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V JORNADA D E ETNOMUSICOLOGIA

III COLÓQUIO AMAZÔNICO DE ETNOMUSICOLOGIA

Paulo Murilo Guerreiro do Amaral


Universidade do Estado do Pará – guerreirodoamaral@gmail.com

Sâmela Jorge
Universidade do Estado do Pará – samelasing@gmail.com

Política cultural e o projeto Preamar em Belém do


Pará: valorização, preservação, eternização e
afirmação identitária do Pássaro Junino Tucano

Belém-PA
2018
RESUMO
O projeto Preamar consistiu, há cerca de trinta anos, em importante

política pública de valorização da cultura popular regional (considerando

como região o Estado do Pará). Abrangeu variadas manifestações, a

exemplo do Pássaro Junino. Após momento de auge, esta tradição

vivenciou um período de suposta invisibilidade (da manifestação em si e

de aspectos relacionados à música), e, em seguida, uma fase de

recrudescimento embalada por políticas culturais. Buscou-se, neste artigo,

compreender o papel do Preamar como iniciativa pioneira em favor da

valorização, preservação, eternização e afirmação identitária do Pássaro, e

também como fator de impacto em agenciamentos culturais

contemporâneos para o Pássaro Junino Tucano – admitindo

generalizações.
O Pássaro Junino é um teatro musicado e popular,
típico da cidade de Belém/PA. Inspirado na tradição
operística da Belle Époque, este folguedo estrutura-se
no final do século XIX e se mantém vivo até os mdias
atuais.
Enredo;

O papel da música na encenação;

Instrumentos:
Atabaque, Violão, Cavaquinho, flauta transversal e
carrilhão
O problema da invisibilidade do
Pássaro Junino

A partir de 1940...

• Extinção de espaços adequados às performances de grupos


populares (teatrinhos de periferia, parques, cassinos...);
• Novos meios de lazer (chegada da televisão);
• Desinteresse do público pela manifestação;
• A impossibilidade da cobrança de ingressos e a dificuldade de
contratação de músicos;
• Fim das “orquestras” que acompanhavam os grupos de
pássaros;
O Pássaro Junino Tucano interrompeu suas
atividades por cerca de trinta anos. Por volta de
1980 o grupo regressou à cena cultural de
Belém do Pará, passando a receber, assim como
outros similares, apoio público institucional
interessado na valorização desta tradição.
Neste âmbito destaca-se o projeto Preamar.
Referencial teórico
Para Coelho (apud CARMO, 2017: 239-240), “a política
cultural apresenta-se (...) como (...) conjunto de iniciativas
(...) visando promover a produção, distribuição e o uso da
cultura, a preservação e a divulgação do patrimônio
histórico (...)”. Ainda, “uma ação pública de fomento à
cultura (...) pode proporcionar a revitalização de
expressões culturais” (CARMO, 2017: 249).
Preamar – O Pará e a
Expressão Amazônica

1987 – João de Jesus Paes Loureiro


fica a frente do recém criado
CENTUR.
No mesmo ano se torna secretário
de Estado da Cultura e cria o
projeto Preamar – O Pará e a
Expressão Amazônica.

• O significado do termo:
Simbolizava o espírito do movimento,
porque a preamar é um momento de uma
correnteza, que veio antes e continuará
depois. Quer dizer, então, que o projeto
Preamar, o símbolo do preamar dava bem
o espírito que eu queria dar, para que as
pessoas compreendessem que não era,
digamos assim, um festival que acontece
naquele momento e acabou ali (PAES
LOUREIRO, 2018).
• O Preamar ocupava, simultaneamente,
todos os espaços do prédio da Fundação
Cultural (...): teatro, cinema, centro de
convenções, galeria, biblioteca e as três
praças contíguas, onde era montado um
palco no qual, ao longo de cerca de vinte
dias, os grupos se apresentavam. Os
demais espaços eram preenchidos com
outras apresentações, shows, exposições,
debates, seminários, cursos e oficinas (...).
O Preamar era um “palco”; era para onde
tudo afluía; ele tirava as manifestações
culturais de seu espaço original e, ao levá-
las a novos espaços e ao conhecimento de
outros campos da sociedade, criava as
condições necessárias à sua midiatização,
valorização e consequente legitimação
(CASTRO &CASTRO, 2012: 67).
Objetivos do projeto Preamar
• Paes Loureiro considera que o projeto buscou solucionar um dos
principais problemas enfrentados por grupos culturais populares,
que era a falta de espaços físicos adequados a apresentações,
divulgação cultural e troca de conhecimentos sobre as
manifestações implicadas (PAES LOUREIRO, 2018).
• O projeto teve como objetivo proporcionar intercâmbios entre
grupos populares de Belém e do interior do Pará (era
responsabilidade da Fundação Cultural o apoio aos grupos
interioranos também)
• O projeto visava algo permanente, sistemático, que não somente
consolidaria os grupos populares existentes, mas também abriria
oportunidades para que novos grupos se formassem, tanto na
Capital quanto nos interiores. Em quatro anos de projeto
aconteceram “416 espetáculos, 56 cursos e oficinas, 44 exposições
de artes plásticas e 17 debates públicos”(CASTRO & CASTRO, 2012:
68).
Reconhecimento da importância do
projeto
• No tocante à pretensa invisibilidade do Pássaro Junino,
Paes Loureiro (2018) considera que o Preamar
impulsionou esta expressão cultural em um momento de
necessidade, tendo em vista encontrar-se
significativamente enfraquecida. O projeto teria
oportunizado a divulgação dos grupos existentes, o
ressurgimento de outros e a criação de muitos grupos.
• Iracema Oliveira considera que o Preamar foi uma
iniciativa singular para a população paraense e que
“deixou saudades”.
O término do Projeto e seus
desdobramentos
• o projeto teve duração de quatro anos. Após a
saída de Paes Loureiro, recebeu outro nome,
“esvaziou e acabou”
• Por um lado os grupos perderam àquele espaço,
por outro, desdobrou em outros projetos, como a
“Revoada dos Pássaros”.
• O Festival de Pássaros e Outros Bichos, criado em
2016 pela Associação Cultural Colibri de Outeiro,
vem possibilitando [similarmente ao Preamar]
que grupos de Pássaros sejam criados, se
apresentem, ganhem visibilidade e conquistem
valorização(ATAÍDE, 2017).
“essa força que o Pássaro (...) mantém, até hoje,
ainda é aquela energia que ficou do projeto
Preamar (...) [que] se tornou uma vitrine da
cultura popular da Amazônia” (PAES LOUREIRO,
2018).
CONCLUSÃO
A pesquisa aponta para a compreensão de que, apesar
da importância de políticas públicas voltadas à cultura
regional-local e, especificamente, ao Pássaro, grupos
populares vêm se organizando em favor de
conseguirem apoios substanciais e abrangentes que
sustentem as suas práticas e corroborem a perpetuação
de seus saberes. Este tipo de agenciamento
endógeno,capitaneado pelos reais “donos” da cultura,
assim imaginamos, assinala uma resposta, em sinal de
resistência, a uma situação cada vez mais obscura e
complexa, que é a da desatenção àarte e às identidades
dos lugares e dos povos.
Referências
ATAÍDE, Laurene. Entrevista de Anderson Sandim em 07 set. 2017.
Belém. Áudio. Telégrafo sem Fio, Belém-PA.
CARMO, Raiana Alves Maciel Leal do. Práticas musicais da cultura
popular e políticas culturais: perspectivas para os estudos
etnomusicológicos. Debates.n.19, p. 236-255, 2017.
CASTRO, Fábio Fonseca de. CASTRO, Marina Ramos Neves de. É tempo
de Preamar. A política cultural de Paes Loureiro no Pará, em 1987-
1990.Políticas Culturais em Revista. 2 (5), p. 65-82, 2012.Disponível em:
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CHARONE, Olinda. Uma Etnodramaturgia do Pássaro Melodrama
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popular: considerações sobre o Pássaro Junino em Belém do Pará. In:
28º CONGRESSO DA ANPPOM, 2018, Faculdade de Artes da
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Anais. Manaus, 2018, 8p.
LAGO,Jorgete Maria Portal. Ações e projetos públicos para a divulgação e
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Instituto de Artes da Unesp. Anais. São Paulo, 2007, 8p.
MAUÉS, Marton. Breve vôo sobre o universo imagético do Pássaro Junino
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<http://www.revistaeletronica.ufpa.br/index.php/ensaio_geral/article/view
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MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de. O teatro que o povo cria: cordão de
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OLIVEIRA. Entrevista de Anderson Sandim em 29 mar. 2017. Belém. Áudio.
Telégrafo sem Fio, Belém-PA.
PAES LOUREIRO. Entrevista de Sâmela Jorge em 02 out. 2018. Belém. Áudio.
Batista Campos, Belém-PA.
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Junino. Monografia de conclusão de curso (Licenciatura Plena em Música).
Universidade do Estado do Pará, 2018.
SILVA, Rosa Maria Mota da. A música do Pássaro Junino Tucano e Cordão de
Pássaro Tangará em Belém do Pará. In: VIEIRA, Lia Braga; IAZZETTA,
Fernando (Org.). Trilhas da Música. Belém:Edufpa, 2004. p. 19-51.
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