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Astrologia fantástica

Por Wilson Bueno

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De Hermesael a Moirael, as diferentes essências dos anjos modificadas pela


lente dos signos

Na imaginação, misturam-se a imago (imagem) e a essentia (essência) do


Pássaro e do Homem, para que se construa a transparência do Anjo (do grego
“ággelos”, pelo latim “angelu”): ente puramente espiritual que exerce o ofício
de mensagem entre o Deus e o Homem. Mais que o Homem, as entidades
angélicas protegem o Deus...

E o Deus, quem seria? A palavra latina “Deus” deriva da palavra sânscrita


“Dyas”, que significa “céu luminoso”.

O Homem, como se sabe, é só esta matéria desesperada que tenta acordar o


que no barro é a estrela-diamante: a imaginação.

Os Anjos, como os pássaros e as crianças, não pensam. Cérebro-pequeno,


leveza imensa, transparência natural.

A natureza mais evidente do Anjo é a invisibilidade.

Tertuliano escreveu: “Credo quia absurdum est”. (Creio porque é absurdo).

O sol é a sombra do Deus. Imagine, então, como é o Deus? Anjos não fazem
sombra em nada. Anjo é quando o Deus desiste de ser o Deus para ver que o
Deus é o Outro em nós: baleia, violoncelo, pêssego, mulher, homem, criança,
penhasco, água, palavra, música, pedra; enfim, o Outro dentro e fora de nós.

A seguir, as diferentes essências dos Anjos modificadas pela lente dos signos.
O Anjo é onde a luz está. Luz visível ou invisível. O seu signo solar é seu Anjo
natural. Sua essência mais que profunda.

Entregar-se ao mistério pode ser menos misterioso do que se pensa.

ÁRIES (21 de março a 20 de abril)

O Anjo Ariano é Hermesael, que faz do natural um epifania regida pelo fogo da
palavra. Anjo que, no interior da palavra fogo, sabe dos primórdios do fogo
sem palavra. O cérebro é seu talismã, sempre impulsivo. Quem for Anjo Ariano
cuida só de saber seu próprio mistério por meio da convenção social que é a
língua. Domar o potro de sono e fogo que acontece no cérebro é a principal
tarefa de Hermesael. A velocidade: um de seus mais flagrantes atributos.
Apazigua homens e feras, mas pode ser destruído por sua Alma, se duvidar
dela. O Anjo Ariano é o guia que aponta para o potencial criativo
desconhecido. Mestre dos quatro elementos, ele os mistura para que venha à
tona o mais precioso, a quintessência. Hemesael não vem quando é chamado,
mas quando intuímos que sabemos mais do que pensamos.

Dica preciosa: Hermesael vive em harmonia com o Buda (o iluminado, a


essência das essências), porque ele é o próprio Buda.

Sua frase é: “Nenhum som teme o silêncio que o extingue” (John Cage).

TOURO (21 de abril a 21 de maio)

O Anjo Taurino é Demeterael. Obtuso feito uma rocha, só decifra os segredos


através de um olhar à natureza. Prefere o ouro à luz. A mesa com frutas, água
e pão, aos desvarios dos doidivanas. Sua imaginação é um útero onde só
cabem as coisas humanas, demasiado humanas. Seu amor é pela Terra e só
aprende com os elementos terrestres. A Terra é seu alvo. O coração, a flecha.
Para tal Anjo, o templo do amor do Taj Mahal vale mais que todos os livros do
mundo. Também venera os livros: sinais de sabedoria. Demeterael deve
meditar sob frondosas árvores quando entardece. Tem o charme como triunfo
e a quietude como dom. O Anjo Taurino não descuida de cultivar diariamente
seu jardim secreto. Cuidar com esmerado amor, se diria.

Dica preciosa: Demeterael trata seu corpo com a delicadeza de um


pessegueiro e a dureza de um diamante.

Sua frase é: “O cotidiano contém em si o abuso do cotidiano: o cotidiano tem


a tragédia do tédio da repetição, mas há uma escapatória: é que a grande
realidade é fora de série” (Clarice Lispector).

GÊMEOS (22 de maio a 21 de junho)

Zeusael, o Anjo Geminiano, é conhecido por sua autoridade e ambição. O


auto-respeito. A disciplina. Quem quiser alcançá-lo deve cultivar a compaixão
tanto em palavras como em atos. Para o Anjo geminiano não há diferença
entre a palavra água e a água natural. Ele é a harmonia entre atos e palavras.
Qualquer dissonância cria problemas sérios. Sua música é verbal. Sombrio e
luminoso. Ambíguo por natureza. A luz é do tamanho da sombra. A palavra é
para ele o pão e a água. Sua psique (Alma) precisa da palavra exata e do
sentido perfeito. Ele sabe todo o mistério da linguagem. As palavras são
instrumentos de sua consciência. Palavras: arpões. Zeusael lança, ao pensar,
uma frase de cristal.

Dica preciosa: Zeusael cuida de seu jardim secreto como se fosse um


vocabulário de palavras. A rigidez o torna sombrio. O bom humor é dele a
pedra preciosa.

Sua frase é: “Só sei que nada sei” (Sócrates).

CÂNCER (22 de junho a 22 de julho)


Persefonael, o Anjo Canceriano, é o vidente das trevas lunares. Encontra-se
com muita felicidade sob a égide do mundo interior. A lei natural de
Persefonael diz que o maior mistério é haver mistério. Ele nunca perde sua
primeira serenidade. O Anjo Canceriano sabe da força do Deus dentro de si e
tem a certeza de encontrá-Lo. Sua mina de ouro é a memória. Sua vertigem: a
alucinação. A pedra que ele vê fora é do tamanho da pedra que ele percebe
dentro da Alma. Só que a pedra da Alma é mais verdadeira. Vive de pétalas na
boca. Seu mundo não pode ser desvendado pela inteligência. Talvez só pela
sensibilidade.

Dica preciosa: A ânfora de Persefonael é transbordante, pois a fonte está


nele mesmo. As imagens, para este Anjo, são selvas de fadas que se
fecundam.

Sua frase é: “Existir é um perfume sem suporte, um grão de memória, uma


simples fragrância; alguma coisa como um gasto, como só um haicai japonês
soube dizer, que não é recuperado em nenhum destino” (Roland Barthes).

LEÃO (23 de julho a 23 de agosto)

O Anjo Leonino, Quironael, habita o segundo sol: o ego. O maior poder do ego
é o de saber que o ego não tem poder nenhum. Sua função é criar as
condições para que o Eu profundo (o Deus) –o primeiro Sol – atue. O único
que cura o ego é a humildade. Sua luz é a da manhã e a do entardecer, nunca
a do meio-dia. Leva acesa em si a candeia longínqua. Pequenos desejos,
grandes perfumes. É o pelicano que em alto-mar bica o próprio peito para
saciar a sede de seus filhotes. A Quironael é dada toda alegria se for
suficientemente maduro para permitir que o Eu profundo o fisgue. Algo atira,
algo acerta. O alvo não importa. Mesmo que ele estivesse com uma venda nos
olhos, acertaria o alvo. Conhecimento: luz do coração. Pode curar com um
simples toque.

Dica preciosa: Quironael silencia opiniões pessoais para atiçar o espelho


interno (a Alma) que reflete todo riso. Para isto basta cultivar mais o hábito
de escutar o primeiro Sol (que é o Deus). Rir é o melhor remédio.

Sua frase é: “E não é incrível que a luz se acenda no exato instante em que
se extingue?” (Plotino).

VIRGEM (24 de agosto a 22 de setembro)

O Anjo Virginiano é Heafroatenael. Seu mais íntimo dom é ver tudo nos
mínimos detalhes. Ver com a palavra. Anjo nascido a um palmo do fogo do
Santo Espírito (o subconsciente), ele medita sobre cada detalhe da matéria e a
desvenda com desenhá-la numa simples folha de papel em branco. Crítico
severo consigo e com os outros, deve aprender a relaxar escutando sinos ao
vento. Deve prestar muita atenção no seguinte: aqueles que supervalorizam a
palavra oca são vítimas da própria palavra oca. Sua dificuldade é escolher
entre duas matérias: um copo d’água ou de vinho? O Anjo Virginiano tem o
dom de suspender a faculdade crítica e se dedicar mais ao silêncio que
observa em cada átomo. A fala é então sua luz. A Alma de diamante (o Átman
que, em sânscrito quer dizer “indestrutível”) é por destino sua luz.
Dica preciosa: Heafroatenael intui que as máscaras da tragédia grega tinham
uma função mágica. As palavras em sua boca são usadas com doçura. Não se
deixa levar por cegos impulsos.

Sua frase é: “Quando um sonho pode realmente ser concretizado, as ilusões


devem ser desfeitas” (Quiroga).

LIBRA (23 de setembro a 23 de outubro)

Aresael, o Anjo Libriano, é regido segundo as leis sereníssimas do amor. Seus


instintos agressivos são conduzidos pela vontade consciente. Equilíbrio puro
entre amor e paixão, se mantiver a tensão entre os opostos, chegará à
maturidade. Pare este Anjo a noção de divindade não é da ordem do
pensamento, mas da ordem da emoção. Quando pensa a si mesmo, pressente
que o Deus só pode ser alcançado através da serenidade, do centro silenciado.
O Aresael não desconsidera a cura que brota do delírio amansado. É de ser
precioso que ele tem medo. A morada de seu paraíso é guardada por um
dragão que deseja o que não tem fala. Por isto só lhe resta amar. Só o fogo
tranqüilo lhe interessa. Na curva da infância enterra o rio. Sobre árvores
salpica estrelas antigamente perfumadas.

Dica preciosa: Aresael tem seu centro supremo na Harmonia, filha do Amor.
Ter uma visão espiritual desenvolvida não é tudo para este Anjo. Uma vontade
de ferro é mais valiosa para ele.

Sua frase é: “Viver não é preciso; navegar, sim” (Pompeu).

ESCORPIÃO (24 de outubro a 22 de novembro)

Atenael, o Anjo Escorpiano, tem a língua cortante como a espada. A verdade é


sua sina. O sonho sua agonia. O nada é sua matéria-prima. O nada como
carência de oposições e contrastes. Habitante natural das profundezas, ele
sabe das mandingas e das feitiçarias da Alma. Viver para desaparecer, eis sua
grande sacada. Dono de sortilégios insondáveis, este Anjo tem o Olho
espiritual altamente desenvolvido. Pode ver as coisas, mesmo sem imagens.
Busca uma perfeição engendrada pela mente e pelo Santo Espírito. Para
Atenael, captar as vibrações do Eu Profundo é mais importante que possuí-lo.
O espiritual é seu aconchego e pressente todas as nervuras do sombrio. O ar,
fogo, terra e água, para o Anjo Escorpiano, são deuses. A água, o jardim
secreto.

Dica preciosa: Atenael respeita o feitiço íntimo das coisas. O que um vai
saber, não sabendo, já sabe. Deve aprender a respirar no último íntimo, o
mim da fundura.

Sua frase é: “Tamanco faz zoada, mas não fala” (adágio popular brasileiro).

SAGITÁRIO (23 de novembro a 21 de dezembro)

O Anjo sagitariano é Irisael. Sua quintessência, a sorte, pela qual é


fortemente assediado. A risada é dele no alto da montanha perto dos
pássaros. Espera até que o Deus não fale, então escuta o que em cada coisa é
calmo sol. No breve minuto em que sabe, porque é Anjo Sagitariano, acorda
em outro Deus maior. Para ele, a palavra é vã de alecrins. Sua força é a
sinceridade, que o torna potente. É melhor cair das nuvens que do último
andar. “Lumen naturae”: sua fonte interior de luz. Irisael intui que o Santo
Espírito é tudo aquilo que constrasta com a matéria. Fogo em movimento:
manhã de ligeiras estrelas. Curar é uma de suas virtudes.

Dica preciosa: Irisael ganha muito ao conduzir o fluxo das emoções com
delicadeza. O ardor impõe sua candura. A verdade absoluta deve ser afastada
de seu coração.

Sua frase é: “Não procure a perfeição, não há nada lá” (Paulo Lemisnki).

Capricórnio (22 de dezembro a 20 de janeiro)

Para Heraclael, Anjo Capricorniano, o destino é a disciplina e a intensa e


perfeita concentração num objeto da mente. Com pulso de ferro, ele traça seu
mapa, dia-a-dia, com a paciência de faquir sobre esteira de acúleos. Conhecer
a própria fera interior (ou o diabólico em si) é condição primordial para seu
amadurecimento. Arquiteto, não da brisa, mas das solidões noturnas, ele é
perito em desvendar os vários lados de uma pedra. Nenhum detalhe lhe
escapa da informe matéria humana. Os limites tornam soberano este Anjo.
Seu selo raro é dissolver o ponto alucinante que rege a Vila da Ilusão. O
sombrio pode que seja para Heraclael o primeiro degrau para o paraíso. É
necessário que encare com naturalidadde uma certa aridez.

Dica preciosa: Heraclael lapida os impulsos de raiva e os limites rígidos da


mesmice. Para o cansaço de existir não custa nada perder tempo serenando
ante o muro gretado do verão. O bom do sono é sonhar no alto do penedo.

Sua frase é: “Minha mãe bordava lágrimas desertas nos primeiros arco-íris”
(Vicente Huidobro).

AQUÁRIO (21 de janeiro a 18 de fevereiro)

Uranael, o Anjo Aquariano, jorra água de estrelas. Para este Anjo parecem
vivas todas as constelações e, no entanto, aparentemente não se mexem.
Grava em fita indestrutível o vento do futuro. Crucificado ao silêncio da
revelação, seu abismo é manchado de alto azul. Infante terrível, Uranael não
tem medo de perder objetos. Ele não sabe a Voz que fala em si, mas entende
que, se não ouvir, não poderá ver, e que se não ver não poderá ouvir. Ele
sabe que sua Voz é memória. A melancolia é sua decadência. Limpidez da Voz:
seu alvo. E a palavra é a seta.

Dica preciosa: Uranael deve cultivar a arte de se embalar próximo do mar


rente às palmeiras indecifráveis. Sua bebida preferida é a eletricidade de certa
manhã de sol sob os últimos ventos. É o caçador daquilo que Sem Nome.

Sua frase é: “Além da conversa das mulheres, são os sonhos que seguram o
mundo na sua órbita. Mas são também os sonhos que lhe fazem uma coroa de
luas, por isso o céu é o resplendor que há dentro da cabeça dos homens, se
não é a cabeça dos homens o próprio e único céu” (José Saramago).
PEIXES (19 de fevereiro a 20 de março)

O Anjo Pisciano, Moirael, é o mais próximo do Deus. Aquele que deve estar
iluminado antes que a iluminação aconteça. É o louco divino. Único a existir
em seu Terceiro Olho (a glândula pineal, o Olho do Deus), este Anjo torna
cristalino o silêncio. Médium convicto, ele lapida o centro invisível com a
clareza de quem sabe ser a vida enlevo e fúria. Moirael esquece a vontade e
se mistura à sombra e ao mel que lhe curam a máscara oca. Seu coração só
constrói decepado. Tudo ritma seu coração. Dias e dias este Anjo permanece
em segredo, e retorna em quedas sobre um aquático feliz. Quando a lógica
cervical da essência do Deus encontra a lógica fulgurante de Moirael, é preciso
traduzir este encontro inédito esvaziando as ânforas do medo e acariciando as
serpentes como se fossem rosas.

Dica preciosa: Moirael não transcreve o que foi falado, nem pensado, mas o
que foi visto, posto que ver é sua principal tática para alcançar o objeto
perdido da satisfação.

Sua frase é: “A vida inteira correu por minhas rugas como ágata a fim de
modelar a mais bela das máscaras fúnebres” (Paul Éluard).

P.S.: Meus agradecimentos ao poeta Fernando José Karl, pela colaboração e


consultoria

Publicado em 20/12/2007

Wilson Bueno
É escritor, autor de "A Copista de Kafka" (ed. Planeta), entre outros títulos

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