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Comunicação: Animais, Humanos e

ETs (Pint of Science 2017)


13 de maio de 2017
Thiago Oliveira da Motta Sampaio

Um logograma poderia ser resultado de uma alielíngua polissintética?

Observação: Este post servirá de base para minha fala no Pint of Science
Campinas 2017, no dia 17 de Maio, no Alzirão Empório Bar.

Se você gosta de comunicação, de ficção científica e de ler sobre a exploração do


espaço pela humanidade, provavelmente também gostou bastante de “A Chegada”.
Caso não conheça, o filme de Dennis Villeneuve foi inspirado no conto “História da
sua vida” de Ted Chiang e fez sucesso recentemente, ao ponto de ganhar o Oscar
de melhor edição de som. O roteiro do filme gira em torno do trabalho de uma
linguista, Louise Banks, convocada pelo exército americano para decifrar ‘a
linguagem’ dos visitantes alienígenas. Se você é entusiasta no tema, mesmo que não
seja linguista ou não tenha gostado do filme, sugiro fortemente a leitura do conto. Ele
é muito mais pé no chão, realizando a ligação entre a Física alienígena e sua língua
(não, o Físico da história não é um “vice protagonista decorativo”), dando evidências
para cada descoberta das dezenas de equipes de linguistas e de físicos ao redor do
mundo.

1) Sobre as formas de vida no universo


Voltando ao tema da exploração espacial. Conforme nossa tecnologia nos permita
o acesso físico ou de informações sobre os locais mais longínquos do universo, em
algum momento encontremos vida além das que conhecemos hoje na Terra. Estas
formas de vida podem ser parecidas com as existentes em nosso planeta,
organizadas em células, baseadas em água e carbono e com instruções registradas
em DNA. Por outro lado, nada impede que outros planetas tenham desenvolvido
outros tipos de vida, com organização diferente do que conhecemos hoje, assim
como as pedras de Vênus em Chapolin
 . Podemos dizer o mesmo em relação à
forma de comunicação entre estes seres.

Hoje, o sentido de comunicação no público comum está muito ligado às diversas faces
da linguagem oral. Normalmente não falamos das outras formas de comunicação
entre os seres vivos existentes no nosso planeta, cada uma mais fascinante do que
a outra (voltarei a este ponto em breve). Assim, a comunicação alienígena pode
acontecer de forma semelhante ao que observamos na Terra, mas também pode ter
características completamente imprevisíveis. E será que os humanos seriam capazes
de interceptar estas mensagens e compreendê-las?

2) Comunicação, Linguagem e Línguas


Em conversas do cotidiano, é comum escutar opiniões sobre a “linguagem de sinais”
encadeada de falas sobre “a linguagem da Itália” e “a linguagem dos golfinhos”.
Infelizmente, é possível identificar este achatamento terminológico até mesmo
em veículos de divulgação científica como o SciCast #181 e o NerdCast #561.
Entendo que a ideia da divulgação científica é passar informação de forma simples
para o público leigo. Mas alguma definição é essencial.

Ambos os podcasts contaram com a participação de linguistas que, em algum


momento, se enrolaram com alguma pergunta exatamente por não se preocupar com
esta distinção. Então, para facilitar a compreensão, vou usar este espaço para
garantir que “estamos falando a mesma língua”. Embora a definição específica possa
variar de acordo com a vertente linguística do pesquisador, acredito ser possível fazer
uma rápida definição, de forma que seja comum entre boa parte dos linguistas sem
ser extremamente superficial.

a. Comunicação:
Termo mais geral que se refere a qualquer forma de troca de informação,
independente do emissor, do receptor, do código e do meio utilizado para tal. É
comum encontrarmos, em linguística, o termo ‘Comunicação Animal’, se referindo a
qualquer forma de comunicação animal não humana, ou a comunicação entre
máquinas como modelos ou metáforas da comunicação entre seres vivos.

b. Linguagem:
Em linguística, o termo linguagem é reservado para a comunicação humana. Alguns
biólogos acreditam (e acusam) que os linguistas colocam os humanos num pedestal,
o que não é verdade. Não se trata de defender que nossa comunicação seja especial
em relação a de outras espécies, mas sim de definir que a comunicação animal ou
entre computadores não é o objetivo final das pesquisas em Linguística. O uso do
termo linguagem neste sentido se trata de uma delimitação do objeto de estudo da
ciência linguística.

c. Línguas:
Apesar de termos uma forma de comunicação específica chamada linguagem, uma
enorme capacidade de variação faz com que a linguagem seja realizada através de
inúmeras estruturas diferentes, chamadas línguas. As línguas são expressas
normalmente na modalidade falada/auditiva. Na ausência da audição, é comum
usarmos línguas sinalizadas, na modalidade visual. As línguas têm como uma de suas
características mais marcantes a modificação no tempo, o que garante a elas a sua
própria Teoria da Evolução, à parte da Evolução da Linguagem e da Evolução
das Espécies.

2.1 Comunicação dos insetos


Diversos seres, como as formigas, conseguem transmitir informação através de
sinais químicos. Mesmo entre os animais, além da comunicação pela via auditiva,
a comunicação de alguns aspectos da vida por via química ainda é bem marcante. Já
as abelhas possuem uma dança milimetricamente calculada capaz de informar a
posição do alimento para suas companheiras. Esta dança leva em consideração
fatores ambientais como a distância e a posição do sol. Se estudarmos toda a
biodiversidade e suas formas de comunicação, provavelmente encontraremos
mecanismos cada vez mais impressionantes de comunicação.

2.2 Comunicação de primatas


Primatas não humanos possuem vocalizações que geralmente se dividem no tripé da
vida: alimentação, sobrevivência e reprodução. Dentre estas três categorias, é
possível encontrar uma variação nas vocalizações referentes a subcategorias. Por
exemplo, se a comida é comum ou rara, ou se o perigo vem pelo alto (ex. aves de
rapina), por terra (ex. onças) ou é rasteiro (ex. cobras). A forma da vocalização muda
completamente o comportamento do grupo, que pode fugir subindo ou descendo
das árvores. Isso indica que estas variações na informação são relevantes para a
comunicação. Além disso, as variações ou são razoavelmente bem
compreendidas por outros grupos da mesma espécie, ou usam uma mesma
forma para novas funções.

2.3 Comunicação de humanos


Entre humanos como grupo social, podemos dizer que todos nós compartilhamos a
capacidade de comunicação através de sons estruturados e composicionais. Estes
sons se diferenciam uns dos outros através de pequenas variações dotadas de
sentido (compare a diferença entre: [b]ia, [d]ia, [p]ia, [t]ia, [ch]ia, [r]ia, [v]ia, [l]ia etc).
Apesar disso, nem todos compartilham a mesma língua, nem as mesmas formas com
novos sentidos como parece acontecer em primatas. A comunicação humana através
de linguagem pode ser impraticável se um falante de Karajá tentar se comunicar com
um falante de Maori usando apenas suas línguas maternas. Se a necessidade e
insistência forem grandes, porém, é possível que os indivíduos criem uma língua de
contato.

3) Precisamos discutir o que é Linguística


Agora que fizemos a distinção terminológica entre comunicação, linguagem e línguas,
vale a pergunta: o que, de fato, estuda a Linguística?

a) Resposta rápida e definitivamente imprecisa


Linguística é a área da ciência que estuda a comunicação humana! Porém, isso não
explica como funcionam os estudos da linguagem. A linguagem é um objeto tão fluido
que não basta uma ciência apenas para ela. É preciso estabelecer interfaces com
outras disciplinas pertencentes às mais diversas áreas do saber.

b) Resposta mais longa e um pouquinho mais precisa


A linguagem é algo que ultrapassa suas características estruturais. Ela
possui características sociais em suas entranhas e, ao mesmo tempo, depende de
estruturas biológicas para ser utilizada. É possível realizar estudos descritivos
sobre os níveis Acústico, Fonológico, Morfológico, Sintático, Semântico e
Pragmático, estritamente relacionados à estrutura das línguas. Por outro lado,
podemos pesquisar Sociolinguística, Linguística Histórica, Psicolinguística,
Linguística Forense, Linguística Computacional, Análise do
Discurso, Neurolinguística relacionada ao processamento linguístico ou ao
discurso (Por favor! PNL não tem absolutamente NADA de Linguística!).

Desta forma, a Linguística é parte integrante e essencial para o conhecimento em


outras disciplinas. Podemos dar o exemplo da Psicologia Cognitiva,
das Neurociências, da Política, da Sociologia, da Antropologia, da História, do Direito
e outras. A linguística é essencial até mesmo para as pesquisas sobre Inteligência
Artificial, nas tarefas de tradução automática e nas tentativas de fazer um computador
compreender e produzir “linguagem” como o CleverBot.

O que estuda a Linguística? Taí a(s) resposta(s)!

Além de todas estas especialidades, também existem os Linguistas de Campo.


Estes pesquisadores utilizam todo o conhecimento destas áreas para aprender e
documentar línguas que nunca passaram pelo processo de descrição. Assim como
a biodiversidade está ameaçada, as línguas minoritárias do mundo estão em
extinção e precisam ser preservadas, o que demonstra a relevância social e histórica
dos linguistas de campo.
4) Sobre a diversidade da comunicação no Planeta
Terra

Projeto Nim

Muitos biólogos dizem que os humanos ainda não conseguiram compreender o que
dizem as baleias por conta de sua anatomia. Afinal, conseguimos entender
razoavelmente bem as vocalizações de boa parte dos primatas, que são mais
próximos na escala evolutiva.Por outro lado, todo o conhecimento sobre as
vocalizações levou anos e anos de estudos para ser formado e ainda temos um longo
caminho se quisermos de fato entender a comunicação primata. Enquanto isso, Karl
von Frisch ganhou o Nobel por descrever minuciosamente o fascinante mecanismo
da dança das abelhas, com anatomia muito diferente da nossa.

Minha opinião é que os Linguistas, que possuem melhores ferramentas para


pesquisar comunicação, não têm a descrição da comunicação animal como fim, como
discutimos anteriormente. Nenhum linguista dedicará sua vida a descrever a
comunicação entre baleias. Este seria um objetivo muito mais factível para uma
pesquisa em Biologia que, por sua vez, possui melhores ferramentas para, entre
outros, descrever a fisiologia e a evolução dos mamíferos e de seus sistemas
motores.

A descrição da comunicação entre baleias só seria possível com um esforço conjunto


entre linguistas e biólogos.
Agora pense no contrário! Será que os animais poderiam
compreender a comunicação humana?

Alguns estudos feitos com grandes primatas conseguiram estabelecer um


determinado nível de compreensão em línguas sinalizadas, como é o caso do Projeto
Nim. Duas das grandes diferenças da comunicação do chimpanzé Nim Chimpsky
(reconhece este nome?) com a linguagem é que: (i) Nim conseguia produzir apenas
sentenças demasiadamente simples, com até três ou quatro sinais correspondentes
a sujeito, verbo e objeto e; (ii) embora alguns argumentem que sua produção se
assemelha a das crianças, a distribuição dos sinais usados por Nim não
obedeciam a Lei de Zipf. Além destes, existiram projetos como o dos
chimpanzés Lana e Washoe, da gorila Koko e da bonobo Kanzi.

Distribuição de frequência segundo a Lei de Zipf (VSauce)

Com os golfinhos, as evidências coletadas indicam que eles são capazes de


compreender uma gramática criada e ensinada a eles, mas não uma língua
humana. A Gramática DTR (Destino, Transportado, Relação) permite que, seguindo
esta sequência, possamos pedir para os golfinhos realizarem levarem algum objeto
até determinado local na piscina. De qualquer forma, isso já demonstra uma
capacidade impressionante de comunicação entre espécies.
5) Biolinguística
O fato de não compreendermos a comunicação das diversas espécies no planeta, a
meu ver, está muito mais na falta de comunicação entre biólogos e linguistas do que
na dificuldade de descrição. Ao menos, no que diz respeito a este objetivo em
especial. A comunicação entre biólogos, antropólogos, psicólogos e linguistas tem se
tornado um pouco mais comum nos últimos anos, no que diz respeito à origem e
evolução da linguagem. Esta comunicação deu origem a uma área interdisciplinar
conhecida como Biolinguística.
Pelo contato, diversos termos linguísticos, dentre eles o termo linguagem, acabam
sendo usados com sentidos distintos e causam um certo “borrão terminológico”.
Enquanto uns preferem descrever o que é inovador na comunicação humana, dando
a isso o nome linguagem, outros preferem dizer que linguagem inclui tudo o que
também é compartilhado entre humanos e primatas. Em situações em que os
debatedores não especificam seus termos, não é raro um criticar as ideias do outro e
propor algo semelhante em seguida.

De qualquer forma, a Biolinguística é uma área de inúmeras interfaces nas Ciências


Cognitivas e tem crescido bastante no mundo, apesar de ser virtualmente inexistente
no Brasil. O grande impasse na área é que não existem fósseis linguísticos, tornando
todos os caminhos de pesquisa um tanto nebulosos. Um conjunto de evidências
paleontológicas ou de modelagem computacional consegue corroborar uma
diversidade de hipóteses, muitas vezes contrárias entre si. Como diz um grande
amigo e estudioso da área em sua (em breve) tese de doutorado:

“No caso da área de estudos evolutivos sobre o Homo sapiens, a


descoberta de um pequeno fóssil pode corroborar um número tão grande
de hipóteses sobre o surgimento da linguagem quanto as estrelas da Via
Láctea.”
Fabio Mesquita (2017).

Por fim, assim como na história do universo, sabemos razoavelmente bem o que
acontece com a linguagem e com as línguas assim que elas passaram a existir,
mas muito pouco sobre como elas de fato surgiram.

6) Seria possível uma linguagem alienígena?


Neste ponto precisamos voltar as nossas definições de comunicação, linguagem e
língua. Uma vez que ‘linguagem’ é utilizado para se referir à comunicação humana,
seria contraditório falar em uma ‘linguagem alienígena’.

OBS.: A partir deste ponto, (quase) tudo o que eu disser não passa de pura
especulação.

Ao encontrarmos vida extraterrestre, inicialmente, apenas os biólogos teriam


interesse na descrição de suas possíveis formas de comunicação, assim como
vimos com a comunicação animal. Os linguistas só despertariam interesse no caso
se os ETs demonstrem algum nível de organização social que possa ser relacionado
ao nosso. A razão para este interesse seria simples: já é relativamente difícil
descrever a própria ferramenta que usamos para realizar esta descrição. Estamos
sempre limitados a própria linguagem sem poder observá-la de fora. Uma vez que
existe um outro sistema de comunicação entre seres vivos que se organizam
socialmente de forma semelhante à nossa, este sistema servirá, no mínimo, como um
excelente ponto de comparação. Esta comparação pode nos dar uma noção mais
clara dos limites da comunicação humana, de mecanismos cognitivos que talvez não
saibamos que usamos para usar linguagem, dentre outras vantagens comparativas.
7) AstroBioLinguística (ou a AstroLinguística?)?
Após toda a discussão sobre o que é Linguística, suas subáreas e a comunicação
animal, fiquei imaginando como seria o trabalho de um linguista do futuro. Este novo
linguista poderá explorar o universo descrevendo a linguagem de cada espécie
alienígena. Alguém que inaugure esta subárea não seria um biolinguista. Ele seria
muito mais próximo do linguista de campo, que busca descrever as línguas indígenas,
africanas e aborígenes. Por outro lado, ao contrário do linguista de campo, este
linguista precisaria também ter boas noções de biofísica para saber o que procurar
nas línguas extraterrestes.

A esta junção entre um biolinguista e um linguista de campo, eu daria este nome


pomposo, juntando três áreas da ciência: AstroBioLinguista.

Vale notar que existe, hoje, uma área semelhante, chamada Astrolinguística. Esta
área, porém, é ligada à busca por inteligência extraterrestre. O Astrolinguista auxilia
o desenvolvimento de mensagens que são enviadas ao espaço, como no SETI
Institute. Particularmente, ainda acredito que eles estão mais próximos da
matemática do que da Linguística, exatamente pela nossa distinção de objetivos. O
objetivo do astrolinguista não é a comunicação humana. Já o AstroBioLinguista, além
de documentar alielínguas, o fariam na intenção de fomentar comparações com
nossas línguas. Sendo assim, prefiro manter o termo que inventei e seguiremos
falando da AstroBioLinguística.

AstroBioLinguística da Fala
A primeira coisa que o astrobiolinguista precisará entender é a anatomia do sistema
de comunicação das espécies observadas. Os ETs usariam fala? Ou talvez
algum outro meio auditivo? Vale lembrar que a fala humana usa frequências que
variam entre 50 e 3400Hz. Caso o extraterrestre use outras frequências,
provavelmente não teríamos fácil acesso a sua produção linguística ou, no mínimo,
precisaríamos de instrumentos para captar e decodificar estes sons.

É interessante observar a existência de uma síndrome rara e adquirida chamada


Surdez para Palavras (Pure Word Deafness) que nos faz perder a capacidade
de processamento de língua falada, mesmo que o indivíduo continue escutando
normalmente e ainda consiga usar língua escrita. Isso indica a existência de algum
sistema cognitivo de compreensão de linguagem oral que está danificado. Será que,
no caso da linguagem alienígena, nós teríamos um sistema cognitivo capaz de tal
compreensão?

AstroBioLinguística e Memória Cultural


Os ETs poderiam ter escrita como nós, humanos. Mas não podemos esquecer que,
ao contrário da fala que surgiu de forma natural, a escrita é uma invenção cultural que
mapeia os sons de sua língua em um registro físico. Isso é essencial para a
disseminação cultural. Não precisamos mais de um orador como Homero que lembre
de toda a história do seu povo e a repasse aos mais jovens. Podemos registrar
nossas memórias culturais em um veículo externo aos próprios indivíduos. Os
heptápodes do filme tinham uma escrita, mas seria ela natural ou um mapeamento
para fins de registro?

Variação SocioAstroBioLinguística
Outra questão que certamente seria trazida pelo astrobiolinguista: a comunicação
alienígena seria variável como a nossa? Por exemplo, os heptápodes de A Chegada
teriam sotaques? Teriam dialetos? Teriam línguas? Estas línguas teriam uma história
ou seria algo invariável desde que surgiu na espécie? Teriam registros formais para
trabalho e informais para falar com sua família? Nada no filme ou no conto indicam a
existência de variação, característica intrínseca da comunicação humana. Caso
exista variação, seria válido dizer que se trata de linguagem?

Além destas questões linguísticas, fatores biológicos também seriam essenciais para
compreendermos a comunicação alienígena. Nós sabemos as características e
limitações do sistema fonador humano, mas quais as características e limitações dos
grunhidos produzidos pelos heptápodes, mostrados à Louise Banks no início do
filme?

Uma [[Gramática Universal] Universal]


Se pensarmos na evolução do sistema nervoso, Suzana Herculano em “The Human
Advantage” explica que o mais interessante de estudar cérebros é observar
a enorme variação. Os cérebros das diversas espécies podem variar em tamanho,
tamanho do córtex, proporção anatômica, número e tamanho dos neurônios etc.
Ainda mais impressionante é que, em meio a tamanha variação, sempre existe algo
em comum. No caso do cérebro é o número de células gliais. Parece existir alguma
limitação física ou biológica em que, independente do número e do tamanho do
cérebro e de seus neurônios, o número de células gliais deve permanecer constante.
Provavelmente existiu (e ainda existe) variação neste número, mas os indivíduos não
sobrevivem muito tempo para contar história. Como diz a Suzana: “You don’t mess
with the Glia!”

Num caminho semelhante, uma das propostas mais conhecidas na linguística hoje é
a chamada Gramática Universal, de Noam Chomsky, de certa forma retratada no livro
de Louise Banks ao final de A Chegada. Uma vez que somos uma mesma espécie e
partilhamos tanto os sistemas motores da fala quanto os sistemas cognitivos, é muito
provável que, apesar da enorme variação entre as línguas do mundo, existam
características das quais as línguas não consigam escapar. A princípio e sem ser
muito técnico, é possível falar de estruturas simples como as sentenças de
qualquer língua mapearem os eventos do mundo na forma verbo, sujeito, objeto,
apesar da variação de ordem. Também é possível falar sobre as limitações físicas do
sistema fonador humano, apesar de cada língua do mundo usar um conjunto dos sons
possíveis. Por exemplo, o Português possui 14 vogais enquanto o francês tem mais
de 20.

Caso seja tenhamos contato com uma forma de comunicação extraterrestre, ela
compartilharia alguma característica com a linguagem ou com a comunicação
animal? Ou será que seria completamente diferente de tudo o que conhecemos?

8) Considerações Finais
Embora seja especulação, acredito que no futuro a AstroBioLinguística será uma
realidade, mesmo que porventura seja batizada de outra forma, como a
atual Astrolinguística, que estuda formas de enviar mensagens para o espaço, na
busca por vida inteligente e capaz de decodificá-las.

O contato com espécies alienígenas é questão de tempo e, muito provavelmente,


outras formas impressionantes de comunicação serão encontradas e descritas.
Infelizmente eu não estarei aqui para ver este importante passo da humanidade.
Infelizmente também, independente das formas mais incríveis possíveis de
comunicação existentes no universo, o Heptápode B é muito mais exagerado do que
a minhas especulações. Será então impossível estudar HBLE (Heptápode B Língua
Estrangeira) para poder enxergar o futuro.

Espero que, ao final deste texto, os leitores entendam um pouco mais sobre o que é
Linguística e, quem sabe, se animem a estudar a ciência mais incrível e
interdisciplinar do planeta Terra. Só não me arrisco a dizer que é a mais incrível do
universo pois ainda faltam alguns anos para a AstroBioLinguística se tornar realidade.
OBS.: Agradeço a Josie Siman, Daniel Negrea, Fernando Sabatini e Niasche Moraes
e pela ajuda e pelos comentários sobre o roteiro.
PintOfScience17

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