2. Improbidade Administrativa
1. Conceitos, natureza jurídica e tipos
2. Elementos constitutivos do ato
3. Regime de sanções
4. Aspectos processuais
5. Casos práticos e recentes decisões
1. Lei de Improbidade Administrativa – Lei Federal 8.429/1992
A Lei nº 8.429/1992 não oferece conceito, mas tipifica fatos e condutas de improbidade.
PESSOA FÍSICA
2. Improbidade Administrativa
Jurisprudência relevante
Regra geral: caracterização do ilícito de improbidade exige a prática de ato doloso.
“O STJ ostenta entendimento uníssono segundo o qual, para que seja reconhecida a
tipificação da conduta do réu como incurso nas previsões da Lei de Improbidade, é necessária
a demonstração do elemento subjetivo, consubstanciado pelo dolo para os tipos previstos nos
arts. 9º e 11 e, ao menos, pela culpa, nas hipóteses do art. 10.” (REsp 1192056/DF. Dje 26-09-2012)
Art. 10: a polêmica sobre os tipos culposos que causam lesão ao erário
Ministério Público
Pessoa jurídica interessada (art. 1º)
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade,
lesão ao patrimônio público ou ensejar a comissão representará ao Ministério Público ou à
enriquecimento ilícito, caberá a autoridade procuradoria do órgão para que requeira ao juízo
administrativa responsável pelo inquérito competente a decretação do sequestro dos bens do
representar ao Ministério Público, para a agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou
indisponibilidade dos bens do indiciado causado dano ao patrimônio público
4. Aspectos processuais da improbidade administrativa
4.2 Prescrição
CRFB. Art. 37. § 5º A lei
Os prazos legais (art. 23 da Lei 8.429/1992): estabelecerá os prazos
de prescrição para
Exercício de Exercício de cargo Entidades do art. 1º, § ilícitos praticados por
mandato, cargo em efetivo ou emprego único qualquer agente, servidor
Agente público comissão e função público ou não, que causem
de confiança prejuízos ao erário,
Prazo 05 anos 05 anos ou prazo das 05 anos ressalvadas as
faltas disciplinares respectivas ações de
Término do exercício* Ciência do fato pela Prestação de contas ressarcimento.
Termo inicial
Administração final
Jurisprudências
STJ. É firme a jurisprudência do STJ, no sentido de se contar o prazo prescricional
previsto no art. 23, I, da Lei 8.429/1992, nos casos de reeleição, a partir do
• Termo inicial e Reeleição encerramento do segundo mandato, considerando a cessação do vínculo do
agente ímprobo com a Administração Pública (REsp 1290824-MG - DJe 29/11/2013).
•Imprescritibilidade
STF. 1. As ações que visam ao ressarcimento do erário são imprescritíveis (artigo
37, parágrafo 5º, in fine, da CF). Precedentes. (AI 712435 AgR/SP - DJe11-04-2012)
4. Aspectos processuais da improbidade administrativa
4.3 A Lei de Improbidade e a compatibilidade com outros diplomas e sistemas
STF - RCL 2138 DF (DJ 18-04-2008) STJ - RCL 2790 SC (DJe 04-03-2010)
“O sistema constitucional brasileiro distingue o “... não há norma constitucional alguma que
regime de responsabilidade dos agentes imunize os agentes políticos, sujeitos a crime
políticos dos demais agentes públicos. A de responsabilidade, de qualquer das sanções por
Constituição não admite a concorrência entre ato de improbidade previstas no art. 37, § 4.º
dois regimes de responsabilidade político- Seria incompatível com a Constituição eventual
administrativa para os agentes políticos“ preceito normativo infraconstitucional que
impusesse imunidade dessa natureza.”
STF. Ação Penal 504. O Candidato à prefeitura de São Paulo Celso Russomano (PRB)
respondeu a processo penal por desvio de valores do erário público (Art. 312 do Código
Penal) foi absolvido em 09/08/2016, por decisão da 2º Turma do STF, que reconheceu
falta de tipicidade penal (art. 386, III). Dje 25-08-2016.
O então Dep. Federal indicou e admitiu Sandra de Jesus como secretária parlamentar,
no período de junho de 1997 a março de 2001, sendo que tal pessoa, aparentemente,
não exercia a função.
Contextualização*
Temas inovadores
Responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas (art. 2º)
Incentivo ao desenvolvimento de uma cultura de boas práticas empresariais
Desconsideração societária
Responsabilidade solidária do grupo econômico
Acordo de leniência
Arcabouço Jurídico
Responsabilidade segue a pessoa jurídica nas suas mutações (art. 4º, caput e §1º)
Responsabilidade Solidária do grupo econômico
As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente pelos atos lesivos (...)
praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.
Elementos jurídicos da ilicitude:
•Interesses ou benefícios à pessoa jurídica
•Decorrentes de atos lesivos (art. 5º)
•Conduta do agente (sem vinculação à efetiva responsabilização subjetiva)
Possibilidade de defesa à pessoa jurídica: rompimento do nexo causal
“A referida lei, em seu artigo 2º, institui uma nova hipótese de responsabilidade objetiva das
pessoas jurídicas. Não obstante, é relevante destacar-se que não se trata de responsabilidade
pelo risco integral, de sorte que, caso a pessoa jurídica acusada de atos de corrupção logre
comprovar o rompimento do nexo de causalidade do ato com a sua conduta, não há que se
falar na aplicação das sanções previstas nos artigos 6º e 19 da Lei;” (MOREIRA NETO; FREITAS,
2014)
2. Lei Anticorrupção: Questões sobre a responsabilidade do agente
Responsabilidade
Responsabilidade
NÃO DEPENDE DA subjetiva de qualquer
objetiva da pessoa
NÃO EXCLUI A pessoa natural
jurídica
vinculada ao ilícito
A configuração dos atos de corrupção previstos nas alíneas “a”, “b”, “c”,
“d” e “f” exige comprovação do dolo específico do agente para violar a
competitividade das licitações (MOREIRA NETO; FREITAS, 2014).
3. Lei Anticorrupção: Penalidades
Legitimidade - art. 19
•Ministério Público
•Advocacias Públicas ou órgãos de representação judicial das pessoas jurídicas lesdas
Dissolução compulsória da pessoa jurídica como sanção máxima (art. 19, §1º)
Não exime do dever de reparar integralmente o dano causado (art. 16, §3º).
Pessoas jurídicas do mesmo grupo econômico podem firmar o acordo em conjunto (art. 16§ 5º)
A proposta de acordo se torna pública após a sua efetivação (art. 16, § 6º)
salvo no interesse das investigações e do processo administrativo, da Lei nº 12.846/13).
4. Lei Anticorrupção: Acordos de Leniência
5. Lei Anticorrupção - Disposições Gerais
Cadastro Nacional de Empresas Punidas – CNEP: publicidade às sanções aplicadas (art. 22).
Destino de multas e bens recolhidos com base na Lei:
•órgãos ou entidades públicas lesadas (art. 24).
Prescrição: 05 anos da ciência da infração (art. 25)
A Lei Anticorrupção não exclui as competências de processo e julgamento de infração à ordem
econômica:
• Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)
• Ministério da Justiça e Ministério da Fazenda
A aplicação da Lei Anticorrupção não afeta outros processos de responsabilização:
•ato de improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92)
•atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666/93 e outras normas de licitações e contratos
6. Lei Anticorrupção: Questionamentos de Constitucionalidade
ADI 5466/DF – Proposta em fev. 2016 contra Medida Provisória 703/2015, que tratava
de alterações ao procedimento do Acordo de Leniência. Julgamento prejudicado por
perda superveniente do objeto: MPV não convertida em lei. (Dje 01-08-2016).
Alterava, essencialmente, o artigo 16 da Lei nº 12.846/2013:
Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou
estrangeira. (...)
Art. 2º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos
administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu
interesse ou benefício, exclusivo ou não.
Art. 3º. A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a
responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de
qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito.
§1º. A pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da
responsabilização individual das pessoas naturais referidas no caput.
6. Lei Anticorrupção: Questionamentos de Constitucionalidade
▪ JUSTEN FILHO,Marçal. Curso de direito administrativo. 10.ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2013.
▪ MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 19. ed. São Paulo: Editora RT,
2015
▪ OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 3 ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015.
▪ MOREIRA, Egon Bockmann; BAGATIN, Andreia Cristina. Lei Anticorrupção e quatro de
seus principais temas: responsabilidade objetiva, desconsideração societária, acordos
de leniência e regulamentos administrativos. 2014. R. de Dir. Público da Economia –
RDPE | Belo Horizonte, ano 12, n. 47, p. 55-84, jul./set. 2014.
▪ MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. FREITAS, Rafael Véras de. A juridicidade da
Lei Anticorrupção. Reflexões e interpretações prospectivas. In: Revista Fórum
Administrativo (RFA). Belo Horizonte, ano 14, n. 156, fev. 2014.