Anda di halaman 1dari 21
coLecdo sociotocta ro Salli J, Universe de io Paulo 2 \ % Conmdemue | Noe iversidade Estadual de Campinas ide Federal de Minas Gerais Waa += Sociologia ambien Joba Honningan =O poder em movimento Movimentossociais € confront potico perspectvadeandlive ‘Erving Gof Pere Bourdiew Dadlos Internactonais de Catalogacao na Pul (Camara Brasileira do Livro, SP, Bras (Colegio Sociologia) ina: La recherche qual 1 Cenoas soccs- Pogln - Mtodloga 2. Pesquise va, Série. 08-03166 €p0-300.72 indices para catdlogo sistemitico: A pesquisa qualitativa Enfoques epistemolégicos e metodolégicos Jean Poupart Jean-Pierre Deslauriers Lionel-H. Groulx Anne Laperriére Robert Mayer Alvaro Pires ‘Tradugio de Ana Cristina Arantes Nasser PastaNt --—— He lo wrtarin Qh wat 2S EDITORA VOZES Petrépolis ‘a entrevista de tipo qualita consideragées epistemoldgicas, tedricas e metodoldgicas* Jean Poupart No que € considerado como um dos primeiros manuals de metodologia associa trabalhos da Escola de Chicago, Palmer (1928) defende que a possi {ade de interrogar 0s atores e utliza-los enquanto recurso pate a compreensio tulidades socials constitui uma das grandes vantagens das citncias sociais sobre ‘eciencias da natureza, as quais se interessam por objetos desprovidos de palavra ‘ordando a questio da relagdo entre conhecimento leigo ¢ conhechmento cient feo, Bourdieu, Chamboredon ¢ Passeron (1968: 56) defendem 0 contriio ~e isto ito de todas as controversias que uma tal afirmagao possa levantar — que vez, 2 maldicao das ciencias do homem, a de ter relagio.com um objeto que fal, pots, entéo,o isco é grande de vera citncia confundir as interpretagoes que os ‘dao da realidade com a realidade tal e qual. Esses comentarios sobre a entrevista e sobre o estatuto do material coletado justrarn bem toda a ambiguidade ligads ao uso de um dos instrumentos de pes- quise tido como um dos mais frequentemente empregados nas ciéneias socials. Deum lado, as entrevistas constisuem uma porta de acesso 2s realidades sociais, fando na capacidade de entrar em telacao com as outras. Do outro, essas ea- sdes sociais nao se deixam facilmente apreender, sendo transmitidas através 1go e das questoes das interagbes sociais que a relagao de entrevista neces- smente implica, assim como do jogo complexo das rmiltiplas interpretagoes produzidas pelos discursos. Longe de esgotar 0 conjunto das reflexoes concernentes ao uso das entrevisias, ste artigo tratara de trés temas relativamente ao estatuto da entrevista, temas estes rio sem relagio com os aspectos acima mencionados. Primeiramente, examinarei os argumentos de ordem epistemologica e ético-politica, alegados, comumente, para justificar 0 recurso entrevista de tipo qualitativo, a que, para além das ques- tées de método, o emprego deste imstrumento acarreta diferentes concepgbes da tra de agradeces a meus colaboradores de pesquisa Denis Beliveau, Mylene Jeceond e Michele ee também a Jocelyne Dorion, revicora, por sua ajuda na revisto final deste texto. as ciencia e da pesquisa; para depois, entdo, detet-me nos argumentos de ordem m todolégica. Abordarei de passagem algumas controvérsias suscitadas por esses gumentos. Num segundo momento exporei um certo nuimero de prinetpios que Exo, em geral, tidos como adquiridos € correntemente associados a “arte” de fax; fs outros falarem ¢ de realizar uma entrevista, Af residira a oportunidade de abo dar as diversas estratégias ¢ 0s diversos elementos de “encenagao", aos quais reco rem os entrevistadores, com o objetivo, dentre outros, de levar os entrevistadosa ‘colaborar, ea sentirem-se confiantes ¢ a vontade na situacao de entrevista. E, por fim, tratarei da importancia da questdo dos vieses nos debates sobre as entrevista, de modo a apontar como algumas tradigoes metodologices ¢ epistemologicas ten- taram resolve-la, ou, ainda, formuld-la diferentemente. Esta segao permitira abor. dar sumariamente um relativo niimero de dimensoes fundamentais, tais como determinacao do contexto na producao do discurso, 0 papel da subjetividade do pesquisador no processo de pesquisa ea influencia dos processos de transcrigto mz producio dos relatos etnograficos. 0s argumentos de ordem epistemologica, ético-politica e metodologica como ‘ase do recurso a entrevista de tipo qualitativo Do exame das justicativas habitualmente alegadas pelos pesquisadores part recorrer a entrevista de tipo qualitativo, trés tipos de argumentos se destacam. 0 primeiro €de ordem epistemologica: a entrevista de tipo qualitativo seria necess fia, uina vez que uma exploracdo em profundidade da perspectiva dos atores isis € considerada indispensivel para uma exata apreensao e compreensio das condutas sociais. O segundo tipo de argumento é de ordem ética e politica: a ent vista de tipo qualitativo parece necesséria, porque ela abriria a possibilidade de compreendet ¢ conhecer internamente os dilemas ¢ questbes enfrentados pal atores sociais. Destacam-se, por fim, os argumentos metodolgicos: a entrevista de tipo qualitativo se imporia entre as “ferramentas de informagao” capazes de ‘cidar as realidades sociais, mas, principalmente, como instrumento privilegia ide acesso A experiencia dos atores. Deve-se certamente observar que esses trés pos de argumentos se aplicam igualmente ao conjunto dos métodos abordé-los aqui me parece indispensével para compreender os méltiplos usos que se pretende fazer das entrevistas. ‘Acandlise das realidades socicis segundo a perspectiva dos atores sociats Voltemos primeiramente ao argumento de tipo epistemol6gico. O-uso dos todos qualitativos e da entrevista, em particular, foi e ainda hoje € tido como us ‘meio de dar conta do ponto de vista dos atores sociais ¢ de considera-to para cow preender e interpretat as suas realidades, As condutas sociais nio poderiam st Compreendidas, nem explicadas, fora da perspectiva dos atores socials, A entrevst lispensiivel, no somente como método para aprender a expe- ‘dos outros, mas, igualmente, como instrumento que permite elucidar suas cond ‘em que estas 36 podem ser interpretadas, considerando-se a propria petspeciva dos atores, ou sea, o sentido que eles mesmos conferem as Fis agbes.Sabe-se o quanto esse arguinento fol fundamental, 1a sociologia amet ‘ana, pata justficar 0 recurso aos métodos qualitativos. Dentre os exemplos mais “quentemente citados, ha, evidentemente, ‘Thomas (1923), em razao da impor- ela que ele atribui a consideragao da maneira pela qual os atores definem sua si- aucao. Deve-se também mencionar Mead (1934) e Blumer (1969) e, em sua linha- gem,osinteracionistas, que também insistem na necessidade deexplorar o sentido fueosatores dio as suas agdes. Poder-se-ia, por fim, acrescentar os tnometodolo- sas, fa que eles buscar, no prolongamento dos trabathos de Garfinkel (1967), Jpreender as categorias do senso comum e explorar a maneira como os atores snstroem sua realidade, ao longo de suas atividades cotidianas. Essa posicdo epistemol6gica encontra sua contrapartida no plano metodologi- co, Para apreender as realidades segundo 0 ponto de vista dos atores sociais, é pre ko ainda um método que o permita, E com base em tal argumento que os socidlo- gos da Escola de Chicago, e, em sua continuidade, os interactonist icam 0 curso a0s métoclos qualitativos (POUPART, 1979-1980). Assim, conforme o su- ggriam Park (cf. BRESLAU, 1988) e Becker e Geer (1957), misturar-se as ativida- janas dos atores, com a ajuda da ebservacao patticipante, constitui o me- io de perceber suas préticas e interacdes, como também de interrogé-los durante aacao. Por sua vez, Thomas preconizava analisar a corespondéncia priva- da, a5 autoblografias ¢ 05 diérios fntimos, insistindo no fato de que estes materiais, cotrem menos risco de ser “contaminados” pelo pesquisador ~ conduta esta que, , permite assim apreender diferentes dimensdes, como as atitudes € os valores. Finalmente, ha uma opinido amplamente divulgada na maioria das tradi- jologicas, segundo a qual o recurso as entrevistas, malgrado seus limites, continua senco um dos melhores meios para aprender o sentido que osatores dao issuas condutas (os comportamentos no falam pot st mesmos), a maneira como les se representam o mundo ¢ como eles vivern sua situacio, com os atores sendo jstos como aqueles em melhor postcao para falar disso Esse primeiro tipo de justificativa esta na origem de diferentes indagacdes endo podem ser abstraidas a partir do momento em que se julga tuecessério realizar entrevistas e se pergunta seriamente 0 que se busca ¢ 0 que é possivel dizer e fazer com o material de entrevista ~ uma questio que se coloca, tvidentemente, mesmo para aqueles que se esquecem de propd-la, Um dos temas do debate - no momento, eu deixo de lado o tema preliminar da dificuldade e da possibilidade de reconstituir, utilizando as enitrevistas, o ponto de vista ou a expe- Tiéncia dos atores ~ gira precisamente em tomo da questao de aber se os pontos de vistados atores sao unicamente coisas a descrever ¢a explicar, sem relagio de cau- dade direta com suas proprias condutas. Correntes como estas, que invocam a

Anda mungkin juga menyukai