.t~ utfüd.ade e da sua razao de ser a um fJsi.co,
reagrupasse todos aqueles que têrn dificuldades com a divis~o entre ~.s a um químico, a urn arque.ólogo ou m<2smo a un1 historlador'f Estranhamente,
disciplinas e co m as disdplina$ rnais ou me.n05 arbltd~r1as e dislunclônai.s se o sociólogo tem tanta diílculda.de ~rn justlfkar a sua exisriincia, € porque se
clertrif k:arner.ik~ que ~lal:i irnp6cm . espera de]e muí o ou mui~c pouco. E pcrque. ,exist:en1 sempre rnullOS<
J â disse ô bastar.it~ para que si12 compre.crida que a idoologja da ''comu- ~odóJogos p~ra responder às .expéctatlv~s m..aís grat1díosas e entrar no papel
njdade: dentlfica·· como cidade ideal onde'? os cidadãõs tetic.m apº:nas um ~rnposs1vel, e um pouco ridkulo. de ''pequeno profeta pr.i\.~]egiado e est~pen·
1
ob jectivo ! a procura du verdade, n5.o set'\:e de facto os Jnteresses d~ verdadê., dia do pelo Esta.do ' como diz ainda. M.ax \Ji,}eber.

A anállse da fundonam~nto da cidade dentifk:ôi tal qual é e de rodos os Esperã-se dô soció]ogo que, à ·medida do profeta~ dê r~spo$tas (l]tirna5
mecan~smos q~~e colocam ohstácJlo- à çoncorrênda pura e perfeita; ti e {aparentemente} sist4?-maticas às quest6es d~~ vida ou de mo n e que se
sin1uJtanoom<mte à invenção, a qual ~mp~i ca muitas vezes uma. revolução das colocam dia a dia na existência social. E é-lh-e recusad~ .ÇJ funç.ã(J, qu~ ele
relaçôes de força espedflcas do mundo en.ufüo, poderia contribuir grnnde- tem dire:ito de rf:ltvindicar. como qualque.r cien[ista. de dar re~postas
mente para o crescimento da produtMdade d en ffica, corn a qual se inquietam precisas e vetificãveis apenQs às qu estões qu e está em cond1ç.ões d e colocar
muitos do.s nos~os tecnoaâtas. Ern todõ o caso, o que~ certo é que os sábios! ciE?r.tificamerir.z: quer diz~r, ro:mpe-ndo cotn as perguntas postas pe1o
cada vez mais numerosos actualmente - sobrctud o enLTe os biólogos - , que senso-conrnn1 e tarnbém pelo jornaHs rno .
!;i~ preocLip i;iHLcom o futuro da sua dênda , arrastada pe.1íl 1orça ]ncontrolada
Nao deve enwnder-se! com isto que ele deva assu mir o papel de p er1to
dos seus m eca.nisrnos. 516 pcxlem esp erar doter um d omínio cnk'L-tiv'O do futuro
ao scrv1ço dos pod~res. Não pode nem deve substà,uir o politk:o na
da sua prática se cmpreen::forcrr•, com a ajuda dos socl6 ogos e dos historia-
definíç~o dos ohjectivos (fazer aceder 8 0% dos adolescentes ao final do
dores das ciências 1 uma análise colectiva dos m ecanismos 50dais que r~em
s~~cundàrto ou ensinar a ler 100'1·~: d as criar.ças esco]ariz.adas); mas pode
o f unci.onao ienLo r ea; <lo s12u muncló.
lembrar as condições económlca.s e soda~s da reallzação dest~ ohjoclivos
Po derão p~ rguntar- me com que d1relto, €m nome de que autor-id~d~ àqueles que em complete desconli edme.nto de unlSa os de:finern. expon·
f!spedal ~sca clli!nc1a recente se ocupa da análise do funcionamento das dô-se desta nlodo ~ ~kançar r sultbdos õpos1os aos que ju[garn parseg1ür.

244
Doravante, a socio]ogià estará tão segura de .si mesma que dirá aos polLticos demagogia racional. De entre as tarefas que lncumbem à soclobgla, e que
que não podem pretender governar em norne de universos dos quai.s somente esta pode realizQr~ uma das mais necessárias é a desmontagem
ignorem as leis de funcionan1ento mais elementares. Durkhelm gostava de critica das manobras e manipulações dos cidadãos e dos consumidores que
dizer que um dos n1aiores obstáculos oo progresso da ciência da sociedade 1 se apoiam em utmzaçôes perversas da ciência. Podemos proocupar-nos na
reside no facto de nestas matéria.5 toda a gente pensar que ten1 o verdade pelo facto de o Estado, que representa a única liberdade dk1nte
conhecimento infuso ... Eque dizer dos politicos que, fortalecidas com uma dos constrangjmentos do mercado, subordine cada vez mais as suas acções
experiência de professor ou de fundonârio, não hesita.tn e1u dar aos. e as dos seus serviços! espedalmenre em matérla de cultura, de ciênda ou
sociólogos lições de sodolagla da educação .ou da burocracia? de literatura, à tirania dos inquérHos de marketing, das sondagens! do
Longe de aprovar os poJíticos que. ao menor estrernecimento das audima·c e de todos os regfstos supostos fiáveis das supostas expectativas
foculd'1d es, se apressarn a en.corajar os .estudantes desconHmtes a orienta- do malar número. Vf2·se que, na condàção de que saiba servir-se da
r~m-sc para estudos menos emb~raçosos do que as cmnclas humanas, independência e,con6mica que U1e gam·ruite a assistência do Estadc para
penso que é d~ejâvel que os estudos de sodo]ogia sejam -enccJrdjados ª afirmar a sua autonomia em relação a todos os poderes, m.e smo os do
~argamenü~ de.senvolv1dos. em sj mesmos e por sj mesmos , nas Faculdades Estado, a sociología pode ser um dos contrapod~res críticos, capazes de
de Letras e Ciêhdas Humanas, evidenten1ente, mas também~ a título de se opor eficazmente a poderes que se baseiam cada vez mais na ciência1
ensino complementar. n~s Fac..-utdacJes de C~~ncias , de Direito e de Medi- rêal ou suposta para exercer ou Jegitimar o seu império.
1

cina, e tgualmónte! rnas desta vez com torça,, nas E~colas de Ci~ncia PoHtica
e na ENA. Não ter]a dificuldade en1 mostrar a que o olhar do soci6logo
pocforla trazer ao magistrado. ao médico {a, experiênda l éfft cle.sde hâ. mwto
sido reali:zaidl;l no::; Estados Unidos e podem eshLdar-se os seus efejtos), ao
quudro superior, ao professor ; au }omahsta e sobretudo talvez à$ suas
acçõés e producões, portanto as suas dienlela.s. A estes sociólogos, qu·e
julgamos p!etóricos, desE:?jaría vê-los em todas as ''instituições. 1otais ··, com o
as ap.e] ida Goffman. asilos. hospita~s. ln lema.tos, cadeias. e tam bérn nos
grandes agJon1erndos nas cidades. liceus e colégios nas emp re:;as (é
preciso evocar aqui.- mas de urn modo diferente do habitual, o caso
japon~s); ern t~ntos universos scda1s con-1plexos, cujos disfu~tionamentos
poderiam analisar ou manlfe.star as tensões e nos quais pod~nam des<J.m·
pcmbar o papel socrático de p artefros de ind1víduos ou grupos.
Não cr.e1o que estejamos autorizados .a v~r nestes propósitos uma
rn a11i f,estação de i.mp€ríaHstno. Não e cerlo., na verdade., que todos os
sodólogos estejam interessados rio dcs~n\.1 oh,1 irnento da socio!ogia (pod~­
r1anl conrnntar·se, como outros , em formas mais ou me.nos larvares de
n wnerus ck.wsus) . wlas o cerro é qu<l o desenvolvimento da sociologia e
do conhecimento cientifico da sociedade é confonrrn ao interesse ge.r~J e
que a sociologia está aurori2ada a definir·se con10 serviço público. O que.
não quer dizer que e~teja ·e ncarregado de re~ponder •mediatan1ente às
necessidades imediatas da '·sociedad2·· ou daque]es que se arvoram énl
é:
seus porla-vo?.es menos ainda! daqueles que o gc)vermun . ·
As somas despendidas p elos gove.mos, quer de direita qu€r de esquer-
da, para financiar sondagens rujnosas {ap~nas uma de]as deve representar
quas,e dez veza.s o orçamento anual do meu ~aborat6rlo) e cientificamente
lnú t~s são o testemunho mais indiscu[]vel do qu~ eles esperam da dêncJa
.scxl~l : não o con hechn~nto da verdade do rnundo soc1a.l, mas , como o~
pubHdtàrlos e anunciante.s, o conhecimento dos hístnimentos de uma

246 21\ 7
ANEXO 1
QUADRO COMPARATIVO DOS SISTEMAS DE ENSINO - BRASILJFRANÇA
BRASIL

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FRANÇA

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~L~RI; CQu,. ~en 1,. ann'9 (CM1}

21 eERE

•• ~filli ;..... 1
i cours êlfim.entalre 1,. 11Me& (CE'H
~
PArt-lí.SCOl.A / t:J"' PERloOO CO\J11i pAiparltolnJ 1.::P'.1
1 &~S
1 6AHOS

~I[ 1
1 '1

r.iA'E AMAI.

c;wJA CA.!iA R"EF'flE!iENTi'. 1 ANC CE ESl"..CO, EKETC NC' E.NSINU


li'R~-E:LEf~ENTAA IDE 2 ~ il A.!;IOS} é NO ENSINQ !S.rf>EFllCÀ

1 •• 'i
FOllH~ CÇf.jf'!4:Uf;NTAR (A!i P!S..SDAS üU :!iE.GuEM ILS:iL..::i
1- - - '•
1,. . . .. • EJ.a CCNSló~JIAtlAS .f'AA~ 1 C». \lfüfl, ...'flV.l.l
Ct,JR5Q!I
AN EXO li

significado das siglas

B.E.P. ~
Brev~ de Estudos Profissionais
B.E.P.C. ;:;
Brevê de Estudos do Primeiro C&do
B.T. ~
Brevê de Técnico
B.Tn. = Vestibular {bacca la u rêa t) Técnico
B.T.S. = Brev~ de. T~cnico Superior
C,A.P. = C,erUficado de Aptidão Profissional
C.E.G. - Colégio de Ensino Geral
C.E.P. - Certificado de Estudos Profissionais
C.E.S. ~
Colégio de Ensino Secundário
C.E.T. ~
Colégio de Ensino Técnico (antiga denominação de L.E.P.)
C.F.A. = Centro de Fonnação de Aprend]zes
CNRS = Cons·e.ll National de la Recherche Scientifique
C.P.A.
C.P.G.E. =
- Classe Preparatória de Aprendizagem
Classes Preparatórías para as Grandes ~coles
C.P.P.N. - C]as.se Pré-Profissional de Nível
D.E.U.G - Dlplama de Estudos UniversitárLos Gerc.lis
D.U.T. a Diploma Universitário de Tccnologla
F.G.H. - Opção Administração e Inf onnática (Fr Iiere de Gest ron
et Informatique H)
LU.T. = inst•tuto Un lversrtário Tecnológica
L.E.P. g
Llceu de Ensino Profissional
L P. = Liceu Proflsslonal (atual denominação de L.E.P.)
S.T.S. = Seção de Técnicos Superiores

Fonte: M. VASCONCEUOS, Le systeme éd ucalif, Pa tis, Editions La


Découv~te, 1992 e B.C.L.E., Belo Horlzon!e, 1992.
."E
j, ·
. .spcra-se· e() "' - l o~o
i soc1<,J
(llLe~~- ~ 111edida do profc1~ dn
re~posta~ illtimas e
(a par·en te111ei1t.~) ~is temt\tic:a.~
à~ quest-õcs 'rle . ,rld.a fiJu (ie
ni·orte gue se coloc0:tn ·no dja.
a-•Ji~l·~da existêficifa s í)Cl a~~~·~~
1he é re~ utz.; atla a f L111ção-'i qu~e~~.

ele te L11 dirc;ito de ro i*'·,j11d1 C-3;f~


com1Q q.ualquer tje11tista, )de
1

dar rasJ1ostas preci~a~ ·e f[<{fJ'é Buu),.,JiciJ ·é socíó[Qgo


1

v·eri t11c~vei s .apenas âs· francé.~- Seu pL111samc·n10 cc111


q1 ~1e~tões que · ~tá cm grande i'nt1 uém.c·ia <le ~1itrx_,
OONtiiçõe~ · cJ~ coloç~r: \\/'!!. ber e·;ot1 rkl1c i n1~ r-t-
~ienti fi c~1;n ente: qllCJr u- profes~t1r L~e só_;e~ologin no

ton1p'Cndo e 01 n1~~ p~rg unta~r College , ·rc._h:~~~=~,?ran,ce e diretor :na


1

postas pºe ltJ scn s.o .eon1.i1m É.eole des .Hautes -·ttudesten1
Scien, ~.es· Socialcs, É drre·cor ra a

Não de1/e er1tenderM


sc,·.con1 'evijsta Actes de la R'eche.. rr:1~t:
'n Sc~:en.cr.s Sót~i alí!S ~ ,que
istc) que ~1~ de''ª assiLmi~~p-~.
1ilrndou... : etn 1 975 ~ betn çot110
pape,] tle.p~rito. a<~ scf\:'; ~ç r} d-o~
da revJsta.eur~Jpeiã de li\tros
p.it;J<leres ..... Diora\1 ar1lL.\~ 'ª
, 1~'b~ er...e_, b . . ..
~uas o .·ras e~tao'.
.

scJcio lti!ri ~1 es~ar.'i 1âo segu ra.;;ac .tl"'ado_zida~r:em_ 'lárias 1ítli!l1 as.r
s·i n1esma. c1·ue dirá aos i
t.\ obrti nJ.á-·is conl1ecida t c~~e
po1ftico~h;t.1ue rl ãµ .pcitlt-m ct~ dirigiu) é k 1i.feria d()
pretender gce>,··ernar em 1101nc n·~ ilndtJi~ CLlja tradução
'Í ,

~e . u:nmltersos do&.qiiai s br~tl·ciira foi publ"icad·a-~1

ignore111 as;:leis de. \/oze~ em n9~9r7.


tilncionarn~nto rua:i
e 1en1~~n1.arc~ ...

Pierre 8lJi~rrll e it

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