CADERNO DE QUESTÕES
» CÓDIGO 66 «
LÍNGUA PORTUGUESA
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Este caderno tem um total de 50 (cinquenta) questões, distribuídas da seguinte forma:
Questões de 01 a 20: Língua Portuguesa;
Questões de 21 a 50: Conhecimentos Específicos.
Verifique se este caderno está completo.
Para cada questão são apresentadas cinco alternativas de resposta (a, b, c, d, e), sendo que o
candidato deverá escolher apenas uma e, utilizando caneta esferográfica azul ou preta,
preencher o círculo (bolha) correspondente no cartão-resposta.
As respostas das questões deverão, obrigatoriamente, ser transcritas para o cartão-
resposta, que será o único documento válido utilizado na correção eletrônica.
Verifique se os dados constantes no cartão-resposta estão corretos e, se contiver algum
erro, comunique o fato imediatamente ao aplicador/fiscal.
O candidato terá o tempo máximo de 04 (quatro) horas para responder a todas as
questões deste caderno e preencher o cartão-resposta.
NÃO HAVERÁ SUBSTITUIÇÃO, sob qualquer hipótese, deste caderno, nem do cartão-
resposta.
Não serão dadas explicações durante a aplicação da prova.
BOA PROVA!
LÍNGUA PORTUGUESA
Leia o Texto I e responda às questões de 01 a 15.
TEXTO I
Sobre técnicas de torrar café e outras técnicas
Ronaldo Correia de Brito
Já não existe a profissão de torradeira de café. Ninguém mais escuta falar nessas mulheres que
trabalhavam nas casas de família, em dias agendados com bastante antecedência. As profissionais famosas
pela qualidade do serviço nunca tinham hora livre. Cobravam caro e só atendiam freguesas antigas. Não era
qualquer uma que sabia dar o ponto certo da torrefação, reconhecer o instante exato em que os grãos
precisavam ser retirados do fogo. Um minuto a mais e o café ficava queimado e amargo. Um minuto a
menos e ficava cru, com sabor travoso. “Pra tudo na vida existe um ponto certo”, diziam orgulhosas do
ofício, mexendo as sementes no caco de barro escuro, a colher de pau dançando na mão bem treinada, o
fogo aceso na temperatura exata.
Muitos profissionais se especializavam na ciência de pôr um fim: os que mexiam a cocada no tacho
de cobre, os que fabricavam o sabão caseiro de gorduras e vísceras animais, os que escaldavam a coalhada
para o queijo prensado, os que assavam as castanhas. Nos terreiros de candomblé, onde se tocam para os
orixás e caboclos, os iniciados sentem o instante em que a toada e o batuque alcançam o ponto de atuação,
o transe que faz o santo descer e encarnar no seu cavalo.
Nenhum movimento é mais complexo que o de finalizar. Nele, estão contidos o desapego e a
separação, o sentimento de perda e morte. Sherazade contou suas histórias durante mil e uma noites,
barganhando com o esposo e algoz Sheriar o direito de continuar vivendo e narrando. Mil noites é um
número finito. O acréscimo de uma unidade ao numeral “mil” tornou-o infinito. Mil e uma noites se
estendem pela eternidade. Sobrepondo narrativas, entremeando-as com novos contos, abrindo veredas de
histórias que se bifurcam noutras, mantendo os enredos num contínuo com pausas diurnas, porém sem o
ponto final, Sherazade adiou o término e a morte. De maneira análoga, Penélope tecia um manto sem
nunca acabá-lo, acrescentando pontos durante o dia e desfazendo-os à noite. Também postergava o
momento. [...]
Uma artesã do barro de Juazeiro do Norte chora quando proponho comprar a cerâmica
representando uma mulher com muletas, uma criança no peito, o feixe de lenha na cabeça. Conta a história
que representou naquela peça simples, sente pena de separar-se de sua criatura. O xilogravador Gilvan
Samico me apresenta os mais de cem estudos e as provas de autor até chegar à gravura definitiva. Olha
para os lados e me confessa que se pudesse não venderia nenhuma das impressões. Confessa os dias de
horror vividos até chegar ao instante em que se decide pela prova definitiva, quando o trabalho é
considerado concluído e o criador experimenta a estranheza diante do que não mais lhe pertence.
Que valor possui o esposo de Sherazade, comparado à narrativa que a liberta da morte? Talvez
apenas o de ser o pretexto para o mar de histórias que a jovem narra ao longo de mil e uma noites. E o que
se segue a esse imaginário fim? O que ocupa a milésima segunda noite, supostamente sem narrativas? Eis a
pergunta que todos os criadores se fazem. O que se seguirá ao grande vazio? Deus descansou no sétimo dia
após sua criação. O artista descansa, ou apenas se angustia pensando se a criatura que pôs no mundo está
verdadeiramente pronta, no ponto exato de um grão de café torrado por uma mestra exímia?
Afirmam que a flecha disparada pelo arqueiro zen busca sozinha o alvo. Num estado de absoluta
concentração, arqueiro, arco, flecha e alvo se desprendem da energia do movimento e partem em busca do
ponto exato. Anos de exercício levam ao disparo perfeito. O escritor trabalha com personagens que o
obsedam, alguns chegando a cavalgá-lo como os santos do candomblé. Sonha os sonhos do outro, numa
entrega do próprio inconsciente à criação. Enquanto se afoga em paixões, com a mão direita tenta manter-
se na superfície e salvar-se; com a mão esquerda anota frases sobre ruínas. Nunca possui a técnica exata de
um arqueiro zen, nem a perícia de uma torradeira de café. Dialoga com a morte como Sherazade, mantém
a respiração suspensa, negocia adiamentos e escreve.
Num dia qualquer, sem que nada espere e sem compreender o que acontece à sua volta, um editor
arranca papéis inacabados de sua mão.
Disponível em:
http://www.opovo.com.br/app/colunas/ronaldocorreiadebrito/2012/03/03/noticiasronaldocorreiadebrito,2794944
/sobre-tecnicas-de-torrar-cafe-e-outras-tecnicas.shtml Acesso em 12 jun. 2013. (Texto adaptado).
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1. No TEXTO I, o autor
2. Ao afirmar que “Sobrepondo narrativas, entremeando-as com novos contos, abrindo veredas de
histórias que se bifurcam noutras, mantendo os enredos num contínuo com pausas diurnas, porém
sem o ponto final, Sherazade adiou o término e a morte.” (parágrafo 3), o autor do texto retrata
a) “Uma artesã do barro de Juazeiro do Norte chora quando proponho comprar a cerâmica
representando uma mulher com muletas, uma criança no peito, o feixe de lenha na cabeça.”
(parágrafo 4)
b) “Olha para os lados e me confessa que se pudesse não venderia nenhuma das impressões.”
(parágrafo 4)
c) “Confessa os dias de horror vividos até chegar ao instante em que se decide pela prova
definitiva, quando o trabalho é considerado concluído e o criador experimenta a estranheza
diante do que não mais lhe pertence.” (parágrafo 4)
d) “Conta a história que representou naquela peça simples, sente pena de separar-se de sua criatura."
(parágrafo 4)
e) “O escritor trabalha com personagens que o obsedam, alguns chegando a cavalgá-lo como os
santos do candomblé.” (parágrafo 6)
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a) “Ninguém mais escuta falar nessas mulheres que trabalhavam nas casas de família, [...]”
(parágrafo 1). O termo em destaque indica uma referência à expressão “freguesas antigas”
(parágrafo 1).
b) “Nele, estão contidos o desapego e a separação *...+” (parágrafo 3). O termo em destaque faz
referência a “nenhum movimento” (parágrafo 3).
c) “*...+ quando o trabalho é concluído e o criador experimenta a estranheza diante do que não
mais lhe pertence.” (parágrafo 4). O conectivo “e” indica uma progressão semântica que
acrescenta um dado novo.
d) “*...+ a jovem narra ao longo de mil e uma noites.” (parágrafo 5). O vocábulo em destaque
caracteriza uma referência mais específica em relação ao termo a que se refere: “Sherazade”.
e) “*...+ alguns chegando a cavalgá-lo *...+” (parágrafo 6). O termo destacado substitui a expressão
“santos do candomblé”.
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9. Em “Nos terreiros de candomblé, onde se tocam para os orixás e caboclos, os iniciados sentem o
instante em que a toada e o batuque alcançam o ponto [...]” (parágrafo 2), as vírgulas utilizadas
11. O termo destacado em “Enquanto se afoga em paixões, com a mão direita tenta manter-se na
superfície e salvar-se [...]” (parágrafo 6), pode ser substituído, sem alteração de sentido, por:
a) Porque
b) Para que
c) Porquanto
d) Contanto que
e) Ao mesmo tempo que
12. Os conectivos ou partículas linguísticas de ligação, além de exercer funções coesivas, manifestam
ainda diferentes relações de sentido entre os enunciados. Aponte, dentre as alternativas a seguir,
aquela em que a relação estabelecida pelo conectivo em destaque está CORRETAMENTE indicada
entre parênteses.
a) “Uma artesã do barro de Juazeiro do Norte chora quando proponho comprar a cerâmica”. –
(Proporção).
b) “Enquanto se afoga em paixões, com a mão direita tenta manter-se na superfície e salvar-se;” –
(Consequência).
c) “Dialoga com a morte como Sherazade, [...]” – (Comparação).
d) “Olha para os lados e me confessa que se pudesse não venderia nenhuma das impressões.” –
(Finalidade).
e) “Num dia qualquer, sem que nada espere e sem compreender o que acontece à sua volta [...]” –
(Adversidade).
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13. Por vezes, a omissão de palavras ou expressões não acarreta alteração no sentido de orações ou
períodos, já que tal omissão pode ser depreendida do contexto. Há, dentre as alternativas a seguir,
uma ocorrência assim caracterizada. Aponte-a.
14. Analise as proposições a seguir, acerca da pontuação, e assinale (V), para o que for verdadeiro, e (F),
para o que for falso.
( ) No trecho “De maneira análoga, Penélope tecia um manto [...]", a vírgula é utilizada para
separar uma expressão adverbial disposta no início do período.
( ) Em “Dialoga com a morte como Sherazade, mantém a respiração suspensa, negocia adiamentos
e escreve.”, as vírgulas são utilizadas para separar orações coordenadas.
( ) Em “Enquanto se afoga em paixões, com a mão direita tenta manter-se na superfície e salvar-
se; [...]”, não há razão linguístico-gramatical que justifique a presença da vírgula na sentença.
Assim, seu uso é facultativo.
a) V V F
b) V F F
c) F V F
d) V V V
e) F F V
15. A regência verbal em destaque na frase “mulheres que trabalhavam nas casas de família” é a
mesma do verbo destacado em
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TEXTO II
Capítulo I
16. Pelo disposto acima, é CORRETO afirmar sobre o Mestre José Amaro:
17. “É, mestre José Amaro sabe trabalhar, não rouba a ninguém, não faz coisa de carregação. Eles não
querem mais os trabalhos dele. Que se danem. Aqui nesta tenda só faço o que quero”. A fala final
de Mestre José Amaro revela
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18. Atente para a seguinte passagem: “Eles não querem mais os trabalhos dele.”
III. Embora não se refira a nenhum elemento textual anterior, o contexto possibilita a recuperação
do termo referente.
Está(ão) CORRETA(S):
a) III apenas
b) I e II apenas.
c) I e III apenas.
d) II e III apenas.
e) I, II e III.
II. “É o instrumento pelo qual Ministros ou outras autoridades expedem instruções sobre a
organização e funcionamento de serviço e praticam outros atos de sua competência.”
III. “Modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma
forma de comunicação eminentemente interna.”
20. Pela própria natureza, a redação oficial deve apresentar uma linguagem que obedeça a critérios
específicos. Todas as características a seguir devem compor a redação oficial, EXCETO:
a) Impessoalidade e clareza.
b) Uso da linguagem padrão.
c) Tratamento linguístico formal.
d) Concisão e transparência de sentido.
e) Presença de conotação e da criatividade do emissor.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Em relação à citação acima e com base nos conhecimentos ativados no processamento da leitura,
marque (V), para o que for Verdadeiro, e (F), para o que for Falso:
( ) O leitor, ao se deparar com o texto, mobiliza, além de seu conhecimento sobre os elementos
que promovem a referenciação e a sequenciação, o reconhecimento de palavras do mesmo
campo semântico.
( ) O conhecimento linguístico limita-se ao reconhecimento das regras da gramática normativa,
respeitadas no texto.
( ) Durante a leitura, a relação entre termos inseridos no mesmo campo semântico mobiliza o
conhecimento enciclopédico.
( ) O conhecimento enciclopédico corrobora a ideia de que o processamento da leitura se dá na
ativação de um acervo relativo às vivências pessoais do leitor e não no material linguístico.
A sequência CORRETA é:
a) V F V F
b) F V F V
c) V F V V
d) V V V F
e) F V V F
“Rapaz, meu sonho de vida tá praticamente concluído. Que eu não tenho e não quero muita coisa,
eu quero ter só a minha liberdade. Pra mim tá de bom tamanho... Queria só dar uma continuidade
num trabalho desse pra não acabar (...) Eu via os outros fazendo, esse pessoal mais velho, antigo, aí
da região, e assim criei a minha coisa, na base da teimosia. (...) É, tem que conhecer. De repente os
jovens hoje não querem mais saber disso não. Tá vendo coisas mais fácil pra ele aí. Essa parte da
agricultura, da planta e da roça, ta acabando um pouco. Devido a evolução que nós vamos vivendo,
as coisas mais antigas vão encostando de lado.”
Disponível em: <www.mestresartesaos.ufba.br>. Acesso em: 10 set. 2013.
22. Em relação às estratégias de produção textual nas modalidades escrita e oral, o Texto apresentado
a) revela, por meio das imprecisões nele presentes, que a organização do texto oral deve buscar
sustentação argumentativa na escrita.
b) apresenta as mesmas características de planejamento e produção, independentemente da
modalidade (oral ou escrita).
c) conserva as características de um gênero oral, notadamente as que se referem ao acesso
imediato às reações do interlocutor.
d) evidencia que, ao ser transcrito, apresenta uma configuração que se distancia da escrita apenas
no que diz respeito ao grau de formalidade.
e) mostra que princípios de textualização como coesão e coerência se fazem presentes em ambas
as modalidades.
23. Considerando que o Texto apresentado constitui uma produção oral que utiliza variadas estratégias
de textualização, analise as afirmativas abaixo e marque V, para o que for Verdadeiro, e F, para o
que for Falso:
A sequência CORRETA é
a) V V F F
b) V F V F
c) F F V V
d) F V V F
e) V V V F
24. Analise as proposições abaixo, levando em conta o processo de formulação dos textos escritos e
orais:
“O texto a respeito do qual precisa se manifestar o professor de português é o texto de seu aluno;
portanto, mais do que uma teoria que descreva uma abstração chamada texto, ele precisa de um
conjunto de critérios capazes de orientar o seu aluno a fazer a crítica do que escreve e a transformar
o que escreveu em um texto de qualidade.”
GUEDES, Paulo Coimbra. A formação do professor de português. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
Considerando o efetivo exercício de produção textual em sala de aula, segundo o trecho acima,
constitui-se como prática afirmativa do professor de Língua Portuguesa:
“O importante é que a leitura resulte em uma experiência pessoal positiva que se realize a partir do
diálogo com a obra e com a comunidade cultural.”
COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura na escola. São Paulo: Global, 2009, p. 39.
Na perspectiva acima apresentada e com base nas atuais orientações acerca da leitura em sala de
aula, o professor deverá:
“O leitor constrói, e não apenas recebe, um significado global para o texto; ele procura pistas
formais, antecipa essas pistas, formula e reformula hipóteses, aceita ou rejeita conclusões. Contudo,
não há reciprocidade com a ação do autor, que busca, essencialmente, a adesão do leitor,
apresentando para isso, da melhor maneira possível, os melhores argumentos, a evidência mais
convincente da forma mais clara possível, organizando e deixando no texto pistas formais a fim de
facilitar a consecução de seu objetivo”.
KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. São Paulo: Pontes, 2011, p. 65.
28. A noção de leitura varia conforme a perspectiva de língua adotada. A partir dessa afirmação, analise
as proposições abaixo, quanto às implicações das concepções de leitura.
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
30. No que tange ao tratamento dos gêneros textuais no ensino de Língua Portuguesa, é CORRETO
afirmar:
a) Por possuir aspecto estrutural definido, o gênero mantém-se fixo perante as diversas práticas de
letramento.
b) A relação estreita entre os gêneros textuais e os múltiplos letramentos requer uma atenção
prioritária aos gêneros escritos.
c) As práticas sociais que sustentam a constituição e a transformação dos gêneros resultam em
modelos estáticos de uso da língua.
d) Para que assumam a condição de objeto de ensino, os gêneros devem ser apresentados com
base nas modificações que seus usos sofreram ao longo do tempo.
e) A existência de várias formas de letramento justifica a adoção, em sala de aula, dos gêneros
como práticas situadas.
31. Conforme orientam as atuais diretrizes para o ensino de língua, em relação ao tratamento dos
gêneros textuais em sala de aula, é INCORRETO afirmar:
a) O universo dos gêneros possibilita um trabalho com diversas formas e usos da língua.
b) A escolha de gêneros textuais deve priorizar os textos pertencentes às esferas escolar e
acadêmica.
c) A adoção de gêneros, sobretudo no que diz respeito ao seu caráter formal, não garante a análise
linguística contextualizada.
d) Atrelado ao enfoque sobre os gêneros está o trabalho com as tipologias textuais, uma vez que
estas entram na composição daqueles.
e) Os eixos que norteiam o ensino de língua consideram o gênero uma unidade importante, uma
vez que ele contempla a reflexão e o uso da língua.
Aqui o cão arranha o gato, MATOS, Gregório de. Obra poética. Ed. James Amado. 3 ed.
Rio de Janeiro: Record, 2007.
Não por ser mais valentão
Mas porque sempre a um cão
Outros acodem
A leitura do poema deixa entrever, além do estilo ácido e cortante do poeta, uma visão de mundo
em relação às raças que denota:
a) Aceitação do fato de que o negro, enfim, conquistava uma posição social de destaque.
b) Uma explicação da formação racial brasileira pela linhagem do puro naturalismo.
c) Enaltecimento das características do negro, reconhecidamente responsável pela condição
colonial brasileira.
d) Reconhecimento do emparelhamento das classes sociais, produto da então recente mudança no
sistema escravagista.
e) Patente preconceito de cor que, na estrutura colonial, aparece como aspecto inerente à
separação das classes e das funções sociais.
33. Considerando a obra de Gregório de Matos e as características da estética literária barroca, tem-se
como confirmação das tensões da época, na obra literária:
34. Leia a passagem a seguir, extraída de um sermão de Pe. Antônio Vieira, proferido à irmandade de
pretos em um engenho baiano.
"Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado: Imitaturubus Christi crucifixi , porque
padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na cruz, e em toda a sua
paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali
não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na paixão: uma vez servindo para o cetro de
escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. [...] Cristo despido, e vós despidos:
Cristo sem comer, e vós famintos: Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros,
as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isso se compõe a vossa imitação,
que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio."
VIEIRA, Antonio (Pe). Sermões. Erechim: EDELBRA, 1998.
35. Quanto ao nacionalismo romântico, a escrita de Castro Alves se distingue da dos demais escritores
que compuseram o chamado movimento romântico brasileiro porque
37. Considerando a perspectiva teórica denominada indústria cultural, em que as produções simbólicas
são compreendidas a partir de um processo de massificação, no qual as contradições da moderna
sociedade capitalista são diluídas nas manifestações artísticas, analise o trecho a seguir, extraído do
conto Um homem célebre, de Machado de Assis:
"Em pouco tempo estava a polca feita. Corrigiu ainda alguns pontos, quando voltou para jantar: mas
já a cantarolava, andando, na rua. Gostou dela; na composição recente e inédita circulava o sangue
da paternidade e da vocação. Dois dias depois, foi levá-la ao editor das outras polcas suas, que
andariam já por umas trintas. O editor achou-a linda.
— Vai fazer grande efeito.
Veio a questão do título. Pestana, quando compôs a primeira polca, em 1871, quis dar-lhe um título
poético, escolheu este: Pingos de sol. O editor abanou a cabeça e disse-lhe que os títulos deviam
ser, já de si, destinados à popularidade, ou por alusão a algum sucesso do dia, ou pela graça das
palavras; indicou-lhe dois: A lei de 28 de Setembro, ou Candongas não fazem festa.
— Mas que quer dizer Candongas não fazem festa? Perguntou o autor.
— Não quer dizer nada, mas populariza-se logo.
Pestana, ainda donzel e inédito, recusou qualquer das denominações e guardou a polca; mas não
tardou que compusesse outra, e a comichão da publicidade levou-o a imprimir as duas, com os
títulos que ao editor parecessem mais atraentes ou apropriados. Assim se regulou pelo tempo e
diante."
Todas as alternativas abaixo refletem uma relação entre o excerto do conto e o que se afirma no
enunciado, EXCETO:
Leia a seguir uma passagem do Capítulo V – O agregado, do romance Dom Casmurro, de Machado de
Assis e responda às questões 38 e 39.
"Era nosso agregado desde muitos anos; meu pai ainda estava na antiga fazenda de Itaguaí, e eu
acabava de nascer. Um dia apareceu ali vendendo-se por médico homeopata; *…+
Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de louvor. *…+ Com o
tempo, adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar
obedecendo. *…+ E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que fizesse vinham antes do
cálculo que da índole. *…+ Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à
sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio, dos pólos e de
Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava que a não sermos
nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a nossa família, dizia ele, abaixo de Deus,
era tudo."
38. Considerando o trecho acima e aspectos da narrativa machadiana, analise as seguintes proposições:
I. O trecho revela, a partir das relações sociais, idiossincrasias da sociedade brasileira da época,
caracterizada, por um lado, pela herança escravocrata e, por outro, pela nova ordem burguesa
instaurada.
II. José Dias encarna, mediante descrição realizada pelo narrador, uma habilidade "calculada" para
agradar, o que se consubstancia na tentativa de manutenção de uma situação social.
III. O agregado, figura social presente em algumas narrativas machadianas, assume, não apenas em
Dom Casmurro, papel secundário, sem qualquer significação para a economia da obra.
a) I b) II c) I e II d) III e) II e III
"Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava que a não sermos nós, já teria
voltado para lá."
I. O poema constitui-se uma reflexão acerca do projeto estético modernista, à medida que expõe
características de um fazer poético a partir da experimentação linguística.
II. Na reflexão estética que empreende no poema, servem aos desígnios do poeta o universalismo
dos “Pirineus” e o primitivismo dos “caiçaras”.
III. A linguagem, próxima à oralidade, constitui procedimento intencional adotado pelo poeta,
considerado, dentro do contexto modernista, um grande renovador do ponto de vista estilístico.
IV. Escrito na fase de maturidade do poeta, o texto evidencia a sua busca por uma forma poética
mais clássica, capaz de fundir memorialismo e anseios sociais.
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, II e IV.
d) II, III e IV.
e) II e IV.
“Faz dois anos que Madalena morreu, dois anos difíceis. E quando os amigos deixaram de vir discutir
política, isto se tornou insuportável.
Foi aí que me surgiu a idéia esquisita de, com o auxílio de pessoas mais entendidas que eu, compor
esta história. A idéia gorou, o que já declarei. Há cerca de quatro meses, porém, enquanto escrevia a
certo sujeito de Minas, recusando um negócio confuso de porcos e gado zebu, ouvi um grito de
coruja e sobressaltei-me.
Era necessário mandar no dia seguinte Marciano ao forro da igreja.
De repente voltou-me a idéia de construir o livro. Assinei a carta ao homem dos porcos e, depois de
vacilar um instante, porque nem sabia começar a tarefa, redigi um capítulo.”
RAMOS, Graciliano. S. Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2004.
41. Em São Bernardo, o ato de escrever, para Paulo Honório, se destitui da aura de sacralidade e de ato
diferenciado. O respaldo a essa característica pode ser observado quando o narrador
42. Koch e Elias, ao tratarem das estratégias de textualização, afirmam que “a retomada é a operação
responsável pela manutenção em foco, no modelo de discurso, de objetos previamente
introduzidos, dando origem às cadeias referenciais ou coesivas”.
A retomada, estratégia que propicia a progressão textual ocorre, por meio dos termos em destaque,
em todos os itens abaixo, EXCETO em:
a) “isto se tornou insuportável.”
b) “A idéia gorou, o que já declarei.”
c) “porque nem sabia começar a tarefa”.
d) “Foi aí que me surgiu a idéia esquisita”.
e) “E quando os amigos deixaram de vir discutir política”.
43. Leia o comentário a seguir, acerca da metalinguagem nas obras de Graciliano Ramos:
“As atitudes metalinguísticas abundam nas obras de Graciliano Ramos, desde reflexões sobre a
gramática até ao desmontar duma obra literária dando conta dos mecanismos e convencionalismos
que condicionam a relação narrador-leitor.”
CRISTÓVÃO, Fernando. Graciliano Ramos: Estrutura e valores de um modo de narrar. Rio de Janeiro: José Olimpio,
1986, p.50.
a) I
b) III
c) II e III
d) I, II e III
e) II, III e IV
44. Sobre a obra de Graciliano Ramos, Candido e Castello afirmam que “É importante considerar, na
obra de Graciliano Ramos, que o social não prevalece sobre o psicológico, embora não saia
diminuído. O que ela investiga é o homem nas suas ligações com uma determinada matriz regional,
mas focalizado principalmente no drama irreproduzível de cada destino.”
45. A ficção regionalista de 30, enquanto projeto de ruptura, abre caminho para novas formas de ler e
de narrar o cotidiano, pois
46. A respeito da importância do contato com os clássicos, a escritora Ana Maria Machado assim afirma:
"Não é necessário que essa primeira leitura seja um mergulho nos textos originais. Talvez seja até
desejável que não o seja, dependendo da idade e da maturidade do leitor. Mas creio que o que se
deve propiciar é a oportunidade de um primeiro encontro. Na esperança de que possa ser sedutor,
atraente, tentador. E que possa redundar na construção de uma lembrança (mesmo vaga) que fique
por toda a vida. Mais ainda: na torcida para que, dessa forma, possa equivaler a um convite para a
posterior exploração de um território muito rico, já então na fase das leituras por conta própria. "
MACHADO, Ana Maria. Como e porque ler os clássicos desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
Considerando a posição da escritora, a promoção da leitura por meio de adaptações constitui-se, pois,
I. uma estratégia capaz de possibilitar aproximação do leitor com o texto literário e ampliar-lhe a
história de leitura.
II. uma forma de leitura que, embora redutora e pouco confiável, pode ser aproveitada na escola
como recurso linguisticamente compatível com a compreensão de crianças e adolescentes.
III. uma estratégia de possível iniciação à prática da leitura dos clássicos.
IV. uma prática que põe à disposição dos leitores iniciais os grandes textos da escrita universal,
recontados com a fluência verbal compatível com a sua compreensão.
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, III e IV.
d) II, III e IV.
e) III e IV.
"A educação do leitor de literatura não pode ser, em vista da polissemia que é própria do discurso
literário, impositiva e meramente formal. Como os sentidos literários são múltiplos, o ensino não
pode destacar um conjunto deles como meta a ser alcançada pelos alunos. Por outro lado, informar
a esses de técnicas ou períodos literários não resultará em alargamento dos limites culturais que
orientam as práticas significativas deles, senão num estágio bem mais adiantado de sua formação.
Antes de formalizar o estudo dos textos por essas vias, é preciso vivenciar muitas obras para que
estas venham a preencher os esquemas conceituais."
BORDINI E AGUIAR. Literatura: a formação do leitor — alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto,
1988.
Sobre a educação do leitor de literatura, o posicionamento dos autores, no trecho acima, está
CORRETAMENTE exposto em:
a) Para a formação leitora, o ensino deve considerar o caráter polissêmico do discurso literário e
privilegiar o contato com as obras.
b) A história da literatura constitui-se objeto de estudo relevante na formação dos estudantes, já
que garante a abordagem do texto literário como portador de sentidos múltiplos.
c) A imposição de sentidos ao texto literário prejudica o processo de educação literária à medida
que limita o acesso dos estudantes aos conhecimentos relativos à periodização dos estilos
literários.
d) A apreensão do sentido global do texto depende tanto dos fatores linguísticos internos, quanto
das informações provenientes de abordagens historiográficas da literatura, que, não raro,
conseguem ampliar os conhecimentos histórico-literários do leitor.
e) A prática docente deve priorizar o estudo da periodização das obras literárias – procedimento
responsável pelo estágio mais avançado da formação dos estudantes.
48. Atente para a seguinte declaração do poeta João Cabral de Melo Neto:
“Gostaria de ser arquiteto. A arquitetura sempre foi a arte que mais me interessou, e, ao meu ver, é
a que está mais próxima do que tento fazer com a poesia.”
A declaração acima se constitui uma reflexão sobre um fazer poético caracterizado pelo/pela
a) uso de versos longos e de ordem indireta, evocando um tradição vocabular mais erudita.
b) aceitação da experiência diária e aproveitamento de elementos prosaicos como mote para a
efusão da expressão do "eu".
c) construção de uma poesia intimista, sistematicamente elaborada, que se vale de elementos
abstratos para atingir o concreto.
d) preocupação em revestir suas imagens do caráter pitoresco e despojado, instaurando rigor
métrico e fugindo do rigor semântico.
e) privilégio ao processo de elaboração e à técnica na produção poética, distanciando-se da
tradição romântica que considera a poesia fruto do transbordamento das emoções.
49. A respeito do ensino de morfossintaxe no cotidiano dos professores de Língua Portuguesa, julgue as
afirmações abaixo, utilizando (V), para o que for Verdadeiro, e (F), para o que for Falso.
a) V V F F
b) F V F F
c) F V V F
d) F V F V
e) V F V F