“Os autonomistas consideran que o galego foi a mesma lingua “A «xeración de enerxía» significa, en termos concretos e simples,
co portugués na Idade Media, e que procedeu posteriormente a un que cada vez menos xente dentro dunha certa comunidade ten medo
proceso de individualización, considerándose na actualidade unha a tomar decisións e adoptar responsabilidades tanto para a súa propia
lingua autónoma. Son partidarios dun desenvolvemento autónomo vida como para a daqueles que viven no seu contorno inmediato”
baseado no galego falado, e na tradición literaria [moderna] (Cidadania (Even ‑Zohar 2002b: 48). “para el mantenimiento de cualquier
2002: 77‑78). entidad humana la actividad de planificación en sí misma crea a la
larga algún tipo de dinámica, una intensificación de la vitalidad que
Défice projetivo: pp. permite a la entidad correspondiente tener acceso a opciones de las que
tal vez antes estaba excluida. Sugiero el término «energía» para designar
“é a essas interpretaçons de carências sistémicas a que denomino
este conjunto de acontecimientos, al menos hasta que encontremos
défices projectivos, «na medida em que indicam um vazio que
un término más adecuado” (Even‑Zohar 2017: 183). “Definimos a
se quer preencher (ou umha presença que se quer substituir), um
energia como a força de trabalho social necessária para fabricar um
projecto que se quer realizar» (Torres Feijó 2000: 975 e ss.)” (Torres
produto ou desenvolver um processo num determinado sistema e,
Feijó 2004b: 438).
paralelamente, entendemos que a «energia de ativaçom» será a força
Enclave: pp. de trabalho social mínima necessária num sistema antes de poder
iniciar um determinado processo ou fabricar um determinado produto
“Nesta mesma dirección [a de Naftoli Bassel (1991)], Elias Torres (como criar um tipo concreto de instituiçom, por exemplo). Por sua
Feijó ([…] [2004b: 429 e ss.]) e o grupo Galabra, por el coordinado, parte, Even‑Zohar entende a energia como o resultado das expetativas,
aplican a noción de enclave para estudiar o conxunto de actividades da vontade e do trabalho dos agentes participantes num sistema: «El
literarias desenvolvidas nun espacio social que se vincula a outro que masivo trabajo invertido en la fabricación de nuevos repertorios, y
actúa como metrópole, asumindo sempre a pertenza de ambos a un los esfuerzos por distribuirlos e inculcarlos, pueden eventualmente
único sistema literario” (Equipo Glifo 1998: 71‑72; itálico no original). haber creado una amplia gama de resultados, un nivel alto y vivo de
“secçom do sistema cultural situada num território geograficamente actividad que puede ser denominada ‘energía’ [...] es precisamente esta
afastado do da comunidade originária, configurando um espaço «energía» la que ha hecho posible en el caso de los grupos estudiados
no qual as pessoas e as instituiçons presentes mantenhem relaçons que compitan razonablemente bien con el mundo inmediato» (Even
específicas entre elas e com os seus homólogos da metrópole” ‑Zohar 2007: 124 [> 2017: 151])” (Samartim 2017: 43, n12).
(Samartim e Cordeiro Rua 2009: 179).
334 Sobre conflito linguístico e planificação cultural Glossário 335
“Este conceito de galeguismo deve ser entendido aqui como “Quanto ao termo intersistema cultural, inspiramo‑nos na
o movimento de reivindicação da identidade diferenciada da Galiza noção de “interliterary System” de Naftoli Bassel (1991), parecendo
com independência do grau de autonomia política proposto para a ‑nos mais adequado falar de intersistema, conjunto de sistemas que
colectividade galega polos vários grupos ou agentes autoproclamados partilham e formam um (inter‑)sistema superior constituído pola
galeguistas, assim como o processo de fabricação de ideias que partilha de materiais e normas comuns” (Torres Feijó 2000: 980).
apoiam e justificam os vários graus desta reivindicação. Quando “Devo também a Naftoli Bassel (1991: 775) o desenvolvimento deste
este movimento vise a reivindicação política da Galiza como ente conceito, em que o autor considera o nível dos sistemas interliterários
nacional diferenciado dum referente de oposição identificado com segundo critérios como o zonal, o etno‑lingüístico e o regional. Como
o par Castela/ Espanha, estaremos falando em nacionalismo, uma das bem indica Arturo Casas (2003: 88), num excelente trabalho‑quadro
várias ideias possíveis de galeguismo” (Samartim 2005: 10, n3) para o assunto que aqui nos ocupa, «la traslación del prefijo inter‑
en relación con el marbete empleado por Bassel es explicada por la
Habitus: pp. voluntad de reforzar el postulado de una fuerte cohesión cultural
entre los sistemas asociados, ‘que partilham e formam um (inter‑)
“La teoría del habitus de Bourdieu es una significativa
sistema superior constituído pola partilha de materiais e normas
contribución a la conexión entre el repertorio generado socialmente
comuns’ (Torres Feijó 2000: 980)». E acrecenta: «Se hace evidente, en
y los procedimientos de inculcación e internalización individual.
consecuencia, que el Grupo Galabra no aplicaría al dominio ibérico el
Bourdieu defiende la hipótesis de que los modelos puestos en
concepto de intersistema cultural /literario, bastante más restrictivo, y
funcionamiento por un individuo o grupo de individuos no son
entiendo que de menor aplicabilidad en el ámbito comparatista, que el
esquemas universales o genéticos, sino «esquemas o disposiciones
de sistema intercultural/ interliterario, tal como aquí se ha introducido
adquiridos mediante la experiencia, esto es, dependientes del tiempo
este último». Certamente, som dous níveis diferentes de análise e
y el lugar» (Sapiro, en prensa). Este repertorio de modelos adquiridos
perspectiva. Apesar da nossa confusa definiçom, citada por Casas, a
y adoptados (así como adaptados) por individuos y grupos en un
consideraçom de intersistema quer colocar a focagem nas relaçons
medio dado, y bajo las constricciones de las relaciones sistémicas
estabelecidas entre sistemas vinculados por elementos comuns,
vigentes que dominan este medio, se denomina habitus” (Even
balizas sistémicas ou circunstáncias similares caso das repúblicas
‑Zohar 2017: 45); “é essa espécie de sentido prático do que se deve
bálticas, Galeusca ou do intersistema hispano‑hispanoamericano para
fazer numa situação dada” (Bourdieu, 1997: 26); “categorias de
evitar qualquer confusom entre o nível proposto por Bassel (que ele
percepción e apreciación producidas polos condicionamentos sociais
denomina sistema) e os diferentes agregados sistémico —sistemas
de cada individuo” (Bourdieu, 2004: 25).
que formam esse conjunto superior. Da consideraçom de Bassel,
336 Sobre conflito linguístico e planificação cultural Glossário 337
e de determinada aplicabilidade dos seus pressupostos, tal como Normas de repertório: pp.
perspectivados, aliás, por Arturo Casas, pode deduzir‑se que nom
tenhem por que existir vínculos entre os complexos que configuram “elementos que, nom sendo apresentados como delimitadores
esse sistema interliterário; umha delimitaçom geo‑humana, de seu, de sistemas, som promovidos como elementos que dotam de
nom o é, dado o seu carácter arbitrário e nom vinculante” (Torres Feijó maior genuinidade ao entendimento e elaboraçom dos produtos
2004: 441, n21). dessa comunidade como próprios da mesma ou constituem as
especifidades de que se nutrem as tendências subsistémicas”(Torres
Macro‑texto: pp. Feijó 2004b: 437).
“son aquellos entes nacionales con los que se compara “O reintegracionismo, a ideia de (re)inclusão da Galiza num
positivamente el propio. […] funcionan como modelos emulativos intersistema cultural compartilhado com os espaços do sistema
[…]” (Beramendi 1991: 136). linguístico comum conhecido internacionalmente por Lusofonia,
340 Sobre conflito linguístico e planificação cultural Glossário 341
tem sido definido em mais ocasiões unicamente do ponto de vista Soberania/ independência/ suficiência sistémica/ cultural: pp.
linguístico por exemplo (Fouces 2001: 9): “[orientação que pretende]
estabilizar na Galiza a codificaçom de umha variedade do padrom “Assente «num conjunto de materiais suficientes caracterizados
policêntrico galego‑português” do que como um programa de ação pola sua capacidade diferencial, concorrente e identitária» (Torres
e ubiquação cultural: “todo o modo de ubiqüaçom galego e do seu Feijó 2000: 979), o director do grupo Galabra define a soberania
relacionamento com o restante mundo lusófono feito desde o par cultural como a capacidade dos intervinientes num sistema cultural de
galego‑lusófono, significando isto que a afirmaçom da Galiza como manter a suficiência sistémica, isto é, a existência, funcionamento,
comunidade cultural, senso amplo, está situada e referenciada no continuidade, identidade e estabilidade do próprio sistema sem que
mundo lusófono. É, por outro lado, um programa de normalizaçom estes traços sejam alterados em dependência de agentes, instituiçons
cultural para as galegas e os galegos (Torres Feijó 2004a)”. (Samartim ou sistemas alheios” (Samartim, 2005: 26). “Na medida em que
2005: 34, n.41) os materiais com que é (re‑)construído esse sistema sejam mais
ou menos suficientes e diferenciais a respeito do RO [Referente
Resistência sistémica: pp. de Oposiçom], e em dependência do grau de competitividade em
relaçom a esse mesmo referente, o grupo que pretende emancipar
Entendido neste volume por Torres Feijó como a reação de ‑se terá maior ou menor êxito, disporá de instrumentos que lhe
proteção do sistema, em todos os seus agentes/macro ‑fatores permitam a emancipaçom cultural e o exercicio da sua soberania ou,
à importação do sistema espanhol ou à penetração de agentes e polo contrário, será conduzido à regionalizaçom, à dialectalizaçom
materiais provindos dele, foi definido em Samartim (2017: 54) (nom apenas lingüística, cultural sobretodo) ou mesmo à diluiçom
da seguinte maneira: “partimos dos termos resistência simbólica dentro do espaço cultural que pretensamente queria ser impugnado”
(González‑Millán 1991) e suficiência sistémica (Torres Feijó 2004) (Torres Feijó 2000: 970).
e propomos este conceito de resistência sistémica para identificar as
tomadas de posiçom e as estratégias político‑culturais que atribuem Subsistema/ Tendências subsistémicas: pp.
ao conjunto dos elementos que participam num sistema periférico
em processo de autonomizaçom (de construçom da suficiência “práticas que, mantendo especificidades a respeito do sistema
sistémica) umha funçom eminentemente defensiva a respeito do originário, não pretendem impugnar a sua pertença a este (o que,
sistema que funciona como referente de oposiçom. De acordo com provisoriamente e de forma insuficiente e esquemática, se pode fazer
isto, estes grupos atuam em virtude dumha lógica heterónoma que equivaler a «literaturas regionais» tal como entendidas, por exemplo,
fai depender o seu programa (regras, materiais, açons, posiçons...) do no contexto cultural ibérico)” (Torres Feijó 2004b: 429).
contraste e da distinçom com o referente de oposiçom”.