Caracterização de uma
Topossequência no
Parque Nacional da Serra
da Canastra, MG
CGPE 9295
Ministério da
Agricultura, Pecuária
e Abastecimento
ISSN 1676-918x
ISSN online 2176-509X
Abril, 2010
Boletim de Pesquisa
e Desenvolvimento 277
Caracterização de uma
Topossequência no
Parque Nacional da Serra
da Canastra, MG
Vinicius Vasconcelos
Éder de Souza Martins
Adriana Reatto
Antônio Felipe Couto Junior
Osmar Abílio Carvalho Junior
Wellington Cardoso dos Santos
Larissa Ane de Sousa Lima
Kássia Batista de Castro
Dárcio Xavier
Denilson Pereira Passo
Roberto Arnaldo Trancoso Gomes
Embrapa Cerrados
Planaltina, DF
2010
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Cerrados
BR 020, Km 18, Rod. Brasília/Fortaleza
Caixa Postal 08223
CEP 73310-970 Planaltina, DF
Fone: (61) 3388-9898
Fax: (61) 3388-9879
http://www.cpac.embrapa.br
sac@cpac.embrapa.br
631.4 - CDD 21
© Embrapa 2010
Sumário
Resumo.............................................................................. 5
Abstract.............................................................................. 6
Introdução........................................................................... 7
Descrição da Área de Estudo................................................. 8
Material e Métodos............................................................. 12
Resultado e Discussão........................................................ 13
Considerações Finais.......................................................... 44
Agradecimentos................................................................. 45
Referências....................................................................... 45
Caracterização de uma
Topossequência no Parque
Nacional da Serra da
Canastra, MG*
Vinicius Vasconcelos1; Éder de Souza Martins2;
Adriana Reatto3; Antônio Felipe Couto Junior4;
Osmar Abílio Carvalho Junior5; Wellington Cardoso
dos Santos6; Larissa Ane de Sousa Lima7;
Kássia Batista de Castro8; Dárcio Xavier9; Denilson
Pereira Passo10; Roberto Arnaldo Trancoso Gomes11
Resumo
O estudo foi desenvolvido no Parque Nacional da Serra da Canastra – PNSC,
localizado no Estado de Minas Gerais, em uma área protegida de 50.000 ha. O
objetivo foi caracterizar os solos de uma topossequência na Serra da Canastra,
localizada no PNSC, organizada do topo para a base, conforme a seguinte
variação de vegetação: Cerrado Sentido Restrito, Campo Limpo e Campo Limpo
Úmido com murundu. Foram descritas as seguintes classes de solos: Latossolo
Vermelho Ácrico típico, Latossolo Vermelho Ácrico húmico, Cambissolo Háplico
Tb Distrófico típico, Cambissolo Húmico Tb Distrófico típico, Cambissolo
Húmico Tb Distrófico latossólico e Gleissolo Háplico Tb distrófico típico.
*
Publicação referente a resultados alcançados pelo Projeto Cartografia de Paisagens do Bioma Cerrado e Funciona-
mento de Solos Representativos (MP 02.03.2.05.00)
1
Geógrafo, bolsista, mestrando em Geografia, UnB, ICC Ala Norte, Asa Norte, Brasília, DF, CEP 70910-900,
vinicius.vascoza@gmail.com
2
Geólogo, D.Sc., pesquisador da Embrapa Cerrados, eder@cpac.embrapa.br
3
Engenheira Agrônoma, Ph.D., pesquisadora da Embrapa Cerrados, reatto@cpac.embrapa.br
4
Engenheiro Florestal, D.Sc., pesquisador do Laboratório de Sistemas de Informações Espaciais, Universidade de
Brasília, antoniofelipejr@gmail.com
5
Geólogo, D.Sc., professor da Universidade de Brasília, osmarjr@unb.br
6
Biólogo, bolsista em Geografia, Universidade de Brasília, quasenadaws@gmail.com
7
Graduanda em Geografia na Universidade Estadual de Goiás, estagiária da Embrapa Cerrados, larissa.ane.sl@gmail.com
8
Graduanda em Geografia na Universidade Estadual de Goiás, estagiária da Embrapa Cerrados, kassiadcastro@gmail.com
9
Graduando em Geografia na Universidade Estadual de Goiás, estagiário da Embrapa Cerrados, darcio.xavier@gmail.com
10
Geógrafo, bolsista da Embrapa Cerrados, geodenilson@gmail.com
11
Geógrafo, D.Sc., professor da Universidade de Brasília, robertogomes@unb.br
Characterization of a
Toposequence in National
Park of Serra da Canastra,
MG
Abstract
The study was conducted in the National Park of Serra da Canastra –
PNSC located in the state of Minas Gerais with 50.000 ha of protected
area. The objective was to characterize a toposequence in the Serra da
Canastra Plateau organized from the top to the base with the following
phyisiognomies variety: Wooded Savannah, Grassland and Humid Grassland
with murundus. It was determined the Acric Dystrophic Oxisols, Acric
Humic Oxisols, Dystrophic Haplic Cambisols, Dystrophic Humic Cambisols
and Dystrophic Haplic Gleysols. The Oxisols had a very clay texture located
in a convex hillslide with flat tops, with Wooded Savannah phyisiognomy
and in a transition between Wooded Savannah and Grassland. The Humic
and Haplic Cambisols are presented between Oxisols in a straight hillslider
with a clay loam texture and in a Grassland physiognomy. The Haplic
Gleysols were placed towards the end of the toposequence in water logging
environment with from clay to very clay texture in a Humid Grassland
physiognomy. All classes showed Horizon A prominent or humic with
organic matter above 20 g.kg-1, and high levels of gibbsite increasing from
top to the base of the toposequence and parameters attributed to acric soils.
Introdução
Geomorfologia
De acordo com Ab’Saber (1970), a SC pertence ao domínio dos
chapadões tropicais interiores com cerrados e matas de galeria,
caracterizando-se por aplainamentos extensivos relacionados a duas
ou mais fases de pediplanação, com relevos residuais e pela existência
de duas estações, uma chuvosa e outra seca. A região é formada
por planaltos de estrutura complexa, com terrenos cristalinos e
sedimentares compartimentados.
Geologia
A Serra encontra-se dentro do Grupo Canastra com predomínio
de quartzitos nas bordas e filitos na região central, mas apresenta
forte influência estrutural do Grupo Araxá. A faixa de domínio
dos grupos Canastra-Araxá é marcada, estruturalmente, por forte
cavalgamento com transporte SW/NE (CHAVES et al., 2008). Braun
e Baptista (1978) referem-se a SC como sendo formada por blocos
erguidos por falhamento inversos e reativados em alguns lugares por
transcorrência. Valeriano et al. (1994) acrescentam que há presença
Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da... 11
Vegetação
A SC, conforme mencionado, faz parte do Bioma Cerrado,
apresentando formações campestres, savânicas e florestais
(ICMBio, 2005). De acordo com Romero e Nakajima (1999), a SC
apresenta espécies das seguintes famílias: Fabaceae, Mimosaceae,
Eriocaulaceae, Orchidaceae, Myrtaceae e Malpighiaceae.
Clima
O clima regional é caracterizado pela sazonalidade, com chuvas
no verão e inverno seco. A temperatura média do mês mais frio é
inferior a 18 ºC e a do mês mais quente não ultrapassa
22 ºC (ICMBio, 2005). Segundo Souza (1993), a área apresenta
características de pluviosidade anual entre 1.000 mm e 1.500 mm.
O trimestre de dezembro a fevereiro, além de mais chuvoso, é o de
maior excedente hídrico e o de escoamento superficial mais ativo.
Além disso, a porção do alto São Francisco está embutida na região
de clima Tropical do Brasil Central, onde predominam temperaturas
subquentes e clima semiúmido com quatro a cinco meses secos
(ANA, 2002).
Material e Métodos
Trabalho de campo e laboratorial
Os trabalhos de campo foram auxiliados com uma base cartográfica
Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da... 13
Resultado e Discussão
As classes de solos observadas na topossequência na SC são
apresentadas na Tabela 1 e a descrição geral dos perfis, no Anexo I.
14 Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da...
Tabela 1. Classificação dos solos dos perfis até o terceiro nível e associações.
Fase do Material de
Perfil Classes de solos Textura Fase da vegetação
relevo origem
Latossolo Vermelho Cerrado Sentido
1 Muito argilosa Plano Filito
Ácrico húmico Restrito
Cerrado Sentido
Latossolo Vermelho
2 Muito argilosa Restrito + Campo Plano Filito
Ácrico típico
Limpo
Latossolo Vermelho Cerrado Sentido
3 Muito argilosa Plano Filito
Ácrico húmico Restrito
Cerrado Sentido
Cambissolo Háplico Tb
4 Argilosa Restrito + Campo Plano Filito
Distrófico típico
Limpo
Cambissolo Húmico Tb Suave
5 Argilosa Campo Limpo Filito
Distrófico latossólico ondulado
Cambissolo Húmico Tb Suave
6 Média Campo Limpo Filito
Distrófico típico ondulado
Latossolo Vermelho Cerrado Sentido
7 Muito argilosa Plano Filito
Ácrico húmico Restrito
Cerrado Sentido
Latossolo Vermelho
8 Muito argilosa Restrito + Campo Plano Filito
Ácrico típico
Limpo
Gleissolo Háplico Tb Campo Limpo com Suave
9 Argilosa Filito
Distrófico típico murundu ondulado
Gleissolo Háplico Tb Campo Limpo com Suave
10 Muito argilosa Filito
Distrófico típico murundu ondulado
Figura 5. Localização e trajetória dos perfil e perfil topográfico da topossequência elaborado a partir do
MDT mostrando a disposição dos perfis P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9, P10.
Figura 6. Paisagem característica da Serra da Canastra (à esquerda) e transição abrupta entre Cerrado
Sentido Restrito e Campos Limpo (à direita).
Latossolos
São solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B
latossólico imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, dentro
de 200 cm da superfície do solo ou dentro de 300 cm, se o horizonte A
apresenta mais que 150 cm de espessura (EMBRAPA, 2006).
Figura 7. Espécie de cerrado sentido restrito da família Vochisiaceae (à esquerda) e Cerrado Sentido
Restrito Denso associado aos Latossolos (à direita).
2 -46,902 Long 27-45 2,5YR 4,5/6 LVw2 BA 810,00 100,00 20,00 70,00 0,12 Muito argilosa
45-145 2,5 YR 4/8 Bw 810,00 100,00 20,00 70,00 0,12 Muito argilosa
145-185 2,5YR 4/6 BC 810,00 100,00 10,00 80,00 0,12 Muito argilosa
0-25 2,5YR 4/2 A 690,00 110,00 60,00 140,00 0,16 Muito argilosa
-20,141 Lat 25-45 2,5YR 4/4 BA 760,00 110,00 30,00 100,00 0,14 Muito argilosa
3 -46,899 Long 45-110 2,5 4/6 LVw3 Bw1 750,00 110,00 30,00 110,00 0,15 Muito argilosa
110-165 2,5 YR 4,5/8 Bw2 760,00 120,00 30,00 90,00 0,16 Muito argilosa
165-190+ 2,5 YR 4/6 BC 760,00 140,00 20,00 80,00 0,18 Muito argilosa
0-25 7,5YR 4/4 A 590,00 12,00 12,00 17,00 0,20 Argilosa
-20,139 Lat 25-55 7,5YR 4/6 BA 640,00 13,00 9,00 14,00 0,20 Muito argilosa
7 LVw4
-46,890 Long 55-115 7,5YR 5/6 Bw1 670,00 14,00 7,00 12,00 0,21 Muito argilosa
115-200 1,5 YR 4/8 Bw2 670,00 16,00 6,00 11,00 0,24 Muito argilosa
Continua...
17
18
Tabela 2. Continuação.
CETC CTC
Coordenadas prof. Al Ca K M H+Al S* CTC* KCl H2O Δ MO* V* M*
Perfil argila * argila*
geográfica
(cm) (cmolc. dm-3) pH g.kg-1
0-15 1,42 0,12 0,14 0,08 12,56 0,34 12,90 2,28 16,75 4,06 5,17 -1,11 53,20 26,24 807,52
-20,135 Lat 15-40 0,25 0,05 0,02 0,03 6,66 0,10 6,76 0,42 8,78 4,60 4,87 -0,27 24,00 14,87 713,24
1 40-100 0,07 0,09 0,00 0,01 1,86 0,10 1,96 0,21 2,55 5,05 5,25 -0,20 16,00 51,02 411,76
-46,907 Long
100-155 0,04 0,09 0,00 0,01 11,44 0,10 11,54 0,17 14,99 5,48 5,48 0,00 15,90 8,67 285,71
155-200+ 0,00 0,10 0,00 0,08 4,72 0,18 4,90 0,22 6,36 5,78 5,64 0,14 10,70 36,73 0,00
Continua...
Tabela 3. Continuação.
CETC CTC
Coordenadas prof. Al Ca K M H+Al S* CTC * KCl H2O Δ MO* V* M*
Perfil argila * argila*
geográfica
0-20 1,10 0,11 0,11 0,04 3,34 0,26 3,60 1,87 4,68 4,15 4,45 -0,30 44,90 72,95 807,15
-20, 140 Lat 20-27 0,19 0,10 0,04 0,01 3,38 0,15 3,53 0,43 4,58 4,53 4,96 -0,43 27,20 41,38 565,65
2 -46,902 Long 27-45 0,04 0,09 0,01 0,01 2,22 0,11 2,33 0,18 3,02 4,88 5,26 -0,38 19,60 45,21 275,62
45-145 0,03 0,07 0,00 0,00 7,24 0,07 7,31 0,12 9,49 5,30 5,58 -0,28 13,90 9,58 300,00
145-185 0,01 0,11 0,00 0,10 5,50 0,21 5,71 0,27 7,42 5,91 5,62 0,29 11,20 36,78 45,45
0-25 1,37 0,13 0,15 0,10 13,76 0,38 14,14 2,54 18,37 3,97 4,56 -0,59 62,40 27,14 781,14
-20,141 Lat 25-45 0,11 0,11 0,02 0,03 6,48 0,16 6,64 0,36 8,62 4,61 4,92 -0,31 23,20 24,17 406,64
-46,899
3 45-110 0,01 0,09 0,00 0,01 4,62 0,10 4,72 0,15 6,13 5,16 5,31 -0,15 21,70 21,19 90,91
Long
110-165 0,00 0,08 0,00 0,01 3,34 0,09 3,43 0,12 4,45 5,56 5,65 -0,09 12,90 26,24 0,00
165-
0,00 0,09 0,00 0,00 1,82 0,09 1,91 0,12 2,48 6,04 5,75 0,29 9,10 47,12 0,00
190+
0-25 0,66 0,16 0,10 0,07 1,02 0,33 1,35 1,68 1,76 4,30 5,25 -0,95 43,00 245,88 664,94
-20,139 Lat 25-55 0,09 0,12 0,03 0,03 0,92 0,18 1,10 0,42 1,43 4,81 5,58 -0,77 26,60 164,22 332,39
7 -46,890
55-115 0,04 0,11 0,00 0,01 9,98 0,12 10,10 0,24 13,12 5,36 5,65 -0,29 17,60 11,88 250,00
Long
115-200 0,00 0,00 0,00 0,00 7,30 0,00 7,30 0,00 9,48 5,52 6,20 -0,68 12,20 0,00 0,00
Continua...
19
20
Tabela 3. Continuação.
0-15 0,55 0,00 0,10 0,06 4,76 0,16 4,92 1,03 6,39 4,40 5,51 -1,11 38,40 32,02 777,46
-20,138 Lat 15-23 0,15 0,00 0,06 0,04 3,20 0,10 3,30 0,35 4,28 4,67 5,62 -0,95 31,30 29,25 608,74
-46,889
8 23-60 0,07 0,00 0,02 0,02 3,82 0,04 3,86 0,15 5,01 5,01 5,68 -0,67 21,70 9,18 664,23
Long
60-135 0,02 0,00 0,00 0,00 6,00 0,00 6,00 0,03 7,79 5,54 5,87 -0,33 16,80 0,00 1000,00
135-185 0,00 0,01 0,00 0,00 3,72 0,01 3,73 0,01 4,84 6,09 5,95 0,14 13,80 2,68 0,00
*S (soma das bases), CTC (capacidade de troca de cátions), CETC argila (capacidade efetiva de troca de cátions), CTC argila (capacidade de troca de cátions da
argila), MO (matéria orgânica) ,V (saturação de bases) e M (saturação de alumínio)
Tabela 4. Análise mineralógica dos horizontes diagnósticos dos Latossolos da topossequência de estudo na Serra da Canastra.
21
22 Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da...
Figura 8. Ilustração esquemática dos perfil 1, 2, 3 da esquerda para direita com as suas respectivas
profundidades em centímetros.
Figura 9. Perfil de Latossolo Vermelho Ácrico húmico (LVw1, Perfil 1) com respectiva descrição da
estrutura de seus horizontes.
Figura 10. Amostra do horizonte BC do Perfil 1, apresentando vários orifícios cilíndricos atribuídos a
atividade biológica.
Figura 11. Perfil de Latossolo Vermelho Ácrico típico (LVw2, Perfil 2) com respectiva descrição da
estrutura de seus horizontes.
Figura 13. Perfil de Latossolo Vermelho Ácrico húmico (LVw3, Perfil 3) com respectiva descrição da
Estrutura de seus horizontes.
Figura 14. Ilustração esquemática dos perfis 7 e 8 da esquerda para direita com as suas respectivas
profundidades em centímetros.
Figura 15. Perfil de Latossolo Vermelho Ácrico húmico (LVw4, Perfil 7) com respectiva descrição da
estrutura de seus horizontes.
Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da... 29
Figura 17. Perfil de Latossolo Vermelho Ácrico típico (LVw5, Perfil 8) com respectiva descrição da
estrutura de seus horizontes.
Cambissolo
Na SC os Cambissolos ocorrem com maior abundância, em razão das
condições geomorfológicas da região, em relevo desde suave ondulado
a ondulado com formas multiconvexas, especialmente sobre saprólitos
de filitos. Além disso, observa-se a sua relação com os campos limpos
Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da... 31
*S (soma das bases), CTC (capacidade de troca de cátions), CETC (capacidade efetiva de troca de cátions), CTC argila (Capacidade
de troca de cátions da argila), MO (matéria orgânica), V (saturação de bases) e M (saturação de alumínio).
33
34
Tabela 7. Análise mineralógica dos horizontes diagnósticos dos Cambissolos da topossequência de estudo na Serra da Canastra.
Coorde- prof. SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 Ct* Gb* Gt* Hm*
Figura 20. Ilustração esquemática da organização dos horizontes dos perfis 4 (CXbd), 5 (CHd1) e 6
(CHd2) da esquerda para direita com as suas respectivas profundidades em centímetros.
Figura 21. Perfil de Cambissolo Háplico Tb Distrófico típico (CXbd, Perfil 4) com respectiva descrição
da estrutura de seus horizontes.
Figura 23. Perfil de Cambissolo Húmico Distrófico latossólico (CHd1, Perfil 5) com respectiva descri-
ção da estrutura de seus horizontes.
Figura 24. Perfil de Cambissolo Húmico Tb Distrófico típico (CHd2, Perfil 6) com respectiva descrição
da estrutura de seus horizontes.
Figura 25. Ilustração esquemática demonstrando a morfologia da face e da sua lateral com a entrada
de solum no horizonte Cr (foto A e B).
Gleissolos
Os Gleissolos são constituídos por material mineral com horizonte glei
iniciando-se dentro de 150 cm da superfície, imediatamente abaixo de
horizontes A ou E, ou de horizonte hístico com menos de 40 cm de
espessura (EMBRAPA, 2006).
-20,136 Lat 0-20 0,27 0,03 0,10 0,06 3,72 0,19 3,91 0,85 0,85 4,65 5,59 -0,94 38,80 47,97 590,25
9
-46,888 Long 20-50 0,07 0,02 0,05 0,03 7,26 0,10 7,36 0,34 0,34 4,98 5,78 -0,80 25,00 13,76 408,68
0-20 0,83 0,02 0,12 0,08 4,80 0,22 5,02 1,65 6,52 4,31 5,56 -1,25 44,70 44,41 788,17
-20,136 Lat 20-25 0,15 0,01 0,04 0,03 5,44 0,08 5,52 0,35 7,16 4,68 5,69 -1,01 45,40 13,76 664,02
10
-46,889 Long 25-45 0,04 0,00 0,00 0,01 10,46 0,01 10,47 0,07 13,60 5,42 5,76 -0,34 35,20 0,96 800,00
45-85 0,00 0,00 0,00 0,01 2,72 0,01 2,73 0,02 3,55 5,69 5,78 -0,09 32,70 3,66 0,00
*S (soma das bases), CTC (capacidade de troca de cátions), CETC (capacidade efetiva de troca de cátions), CTC argila (capacidade de troca de cátions da argila), MO
(Matéria orgânica), V (saturação de bases) e M (saturação de alumínio).
Tabela 10. Análises mineralógicas dos horizontes diagnósticos dos Gleissolos da topossequência de estudo da Serra
da Canastra.
prof. Cor SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 Ct* Gb* Gt* Hm*
Perfil Coordenadas Horizontes Classe Ki Kr RCGb* RHG*
geográfica (cm) úmida g.kg -1
g.kg -1
g.kg-1
41
42 Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da...
Figura 27. Ilustração esquemática da organização dos horizontes dos perfis 9 (GXb1) e 10 (GXbd2)
da esquerda para direita com as suas respectivas profundidades em cm.
Figura 28. Perfil de Gleissolo Háplico Tb Distrófico típico (GXbd1, Perfil 9) com respectiva
descrição da Estrutura de seus horizontes.
Figura 29. Perfil de Gleissolo Háplico Tb Distrófico típico (GXbd2, Perfil 10) com respectiva descrição
da Estrutura de seus horizontes.
Com relação aos Stone Lines, vários estudos sugerem uma origem
alóctone, com transporte de material em superfície pela sucessão de
diferentes fases climáticas (TRICART; CALLEUX, 1965; SEGALLEN, 1969;
48 Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da...
Considerações Finais
A Serra da Canastra, apesar de apresentar uma paisagem com
predominância de ambientes saturados em água – evidenciados a
partir da observação da geomorfologia estrutural e da vegetação
hidromórfica principalmente dos campos limpos úmidos – , apresentou
uma topossequência caracterizada por solos em estado de intemperismo
elevado.
Além disso, essa observação deve estar aliada com o papel da atividade
biológica observada na topossequência e na paisagem, uma vez que
estudos apontam para sua influência na organização e formação dos
microagregados.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Parque Nacional da Serra da Canastra pelo
apoio logístico e de pessoal, a Embrapa Cerrados e Embrapa Solos pela
realização das análises necessária para esse estudo e ao CNPq pela
bolsa de mestrado disponibilizada para o primeiro autor e para a bolsa de
produtividade do segundo autor.
Referências
AB’SÁBER, N. A. Províncias geológicas e domínios morfoclimáticos no Brasil. São Paulo:
Universidade de São Paulo. Instituto de Geografia, 1970.
ANA. Agência Nacional de Águas. A Evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil.
Brasília: ANA, 64 p. 2002. (Edição Comemorativa do Dia Mundial da Água).
50 Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da...
BIGARELLA, J. J.; BECKER, R. D.; SANTOS, G. F. dos. Estrutura e origem das paisagens
tropicais e subtropicais. Florianópolis, SC: EDUFSC, 1994. v. 1, 426 p.
COLEMAN, N. T.; MEHLICH, A. The chemistry of soil pH. In: THE YEARBOOK PF
AGRICULTURE. Washington, DC: United States Department of Agriculture. p. 72-79.
1957.
EsWARAN, H.; BANOS, C. Related distribution patterns in soils and their significance.
Annals of Edafology and Agrobiology. Madrid, v. 35, p. 33-35. 1976.
HUTCHINSON, M. F. A new procedure for gridding elevation and stream line data with
automatic removal of spurious pits. Journal of Hydrology, v. 106, p. 211-232, 1989.
ICMBio. Plano de manejo do parque nacional da Serra da Canastra. Brasília, DF: Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2005.
JACKSON, M. L. Clay transformations in soil genesis during the Quaternary. Soil Science,
v. 99, p. 15-22. 1964.
MILNE, G. Some suggested units of classification andmapping particularly for east African
soils. Soil Research, v. 4, p. 183-198, 1934.
PEDROTI, A.; FERREIRA, M. M.; CURI, N.; SILVA, M. L. N.; LIMA, J. M.; CARVALHO, R.
Relação entre atributos físicos, mineralogia da fração argila e formas de alumínio no solo.
Revista Brasileira de ciência do Solo, v. 27, p. 1-9. 2003.
REATTO, A.; BRUAND, A.; MARTINS, E. S.; MULLER, F.; SILVA, E. M.; CARVALHO
JUNIOR, O. A.; BROSSARD, M. Variation of the kaolinite and gibbsite content at regional
and local scale in Latosols of the Brazilian Central Plateau. Comptes Rendus Geoscience,
v. 340, p. 741-748. 2008.
REATTO, A.; BRUAND, A.; MARTINS, E. S.; MULLER, F.; SILVA, E. M.; CARVALHO
JUNIOR, O. A.; BROSSARD, M.; RICHARD, G. Development and origin of the
microgranular structure in latosols of the Brazilian Central Plateau: Significance of texture,
mineralogy, and biological activity. Catena, v. 76, n. 2, p. 122-134, 2009.
RESENDE, M.; CURI, N.; REZENDE, S. B.; CORRÊA, G. F. Pedologia: base para a distinção
dos ambientes. 3. ed. Viçosa, MG: NEPUT, 1999. 338 p.
RESENDE, M.; CURI, N.; RESENDE, S. B.; CORRÊA, G. F. Pedologia: base para a distinção
de ambientes. 5. Ed. Lavras, MG: Editora UFLA, 2007. 322 p.
Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da... 53
SCHWERTMANN, U.; TAYLOR, R. M. Iron oxides. In: DIXON, J. B.; WEED, S. B. (Ed.).
Minerals in soil environments. 2. ed. Madison: Soil Science Society of America, p. 379-
438. 1989.
Altitude – 1322,957 m.
Litologia - Filitos.
Cronologia - Neoproterozóico
Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da... 55
Perfil 2
Data: 12/05/2009
Altitude – 1317,931 m.
Litologia – Filitos.
Cronologia - Neoproterozóico
Perfil 3
Data: 12/05/2009
Altitude – 1308,040 m.
Litologia – Filitos.
Cronologia - Neoproterozóico
Perfil 4
Data: 13/05/2009
Altitude – 1300,212 m.
Litologia – Filitos.
Cronologia – Neoproterozóico.
Perfil 5
Data: 13/05/2009
60 Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da...
Altitude – 1297,484 m.
Litologia – Filitos.
Cronologia – Neoproterozóico.
Perfil 6
Data: 13/05/2009
Altitude – 1292,089 m.
Litologia – Filitos.
Cronologia – Neoproterozóico.
62 Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da...
Perfil 7
Data: 14/05/2009
Altitude – 1291,175 m.
Litologia – Filitos.
Cronologia – Neoproterozóico.
Perfil 8
Data: 14/05/2009
Altitude – 1295,479 m.
Litologia – Filitos.
Cronologia – Neoproterozóico.
Perfil 9
Data: 14/05/2009
Altitude – 1279,257 m.
Litologia – Filitos.
Cronologia – Neoproterozóico.
Perfil 10
Data: 14/05/2009
Caracterização de uma Topossequência no Parque Nacional da Serra da... 67
Altitude – 1279,257 m.
Litologia – Filitos.
Cronologia – Neoproterozóico.
Caracterização de uma
Topossequência no
Parque Nacional da Serra
da Canastra, MG
CGPE 9295
Ministério da
Agricultura, Pecuária
e Abastecimento