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Sistema Digestivo dos Ruminantes

Introdução
A peculiaridade dos órgãos digestivos dos ruminantes faz necessário
um profundo conhecimento de anatomia e fisiologia dos processos de
digestão destes animais, bem como do tipo de alimentação adequado à cada
espécie.
 Partículas maiores geralmente geram proteínas de alta qualidade.
 Sua mastigação ocorre em duas etapas.
 Possui pré-estômagos: rumem, retículo e omaso. O compartimento
rumem-retículo é o responsável pela fermentação dos alimentos verdes
(volumoso), tendo capacidade de 200 litros. A fermentação do volumoso
ocorre graças a ação de bactérias, protozoários e fungos saprófitas, que além
de favorecerem a digestão do verde, são uma importante fonte de proteína
para o ruminante.

O sistema digestivo dos ruminantes se divide em:


 Vias digestivas anteriores: boca, faringe e esôfago;
 Pré-estômagos: retículo, rumem e omaso;
 Abomaso (estômago químico);
 Intestinos: delgado e grosso (com fígado associado).
Semiologia
 Histórico e exame geral
Buscar por informações tradicionais e dados sobre a alimentação do
animal: é importante saber o tipo de alimentação que o animal está tendo e se
é apropriada para a espécie, para a idade e atividade física. Verificar a
composição do alimento (qualidade), quantidade e a forma em que é
administrado (freqüência e horário).
Identificar se há alterações de apetite: anorexia, hiporexia, parorexia.
Se há sinais espontâneos de dor, como cólicas, e examinar as mucosas
(se estão com hidratação e coloração normais podem apresentar icterícia,
cianose).
Localizar anatomicamente o local da disfunção, verificar a gravidade
dos sintomas e intensidade do problema. Se forem vários sintomas, identificar
a cronologia (ordem em que ocorreram ou ocorrem) dos diferentes sintomas
detectados e a freqüência com que aparece cada um deles.
Em caso de vômitos identificar o tipo: têm relação com a ingestão de
alimentos – se estão sendo expulsos digeridos, semi-digeridos ou sem serem
digeridos. Verificar se o vômito ocorre após a ingestão de alimentos, ou
mesmo sem ingestão. Se alguns alimentos causam vômitos e outros não. Em
diarréias, verificar a consistência, coloração, odor e freqüência, além de
presença de vermes.
Observar sintomas concomitantes, como lesões de mucosa, pele, febre,
micção, alteração de linfonodos, cólicas, etc.

 Vias digestivas anteriores - Verificar:


Apreensão dos alimentos: em pequenos ruminantes se dá por
movimento labial, enquanto nos grandes ruminantes é com a língua.
Mastigação e deglutição: checar se o apetite do animal está normal
(normorexia), caprichoso (hiporexia) ou alterado (parorexia - é uma perversão,
ou seja, a ingestão de elementos estranhos como terra, parede, fezes; pode
ocorrer por lesão no SNC ou processos carenciais - deficiência mineral).
Ingestão de água: a água é muito importante. O ruminante precisa
ingerir de 25 a 80 litros de água por dia, variando de acordo com as condições
climáticas (dias de sol forte aumentam a necessidade de água) e com o tipo de
alimentação que está sendo ingerida (alimentos suculentos diminuem a
necessidade de ingestão de água). Algumas alterações de saúde (como
insuficiência renal e diarréia, que aumentam a necessidade de ingestão de água)
ou características da espécie (vacas leiteiras necessitam de maior ingestão de
água) também influem na necessidade diária deste líquido tão precioso. Ao
examinar a qualidade da água que está sendo ingerida pelo animal, verificar
também a temperatura, pois se estiver muito fria ou quente o animal não irá
ingerir a quantidade suficiente, além de causar distúrbios alimentares.
Ruminação: os animais iniciam a ruminação com 2 a 3 semanas de
idade. Ela começa entre meia hora a uma hora e meia após a ingestão do
alimento. A função da ruminação é quebrar as fibras grossas do alimento em
fibras menores, além de regular o pH do suco ruminal (teor de carbonato e
fosfato da saliva). A mastigação pode ser superficial (devagar, leve – engole
fibras mais grossas, dificultando a ruminação), interrompida (mastiga, pára,
mastiga e pára) ou ausente. O normal é o animal ter entre 40 e 70 mastigações
em 45 a 60 segundos. As regurgitações são patológicas, causadas por
distúrbios da ruminação. Os distúrbios da ruminação podem se originar na
região da boca, do esôfago ou dos pró-ventrículos. Podem ocorrer também
por doenças graves localizadas fora dos órgãos digestivos. Na análise da
ruminação observa-se o início, o número, a duração dos períodos de
ruminação, a quantidade, o tempo e o tipo de mastigação. Em 24h o animal
deve fazer de 6 a 8 ruminações, tendo uma média total de 7h/dia.
Fermentação ruminal: produz em média 600 litros de gás por dia, que
são eliminados pela eructação. Se não eructar (arrotar) causa timpanismo.
Eructação é a expulsão reflexa dos gases (produzidos durante os processos
fermentativos nos pró-ventrículos) pela boca e pelas narinas. A freqüência
depende do tipo da alimentação: verde – 60 a 90 por hora; feno – 15 a 20 por
hora.
Salivação: o ruminante produz em média 200 litros de saliva por dia.
O aumento da salivação (aumento da secreção de saliva - ptialismo) leva á
sialorréia. Aptialismo é a ausência de produção de saliva. Hipossialia é a
diminuição da produção de saliva. A atropina pode causar hipossialia.
Exame da cavidade oral: faz-se a inspeção abrindo a boca do animal
com as mãos ou com auxílio do “abre-bocas”. Usa-se um espéculo para
auxiliar o exame e também avalia-se o odor oral. Observar os músculos
mastigatórios, a cavidade oral (língua, dentes, palatos e mucosas), a faringe
(presença de tumor, corpo estranho, obstrução – frutas, vegetais) e glândulas
salivares (obstrução, fístula, rompimentos).
Esôfago: possui entre 110 a 125cm, sua porção cervical se localiza
dorsalmente a traquéia, em seguida segue à esquerda para voltar novamente a
ficar dorsal à traquéia. Sua porção torácica também se localiza dorsal à
traquéia. Apenas a porção cervical é acessível à inspeção e palpação externa,
mas todo esôfago pode ser palpado e inspecionado de forma indireta por
meio de sondas esofágicas e endoscópio. Verificar (por palpação) presença de
corpos estranhos causando obstrução ou tumores. Observar se há
deformidades como a presença de um divertículo (pode ser congênito ou
adquirido e só se resolve com cirurgia) ou megaesôfago (é uma dilatação do
esôfago, geralmente congênito, sendo mais comum em filhotes - o animal
come e sofre refluxo, pois o esôfago perde a motilidade com a dilatação).

 Região abdominal
Com o desenvolvimento do animal ocorrem mudanças na proporção
dos órgãos: Com 1 mês de idade a relação Rumem x Abomaso é 1:2; com 3
meses é de 2:1; e no adulto é de 9:1. Isso ocorre porque o filhote se alimenta
praticamente apenas de leite, sendo este digerido no abomaso. O filhote
possui uma particularidade em seu trato gastrintestinal que é a goteira
esofágica (um sulco que leva o leite direto até o abomaso, sem que este fique
no rumem e sofra fermentação). Conforme vai ingerindo volumoso, necessita
da ruminação e com isso o rumem vai se desenvolvendo.
O rumem se localiza do lado esquerdo, tendo um volume de 150 litros.
Seu limite anterior segue uma linha que vai do 11º espaço intercostal (EIC), na
parte dorsal, até o 7º EIC na parte ventral do abdome.
O retículo fica apoiado na cartilagem xifóide entre o 5º e o 7º EIC,
projetando-se para ambos os lados, sendo mais proeminente no lado
esquerdo.
O omaso se localiza entre o 7º e o 9º EIC no 1/3 médio do lado
direito.
O abomaso fica entre o 7º e o 11º EIC no 1/3 inferior do lado direito.
O fígado está localizado na parte superior do lado direito, entre 11º e
12º EIC, adjacente ao bordo caudal do pulmão.

Técnicas de exame:
Na inspeção abdominal verifica-se a simetria e aumentos de volume. Se
o ventre estiver aumentado pode ser por ascite ou timpanismo.
Na palpação verifica-se a sensibilidade (ruminantes – principalmente
bovinos – possuem limiar da dor alto, sendo mais difícil de detectar a dor), a
forma e a mobilidade de órgãos e zonas, bem como sua superfície
(identificando nodulações) e situação (avaliação do conteúdo visceral - se
cheio, em movimentação, com gases, etc.). A palpação pode ser superficial
(localização dos órgãos) ou profunda (se há tumor, verificar a consistência).
Nos grandes ruminantes pode-se fazer palpação retal.
No rumem examina-se o grau de plenitude: se estiver vazio estará
côncavo; se estiver normal estará tenso; se estiver cheio em excesso estará
protuberante. Na auscultação verifica-se os movimentos ruminais. Podem ser
verificados em dois minutos (de 2 a 3 ruídos ruminais – bolo alimentar se
movimentando) ou em cinco minutos (de 7 a 10 movimentos ruminais).
No retículo pode-se fazer palpação de forma indireta, com bastão de
madeira ou pinçamento de cernelha.
Percussão - pode ser usada para avaliar o conteúdo das vísceras e
pesquisar sensibilidade e para delimitação topográfica destas vísceras.
 Sons maciços e submaciços na porção ventral e medial.
 Região hepática – som maciço.
 Vazio do flanco – sons timpânicos.
Auscultação:
 Rumem: creptação constante.
 Omaso: creptação discreta.
 Abomaso e intestinos: ruídos de borborigma (movimentos peristálticos
– presença de gases e líquidos). É um som constante.
Auscultação + percussão: diagnóstico de deslocamento de abomaso:
“pings” abdominais.

 Exames complementares
Suco de rumem: coletado com sonda esofágica (se a sonda chegar ao
rumem já significa que não há obstrução). O suco ruminal é muito
importante, pois é que determina a normalidade e a eficácia da ruminação.
Análise:
 Cor – depende da alimentação: feno – verde oliva à verde-
acastanhado; pastagem – verde escuro; silagem ou grãos – castanho-
amarelado.
 Odor – característico (adocicado).
 Consistência / aspecto – ligeiramente viscoso, podendo apresentar-
se aquoso (indigestão simples; acidose lática rumenal), com espuma
(timpanismo espumoso) ou muito viscoso (excesso de saliva, desidratação).
 pH – 5,5 a 7,0. Se o pH estiver muito ácido é provável que esteja
ocorrendo refluxo do abomaso.
 Protozoários – devem estar vivos.
 Coloração de Gram – para verificar a presença de bactérias (uma
pequena quantidade é o normal).
 Sedimentação e flutuação – é um teste para verificar se o suco está
ativo. Deposita-se o suco em um frasco e aguarda-se por alguns minutos. Se
estiver normal, ocorrerá sedimentação rápida das partículas mais finas e
flutuação das mais grosseiras, separando o líquido em 3 fases: sedimento,
líquido e flutuante. Esta separação deve ocorrer em no máximo 10 minutos.
Se estiver inativo (ex: acidose lática rumenal), a flutuação e a sedimentação
serão retardadas.
 Azul de metileno – coloca-se 0,1ml de azul de metileno para 20ml
de suco ruminal e aguarda-se por 4 minutos. Se o azul de metileno
desaparecer logo, o suco está normal (ativo). Se não desaparecer ou demorar
muito (mais de 10 minutos), significa que o suco está inativo. As bactérias e os
protozoários do suco é que consomem o azul de metileno.

Outros exames complementares que podem ser feitos são:


 Laparo-ruminotomia exploradora;
 Detector de metais (identificar presença de corpo estranho);
 Punção abdominal (paracentese);
 Exame de fezes.

Manifestações de Doenças do Trato Gastrintestinal


O exame semiológico do animal permite diagnosticar enfermidades nos
diversos órgãos e alterações relacionadas com a função digestiva.
O aparelho digestivo é constituído por um conjunto de órgãos onde se
efetua a digestão, sendo composto pelo tubo digestivo e órgãos anexos.
Tubo digestivo: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e
intestino grosso.
Órgãos anexos: glândulas salivares, pâncreas e fígado.
Há diferenças entre o tubo digestivo dos animais, principalmente entre
monogástricos e poligástricos, onde os poligástricos possuem pré-estômagos
(rumem, retículo e omaso). Outra diferença é nos eqüinos, que possuem um
ceco muito desenvolvido.
É importante saber a localização destes órgãos, já que em casos de
contenção animal e derrubamento devemos deixar bovinos com o lado
esquerdo virado para cima, pois é onde se localiza o rumem, evitando o
surgimento de timpanismo. O mesmo se dá com os eqüinos, que devem ficar
com o lado direito para cima, pela localização do ceco.
A digestão é um processo físico-mecânico (pelos movimentos do tubo
digestivo, que maceram e encaminham o bolo alimentar) e químico (pelas
secreções digestivas – HCl, pepsina, bile, suco pancreático, etc.).

Formas de manifestações de doenças


Doenças do sistema digestivo podem se manifestar de várias formas:
 Distúrbio na apreensão: a apreensão dos alimentos varia de acordo
com a espécie. Os solípedes (eqüídeos) e pequenos ruminantes usam os lábios.
Os bovinos e suínos usam a língua. Os carnívoros usam os dentes. Alterações
na apreensão podem ser causadas por: imobilidade da mandíbula,
modificações no psiquismo (causa permanência do alimento na boca),
afecções nos lábios, defeitos nos incisivos, afecções das vértebras cervicais,
deficiência de visão ou olfato.
 Salivação excessiva: o aumento da salivação leva á sialorréia.
 Vômito: é a ejeção forçada de alimento (digerido ou não) pela boca a
partir do estômago e, às vezes, da parte proximal do duodeno. É um processo
ativo (há controle sobre o vomitar). Pode levar a desidratação, desequilíbrio
ácido-base (leva a alcalose pela perda de HCl), pneumonia por aspiração. Faz-
se diagnóstico diferencial com disfagia, tosse e regurgitação.
 Regurgitação: é uma expulsão de alimento não digerido, na maioria
das vezes sem esforço e não leva a desidratação. É um processo passivo (não
há controle sobre a regurgitação). Comum em casos de megaesôfago,
esofagite e corpo estranho.
 Distúrbio na deglutição: disfagia – dificuldade de engolir. É
importante verificar a causa, pois serve como diagnóstico diferencial para
várias doenças. Pode ser causada por: paralisia da faringe, paralisia da língua,
ferimento na base da língua, corpo estranho e tumores, entre outras causas.
Toda vez que o animal apresentar dificuldade para engolir o alimento, este
pode tomar a direção errada, indo parar na traquéia, podendo causar
pneumonia por aspiração (presença de corpo estranho no pulmão). Quando o
animal apresentar distúrbio na deglutição, a primeira hipótese a se questionar é
que seja obstrução esofágica. Caso não seja, a segunda hipótese a se pensar é
que seja uma lesão motora dos músculos. A terceira hipótese é que seja por
alimentos de difícil deglutição. E a quarta hipótese mais provável é que seja
esofagite. Um teste diagnóstico clássico é o feito com água: se o animal não a
deglutir pode ser por obstrução ou carcinoma.
 Anomalias da mastigação: a mastigação está ligada à salivação. É
lenta e superficial em casos de estomatites, afecções dentárias, abscessos e
lesões na língua (leva a dificuldade de motilidade da mesma). A mastigação
torna-se impossível nos casos de trisma mandibular (o animal trava os dentes
e não abre a boca – sinal patognomônico do tétano), fratura de mandíbula e
paralisia dos músculos mastigatórios. Distúrbios do SNC também levam a
alterações na mastigação.
 Distensão abdominal: pode ocorrer por obstrução, cólicas,
timpanismo, ascite.
 Má condição corpórea / diminuição na eficiência: comum em
cavalo senil, “boca lisa” (cavalo que perde os dentes), animais com distúrbio
na apreensão de alimentos além de outras doenças.
 Alteração no aspecto das fezes: sempre levar esse aspecto em
consideração ao analisar o sistema digestivo de um animal.
 Dor: observar a expressão facial do animal. Oferecer algum tipo de
alimento e observar todo o processo de deglutição, mastigação e digestão para
verificar se há alguma anomalia nestes processos.
 Halitose: hálito com cheiro de uréia. Característico de lesão oral. A
uremia provoca aftas, que por sua vez causam a halitose.

Dentes – verificar:
 Irregularidade no desgaste;
 Fraturas ou fissuras: podem ocorrer quando há pedaços de parafuso
ou outro tipo de metal na ração.
 Periostite alveolar (piorréia): pouco comum, mas pode ocorrer.
Geralmente é proveniente do açúcar da ração.
 Hiperplasia de palato: conhecida como Travagem. O principal
sintoma é o emagrecimento progressivo. As causas podem ser fisiológicas
(troca de dentes) ou patológicas (ingestão de alimentos muito fibrosos – causa
física-mecânica). Neste caso o tratamento pode ser cirúrgico (cautério – com
anestesia). Oferecer ao animal apenas alimentos macios.

Doenças infecciosas
 Febre aftosa: zoonose. Causa lesões na boca (aftas) e no espaço
interdigital (costuma atingir animais de cascos fendidos), podendo lesionar
mamas e tetas. Pode ser confundida com estomatite vesicular. É um vírus (na
verdade são quatro tipos de vírus) de fácil controle, pois a vacina é altamente
eficaz, porém não é uma doença controlada no Brasil. Ovinos e caprinos
servem como sentinelas da doença, pois a armazenam e não são vacinados.
 Estomatite vesicular: os sinais clínicos são o aparecimento de aftas,
vesículas, bolhas, desprendimento do epitélio, áreas ulceradas em “carne-viva”
na língua e nos lábios, salivação, manqueira (também causa lesões nos cascos),
febre e anorexia. Facilita a transmissão via mucosa oral, pois as vesículas são
ricas nestes vírus.
 BVD: imunodeficiência bovina. Retrovírus semelhante ao HIV
humano.
 IBR
 Candidíase

Outras causas de distúrbios digestivos


 Obstrução de glândulas salivares: ocorre por deposição de sais de
cálcio nos ductos das glândulas.
 Miopatia do músculo masseter: causada por pancadas ou deficiência
de selênio.
 Neoplasias: comumente causadas em ruminantes por ingestão de
Pteridium aquilinum – samambaia. Tem efeito tóxico acumulativo e cancerígeno.
Causa carcinoma epidermóide, cistite hemorrágica e anemia plásica.

Indigestão em Ruminantes
Acontece por alguma deficiência no processo digestório. Pode ocorrer
por deficiência de vitamina B (porém é muito difícil) e também por deficiência
motora no rumem.

Importância
Energia, equilíbrio de aminoácidos essenciais e vitaminas.

Classificação
 Indigestões Primárias – distúrbios motores:
 Reticuloperitonite traumática;
 Timpanismo espumoso;
 Timpanismo por gás livre;
 Reticulite/ruminite;
 Indigestão vagal;
 Obstrução da cárdia;
 Obstrução do orifício reticulomasal.

 Indigestões Primárias – distúrbios fermentativos:


 Indigestão simples;
 Acidose láctica rumenal aguda;
 Acidose rumenal crônica;
 Alcalose rumenal – geralmente causada por intoxicação por uréia.

 Indigestões Secundárias – secundárias a enfermidades sistêmicas:


 Toxemia – febre e depressão que produzem anorexia, hipomotilidade
rumenal secundária e queda na função fermentativa rumenal.

Fisiologia da seqüência de contrações


1. Ciclo primário de contração: 1x por minuto. Contração bifásica do
retículo → contração que se desloca caudalmente pelo saco rumenal
dorsal → saco rumenal ventral. 2ª contração reticular → orifício omasal
relaxa → líquido passa para o omaso.

Este padrão de motilidade influencia diretamente a fermentação do


rúmen:
 Por misturar o material ingerido;
 Impede o acúmulo de substâncias ou produtos finais da fermentação;
 Distribui a saliva tamponante;
 Promove o maior contato do líquido com a parede rumenal;
 Estratificação de líquido e matéria particulada.

2. Ciclo secundário: Sacos cegos caudais → e a onda de contração


avança cranialmente pelo rumem dorsal → empurrando a “cúpula”
gasosa para a região da cárdia → eructação. Este ciclo ocorre
tipicamente após 2 ciclos primários, de modo que 3 contrações
ocorrem a cada 2 minutos.
 Centros gástricos da medula integram as informações sensitivas e geram
impulsos motores e as manifestações são conduzidas pelos nervos vagos.

Fisiologia da Ruminação
 Ruminar: É um reflexo iniciado pela estimulação de receptores na mucosa
do retículo – rumem. Ciclo composto por 4 fases:
 Regurgitação;
 Remastigação;
 Reinsalivação;
 Redeglutição.

 Regurgitação de um bolo de massa alimentar → movimento respiratório


com a glote fechada → cavidade torácica aumenta seu volume sem que os
pulmões se inflem → pressão intrapleural diminui → maior diminuição do
espaço do mediastino e nos órgãos localizados em seu interior → cárdia abre-
se devido à pressão + diminuição no interior do esôfago → peristaltismo
reverso é iniciado no esôfago → massa alimentar rapidamente é carreada pela
boca → bolo regurgitado na boca → espreme o líquido dele e deglute →
remastigação + reinsalivação → deglutição da saliva (2 a 3 vezes).

Química e microbiologia do Rumem


A fermentação ocorre no rúmen e retículo por ação de bactérias (80%)
e protozoários (20%). A maioria das bactérias são anaeróbicas e produzem
Ácidos Graxos Voláteis.
 Ácido acético – 60 a 70%;
 Ácido propiônico – 15 a 20%;
 Ácido butírico – 10 a 15%;
 CO2 e Metano.

População microbiana dos pré-estômagos


Dividem-se de acordo com o grupo fermentativo:
 Grupo das celulolíticas ou proteolíticas:
 CHO, celulose, hemicelulose, pectina, amido e açúcares.

 Grupo das amilolíticas:


 Produtos do grupo 1: pentoses, succinato e glicose.

Alimento Conteúdo Ruminal Efeito Sobre a


saúde
Forragem primária de pH = 6 – 7, AGV 60 a 120 Normal, sadio,
elevada qualidade, com mmol/L produtivo
longo comprimento da
fibra. Fibra crua com Ac.
menos de 18% da acéticopropiônicobutírico
matéria seca; com
suplementação de
concentrado na base
de 20 a 105 da
ingestão total, nível de
proteína moderado.
Excessiva forrageira de pH = 6.5 – 7, AGV Baixa produção ou
baixo valor nutritivo diminuído, queda na crescimento,
(corte tardio), com atividade microbiana inatividade da
pouca suplementação microflora e
com concentrado ou compactação rumenal,
proteína. desnutrição causada
por deficiência de
proteína, energia,
minerais e vitaminas.
Elevado nível de pH 5 – 6.5, Aumento no Elevada produção,
alimentos AGV, aumento na atividade rápido crescimento,
concentrados ( 60%) microbiana possível acidose
com redução das rumenal crônica,
forragens e/ou depressão da gordura
comprimento da fibra. do leite, laminite
crônica, cetose,
condição de gordura
excessiva.
Nível extremamente pH 4 – 5.5, aumento no Acidose Rumenal
elevado de AGV, ácido láctico Aguda.
concentrados aumentado.
subitamente, baixa
ingestão de forrageiras
Níveis normais de pH 6.5 – 7.5, AGV Alcalose rumenal,
ingestão de forrageiras, reduzido, aumento da possível toxidez pela
concentrados ricos em amônia uréia.
proteína, ou
suplementação com
uréia.

Timpanismo Ruminal
Definição: Presença de gás no rumem (causa dilatação no flanco
esquerdo do abdome). O conteúdo rumenal divide-se em três camadas:
 Camada superior - gás.
 Camada média - material fibroso (sólido).
 Camada inferior - líquido com material em fermentação (libera gás que
devido ao movimento secundário do rumem – crânio-caudal – irá subir, sendo
excretado na eructação).

Etiologia
Timpanismo espumoso - raro nos trópicos:
Ocorre quando o animal ingere leguminosas (ex: alfafa, trevo vermelho,
trevo branco) ou pastagem de trigo (industrializada não causa problemas) que
formam espuma no rumem, impedindo a união das bolhas de ar e a sua
expulsão pelo movimento secundário do rumem. O gás fica preso, não
permitindo a sua estratificação normal.
Timpanismo por gases livres - alimentação:
Causado por dietas que levam à produção excessiva de gases e
concomitantemente ao baixo pH ruminal (excesso de alimentação rica em
concentrados - alimentos que fermentam excessivamente).
Timpanismo por gases livres - eructação:
Causado pela ausência de eructação devido a causas extra-ruminais de
acumulação gasosa (por exemplo: obstrução esofágica, anestesia em animal
sem jejum, imobilização por muito tempo).

Sinais Clínicos
 Grau de dilatação variável – pode estar discreto, sendo quase
imperceptível.
 Sintoma de cólicas – menos intenso do que no cavalo (que pode até
morrer de dor). O ruminante fica prostado, apático, olha para o flanco,
apresenta respiração ofegante. O rumem com timpanismo pressiona demais as
vísceras, causando dor.
 Postura estirada – assume essa postura na intenção de distender o
abdome abrindo espaço para as outras vísceras.
 Respiração laboriosa
 Respiração com boca aberta – angústia aguda
 Membranas mucosas cianóticas – a distensão do rumem comprime
a área do diafragma e do coração.
 Colapso – morte em 24h no máximo.

Diagnóstico Diferencial
 Prenhez avançada – o timpanismo dilata o abdome muito mais no
lado esquerdo e não em ambos, como na prenhez.
 Condições hidrópicas do útero – presença de muco uterino.
 DAE e DAE – deslocamento do abomaso à direita e a esquerda.
 Síndrome da indigestão vagal – deficiência do nervo vago, levando a
hipofuncionalidade dos pré-estômagos.
 Ascite – é mais ventral, o timpanismo tem localização mais dorsal e a
esquerda.
 Peritonite difusa – geralmente causada por rompimento do útero ou
de alça intestinal. Também produz gás dentro do abdome (pelas bactérias
anaeróbias), causa distensão do abdome e na ausculta não se identifica o som
das vísceras, apenas som timpânico.

Patologia Clínica
 Coleta de suco ruminal – sonda orogástrica (em eqüinos é
nasogástrica).
 Se a sonda não passar – existe obstrução.
 Se passar, mas não sair gás – provavelmente é timpanismo espumoso.
 Se sair gás – timpanismo por gases livres (sairá 60-70% do gás).
 Presença ou ausência de espuma – pode definir a etiologia.
 pH (6 - 6.8) – dependendo da alimentação.

Fisiopatologia
 Processo auto-perpetuante – depois de instalado, não se resolve
sozinho.
 Inibição reflexa da motilidade
 Receptores de estiramento de baixo limiar – aumentam as contrações
cíclicas dos pré-estômagos e com o tempo perde o estímulo de
contratibilidade.
 Estimulação dos receptores de estiramento de elevado limiar – leva a
inibição da motilidade.
 Certo grau de estiramento da parede ruminal: As subseqüentes
contrações são impedidas.

Timpanismo espumoso – nos trópicos é mais raro, pois as pastagens


não são de leguminosas.
 Retenção de gases da fermentação dentro da massa de material ingerido
– os gases que se formam não conseguem subir, ficando presos no líquido
ruminal: A tendência dos AGV’s é subir, formando os gases. As pequenas
bolhas costumam se unir, formando bolhas maiores que saem com a
eructação. Quando há formação da espuma (conteúdo espumoso), esta
impede que o gás formado suba, mantendo-o preso no líquido ruminal,
levando a distensão do rumem.
 Os gases não conseguem ascender e formar uma camada gasosa dorsal
– portanto não saem com a eructação.
 Causado por dietas de leguminosas vistosas (recém cortadas: alfafa,
feno de alfafa, trevo vermelho e trevo branco – as industrializadas não) ou de
pastagens de trigo no inverno.
 Presença da ingesta espumosa impede o relaxamento reflexo da cárdia
durante as contrações secundarias que levariam a eructação.

 Tratamento:
 Medicamentos à base de dimeticona e siliconados (blotrol, timpanil,
panzinol, luftal e rumenol).
 Drogas que aumentem o peristaltismo, para expulsar o conteúdo que
está gerando o timpanismo: metoclopramida (plasil), fibrostigmine,
pilocarpina. Sua eficiência é lenta. Cuidado com seu uso, pois estimulam o
SNC, podendo excitar o animal.
 Ruminotomia e limpeza manual (esvaziar o conteúdo) são processos
cirúrgicos, acompanhados de anestesia. Usados em casos mais graves.
 Trocater não funciona neste caso, pois apenas elimina os gases livres, e
neste caso os gases estão presos na espuma.

Timpanismo por concentrado


 Sintomas similares aos causados por ingestão de leguminosas.
 Causado pelo uso de rações ricas em concentrados, leva ao timpanismo
por gases livres.
 O pH ruminal fica mais baixo (acidose).
Timpanismo por gases livres
 Ocorre após o consumo maior de concentrado do que aquele já
adaptado ao animal.
 Fermentação leva a produção inicial de elevadas concentrações de
AGV´s (ácidos graxos voláteis) e o pH ruminal cai para menos de 5.3.
 Produção de acido lático.
 A velocidade de produção de AGV´s e acido lático pode exceder a
capacidade de absorção.
 O ácido lático é fracamente absorvido pelo rumem em comparação
com os AGV´s.
 Elevadas concentrações de AGV´s e acido lático indissociados e o
resultante pH baixo, inibem reflexamente as contrações cíclicas.
 Leva ao acúmulo de gases.

Causas extra pré-estomagos


 Obstrução do esôfago.
 Timpanismo postural – animal que fica preso por muito tempo
(imobilizado).
 Hipocalcemia – leva a deficiência na contratilidade muscular com isso a
musculatura rumenal e intestinal ficam hipotônicas e sem motilidade.
 Dor – leva a hipotonia de rumem.
 Anestesia geral.
 Medicamentos – a xilazina é um dos medicamentos mais acusados de
causar timpanismo.

Acidose Ruminal Aguda


Definição: Aumento repentino da acidez ruminal (queda no pH pela
produção de AGV’s e ácido lático), normalmente relacionado a alimentação.
Leva a morte em 24h no máximo, se não tratar. Também chamada de Acidose
Lática Ruminal.

Ocorrência
Ingestão excessiva e abrupta de alimentos ricos em carboidratos e
proteínas, que sejam prontamente fermentáveis (milho, concentrados).

Fisiopatogenia
Uma alimentação normal, baseada em volumoso (verde), promove um
pH ruminal entre 6 e 7. Aumentando a quantidade de carboidratos e proteínas
da dieta, aumenta a produção de AGV’s, que em quantidades normais são
absorvidos e sofrem gliconeogênese no fígado.
Quanto mais carboidratos e proteínas o ruminante ingerir, maior a
fermentação (formando gases) e mais ácido fica o pH (pela formação de
AGV’s e ácido lático). Ocorre uma modificação na flora ruminal, levando a
proliferação de microrganismos mais adaptados ao novo pH. Com isso ocorre
modificação na fermentação, levando a produção excessiva de gases, aumento
da temperatura, os ácidos levam à transtornos de mucosa (fica espessa,
enegrecida e pode ficar ulcerada) - facilmente identificáveis na necropsia.
Acaba causando acidose sistêmica e o animal tenta compensar
hiperventilando. Causa dilatação das alças intestinais, que aumentam o
peristaltismo.

Obs: os bezerros possuem a goteira esofágica, que leva o leite direto para o
abomaso, evitando sua fermentação no rumem. Se administrar ração ao
bezerro e logo em seguida ocorrer a mamada, o leite acabará ficando retido no
rumem, levando a fermentação excessiva e ao timpanismo.
Sinais Clínicos
 Dor.
 Prostração e apatia.
 Aumento de volume abdominal.
 Mucosas desidratadas e cianóticas – grau de desidratação severa.
 Processo inflamatório.
 Tempo de coagulação aumentado.
 Freqüência respiratória (dispnéia) e cardíaca muito aumentadas.
 Hipertermia – a troca de calor no ruminante é respiratória e fica
dificultada pela dispnéia.

Patologia Clínica
Análise do liquido ruminal:
Cor: A cor do liquido ruminal varia de acordo com o alimento
oferecido aos animais:
 Feno: verde-oliva à verde-acastanhado
 Pastagem: verde –escuro
 Silagem/grãos: castanho-amarelado
 Estase ruminal - leva à decomposição da ingesta: negro-esverdeada
 Acidose: verde-leitoso.
Consistência: A consistência característica do liquido ruminal é
ligeiramente viscosa. Caso esteja inativo terá consistência aquosa. Uma
eventual contaminação por saliva durante a coleta aumenta a viscosidade.

Odor: O odor do líquido ruminal é considerado “aromático”.


Alterações desta característica indica inatividade da flora.
 Odor pútrido: material protéico em decomposição
 Odor ácido: acidose lática
 Odor de amônia: intoxicação por uréia

pH: O pH do liquido ruminal varia de acordo com a composição da


dieta a qual os animais são submetidos, sendo em dietas compostas por
forrageiras de 6 a 7 e em dietas compostas com alimento fibroso e cereais
entre 5,5 e 6,5.

Sedimentação/Flotação: Este método constitui-se em um modo


grosseiro de avaliação de atividade da microflora ruminal, porém de utilidade
relevante em nível de campo. O liquido deve ser filtrado e colocado em um
tubo logo após a coleta e, em condições normais, dentro de 4 a 8 minutos, as
partículas finas tendem a se sedimentar.
Teste de redução do azul de metileno: Este método avalia
indiretamente o metabolismo fermentativo das bactérias e tem relação com a
composição da dieta. Coloca-se 0,1ml de azul de metileno para 20ml de suco
ruminal e aguarda-se por 4 minutos. Se o azul de metileno desaparecer logo, o
suco está normal (ativo). Se não desaparecer ou demorar muito (mais de 10
minutos), significa que o suco está inativo. As bactérias e os protozoários do
suco é que consomem o azul de metileno.

Microscopia: Analise do líquido ruminal.

Achados de necropsia
Verificar o rumem. Em casos de timpanismo, a mucosa ruminal estará
descolando facilmente da muscular, se encontrará espessada, com sua
coloração enegrecida e ulcerada.

Diagnóstico
 Sintomatologia clínica.
 Histórico do paciente.
 Patologia clínica do líquido ruminal.

Prognóstico
Dependerá do tipo de timpanismo, do quanto o animal ingeriu e da
prontidão do atendimento. Se for por ingestão excessiva de grãos é ruim.
Tratamento
 Sonda ou trocater - para aliviar a pressão. Emergencial em casos de
timpanismo por gases livres. Em seguida deve-se higienizar o local e cobrir
com curativo para evitar infecção.
 Fluidoterapia
 Ruminotomia – indicada em casos mais graves (proceder a retirada do
conteúdo ruminal).
 Transfaunação – transfusão de 10 a 15 litros do fluido ruminal – retira-
se de uma vaca sadia e administra-se na outra, via sonda: sua função é
equilibrar a flora que está alterada. Em fazendas muito grandes é comum
manter uma vaca fistulada para a coleta do líquido ruminal e proceder a
transfaunação.
 Bicarbonato de sódio a 5% em volume de 5 litros de água morna –
paliativo: resolve momentaneamente, mas não soluciona a causa do problema
(pois o conteúdo ruminal continuará a produzir ácidos).
 Hidróxido de magnésio ou hidróxido de alumínio: dose de 1g/kg de
peso vivo diluído em 10 litros de água. São protetores de mucosa, mas não são
muito usados na rotina.
 Carvão ativado por via oral na dose de 2g/kg.
 Antibióticos – para prevenir a contaminação proveniente do trocater ou
da ruminotomia e também para evitar contaminação secundária, pois o animal
teve alteração de sua flora rumenal e está debilitado.
 Antox pó (tiossulfato de sódio + hidróxido de alumínio + acido tânico)
– 100ml diluído em água morna.
 Blo Trol (acetil tributil citrato) – 20 a 30 ml/ animal, diluídos em meia
garrafa de água.
 Ruminol, Panzinol, Timpanzil.
 Metoclopramida, Fibrostigmine, Pilocarpina – aumentam a motilidade
intestinal, esvaziando seu o conteúdo. Com isso proporcionam esvaziamento
do rumem. Podem causar excitação do animal, pois estimulam o SNC, por
isso seu uso não é muito aconselhável.

Obs: Em casos de Angústia respiratória:


 Trocater na fossa paralombar.
 Intervenção cirúrgica – ruminotomia.

Reticulite e Ruminite
Lesões inflamatórias do reticulomem (levam a alterações de mucosa)
são eventos comuns como seqüelas de outras moléstias primárias. As causas
mais importantes são RPT (retículo-peritonite-traumática: causada por corpo
estranho) e acidose láctica aguda. Infecções localizadas produzem inflamação
das paredes destes órgãos e dor na porção anterior do abdome. Ambos estes
fatores inibem a motilidade, o apetite e o fluxo aboral do material ingerido.

Obs: O corpo estranho pode não perfurar o retículo, mas apenas lacerar sua
mucosa. Causando reação inflamatória.

Diagnóstico
Muito difícil. Geralmente só se diagnostica na necropsia, identificando
as alterações de mucosa.

Tratamento
Antibiótico e antiinflamatório.

RPT – Retículo Peritonite Traumática


Ocorre por ingestão de corpo estranho. O corpo estranho ingerido
geralmente se aloja no retículo, levando a perfuração do mesmo (dependendo
do corpo estranho) e afetando órgãos anexos, principalmente peritônio,
diafragma e pericárdio. Pode lesar o fígado e o pulmão, dependendo de para
onde irá se deslocar. Pode ou não levar a um comprometimento sistêmico,
por exemplo: um prego contaminado que perfura o fígado pode levar a
septicemia, pois é um órgão muito vascularizado.
Apesar de a RPT não ser muito freqüentemente diagnosticada (pois
nem sempre fornece sintomas – os bovinos são muito resistentes), a
pericardite por RPT é a lesão circulatória mais estudada em ruminantes. Não é
comum o corpo estranho chegar a perfurar o coração, pois é um músculo
muito vigoroso, em constante trabalho. Geralmente o que ocorre é uma lesão
no pericárdio, causando pericardite. A pericardite leva a efusão pericárdia,
com ausculta. A dor fica localizada no final do esterno.
O ruminante possui muita eficiência em isolar (localizar) uma infecção
abdominal, evitando uma peritonite generalizada. Geralmente a peritonite se
mantém localizada. Mas se não tratada (diagnosticada) acaba se expandindo e
se tornando generalizada.
Ocorrendo a perfuração do retículo, (RPT) é comum ocorrer
aderências entre as estruturas (peritônio, diafragma e pericárdio).

Obs: Vacas leiteiras freqüentemente ingerem corpos estranhos.

Exame clínico
 Percussão dolorosa – feita com martelo de borracha. O animal geme de
dor se houver corpo estranho.
 Pega no dorso – puxa-se a pele do dorso do animal e ele reclama de
dor.
 Bastão – passa o bastão transversalmente no ventre do animal (uma
pessoa pega de cada lado do bastão) e pressiona-se o tórax e o abdome.
Chegando na região do retículo o animal geme de dor.
Além destes três testes específicos para corpo estranho, há também o
detector de metais e o teste da rampa íngreme, que consiste em colocar o
animal para descer em um local íngreme. Os órgãos irão comprimir o retículo
e o animal irá gemer de dor.

Exame laboratorial
 Hemograma (neutropenia com desvio para esquerda).
 Raio X – só se fosse de alta penetração, pois normalmente não atinge o
retículo.

Diagnóstico diferencial
 Peritonite simples;
 Abscessos hepáticos;
 Pericardite infecciosa;
 Ruptura ou obstrução intestinal;
 Deslocamento ou úlcera de abomaso.

Laparotomia
Pode não ser RPT e sim uma torção de alça intestinal, peritonite
simples, deslocamento de abomaso, abscesso hepático (os ruminantes têm
muita propensão a formar abscessos hepáticos, pois os AGV’s formados na
digestão seguem para o fígado – para sofrer gliconeogênese; sobrecarregando-
o em casos de alimentações ricas em carboidratos). Portanto, antes de
proceder a rumenotomia, faz-se uma laparotomia exploratória.
Tentar o acesso à área cardíaca e hepática (em pequenos ruminantes,
pois em grandes é difícil chegar a essas regiões, já que o comprimento do
braço do cirurgião não é suficiente), por fora do rumem. Se não identificar o
problema faz-se rumenotomia para ter acesso ao retículo e retirar seu
conteúdo.

Tratamento
 Antibioticoterapia: largo espectro – tetraciclina, gentamicina,
cefalosporina, penicilina – por 7 a 10 dias no mínimo.
 Antiinflamatório: AINEs.
Obs: A colocação de um imã (com aplicador que o deposita direto no
esôfago) no retículo diminui a incidência de RPT, mas não resolve o
problema. Os objetos metálicos ingeridos ficam aderidos ao imã, mas
dependendo da posição em que se fixarem, podem perfurar o retículo mesmo
assim. Além disso, nem todo corpo estranho é metálico.

Prognóstico
A RPT tem prognóstico obscuro, pois dependerá da resposta do
animal.

Síndrome da Indigestão Vagal ou Síndrome de


Hoflund
Definição
Deficiência do nervo vago por hipofunção ou afunção do nervo, que
pode ser causada por lesão ou compressão.
O nervo vago inerva rumem, retículo, omaso, peritônio, diafragma, etc.
O nervo é altamente ramificado e suas ramificações passam pela parede do
peritônio, podendo sofrer lesões por traumatismos ou na laparotomia
exploratória (comum em suspeita de RPT).

Ocorrência
Não é muito comum. Está relacionado a traumatismo na região
abdominal (flanco) por coices ou chifradas e também pode ocorrer após
cirurgia de laparotomia exploratória, onde pode-se lesar ramificações do nervo
ou causar um processo inflamatório perineal, que leva a compressão dessas
ramificações, impedindo a passagem de impulso.

Fisiopatogenia
Leva a hipofuncionalidade dos pré-estômagos, mais raro à
afuncionalidade, pois como o nervo vago tem muitas ramificações, é difícil
lesionar todas.
1. Falha no transporte omasal – impede o fluxo da ingesta através do
orifício reticulomasol. Ocorre por:
 Atonia do orifício reticulorumen associada com timpanismo
crônico recorrente.
 Motilidade rumenal normal ou aumentada.
2. Falha no transporte pilórico – impede o fluxo através do piloro e pode
ocorrer continuamente ou intermitente.

Sinais Clínicos
 Histórico de timpanismo crônico (freqüente).
 Não se alimenta direito.
 Histórico de traumatismo.
 Pode ser secundário a RPT – laparotomia exploratória.
 Hipomotilidade do rumem.

Tratamento
 Determinar a causa: freqüentemente é por laparotomia exploratória.
Neste caso, tratar com antiinflamatório, pois geralmente não há rompimento
da fibra e sim uma área inflamada que impede a passagem do impulso.
 Administrar terapia específica, de acordo com a causa: Antibióticos,
AINE’s, remoção do corpo estranho ou liberação da obstrução, drenagem do
abscesso.
 Aliviar a distensão dos pré-estômagos: normalmente deve ser repetido
(caso tenha timpanismo).
 Limitar a ingestão de água e alimentos: administrar somente pequena
quantidade de alimentos palatáveis com alta proporção de fibra.(porque o
processo de passagem do alimento está diminuído).
 Transfaunação (para melhorar a flora).
 Fístula rumenal se tiver timpanismo crônico.
 Deve-se estimular o animal a mastigar, pois a mastigação causa estímulo
vagal.
 Massagem rumenal: com o punho ou joelho, pois também causa
estímulo vagal.

Úlceras Abomasais
(Estômago verdadeiro)

Causas
 Estresse – liberação de catecolaminas: leva a diminuição da produção
do muco protetor da mucosa.
 Pós-parto da vaca leiteira – a produção de leite começa a subir e o pico
de lactação se dá seis semanas após o parto. Ocorre principalmente em
novilhas pela falta de experiência (nível de estresse alto).
 Deslocamento de abomaso – ou torção de abomaso. Leva a
desvitalização da mucosa.
 Linfoma – transmitido por vírus, causa aumento dos linfonodos (a
região pilórica é rica em linfonodos) levando a obstrução da passagem do
alimento para o intestino, acumulando o bolo alimentar dentro do abomaso
com proliferação de HCl.
 Indigestão vagal – leva a acúmulo de alimentos no abomaso e liberação
de HCl.
 Transição de alimentação – mudanças no hábito alimentar.
Classificação
 Profundidade da penetração;
 Grau de hemorragia;
 Grau de peritonite.

ÚLCERA TIPO 1: costuma se resolver sozinha. Difícil diagnóstico.


 Não perfurada.
 Sem hemorragia.
 Fezes normais com sangue oculto.
 Quadro inespecífico.
 Pode resolver espontaneamente em 4 a 6 dias.

ÚLCERA TIPO 2: evolução da tipo 1.


 Não perfurada.
 Hemorragia evidente.
 Melena intermitente – enviar amostra para laboratório, pois o volume
de fezes é muito grande e nem sempre se visualiza o sangue.
 Sintomas de indigestão.
 Anemia – mucosa clara: perda de sangue por muito tempo.

ÚLCERA TIPO 3: já é grave.


 Perfurada com peritonite localizada.
 Quadro semelhante a RPT.
 Processo bem seqüestrado (localizado).

ÚLCERA TIPO 4:
 Perfurada com peritonite difusa.
 Choque septicêmico.
 Morte.

Diagnóstico
 Tipo 1 = difícil (sangue oculto).
 Tipo 2 = específico (característica fecal) – presença de sangue nas fezes.
 Tipo 3 = confunde-se com RPT.
 Tipo 4 = prognóstico péssimo.

Tratamento
Tipo 1 e Tipo 2
 Cimetidina: 5 a 15 mg/kg TID (ou ramitidina) – inibidores de H
(impedem a formaçào de HCl).
 Caolim pectina: 1l TID
 Omeprazol – é mais viável em eqüinos.

Tipo 2:
 Transfusão de sangue – casos de anemia grave, quando o hematócrito
está abaixo de 16 ou 18%.
 Dieta de boa qualidade e pouca quantidade (evitar alimento fibroso).

Tipo 3:
 Prognóstico ruim – pode fazer peritonite difusa: administrar
antibióticos para ajudar o organismo a encapsular e localizar a
peritonite.

Deslocamento de Abomaso
Definição
É o deslocamento da víscera para esquerda ou para direita.
O abomaso não possui fixações (aponeuroses e ligamentos) que o
prendam a outras estruturas, sendo uma víscera bem flexível e livre.

Ocorrência
É mais comum ocorrer o deslocamento em novilhas, principalmente
pós-parto, pois ficam com o abdome muito distendido (por causa da gestação)
e com o parto fica “sobrando” espaço interno, facilitando o deslocamento do
abomaso.
A presença de gás (fermentação) no abomaso também é um fator
predisponente para o deslocamento. Novilhas quando entram em lactação
passam a ser alimentadas com maior quantidade de concentrado. Dessa
forma, estas novilhas passam a ter dois fatores predisponentes: o pós-parto e a
fermentação do concentrado no abomaso.
Para diminuir o risco, o ideal é alimentar cada novilha em seu coxo,
pois se alimentá-las todas juntas, uma irá comer mais do que a outra e
aumentar a probabilidade de deslocamento.

Fisiopatogenia
O abomaso pode se deslocar para direita ou para esquerda. Leva a
aumento de volume para o lado onde se deslocou.
Quando é para a direita é mais grave, pois também sofre torção, o que
não ocorre quando o deslocamento é para esquerda, por haver mais espaço.
 Deslocamento para direita: na área de torção a região fica enegrecida,
pois impede o fluxo sangüíneo (o plexo venoso fica interrompido). O animal
entra em alcalose, pois o HCl fica preso no abomaso – é uma das raras causas
de alcalose em ruminantes. Leva a ulceração da mucosa. Casos de
deslocamento de abomaso para a direita devem ser encaminhados para
cirurgia em no máximo 6h, caso contrário entram em septicemia e morte.
 Deslocamento para esquerda: é mais tranqüilo e em alguns casos
ocorre remissão espontânea. Mesmo com remissão espontânea, a chance de
recidiva é grande, sendo ideal proceder uma omentopexia (fixando o duodeno
ao omento), impedindo um novo deslocamento. Existem outras técnicas de
fixação, mas são mais demoradas e a eficiência é a mesma.

Sinais clínicos
Desequilíbrio ácido-básico – se for para a direita, o animal entra em
alcalose. Dor abdominal, apatia, anorexia.

Tratamento
Médico e cirúrgico. Antes da cirurgia, o tratamento médico envolve
fluidoterapia e promover o esvaziamento do abomaso com medicamentos (se
for para esquerda).

Obstrução Intestinal
Obstrução intestinal por corpo estranho, em ruminantes, é muito rara.
São mais comuns a torção de alças intestinais e a intussuscepção.
O diagnóstico clínico é muito difícil, sendo mais comum encontrar em
necropsia (pos-mortem).
Leva a distensão do abdome, dor e morte.

Peritonite
Os ruminantes têm grande capacidade de encapsular (concentrar) a
infecção, sendo rara a peritonite generalizada.
Atualmente as técnicas de reprodução (biotecnologia da reprodução –
inseminação, transferência de embrião) podem causar ruptura de reto e de
útero, abrindo portas de contaminação para o peritônio.

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