5205/1981-8963-v12i01a23523p236-246-2018
Rodrigues DP, Alves VH, Vieira RS et al. A violência obstétrica no contexto do parto...
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 12(1):236-46, jan., 2018 236
ISSN: 1981-8963 https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i01a23523p236-246-2018
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Total de estudos
identificados (381)
Exclusão de duplicatas
Exclusão por data de
(153)
publicação (125)
Figura 1: Estratégia de busca para a seleção dos artigos incluídos na revisão integrativa. Niterói (RJ), Brasil,
2016.
Português/Inglês
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ISSN: 1981-8963 https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i01a23523p236-246-2018
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ano de 2015, foram seis (46,1%) publicações, 2016 teve apenas uma (7,7%) publicação.
com o maior quantitativo, enquanto o ano de
Título do Autores Método N Bases de Ano
estudo E dados
La gineco- Maria Raquel Análise VI Web of 2016
obstetriciaen Pozzio antropológica e Science
México: entre el de gênero
“parto humanizado”
yLa
violenciaobstetrica
Microaggressions Vania Smith-Oka Estudo V Scielo 2015
and the etnográfico
reproduction of
social inequalities
in medical
encounters in
Mexico
Violência obstétrica Simone Grilo Estudo reflexo VII Scopus 2015
como questão para Diniz, Heloisa de
a saúde pública no Oliveira
Brasil: origens, Salgado, Halana
definições, Fariade Aguiar
tipologia, impactos Andrezzo, Paula
sobre a saúde Galdino Cardin
materna e de Carvalho,
propostas para sua Priscila
prevenção Cavalcanti
Albuquerque
Carvalho,
Cláudia de
Azevedo Aguiar,
Denise Yoshie
Niy
Violencia obstétrica Carlota J Estudo IV Scopus 2015
desde la Pereira, Alexa L prospectivo e
perspectiva de la Domínguez, descritivo
paciente Judith Toro
Merlo
Mistreatment of Raquel Jewkes, Revisão V Web of 2015
Women in Loveday Penn- sistemática Science
Childbirth: Time for Kekana
Action on This
Important
Dimension of
Violence against
Women
Prevalence of Mirjam Lukasse, Estudo IV Scopus 2015
experienced abuse Anne- Mette transversal
in healthcare and Schroll, Helle
associated obstetric Karro, Berit
characteristics in Schei, Thora
six European Steingrimsdottir
countries , An-Sofie Van
Parys, Elsa Lena
Ryding & Ann
Tabor On Behalf
Of The Bidens
Study group
“Daí você nasceu Jaqueline Fiuza Estudo reflexivo VII Scielo 2015
minha filha”: da Silva regis,
análise discursiva Viviane de Melo
crítica de uma carta Resende
ao obstetra
Violência obstétrica Michelle Relato de VII LILACS 2014
na visão de Gonçalves da experiência
enfermeiras Silva, Michelle
obstetras Carreira
Marcelino, Lívia
Shélida Pinheiro
Rodrigues,
Rosário
Carcaman Toro,
Antonieta Keiko
Kakuda Shimo
Facilitators and Meghan A. Revisão V Web Of 2014
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Rev enferm UFPE on line., Recife, 12(1):236-46, jan., 2018 239
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foram violentadas e 20,5% não reportaram ter institucionalizada em que o agir profissional
sofrido algum tipo de prática violenta durante acontece de forma desrespeitosa e violenta.
a sua assistência. Com relação tipo de trato Estudo multicêntrico realizado em países
desumano, 23,8% relataram que foram da Europa para avaliar a assistência recebida,
impedidas de ter contato com o recém- de acordo com a opinião das mulheres,
nascido e 21,6% receberam críticas por chorar constatou que uma em cada cinco grávidas
e gritar durante o trabalho de parto; 19,5% que frequentaram a rotina de cuidados no
sentiram que era impossível manifestar suas parto e nascimento relataram ter havido
ansiedades e inquietações com medo de algum tipo de abuso. As mulheres afirmaram
represálias.14,19 que os profissionais alegavam certeza de que
Ao relacionar o tipo de violência com o seu sabiam o que era melhor para a mulher, mas
causador, observou-se que, para todos os acabavam adotando posturas e atitudes que as
tipos, a enfermeira foi vista como a causadora desagradavam porque eram vistas como
de maior frequência e, em segundo lugar, o desumanas perante a sua condição feminina e
médico. Em relação ao tipo de procedimento faziam com que se sentissem privadas de sua
realizado sem consentimento, 37,2% autonomia e dos seus direitos.20,21
reportaram a realização de toques vaginais
CONCLUSÃO
dolorosos e repetitivos; 31,3% descreveram a
administração de medicamentos para acelerar Práticas no cuidado na assistência
o parto; 24,9% afirmaram que foram obrigadas obstétrica como episiotomia; manobra de
a permanecer em decúbito dorsal, sem Kristeller; proibição de movimento; imposição
liberdade de movimentação, e apenas 12,7% da posição ginecológica ou litotômica;
receberam explicação sobre o consentimento proibição de acompanhante durante o
informado. Outro ponto percebido foi que trabalho de parto e parto e pós-parto; toda e
27,3% das mulheres reconhecem a expressão qualquer ação ou procedimento que seja
violência obstétrica, mas apenas 19,3% sabem realizado sem o consentimento da mulher e
onde denunciá-la, o que significa um pequeno que não seja baseado em evidências
grupo em comparação com o empenho das científicas atuais, sejam de caráter físico,
autoridades em divulgar o entendimento das psicológico, sexual, institucional, midiático e
medidas punitivas aos profissionais de saúde material, são consideradas violência
frente ao descumprimento da Lei Orgânica obstétrica. Vale ainda ressaltar que tanto as
para o Direito das Mulheres a uma Vida Livre usuárias, quanto os profissionais apontaram
de Violência.14,19 Os resultados mostram a para a ineficiência dos hospitais, cuja
gravidade do quadro de violência obstétrica estrutura física não fornece às mulheres um
que anula os direitos das mulheres, além de ambiente propício, acolhedor, seguro para
romper com o protagonismo de cada uma no que elas tenham seus filhos de forma digna e
parto e nascimento. onde sejam desenvolvidas as boas práticas
Em outro estudo, foi observado que as para o trabalho de parto e nascimento. Torna-
mulheres percebem como desnecessários os se necessária uma capacitação dos
exames vaginais repetitivos e a episiotomia e profissionais de saúde para promover uma
consideram essa prática desconfortável e assistência humanizada e adequada para o
desumana. Já a cesariana é vista como cuidado à saúde da mulher.
antinatural por elas, que acreditam que esse Portanto, há a necessidade de estudos que
procedimento vem sendo utilizado de forma destaquem a temática junto aos profissionais
indiscriminada. Em relação a ter ou não da área de saúde, com ênfase nas boas
confiança na equipe de saúde, relataram que práticas nela inclusas e a observância e o
há desconfiança em relação aos profissionais cumprimento das legislações, punições e
sob a justificativa de que a maioria deles não formas de denúncia, a fim de promover uma
tem o devido preparo e é considerada reflexão junto aos mesmos, tendo em vista
incompetente quanto à assistência ao parto uma possível transformação em sua prática
de forma natural. As mulheres também apresentando formas não violentas, não
relataram que foram submetidas a abuso físico impostas de estabelecer a autoridade
e verbal, a um tratamento rude, profissional por meio da criação de um vínculo
desrespeitoso, insultante e raivoso por parte baseado no respeito mútuo e na segurança
de equipe de saúde, inferindo-se que os maus- quanto às técnicas utilizadas durante o
tratos ainda ocorrem de acordo com a período, seja ele no trabalho de parto, no
condição socioeconômica e nível de parto ou no puerpério.
19-20,21-22
escolaridade da mulher, prática essa De igual forma, faz-se necessária a
do cotidiano das maternidades cujo propósito realização de pesquisas que empoderem a
é o de expressar uma cultura mulher por meio de conhecimento a respeito
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Rev enferm UFPE on line., Recife, 12(1):236-46, jan., 2018 244
ISSN: 1981-8963 https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i01a23523p236-246-2018
Rodrigues DP, Alves VH, Vieira RS et al. A violência obstétrica no contexto do parto...
Rodrigues DP, Alves VH, Vieira RS et al. A violência obstétrica no contexto do parto...
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Submissão: 11/08/2017
Aceito: 13/11/2017
Publicado: 01/01/2018
Correspondência
Diego Pereira Rodrigues
Rua Desembargador Leopoldo Muylart, 307
Bairro Piratininga
CEP: 24350-450 Niterói (RJ), Brasil
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