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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0024.12.051197-7/001 Númeração 0721597-


Relator: Des.(a) Mariza Porto
Relator do Acordão: Des.(a) Mariza Porto
Data do Julgamento: 30/04/2014
Data da Publicação: 12/05/2014

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - REVOGAÇÃO DE OFÍCIO DOS


BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA E DETERMINAÇÃO
RECOLHIMENTO DO PREPARO DA APELAÇÃO - AUSÊNCIA DE
DESAPARECIMENTO DOS REQUISITOS ESSENCIAIS PARA A
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA - FALTA DE
MANIFESTAÇÃO DA PARTE INTERESSADA - IMPOSSIBILIDADE DA
REVOGAÇÃO. 1. O STJ já firmou entendimento de que é possível a
revogação dos benefícios da justiça gratuita de ofício pelo juiz desde que
ouvida a parte interessada e comprovado nos autos a inexistência ou
desaparecimento dos requisitos essenciais a concessão da justiça gratuita. 2.
Diante da ausência de prova de alteração da condição econômica da parte
beneficiada pela justiça gratuita e fundamentada a decisão que revogou os
benefícios, em condição da beneficiada que já tinha prévio conhecimento
quando da concessão do benefício da justiça gratuita, não há que se falar na
sua revogação. 3. Mantida a comprovação da hipossuficiência financeira nos
termos do art.5º, LXXIV, da CR e do art.4º da Lei nº.1.060/50 desnecessária
a exigibilidade do preparo como pressuposto para recebimento do recurso de
apelação. 4. Recurso conhecido e provido.

AGRAVO DE INSTRUMENTO CV Nº 1.0024.12.051197-7/001 - COMARCA


DE BELO HORIZONTE - AGRAVANTE(S): LEDA MACHADO LELIS DE
MOURA - AGRAVADO(A)(S): BANCO ITAU S/A

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 11ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal


de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos
julgamentos em DAR PROVIMENTO AO AGRAVO DE

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INSTRUMENTO.

DESA. MARIZA DE MELO PORTO

RELATORA.

DESA. MARIZA DE MELO PORTO (RELATORA)

VOTO

I - RELATÓRIO

1. Trata-se de recurso de agravo de instrumento interposto por LEDA


MACHADO LELIS DE MOURA, em face da decisão interlocutória prolatada
pelo juízo a quo (fl.72-TJ), que nos autos de ação cautelar de exibição de
documentos, determinou a comprovação do recolhimento das custas
processuais relativa ao preparo do recurso de apelação, diante da revogação
dos benefícios da justiça gratuita, sob pena de deserção e não recebimento
do recurso de apelação.

2. Argumenta, em suma, o agravante que: a) ao analisar a situação


financeira da parte, sem nenhum fundamento legal, o magistrado revogou o
benefício da justiça gratuita anteriormente concedido; b) a lei não permite a
revogação tácita da justiça gratuita, devendo o julgador primeiramente ouvir a
parte interessada; c) é hipossuficiente, não possuindo condições de arcar
com as custas e despesas processuais.

3.Nesse contexto, requereu a reforma da decisão agravada para que sejam


mantidos os benefícios da justiça gratuita ao agravante e que seja conhecido,
sem o recolhimento do preparo, o recurso de apelação.

4.Em decisão de f.78/79 - TJ foi recebido o presente recurso no seu efeito


suspensivo.

5.O juízo a quo prestou informação às f.86-TJ, comunicando o

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cumprimento do art.526, do CPC, por parte do agravante, bem como a


manutenção da decisão agravada.

6.Intimado, o agravado apresentou contraminuta às fls.91/96-TJ na qual


alegou, em síntese, que não restou comprovada a hipossuficiência financeira
da agravante. Requereu a manutenção da decisão agravada.

7.Sem preparo, justamente por ser objeto do presente recurso.

É o relatório. Decido.

II - JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

8.Vistos os pressuposto de admissibilidade, conheço do AGRAVO.

III - MÉRITO

9.Cuida-se a espécie de recurso de agravo de instrumento interposto pela


agravante contra decisão que determinou o recolhimento das custas do
preparo recursal em razão da revogação dos benefícios da justiça gratuita,
sob pena de deserção do recurso de apelação.

10.Analisando os autos, observa-se que a agravante ingressou com ação


cautelar de exibição de documentos, na qual lhe foi concedida os benefícios
da justiça gratuita em decisão que recebeu a petição inicial, conforme fls.32-
TJ.

11.Processada a referida demanda, foi proferida sentença pelo juízo a quo


(fls.65/67-TJ), da qual a agravante interpôs recurso de apelação (fls.69/71-
TJ).

12.Ato contínuo, remetidos os autos a conclusão para recebimento do


referido recurso de apelação, verifico que o juízo monocrático revogou os
benefícios da justiça gratuita da agravante/apelante e determinou o
recolhimento do preparo recursal, conforme decisão agravada e informação
prestada às fl.86-TJ.

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13.Como cediço, os benefícios da justiça gratuita podem ser revogados ex


officio pelo juiz, desde que constatada a inexistência ou desaparecimento
dos requisitos essenciais à concessão dos benefícios da justiça gratuita e
ouvida a parte interessada.

14.Nessa linha, precedente do colendo Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO.SENTENÇA QUE ESTENDEU IMPLICITAMENTE O
BENEFÍCIO DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA PARA OS HERDEIROS.
AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO EXPRESSO.ACÓRDÃO QUE NÃO
CONHECEU DA APELAÇÃO POR CONSIDERÁ-LA
DESERTA.IMPOSSIBILITADA A MANIFESTAÇÃO DA PARTE
INTERESSADA. DECISÃO MONOCRÁTICA MANTIDA. AGRAVO
REGIMENTAL IMPROVIDO.

1. Os herdeiros, após sua habilitação no processo, praticaram diversos atos


processuais com o gozo do benefício da assistência judiciária gratuita sem
qualquer impugnação da parte contrária, o que gerou expectativa quanto a
manutenção do benefício. A sentença, não obstante, legitimou tal expectativa
ao estender-lhes implicitamente a gratuidade judiciária.

2. Além do mais, o não conhecimento da apelação por deserção significou,


na verdade, a revogação do benefício, realizada de ofício pelo Tribunal de
origem. Entretanto, conforme a reiterada jurisprudência deste Superior
Tribunal de Justiça - "Verificada a inexistência ou o desaparecimento dos
requisitos essenciais a concessão da assistência judiciária gratuita, admite-
se a sua revogação, ex offício, pelo juiz, mas desde que ouvida a parte
interessada, possibilitando-se a regularização do preparo, o que não ocorreu
[...]." (REsp 811485/SP, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUARTA
TURMA, julgado em 16/03/2006, DJ 10/04/2006 p. 228).

3. Agravo regimental improvido.

(AgRg no Ag 1097654/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,

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QUARTA TURMA, julgado em 04/03/2010, DJe 22/03/2010)

15.Ocorre que, compulsando os autos, verifico que o juízo monocrático


revogou, de ofício, os benefícios da justiça gratuita anteriormente deferidos a
agravante sem a sua prévia manifestação, bem como sem se pautar na
inexistência ou desaparecimento dos requisitos essenciais para o
deferimento do benefício, tendo se limitado a revogar o benefício em sede de
recebimento do recurso de apelação pela simples fundamentação de que "a
gratuidade deferida à autora, ora agravante, teve caráter provisório, e foi
revogada, tendo em vista a capacidade financeira daquela, que assumiu no
contrato com o banco pagar prestação mensal de cerca de 600 reais, bem
como contratou advogado particular."(fl.86-TJ).

16. A meu ver, merece reforma a decisão ora atacada, porquanto o


pagamento mensal de prestação de financiamento no valor de quase
R$600,00 (seiscentos reais) e que a agravante está patrocinada por
advogado particular já eram fatos de conhecimento do juízo singular quando
do deferimento dos benefícios da justiça gratuita à agravante quando do
recebimento da petição inicial, razão pela qual não há que se falar em
alteração ou desaparecimento dos requisitos essenciais para a concessão
dos benefícios da justiça gratuita a justificar a revogação decidida pelo juízo
a quo.

17.Ademais, o referido fundamento apresentado pelo juízo a quo para a


revogação dos benefícios da justiça gratuita a agravante não altera a
comprovação de sua renda de um salário mínimo comprovada às fls.26/29-
TJ.

18.Dessa forma, entendo que restou mantida a comprovação dos requisitos


legais para a concessão dos benefícios da justiça gratuita a agravante, nos
termos do art.5º, LXXIV, da Constituição da República e art.4º da Lei
nº.1.060/50, não havendo qualquer documento ou prova do seu
desaparecimento a justificar a revogação do benefício.

19.Dessa feita, diante da manutenção dos benefícios da justiça gratuita a


recorrente, forçoso concluir que não há que se falar em

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exigibilidade do recolhimento do preparo como condição para o recebimento


do recurso de apelação por ela interposto.

20.Destarte, ao meu entendimento, merece reforma a decisão hostilizada.

IV - CONCLUSÃO

21.POSTO ISSO, DOU PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO,


para reformar a decisão agravada e manter os benefícios da justiça gratuita a
agravante.

22.Custas pelo agravado.

É o voto.

DES. PAULO BALBINO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. MARCOS LINCOLN - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO"

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