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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

LPP
Nº 70026957233
2008/CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO. FALÊNCIA.


AÇÃO DECLARATÓRIA. EXTENSÃO DOS EFEITOS
DA QUEBRA À EMPRESA DO MESMO GRUPO
ECONÔMICO, CONSTITUÍDA PARA MANTER A
ATIVIDADE ECONÔMICA DA FALIDA EM
DETRIMENTO AOS CREDORES. POSSIBILIDADE.
FRAUDE À EXECUÇÃO FALIMENTAR.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
Uma vez verificado pela prova coligida aos
autos que a empresa agravante, em que pese
formalmente distinta da sociedade falida, e
constituída em momento distinto, mantém a
exploração da mesma atividade econômica, com
confusão patrimonial comprovada pela tentativa de
transferência de bens imóveis entre da empresa
falida e da agravante, bem como pela
Administração de ambas as sociedades pela
mesma pessoa, na condição de sócio oculto, em
nítido intuito de prejudicar o pagamento de
credores da falida, é possível a extensão dos
efeitos da quebra à empresa constituída em fraude
à execução coletiva. Aplicação do instituto da
desconsideração da personalidade jurídica,
estabelecido no art. 50 do Código Civil de 2002.
Precedentes desta Câmara e do STJ.
AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO PROVIDO.

AGRAVO DE INSTRUMENTO SEXTA CÂMARA CÍVEL

Nº 70026957233 COMARCA DE PORTO ALEGRE

ALIANCA INCORPORACOES E AGRAVANTE


PARTICIPACOES LTDA

MASSA FALIDA DE CONSTRUTORA AGRAVADO


PRATES GALVAO LTDA.

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.

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Acordam os Desembargadores integrantes da Sexta Câmara


Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento
ao agravo de instrumento.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes
Senhores DES. ANTÔNIO CORRÊA PALMEIRO DA FONTOURA
(PRESIDENTE) E DES. ARTUR ARNILDO LUDWIG.
Porto Alegre, 09 de abril de 2009.

DESA. LIÉGE PURICELLI PIRES,


Relatora.

R E L AT Ó R I O
DESA. LIÉGE PURICELLI PIRES (RELATORA)
Adoto, inicialmente, o relatório constante do Parecer Ministerial
de fls. 363/369, evitando tautologia:

“Trata-se de agravo de instrumento interposto por


ALIANÇA INCORPORAÇÕES E PARTICIPAÇÕES
LTDA contra sentença (fls. 299 a 316) que julgou
procedente ação declaratória movida pela MASSA
FALIDA DE CONSTRUTORA PRATES GALVÃO
LTDA, declarando a desconsideração da
personalidade jurídica da agravante e, por
conseqüência, estendendo-lhe os efeitos da
falência da agravada.
Afirma a agravante que, quando da constituição da
sociedade (Aliança), o sócio fundador, Sr. Tadeu
Galvão, teve a intenção de garantir o sustento e a
educação dos seus filhos, na época menores de
idade, com as receitas oriundas desta empresa,
motivo pelo qual consignou no contrato social que
seria titular de somente 10% do capital social e
receberia o restante em usufruto até que aqueles
adquirissem a maioridade legal. Aduz que, com a crise
da Construtora Prates Galvão e a decorrente redução
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de receita do Sr. Tadeu Galvão, a empresa Aliança


não chegou a iniciar suas atividades, ficando
paralisada até o início de 2000, quando o sócio
Diego Souza Galvão atingiu a maioridade, sendo
realizada a retirada daquele do quadro societário,
com a cessão de suas quotas aos demais sócios,
seus filhos, tendo a sociedade prestado serviços
somente sob a administração deste, não havendo
similitude societária. Refere que a primeira doação
das quotas sociais foi realizada em 1989, quando
constituída a sociedade, tendo em vista que os
sócios donatários, por serem menores e não
possuírem renda à época, não tinham como
justificar a integralização do capital, enquanto que a
segunda doação, em 2000, quando o sócio Diego
atingiu a maioridade, passando a administrá-Ia, não
se fazendo mais necessária a presença do sócio
Tadeu Galvão no quadro societário da empresa.
Alega que nunca teve sede no mesmo local da
falida, não existindo qualquer prova em sentido
contrário. Defende a ausência de confusão
patrimonial, visto que a falida não ficou responsável
pela conclusão, mas, sim, pelo custeio da conclusão
das unidades do Edifício Double Center
pertencentes à agravante e a outros compradores, a
ser realizada por qualquer outra empresa do ramo,
não lhe sendo concedido qualquer privilégio,
porquanto tratados de forma igualitária todos os
condôminos, nem sido efetuada a transferência do
patrimônio. Sustenta que, em respeito ao princípio
da autonomia patrimonial e a segurança jurídica das
relações societárias, deve-se lançar mão do instituto
da desconsideração da personalidade jurídica com
a devida prudência e cautela, sob pena de
desvirtuamento da sua aplicação, sendo a limitação
das perdas fator essencial ao bom desenvolvimento
da atividade econômica capitalista. Argumenta que,
na medida em que as dívidas são oriundas de atos
praticados exclusivamente pelo Sr. Tadeu Galvão,
enquanto representante legal da falida, não podem
se comunicar com o patrimônio da recorrente, pois
não se vislumbra hipótese de confusão patrimonial,
bem como nunca houve atos de gerência do sócio
falido no nome desta. Por fim, assevera que,
mesmo sendo mantida a desconsideração da
personalidade jurídica, não há razão para que seja
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decretada sua quebra, visto que o objetivo da


demanda é a arrecadação dos bens para que
integrem o patrimônio da massa falida, havendo,
inclusive, sua concordância na entrega dos
conjuntos comerciais referidos na sentença. Pugna,
assim, pela concessão de efeito suspensivo ao
recurso e, ao final, por seu provimento, reformando-
se integralmente a decisão ora recorrida.
O recurso é tempestivo (fls. 02 e 347), bem como foi
efetuado o devido preparo (fI. 16).
A Ilustre Relatora indeferiu o pedido de efeito
suspensivo pleiteado (fls. 349 a 351). ”

O Ministério Público opina pelo desprovimento do recurso.


É o relatório.

VOTOS
DESA. LIÉGE PURICELLI PIRES (RELATORA)
Conheço do recurso, por preenchidos os pressupostos legais.
O presente recurso merece desprovimento, exatamente pelos
fundamentos declinados na decisão de fls. 349/351, através da qual neguei
o efeito suspensivo postulado pela agravante.
Insurge-se a agravante contra a sentença que, reconhecendo a
desconsideração da personalidade jurídica da empresa agravante, e a
circunstância de se tratar de empresa do mesmo grupo econômico, que teria
permanecido nas atividades de sociedade anteriormente falida, Construtora
Prates Galvão, estendeu os efeitos da falência desta última à agravante,
com decretação de quebra.
Da análise dos autos documentos coligidos aos autos, penso
haver razão nas ponderações da Magistrada de primeiro grau, ao estender
os efeitos da falência da Construtora Prates Galvão Ltda à empresa
agravante. Com efeito, vê-se dos documentos de fls. 96/111 que a
empresa agravante foi constituída no ano de 1989 por Administrador da
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falida Construtora Prates Galvão Ltda, Sr. Tadeu Portinho Galvão,


juntamente com seus três filhos, todos menores à época da constituição
da sociedade, justamente à época da crise financeira que, segundo o
próprio Sr. Tadeu Galvão, determinou a situação de inadimplência da
construtora. Na época de Fundação, o Sr. Tadeu contava com 10% das
quotas sociais, sendo titular, contudo, de usufruto sobre as demais quotas da
empresa, que restaram distribuídas aos menores impúberes.
Posteriormente, no ano de 2000, transferiu o Sr. Tadeu aos
seus três filhos, a título gratuito, as quotas que detinha na empresa
agravante, menos de um mês antes do trânsito em julgado de ação
trabalhista contra ele redirecionada.
O objeto da agravante é o mesmo exercido pela empresa
falida, referindo a recorrente que as atividades da empresa só tiveram início
no ano de 2000, com a maioridade de Diego Galvão, filho primogênito do
Administrador da falida, e que teria assumido a gerência da empresa,
passando o Sr. Tadeu a trabalhar como “funcionário” da sociedade.

Ora, não é crível que um rapaz com apenas 18 anos, no início


do Curso de Direito, tivesse experiência e formação suficiente para assumir
a Administração de uma empresa construtora, firmando inclusive a
contratação de empreendimento de luxo, o Condomínio Terra Ville,
construído em área nobre da Zona Sul da Capital. Ao que tudo indica, o sr.
Tadeu nunca deixou de administrar a sociedade agravante, na condição de
“sócio oculto”.
Acrescento, ainda, algumas considerações tecidas pela ilustre
Procuradora de Justiça com assento nesta Câmara, Dra. Eliana M.
Moreschi, em seu bem lançado parecer:

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“Ademais, da simples leitura dos depoimentos


prestados pelo Sr. Tadeu Galvão e por seu filho, Diego
Galvão (fls. 176 a 189), é possível concluir a
interdependência entre as empresas, visto que a
recorrente dependia da falida, tanto que o falido
pretendia transferir o patrimônio daquela para esta,
somente não concretizando tal operação em razão da
crise econômico-financeira enfrentada pela falida, com
a qual não contava. É possível inferir, também, que
ambas as empresas eram gerenciadas pelo Sr. Tadeu,
ainda que o Sr. Diego constasse formalmente como
administrador da Aliança, havendo uma relação de
unidade entre as pessoas jurídicas, com confusão
patrimonial.

(...)

Além disso, como bem salientado pela Magistrada a


quo, "a circunstância em que se deu o acordo entre os
comprovadores (sic, leia-se compradores) das
unidades e a empresa falida - responsável pela
construção e incorporação - envolvendo o Edifício
Double Genter, indica que embora no registro de
imóveis os boxes 44 e 45 e conjuntos 603 e 604
estivesse em nome da demandada, pertenciam ao
grupo, pois muito embora a empresa falida tenha sido
afastada da construção e incorporação, permanecer
(sic, leia-se permaneceu) responsável pela
continuidade da obra em relação às unidades
referidas (boxes 44 e 45 e conjuntos 603 e 604)" (fls.
310 e 311).”

Também a existência de inúmeras reclamatórias trabalhistas e


execuções fiscais em que os bens de ambas as empresas restaram
penhorados indistintamente, com diversos reconhecimentos judiciais de
confusão patrimonial e desconsideração da personalidade jurídica da
agravante, são elementos a sugerir a correção da decisão agravada. São
fortes os indícios de que a empresa agravante compõe o mesmo grupo
econômico da falida, sendo composta pelos filhos do Administrador desta,
desempenhando o mesmo objeto social, o que dá ensejo à aplicação da
regra do art. 50 do CC/02.
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Por fim, verifica-se, ainda, a confusão patrimonial nas


sociedades (falida e agravante) quando o próprio recorrente reconhece que
o sr. Tadeu tentou transferir os conjuntos 603 e 604, bem como os boxes 44
e 45 do Edifício Doble Center à sociedade agravante, não tendo logrado
êxito em razão da decretação da quebra e a indisponibilidade sobre os bens
daí decorrente. Aliás, nenhum documento nos autos a indicar como os
referidos imóveis foram transferidos do acervo da empresa falida para seu
Administrador, sr. Tadeu, tampouco como e a razão pela qual os referidos
bens foram destinados à empresa agravante quando do acordo firmado pela
falida com os condôminos do prédio Doble Center, os quais já haviam
adquirido e pago pelas unidades. Nítida, portanto, a composição do grupo
econômico entre a empresa falida e a recorrente.
O Colendo STJ já teve a oportunidade de firmar entendimento
sobre o tema, autorizando a extensão dos efeitos da falência à empresa do
mesmo grupo econômico, cuja individualidade em relação à falida se mostra
meramente formal, declarando-se, em razão disso, a desconsideração da
personalidade jurídica da falida.1

1
“Processo civil. Recurso ordinário em mandado de segurança. Falência. Grupo de
sociedades. Estrutura meramente formal. Administração sob unidade gerencial, laboral e
patrimonial. Desconsideração da personalidade jurídica da falida. Extensão do decreto
falencial a outra sociedade do grupo. Possibilidade. Terceiros alcançados pelos efeitos da
falência. Legitimidade recursal. – Pertencendo a falida a grupo de sociedades sob o mesmo
controle e com estrutura meramente formal, o que ocorre quando as diversas pessoas
jurídicas do grupo exercem suas atividades sob unidade gerencial, laboral e patrimonial, é
legitima a desconsideração da personalidade jurídica da falida para que os efeitos do
decreto falencial alcancem as demais sociedades do grupo. - Impedir a desconsideração da
personalidade jurídica nesta hipótese implicaria prestigiar a fraude à lei ou contra credores.
- A aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica dispensa a propositura
de ação autônoma para tal. Verificados os pressupostos de sua incidência, poderá o Juiz,
incidentemente no próprio processo de execução (singular ou coletiva), levantar o véu da
personalidade jurídica para que o ato de expropriação atinja terceiros envolvidos, de forma
a impedir a concretização de fraude à lei ou contra terceiros. - Os terceiros alcançados pela
desconsideração da personalidade jurídica da falida estão legitimados a interpor, perante o
próprio juízo falimentar, os recursos tidos por cabíveis, visando a defesa de seus direitos.”
(RMS 12.872/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
24.06.2002, DJ 16.12.2002 p. 306)

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Dessa forma, reconhecida a existência de verdadeiro grupo


econômico formado entre a empresa falida Construtora Prates Galvão Ltda e
a empresa agravante, em que pese a personalidade distinta desta última,
com confusão patrimonial e administração pelo mesmo sócio oculto, que
gerenciava a sociedade falida, resta configurada a hipótese de abuso de
direito em prejuízo aos interesses dos credores da massa, e, assim, cabível
a desconsideração da personalidade jurídica, estendendo à agravante os
efeitos da falência de Construtora Prates Galvão Ltda, na forma estabelecida
na sentença.
Com tais considerações, nego provimento ao agravo de
instrumento.
É o voto.

DES. ANTÔNIO CORRÊA PALMEIRO DA FONTOURA (PRESIDENTE) -


De acordo.
DES. ARTUR ARNILDO LUDWIG - De acordo.

DES. ANTÔNIO CORRÊA PALMEIRO DA FONTOURA - Presidente -


Agravo de Instrumento nº 70026957233, Comarca de Porto Alegre: "À
UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE
INSTRUMENTO."

FALÊNCIA – EXTENSÃO DOS SEUS EFEITOS ÀS EMPRESAS COLIGADAS – TEORIA


DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA – POSSIBILIDADE –
REQUERIMENTO – SÍNDICO – DESNECESSIDADE – AÇÃO AUTÔNOMA –
PRECEDENTES DA SEGUNDA SEÇÃO DESTA CORTE. I - O síndico da massa falida,
respaldado pela Lei de Falências e pela Lei n.º 6.024/74, pode pedir ao juiz, com base na
teoria da desconsideração da personalidade jurídica, que estenda os efeitos da falência às
sociedades do mesmo grupo, sempre que houver evidências de sua utilização com abuso
de direito, para fraudar a lei ou prejudicar terceiros. II – A providência prescinde de ação
autônoma. Verificados os pressupostos e afastada a personificação societária, os terceiros
alcançados poderão interpor, perante o juízo falimentar, todos os recursos cabíveis na
defesa de seus direitos e interesses. Recurso especial provido.” (REsp 228357/SP, 3ª T.,
Rel. Ministro CASTRO FILHO, j. em 09/12/2003)

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Julgador(a) de 1º Grau: ELIZIANA DA SILVEIRA PEREZ

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