Ministério da Educação
Módulo II
Funções elementares
Desenvolvimento Instrucional
Coordenação: Cristine Costa Barreto
Designers instrucionais: José Paz Pereira Júnior, Juliana Silva Bezerra, Leonardo Nahoum, Letícia Terreri,
Magno Luiz Ferreira, Maria Matos, Andréia Ramos e Cíntia Nascimento
Bibliografia.
ISBN 978-85-8060-019-3
13-07241 CDD-515.5
1. Introdução 13
8. Conclusão 41
9. Resumo 41
1. Introdução 45
7. Conclusão 78
8. Resumo 78
9. Conclusão 111
6. Conclusão 150
7. Resumo 150
Encerramento 151
Bibliografia 152
Etapa I
O conceito de função na Matemática
Árvore genealógica
Uma árvore genealógica é uma representação dos ancestrais de uma
s320/38D8E1_1. II/
jpg
V__
seus antepassados! Vai ver que você herdou
AAAAAAAAAzc m/_PWT6j4O7vAU/SqUtYt
dele o gosto pela matemática!
Brincadeiras à parte, em uma árvore ge-
/ig0-tdPuxRg/
nealógica identificamos claramente a relação
spot.co
entre as pessoas. Essas relações podem ser
http://1.bp.blog
facilmente compreendidas por qualquer um.
É justamente a partir deste conceito de relação que iniciaremos nossas reflexões sobre as
funções elementares.
Uma das nossas maiores preocupações será a de mostrarmos para os nossos alunos a
importância do estudo das funções.
desse conteúdo?
1. Introdução 13
Para discutir as funções elementares, passaremos por diversas etapas, buscando refletir
sobre o significado dos seguintes conceitos matemáticos:
▹▹ Relações
surge e se desenvolve.
Um exemplo de relação espontânea é o processo de contagem de objetos
de um conjunto, desenvolvido pela humanidade há muitos milênios, e repro-
duzido aceleradamente pelas crianças durante seu aprendizado inicial. A pri-
meira etapa desse processo consiste em comparar o conjunto de objetos que
se quer contar a um conjunto conhecido, como os dedos das mãos. A relação
“comparar um conjunto que se quer contar a um conjunto conhecido” pode
ser representada assim:
em que o sinal indica uma associação entre os elementos de um dos conjuntos com
os elementos do outro através de uma propriedade muito especial: para cada elemento
do primeiro conjunto associamos um e somente um elemento do segundo, e vice-versa.
Maria, Ana, Juliana, Frida e Carla são mulheres adultas e estão na mesma sala que as
crianças Luíza, Paulo, João, Pedro, Nanci e Vítor. Maria é mãe de Luíza e Paulo; Ana é
mãe de João; Juliana é mãe de Pedro; Frida, de Nanci e Vítor. Carla não é mãe.
Consideremos agora a relação “é mãe de” aplicada a esses dois conjuntos: as mulheres
adultas e as crianças que estão na sala. Uma forma de indicar quem está nessa relação
com quem é usar setas, como no esquema a seguir:
Maria Luíza
Paulo
Ana João
Juliana Pedro
Frida Nanci
Vítor
Carla
Considere os mesmos conjuntos do exemplo anterior das Observe que, desta vez, o conjunto de partida é o das
mulheres e seus filhos e a relação inversa “é filho de”. Faça crianças e o conjunto de chegada é o das mulheres adultas.
uma representação dessa relação usando setas e descreva Com essa alteração, é possível relacionar os filhos com suas
suas características. mães.
Luíza Maria
Paulo
João Ana
Pedro Juliana
Nanci Frida
Vítor
Carla
As relações apresentadas acima são bem simples. Existem diversas relações utilizadas
pela Matemática que exigem mais raciocínio para se identificar suas propriedades e carac-
terísticas. A atividade a seguir mostra um exemplo:
ção definida entre os números inteiros: um nú- ambos constituem o conjunto dos números inteiros. Lembra-
mero relaciona-se com outro se tiverem a mesma mos que todo número inteiro é par ou é impar. Assim, pode-
paridade (dizer que dois números inteiros têm a mos concluir que um elemento par do conjunto de partida
mesma paridade significa que ambos são pares se relacionará com todos os números pares do conjunto de
ou ímpares). chegada, e um elemento ímpar do conjunto de partida com
todos os elementos ímpares do conjunto de chegada. Duas
características dessa relação:
Como se trata de uma atividade desafio, a resposta não está neste texto.
Observe que a expressão relação unívoca dada às funções se deve à condição (ii).
Para que se possa entender melhor o sentido dessas condições e o conceito de função,
vamos considerar como exemplo uma relação em que o conjunto de partida e o conjunto
Uma característica importante dessa função é que nem todo elemento do conjunto de
chegada está na relação, mas apenas os que são quadrados, como 0, 1, 4, 9 etc.
A No exemplo da relação “é filho de” da Atividade 1, verifi- C A relação descrita também não é uma função. Basta
camos que cada criança do conjunto de partida tem sua úni- notar que −1 é número real e não tem raiz quadrada real.
ca mãe no conjunto de chegada, o que garante as condições Logo, a condição (i), que define uma função, não está sendo
(i) e (ii). Podemos concluir que essa relação é uma função. cumprida, pois todo elemento do conjunto de partida deve
As crianças percebem essa relação espontaneamente, pois estar incluído na relação.
sabem que cada pessoa possui uma única mãe e que todo
por isso as estudamos em primeiro lugar e damos a elas um nome especial, ou seja,
função. Isto ocorre porque as funções apresentam as características necessárias para des-
crever muitos fenômenos através de modelos determinísticos. Por exemplo, esperamos
que a relação que associa a cada região poligonal sua área seja unívoca, pois seria muito
esquisito se, mantendo a unidade de medida, uma região tivesse mais de um valor para a
área. Na Mecânica Clássica, a relação que associa a cada instante a posição de um corpo
deve ser uma função, pois, nesse contexto, supomos que nenhum objeto esteja em dois
lugares no mesmo instante (violando a condição (ii), que diz que cada elemento de parti-
da deve se relacionar a um único elemento de chegada). Daí a relevância de nomearmos
Essa é uma notação algébrica que sintetiza a seguinte frase: “consideremos uma rela-
ção em que o conjunto de partida e o conjunto de chegada são o conjunto dos números
inteiros e a relação é definida por: um número do conjunto de partida relaciona-se com um
número do conjunto de chegada quando este for o quadrado do primeiro.
Com esse exemplo fica claro por que a Matemática cria representações algébricas para
os objetos que estuda. Elas permitem sintetizar a linguagem. Mas não é apenas para fazer
economia de espaço em uma folha escrita. A síntese da linguagem nos dá oportunidade
de sermos mais precisos, nos ajudando a pensar com exatidão. Sem a linguagem algébrica
seria muito difícil a Matemática progredir...
Z→Z x → x2
Precisamos dar um nome para a função a fim de termos uma maneira de nos referir-
mos a ela quando precisarmos, sem precisar repetir toda a especificação do conjunto de
partida, do conjunto de chegada e da relação. O nome é arbitrário, mas se for um nome
que ajuda na identificação, é melhor. Como essa função associa cada número inteiro com
o seu quadrado, podemos chamá-la de q . Uma forma de anotar isso é:
q:Z →Z q : x → x2
Notemos que uma função tem três componentes que a caracterizam e que precisam
estar bem determinados:
Os matemáticos gostam de
usar a letra f para denomi-
Assim, a função f é definida por:
nar as funções, simplesmente
porque a palavra “função”
começa com essa letra. A se-
f :R →R f : x → x2
gunda letra mais cotada é g ,
e depois h . Por que será? em que R é o conjunto dos números reais, é diferente da função q . Duas funções podem
ser diferentes mesmo que a regra que define a relação seja a mesma.
Além disso, a regra que define a relação pode ser expressa de várias formas. As mais
usuais são: tabelas, gráficos, regras escritas expressas em palavras, ou fórmulas algébricas.
As funções q e f acima foram definidas através de fórmulas algébricas.
Refletindo sobre as várias formas de expressar uma função, realize a atividade a seguir:
Dê exemplos de funções em que a relação esteja na forma de: A tabela; B linguagem escrita; C fórmula algébrica.
Resposta comentada
Ao longo dessa etapa mostramos exemplos dessas representações de funções, você percebeu? Como exemplo de uma
tabela representando uma função há a relação de filhos e mães que mostramos na Atividade 1. Representamos também
algumas funções através da linguagem escrita, como no caso “consideremos uma relação em que o conjunto de partida e
o conjunto de chegada são o conjunto dos números inteiros e a relação é definida por: um número do conjunto de partida
está na relação com um número do conjunto de chegada quando este for o quadrado do primeiro”. Algebricamente podemos
representar essa função por q : Z → Z, q : x → x 2 . Claro que você pode ter pensado em outras respostas.
Resposta comentada
escrever ou .
Atenção
No estudo de funções, é comum se pensar em domínios e contradomínios mais amplos possíveis, como podemos
ver em vários livros didáticos. Isso acontece devido a uma ideia de análise geral dos objetos em questão. Mesmo
assim, do ponto de vista estrutural, não existem problemas com domínios e contradomínios pouco gerais. Em outras
palavras, podemos determinar uma função com domínio e contradomínio formados por apenas um elemento de
cada, desde que estes elementos estejam relacionados um com o outro. Não há nenhuma regra que impeça esse
tipo de domínio.
Para refletir sobre domínios e contradomínios, realize a atividade a seguir. Ela nos aju-
dará a melhor entender a importância de definirmos corretamente esses termos e como
trabalhar com seu significado.
A Um professor do ensino médio pediu que seus estudantes determinassem o domínio e a imagem da função s(t ) = 1 − t 2 ,
e nada mais disse. O que os estudantes poderão responder?
C O mesmo professor da Atividade “b” acima, no ano escolar seguinte, foi mais precavido. Ele pediu: “encontrem o maior
1
domínio possível da função g( x) = ”. O que você acha?
x +1
A É provável que esse professor esteja esperando a resposta: o domínio é [−1,1] e a imagem é [0,1] . Mas o aluno poderá
responder de outras formas, por exemplo, o domínio é {1} e a imagem é {0} , que também está correto. Faltou ao professor
usar uma linguagem mais precisa, como “determine todos os números reais que podem fazer parte do domínio da função
definida por s(t ) = 1 − t
2
”.
B A resposta do aluno está correta. Se o professor queriaR-−{−1} como resposta, poderia dizer: “determine todos os
1
números reais que podem fazer parte do domínio da função g definida por g ( x ) = ”.
x +1
C A linguagem utilizada pelo professor não é a mais adequada, pois dessa forma o domínio pode incluir números complexos
ou outros conjuntos em que faça sentido a expressão 1 .
x +1
Um estudante, solicitado a definir função, escreveu: “Função é uma terna formada por um domínio, uma imagem e uma
lei de correspondência”. Analise essa “definição”.
Os matemáticos sabem que a precisão da linguagem é importante, mas às vezes eles cometem pequenos desvios.
Por exemplo, o autor de um livro escreveu: “Considere a função f : R → R definida por f ( x ) = x 2 . Determine
a imagem de f ( x ) ” em vez de escrever “Determine a imagem de f ”. Essa forma é mais correta, pois a função
se chama f e não f ( x ) . Talvez o autor tenha usado f ( x ) em vez de f para deixar claro que a variável está
sendo chamada de x . Esses pequenos desvios podem ser tolerados desde que não prejudiquem o entendimento
e a precisão.
Bem, uma possibilidade seria unir esses dois procedimentos. Depois das
atividades, o professor solicita a definição de função. Entretanto, pensamos
que só pedir a definição de função não é suficiente para um bom diagnós-
tico. É necessário verificar se o estudante entendeu como reconhecer as
situações em que aparecem as funções e se compreendeu a linguagem e as É importante refletirmos sobre o que os
técnicas adjacentes a esse conceito. nossos alunos precisam para aprender
A literatura sobre ensino da Matemática tem muitas propostas de atividades que po-
dem avaliar ao mesmo tempo a compreensão dos estudantes a respeito da construção do
conceito de variável e do conceito de funções. Na bibliografia desse texto temos sugestões
de leitura complementar. Para o momento, apresentamos a atividade a seguir, adaptada
da dissertação de mestrado de Guimarães, de 2010. O professor pode adaptá-la para seu
próprio uso.
( 4 ) palitos
Resposta comentada
( ) palitos
A A segunda figura da sequência tem 7 palitos. Para cons-
truir a terceira, acrescemos um quadrado à direta. Mas como
aproveitamos um dos palitos que já havia, precisamos de
( ) palitos mais três palitos. Assim, na terceira figura temos 7 + 3 = 10
palitos.
B Apresente uma fórmula geral para determinar a quantida- B A cada nova figura, acrescentamos três palitos. Assim, a
de de palitos necessários para formar qualquer quantidade quantidade de palitos tem a seguinte sequência:
de quadrados. Complete a tabela abaixo − ela pode ajudar
( q é a quantidade de quadrados e p a de palitos). 4, 4 + 3, 4 + 3 + 3, 4 + 3 + 3 + 3, ...
ou
q 1 2 3 4 5 6 10 q
p
4, 4 + 3, 4 + 2 × 3, 4 + 3 × 3, ...
A seguir, outra atividade adaptada de Guimarães, 2010. Esta atividade desafio se pro-
põe verificar se o aluno transpôs a barreira do discreto para o contínuo.
Na sequência de figuras abaixo, a primeira representa uma parede branca na forma retangular com 3 m de altura e 5 m
de largura. As figuras seguintes representam a pintura que o Sr. Luiz está fazendo. Ele usa uma tinta verde e, para pintar, faz
faixas horizontais de baixo para cima.
3m
5m
Supondo que a altura da faixa aumente continuamente, dê uma função que descreva a área pintada em relação à altura
da faixa. Distinga o domínio e a imagem dessa função.
Vimos como é importante, para o ensino do conceito de função, que o professor te-
nha em mãos atividades que possam diagnosticar possíveis lacunas na formação de seus
alunos. Sabemos que as falhas mais importantes dizem respeito ao conceito de variável e
a algumas técnicas algébricas.
A forma como as variáveis se relacionam pode ser representada não só algebricamen-
te, mas também graficamente. A representação visual de relações, e particularmente de
funções, através de gráficos, é um importante recurso para a comunicação da informação.
Centro-Oeste Norte 45
7% 8%
40
Sul 35
15%
30
% de habitantes
Nordeste 25
28%
20
15
10
Sudeste 5
42% 0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Centro-Oeste Norte 45
7% 8%
40
Sul 35
15%
30
% de habitantes
Nordeste 25
28%
20
15
10
udeste 5
42% Distribuição da 0
população brasileira Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
por regiões
Resposta comentada
Ano População
2000 169.872.855
2001 169.369.557
2002 171.667.536
2003 173.966.052
2004 182.060.108
2005 184.388.620
2006 187.227.792
190.000.000
185.000.000
180.000.000
175.000.000
170.000.000
165.000.000
160.000.000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
População brasileira de 2000 a 2006
A
m/s
340
335
°C
330
0 5 10 15
B
m/s
340
335
°C
330
Adam Ciesielski / SXC
0 5 10 15
Há muitos outros casos cuja representação gráfica da função nos ajuda a en-
tender o que está acontecendo. A seguir apresentamos um exemplo relacionado
à conservação ambiental, tão discutida atualmente.
Em um determinado país, há 14 anos, foi criada uma reserva florestal para
proteger a vida selvagem e a vegetação nativa. As diversas equipes de biólogos
que cuidaram da reserva durante esse tempo contaram frequentemente a popu-
lação de uma determinada espécie animal. O gráfico na página seguinte descre-
ve a evolução dessa população, destacando alguns valores para facilitar a leitura.
U.S. Army Environmental Command
700
600
500
400
300
200
100
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
420 − 340
de 5 a 6 anos a taxa é = 80 indivíduos / ano
6−5
520 − 420
de 6 a 7 anos a taxa é = 100 indivíduos / ano
7−6
600 − 520
de 7 a 8 anos a taxa é = 80 indivíduos / ano
8−7
c(t) (µg/l)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t (horas)
E então? Já pensou em alguma atividade? Bom, não sabemos o que você irá se questionar, mas algumas questões podem
ser levantadas, tais como: em que instante a concentração é máxima, qual o intervalo de crescimento e o de decrescimento da
concentração, e como o aluno supõe que o gráfico estará até 12 ou 14 horas depois, por exemplo. Uma questão de nível inter-
mediário seria pedir para o aluno calcular as taxas de variação em alguns intervalos e observar a forma como a concentração
do medicamento aumenta rapidamente nas duas primeiras horas, atingindo um máximo, e depois diminui lentamente. Uma
questão mais complexa seria perguntar como fica a concentração do medicamento se o paciente ingerir uma dose de 6 em
6 horas. Existem muitas possibilidades de perguntas que podem ajudar o aluno a interpretar o gráfico e entender a função!
8. Conclusão
O estudo de função é um dos conteúdos matemáticos mais importantes no Ensino Mé-
dio. Tem aplicações em diferentes ciências, ajudando a construir modelos para fenômenos
naturais e sociais. Além disso, as funções fundamentam diversos conteúdos matemáticos,
como a Geometria Analítica e a Teoria das Probabilidades. Por isso, é tão importante re-
fletirmos sobre a forma como este conceito vem sendo trabalhado na escola.
As orientações curriculares de Matemática para o Ensino Médio sugerem que o estudo
das funções matemáticas seja iniciado a partir do estabelecimento da relação entre duas
grandezas e a construção de representações gráficas. Isso foi o que propusemos ao longo
dessa etapa. Dessa forma, o aluno pode perceber o sentido daquilo que está estudando
e ter uma aprendizagem mais sólida.
Esperamos que você tenha também refletido a respeito de algumas dificuldades dos
alunos nesse conteúdo de função, como determinar o domínio mais adequado a cada
situação, a dificuldade de relacionar gráficos, tabelas, expressões escritas e expressões
algébricas. Com essas reflexões esperamos ter contribuído com o ensino de função na
sua escola.
Nas próximas etapas aprofundaremos nossos estudos a respeito de tipos específicos
de funções elementares. Até lá!
9. Resumo
▹▹ As pessoas, em geral, têm percepções espontâneas das ideias de relação, de variação
e de dependência entre grandezas.
▹▹ Partir da concepção prévia dos alunos é, em geral, um bom caminho para que eles
possam construir conceitos matemáticos com significado.
▹▹ Dada uma relação, é importante saber observar suas características matemáticas,
como a regra que a define e os conjuntos de partida e de chegada.
▹▹ Uma função constitui um tipo especial de relação denominada tecnicamente de
relação unívoca.
▹▹ Uma função é uma relação constituída de um conjunto de partida A , de um conjunto de
chegada B e de uma relação entre esses conjuntos que satisfaz às seguintes condições:
( i ) todo elemento de A faz parte da relação;
(ii) cada elemento de A está relacionado com um único elemento de B .
9. Resumo 41
▹▹ Representações algébricas permitem maior precisão e síntese da linguagem.
▹▹ Dada uma função, é importante que o aluno tenha clareza sobre suas características
e saiba usar adequadamente a linguagem matemática.
▹▹ É importante que o aluno tenha previamente construído o conceito de variável antes
de estudar função. Construir o conceito de variável significa, em particular, apreender
como fazer afirmações gerais sobre os elementos de um conjunto e como represen-
tar algebricamente um elemento arbitrário desse conjunto.
▹▹ As funções podem ser representadas também através de vários tipos de gráficos.
▹▹ É importante que os alunos saibam tanto ler e interpretar gráficos de funções quanto
construí-los.
▹▹ No ensino de função devemos transitar livremente de um tipo de representação para
outro. Em particular, no ensino é pouco explorado o caminho “gráfico → função”,
isto é, perceber as características de uma função a partir de seu gráfico. Também
é importante saber construir o gráfico aproximado de uma função a partir de suas
propriedades, mesmo quando não temos sua expressão algébrica.
Olá, Professor!
http://pt.wikipedia.org/wiki/Galileu_galilei
No início do século XVII, o cientista italiano Galileu Galilei
(1564-1642) estudava o movimento de queda livre de corpos
mediante uma combinação do método experimental e de
técnicas matemáticas. Não era tarefa fácil, pois os recursos
instrumentais da época eram precários. Não havia cronômetros
de precisão nem filmadoras de alta velocidade para registrar a
posição de um corpo em queda livre. Os recursos da Matemáti-
ca também eram pouco desenvolvidos, não existia uma boa no-
tação simbólica nem facilidade com manipulações algébricas.
lileu_galilei
Com muita paciência e imaginação, Galileu descobriu que
edia.org/wiki/Ga
a distância percorrida por um corpo em queda livre em intervalos de tempo iguais e con-
secutivos eram proporcionais aos números ímpares 1, 3, 5, ... Portanto, a distância percor-
http://pt.wikip
rida no final do primeiro intervalo de tempo era proporcional a 1, no final do segundo
intervalo de tempo era proporcional a 1 + 3 , no final do terceiro, a 1 + 3 + 5 , e assim por
diante. Notando que 1 = 12 , 1 + 3 = 4 = 22 , 1 + 3 + 5 = 9 = 32 , etc., Galileu inferiu que
2
a distância percorrida no intervalo de tempo t era proporcional a t .
Em nossa notação atual, a distância percorrida pelo corpo em queda livre seria indica-
da por d (t ) = kt 2 para alguma constante k . Hoje sabemos que esta constante é
1
k= g , sendo g o valor da aceleração gravitacional, e usamos a seguinte formulação:
2
1 2
d (t ) = gt + v0t + d0 ,
2
em que v0 e d0 são, respectivamente, a velocidade e a posição no instante t = 0 . Essa
função, cujo domínio é o intervalo de números reais em que o tempo é medido, fornece
a altura do corpo num instante t medida em um eixo vertical dirigido para baixo. Como
dissemos, o modelo matemático da queda de corpos, estudado por Galileu, é uma função
quadrática, um tipo de função polinomial.
1. Introdução 45
Mas, afinal, qual a importância do estudo das funções polinomiais?
Talvez você já tenha se feito essas perguntas ao longo de sua prática em sala de aula
e deve ter pensado em algumas respostas para elas. Propomos agora avançarmos juntos
nessa reflexão.
1
e d (v) é uma função quadrática da forma d ( v ) = av 2 + bv + c com a = , b=0
100
e c = 0 . Os valores de v que interessam nesse contexto são v ≥ 0 , portanto o domínio
dessa função é [0, ∞) .
Funções quadráticas também aparecem no “jogo dos dis-
cos”. Nesse jogo o participante lança aleatoriamente um disco
de diâmetro d em um quadriculado com quadrados de lado
L . O lançamento é considerado favorável ao jogador quando
o disco para inteiramente dentro de um quadrado, sem tocar ou
ficar sobreposto às linhas do quadriculado.
Se d ≥ L , a probabilidade p( d ) do jogador ganhar é zero.
Se 0 < d < L , a condição favorável ao jogador ocorre quando
o centro do disco para dentro de um quadrado de lado L − d
posicionado dentro do quadrado do quadriculado. Utilizando o
conceito de probabilidade geométrica, obtemos: Nesse exemplo de lançamentos
em um jogo dos discos, vemos
três lançamentos favoráveis
área do quadrado de lado L - d ( L − d )2
p( d )= = ao jogador, em que os discos
área do quadrado de lado L L2 estão inteiramente dentro dos
quadrados do piso de lado L,
e um não favorável, no qual o
Desenvolvendo essa expressão, temos:
disco toca alguma das bordas dos
quadrados do piso.
( L − d )2 L2 − 2 Ld + d 2 L2 2 L 1 2 1
p( d ) = = = 2 − 2 d + 2 d2 = 1− d + 2 d2
L2 L2 L L L L L
y
4
x2
x
-2 -1 1 2
y
x2
-x x
x2 2,25
1
2
x2 1,125
x
1,5
Qual você imagina que seja o próximo passo dessa sequência didática
para o ensino de funções quadráticas? Lembre-se que estamos
começando a partir da função quadrática mais simples para a função
quadrática completa.
y y
x2 + 1
x2 - 1 1
1
x x
-1
-1 -x2 + 1
-x2 - 1
eixo de simetria vertical, não necessariamente o eixo Oy , mas alguma outra reta vertical.
Nesse caso, precisamos saber que reta é essa.
Uma forma de investigar isso é examinar um caso particular, por exemplo, comparan-
do os gráficos de f ( x ) = x 2 e f ( x ) = x 2 − x . Os gráficos dessas funções podem ser
feitos manualmente em um papel milimetrado ou usando um aplicativo computacional.
Na Figura 5, observamos um desenho dos dois gráficos em um mesmo sistema de coor-
denadas cartesianas.
y reta x = 1/2
x2
x2 - x
-1/4 1 x
é a reta vertical x = 1/ 2 . Essa reta passa pelo ponto médio dos zeros x1 = 0 e x2 = 1
1 −1
da função. Ainda, o vértice do gráfico é ( xv , yv ) = , .
2 4
Essas afirmações podem ser confirmadas algebricamente se transformarmos a expres-
são x2 − x em uma expressão da forma az 2 + c usando completamento de quadrados:
2
1 1 1 1 1
x2 − x = x2 − 2 x + − = x − −
2 4 4 2 4
b
ax 2 + bx =a x 2 + x
a
b b2 b2
=a x 2 + 2 x + 2 −
2a 4a 4a
2
b b2
=a x + −
2a 4 a
essa reta de simetria, pois ela passa pelo ponto médio das abscissas desses zeros. Notan-
do que f ( x ) = ax 2 + bx se escreve na forma f ( x ) = x( ax + b) , vemos que x1 = 0 e
b x + x2 b
x2 = − são seus zeros. O ponto médio dos zeros é xv = 1 =− . Portanto, o
a 2 2a
−b
gráfico de f ( x ) = ax + bx tem x =
2
como reta de simetria, e a abscissa do vértice
2a
−b
é xv = . A ordenada yv do vértice é o valor da função em xv , assim:
2a
2
b −b −b 2
yv = f ( xv ) = axv2 + bxv = a − + b =
2a 2a 4 a
0 -b x
a
- b2
4a (xv, yv) = ( 2a-b - b2
4a )
2
função do tipo f ( x ) = ax + c . Logo, o gráfico de f ( x ) = ax + bx + c continua simétrico
2
b b
em relação à reta x=− . Dessa forma, seu vértice ( xv , yv ) tem abscissa xv = − .
2a 2a
A ordenada yv do vértice é:
−b 2 + 4 ac
yv = f ( xv ) = axv2 + bxv + c =
4a
y
reta x = - b
2a
ax2 + bx + c
x
- b2 + 4ac
-b - b2 + 4ac
4a (xv, yv) = ( 2a 4a )
Função f ( x ) = ax 2 + bx +c Propriedades
x1 =
Se ∆>0 e
x2 =
No início de nossa proposta de sequência didática sobre funções quadráticas, comentamos que estávamos admitindo
como conhecimento prévio dos alunos a habilidade de desenhar gráficos de funções reais em sistemas de coordenadas
cartesianas. Elabore duas atividades que permitem verificar, caso seja necessário, se seus alunos têm esse conhecimento.
Você certamente tem suas atividades preferidas. Mesmo assim, apresentamos algumas ideias. Uma possibilidade é apre-
sentar um desenho de um sistema de coordenadas cartesianas com alguns pontos espalhados e pedir ao estudante que dê
as coordenadas de cada um. É interessante que nem todos os pontos tenham coordenadas inteiras ou racionais. Na mesma
atividade, pode-se pedir para que o aluno desenhe alguns pontos dos quais fornecemos as coordenadas. Com isso, é possível
verificar se o aluno sabe localizar pontos. Como segunda atividade, podemos pedir a construção do gráfico de uma função
linear. Para contextualizar, a função pode ser, por exemplo, a distância, em função do tempo, percorrida por um automóvel
com uma velocidade constante. Se o gráfico for produzido a partir de uma tabela (portanto, a partir de valores discretos),
é preciso verificar se os alunos entendem o que está ocorrendo entre os dois valores consecutivos e por que o gráfico se
transforma de pontos em uma linha contínua.
Depois dessa primeira atividade, segue uma atividade-desafio! Está pronto para ser
desafiado?
No final de nossa proposta de sequência didática sobre funções quadráticas, deixamos de deduzir as fórmulas gerais para
as raízes da função f ( x ) = ax 2 + bx + c . Você pode fazer isso agora. Você conhece exemplos de situações com as quais
podemos contextualizar esse conhecimento (situações matemáticas e práticas)?
30 m
40 m
400 m2 10 m 600 m2 20 m
Apresentando esse problema aos seus alunos, eventualmente eles podem construir ta-
belas ou modelos usando desenhos de cercados diversos, além de perceber que o cercado
de maior área é o quadrado. Mas aqui estamos interessados em modelar esse problema
através de uma função. Vejamos como se faz isso.
Um dos lados do cercado chamamos de x , o outro lado mede 50 − x , e sua área é
x(50 − x ) . Indicaremos por A a função que dá a área em relação ao lado x . Portanto,
A( x ) = x(50 − x ) = − x 2 + 50 x . Como no cercado retangular o lado x pode assumir os
valores 0 < x < 50 , vemos que o domínio de A é (0,50) . Como os valores x = 0 e
x = 50 são zeros da função, por conveniência estendemos esse domínio para [0,50] .
Se x = 0 , significa que um lado do retângulo foi reduzido a um ponto, logo o retângulo
foi reduzido a um segmento e tem área zero. Se x = 50 , o outro lado do retângulo foi
reduzido a um ponto, e temos uma situação análoga.
Já estudamos a função quadrática com o formato de A( x ) = x(50 − x ) = − x 2 + 50 x .
Sabemos que ela tem concavidade para baixo e que a abscissa xv de seu vértice é um
ponto de máximo. Seu gráfico está representado na Figura 9.
A(x) = x(50 - x)
600
500
400
300
200
100
0
10 20 30 40 50
x
0 + 50
xv = = 25
2
Serp / Shutterstock
Dessa forma, um lado do cercado é 25 m e o outro, 50 − 25 = 25 . Concluímos que o
cercado que fornece a maior área é o quadrado. Não foi pedido, mas podemos calcular a 25 m
25 m
área máxima: A(25) = 25(50 − 25) = 25 = 625 .
2
25 m
Esse problema do sitiante é um exemplo simples e interessante que pode ser usado na 25 m
escola. Ele tem muitas variações, conforme vemos nas atividades seguintes.
Usando um geoplano para simular cercados retangulares do. Esse tipo de simulação é importante para os alunos, pois
ou desenhando-os em uma folha de papel, os alunos podem funciona como primeiro passo para uma investigação. Pode
produzir uma tabela como a seguinte: ser uma estratégia a ser aplicada na escola fundamental, para
alunos menos experientes. Mas a tabela não diz nada sobre o
Lado 1 Lado 2 Perímetro Área que ocorre com os valores intermediários entre dois valores
5m 45 m 100 m 225 m2 consecutivos considerados. Será que a área não é maior para
10 m 40 m 100 m 400 m 2
lados de medidas 22 e 28 m? A tabela pode ser aumentada
15 m 35 m 100 m 525 m 2
tomando-se valores de 1 em 1 m, mesmo assim ela não vai
20 m 30 m 100 m 600 m2 informar o que ocorre com valores intermediários, como
25 m 25 m 100 m 625 m2 22,5 e 27,5 m. Aqui é que surge a possível necessidade de
intervenção do professor para explicar que o método de
Dos dados da tabela se depreende que, para os valores modelagem por funções é muito melhor, pois ele considera
considerados, o retângulo que tem a maior área é o quadra- todos os valores para os lados.
Uma criança quer fazer uma pipa na forma de losango (quando estiver esticada em um plano). Para isso tem muito papel,
mas dispõe de apenas uma vareta de 3 m, que deve ser quebrada em duas partes para fazer as diagonais do losango. Como
deve ser dividida essa vareta para que a pipa tenha a maior área possível?
1
De A( w ) = w (3 − w ), vemos que os zeros de A são w1 = 0
2
muro
x x
Adam Ciesielski / SXC
Embora essa expressão esteja bem definida para qualquer valor real da variável x ,
o domínio adequado ao problema é 0 ≤ x < 80 . Como o coeficiente de x é negativo,
2
sabemos que o gráfico dessa função tem concavidade para baixo, e seu vértice ( xv , yv )
é ponto máximo. Para calcular xv consideramos a função auxiliar G ( x ) = −10 x 2 + 600 x ,
cujo gráfico é um deslocamento vertical do de F ( x ) . Os zeros de G( x ) = −10 x( x − 60)
são x = 0 e x = 60 , e seu ponto médio é xv = 30 . Essa é também a abscissa do vértice
de F ( x ) . Para saber o faturamento máximo, calculamos:
Figura 12:
Lançamento vertical ponto toca o solo.
Segue a última atividade desta seção. Assim como o problema do sitiante, ela faz co-
nexão com a Geometria. Veja se você gosta!
Num terreno, com a forma de um triângulo retângulo com catetos de medida 20 e 30 metros, de- 30
seja-se construir uma casa de base retangular de dimensões x e y , conforme ilustrado na Figura 13. y
a▹ Exprima y em função de x. casa x
b▹ Para que valores de x e de y será máxima a área ocupada pela casa?
20
Figura 13:
Casa de área máxima
Adam Ciesielski / SXC
Não vamos defender aqui a ideia de que sempre temos que usar a solução fácil, pois
às vezes a solução difícil pode ser mais favorável. Mas devemos sempre procurar um jeito
mais fácil e direto de fazer Matemática, somente utilizando a solução difícil se isso conduzir
a uma técnica mais geral.
Por exemplo, vamos examinar de novo a solução dada ao problema do fatu-
ramento da empresa. Em vez de descobrir diretamente o ponto de máximo da
função F ( x ) = −10 x + 600 x + 16000 , preferimos encontrar o da função auxiliar
2
G( x ) = −10 x 2 + 600 x , que não tem o termo 16000 , tornando tudo mais simples. Se fôs-
semos usar F diretamente, precisaríamos recordar da fórmula para xv , mas, da forma
como tratamos, não foi necessário.
Outro momento em que preferimos usar a solução fácil foi no início do problema do
sitiante. Começamos assim:
“Um dos lados do cercado chamamos de x , o outro lado mede 50 − x , e sua área é
x(50 − x ) .”
Achar dois números cuja soma seja 20 e a soma de seus quadrados seja 208.
20 ± 20 2 − 4 × 96 20 ± 16
x= = = 10 ± 2
2 2
Como o perímetro é 100, a soma dos lados é 50. Se os lados forem iguais, cada um
mede 25 e temos um quadrado. Se os lados não forem iguais, um mede um pouco mais,
digamos 25 + a , e outro mede um pouco menos, digamos 25 − b . Como o perímetro é
100, obtemos a = b . Portanto, os lados medem 25 + a e 25 − a . A área desse retângu-
2
lo é, então, (25 + a)(25 − a) = 252 − a 2 . Como 252 é a área do quadrado e a é positivo,
vemos que a área do retângulo é menor do que a do quadrado. Isso mostra que o cercado
de maior área é o quadrado.
Será que todo problema de Matemática sempre tem uma solução mais
20t
instante t pode ser representada pela função C (t ) = para t ≥ 0 em horas. Um
t +4
2
O melhor método para obter esses valores de máximo e mínimo de funções racionais
é usar derivadas. Mas no Ensino Médio precisamos de métodos mais elementares.
Você consegue imaginar outra forma de resolver esse problema?
20t
... um valor y está na imagem de C (t ) se, e somente se, a equação = y tiver
t2 + 4
solução para t ≥ 0 . Essa equação equivale a yt 2 − 20t + 4 y = 0 , que é uma equação
quadrática em t . A equação tem solução real quando seu discriminante é ≥ 0 . O discrimi-
nante é ∆ = 20 2 − 4 y(4 y ) = 400 − 16 y 2 . Portanto, y está na imagem de C (t ) quando...
400 − 16 y 2 ≥ 0 ⇔ y 2 ≤ 25 ⇔ − 5 ≤ y ≤ 5 .
5 20t
ção C (t ) = para t ≥ 0 . Sua imagem é o
t +4
2
Você notou que, para resolver a equação C (t ) = 5 em t , precisamos da fórmula das raízes de funções quadráticas?
Talvez este seja um exemplo do que você precisa para responder à Atividade 2.
Em geral, dada uma função real, podemos tentar encontrar valores máximos e mínimos
através de sua imagem. Se a imagem for da forma [a, +∞) , sabemos que a é um valor
mínimo. Se a imagem for da forma ( −∞, b] , então b é um valor máximo. Caso a imagem
seja [a, b] , estaremos diante de uma combinação dos dois casos anteriores. É claro que
essa técnica não funciona se o domínio for da forma ( −∞, +∞) .
b
f f
64 x 2 + 64
cujo produto é 64, logo xy = 64 . A soma desses números é S ( x ) = x + y = x + = .
x x
Temos aqui uma função racional com x > 0 e queremos encontrar um valor de x que a
minimize. Para isso, vamos descobrir qual a sua imagem. Um valor z está na imagem de
S ( x ) se a equação S ( x ) = z tem solução para algum x > 0 . Mas essa equação equivale
a x − zx + 64 = 0 , que tem solução para x real se ∆ = z 2 − 256 ≥ 0 ou se z ≥ 256 .
2 2
Como 256 = 16 , temos que ter z ≥ 16 ou z ≤ −16 . Como x > 0 , temos z > 0 . Logo,
z está na imagem de S ( x ) quando z ≥ 16 . Portanto, a imagem de S ( x ) é [16, +∞)
e seu menor valor é 16. Resolvendo a equação S ( x ) = 16 em x , temos x = 8 . Usando
xy = 64 , vemos que o outro número também é 8. Assim, a menor soma é atingida quando
os números são iguais.
Utilizando essa técnica da imagem, tente resolver as seguintes atividades.
No problema do sitiante, considere, agora inversamente, que a área é fixa e o perímetro é variável. Um enunciado sintético
desse problema pode estar assim disposto: dentre os retângulos com área fixa A , determine qual tem menor perímetro.
Encontre um enunciado que apresenta uma boa contextualização para o problema. Como esse problema pode ser modelado
por uma função? Como essa função resolve o problema?
Somando números positivos com seu recíproco, um aluno percebeu que a menor soma encontrada era 2. Será este o
valor mínimo possível?
Agora que já estudamos funções quadráticas e racionais, vamos ampliar nossas consi-
derações e pensar sobre as funções polinomiais em geral.
▹▹ Ajuste de curvas;
▹▹ Zeros de funções polinomiais;
▹▹ Gráficos de funções polinomiais.
Vamos indicar por z o lado dos quadrados a serem cortados. Então, a base da caixa
é um retângulo de lados 100 − 2z e 80 − 2z . A altura da caixa é z . Portanto, seu vo-
lume é V ( z ) = z (100 − 2 z )(80 − 2 z ) . Isso nos leva a considerar a função V : [0, 40] → R ,
V ( z ) = 4 z 3 − 360 z 2 + 8000 z . Desejamos descobrir o valor de z no intervalo [0, 40] para o
qual V ( z ) é o maior possível. Para isso, construímos o gráfico de V e descobrimos que
esse valor é aproximadamente 14, 7 .
V(z)
50000
40000
30000
20000
10000
z
zv
0 10 20 30 40
Examinando a forma geral da curva discreta formada por esses pontos, podemos le-
vantar uma hipótese sobre que tipo de função é a mais adequada para o ajuste. O estudo
sobre a variação das grandezas através de um jogo também pode indicar a melhor função.
Informações sobre essa variação podem, muitas vezes, serem fornecidas pelos próprios
dados da tabela.
Vejamos um exemplo bem simples, que você pode fazer em sua sala de aula.
h(t ) (cm) 20 17,7 15,6 13,8 11,9 10,2 8,7 7,3 6,0 4,8 3,8 3,0
Abaixo da altura de 3 cm, as medições são mais difíceis e deixam de ser significativas.
Para trabalhar com essa tabela, primeiro plotamos os dados em um sistema de coor-
denadas cartesianas, como está desenhado na Figura 19.
h(t) (cm)
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0 20 40 100 t (s)
60 80
Observando o formato do gráfico discreto, percebemos que ele pode ser ajustado pelo
gráfico de uma função quadrática. Uma maneira de confirmar isso, até certo ponto, é exa-
minar a variação da altura. Na tabela abaixo, vemos como se faz isso. As duas primeiras
linhas são uma repetição da primeira tabela. Na terceira linha, calculamos as diferenças
consecutivas h(10) − h(0) , h(20) − h(10) , etc. Na quarta linha, calculamos as diferenças
consecutivas dos valores da terceira linha.
h(t ) (cm) 20 17,7 15,6 13,8 11,9 10,2 8,7 7,3 6,0 4,8 3,8 3,0
Diferenças 1 -2,3 -2,1 -1,8 -1,9 -1,7 -1,5 -1,4 -1,3 -1,2 -1,0 -0,8
Diferenças 2 0,2 0,3 -0,1 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,2 0,2
Dizemos que uma sequência y1 , y2 , y3 , y4 ,... é uma progressão aritmética de segunda ordem se a
sequência das diferenças sucessivas y2 − y1 , y3 − y2 , y4 − y3 ,... for uma progressão aritmética.
É importante conhecer o conceito de progressão aritmética de segunda ordem no estudo de funções polinomiais
porque existe um teorema matemático que afirma que: “uma função contínua f : → é quadrática se, e
somente se, a imagem f ( x1 ) , f ( x2 ) , f ( x3 ) , f ( x4 ) ,... de toda progressão aritmética
x1 , x2 , x3 , x4 ,...
for uma progressão aritmética de segunda ordem”.
Esse resultado encontra-se demonstrado em diversos livros, como em Lima, 1996, vol. 1, pág. 143 e seguintes.
Essa caracterização das funções quadráticas pode ser generalizada. Podemos definir progressões aritméticas de
ordem n e ver que uma função contínua f : → é polinomial de grau n se, e somente se, a imagem
f ( x1 ) , f ( x2 ) , f ( x3 ) , f ( x4 ) ,... de toda progressão aritmética x1 , x2 , x3 , x4 ,... for uma progressão
aritmética de ordem n.
Dessa forma, como as diferenças da altura da água ao longo do tempo estão formando
uma progressão aritmética de segunda ordem, podemos inferir que uma função quadrá-
tica deve fazer um bom ajuste dos dados.
Resta-nos agora calcular essa função. Esse trabalho, que antigamente era feito manual-
mente, está hoje muito facilitado com o uso de programas computacionais. Usando um des-
ses programas, o Prof. Clóvis obteve a função (aproximada) h(t ) = 0, 0007t 2 − 0, 23t + 20 .
Seu gráfico encontra-se desenhado na Figura 20.
h(t) (cm)
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0 20 40 100 t (s)
60 80
Sugerimos desenvolver com seus alunos um projeto de modelagem de algum fenômeno natural em
que seja possível utilizar funções quadráticas. Uma possibilidade é o experimento da vazão de líquidos,
Pensamos que uma boa alternativa é o uso de programas computacionais. Mas, caso o
professor deseje um método manipulativo, sempre existe o chamado método de Newton, Isaac Newton
que leva o nome do famoso cientista Isaac Newton (1643-1727).
Passamos a descrever esse método, que é bastante eficiente. Seja f : → ,
n −1
dada por f ( x ) = an x + an−1 x + ... + a1 x + a0 . A derivada de f é o polinômio
n
′ n −1 n−2
f ( x ) = nan x + ( n − 1)an−1 x + ... + a1 . Tomamos o valor inicial x1 próximo de uma
raiz. Uma maneira de obter esse valor é encontrar dois números a e b tais que f ( a)
e f (b) tenham sinais diferentes. Tomamos algum número x1 entre a e b . Calculamos
a sequência x1 , x2 , x3 ,..., definida recorrentemente por:
f ( xn )
xn+1 = xn −
f ′( xn )
f (1) = −3 , existe um zero entre 0 e 1 . Uma primeira aproximação desse zero pode ser
f ( x1 ) 34 f ( x2 )
x2 = x1 − = ≈ 0, 4533333... e x3 = x2 − ≈ 0, 45138775...
f ′( x1 ) 75 f ′( x2 )
A garantia de que existe um zero entre os pontos a e b , citados acima, está baseada em
um resultado de Matemática superior conforme é descrito a seguir:
Sejaf : → uma função polinomial, e suponhamos que existam números a e b tais
que f ( a) e f ( b) tenham sinais diferentes. Então, existe um zero de f entre a e b .
Esse é um resultado bastante plausível e pode ser utilizado tranquilamente no Ensino Médio,
sem necessidade de sobrecarregar os alunos com os detalhes de sua demonstração.
7. Conclusão
O ensino das funções polinomiais tem características específicas, em parte porque
esse conteúdo é bastante técnico e também por possuir uma longa história de desen-
volvimento. Nós, professores, conhecemos bem as dificuldades que surgem no ensino
dessa matéria e muitas investigações têm sido feitas para reorientar esse ensino. Porém,
as análises mais importantes são aquelas que nós mesmos fazemos no decorrer de nosso
trabalho de docência. O material escrito e as sugestões resultantes dessas pesquisas nos
ajudam muito em nosso trabalho profissional.
Muitas vezes pode ser bastante complicado desenvolver o ensino completo das funções
através de uma sequência didática que privilegie o método investigativo, especialmente
considerando que os alunos não estão acostumados a trabalhar com essa metodologia.
Talvez seja melhor ir devagar, trabalhando apenas parte do conteúdo de funções com o
método investigativo. Assim, teremos tempo para uma reorientação profissional e para
uma adaptação dos alunos. Podemos desenvolver aos poucos o método investigativo me-
diante intervenções pessoais no fluxo normal do ano letivo da escola, ao qual podemos
inserir atividades por nós mesmos criadas.
Para isso, você pode solicitar a ajuda de parceiros de Matemática ou de outra disciplina,
afinal a escola precisa agir como um todo para que nossos alunos tenham acesso a uma
educação matemática cada vez mais rica de significados.
8. Resumo
▹▹ Denominamos polinomial qualquer função f : → da forma
n −1
f ( x ) = an x + an−1 x
n
+ ... + a1 x + a0 , em que a0 , a1 ,..., an sejam números reais,
denominados coeficientes de f . Se an ≠ 0 , dizemos que f tem grau n . Essas
funções têm presença marcante no ensino, devido às suas aplicações na Matemáti-
ca e em outras ciências. Além disso, seu estudo nos dá a oportunidade de abordar
técnicas importantes de análise de funções.
▹▹ Qual o valor de 00 ?
▹▹ Como calcular 2π ?
n
1
▹▹ Como entender a existência do número e = lim 1 + ≅ 2, 71828.... ?
n→∞
n
é sempre igual a 0.
E aí, professor, como sair dessa “sinuca de bico”?
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Manual_
communication.jpg
Vamos começar!
Resposta comentada
E então? Quais foram suas conclusões? Note que os valores da coluna D são os resultados das exponenciais 10 = 1 ,
(0,5)0 = 1 , (0,33..)0 = 1 , (0, 25)0 = 1 ,... e, nessa situação, podemos concluir que qualquer número (diferente de zero)
elevado a zero é sempre igual a um. Por outro lado, os valores da coluna C são os resultados das exponenciais 0 = 0 ,
1
0 = 0 , 0
0,5 0,33…
= 0 , 0 = 0 ,... e, nessa situação, podemos concluir que zero elevado a qualquer número (diferente de
0,25
Observe que os valores da coluna D são os resultados das exponenciais ( 0,5 ) = 0,5 , ( 0, 25) = 0,5 , ( 0,125)0,333… = 0,5 .
1 0,5
exponenciais ( 0, 4 ) = 0, 4 , ( 0,16 ) = 0, 4 ,
1 0,5
Observe também que os valores da coluna F são os resultados das
( 0, 064 )
0,333…
= 0, 4 . Em ambos os casos, temos uma sequência de exponenciais em que a base e o expoente diminuem, si-
multaneamente, tendendo a zero. Na situação da coluna D, temos um valor limite tipo 00 para a sequência de exponenciais
igual a 0,5 e na situação da coluna F temos um valor limite do tipo 0 0 para a sequência de exponenciais igual a 0, 4 .
Uma indeterminação matemática é uma expressão cujo valor não pode ser determinado e, por isso, ela não repre-
senta um número.
Na sala de aula, quase sempre os alunos são levados a encontrar respostas “certas” e “únicas” para problemas
matemáticos; porém, na Matemática, muitas vezes, os problemas apresentam inúmeras soluções, ou nenhuma
solução, apresentando uma indeterminação. Por que não mostrar isso aos nossos alunos?
0
Portanto, uma saída à questão formulada pelos alunos é dizer que 0 é a interrogação,
ou seja, 0 = ? (zero elevado a zero é igual a uma indeterminação). Essa é uma resposta
0
correta, pois o valor dessa potência estranha depende da situação em que ela aparece, não
existindo um valor único que represente essa potência em todas as situações.
Falando em potências estranhas, outro fato conhecido e bastante aceito pelos alunos
do Ensino Médio é que o número1 elevado a qualquer número é sempre um, certo?
Agora, quanto dá um número muito próximo de 1 elevado a um número muito gran-
2
1
1 +
de? Por exemplo, o que acontece com os valores da sequência de potências 2 ,
10 500 3986 n
1 1 1 1
1 + , 1 + , 1 + ,...? Em outras palavras, quanto dá 1 + à
10 500 3986 n
Para tornar essa pergunta mais interessante e simplificar nossa redação, vamos usar
a notação 1∞ para representar o valor limite de uma sequência de exponenciais como
antes, em que a base é cada vez mais próxima de um,
tendendo para 1 (um), e o expoente é cada vez maior,
tendendo para ∞ (infinito). Mas atenção: essa notação
não é usual na Matemática e, portanto, não deve ser
usada em sala de aula.
O símbolo que representa o infinito foi criado pelo matemático John Wallis, em 1655, em
seu tratado Des Sectionibus Conicis. Este símbolo assemelha-se a um oito deitado (curva
conhecida como lemniscata de Bernoulli). Alguns historiadores matemáticos acreditam que
a ideia de John Wallis ao utilizar essa curva foi inspirada na antiga notação romana de
1.000, outros dizem que é uma variante da letra ômega na forma minúscula... Não sabemos ao certo, mas o fato é
que desde 1655, mundialmente, nos referimos ao infinito dessa forma.
Atividade 3 A vez do 1∞ .
Como nas atividades anteriores, vamos recorrer a uma planilha eletrônica para
realizar os cálculos.
Na planilha, considere as colunas A, B e C.
Nas colunas, realize as seguintes operações:
1▹ Na coluna A, digite 1, 2, 3, 4, 6, 12, 365, 8760, 525600 e 31536000 nas células
A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9 e A10;
2▹ Na coluna B, calcule um mais os inversos dos números da coluna A, digitando
=1+1/A1 na célula B1, =1+1/A2 na célula B2 e assim por diante, finalizando com =1+1/A10 na célula B10;
3▹ Na coluna C, calcule os valores da coluna B elevado aos valores da coluna A, digitando =B1^A1 na célula C1, =B2^A2
na célula C2 e assim por diante, finalizando com =B10^A10 na célula C10.
O que você observou? Na situação da coluna C, quanto deveria valer 1∞ ?
Repare que, ao elevarmos B10 a A10, estamos elevando uma base muito próxima de 1 a um número muito grande! Adam Ciesielski / SXC
Matem@tica na Pr@tica, pois essas questões têm tudo a ver com cadernetas de poupança.
Não acredita? Então vamos lá!
Pense que você possui uma quantia Q0 aplicada na caderneta de poupança do Banco
M@P.
1
1
▹▹ Saldo após um ano capitalizado uma vez: Q0 + Q0 = 1 + Q0 = ( 2 ) Q0 .
1
1
banco paga a você metade 50% = do saldo existente na capitalização anterior. As-
2
sim, após seis meses, seu saldo será Q0 + Q0 = 1 + Q0 e após um ano, seu saldo será
1 1
2 2
2
1 1 1 1 1 1 .
1 + Q0 + 1 + Q0 = 1 + Q0 1 + = 1 + Q0
2 2 2 2 2 2
2
1
▹▹ Saldo após um ano capitalizado duas vezes: 1 + Q0 = ( 2, 25 ) Q0
2
1
anterior. Assim, após quatro meses seu saldo será 1 + Q0 , após oito meses,
3
2
1 1 1 1
seu saldo será 1 + Q0 + 1 + Q0 = 1 + Q0 e após um ano, seu saldo será
3 3 3 3
2 2 3
1 1 1 1
Ivan Prole / SXC
1 + Q0 + 1 + Q0 = 1 + Q0 .
3 3 3 3
Perceba que os “juros sobre juros” vão aumentando seu rendimento à medida que au-
mentamos o número de capitalizações ao ano. Se você optar pela capitalização trimestral
(4 vezes ao ano), bimestral (6 vezes ao ano), mensal (12 vezes ao ano), diária (356 vezes
Svilen Milev / SXC
4
1
▹▹ Saldo capitalizado 4 vezes: 1 + Q0 = ( 2, 441406…) Q0
4
6
1
▹▹ Saldo capitalizado 6 vezes: 1 + Q0 = ( 2,521626…) Q0
6
12
1
▹▹ Saldo capitalizado 12 vezes: 1 + Q0 = ( 2,613035…) Q0
12
365
1
▹▹ Saldo capitalizado 365 vezes: 1 + Q0 = ( 2, 714567…) Q0
365
8760
1
▹▹ Saldo capitalizado 8760 vezes: 1 + Q0 = ( 2, 718127…) Q0
8760
525600
1
▹▹ Saldo capitalizado 525600 vezes: 1 + Q0 = ( 2, 718279…) Q0
525600
31536000
1
▹▹ Saldo capitalizado 31536000 vezes: 1 + Q0 = ( 2, 718282…) Q0
31536000
1 n
▹▹ Saldo após um ano capitalizado instantaneamente: lim 1 + Q0
n
n→∞
▹▹ J Se convergisse para 1, sua aplicação não renderia nada após um ano, o que
“graças a Deus” não acontece;
Pode não ser um argumento matemático, mas é possível perceber que tal sequência
deve convergir para algum valor real próximo de 2, 7182 , pois, se não convergisse, os
bancos não existiriam!
Esse valor limite corresponde ao maior percentual sobre a aplicação inicial Q0 que o
Banco do Matem@tica na Pr@tica paga a você, após um ano, pela opção de uma capitali-
zação contínua e instantânea em nossa caderneta de poupança.
Realizar trabalhos com os alunos sobre juros e matemática financeira pode ser interessante para abordar
diferentes conteúdos matemáticos envolvendo porcentagens, exponenciais e logaritmos, entre outros. No Portal
do Professor, há algumas sugestões de trabalhos envolvendo matemática financeira para a sala de aula. Que tal
conhecê-las?
n
1
e = lim 1 + = 2,71828182845905....
n→∞
n
http://pt.wikipedia.org/wiki/Euler
Saiba Mais Euler
A constante de Euler foi definida pela primeira vez pelo matemático suíço Leonhard
Paul Euler, em 1735, no artigo De Progressionibus Harmonicus Observationes. Leonhard
Paul Euler nasceu na Basileia, em 1707, e morreu em 1783, em São Petersburgo. Filho e
neto de pastores, na infância, Euler estava sendo preparado para uma carreira religiosa,
quando seu talento para a Matemática foi descoberto. Seguindo, então, estudos formais, Euler se tornou um acadê-
mico, grande matemático e físico. Suas pesquisas contribuíram com inúmeras descobertas no campo dos cálculos e
dos grafos. Além disso, influenciou fortemente a Matemática moderna no campo da terminologia e notação. Euler
é considerado um dos mais proeminentes matemáticos do século XVIII.
n
1
en = 1 + , n = 1, 2,3,…
n
parece ser uma sequência de números reais estritamente crescente e limitada superior-
mente por 3 . Se demonstrarmos esse fato, então, a completude dos números reais garante
a existência do número e ...
A completude do conjunto dos números reais determina que toda sequência de números reais que sempre
cresce sem ultrapassar um patamar fixo é necessariamente convergente para algum número real menor do que
ou igual ao patamar fixo.
Basta mostrarmos, então, que e1 < e2 < e3 < < en < en +1 < < 3 , ou seja:
▹▹ mostrar que en < en+1 para todo n = 1, 2, 3, …
▹▹ mostrar que en < 3 para todo n = 1, 2, 3, …
(a + b)
n
Para expandir o binômio , precisaremos aplicar a fórmula geral descrita a
seguir:
(a + b)
1
= a+b
(a + b)
2
= a 2 + 2ab + b 2
(a + b)
3
= a3 + 3a2 b + 3ab2 + b3
n
1 1 n( n − 1) 1 n( n − 1)( n − 2) 1 1 1
en = 1 + = 1 + n + + + + n n−1 + n
n n 2 n2 3! n3 n n
1
Entendeu? A primeira parcela é 1, a segunda parcela é n , a terceira parcela é
n1
n ( n − 1) 1 e assim por diante até a ( n + 1) -ésima e última parcela, que é
1 .
2 n2 nn
Vamos olhar, agora, para uma parcela genérica da expansão acima. Vamos olhar para
Jean Scheijen / SXC
n( n − 1)( n − 2) ( n − j + 1) 1
j! nj
A segunda parcela, na posição 1 + 1 , ocorre quando j = 1 . Nesse caso, o produto no numerador termina
em ( n − j + 1) = ( n − 1 + 1) = n e a parcela é n 11 = n 1 .
1! n n
A terceira parcela, na posição 1 + 2 , ocorre quando j = 2 . Nesse caso, o produto no numerador termina em
( n − j + 1) = ( n − 2 + 1) = ( n − 1) e a parcela é n ( n − 1) 1 .
2! n2
A quarta parcela, na posição 1 + 3 , ocorre quando j = 3 . Nesse caso, o produto no numerador termina em
( n − j + 1) = ( n − 3 + 1) = ( n − 2 ) e a parcela é n ( n − 1)( n − 2 ) 1 .
3! n3
Que tal você conferir a expressão para algumas outras posições, quando j > 3 ?
Do ponto de vista de
1 , a parcela em questão se expressa como:
j!
n( n − 1) ( n − j + 1) 1 n( n − 1) ( n − j + 1) 1 n n − 1 n − j + 1 1
= =
j! nj n ⋅ n ⋅ n j! n n n j!
n( n − 1)( n − 2) ( n − j + 1) 1 1 2 3 j −1 1
= (1) 1 − 1 − 1 − 1 −
j! nj n n n n j!
Note que cada um dos parênteses acima aumenta de valor se trocarmos n por n + 1,
Tendo demonstrado essa primeira parte, falta mostrar, então, que todos os en são
limitados por 3 para concluirmos a demonstração da existência de e.
pansão de en , vemos que cada um dos parênteses 1 − 1 ,..., 1 − j − 1 é sempre menor
n n
do que 1 , tornando a parcela em questão menor do que
1 . Assim:
j!
n( n − 1)( n − 2) ( n − j + 1) 1 1 2 3 j −1 1 1
= (1) 1 − 1 − 1 − 1 − <
j! nj n n n n j! j!
1 1 1 1 1 1
en < 1 + + + + + + +
1! 2! 3! 4! 5! n!
Para as demais parcelas, vamos usar que 1 < 1 para todo n ≥ 4 . Esse fato decorre
n! 2n
da seguinte estimativa:
1
2n 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 2 2 2 2 2 2/ 2 2 2 2 2 1
= = ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ <1
n ! n ( n − 1) 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅1 n n − 1 4/ 3 2 1 n n − 1 2 3 2 1
2
8 1 1 1 8 1 1 1 1 1
en < + 4 + 5 + + n < + 4 1 + + 2 + 3 + 4 +
3 2 2 2 3 2 2 2 2 2
1
progressão geométrica de razão q = e termo inicial a1 = 1 , seu valor é calculado pela
2
a1 1
fórmula = = 2 . Assim:
1− q 1− 1
2
8 1 8 1 67
en < + 4 2 = + 3 = = 2, 791666… < 3 para todo n .
3 2 3 2 24
n
1
e = lim 1 + ≅ 2, 71828....
n→∞
n
5 29
três dias do momento triste, enquanto que t = 1 + = = 1, 208333… significa que se
24 24
1
quantidade Q0 da poluição vá embora com a água escoada, permanecendo no
4
1 1
lago a quantidade Q (1) = Q0 − Q0 = 1 − Q0 ;
4 4
1
Q(1) da poluição vá embora, permanecendo no lago a quantidade
4
2
1 1 1
Q ( 2 ) = Q(1) − Q(1) = 1 − Q (1) = 1 − Q0 ;
4 4 4
1
que Q(2) da poluição vá embora, permanecendo no lago
4
3
1 1 1
Q(3) = Q(2) − Q(2) = 1 − Q(2) = 1 − Q0 ;
4 4 4
1
▹▹ ao término da primeira medição, no exato instante t1 = , é de se esperar
k
1
que Q0 da poluição vá embora com a água escoada, permanecendo
4k
1 1
Q ( t1 ) = Q0 − Q0 = 1 − Q0 ;
4k 4k
2
▹▹ ao término da segunda medição, no exato instante t2 = , é de se esperar
k
1
que Q(t1 ) da poluição vá embora com a água escoada, permanecendo
4k
2
1 1 1
Q ( t2 ) = Q ( t1 ) − Q ( t1 ) = 1 − Q ( t1 ) = 1 − Q0 ;
4 4k 4k
3
▹▹ ao término da terceira medição, no exato instante t3 = , é de se esperar
k
1
que Q(t2 ) da poluição vá embora com a água escoada, permanecendo
4k
3
1 1 1
Q ( t3 ) = Q ( t 2 ) − Q ( t 2 ) = 1 − Q ( t 2 ) = 1 − Q0 .
4 4k 4k
Continuando:
n
▹▹ ao término de uma n -ésima medição, no exato instante t = , é de se esperar que
permaneça no lago a quantidade de poluição:
k
n
1
Q ( t ) = 1 − Q0
4k
t
1
kt
1
k
Q ( t ) = 1 − Q0 = 1 − Q0
4k 4 k
t
1
k
Q ( t ) = lim 1 − Q0
k →∞ 4 k
k
1
Você deve estar se perguntando: para qual valor a sequência de exponenciais 1 −
4k
se aproxima, à medida que k aumenta indefinidamente? Novamente vamos recorrer a
uma planilha eletrônica para verificar os cálculos.
1
6▹ Na célula C12, calcule digitando =1/B12.
4
e
k
1 1
= lim 1 + ≅ 0, 778801
4
e k →∞ 4 k
t
1
Q ( t ) = Q0 4
e
Uma função exponencial que modela a despoluição em tempo real é muito importante,
não acha? Por isso, na próxima seção, vamos estudar esse tipo de função elementar.
O monitoramento ambiental consiste na realização de uma série de medições e observações de parâmetros am-
bientais de modo frequente para controle da poluição e para conservação ambiental. Os parâmetros ambientais
utilizados para esse monitoramento podem ser: qualidade da água, diversidade de espécies, tamanho populacio-
nal de determinados organismos, entre outros.
Qualquer tipo de ambiente pode ser monitorado. Você pode montar um projeto
com o professor de Biologia para o monitoramento de um ambiente próximo
ao local da escola. A partir desse monitoramento, você pode explorar com seus
alunos diversos conteúdos matemáticos, como funções exponenciais.
Nesse caso, o número real a > 0 é chamado de base, o número natural n é chamado
n
de expoente e o resultado a é chamado de potência. Essa operação de se multiplicar
sucessivamente uma base tantas vezes quantas for o valor de um expoente é chamada de
potenciação ou exponenciação.
Ao apresentar a potenciação para seus alunos na sala de aula, quantas vezes você fa-
lou: no produto de potências de mesma base conserva-se a base e somam-se os expoentes?
Essa é a propriedade fundamental da potenciação, que é evidente quando os expoen-
tes são números inteiros positivos m e n . Por exemplo, quando m = 2 e n = 3 , temos
a2 ⋅ a3 = ( a ⋅ a ) ⋅ ( a ⋅ a ⋅ a ) = a ⋅ a ⋅ a ⋅ a ⋅ a = a5 . De forma geral, temos:
23 1 1 −n 1
mente, 2−4 = = = . De forma geral, definimos a = n para garantir que:
27 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 2 4 a
A potenciação com expoente nulo também é definida para garantir a validade dessa
propriedade no conjunto de expoentes inteiros. Por exemplo, assumindo válida a proprie-
m+ 0
dade quando m ≠ 0 e n = 0 , temos a ⋅ a = a = a m e, consequentemente, a0 = 1 .
m 0
(a )
n m
m
= a m ⋅ a m a m = a m+ m++ m = a m⋅n [ n fatores a ]
p
p
1q p
( a)
p q q
q q q q q
a = a =
q
= a ⋅ a ⋅⋅⋅ a = a ⋅ a ⋅⋅⋅ a = a p , ou seja: a q = a p .
3
2 5 = 5 23 = 5 8 ≈ 1,515717
Note que os valores da coluna C se aproximam cada vez mais de um valor próximo a 8,824977 e esse valor é definido
como sendo 2π .
2π = 8,824977827…
A definição de uma potência com expoente irracional sempre passa por um processo de aproximações sucessivas. É claro
que, como esse é um processo matemático de limite, sua formalização envolveria técnicas matemáticas mais sofisticadas.
Porém, isto não impede que a ideia básica seja desenvolvida no Ensino Médio, como propomos nesta atividade.
Sabendo como calcular uma potência com um expoente qualquer, seja ele natural,
inteiro, fracionário ou irracional, fica possível estabelecer a seguinte definição de funções
exponenciais:
Definição: seja a > 0 um número real positivo e seja x uma variável real, a função
f ( x ) = a é chamada função exponencial de base a . Seu domínio natural é o conjunto
x
Note que todos os gráficos anteriores passam pelo ponto (0,1) , correspondente à
ordenada 1 no eixo vertical, e pelo ponto (1, a ) , correspondente ao ponto destacado em
cada gráfico. Observe a flecha indicando que o gráfico passa pela reta tracejada x = 1
exatamente na altura correspondente à base a > 0 da função exponencial em questão.
Quando a > 1 o gráfico cresce e quando 0 < a < 1 o gráfico decresce.
As funções exponenciais possuem diversas aplicações nas ciências exatas e na Engenha-
ria, principalmente na modelagem do crescimento e do decrescimento de quantidades ao
longo do tempo, como vimos em alguns dos exemplos anteriores. A constante de Euler e
aparece naturalmente como base de funções exponenciais nessas modelagens e, por isso,
a função f ( x ) = e x é conhecida como uma “exponencial natural”.
Observe a tabela abaixo com escalas de grandeza na base 2 . Na parte superior temos uma progressão aritmética de razão
1 começando em 0 e na parte inferior temos uma progressão geométrica de razão 2 começando em 1 .
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
1 2 4 8 16 32 64 128 256 512 1024 2048 4096 8192 16384 32768
a▹ Escolha dois números a e b na linha superior da tabela, de tal forma que a soma s = a + b desses números
também esteja nessa linha superior. Agora, visualize os números x e y respectivamente abaixo dos números a
e b escolhidos anteriormente por você e multiplique esses números. Note que o produto p = x ⋅ y dos números
que estão abaixo de a e b é um número na linha inferior da tabela. A soma s e o produto p aparecem em uma
mesma coluna? Isso ocorre sempre?
b▹ Escolha agora outros dois números a e b na linha superior da tabela, de tal forma que a diferença d = a − b
desses números também esteja nessa linha superior. Agora, visualize os números x e y respectivamente abaixo
dos números a e b escolhidos anteriormente por você e divida esses números. Note que o quociente q = x ÷ y
dos números que estão abaixo de a e b é um número na linha inferior da tabela. A diferença d e o quociente q
aparecem em uma mesma coluna? Isso ocorre sempre?
Repare que, independente dos valores escolhidos, s estará sempre acima de p e d estará sempre acima de q , alinhados
5 7 5 + 7 = 12 7−5 = 2
na mesma coluna. Por exemplo, escolhendo e teremos no caso da soma e no caso da
32 128 32 ×128 = 4096 128 ÷ 32 = 4
subtração. Esses alinhamentos irão ocorrer sempre, pois os números que estão abaixo de a e b são, respectivamente, as po-
tências x = 2a e y = 2b . Logo, o número que estará abaixo de s = a + b será a potência 2 s = 2a + b = 2a ⋅ 2b = x ⋅ y e o número
que estará abaixo de d = a − b será a potência 2d = 2a −b = 2a ÷ 2b = x ÷ y .
A tabela da Atividade 6 nada mais é do que uma tábua de logaritmos de base 2 . Ge-
a > 0 é um número real positivo diferente de um ( a ≠ 1 ), então, sempre
neralizando, se
temos uma tábua de logaritmos de base a do tipo:
1 1 1 1 1 1
... a6 a5 a4 a3 a2 a a0 a a2 a3 a4 a5 a6 ...
... −6 −5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5 6 ...
log a x = y ⇔ a y = x
log a a y = y e aloga x = x
T
1
Q0 4 = 0,6 Q0
e
ou, equivalentemente:
T
− 14 −
T
e = 0,6 ⇔ e 4
= 0,6
−T
loge e 4 = loge 0,6
T
− = loge 0,6
4
Esse cálculo desvenda o mistério, e você conclui que o criminoso poluiu o lago próximo
às 15h da sexta-feira anterior ao domingo em que foi realizada a coleta da amostra, ou
XC
E aí, professor? Percebeu a importância da função log e x ? Ela é muito usada para
John P
desvendar crimes, dentre outras aplicações em que seja necessário calcular o valor de uma
incógnita no expoente de uma potência. Você já ouviu falar de uma situação em que cer-
ta quantidade cresce ou decresce exponencialmente? Pois as funções do tipo f (t ) = a t
são as que medem esse tipo de variação exponencial, e a constante de Euler e serve de
base natural para todas essas funções, uniformizando o crescimento e o decrescimento
exponencial em funções do tipo f (t ) = e k ⋅t . Assim, o logaritmo de base e é a função
natural a ser usada no cálculo do tempo para se atingir certo patamar de crescimento ou
decrescimento, como fizemos no exemplo do lago poluído.
A função log e x é conhecida na Matemática como a função “logaritmo natural” ou
“logaritmo neperiano”, em homenagem ao matemático escocês John Napier (*1550,†1617),
que inventou os logaritmos em sua época. Na Matemática, a função logaritmo natural
possui a seguinte representação:
log e x = ln x .
http://www.matematiksider.dk/napier.html
em que apresentamos mais dois tipos de funções elementares da Matemática: as funções
exponenciais e as funções logarítmicas.
9. Conclusão
Exponenciação é uma operação matemática importante, inicialmente definida para nú-
meros naturais e expandida para outros números de forma a preservar suas propriedades
básicas. A extensão de seu cálculo para o conjunto dos números reais é feita por meio de
aproximações sucessivas por racionais, utilizando propriedades intrínsecas desse conjunto
completo de números. Por isso, ensinar esse conteúdo pode ser muito complicado. Nessa
etapa, buscamos mostrar algumas formas de contextualização do conteúdo para facilitar
seu trabalho na sala de aula. Além disso, exploramos matematicamente as demonstrações
e os significados mais importantes das funções exponenciais e logarítmicas, de forma que
você, como professor de Matemática, possa estudar e entender cada vez mais a ciência
na qual trabalha.
10. Resumo
Nessa etapa, vimos que:
▹▹ O valor de zero elevado a zero refere-se a uma indeterminação matemática, ou seja,
uma expressão que não se pode determinar o valor e que, por isso, não representa
um número específico. n
1
▹▹ A sequência de exponenciais en = 1 + , com expoentes naturais n aumentando
n
n
1
e = lim 1 + = 2,71828182845905....
n→∞
n
conceito?
1. Quero usar novas tecnologias na minha aula.
Mas como?
Pensar em uma aula de Matemática no Ensino Médio geralmente nos leva a imaginar
uma sala com carteiras enfileiradas, de frente a uma grande mesa do professor, que se
encontra em pé escrevendo fórmulas no quadro negro. Enquanto isso, os alunos o obser-
vam atentos, tentando copiar tudo em seus cadernos, numa velocidade que lhes permita
acompanhar o raciocínio do professor.
Essa cena tradicional aos poucos tem dado lugar a uma nova imagem nas salas de
aula de Matemática, principalmente por conta do uso de materiais concretos e de novas
ferramentas tecnológicas.
Mas que ferramentas são essas? Como e quando utilizá-las?
Essas são perguntas frequentes de muitos professores. Talvez por isso muitos ainda não
lancem mão desses recursos em suas aulas.
Nessa etapa da disciplina de Funções Elementares, vamos apresentar a construção de
uma dessas ferramentas, com todos os detalhes necessários para que você se sinta seguro
ao utilizá-las em sala de aula.
Vamos agora entrar no mundo do ensino informatizado da Matemática. E, então, está
animado?
Izaias Buson / SXC
Fonte: http://commons.wikimedia.org/
wiki/File:GeoGebra_icon_geogebra.gif
O programa GeoGebra foi idealizado em 2001, pelo jovem austríaco Markus
Hohenwarter, baseado no princípio de software livre, que permite sua
instalação e uso sem fins lucrativos. Esse princípio também garante seu de-
senvolvimento e atualização permanente, sem custos, através de uma comunidade
virtual mundial, que está sempre enriquecendo e melhorando o GeoGebra.
Instale a versão mais recente do GeoGebra em seu com- ⺼⺼ Selecione a opção Instalações na parte superior direita
putador a partir do sítio oficial www.geogebra.org, seguindo da página para ter acesso aos programas instaladores do
os passos a seguir. Se você nunca instalou um programa em GeoGebra.
seu computador ou sentir dificuldades durante a instalação,
peça ajuda a alguém com mais experiência nesse tipo de
tarefa.
⺺⺺ Escolha a opção Download no topo da página. ⻀⻀ Execute o arquivo de instalação salvo em seu compu-
tador.
Observe, na parte superior da janela padrão, a barra de menu geral (Arquivo, Editar,
Exibir, Opções etc.) seguida da barra de menu de construções geométricas.
Na parte inferior, vemos um campo para digitação de fórmulas seguido de itens de
seleção para escolha de operações matemáticas, letras gregas e comandos específicos do
GeoGebra.
Na parte central da janela padrão do GeoGebra, vemos ainda, à direita, uma grande
janela de geometria com um sistema de coordenadas; à esquerda vemos uma janela de
álgebra para armazenamento de objetos construídos.
Além do GeoGebra, existem muitos outros softwares de geometria dinâmica que podem ser usados em aulas
de Matemática, como o Cabri-Géomètre (www.cabri.com.br), Calques 3D (www.uff.br/calques3d) e Régua e
Compasso (www.professores.uff.br/hjbortol/car). Alguns são mais conhecidos e utilizados, outros nem tanto.
Na verdade, não existe um software padrão que seja considerado o mais
Para alterar o valor de um seletor, basta habilitar o comando Mover no ícone mais
à esquerda da barra de menu e arrastar, via mouse, a “bolinha” do seletor ao longo de
seu segmento de variação. Viu o ícone e a “bolinha” na figura acima? E na tela de seu
computador?
Vamos bailar com as funções elementares? Digite cada uma das expressões abaixo no cam-
po de entrada do GeoGebra e altere os parâmetros a , b e c para visualizar a dança de seus
gráficos. Preste atenção na forma como essas funções devem ser escritas no campo de entrada,
conforme ilustramos nas imagens a seguir. Perceba o que acontece em cada função quando os
parâmetros assumem valores positivos, nulos ou negativos. Não se esqueça de salvar arquivos
GeoGebra para cada uma das funções elementares da atividade, pois esses arquivos deverão ser postados no ambiente virtual
do Matem@tica na Pr@tica para posterior avaliação. Dê nome aos arquivos, de forma a identificar qual é a função elementar
em questão (por exemplo: cosseno.ggb, quadratica.ggb, raiz.ggb, seno.ggb, exponencial.ggb, tangente.ggb e logaritmo.ggb).
㍟㍟ f ( x ) = a x + b x + c
2
㍟㍟ f ( x ) = a b x + c
㍟㍟ f ( x ) = a sen(b x + c)
㍟㍟ f ( x ) = a e + c
bx
㍟㍟ f ( x ) = a tg(b x + c)
㍟㍟ f ( x ) = a ln(b x + c)
Resposta Comentada
Essa atividade será avaliada no ambiente virtual do Matem@tica na Pr@tica. Você deve salvar arquivos GeoGebra para cada
uma das funções elementares da atividade e enviar esses arquivos em tarefa específica do ambiente virtual.
4. Desenrolando o seno
Vamos começar esta seção com uma pergunta para você refletir:
Maarten Uilenbroek / SXC
Faça o seguinte teste em sua sala de aula. Peça para a classe abrir os braços formando
um ângulo de 90º. Provavelmente a grande maioria irá abrir os braços corretamente. O
mesmo deverá ocorrer para 60º, 120º e 180º. Solicite agora que eles abram os braços for-
mando um ângulo de 1 radiano. Será que eles possuem a noção de quanto é essa abertura?
Pois bem, vamos ver como o GeoGebra pode ajudar você e seus alunos nessa questão.
Vamos construir um aplicativo que permite relacionar graus com radianos e, de quebra,
desenrolar arcos no eixo horizontal para traçar o gráfico do seno, como ilustrado a seguir.
O = (0,0).
Passo 1.5. Construa o ponto C = ( −1, 0) , via campo de entrada, digitando: C=(-1,0)
Passo 1.7. Construa a circunferência c centrada no ponto C com raio unitário, via
campo de entrada, digitando c = círculo [C,1].
Passo 1.11. Construa o ângulo a = OCP , via campo de entrada, digitando:
a = ângulo [O,C,P].
Passo 1.13. Construa o arco cc , desde P até O no sentido anti-horário, via campo
de entrada, digitando cc = arco [c,P,O].
Atenção “c,P,O” deve ser digitado entre colchetes e não se esqueça de que você deve digitar a letra
O e não o número zero.
Depois de tudo isso, ainda há alguns passos para chegarmos ao final do caminho e
finalmente desenrolar arcos no eixo horizontal, traçando o gráfico do seno. Falta construir-
mos os eixos, novos pontos e os segmentos de reta sobre os quais a circunferência irá se
desenrolar e formar o gráfico. Você já está cansado? Calma, agora falta só um pouquinho.
O resultado, com certeza, valerá a pena! Então, vamos aos próximos passos.
Atenção Observe que o GeoGebra interpreta o valor do ângulo em radianos, construindo um ponto
no eixo horizontal, cuja distância da origem corresponde à conversão do ângulo em radianos. Esse é o
ponto X que aparecerá na área de trabalho do GeoGebra.
Passo 1.16. Clique com o botão direito do mouse sobre o ponto na pasta
Objetos Dependentes, para habilitar a janela com as propriedades básicas desse objeto (não
se preocupe, provavelmente o seu valor para a abscissa do ponto será diferente). Nessa
janela, clique na opção , para habilitar a janela de alteração das proprieda-
des do ponto.
Na janela de alteração das proprieda-
des do ponto X , na aba Cor, escolha o
verde escuro ;
finalize a formatação do ponto X no
botão .
Observe o ponto X na imagem a
seguir, deve ser parecido com o que apa-
receu na tela do seu computador.
Atenção Lembre-se que “O,X” deve ser digitado entre colchetes e que O não é o número zero, e
sim uma vogal maiúscula.
Passo 1.18. Clique, com o botão direito do mouse, sobre o segmento na pas-
ta Objetos Dependentes, para habilitar a janela com as propriedades básicas desse objeto
(provavelmente o seu valor para o tamanho do segmento será diferente). Nessa janela, cli-
que na opção , para habilitar a janela de alteração das propriedades do seg-
mento. Como fizemos para os demais objetos, vamos formatar agora o segmento de reta.
Na janela de alteração das propriedades do segmento s , na aba Básico, escolha em
Exibir Rótulo a opção Valor ;
Na aba Cor, escolha o verde escuro ;
Na aba Estilo, posicione o seletor da Espessura da Linha em 9 ; finalize a
formatação do segmento s no botão .
Passo 1.19. Construa a reta horizontal h passando por P, via campo de entrada,
digitando a sua expressão h = reta [P,EixoX].
Atenção Novamente, repare que “P,EixoX” deve ser digitado entre colchetes.
Veja na imagem a seguir e na tela de seu computador a reta horizontal bem clara que
está passando pelo ponto P. A interseção dessa reta com o eixo vertical determina o
valor do seno do ângulo a , certo?
No GeoGebra, os comandos que determinam a abscissa e a ordenada de um ponto P são “x(P)” e “y(P)”,
respectivamente.
Passo 1.24. Agora que o vetor foi criado, vamos (como sempre) alterar sua formatação.
Para isso, clique com o botão direito do mouse sobre o vetor , na pasta Obje-
tos Dependentes, para habilitar a janela com as propriedades básicas desse objeto (provavel-
mente o seu valor para a segunda coordenada do vetor será diferente). Nessa janela, clique
na opção para habilitar a janela de alteração das propriedades do vetor.
Na janela de alteração das propriedades do vetor u , na aba Básico, desabilite a opção
Exibir Rótulo: ;
Na aba Cor, escolha a cor vermelha para o vetor ;
Na aba Estilo, posicione o seletor de Espessura da Linha em 5 ; finalize a
formatação do vetor no botão .
Passo 1.25. Construa o gráfico da função seno no intervalo [0, a] , digitando a expres-
são g = função [sin(x),0,a].
Visualizar o “desenrolar” do arco de circunferência no eixo horizontal e o traçado simultâneo do gráfico do seno pode
proporcionar uma aprendizagem de trigonometria muito mais significativa. Faça um breve relato de como você poderia usar
esse aplicativo em uma aula sobre trigonometria.
Uma primeira possibilidade seria você projetar o aplicativo em sala para exploração durante a aula; nesse caso, o aplicati-
vo funcionaria como uma lousa animada. Uma segunda possibilidade, muito mais interessante, seria utilizar o aplicativo em
um laboratório de informática, para que seus alunos pudessem explorá-lo. Nesse caso, você poderia preparar, a priori, uma
folha de atividades para serem respondidas pelos alunos, com procedimentos a serem realizados no Geogebra, perguntas
relacionadas a uma determinada situação gráfica, etc.
5. Um ajuste trigonométrico
Vamos finalizar essa última etapa da disciplina de Funções Elementares com uma
atividade para ser realizada no GeoGebra, envolvendo as temperaturas médias
mensais das capitais dos Estados brasileiros.
Nós, da equipe do Matem@tica na Pr@tica, vamos usar as tempe-
raturas médias mensais da cidade de Brasília, enquanto você utilizará
os dados da capital de seu Estado. Se você é professor de Brasília, use
os dados de Goiânia, capital de Goiás.
Vamos recorrer à internet para buscar os dados. Uma boa fonte
de busca é o Banco de Dados Climáticos da Embrapa. Lá é possível
C
er / SX
Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Sua capital
Brasília 21,6 21,8 22,0 21,4 20,2 19,1 19,1 21,2 22,5 22,1 21,7 21,5
Passo 2.2. Salve o aplicativo na opção Gravar disponível no menu de Arquivo da barra
de menus. Escolha um nome de sua preferência; nós escolhemos o nome brasilia para
esse aplicativo.
Passo 2.3. Habilite o ajuste da janela de trabalho na opção Janela de Visualização dis-
ponível no menu de Opções da barra de menus. Aparecerá a caixa de diálogo Janela de
Visualização a seguir.
Após construir esses pontos, clique com o botão direito do mouse sobre cada um deles
na pasta Objetos Livres, em seguida, clique sobre para habilitar a janela com
as propriedades básicas de ponto, fixe a posição de cada ponto construído habilitando a
opção e finalize a formatação no botão . Procedimentos parecidos com
o que já fizemos antes. Agora você é capaz de fazê-los bem mais rápido, não é mesmo?
Já está se acostumando com o uso do GeoGebra.
A área de trabalho que aparecerá na sua tela é semelhante à ilustrada na Figura 23.
Passo 2.6. Agora construa e configure um seletor “a” como ilustrado a seguir.
Após construir o segmento, clique sobre ele na pasta Objetos Livres, cli-
que sobre para habilitar a janela com as propriedades básicas de pon-
to, desabilite a opção Exibir Rótulo na aba Básico e escolha a cor
na aba Cor, finalizando a formatação do segmento no botão
.
Veja como ficará a área de trabalho do GeoGebra.
Passo 2.13. Vamos agora construir a soma das distâncias verticais dos pontos M01,
M02,...,M12 ao gráfico de f ( x ) . Para isso, digite na caixa de entrada a expressão D=d01+
d02+d03+d04+d05+d06+d07+d08+d09+d10+d11+d12.
Use o aplicativo para ajustar os valores dos parâmetros “T”, “a”, “b” e “c”, de forma a obter uma curva f ( x ) = T + a sen ( b x + c )
mais próxima possível das temperaturas médias mensais da capital de seu Estado. Você deve ajustar cada um dos parâmetros
do aplicativo observando a variação do valor da soma das distâncias desses pontos à curva, dada pela variável D na pasta
Objetos Dependentes. Tente encontrar os valores para esses parâmetros que tornam essa distância D menor possível.
T a b c Dmin
Sua capital
Brasília 20,8 1,5 0,81 6,03 3,87
Resposta comentada
Os valores que mais aproximaram a curva dos dados de Brasília foram T = 20.8 , a = 1.5 , b = 0.81, c = 6.03 , d = 3.87 . Esses
valores foram obtidos movimentando os respectivos seletores no aplicativo e observando a variação do número D ,
7. Resumo
Nessa etapa, vimos:
▹▹ Como instalar o GeoGebra, um software de geometria dinâmica.
▹▹ Como construir aplicativos no GeoGebra objetivando visualizar os gráficos das
funções elementares de forma dinâmica, a partir da modificação dos valores dos
parâmetros dessas funções.
▹▹ Como construir um modelo de aplicativo no GeoGebra para ser utilizado no ensino
de trigonometria.
▹▹ Como construir um modelo de aplicativo no GeoGebra para ser utilizado em ativi-
dades exploratórias envolvendo ajuste de pontos.
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