7 Exoplanetas
1. Introdução
Baseado na União Astronômica Internacional (IAU), para que um corpo seja considerado um
"planeta", ele deve apresentar as seguintes características:
Um planeta é um corpo celestial que: (a) está em órbita ao redor de uma ou mais estrelas, (b) tem
massa suficiente para que sua auto-gravidade permita que ele assuma uma forma arredondada
(em equilíbrio hidrostático) e seja menor que 13 Massas de Júpiter e, (c) tem limpa a sua
vizinhança ao longo de sua órbita.
Portanto, um exoplaneta seria um corpo celeste com estas características, mas que orbita uma
estrela que não seja o Sol e, desta forma, pertence a um sistema planetário distinto do nosso.
A descoberta dos primeiros exoplanetas foi anunciada em 1989, quando variações nas velocidades
radiais das estrelas HD 114762 e Alrai (γ Cephei) foram explicadas como efeitos gravitacionais causados
por corpos de massa sub-estelar, possivelmente gigantes gasosos de massas 11 MJ e 2-3 MJ,
respectivamente. Contudo, os dados não eram robustos o bastante para confirmar a presença de um
planeta. A confirmação veio alguns anos depois, quando técnicas aperfeiçoadas confirmaram que Alrai era
realmente um exoplaneta. O primeiro planeta extra-solar descoberto ao redor de uma estrela da seqüência
principal (51 Pegasi) foi anunciado em 6 de Outubro de 1995 por Michel Mayor e Didier Queloz da
Universidade de Genebra. O primeiro sistema a ter mais de um planeta detectado foi υ Andromedae. A
maioria dos planetas detectados possuem órbitas muito elípticas e são de grande massa, geralmente
superior à de Júpiter.
A figura 1 exibe um histograma do número de planetas descobertos no período de 1989 à Abril de
2010:
Até a data de 28 de Abril de 2010, haviam sido detectados 453 candidatos a exo-planetas1.
Mello (2010)
Obs: R, r, V, v são coordenadas e velocidades baricêntricas (em relação ao centro de massa do sistema).
O método da Astrometria envolve a medição do movimento próprio da estrela em busca dos efeitos
causados por seus planetas; no entanto, variações no movimento próprio da estrela são muito pequenas, o
que gera dificuldades extras para detecção e confirmação de exoplanetas por este método; além disso,
outro fator importante é que as órbitas dos sistemas planetários a serem estudados devem se apresentar
quase perpendicularmente a nossa linha de visada (face-on). Essa técnica é extremamente sensível para
detecção de corpos de alta massa e razoavelmente afastados da sua estrela pois, como pode ser visto na
equação acima, R ou V são proporcionais ao produto m × r. Sendo assim, a técnica de astrometria
permitiu a descoberta de poucos exoplanetas (devido à pequena massa dos mesmos), mas de muitos
sistemas de estrelas com uma anã marrom a mover-se ao seu redor (Mello, 2010).
1
Fonte: http://exoplanet.eu/catalog.php
velocidade da estrela em relação ao observador, que também está em movimento, o que tem que ser
considerado detalhadamente na análise das medidas feitas.
Medidas de velocidade radial da estrela 51 Pégaso, que tem um planeta bem maior que Saturno,
indicam que a variação total da velocidade da estrela é de 113,6 m/s. As velocidades medidas são
representadas pelos pontos amarelos; a linha vermelha indica a variação presumida da velocidade devido
ao movimento da estrela ao redor do centro de gravidade do sistema. Uma grande dificuldade deste
método é que o sistema planetário precisa estar numa posição relativa que chamamos de edge-on, ou seja,
quase de perfil. Obviamente nem todos os sistemas estudados estão nessa posição relativa, e precisam,
portanto, serem abordados por um outro método.
3) O Sistema Terra-Lua se move ao redor do Sol em uma elipse com semi-eixo maior 149,6
milhões de km. A velocidade da Terra na sua órbita é de aproximadamente 29,8 km/s. Ela é maior (30,3
km/s) quando a Terra está no periélio de sua órbita (dia 2 ou 3 de janeiro) e menor (29,3 km/s) quando a
Terra está no afélio de sua órbita (2 ou 3 de julho).
4) O Sol se move ao redor do centro de gravidade do Sistema Solar, que está situado em um ponto
próximo à superfície do Sol (dentro do Sol). A posição desse ponto depende da posição de todos os
planetas. A contribuição de Júpiter a esse movimento é de cerca de 13 m/s.
A maior dificuldade para descoberta de planetas por este método é a grande precisão exigida nas
medições, o que dificilmente é possível de ser obtido.
2.5 Efeito de Microlente gravitacional
O efeito de microlente gravitacional (figura 7) acontece quando, num sistema planetário, os campos
gravitacionais do planeta e da estrela agem de modo a magnificar a luz de uma estrela distante ou promofer
a distorção do feixe luminoso emitido por essa estrela. Para que o efeito ocorra, o sistema planetario deve
passar quase diretamente entre a estrela distante e o observador. Em outras palavras seria semelhante a um
“eclipse” promovido por um sistema planetário em uma estrela de fundo. Uma vez que esses eventos são
raros, um número muito grande de estrelas distantes deve ser continuamente monitorado de modo a
permitir a detecção de planetas a uma taxa razoável. Devido ao movimento da Terra e dos corpos celestes
em geral, uma dada configuração de microlente gravitacional só ocorre uma vez, portanto é impossível
repetir ou reconfirmar este experimento. Apesar disto, este é o método mais promissor para detecção de
planetas localizados entre a Terra e o centro da galáxia, já que as partes centrais da galáxia fornecem um
grande número de estrelas distantes de fundo. O efeito da microlente pode ser visualizado na figura 8.
Figura 7:
x: Efeito de microlente gravitacional
causando por um sistema planetário. Fonte: site
Wikipédia.
do projeto MOA.
As microlentes gravitacionais permitem descobrir planetas de baixa massa (i.e. telúricos), uma
grande vantagem sobre outros métodos de detecção de planetas. Ademais, os planetas detectados tendem a
se localizar a muitos quiloparsecs de nós, tal que observações de monitoramento posterior não são
possíveis. Contudo, se um número suficiente de estrelas de fundo forem observadas com boa precisão, o
método pode informar-nos quão ordinários são os planetas telúricos em nossa galáxia.
A figura 9 mostra uma variação na curva de luz, causada por uma microlente gravitacional, no
objeto MOA 2001-BLG-022. A linha azul é a curva de luz teórica, e os pontos vermelhos são os valores
medidos. Segundo os coordenadores do projeto MOA (Microlensing Observations in Astrophysics),
uma rede de telescópios no entorno do globo terrestre são necessários para obtenção de uma curva de luz
contínua, necessária para comprovar a existência da lente gravitacional.
2
Fonte: http://www.phys.canterbury.ac.nz/moa/microlensing_alerts.html
O efeito de microlente pode ser melhor compreendido com o vídeo criado pela equipe do MOA,
disponível em http://www.phys.canterbury.ac.nz/moa/Plastic14.wmv
Na figura x acima, cada ponto representa um exoplaneta conhecido. Os círculos azuis com letras
dentro representam 7 planetas em nosso Sistema Solar. A barra verde, no centro inferior da figura,
representa a zona de habitabilidade. Cada uma das diferentes linhas do gráfico representa os limites de
várias técnicas de observação. Qualquer coisa acima das linhas deve ser possível de ser observado com a
respectiva técnica descrita na figura. Qualquer coisa abaixo das linhas indica que está abaixo do limite de
detecção.
A figura 11 abaixo mostra um quadro semelhante, porém indica os exoplanetas descobertos de
acordo com cada técnica, além dos limites de detecção.
Figura 13: Comparação do sistema Upsilon Andromedae com o Sistema solar interno. Fonte:
http://www.fas.org/irp/imint/docs/rst/Sect20/A11.html
Figura 14: comparação das órbitas e massas dos planetas entre alguns dos sistemas planetários conhecidos. Fonte:
http://www.daviddarling.info/images/explanets.gif
A figura 15, abaixo, mostra o sentido de rotação da estrela e de translação de alguns exoplanetas
conhecidos.Pode-se notar que alguns planetas, como WASP 8b, possuem órbita retrógrada:
3
Fonte: http://smsc.cnes.fr/COROT/index.htm
Por sua alta sensibilidade fotométrica, a missão COROT pretende ser pioneira na descoberta de
planetas extrasolares telúricos, os quais, pelo conhecimento atual, a vida tem condições mais propícias
para existência.
4
Fonte: http://www.phys.canterbury.ac.nz/moa/
8.4 The Very Large Telescope Interferometer (VLTI)
O VLTI consiste em uma combinação de quatro Very Large Telescopes (VLT), e de quatro
telescópios móveis auxiliares, de 1,8m. Quando totalmente opercional, o VLTI poderá prover alta
sensibilidade e uma resolução angular de mili-arsecusando linhas de base de até 200m de comprimento.
Devido a suas características, o VLTI se tornou um meio muito importante para pesquisa cientifica
em diversos objetos, tais como exoplanetas e objetos extragalácticos.
9- Referências:
Mello, Sylvio Ferraz, Grupo de dinâmica de sistemas planetários, disponível em:
http://www.astro.iag.usp.br/~sylvio/
Scientists directly image an extra-solar planet’s orbit around a young star, disponível em:
http://www.wsws.org/articles/2010/jul2010/plan-j19.shtml