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INSTITUTO SÃO TOMÁS DE AQUINO

MAURÍCIO SANGALETTI

O PECADO: DO DESCRÉDITO AO
APROFUNDAMENTO

Trabalho apresentado à disciplina de Moral


Fundamental como requisito parcial para a
obtenção de nota para o segundo bimestre, sob a
orientação do Dr. Pe. Amarildo José de Melo.

BELO HORIZONTE

2017
1

Dividiremos esta recessão crítica em duas partes. Na primeira parte destacaremos


os pontos principais da obra O pecado: do descrédito ao aprofundamento, de Frei
Antônio Moser. Sete são os temas que discorreremos em cada parágrafo respectivamente:
o descrédito do pecado; as contribuições das ciências da suspeita à teologia do pecado; a
problemática da origem do mal; a doutrina do pecado original; o pecado a partir de Jesus
Cristo; a noção de pecado na escolástica; a passagem do objeto para o sujeito. Na segunda
parte apresentaremos uma pequena crítica pessoal ao que foi exposto.

Encetamos versando sobre o descrédito do pecado. Ora, é inegável o descrédito


do pecado e de sua teologia. Não obstante, houve e continua havendo um aprofundamento
dessa realidade. De modo particular, apresentamos duas posturas antagônicas sobre o
pecado. A primeira coloca o pecado num nível superficial e moralizante. Esta avalia o
pecado como sintomas considerados em si mesmo. A culpabilidade é da má vontade das
pessoas e no máximo a causa é a evangelização. A segunda avalia o problema num nível
mais profundo. Esta salienta que os sintomas não passam de sintomas e requerem uma
análise mais prudente. O pecado não é uma peça solta no espaço e no tempo; logo, não
pode ser entendido nele mesmo, senão que remete a uma realidade.1 Muitos sintomas são
responsáveis pelo descredito. Uma dificuldade em relação a teologia do pecado é a
modernidade. As transformações aceleradas e profundas no âmbito religioso carregam
consigo a secularização e a dessacralização. Disso emergiu uma nova compreensão do
ser humano e da sociedade. Nessa o sujeito se torna adulto e paulatinamente rejeita tudo
o que lhe parece infantil. Aqui o sujeito é o cetro de tudo. O mitológico ocupa a categoria
de superstição. Daí a indiferença religiosa. É relevante também nessa análise as mudanças
na escala de valor. Esta remete a passagem de um mundo pré-industrializado e
predominantemente agrário que não corresponde mais com os anseios do mundo
moderno. Os comportamentos vão assumindo conotações diferentes. Por isso a
dificuldade com a virgindade e os filhos. Em suma, as concepções usuais de pecado estão
em descredito porque trabalhão com uma concepção do ser humano que não condiz com
a realidade que se vive. É necessário entender a passagem do mundo rural e sacralizado
para o mundo urbano e desacralizado. Além disso, o pluralismo religioso mostra como
nenhuma religião consegue impor a sua escala de valores e sua compreensão do pecado,
permitindo que cada pessoa adquira o produto que mais lhe agradar no momento.

1
MOSER, A. O PECADO: do descrédito ao aprofundamento. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 25.
2

Devemos ainda salientar o pluralismo teológico. Nesse, por exemplo, uma concepção
rigorista de Deus leva a uma compreensão igualmente rigorista do pecado.

As ciências deram e continuam concedendo muitas contribuições para a


compreensão do pecado. Elas possibilitaram uma reflexão teológica mais realista. As
ciências da suspeita, de modo particular, lançaram sobras sobre a teologia do pecado.
Vejamos alguns exemplos. As suspeitas levantadas pelo freudismo dizem respeito a visão
da culpa moral enquanto manifestação tipicamente patológica; portanto, para que se possa
viver sadiamente é necessário extirpar a consciência do pecado.2 Ademais, possuímos
impulsos de vida e de morte: todo ser humano experimenta a sensação de estranheza
profunda diante de si próprio, dos outros e do mundo; sentimos um forte apelo para o
amor, o bem, a amizade, mas também para a inimizade, o ódio e o mal. As suspeitas
levantadas pelos comportamentalistas são deduzidas a partir do comportamento dos
animais, são elas: origem do mal na agressividade própria de todos os viventes3; o homem
não pode ser responsabilizado pelo mal que pratica; o homem é vítima de impulsos e
reações incontroláveis (Skinner); a liberdade é uma ilusão, isto é, é condicionada, pois
somos criaturas. As suspeitas levantadas pelo marxismo são: a alienação é o verdadeiro
pecado, já que desumaniza4; a religião é uma das estruturas destinadas a manter a
dominação dos poderosos sobre os fracos; estes esperam a resolução para o além e não
lutam para mudar a sua condição atual. As críticas marxistas ajudaram a perceber: que o
mal moral mora no coração humano, mas que ele pode se expandir para as estruturas
sociais. Ainda mais: que mesmo na área da sexualidade o capitalismo leva a um
utilitarismo cruel do outro.

A procura pela gênese do pecado nos coloca necessariamente diante da indagação


sobre a origem do mal: o primeiro dos mistérios. Todos os pecados são manifestações de
um mal que ultrapassa a nossa compreensão. O pecado é apenas uma das faces do mal.
Sem a doutrina do pecado original não é possível entender o pecado atual, isto é, o pecado
pessoal relacionado a nossa história. Este remete as profundezas do homem. Sobre o mal
possuímos várias respostas. Uma resposta otimista leva a acolher o mal como sendo uma
realidade histórica, portanto, não procedente de Deus. Não é incomum os dualismos para

2
MOSER, A. O PECADO: do descrédito ao aprofundamento. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 32.
3
Idem, p. 33.
4
Idem, p. 34
3

explicar o problema do mal, isto é, um duplo princípio criacional onde espera-se uma
vitória final do bem sobre o mal. Os pessimistas salientam que somente o mal existe.
Também o Antigo Testamento versa sobre o mal. Este é marcado em sua totalidade pela
questão do mal. O livro de Jó é um exemplo. Mais ainda: este livro coloca a questão sobre
o porquê do sofrimento dos bons e não dos maus. No Novo Testamento, Jesus representa
o auge do paradoxo da felicidade dos maus e do sofrimento dos justos. Podemos mesmo
asseverar que o homem Jesus é vencido pelo mal: morre na cruz. De fato, somente o
ressuscitado vence o mal. A teologia clássica vai dividir o mal em três perspectivas: físico,
moral e cósmico. O mal cresce, segundo a mesma, a medida que multiplicam os pecados
pessoais. Todos os males procedem do moral. Porém, como isso ocorre a teologia clássica
não consegue explicar. Muitas racionalizações sobre o mal são desenvolvidas com o
objetivo de inocentar a Deus. Afirma-se que o mal na sua radicalidade preexiste, como
possibilidade, às condições humanas, embora não preexista à criação. O mal é constitutivo
do ser humano no mundo e na história. Cabe somente ao homem fazê-lo progredir ou não.
Quando o homem se distância dos planos divinos, fazendo-o a nível de consciência, ele
passa dos planos divinos para os seus próprios planos, quer dizer, recusa o convite de
entrar no mistério da criação na perspectiva de Deus; despreza o fazer parte da instauração
do plano de Deus. Nessas condições, o homem fica preso a multiplicidade e não consegue
enxergar a unidade. O catecismo observa que Deus não criou de modo perfeito, senão que
a criação caminha para um estado último de perfeição, para a qual Deus a destinou.
Mesmo com o mal moral, do qual Deus não é o causador, o bem é tirado do mal.

A doutrina do pecado original não pode ser desassociada da salvação. É preciso


compreender o homem no seu estado atual e original. A natureza profunda do ser humano
nada é capaz de anular: “ser imagem de Deus”. O pecado original preexiste a cada pessoa
e continua atuando sobre nós. Ele é mais que o pecado atual, pois é uma permanente
condição de decadência que pervade a vida em todas as suas dimensões. De modo
especifico, os profetas não se preocuparam tanto com a origem do pecado, mas com o
pecado atual, com o que aparecia na sua história. Neles o pecado é entendido como a
violação de um amor personalizado: num lado há o amor de Deus e no outro o do ser
humano que rompe, despreza, etc. Os pecados atuais são para os profetas uma violação a
aliança feita com Deus. Só pela conversão o homem reconhece que a negação de Deus
lhe desestrutura socialmente e enquanto indivíduo. É impossível ao ser humano, por seus
esforços, alcançar a conversão, por isso a intervenção de Deus ao longo da história. A
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vitória é fruto da ingerência de Deus. Para Paulo, Adão era figura do que havia de vir,
esboço aproximativo do que é o homem. Infiel a sua vocação Adão se corrompeu,
deformou a imagem de Deus nele. Era necessário um verdadeiro Adão: imagem de Deus
que refletisse cabalmente. Cristo é a imagem do Deus invisível (Col 1,15). O destino do
ser humano, portanto, é ser imagem de Cristo. Este é o único modo do homem ser imagem
de Deus. Fora de Cristo não há vida cabal para o homem. Ser imagem é a vocação cristica
do ser humano. Em síntese, a doutrina paulina segue a ordem: Cristo a verdadeira imagem
de Deus; ser humano imagem de Cristo; somente por isso homem imagem de Deus. São
Paulo se preocupa sobretudo com o estado habitual do homem: personagem dotado de
um estranho poder que nos conduz ao pecado. O pecado morra no coração humano e é
acordado pela lei. Todos os homens em Adão estão imersos no pecado. Paulo acentua o
pecado para enfatizar ao mesmo tempo a vitória de Cristo. É, porém, Santo Agostinha
que cunha a expressão pecado original, além de desenvolver uma doutrina sistemática,
diante do confronto com o pelagianismo, que nega a necessidade da graça para a salvação.
Atualmente nenhum teólogo sério, seja católico ou protestante, vai refutar o que reitera
as escrituras referente ao pecado original, a saber: a presença universal do pecado na
história do homem e a salvação em Cristo. Todavia, devido ao caráter histórico-crítico da
modernidade ninguém mais sustenta: 1) que o primeiro homem e mulher chamavam-se
Adão e Eva; 2) que o monogenismo e o criacionismo fixista fazem parte do patrimônio
da fé.

Jesus Cristo é a luz da Luz que brilha nas trevas. Nele toda a realidade humana se
vê convocada a uma redefinição. O pecado é entendido sobre uma nova luz. Conhecemos
Jesus pelos seus interpretes. Os evangelhos são exemplos. Cada evangelho vai apresentar
uma perspectiva do pecado: Mateus faz uma leitura eclesial; Marcos evidencia Jesus
perdoando pecados e sendo o salvador dos pecadores; Lucas é o que mais ênfase dá a
“boa nova” para os pecadores; para João e Paulo o pecado é uma força satânica que cega
e escraviza.5 Jesus olha o ser humano em sua totalidade: suas luzes e sombras, virtudes e
vícios. A boa notícia é em primeiro lugar para os pecadores, pois para os judeus a
conversão é decorrência lógica do fascínio de uma adesão. O ideal universal concede
prevalência sobre o “sede perfeitos como o Pai é perfeito”, o querer “misericórdia e não
sacrifícios”. Logo, o que define a identidade do pecador não são códigos religiosas, mas

5
MOSER, A. O PECADO: do descrédito ao aprofundamento. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 147.
5

o relacionamento com o Deus salvador. Ninguém é justo, todos somos pecadores e nossa
justificação depende da gratuidade divina; porém, é necessário que nos reconheçamos
pecadores. Para Jesus, o pecado não consiste somente na violação da lei. Na verdade, há
um deslocamento dos atos para a atitude, da exterioridade para a interioridade e a
intencionalidade. Daí que o que conta acima de tudo é o coração. Pecar é se fechar no seu
mundo, construir a sua própria vida longe da economia do dom e da gratuidade. Em
síntese, para Jesus o pecado não reside tanto no fazer ou deixar de fazer legalista, mas na
falta de resposta, no estar desligado, dormindo.6

A escolástica é a nossa ligação com os padres da Igreja. Tomás de Aquino


apresenta o homem como o único ser capaz de dizer sim ou não a Deus e aos seus planos.
Ao dizer sim está sendo virtuoso, ao dizer não está sendo pecador e se frustrando, pois
não corresponde a sua vocação. O homem peca pela violação das normas da razão e da
Lei Eterna. O filósofo mostra que o pecado se situa na história e está associado a liberdade
do ser humano. Localizamos Tomás de Aquino na casuística e no formalismo, já que o
pecado é transgressão da lei. Com os teólogos franciscanos, por sua vez, se acentuará
fortemente a realidade individual e a vontade.7 Para a escola franciscana não é o pecado
que causa a encarnação, senão que essa desde sempre já estava presente nos planos de
Deus. O enfoque franciscano do pecado é ser incapaz de ver e não se deixar moldar por
Cristo, homem perfeito, exemplar de toda obra criada. O pecado não está na transgressão
da lei, mas na não correspondência ao amor de Deus: “o amor não é amado”, como repetia
Francisco de Assis.8

Evidenciamos a passagem do momento do objeto, representado pela casuística,


onde se dá ênfase para “o que, e quantas vezes você fez”, para o momento do sujeito.
Neste o pecado é compreendido a partir de um indivíduo que está localizado num contexto
sociocultural, que possui um patrimônio genético, psicológico, religiosos, etc. A pergunta
aqui é sobre “quem você é”.9 Nesta concepção, a verdadeira consciência de pecado confia
na graça divina; ela não olha tanto para trás, senão que sem abandonar o passado abre-se

6
MOSER, A. O PECADO: do descrédito ao aprofundamento. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 158.

7
Idem, p. 118-119.

8
Idem, p. 202.

9
Idem, p. 206-207.
6

para o futuro. Nesse sentido, o reconhecimento de haver pecado, de não viver de acordo
com o seu ethos mais profundo, é condição da abertura para os outro e para Deus. Há
nesse novo entender do pecado uma superação do legalismo, já que o comprimento do
ideal cristã não se encontra simplesmente no cumprimento de normas. Este “reside numa
pessoa, comunidade, historicamente situadas, que se sentem interpeladas, e que
respondem positivamente ou negativamente”.10 Essa compreensão nos ajuda a superar
uma mentalidade de conformidade de uma situação estabelecida onde o pecado seria a
oposição ao legislado; dado que muitas vezes é mudando direitos injustos estabelecidos
que deixamos uma realidade de pecado que nos oprimia e causava danos a sociedade. 11
Nesse sentido, partindo de uma análise sócio-estrutural, podemos afirmar que não existe
pecado sem pecador e que não basta simplesmente vencer a pobreza material para que o
pecado sócio-estrutural desapareça.12 O pecado não atinge somente a estrutura, mas
também o homem individual. Já apontamos isso ao discorrermos anteriormente sobre as
contribuições de Marx à teologia do pecado. Com base em tudo o que citamos,
evidenciamos, para finalizar, a necessidade de uma conversão tanto a nível social quanto
individual, para que a realidade de pecado não proliferar, pois o pecado não se resume
somente a conversão do homem, mas de todas as realidades circundantes ao homem.

Nossa crítica ao que foi exposto diz respeito a necessidade de uma continua
atualização da teologia do pecado para que ela possa ser significativa também para o
nosso tempo. Sabemos que na história as interpretações mudam. Ora, para que algo
permaneça é necessário, não que ela se altere na sua essência, mas que continue falando
mesmo diante de uma nova realidade. O cristianismo logo no início de sua história
precisou adaptar os conceitos provindos de uma cultura semita para conceitos provindos
do mundo grego, pois do contrário a mensagem trazida nada ou pouco significaria aos
gentios. Entendemos que a teologia do pecado original precisa dialogar a partir dessa
nova realidade em que vivemos. Aliás, essa nossa crítica se estende a toda a Igreja, muitas
vezes presa a tempos remotos e incapaz de se comunicar a partir de sua realidade concreta.
Nessas circunstâncias, ela se fecha e antes de ser promotora de vida, nada faz diante dos
que jazem ao seu redor.

10
MOSER, A. O PECADO: do descrédito ao aprofundamento. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 212.

11
Idem, p. 214.

12
Idem, p. 260.

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