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Programa Especial de Formação Pedagógica R2

Conforme Resolução 2 de 01 de julho de 2015 CNE

Helio Gomes Azevedo


Letícia de Souza Tavares
Leonam Reis Calatrone
Paulo Apolinário Gomes

Educação e Direitos humanos

Belo Horizonte
2018
Programa Especial de Formação Pedagógica R2
Conforme Resolução 2 de 01 de julho de 2015 CNE

Helio Gomes Azevedo


Letícia de Souza Tavares
Leonam Reis Calatrone
Paulo Apolinário Gomes

Educação e Direitos humanos

Trabalho final apresentado à disciplina


QUÍMICA, FÍSICA E ARTES VISUAIS
como exigência parcial para a obtenção do
curso de Programa Especial de Formação
Pedagógica R2 – Turma 122, sob a
supervisão do Professor Alcides Góes.

Pólo: BELO HORIZONTE

Belo Horizonte
2018
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 4
2 ESCOLA: ESPAÇO DE INTERAÇÃO ............................................................. 6

2.1 Democracia em ambiente escolar ............................................................. 8


2.2 Socio-educação ...................................................................................... 10

3 DIREITOS HUMANOS EM UMA ESCOLA CIDADÃ ..................................... 11

3.1 O direito humano à educação ................................................................. 12


3.2 Direitos humanos: a construção de uma cultura ..................................... 13

4 CONCLUSÃO ................................................................................................ 15
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 17
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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o objetivo de traçar reflexões correlatas a educação


e à promoção e garantia dos Direitos Humanos em uma sociedade, por vezes,
intolerante. A Secretaria de Direitos Humanos brasileira elaborou o Plano Nacional
de Educação em Direitos Humanos na busca pela construção de uma cultura
voltada para a suas práxis. Portanto, neste trabalho, procura-se delinear o papel da
educação dialógica e problematizadora, buscando, no processo de ensino-
aprendizagem, um ensino que vá além do currículo tradicional, empoderando o
estudante enquanto cidadão, ciente de seus direitos e deveres, bem como seu
papel em sociedade. A educação problematizadora, em virtude de seu caráter
político, permite o compromisso com o estudo e a prática dos Direitos Humanos.
Demonstra-se, assim, a relevância do diálogo entre educador e educando,
desenvolvido de forma autêntica resultando na construção do saber.
Buscar uma reflexão acerca do educar-se em e para os Direitos Humanos é
o norte deste estudo. Ao conhecer o Direito, o indivíduo se empodera. Ele torna-se
cidadão, ciente de seus direitos e deveres. Deste modo, importante trazer à luz os
Direitos Humanos posto que entrelaçados à moral e a dignidade da pessoa
humana, intrínsecos ao homem e suas relações sociais.
Os Direitos Humanos têm como objetivo o bem comum e a paz social, sendo
essenciais ao Estado Democrático de Direito. Buscando o reconhecimento dos
direitos do homem por meio da educação, Paulo Freire construiu sua teoria,
fundada na liberdade por intermédio da educação. Assim, a educação é
compreendida como a “prática de liberdade”. Sob uma visão inicial, pode-se ter a
relação direta entre educação e Direitos Humanos, posto que prescindam à
sociedade, à garantia do bem-estar social e à multiculturalidade.
A escola, como instituição de referência na educação e central na formação
dos indivíduos, não pode abrir mão do debate, da prática, da promoção e a garantia
dos direitos humanos. A instituição só conseguirá cumprir seu papel se olhar para
este tema. Não é possível educar sem garantir as condições básicas da existência
como saúde, moradia e proteção.
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Uma das primeiras tarefas da escola é a oferta de uma educação de


qualidade. A Declaração afirma que “a instrução será orientada no sentido do pleno
desenvolvimento da personalidade humana”, dialogando com o pressuposto central
da educação integral que busca estimular as várias dimensões do indivíduo.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que a instrução deve
atuar no sentido do “fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas
liberdades fundamentais”. Os caminhos pelos quais as instituições de ensino
podem fazer isso são vários, mas não basta apenas incluir uma disciplina sobre o
assunto, é necessário debater os Direitos Humanos em todas as suas esferas
diretamente com os alunos e com os professores.
A partir deste viés propomos revelar a indissociabilidade entre Direitos
Humanos e a educação, consubstanciado nas práticas pedagógicas voltadas à
cidadania, democracia e paz social, nos diferentes níveis de educação, com o fim
de promover-se uma sociedade mais justa e democrática.
A discussão dos Direitos Humanos sob o contexto educacional é de grande
relevância frente seu potencial formativo. Tem-se, portanto, a educação, voltada
para os Direitos Humanos, como um forte instrumento para a construção de uma
cultura de tolerância e paz. As práticas pedagógicas devem estar voltadas para o
desenvolvimento da socio educação, buscando na vivência e na prática dos Direitos
Humanos, em espaço democrático de interação no ambiente escolar, a experiência
para a formação de cidadãos.
A educação em Direitos Humanos nos diferentes anos do ensino é um dos
grandes desafios na produção o conhecimento. Por não ser um tema que faça parte
do currículo escolar, por vezes é trabalhado de forma superficial e sem a devida
contextualização. Todavia, é essencial para que os estudantes tomem consciência
do processo de mudanças socioculturais no qual estão inseridos, e o seu papel
enquanto cidadão com poder para construir uma sociedade mais harmônica e justa.
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2 ESCOLA: ESPAÇO DE INTERAÇÃO

A escola é o primeiro lugar no qual o indivíduo se depara com


representações sociais. É a partir dela que são formadas as relações interpessoais,
com a interação entre todos os agentes escolares aos quais o estudante é
apresentado, sob uma visão transformadora, colocando-o ciente de seu papel
crítico e criativo em sociedade.
Neste sentido, apresenta-se o entendimento de Gadotti (2007, p. 12) ao
referir que “a escola não é só um lugar para estudar, mas para se encontrar,
conversar, confrontar-se com o outro, discutir, fazer política”. A escola vai além de
seus muros, posto que não se trate de um espaço físico, mas da onde se produza
o conhecimento e se desenvolva as relações sociais.
As primeiras práticas dos conceitos para a convivência em sociedade são
vivenciadas na escola. “Ela é, ao mesmo tempo, fator e produto da sociedade”
(GADOTTI, 2007, p. 12). A participação da família no processo de ensino-
aprendizagem traz a comunidade à produção do conhecimento e valores para a
convivência social. Nota-se que

os conteúdos de aula já prontos, estampados em manuais


esquematizados, aniquilam os sentidos, marginalizam as sensações e
criam distanciamentos entre a teoria debatida em sala de aula com a
realidade existente por meio dos muros escolares. Percebe-se que o
mundo do Direito se distancia, mais e mais, do mundo real e o despreza
porque esse não é o local legítimo, nem racional, para se promover as
desejáveis mudanças na dimensão humana. É necessário ultrapassar a
concepção de que o aluno possui em seu intelecto um espaço vazio, o
qual precisa ser moldado pelo docente com conteúdos prontos
necessários ao aprendizado específico de uma disciplina, pois o que se
espera é a constante ressignificação e desenvolvimento de novos
conhecimentos diante das realidades vivenciadas pelos acadêmicos.
(AQUINO; DANIELI, 2016, p. 9-10).

É necessário que a escola não veja o aluno como um ser sem luz, como um
espaço vazio, uma esponja disposta a absorver conhecimento, mas que o enxergue
em sua dimensão humana, repleto de sensações e saberes cuja interação,
mediada pelo professor promove o conhecimento. Assim, além do ensino científico,
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é necessário se trabalhar o direito de forma empírica, colocando o estudante diante


do Direito e frente à realidade na qual se insere.
Neste norte, ressalta-se que o desenvolvimento cognitivo da criança é
acompanhado do desenvolvimento de valores morais e éticos, que nos levam à
essência dos Direitos Humanos, posto que a moralidade seja o seu núcleo e “não
pode ter sua validade condicionada a qualquer tipo de experiência histórica”
(LUCAS, 2010, p. 43).
As vivências no Direito não devem ser forçadas, uma vez que “a moral é o
mundo da conduta espontânea” (BETIOLI, 1995, p.55). A moral é bilateral e
subjetiva, partindo de cada pessoa visando o bem e a paz social. Ela é fruto de uma
construção diuturna, desde a mais tenra idade.
Importa destacar que “não somos seres determinados, mas, como seres
inconclusos, inacabados e incompletos, somos seres condicionados” (GADOTTI,
2007, p. 12). Enquanto seres imperfeitos nos completamos com base em nossas
experiências, no ambiente no qual estamos inseridos, na construção moral e de
aprendizagem que se desenvolve no ambiente ao qual pertencemos. Todos estes
condicionantes são relevantes para a formação do indivíduo.
Neste contexto tem-se a importância do professor enquanto
problematizador. Ou seja, um mediador entre o conhecimento e as condicionantes
sociais para a promoção do processo de ensino-aprendizagem. Trabalhar
colaborativamente com todos os agentes educacionais, estando aberto a novas
aprendizagens, práticas e saberes é fundamental para uma “sociedade
aprendente”, na qual se busca trazer além do saber científico, o conhecimento
empírico.
Professor e aluno estão em constante aprendizagem, uma vez que, segundo
Paulo Freire “[...] esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto
ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei,
porque indago e me indago [...] para conhecer o que ainda não conheço e
comunicar ou anunciar a novidade” (FREIRE, 1997, p.32). Esta sociedade em
constante evolução é um ambiente de permanente busca e aprendizado. A partir
dela deve-se buscar uma educação problematizadora e conscientizadora,
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promovendo o diálogo com base nas experiências do estudante. Educar é


promover um processo de compreensão, realização e construção da vida do
estudante e do seu bem conviver em sociedade.

2.1 Democracia em ambiente escolar

Uma educação democrática é aquela que expande o conceito de cidadania.


A instituição de ensino deve ser uma “escola para todos como forma de, mesmo
com as limitações imposta pela formação social brasileira (onde a ciência era
incipiente e o mundo rural ainda predominante), manter firme o ideal de
democratização” (SILVA, 2018, p. 7).
A universalização ao acesso à escola não é uma democratização à
educação, tampouco a segurança de uma educação para a cidadania. Educar para
a democracia cidadã exige, além do convívio social e político, uma formação ética
significante. Tanto instituições quanto profissionais do ensino-educação devem
estar preparadas para trabalhar a sociedade moderna e democrática
proporcionando “um conjunto de experiências capazes de contribuir para a
reconstrução e ampliação do conhecimento” (SILVA, 2018, p. 8). Importa frisar,
neste ínterim que
a crise moderna de democracia não é uma crise de excesso de democracia,
mas de falta de democracia. A crise de individualismo não é uma crise de excesso
de individualismo, mas falta de verdadeiro individualismo. Tudo que a democracia
prometera falhou, porque as instituições com que o buscamos realizar não eram
aptas a consegui-lo. Prometeram-nos a valorização indivíduo e sua participação
inteligente no governo e na direção de sua vida econômica. E que lhe deram? Uma
organização política que suprime o indivíduo, manobrando, por intermédio do
sufrágio universal, por grandes forças obscuras e invisíveis. Uma organização
social em que o trabalho é distribuído e valorizado por alguns que o possuem e o
dão, nas condições em que quiserem. Tal regime não é mal porque democrático,
justamente porque não o é. Tal regime não é mal porque individualista, justamente
porque não o é. A reconstrução social moderna visa reivindicar os aspectos
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democráticos e individuais que se impõem para uma sociedade justa e equilibrada


(TEIXEIRA, 1997, p. 234-235).
Inobstante, a democracia em ambiente escolar não se confunde com a
democratização no ensino. Ao trabalhar-se o Direito em ambiente escolar, busca-
se um plano pedagógico que inclua diferentes vieses da democracia. Deste modo,
a instrução do estudante acerca de seus Direitos os torna cidadãos de si próprios,
facilitando aos indivíduos uma inserção social mais ciente de seu papel, uma vez
que detenha conhecimento sobre seus direitos e deveres (BENEVIDES, 1996, p.
228).
Rousseau já nos ensinava que “a pátria não subsiste sem liberdade, nem a
liberdade sem a virtude, nem a virtude sem os cidadãos [...] ora, formar cidadãos
não é questão de dias, e para tê-los adultos é preciso educa-los desde crianças”
(ROUSSEAU apud BENEVIDES, 1996, p. 235).
A produção do conhecimento sob a ótica dos Direitos Humanos vem a
libertar os cidadãos da escuridão em que habitam, porquanto o saber lhes traz luz
acerca da democracia, direitos e sociedade. A reflexão sobre os Direitos Humanos
busca a construção da tolerância e da paz, visando “o fortalecimento do ser
humano, individual e coletivamente – o que inclui, [...] a capacidade de se indignar
e de resistir contra injustiças” (FISCHMANN, 2001, p. 74).
A capacidade de se colocar no lugar do outro trazendo um envolvimento
cognitivo com o tema deve ser incentivada para que a construção da relação entre
direitos humanos e paz. Ao estudar a essência dos Direitos Humanos o estudante
toma consciência da importância de seu papel enquanto cidadão atuante em e para
uma sociedade igualitária e humanista. Nota-se que "o 'empoderamento' do sujeito
de direitos e a formação cidadã são eixos estratégicos da educação em Direitos
Humanos como forma orientadora de atores individuais e coletivos"
(PELLEGRINELLI, 2017, p. 59).
Ademais, a construção de uma ordem justa, que sobreponha a paz a
períodos de violência, “deve-se ao fato de que sua efetiva construção depende de
uma inovadora opção da humanidade pela solidariedade, pela democracia e pela
paz” (BEDIN, 2001, p. 365).
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2.2 Socio-educação

O viés da socio-educação é trazer ao ambiente educativo aspectos sociais,


histórico-culturais propondo-se uma mediação social. Trata-se de um instrumento
que desenvolve a autonomia dos sujeitos, sensibilizando-os e os dando consciência
de suas necessidades sociais. Sendo assim, “a educação social, para além de
solucionar determinados problemas de convivência, tem uma função não menos
importante, que é a de ser um instrumento igualitário e de melhoria da vida social
e pessoal” (SORIANO DÍAZ, 2009, p. 103).
A educação social, com o trabalho dos Direitos Humanos no processo
educativo tem o condão de quebrar paradigmas e promover um maior envolvimento
de cada estudante junto à sociedade civil. Uma educação transformadora não
influencia, mas de forma multidisciplinar, demonstra a relação entre política social
e educação social, sem que uma exerça controle sobre a outra, tampouco sobre o
plano político pedagógico e princípios pedagógicos adotados pela instituição de
ensino. “A educação social alcançará o seu verdadeiro espaço quando conseguir
melhorar a convivência entre os cidadãos. [...] o trabalho socioeducativo é uma
atividade que surge da própria necessidade da vida em convivência [...]” (SORIANO
DÍAS, 2009, p. 101).
A socio-educação pressupõe um olhar que traga além do conhecimento
científico, práticas que favoreçam o trabalho e a inserção do estudante em
sociedade. Conhecer os seus direitos forma o estudante enquanto cidadão, um ser
social que experimenta na prática os conceitos a ele ensinados. Ademais,

a Pedagogia Social e a Educação Social estão situadas num ponto onde


confluem o educativo e o social, e as suas origens e desenvolvimento
histórico só podem compreender-se a partir desta perspectiva. Na sua
configuração, as necessidades práticas sempre apontaram o caminho da
reflexão teórica, o que marcou a identidade da pedagogia social como
disciplina científica e da educação social como espaço de intervenção
prática [...]não há uma forma unívoca de entender a educação social, mas
sim diversas concepções de acordo com espaços e momentos (SORIANO
DÍAZ, 2009, p. 91).

Foi a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente que o conceito de socio-


educação nasceu. A socio-educação “não é uma ciência e nem se enseje que se
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torne uma, mas é necessário que tenhamos conhecimento construído na área para
balizar as práticas profissionais” (SILVA, 2017, p. 49). Seu principal objetivo foi, por
intermédio do Direito, preparar o estudante para as oportunidades e convívio social.
Tem-se, portanto, a contextualização das relações interpessoais voltadas ao
universo jurídico, expondo as implicações jurídicas de diferentes condutas.

3 DIREITOS HUMANOS EM UMA ESCOLA CIDADÃ

Para uma educação democrática é necessário que se compreenda a escola


como um projeto multidisciplinar. Se faz necessária a construção de um projeto
pedagógico com a participação comunitária, onde o respeito aos direitos humanos
olhe o estudante como “um ser da intervenção no mundo [...] e por isso mesmo
deve deixar suas marcas de sujeito e não pegadas de puro objeto” (FREIRE, 2000,
p.119).
Uma escola cidadã é aquela que “ao pensar o seu projeto e o seu currículo,
trabalhe antes de tudo as relações pessoais e interpessoais entre os sujeitos [...]
que, desta maneira, constrói e reconstrói, processualmente, a sua própria
autonomia, jamais doada” (PADILHA, 2008, p. 32). Trata-se, destarte, não somente
de um local de saberes onde se promove a produção do conhecimento, mas onde
se dá importância à participação de todos os agentes educacionais no processo de
ensino-aprendizagem. A comunidade toma um papel primordial posto que
educandos e educadores promovam o conhecimento pela interação entre si, de
forma coerente vivendo a experiência diuturna da democracia em um ambiente no
qual se estimule elevados padrões morais e éticos.
Tem-se que a “educação à qual nos referimos, da escola para a comunidade
e da comunidade para a escola [...]que cria um movimento de valorização da
pessoa em sua plenitude” (PADILHA, 2008, p. 33). Os direitos humanos são
indissociáveis à uma educação participativa e voltada à democracia em todos os
segmentos escolares. Este processo de ensino-aprendizagem visa, além de formar
alunos, conceber sujeitos capazes de “construir os instrumentos da sua própria
autoavaliação” (PADILHA, 2008, p. 32).
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3.1 O direito humano à educação

A educação é um dos direitos humanos, sendo seu acesso determinado


livremente por cada país, conforme seu plano nacional. “O direito à educação ou
direito à instrução, como fora mais conhecido, a exemplo do direito à assistência
social, é um direito que foi garantido ainda no decorrer do século XVIII” (BEDIN,
2002, p. 71).
O fortalecimento social perpassa pela instrução dos cidadãos. Educar em
Direitos Humanos pressupõe despertar as pessoas para seus direitos. A garantia à
educação é trazida em diferentes diplomas legais, sempre composta por três
princípios: “a educação laica e democrática, artigo 3º, I; a educação primária será
obrigatória, artigo 3º, VI,; e a educação pública será gratuita, artigo 3º, VII” (BEDIN,
2002, p. 71).
A Carta Magna brasileira em seu artigo 205 traz o direito à educação,
referindo ser “direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho” (BRASIL, 2018, p. 1).
Em seu artigo 206, a Constituição Federal traz as condições nas quais será
ministrado o ensino. Quanto ao ensino de Direitos Humanos, em 2006 o Plano
Nacional de Educação em Direitos Humanos a vislumbrou como “um processo
sistemático e multidimensional, orientando a formação do sujeito de direitos,
articulando as seguintes dimensões” (BRASIL, 2007, p. 17).
O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos visa formar cidadãos
ativos, estabelecendo uma sociedade mais democrática, justa e equitativa. Para tal,
tem-se a importância do espaço escolar enquanto um local de formação, de
produção do conhecimento e de consolidação da personalidade e percepção de
mundo do estudante. Sendo assim, “[...] universo da educação o espaço-tempo
privilegiado para formar e consolidar os princípios, os valores e as atitudes capazes
de transformar cada ser humano, no humano que queremos ver respeitado em
todas as dimensões da vida” (BRASIL, 2007, p.11).
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3.2 Direitos humanos: a construção de uma cultura

Cada sociedade possui características histórico-culturais distintas e a ideia


de direitos humanos está a elas diretamente relacionada. A pluralidade de culturas
produz seus próprios valores, o que nos leva à necessidade de vislumbrar os
direitos humanos sob uma ótica multicultural. Sendo assim, os Direitos Humanos
"[...] são indubitavelmente um tema global, portanto, há que se criar espaços para
o diálogo intercultural, a fim de se estreitar o vínculo de valores entre toda a
humanidade e, dessa forma, alcançar a universalidade" (PELLEGRINI, 2017, p.
32).
É primordial que se trabalhe os direitos em direta relação à cidadania
(HABERMAS, 1002, p. 158) por intermédio de uma educação problematizadora que
se propõe “procedimentos da formação discursiva da opinião e da vontade”
(HABERMAS, 1992, p. 168) com o condão de formar-se e vivenciar-se as
expressões do universo jurídico. Destaca-se o ensinamento de Canotilho (1993, p.
517) ao explicar que

[...] que as expressões direitos humanos e direitos fundamentais são


frequentemente usadas como sinônimas. Mas, segundo sua origem e o
respectivo significado, podem ser diferenciadas pelo fato dos direitos
humanos serem direitos válidos para todos os povos e em todos os
tempos (dimensão jusnaturalista-universalista), enquanto os direitos
fundamentais são os direitos do homem, 'jurídico-institucionalmente'
garantidos e limitados 'espaço-temporalmente (CANOTILHO, 1993,
p.517).

Assim, em sendo o ser humano um sujeito inacabado e histórico (FREIRE,


1997, p. 55), são necessários os pressupostos de educação e liberdade para a
construção da humanização do indivíduo. Importante, neste contexto, trabalhar o
humano de forma ampla e universal buscando um norte à inconclusão humana,
tornando o indivíduo consciente de seu inacabamento e, por meio dele, buscar o
conhecimento (FREIRE, 1997, p. 55).
Educar para a liberdade é o cerne da educação em e para os Direitos
Humanos (FREIRE, 1997, p. 55-56). Para tal, é necessário que se promovam
práticas educacionais que caminhem para a contextualização dos direitos
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compreendendo o homem enquanto sujeito, uma vez que “todos os homens são
titulares destes direitos inalienáveis” (BOBBIO, 2004, p. 17). Importa frisar que

os direitos humanos, na posição de universais não homogeneizadores,


precisam justamente reconhecer a existência de uma moralidade que
impõe reciprocidade de comportamentos a todos os indivíduos e
instituições como condição de possibilidade para serem freadas as
diferenças que conduzem à desigualdade excludente ou, mesmo, à
homogeneização que inviabiliza o aparecimento das diferenças comuns à
humanidade do homem (LUCAS, 2010, p. 61).

A educação tem um compromisso com a sociedade promovendo-a de forma


igualitária, com respeito às diferenças do indivíduo. “A liberdade é concebida como
horizonte final do destino do homem, mas por isto mesmo só pode ter sentido na
história que os homens vivem” (FREIRE, 1982, p. 7).
Apenas através de uma educação orientada aos Direitos Humanos, pode-se
buscar uma sociedade pluralista onde todos os homens sejam iguais em suas
diferenças (SOUZA, 2018, p. 1). “Afastar a diferença, portanto, é ao mesmo tempo
que negar as possibilidades de o entendimento humano tratar daquilo que, por sua
moralidade, pode ser universalizado” (LUCAS, 2010, p. 61).
Educar para e em direitos humanos é educar para a humanidade,
interligando-se a educação ao princípio da dignidade da pessoa humana (SOUZA,
2018, p. 1). Ao conhecer os fundamentos do direito o cidadão se compromete com
a justiça social, posto que se torne ciente de sua responsabilidade com a
humanização. Torna-se, assim, responsável pela construção do saber no mundo
reafirmando sua natureza crítica para assegurar que “[...] a violação dos diretos de
um homem era a violação dos direitos de todos os homens [...]”. (ARENDT, 2012,
p. 167).
O compromisso com a educação é, também o compromisso com a
transformação social para uma realidade mais democrática. “[...] os direitos do
homem, por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou seja, nascidos
em certas circunstâncias, caracterizadas por lutas [...]” (BOBBIO, 2004, p.25). A
educação precisa despertar no âmago dos sujeitos a força para que suas atitudes
e competências promovam, garantam e protejam seus direitos.
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4 CONCLUSÃO

A educação para e em Direitos Humanos é uma produção de saberes


socialmente relevante. Deve haver um compromisso entre professores e
estudantes para que, por meio de práticas educativas o indivíduo tome consciência
de si enquanto “ser-no-mundo”, como ensinava Paulo Freire. Conhecer-se no
mundo fomenta a construção se cidadãos empoderados de si mesmos, críticos e
atuantes.
Pensar a educação voltada aos Direitos Humanos, nos diferentes níveis
educacionais, quer seja ensino fundamental ou médio, por exemplo, prescinde da
consolidação de uma prática sócio-político-democrática. Nela, não se tem o condão
de trabalhar a institucionalidade democrática formal, mas as diferentes relações
plurais sociais existentes e o papel do indivíduo nelas.
É prerrogativa constitucional o direito à educação, bem como
responsabilidade do Estado em suprir as necessidades à sua concretização.
Entretanto, é papel fundamental dos agentes educacionais adotarem uma postura
dialógica que permita relações de intersubjetividade de forma a haver uma eficiente
mediação de saberes.
Educação e Direitos humanos são indissociáveis. É a formação educacional
que torna um indivíduo ciente de seus direitos e deveres, bem como de seu papel
em sociedade. Há uma íntima ligação entre cidadania, democracia e paz, com os
Direitos Humanos. Trazer esta discussão ao ambiente escolar é apresentar ao
estudante concepções de igualdade, respeito e tolerância, questões basilares ao
princípio da dignidade da pessoa humana e, de forma mais ampla, aos Direitos
Humanos.
O currículo escolar ainda não se volta aos direitos humanos. Suas lições não
são obrigatórias nas escolas. O trabalho desta disciplina poderia amenizar uma
crise de valores éticos e morais que se vislumbra em parte da sociedade. Não
obstante, para que haja uma educação para os Direitos Humanos é necessária
formação de profissionais do ensino enquanto socio-educadores, a fim de
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promoverem uma educação humanizada, compreendendo que a igualdade está


nas diferenças e intersubjetividades do indivíduo.
Portanto, pensar em direitos humanos e educação é buscar a completude
do ser inacabado de Paulo Freire. É, assumir um compromisso com a postura frente
a sociedade para que a educação leve os sujeitos envolvidos a transformar sua
realidade. A educação precisa despertar o cidadão que está em cada estudante
para que contribuam no exercício de suas competências para a garantia e
promoção dos Direitos Humanos.
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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_arendt_origens_totalitarismo.p
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BEDIN, Gilmar Antônio. A sociedade internacional e o século XXI: novos atores


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http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/81809> acesso em 21 out. 2018.

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Programa Especial de Formação Pedagógica R2
Conforme Resolução 2 de 01 de julho de 2015 CNE

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