GURUPI-TO
SETEMBRO/2013
CESAR VILANOVA DE OLIVEIRA
DECLIEUX ROSA SANTANA JUNIOR
ELIO VICTORINO DA SILVA JUNIOR
GURUPI-TO
SETEMBRO/2013
Sumário
Introdução..............................................................................................................................................4
A Viabilização Político-Institucional......................................................................................................5
Estatuto da Terra.....................................................................................................................................5
A Nova Institucionalidade......................................................................................................................7
A dimensão legal................................................................................................................................8
Conclusão.............................................................................................................................................15
Referência............................................................................................................................................16
Introdução
O modo pelo qual vem sendo repassado aos brasileiros, os movimentos políticos, em
especial os que dizem respeito à Reforma Agrária, durante as últimas quatro décadas, tem-se a
nítida impressão de estar assistindo a variações do tipo.
O que vem dando a atual palavra de ordem reforma agrária que se tem no cenário
político, é o fato de que, em todo o país, significativos contingentes de trabalhadores se
situam e se fazem reconhecer nos espaços públicos através da luta por terra.
A figura dos "Posseiros", "arrendatários", "foreiros" nos anos 60, "posseiros" na década
de 70, "seringueiros", "sem terra", "atingidos por barragens" nos anos 80: personagens
socialmente diferenciados, eixos geográficos diversos, identidades sociais e políticas distintas,
que indicam não só a permanência da luta pela terra, mas também mostram que os seus
termos mudam e que se transforma o sentido da questão.
Para poder-se formar uma ideia mais exata do significado profundo dessa investida
anti-propriedade rural é necessário um rápido retrospecto histórico, que nos leva aos
primórdios da História do Brasil.
Tal expansão — que tinha como primeiro fundo de quadro as capitanias hereditárias e
as sesmarias — originaram naturalmente as grandes e até imensas propriedades, como única
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alternativa válida para a colonização do Brasil. Tais extensões de terra foram depois
organicamente se dividindo e subdividindo, pela repartição entre os filhos, pela venda, pelas
doações, pelo advento de novos posseiros, enfim pela conquista do oeste.
Esse Brasil que assim nascia profundamente cristão, autenticamente brasileiro, teve seu
curso desviado radicalmente por um tufão de ideias anticristãs, originadas da Revolução
Francesa de 1789 e de outros movimentos igualitários germinados na Europa. Tal desvio, para
o qual concorreu depois certa influência norte-americana do fim do século XIX e,
posteriormente, o cinema de Hollywood no começo do XX, acabou produzindo
artificialmente o Brasil moderno: laico, caótico, gozador da vida.
A Viabilização Político-Institucional
Num quadro de mobilização dos trabalhadores rurais, o tema da reforma agrária
reocupou a cena pública. Impôs-se como um dos pontos programáticos da Aliança
Democrática e, como vimos, sofreu sucessivas redefinições, explicitando a gama de projetos
diferenciados que se abrigavam sob uma mesma palavra de ordem.
Estatuto da Terra
Os conflitos relacionados à posse e propriedade da terra no Brasil não são recentes,
desde a década de 1960 a Reforma Agrária ocupa espaço nos debates políticos entre as
diferentes camadas sociais. Assim, diante das mobilizações em prol da redistribuição fundiária
no país, o Estatuto da Terra, Lei 4504/64 foi implementada pelo Governo Militar, na gestão do
Marechal Castelo Branco, como mecanismo de controle dessas tensões sociais e sustentação
do modelo capitalista do patronato rural.
Melhor distribuição, que não significa apenas distribuição, pois, como o conceito
acentua, está relacionada à realização da justiça social, ao combate das propriedades
desfuncionalizadas e à produtividade agrícola.
A reforma agrária tem por objetivo explícito construir um sistema de relações entre
o homem, à propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social, o progresso
e o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do país.
Para tanto, duas situações fundiárias foram definidas como impróprias, devendo ser
extirpadas do campo: o minifúndio e o latifúndio.
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modalidade deve ser extinta, garantindo melhores condições ao trabalhador rural, adequando
sua propriedade ao tamanho da propriedade familiar (BORGES, 1998).
A aquisição de terras para reforma agrária poderia ocorrer pelas formas tradicionais
previstas no direito civil – compra e venda, doação, arrecadação de bens vagos, herança ou
legado – através da reversão de posse de terras públicas indevidamente ocupadas ou
exploradas por terceiros, ou ainda pela desapropriação por interesse social.
A Nova Institucionalidade
A atualização da bandeira da reforma agrária, fruto do agravamento dos conflitos
fundiários, impôs ao Estado, mesmo durante o regime militar, novas formas de tratamento da
questão. Um olhar atento mostra que o tema nunca saiu de seus programas de ação, o que
indica a necessidade de respostas mais ágeis, principalmente frente à crescente publicização 2
dos conflitos por terra e, principalmente, a necessidade de lhes impor sua leitura, através de
mecanismos de "seletividade". Isso implicou, inclusive, em que, no governo Figueiredo, fosse
atribuído um estatuto ministerial ao tema, com a criação do Ministério Extraordinário de
Assuntos Fundiários.
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uma unidade de medida agrária, expressa em hectares, que busca refletir a interdependência entre a dimensão, a situação
geográfica e as condições de aproveitamento econômico do imóvel rural. (Wikipédia)
2
publicidade ao fato
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A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - Contag, fundada em 1964, é uma entidade brasileira que
representa os trabalhadores rurais, através das Fetags - Federações estaduais - que, por sua vez, reúnem os Sindicatos dos
Trabalhadores Rurais de cada município.
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Desenvolvimento Agrário (MIRAD), ao qual estaria subordinado o INCRA. Também
extinguiu o GETAT4 e o GEBAM5, organismos localizados de intervenção fundiária e que,
como foi apontado por alguns analistas, eram uma das expressões da militarização da questão
agrária.
A dimensão legal
Com a derrota da Proposta do PNRA e, consequentemente, de uma leitura
desapropriacionista do Estatuto da Terra, a grande batalha no sentido de institucionalizar
canais que viabilizassem a realização de transformações significativas na estrutura fundiária
deu-se na Constituinte.
A Constituição de 1988 tem inscrita em seu texto a reforma agrária, como um tema
do capítulo da "Da política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária". Nela foi assegurado
que a propriedade deve atender à sua função social (art. 5, XXIII), com uma definição
explícita do que se entende por tal (aproveitamento racional e adequado, utilização adequada
dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, observância das
disposições que regulam as relações de trabalho e exploração que favoreça o bem-estar dos
4
Grupos Executivos de Terras do Araguaia / Tocantins
5
Grupos Executivos do Baixo Amazonas
6
Plano Nacional de Reforma Agrária
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proprietários e trabalhadores). Isso não impediu, no entanto, que a Carta Magna contivesse
um conjunto de mecanismos de bloqueio à reforma agrária. Entre eles, destacam-se:
A "Lei Agrária" (lei 8.629, de 25/02/93) tal como aprovada pelo Legislativo, definiu
que a propriedade que não cumprir sua função social é passível de desapropriação; manteve
os critérios constitucionais para definição da função social; estabeleceu que as terras rurais
públicas (de domínio da União, dos estados ou municípios) passariam a ser destinadas
preferencialmente à execução da reforma agrária; confirmou o banimento dos termos da lei da
categoria "latifúndio", substituído por um critério menos politizado de tamanho, definido
modularmente. O critério de produtividade (que já estava contido no Estatuto da Terra, para
definir categorias de imóveis) explicitou-se com maior precisão.
Em que pesem os vetos apostos à lei agrária e a aprovação ainda em 1993 da lei do
rito sumário, parecem ter permanecido alguns entraves, na medida em que há alguns pontos
controversos, passíveis de discussões judiciais. O mais significativo deles diz respeito à
tensão existente entre os requisitos para cumprimento da função social e a definição de que
terras produtivas não podem ser desapropriadas. Além disso, como bem apontou Guedes
Pinto, ao contrário das desapropriações por utilidade pública, onde o proprietário só tem
condições de discutir na justiça o valor fixado para ressarcimento, no caso das terras para fins
de reforma agrária, o proprietário pode levar à justiça o julgamento do mérito.
Apesar de a lei agrária ter acentuado o pessimismo de muitos analistas, alguns outros
têm chamado a atenção para algumas novidades que ela contém e construído uma
interpretação distinta de suas potencialidades. Segundo Fachin (1993), a incorporação do
conceito de função social à lei ordinária implica na produção de uma espécie de "estribo
jurídico" para fazer com que a função social da propriedade transcenda a questão das
desapropriações por interesse social. Isso implica, de acordo com esse jurista, que a
propriedade rural que não cumpra simultaneamente os requisitos inerentes ao conceito de
função social, deixa de ter proteção jurídica de qualquer espécie, notadamente à proteção
processual. Em última instância, torna-se possível sustentar que a propriedade deixou de ser o
exercício de uma função privada.
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dívida agrária, em 20 anos, e limitado ao valor base do ITR 7, a imissão imediata na posse do
imóvel desapropriado, garantia de apoio técnico e creditício aos assentamentos e aos
pequenos agricultores e participação direta dos trabalhadores rurais em todas as etapas do
processo de reforma agrária. No entanto, não por acaso, a perspectiva da revisão parece ter
apontado para a possibilidade de um renascimento da UDR.8 É desse grupo a proposta de
supressão das TDAs9, o que implicaria que qualquer indenização teria que ser feita em
dinheiro, inviabilizando definitivamente qualquer proposta de transformação fundiária.
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lentamente, tem dado resultados em longo prazo, guardadas as divergências com grupos que
lutam pela terra como o MST11, e problemas identificados, conforme pesquisas realizadas e
atualizadas.
Dados do ano de 2009 do IBGE12 calculam que a situação agrária no Brasil em terras
rurais, permaneceu praticamente inalterados nos últimos 20 anos. Dado preocupante, ainda
mais quando se constata, no mesmo senso agropecuário, que as propriedades que têm até 10
mil hectares representam um total de apenas 2,7% de todo o coeficiente de terras destinadas à
agropecuária, sendo uma vasta maioria formada ainda, por latifúndios de mais de 1000
hectares. Ou seja, os grandes fazendeiros ainda permanecem com a maioria das terras, ainda
que sem produzir em muitas delas, enquanto que milhares de famílias ainda não têm onde
morar e produzir.
Conclusão
Diante do receio das ideais comunistas de um governo que propunha políticas de
reformas sociais, entre as quais a reforma agrária e da ebulição de movimentos populares
agrários que reivindicavam a reforma agrária ampla e radical, os setores conservadores da
sociedade empreenderam um golpe, quebrando o instituto democrático e impondo ao país
uma Ditadura militar. O regime que se instaurava tomou uma iniciativa imediata, encaminhou
ao Congresso um projeto de lei sobre reforma agrária. Era o Estatuto da Terra, lei que
institucionalizou o dever do estado de garantir acesso à terra aos trabalhadores rurais. Ainda
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Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
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que pareça uma contradição, partir de um governo militar – oriundo de golpe que visava
barrar reformas sociais – a institucionalização da reforma agrária, não se tratava de uma
proposta com objetivo de transformação social, no sentido de ampliar as condições materiais
do povo e oportunizar uma melhor distribuição da riqueza. O objetivo dos militares com a
edição do Estatuto da Terra era freiar as reivindicações populares, deslocando os blocos do
conflito, que saiu da sociedade e se direcionou para o próprio estado. Este era o interesse
imediato do governo, apenas este, e não executar de fato o programa da reforma agrária, que
neste país nunca se concretizou. Até os dias atuais, as esparsas ações de aquisição de terras
para sua redistribuição foram quase sempre fruto da pressão dos movimentos sociais, de tal
sorte que a reforma agrária se transformou numa ação de resolução de conflitos, ao invés de
se consolidar como política pública permanente e estrutural para o campo brasileiro.
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Referência
BORGES, Paulo Torminn. Institutos básicos do direito agrário. 11 ed. São Paulo: Saraiva,
1998.
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