RESUMO
Está destacado nesse trabalho o comum pensamento de três expoentes da história com
relação ao desenvolvimento histórico da educação e a previsão de um fim nada animador, se,
nas atuais circunstâncias. Como sabemos, um sábio não só evidencia cada ponto negativo de
um fato como dá, também, um direcionamento para que o objetivo final seja igualitariamente
alcançado. É, então, que a partir de um forte senso de democracia, apoiados numa dialética
rastreadora, expondo que política e educação estão intimamente interlaçadas, lançam às vias
de fato os passos para que o grande objetivo se efetive, ou seja, um mundo mais humano e
mais consciente. Apontam esses célebres homens para uma educação revolucionária baseada
numa pedagogia libertadora. Embora possa em alguns pontos parecer a idealização de um
mundo melhor, não é tão simples assim, Edgar Morin, Demerval Saviani, Paulo Freire até
aqui se mostraram incansáveis para que a visão funcional da educação ocupe o seu devido
lugar de valor na história e seja, pelo menos no atual século, a propulsão para um destino
comum muito mais nivelador e empático.
Palavras chaves: Educação, Ensino, Educação Brasileira, Educação para o Século XXI.
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1 INTRODUÇÃO
Com relação ao tema pesquisado, sem dúvidas, temos muito que aprender e assimilar
em conformidade com a perspectiva de complexidade humana e transdisciplinaridade em suas
riquezas culturais. Afinal, estamos também na era da tecnologia, onde tudo se „linka‟. E, isso
quer dizer: relacionar, interligar, conectar. Sinônimos que devem ser ajustados em todos os
âmbitos do saber. E a internet não deixa por menos, explodindo em todas as direções com
suas teorias da informação e os sistemas e a cibernética. Produzindo polêmicas e
sensacionalismo, sobre até mesmo o que faz um grão de arroz!
querem lucrar com isso. Vemos aí nesse exato momento sendo implantada a ideia da „moeda
virtual‟. Por isso, mais uma vez colocamos em evidência a necessidade dita por Morin (2015)
em Aprender a viver e Aprender a ensinar a viver. Sendo o papel do educador estimular o
aprendizado com o refinamento devido a cada conteúdo.
Tentaremos nas próximas linhas „trazer‟ para a nossa realidade, as ideias de Morin
contextualizando o seu entendimento dos Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro e
Complexidade humana à atualidade da educação brasileira. Os cinco passos de Demerval
Saviani, e o Método Freire de Alfabetização de Paulo Freire.
Vale ressaltar que esse trabalho não tem o intuito de rever tudo o que cada um disse e
muito menos acrescentar algo mais às suas palavras. Detemo-nos na perspectiva de cada um
para a Educação no presente século. Objetivamos que a visão de cada qual seja mais nítida
para a nossa realidade. Procuramos relacioná-las entre si, antevendo a possibilidade acional de
tudo o que disseram e aplicando ao atual contexto brasileiro de interação no ambiente escolar.
Pelo conhecimento, quando bem linkado e agrupado, tem-se a base para toda ação
humana, não um conhecimento simples e cru, mas aquele que pode ser exposto e nortear a
vida coletiva. No que diz que as disciplinas devem estar integradas e relacionadas objetivando
a visão do todo em toda a sua conectividade com a vida humana. Ocorre quando o homem
passa a ser visto de forma integral, numa conscientização dos Saberes, para que só assim
possa atuar numa formação específica mais apurada e sem os sobressaltos, inevitáveis, do dia
a dia pelo inesperado, ou incertezas, que advém do progresso e da consequente maturidade
humana.
Água, terra, ar e fogo. Fauna e Flora. O ser humano. Tudo deve ser respeitado numa
cosmovisão de refinada articulação. Nenhuma revolução foi ao acaso. Desde as revoluções
históricas, a industrial até as científicas. Tudo a ver com o homem, o conhecimento, a
sociedade.
O homem sempre teve uma identidade. Identidade humana. O porém da questão é que
sempre houve o „sentimento‟ de grandeza e ambição de poder: A classe dominante e a
dominada, de todas as formas, seja no sentido econômico, etnias ou status social, a pedigree
humana.
ao tratar e reconhecer tanto as pessoas de „fora‟ como no bom convívio diário com os de
„casa‟. Um indivíduo que não foi socializado, que não tem consciência do outro, vai
reproduzir outros semelhantes a ele.
O que temos visto é que o homem tem se voltado para o próprio umbigo, ignorando a
existência do outro, por vezes excluindo o outro, numa ilógica de reducionismo do ser,
tresloucada.
Certificamos, assim, a máxima importância da Educação, que deve ter sua visão
integral da realidade de vida global na terra, condicionando o homem não a pensar só em si,
no tal individualismo que nos trouxe o famigerado capitalismo, mas no pensar em „nós‟,
conceito este que Freire nos coloca muito bem. O mundo só é maravilhoso, e continuará
sendo, por causa do „nós‟. Morin (2002) destaca isto em seus estudos: o homem ternário,
espécie/indivíduo/sociedade.
Podíamos trazer à memória dizeres de tantos outros expoentes humanos que, também,
tanto se entregaram pela socialização e igualdade. Ícones brasileiros. Pensando a respeito
falaremos de Paulo Freire, um inovador, que mesmo em meio a tantas perseguições e
injustiças não pôde ser anulado de nossa histórica educação nacional. E, Dermeval Saviani
com sua polêmica Teoria da Curvatura da Vara. Além de tantos outros por meio da filosofia e
sociologia, e eméritos mestres que nunca se cansam de lutar pela causa. Todos concordantes
na primazia de reformular o modo de se relacionar de todos os atores na escola, educadores e
educandos, sistematizando, holisticamente, o desenvolvimento acadêmico, social, político,
cultural e educacional de toda uma sociedade ardente por algo mais. Algo que só a educação
pode alcançar e oferecer.
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5. O tópico seguinte é enfrentar as incertezas com base nos aportes recentes das
ciências. Viver é enfrentar as incertezas, os riscos, é confrontar-se com os outros, na busca de
compreender e ser compreendido. O ato de viver vai na contramão do sobreviver. A educação
enquanto processo humano necessita ensinar a viver, o que envolve a superação da atual
carência no ensino no que se refere a meditar, refletir, lidar com o inesperado para ter
consciência do risco das próprias escolhas diante da incerteza do viver o hoje. O que aparenta
ser verdade suscita dúvidas em virtude de teorias que já não se aplica mais ao contexto.
Morin reitera, ao citar o que disse Karl Marx: “Qualquer reforma do ensino e da
educação começa com a reforma dos educadores.” afirmando que para que uma educação
alcance o objetivo a que se propõe, os primeiros a serem alcançados, e renovados, devem ser
os professores, pois são estes os que realmente participam da realidade educacional no
contexto de vivência e convivência.
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Saviani propõe os cinco passos do processo educativo evidenciando que não basta
apenas a identificação, ou nomenclaturas, dos ruídos percebidos na educação. É
imprescindível uma metodologia, e a apresenta da seguinte forma: 1º) prática social inicial; 2º)
problematização; 3º) instrumentalização; 4º) catarse e 5º) prática social final.
A prática social inicial é tida como o ponto de partida do processo pedagógico. Neste
passo professor e alunos trazem para o ambiente escolar todas as vivências e experiências que
já possuem sobre o conteúdo.
A prática social final é o momento em que o educando mostra que realmente aprendeu,
com as mudanças em seu comportamento pela absorção do conteúdo. Manifesta-se pelo
compromisso e pelas ações que o mesmo se dispõe a executar em seu cotidiano, seja no trato
familiar, na comunidade e em relação ao meio ambiente e até mesmo em suas escolhas
acadêmicas.
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Por fim, queremos deixar aqui registrado a filosofal teoria do autor, quando se refere
aos desafios que, de certo modo, impediram a ação pedagógica histórico-crítica no Brasil.
Para ele são três estes desafios:
O segundo desafio está centrado na preocupação em propor uma nova teoria que vise à
transformação da prática, de modo atento ao fato de que a organização objetiva do trabalho
pedagógico pode estar articulada a outra teoria, diversa ou até mesmo oposta a essa nova
teoria. Então, para o autor, “o fato de não se atentar suficientemente para o modo como as
escolas estão organizadas acaba por inviabilizar a transformação pretendida” (SAVIANI, 2003,
p. 120).
Saviani ainda afirma que “a educação é sempre um ato político.” (SAVIANI, 2000, p.
211), já que está ligada às características da sociedade servindo os interesses de uma classe
em detrimento de outras. A ideia de „educação-política‟ é mais um entre tantos outros pontos
em comum com os estudos de Freire e de Morin.
2.3.1. O Método
Em seu livro Educação como Prática da Liberdade (2017, 40 ed.), Freire propõe a
execução prática do Método em cinco fases, a saber:
3ª fase: Criação de situações existenciais típicas do grupo com quem se vai trabalhar.
São situações desafiadoras, cotidianas, codificadas e carregadas dos elementos que serão
decodificados pelo grupo com a mediação do educador. São situações locais que, discutidas,
abrem perspectivas para a análise de problemas locais, regionais e nacionais.
Quando Morin fala de conhecimento, Saviani expõe o ponto social inicial e Freire
completa, dentro da etapa investigação, com o modo de proceder para que a realidade de vida
dos pares se encontre no pensar dialético e dialógico.
Morin, devido a era digital e „multimidiática‟ que vivemos, nos traz à memória as
revoluções históricas, de toda ordem em todos os saberes, seja: científico, teológico, empírico
ou filosófico, quando em todo o momento fomos surpreendidos pelo inesperado ao qual
tivemos que nos adaptar e evoluir, para galgarmos intrincáveis degraus de superação. Saviani,
em seu quinto passo, fala da capacidade de visualizarmos, entender e gerirmos os problemas
sendo capazes de propor soluções e participando de forma relevante para a transformação
social. Freire fala da não neutralidade, apontando para uma prática que se eleva para a
libertação da opressão predominante em nossa sociedade.
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Enfim, a grande expectativa está em que o foco principal deve ser o Educador. Tudo
deve começar com ele e terminar nele, afinal, sendo um valoroso formador de opinião, são os
primeiros a receber o depósito inestimável da confiança dos pupilos. Sem o devido
investimento e reconhecimento todo e qualquer esforço, para uma educação libertadora
estruturada em bases confiáveis, serão meros acenos e nunca ações fundamentadoras.
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4 CONCLUSÃO
Filosofar é preciso. Mas, estamos num tempo que o filosofar não pode sobrepor o agir.
Como diz esses grandes pensadores o momento agora é o de civilizar a terra. No que tem o
nosso total apoio, pensando no futuro de nossos filhos.
Primamos por um futuro mais humano, igualitário e desenvolvido, não pelas riquezas
materiais acumuladas, ou descobertas tecnológicas, mas pela autenticidade de nos vermos
espécie humana, responsáveis uns pelos outros e por todo o eco sistema, o que passa a ser
uma vultosa ideologia a ser seguida quando posta em ação. E, a educação tem tudo a ver e a
haver com isso.
Que a educação, no mínimo, possa dar um start coerente para os futuros protagonistas
desse tempo. Valha-nos uma educação, deveras, muito mais bem articulada, em conformidade
com tudo o que foi dito pelos nossos pesquisadores, supracitados, num único dizer.
Pretendemos, inclusive, mostrar com esse trabalho que o fundamento de uma pesquisa
busca o enfoque principal de esclarecer, acrescentar e quebrar tabus que tanto atrapalham um
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limpo processo de pesquisa científica. É a pujança da Educação para o Século XXI, que vimos
estudando até o momento. Podemos até afirmar que muitos estudiosos ainda não concluíram
suas próprias teses, justamente, por não admitirem o que o conhecimento teológico tem a dizer,
e, que tantos outros que chegaram à conclusão não obtiveram exatamente um merecido
reconhecimento, por suas árduas investigações, por esse mesmo motivo. Pelo que a maioria se
deteve duplamente no conhecimento „empírico‟ de forma tão natural, pessoal e enraizada que,
para si, classificaram o saber Teológico como: dispensável para o momento.
Que nossa elocução possa contribuir, alavancando uma nova visão sobre cada um dos
intrincáveis Saberes, visão esta que seja responsável por grandes descobertas e definições
jamais vistas. No entendimento do aspecto antropo-ético dissecado por Morin(2015).
O autor.
“Deus fez os céus e a terra. Porém, a terra deu-a aos seres humanos. Para que se
multipliquem e a administrem.” (Paráfrase do salmo 115.14-16, Bíblia Sagrada)
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< https://www.youtube.com/watch?v=qxXk9ZWrXTc > Acesso em: 24 dez. 2017, 04:14:33.
Submetido: 29∕05∕2018
Aprovado: 28∕06∕2018