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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DA FACULDADE ENTRE RIOS

EDUARDO DE CARVALHO ALMEIDA

A EFICÁCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


NAS COMPRAS ON-LINE.

Fortaleza
2013
EDUARDO DE CARVALHO ALMEIDA

A EFICÁCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


NAS COMPRAS ON-LINE.

Monografia apresentada ao Curso de


Pós-Graduação Lato Sensu em
Responsabilidade Civil e Direito do
Consumidor do programa de Pós-Graduação
da Faculdade Entre Rios, Unidade Fortaleza,
como requisito parcial para obtenção do
título de Especialista em Responsabilidade
Civil e Direito do Consumidor.

Fortaleza
2013
Folha de Aprovação
Dedico este trabalho a toda minha família,
tendo especial atenção aos meus pais Norma
Suely de Carvalho Almeida e José Antônio
Oliveira de Almeida e a minha namorada
Francisca Adriana dos Santos Silva, que esteve
ao meu lado me incentivando durante toda
essa jornada.
RESUMO

O computador, à época de sua invenção, era uma máquina bastante simples e as


preocupações jurídicas relacionadas a ele eram apenas no quesito da propriedade
intelectual. Desde então, com a evolução tecnológica, o computador tornou possível
muitas relações anteriormente inexistentes, sendo a principal delas as relações pela
Internet. Quando a Internet se tornou acessível às massas, estas tiveram oportunidade
de realizar transações por meio de comércio eletrônico. O comércio eletrônico se
tornou algo bem comum na vida das pessoas, e sua utilização se intensificou passando
a gerar cifras bastante elevadas. Porém, junto à massificação dessas relações também
foram gerados novos conflitos. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável nas
relações de comércio eletrônico e ajuda bastante na regulação desse tipo de
transação, porém, mesmo com essa regulação as fraudes no comércio eletrônico ainda
são bastante elevadas, sendo o Brasil o sétimo país do mundo com mais fraudes. Uma
das soluções apontadas como alternativa para tentar diminuir as fraudes nesse tipo de
relação e aumentar a confiança do consumidor é o anteprojeto do Código de Defesa do
Consumidor, que atualiza o referido código e traz por meio de uma seção específica,
uma regulação pormenorizada para as relações de comércio eletrônico.

Palavras-chave:​CDC. Eficácia Na Defesa. Transações Eletrônicas.


ABSTRACT

The personal computer, at the time of its invention, was a fairly simple machine and
legal concerns related to its use were only intellectual property issues. Since then,
computer technological evolution has made possible many previously unknown
relations, the main one being the Internet. When it became accessible to the masses,
they were able to conduct transactions through electronic commerce. E-commerce has
become something very common in people's lives and its intensified use generates very
high numbers. However, the massification of these relations also generated new
conflicts. The Costumer Protection Code applies in the e-commerce, being very helpful
in regulating this transaction type but even with this regulation fraud in e-commerce are
still quite high, and Brazil occupying seventh position in the world’s fraud rank. Identified
as one alternative trying to reduce fraud in these relations and to increase consumer’s
confidence, the Costumer Protection Code draft updates the Code and brings, through
a specific section, a detailed regulation for e-commerce relations.

Keywords: ​Costumer Protection Code. Efficacy on Defense. Online Transactions.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO​........................................................................................................07

2. O NEGÓCIO JURÍDICO​..........................................................................................14

3. O CONTRATO DE COMPRA E VENDA​................................................................20

4. A ASCENSÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR​.............................33

5. A EFICÁCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NAS COMPRAS


ON-LINE E O SEU
ANTEPROJETO​...........................................................................................................40

5. CONCLUSÃO​ .........................................................................................................51

6. REFERÊNCIAS​.......................................................................................................53
1. INTRODUÇÃO

O computador na década de 80, nada mais era do que mais uma máquina, não
sendo tratado de forma diferente, por exemplo, de qualquer eletrodoméstico que uma
pessoa comum pudesse ter em sua casa, e da mesma forma era tratado pelo direito,
de tal sorte que, a grandes discussões jurídicas nesse tempo eram relacionadas
precipuamente a questões de propriedade intelectual relacionada a hardware e
software.

Com o decorrer das décadas a informática evoluiu de forma exponencial,


gerando a possibilidade de novas formas de encarar várias das atividades diárias da
vida, seja pela substituição das maquinas de datilografia pelos softwares de edição de
texto, ou o com o advento do caixa eletrônico e tantas outras inúmeras evoluções
permitida pelos computadores, o computador adentrou na vida do cidadão médio
facilitando toda uma gama de relações.

Por causa da abrangência e da complexidade que o computador adquiriu diante


de sua evolução, este não poderia ser apenas tratado como objeto de discussões de
patentes de propriedades intelectuais, esta discussão era agora uma discussão de um
tempo passado e agora insuficiente para sua nova situação.

Com o advento da massificação da internet surgiram inúmeras novas relações, e


neste trabalho pretendemos abordar uma em específico, que é a questão do comércio
de bens corpóreos por meio eletrônico, e a eficácia do Código de Defesa do
Consumidor ao regular essas novas relações.

Para iniciar essa discussão é preciso compreender que quando se fala em


transações eletrônicas, estas, podem inicialmente se da de duas formas, uma é a
transação onde se negocia compra e venda de bens corpóreos utilizando como meio
de negociação a internet, e em um segundo momento a comercialização de bens
incorpóreos meramente virtuais que também se utilizam do meio eletrônico como palco
de suas negociações.

Este trabalho pretende abordar a questão da eficácia do código de defesa do


consumidor, nas relações de compra e venda virtuais, se atendo especificamente ao
subgrupo das relações de compra e venda de bens corpóreos utilizando a internet
como meio para realização dessas transações.

A grande questão que rodeia o tema é perceber se de fato o Código de Defesa


do Consumidor consegue exercer a função de equilibradamente reger essas novas
relações, e a essa nova realidade de forma satisfatória, é perceber se com um sistema
de hermenêutica e adequação a norma é possível de forma satisfatória regular essas
relações, ou se é preciso crias novas modificações do Código de Defesa do
Consumidor que se adequem especificamente a finalidade de reger estas relações, ou
ainda se é preciso criar uma codificação específica que irá regular especificamente
essas relações.

Este trabalho se prontifica a discutir sobre esse tema, pois, é um tema de grande
relevância na atual sociedade visto que somos considerados a sociedade da
informação, e a velocidade com que as informações circulam hoje permitem que com
apenas um celular, um indivíduo consiga por meio deste, acessar a internet e realizar
uma compra, de tal sorte que é grande o numero desses tipos transações, e para que
essas relações possam se tornar ainda mais frutíferas para as pessoas e os
comerciantes, é preciso sempre tentar criar um ambiente favorável, e para conseguir
realizar a criação desse ambiente, é preciso criar uma realidade de segurança jurídica
para as referidas relações.

Atualmente o que ainda é o grande problema na hora da realização de


transações de compra e venda de bens online é a confiabilidade, a segurança de que a
transação ocorra de forma segura, e caso haja algum problema, que as partes possam
se resguardar em seus direitos por meio de uma legislação sólida previamente
existente e que realmente atenda as necessidades e peculiaridades dessas
transações.

Como é conhecido o e-commerce ou comercio eletrônico já movimentam


grandes cifra de dinheiro, já existem empresas gigantescas especializadas exatamente
nessa atividade, e elas já conseguem de forma muito boa lidar com essa nova
realidade, mas para que as pequenas empresas e até mesmo as pessoas de forma
individual consigam realizar transações eletrônicas de compra e venda, precisamos
criar um ambiente favorável para o e-commerce, e para conseguir realizar esse feito, é
preciso a existência de um regulamento que atenda as atuais necessidades e tornem
as regras dessas relações mais claras e seguras para todos, não apenas para a
grandes lojas especializadas neste tipo de serviço.

Este estudo também é de grande importância visto que com um ambiente mais
favorável ao e-commerce é possível que ainda mais essa prática se difunda trazendo
assim para a realidade do Brasil ainda mais lucro para empresas e melhores ofertas e
concorrência para o consumidor, estimulando cada vez uma melhor qualidade de
serviço na hora da entrega dos produtos e preços cada vez mais competitivos.

O método utilizado para a realização desse trabalho científico é a pesquisa


bibliográfica de livros, artigos científicos, jornais, notícias, usamos também uma grande
variedade de conteúdos acessados por meio da internet, afinal esta discussão ainda é
bem nova, e existe ainda uma cerca escarces de fonte, e a internet acaba se tornando
uma fonte bastante valiosa.

Passando a apresentação do trabalho contida nessa introdução iremos em


seguida começar apresentar cada um dos capítulos deste trabalho, iniciando pelo
capítulo chamado de o negócio jurídico, e neste capítulo iremos apresentar conceitos e
definições importantes para uma melhor compreensão do assunto tratado no trabalho
como um todo.
Neste capítulo apresentaremos o conceito de negócio jurídico, discutiremos
sobre qual elementos constituem o negócio jurídico, e sobre a essencialidade destes
para a existência e validade do negócio jurídico, e justificaremos tal capitulo pelo fato
de a compra e venda ser um contrato específico que é um tipo de negócio jurídico.

O tema principal deste trabalho é a eficiência do Código de Defesa do


Consumidor nos contratos de compra e venda realizada por meio da internet, e por isso
a importância de entender o negócio jurídico para também explicitar o contrato de
compra e venda que no âmbito da internet é o objeto de estudo desse trabalho.

Passado da discussão do que é negócio jurídico iremos em seguida discutir as


relações entre o negócio jurídico e os contratos, abordando o conceito do que de fato é
contrato, apresentando-o enquanto fonte de obrigação de direito, e lei em relação às
partes contratantes, discutiremos ainda os requisitos de validade, existência e eficácia
dos contatos, em seguidas apresentaremos a mesma discussão, mas em relação aos
contratos eletrônicos.

Tal discussão se queda fundamental neste trabalho, pois elucida ao leitor para
que este esteja preparado para adentrar na discussão da eficácia do Código de Defesa
do Consumidor nas compras online, pois, este passa a entender o instituto da compra e
venda, e tem maior domínio do mesmo.

Passado o momento de elucidação da natureza e requisitos dos contratos,


iremos sem seguida apresentar um capítulo falando sobre o momento histórico em que
surgiu o código de defesa do consumidor, fazemos ainda um relacionamento entre o
momento do surgimento do código com uma massificação nas relações de consumo e
ainda uma necessidade regulação dessas relações por causa dessa massificação.

Em seguida ainda dentro do mesmo capítulo apresentamos uma argumentação


no sentido de demonstrar a autonomia do Código de Defesa do Consumidor enquanto
norma de direito Público e norma principiológica, e explicamos em que tipo de
situações pode o Código de Defesa do Consumidor pode ser aplicado, e ainda se
causa conflito de normas na legislação.

Falamos ainda de determinações importantes criadas pelo Código de Defesa do


Consumidor, como a Política Nacional das Relações de Consumo, e falamos de alguns
dos direitos basilares determinados pelo referido código, como o reconhecimento por
lei da vulnerabilidade do consumidor em relação ao fornecedor, vendedor, montador, e
também a existência de uma determinação específica de responsabilidade do estado
na defesa dos interesses dos consumidores.

Terminamos este capítulo falando sobre o que é a inversão do ônus da prova, se


esta se aplica nas querelas envolvendo consumidores, e por fim da aplicabilidade das
normas de direito de consumo nas relações eletrônicas.

Por fim apresentamos o ultimo capítulo deste projeto científico, capítulo este que
se propõe a avaliar se o Código de Defesa do Consumidor é capaz de por si só regular
de maneira eficaz as relações de consumo realizadas por meio eletrônico, ou se seria
necessário alguma atualização para que esse pudesse se tornar mais eficaz frente a
essa nova realidade.

Começamos este capítulo final falando especificamente se o Código de Defesa


do Consumidor consegue por si só regular de forma eficaz as relações de comércio
eletrônico.

Inicialmente constatamos que as regras do Código de Defesa do Consumidor


apesar de não ter sido especificamente projetadas para as relações de comercio
eletrônico, aquelas se aplicam nas transações feitas pela internet, e por causa disse já
conseguem em parte melhorar em muito a segurança das relações na internet.
Concluímos que apesar dessa aplicabilidade do Código de Defesa do
Consumidor ao comércio eletrônico, estas relações ainda não estão em um patamar
ideal de segurança jurídica ou mesmo técnica.

Ainda no inicio deste capítulo apresentamos algumas estatísticas comprovando


que o número de fraudes e demandas envolvendo relações de comércio eletrônicos
ainda são muito altas.

Vislumbramos como meio de tentar tornar o comercio eletrônico mais seguro


para os consumidores, a aprovação do anteprojeto do Código de Defesa do
Consumidor, que atualiza o mesmo, e traz especificamente um capítulo tratando das
relações de comércio eletrônico.

Por fim para tentar demonstrar que o anteprojeto do Código de Defesa do


Consumidor é um grande avanço em relação a forma como ele se encontra atualmente
trazemos alguns dos direitos inovados pelo anteprojeto, que entendemos que justificam
a sua existência e a sua necessidade.

Dentre os direitos apresentados pelo anteprojeto citamos o direito a especial


proteção contra as novas formas agressivas de propaganda tendo citado como
principal exemplo o spam, citamos o direito a autodeterminação, privacidade nas
relações eletrônicas, inclusive protegendo contra divulgação e comércio de dados e
contatos pessoais.

Citamos ainda do direito a facilitação de informações do vendedor eletrônico,


como registro do vendedor junto ao ministério da fazenda, além de sua localização
geográfica e facilitação para intimação em demandas judiciais.

Citamos ainda da determinação de que o vendedor deve dispor de meio


eletrônicos eficientes para manter esse tipo de relação segura, e isso é fundamental
para o desenvolvimento das relações de comércio eletrônico.
2. O NEGÓCIO JURÍDICO.

Inicialmente para poder discutir a questão da proteção do Código de Defesa do


Consumidor sobre o negócio de compra e venda de bem corpóreo utilizando como
meio para essa transação a internet se faz necessário primeiro entender alguns
conceitos sobre o que é negócio jurídico de compra e venda.

O negócio jurídico é um acordo de vontades resistidas, no qual seus efeitos são


protegidos e tutelados por algum ordenamento jurídico em específico. É um acordo de
vontades, pois, para que as obrigações que surgem desse negócio possam existir é
necessário que ambas as partes concordem com o que cada parte deve fazer, e é um
acordo, pois, uma parte não tem capacidade por si só de determinar e impor ao outro
todo o conteúdo do que cada parte estará obrigada a fazer, e é resistido, pois, ambas
as partes tentam resistir o máximo possível em relação às pretensões da outro
acordante.
Sobre o conceito de negócio jurídico, da seguinte forma leciona o ilustre autor
Pablo Stolze Gagliano:

Costuma-se definir o negócio jurídico como sendo a manifestação de vontade


destinada a produzir efeitos jurídicos, o ato de vontade dirigido a fins práticos
tutelados pelo ordenamento jurídico, ou uma declaração de vontade, pela qual
1
o agente pretende atingir determinados efeitos admitidos por lei.

Segundo o que compreendemos a partir da lição ministrada pelo seleto autor


anteriormente citado, percebemos mais uma vez que o negócio jurídico é um acordo de
vontades, acordo esse que é expresso por uma manifestação de vontade, e esta
manifestação de vontade é protegida e tutelado de alguma forma pelo ordenamento
jurídico, de tal forma que esse acordo produz efeitos no mundo jurídico, é um ato, uma

1
GAGLIANO, Pablo Stolze.​Novo Curso De Direito Civil. ​14. ed.Saraiva, 2012. p. 452.
expressão, uma manifestação de vontade com finalidade especifica pratica, a produzir
um efeito juridicamente tutelado.

Ainda sobre o assunto leciona o ilustre autor Carlos Roberto Gonçalves:

No negócio jurídico há uma composição de interesses, um regramento


geralmente bilateral de condutas, como ocorre na celebração de contratos. A
manifestação de vontade tem finalidade negocial, que em geral é criar, adquirir,
2
transferir, modificar, extinguir direitos e etc.

Como vemos segundo o ensinamento do ilustre autor acima citado, o negócio


jurídico nada mais é do que uma composição de interesses ou vontades, de forma que
é geralmente bilateral em relação à determinação de condutas, e ele compara ainda
como as celebrações que ocorrem em contratos, no negócio jurídico a vontade
manifestada tem finalidade negocial, que normalmente é de criar, adquirir, transferir,
modificar, transferir ou extinguir direitos.

Passada a questão do conceito, do que é o negócio jurídico, é preciso em


seguida discutir um pouco mais sobre outras questões acerca do mesmo, e uma das
questões mais relevantes é saber quais são os elementos essenciais à existência e
eficácia do negócio jurídico, e neste assunto no que tange a existência do negócio
jurídico, este, prescinde de alguns elementos essenciais, e apesar de ainda existir
alguma divergência sobre quais elementos são essenciais, apresentaremos aqui
aqueles que estão em consenso na doutrina.

Para a existência e validade de um negócio jurídico é preciso um agente que


tenha plena capacidade, que o objeto seja permitido, ou seja, que o objeto seja lícito e
permitido ou não proibido na legislação, e que siga uma forma prescrita ou não proibida
na legislação, requisitos esses tão reconhecidos que estão especificamente
enunciados no art.104 do Código Civil de 2002 que da seguinte forma orienta:

2
GONÇALVES, Carlos Roberto, 1938-Direito civil : parte geral / Carlos Roberto Gonçalves. – 18.
ed. – São Paulo : Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 1).
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
3
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Como podemos ver por força de própria disposição legal expressa é descabido
pensar ainda em discutir quais são os elementos essenciais para a existência e
validade do negócio jurídico, visto que a própria legislação civil determina
expressamente quais são estes elementos, então não há mais o que se discutir sobre
qual são os elementos essenciais para a existência do negócio jurídico, ainda sobre o
assunto leciona ilustríssimo autor Silvio de Venosa que da seguinte forma afirma:

Sob esse aspecto, são elementos essenciais do negócio jurídico o agente


capaz, o objeto lícito e a forma, estampados no art. 104 (ant, art.82) do Código
4
Civil, Como requisitos de validade.

Segundo o ilustríssimo Silvio de Venosa vemos novamente o entendimento de


que os elementos essenciais para a existência e validade do negócio jurídico são três:
um agente que tem que ser capaz, um objeto lícito e uma forma prescrita ou não
defesa em lei.

Apesar do ilustríssimo autor não especificar nessa citação aqui apresentada, é


bem sabido que quando se fala em objeto licito isto significa lícito ou não proibido por
lei, por força do aspecto de legalidade no direito particular, no âmbito do direito civil é
permitido tudo que não é especificamente proibido ou que por alguma regra se torna
um ilícito, que é o contraponto da legalidade do direito público que só é permitido fazer
aquilo que está especificamente previsto em lei, contudo por se tratar de direito civil ao
falar de objeto lícito, devemos entender objeto lícito o especificamente prescrito em lei,
ou simplesmente não proibido. No quesito forma, deve se inferir a mesma

3
BRASIL. Lei nº 10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil, Define quais os elementos essenciais para
existência e validade do negócio jurídico. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acessado em: 29.jan.2014.
4
VENOSA, Silvio de. ​Direito Civil​. 4.ed. São Paulo: Atlas S. A. 2004. p. 412.
interpretação, é uma forma prescrita ou não proibida por lei. Também sobre o assunto
se pronuncia ilustríssimo autor Cesar Fiuza, que da seguinte forma afirma:

Negócio jurídico é todo ato de emissão de vontade combinado com o


ordenamento jurídico, voltado a criar, modificar ou extinguir relações ou
5
situações jurídicas, cujos efeitos vêm mais da vontade do que da Lei.

Vemos agora novamente, só que desta vez diante da lição do ilustríssimo autor,
que o negócio jurídico é uma emissão de vontade, vontade está que é feita de forma de
produzir efeito jurídico, e que ao ser combinado com o regramento jurídico cria,
modifica ou extingue relações ou situações jurídicas, efeitos estes que estão mais
atrelados mais a própria vontade dos sujeitos do que à lei. Novamente sobre o assunto
se pronuncia o renomado jurista Cesar Fiuza:

Trocando em palavras mais claras, negócios jurídicos são declarações de


vontade destinadas á produção de efeitos jurídicos, desejados pelo agente e
tutelados pela Lei. Diferenciam-se dos atos jurídicos em sentido estrito, em que
nestes a vontade do agente não é tão importante quanto naqueles. Nos atos
jurídicos em sentido estrito, os efeitos deles decorrentes nascem da própria Lei,
6
independentemente da vontade do agente.

Mais uma vez o ilustre jurista ensina que, negócios jurídicos nada mais são do
que uma declaração ou manifestação de vontade, manifestação essa que é imbuída
especificamente com a finalidade de produzir efeitos jurídicos, efeitos esses que são
previamente articulados e desejados pelos sujeitos que manifestaram a vontade, e
efeitos esse que são tutelados pela lei. Sobre o assunto, também se coloca o
ilustríssimo Flávio Tartuce:

Negocio jurídico- é o fato jurídico, com elemento volitivo qualificado, cujo


conteúdo seja licito, visando a regular direito e deveres específicos de acordo
7
com os interesses das partes envolvidas.

5
FIUZA, Cesar. ​Direito Civil​: Curso Completo. 2. ed. Belo Horizonte:Del Rey, 2008. p. 104.
6
Ibidem.
7
Tartuce, Santos. ​Direito Civil.​ Lei de Introdução e Parte Geral. 6. ed. São Paulo: Método, p. 328.
Vemos na lição do ilustre autor anteriormente citado mais uma vez um
entendimento no sentido de informar que o negócio jurídico é um fato, nesse caso um
fato jurídico, jurídico porque de alguma forma é tutelado ou afetado por um sistema
jurídico,

O referido fato está imbuído de vontade, e por isso é também um fato volitivo,
fato esse ainda com escopo específico de produzir efeitos, efeitos esses premeditados
pelos sujeitos que praticaram o ato jurídico visando gerar efeitos, efeitos esses que
devem ser lícitos, e esses fatos, que são imbuídos de vontade e que tem repercussões
jurídicas criam, modificam, transferem ou extinguem direitos. Sobre o assunto o celebre
autor da seguinte forma orienta:

Esse instituto pode ser conceituado como sendo toda a ação humana, de
autonomia privada, com a qual os particulares regulam por si os próprios
interesses, havendo uma composição de vontades, cujo conteúdo deve ser
licito. Constitui um ato destinado à produção de efeitos jurídicos desejados
8
pelos envolvidos e tutelados pela norma jurídica.

Vemos novamente a compreensão de que o negócio jurídico é uma ação


humana, volitiva, com autonomia própria, por meio do quais particulares de comum
acordo estabelecem obrigações recíprocas, que são tuteladas por um ordenamento
jurídico, e o objeto dessas obrigações deve ser lícita. É em suma um ato praticado
volitivamente, destinado a produção reciproca de obrigações entre os sujeitos que
realizam entre si o negócio jurídico.

Toda essa questão relacionada à compreensão do conceito de negócio jurídico


é de suma importância para a discussão da eficácia do Código de Defesa do
Consumidor na compra de bens corpóreos por meio da internet, afinal quando falamos
de compra falamos de um dos mais clássicos e importantes tipos de negócio jurídico.
Então para tratar da compra que é um negócio jurídico, é preciso primeiro entender o

8
​Ibdem.
que é um negócio jurídico, para depois tratar de um tipo de negócio jurídico que é a
compra e venda.

Um aspecto importante que ainda precisa ser levado em consideração é o fato


de toda a relação que circunda o negócio jurídico, e é essa relação que queremos
discutir, é completamente realizada de forma online. É preciso analisar se mesmo
nestes meios ainda subsiste de forma válida e autêntica os elementos essenciais a
existência e validade do negócio jurídico e ao contrato de compra e venda.

Passado do momento mais relacionado ao direito civil é preciso em seguida


analisar um segundo aspecto, que é fundamental e central a presente pesquisa, que é
determinar se o Código de Defesa do Consumidor consegue por si mesmo, abarcar de
forma satisfatória os contratos de compra e venda de bens corpóreos feitos pela
internet, mas essa é uma discussão que será o resultado do presente trabalho, sendo
necessário uma melhor compreensão do contrato de compra e venda para melhor
compreender o assunto principal do presente trabalho científico.
3. O CONTRATO DE COMPRA E VENDA.

O Contrato de compra é um dos contratos mais antigos existentes, e um dos


contratos mais clássicos dentro do todos os contratos jurídicos, e essenciais à vida em
sociedade, pois, ele torna possível o estilo de vida capitalista na qual vivemos e com
isso nos permite ter acesso aos mais diversos bens de consumo, e até mesmo os bem
necessários à manutenção da vida diária como os insumos.

Inicialmente para poder falar em contrato de compra e venda é preciso


anteriormente fazer um parêntese para poder explicar oque é um, e a está tarefa nos
prontificaremos a realizar em seguida.

Contrato é uma subespécie de negócio jurídico, é um acordo de vontades


bilaterais, que gera obrigações para as partes contratantes, e estes acordos estão
dentro das possiblidades permitidas pelo direto e são protegidos por ele.

Conforme já tivemos oportunidade de anotar, em nossa obra dedicada à Parte


Geral, ao analisarmos o negócio jurídico ​(gênero do qual o contrato é
9
espécie)​,[...].

Neste momento o que queríamos demonstrar é que os contratos são uma


espécie de negócio jurídico e por este motivo é que foi trazido neste momento esta
citação do renomado autor Pablo Stolze, para poder corroborar com esse
entendimento. Ele assinala que negócio jurídico é um gênero, enquanto contrato é uma
espécie.
Ainda no que tange o entendimento do conceito de contrato, e também sua
classificação em relação ao negócio jurídico, veremos de que forma leciona o autor
Carlos Roberto Gonçalves.

9
GAGLIANO, Pablo Stolze.​Novo Curso De Direito Civil.​Contratos: Teoria Geral.14. ed.Saraiva, 2012. p.
51.
O contrato é uma espécie de negócio jurídico que depende, para a sua
formação, da participação de pelo menos duas partes. É, portanto, negócio
jurídico bilateral ou plurilateral. Com efeito, distinguem-se, na teoria dos
negócios jurídicos, os unilaterais, que se aperfeiçoam pela manifestação de
vontade de apenas uma das partes, e os bilaterais, que resultam de uma
composição de interesses. Os últimos, ou seja, os negócios bilaterais, que
decorrem de mútuo consenso, constituem os contratos. Contrato é, portanto,
10
como dito, uma espécie do gênero negócio jurídico.

Neste momento, muito sabiamente o ilustre autor não só conceitua o que é um


contrato, como também apresenta sua classificação em relação ao negócio jurídico.
Pois bem, o contrato é um tipo de negócio jurídico, portanto uma espécie de negócio
jurídico e o negócio jurídico é necessariamente bilateral.

O autor diferencia ainda os negócios jurídicos unilaterais pelo numero de partes


obviamente, mas também pelo momento do aperfeiçoamento do mesmo. No negócio
jurídico unilateral este se aperfeiçoa no momento da declaração da vontade, no
negócio jurídico bilateral o aperfeiçoamento ocorre no momento em que se chega a um
consenso de vontades.

Sobre o assunto vejamos o entendimento do ilustre escritor Carlos Roberto


Gonçalves, quando este compara o contrato como fonte de direito, e especifica
algumas fontes de direito:

Contrato é fonte de obrigação. Fonte é o fato que dá origem a esta, de acordo


com as regras de direito. Os fatos humanos que o Código Civil brasileiro
considera geradores de obrigação são: a) os contratos; b) as declarações
11
unilaterais da vontade; e c) os atos ilícitos, dolosos e culposos.

Como podemos inferir a partir do entendimento do renomado autor,


compreendemos primeiro que o contrato é uma fonte de obrigação, nesse caso essa
fonte é o fato que da origem a essas obrigações, e o fato que da origem as obrigações
é o acordo de vontade que ocorre entre as partes, porém, este acordo deve estar

10
GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil : parte geral / Carlos Roberto Gonçalves. – 18.
ed. – São Paulo : Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 5). p. 13.
11
GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil : parte geral / Carlos Roberto Gonçalves. – 18.
ed. – São Paulo : Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 5). p. 18.
dentro das possibilidades permitidas pelo direito. Ainda sobre o assunto veremos em
seguida o conceito apresentado pelo ilustríssimo autor Pablo Stolze que da seguinte
maneira orienta:
Contrato é um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes,
limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva, autodisciplinam
os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas
12
próprias vontades.

Como vemos mediante a compreensão do conceito apresentado pelo ilustre


Pablo Stolze, contrato é uma espécie de negócio jurídico, negócio jurídico esse pelo
qual as partes por meio de suas declarações e acordo de vontades criam obrigações
reciprocas entre os declarantes. Ainda sobre o assunto veremos então o que lafirma o
renomado autor Carlos Roberto Gonçalves:

O contrato se forma quando uma parte (ofertante) faz uma oferta de uma
prestação à outra parte (aceitante) e esta aceita, fundindo-se as duas
13
manifestações de vontade em um acordo, que obriga ambas as partes.

Novamente vemos reiterada a compreensão que o contrato se forma, ou seja,


passa a existir quando, uma das partes o ofertante, faz uma oferta, e a segunda parte,
a parte aceitante, aceita a oferta, fazendo então a fusão das vontades, ou seja, a
concordância resistida das partes, e este acordo obrigam as partes, é lei para as
partes.

As relações contratuais são regidas por vários princípios, e os principais são o


da boa fé objetiva e o da função social, e por meio dessas declarações de vontades
eles criam obrigações, obrigações estas que incidem criando efeitos patrimoniais,
efeitos estes determinados por vontade autônoma das partes.

12
GAGLIANO, Pablo Stolze.​Novo Curso De Direito Civil.​Contratos: Teoria Geral.14. ed.Saraiva, 2012.
p. 44.
13
LÔBO,Paulo.​Direito Civil. ​Contratos. São Paulo. Saraiva, 2011. p. 78.
O contrato deve ser analisado diante de três perspectivas, estas são: existência,
validade e por fim eficácia. Sobre o assunto da mesma forma corrobora Pablo Stolze
que da seguinte forma ensina sobre os três planos em que deve ser analisado:

a) Existência — um negócio jurídico não surge do nada, exigindo-se, para que


14
seja considerado como tal, o atendimento a certos requisitos mínimos.

O primeiro aspecto que deve ser levado em consideração na hora de se


trabalhar o negócio jurídico, são os elementos essências a sua existência.

b) Validade — o fato de um negócio jurídico ser considerado existente não quer


dizer que ele seja considerado perfeito, ou seja, com aptidão legal para
produzir efeitos, o que exige o atendimento de determinados pressupostos
15
legais.

O segundo ponto em que deve ser analisado o negócio jurídico é em relação a


sua validade, pois, é perfeitamente possível que um negócio jurídico exista, porém, por
algum motive este não é válido e por isso não produzirá efeitos, ou não produzirá todos
os efeitos aos quais deveriam produzir.

c) Eficácia — ainda que um negócio jurídico existente seja considerado válido,


ou seja, perfeito para o sistema que o concebeu, isto não importa em produção
imediata de efeitos, pois estes podem estar limitados por elementos acidentais
16
da declaração.

Um terceiro ponto é importante ser analisado quando se analisa o contrato, e


este ponto é a questão da eficácia do contrato, pois, este apesar de existis, e ser
válido, ele pode não produzir efeitos imediatos, ficando estes efeitos condicionados a
alguma situação acidental em relação ao contrato.

14
GAGLIANO, Pablo Stolze.​Novo Curso De Direito Civil.​Contratos: Teoria Geral.14. ed.Saraiva, 2012.
p. 51.
15
Ibidem.
16
Ibidem.
Passado do conceito do contrato, para melhor compreender a figura deste,
iremos analisar o primeiro plano em que o contrato deve ser analisado e este é o plano
de existência do contrato.

No plano da existência do contrato devem ser levados em consideração quatro


quesitos. Os quatro requisitos são: manifestação da vontade, a presença de um agente
para realização essa manifestação de vontade, e este agente declara um elemento
essencial ao contrato que é o objeto desse contrato, e por fim a forma em que se deu a
concepção desse contrato.

O primeiro requisito, de validade do contrato, é a declaração de vontade, uma


manifestação inequívoca da vontade, afinal, sem uma manifestação inequívoca de
vontade por parte de um sujeito, não como se falar em negócio jurídico, e sem negócio
jurídico não há de se falar em contrato, já que o contrato é uma espécie de negócio
jurídico. Contribuindo ainda sobre o assunto, da seguinte forma se manifesta Pablo
Stolze:

O que é imprescindível para se entender existente um negócio jurídico, é


justamente que tenha ocorrido uma declaração de vontade, faticamente
17
aferível, e que decorra de um processo mental de cognição.

O primeiro dos quesitos apresentados para analisar a existência de um contrato


é que tenha havido uma expressão de vontade, ou seja, uma vontade interior que de
alguma forma foi exteriorizada, esta expressão de vontade deve ser perceptível, e o
agente que exprimi essa vontade deve compreender logicamente oque está
expressando.

O segundo quesito que deve haver para que exista um contrato é a presença de
sujeitos que tem por objetivo realizar esse contrato. Afinal a expressão da vontade
deve ser exprimida por alguém, e esse alguém que expressa essa vontade é um dos

17
GAGLIANO, Pablo Stolze.​Novo Curso De Direito Civil.​Contratos: Teoria Geral.14. ed.Saraiva, 2012.
p. 52.
sujeitos que realizam esse contrato, sem sujeito a exprimir a vontade e se obrigar para
com o contrato não há de se falar em existência do contrato. Senão vejamos:

Compreendida a autonomia da declaração da vontade, em relação à vontade


propriamente dita, bem como ao seu emissor, neste último aspecto reside o
segundo elemento existencial: a presença de um agente, para manifestar tal
vontade. Com efeito, a vontade contratual não se manifesta sozinha, sendo
18
necessária a presença de sujeitos para declará-la.

O que podemos inferir a partir da lição do referido autor é que passada da


questão da declaração de vontade, vontade esta que é autônoma, chegamos ao
segundo elemento, que é a existência de sujeitos que exprimam essa vontade, afinal é
preciso de alguém que exprima a vontade e que arque com o arcabouço de direitos e
obrigações gerado pelo acordo de vontades.

O que se exprime por meio da expressão da vontade é o objeto do contrato, e o


objeto é o terceiro requisito para que seja considerado existente um contrato, o objeto
nada mais é do que as obrigações reciprocas que são estabelecidas pelo acordo de
vontade das partes contratantes. Senão vejamos a seguir:

E o que se declara? Justamente o objeto do contrato, que consiste na


prestação da relação obrigacional estabelecida, valendo destacar que tal objeto
pode ser direto/imediato ou indireto/mediato, à medida que se materialize,
respectivamente, na atividade a ser desenvolvida (prestação de dar, fazer ou
19
não fazer) ou no bem da vida posto em circulação.

Por fim, logicamente após o sujeito se manifestar, ele chega a um acordo de


vontades, acordam entre si esses sujeitos obrigações reciprocas, e essas obrigações é
o objeto do contrato, e a existência de um objeto nesse contrato é o terceiro elemento
essencial para a existência do mesmo.

18
GAGLIANO, Pablo Stolze.​Novo Curso De Direito Civil.​Contratos: Teoria Geral.14. ed.Saraiva, 2012.
p. 53.
19
Ibidem.
E o ultimo elemento necessário à existência desse contrato é o meio pelo qual
ele é exprimido, este acordo foi feito de forma oral, escrita, por gesto, tacitamente como
num contrato de transporte coletivo, a vontade precisa de alguma forma ser expressa,
e o meio pelo qual a vontade é expressa é o quarto e ultimo elemento essencial à
existência do contrato. Sobre o assunto veremos:

Por fim, no contrato, essa manifestação de vontade do agente, para a


realização desse objeto, precisa de uma forma para se exteriorizar. Não se
trata, aqui, de discutir a adequação, mas sim apenas a exis​tência de uma
exteriorização, de maneira a se compreender que o contrato realmente existiu
no campo concreto, não se limitando a uma mera elucubração de um sujeito.
Trata-se, pois, do veículo de condução da vontade: forma oral, escrita, mímica
20
etc.

Por fim vemos agora o quarto e ultimo requisito de existência do contrato, que é
a forma, o contrato passa a existir quando dois ou mais sujeitos, exprimem uma
vontade, e juntos conseguem chegar a um acordo de vontade, a coisa que é acordada
entre as partes é o objeto do contrato, e a forma como eles exprimem essa vontade é o
meio, e o meio é o quarto e último requisito de existência do contrato.

Em seguida iremos analisar os pressupostos de validade do contrato, e estes,


são de extrema importância para os contratos, pois apesar de o contrato existir, ele
precisa de alguns elementos específicos para pode ser considerado válido e dessa
forma produzir seus efeitos no mundo jurídico. Sobre o assunto vejamos o
entendimento de Carlos Roberto Gonçalves:

Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição,


modificação ou extinção de direitos, deve preencher certos requisitos,
apresentados como os de sua validade. Se os possui, é válido e dele decorrem
os mencionados efeitos, almejados pelo agente. Se, porém, falta-lhe um
desses requisitos, o negócio é inválido, não produz o efeito jurídico em questão
21
e é nulo ou anulável.

20
Ibidem.
GONÇALVES. Carlos Roberto. ​Direito Civil Brasileiro.​ Contrato e Atos Unilaterais. 9. ed. Saraiva.
21

2012. p. 26.
Congregamos do entendimento do ilustre autor sobre a questão da eficácia do
contrato, quando ele diz que, apesar da existência de um contrato este está vinculado a
alguns requisitos específicos para que possa vir a produzir seus efeitos no mundo
jurídico.

Os elementos primordiais para a eficácia do contrato no mundo jurídico são a


capacidade do agente, objeto lícito e possível, determinado ou determinável e forma
prescrita ou não defesa em lei.

Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas espécies: a)


de ordem geral, comuns a todos os atos e negócios jurídicos, como a
capacidade do agente, o objeto lícito, possível, determinado ou deter​minável, e
a forma prescrita ou não defesa em lei (CC, art. 104); b) de ordem especial,
22
específico dos contratos: o consentimento recíproco ou acordo de vontades.

Inicialmente o autor divide os requisitos de validade em duas categorias, os


requisitos de ordem geral e os requisitos dos contratos de ordem especial. Quando
trata dos requisitos de ordem geral fala da capacidade dos agentes, objeto que seja
lícito, possível, que seja determinado ou pelo menos determinável e por fim forma
prescrita ou não proibida em lei.

De fato, embora a concreta manifestação de vontade seja sufi​ciente, neste


tópico, para reconhecer a existência de um contrato, a sua validade está
condicionada a que esta vontade seja emanada de maneira livre e de
boa-fé.[...] Esta capacidade não é somente a capacidade genérica, como
medida da personalidade, mas também a específica para protagonizar
23
determinado contrato, que denominamos legitimidade.

22
GONÇALVES. Carlos Roberto. ​Direito Civil Brasileiro.​ Contrato e Atos Unilaterais. 9. ed. Saraiva.
2012. p. 26.
23
GAGLIANO, Pablo Stolze.​Novo Curso De Direito Civil.​Contratos: Teoria Geral.14. ed.Saraiva, 2012.
p. 54.
Como vemos o entendimento do autor, para que o contrato seja válido e eficaz é
preciso que esta seja livre, sem vícios, e que o autor que expressa essa vontade seja
um agente capaz e que siga o princípio da boa-fé objetiva.

Em relação ao objeto, este deve ser um objeto idôneo, que seja possível,
permitida por lei, ou não proibida por ela. Sobre o assunto vejamos o que afirma Pablo
Stolzen:

O objeto do contrato, por sua vez, deve ser idôneo, assim considerado aquele
lícito (ou seja, não proibido pelo Direito e pela Moral), possível (jurídica e
fisicamente) e determinado ou determinável (com os elementos mínimos de
24
individualização que lhe permitam caracterizá-lo).

Segundo o que confirmamos pelo entendimento do referido autor Pablo Stolzen,


o que se deve notar nesse momento é a necessidade de um objeto que seja idôneo, e
se entenda por idôneo aquele que não seja proibido pelo direito, que exista
possibilidade jurídica do objeto, pois não haveria sentido em estabelecer obrigações
impossíveis em um contrato, e por fim as obrigações de um contrato devem ser
determinadas, ou pelo menos determináveis, pois, de outra forma não seria possível
determinar o quantum das obrigações nos contrato. Sobre o assunto o autor afirma
ainda:

Licitude de seu objeto — Objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral
ou os bons costumes. Objeto imediato do negócio é sempre uma conduta
humana e se denomina prestação: dar, fazer ou não fazer. Objeto mediato são
25
os bens ou prestações sobre os quais incide a relação jurídica obrigacional.

Novamente constatamos o mesmo entendimento, agora segundo Pablo Stolze


de que o objeto a ser estabelecido no contrato necessariamente deve ser lícito, ou seja,

24
Ibdem.
GONÇALVES. Carlos Roberto. ​Direito Civil Brasileiro.​ Contrato e Atos Unilaterais. 9. ed. Saraiva.
25

2012. p. 30.
não pode atentar contra lei, e ainda estende esse entendimento ao dizer que também
não pode atentar contra a moral e os bons costumes.

Ele orienta ainda que o objeto é sempre uma conduta humana, e essa conduta
humana é a prestação que ficou a partir do acordo de vontades determinada para os
sujeitos, e essa determinação é sempre uma obrigação de dar, fazer ou de não fazer.
Sobre a questão da possibilidade jurídica do podido vejamos:

Possibilidade física ou jurídica do objeto — O objeto deve ser, também,


possível. Quando impossível, o negócio é nulo (CC, art. 166, II). A
impossibilidade do objeto pode ser física ou jurídica. Impossibilidade física é a
que emana das leis físicas ou naturais. Deve ser absoluta, isto é, alcançar a
todos, indistintamente, como, por exemplo, a que impede o cumprimento da
26
obrigação de tocar a Lua com a ponta dos dedos, sem tirar os pés da Terra.

Esse requisito de validade na verdade é bastante simples e lógico, pois, não há


como cumprir obrigações impossíveis, se é impossível não há como se fazer, contar
uma cláusula em contrato determinando obrigações impossíveis torna a mesma
inválida, ineficaz no mundo jurídico, para todos os efeitos não existe. Sobre a questão
da determinação do objeto vejamos:

Determinação de seu objeto — O objeto do negócio jurídico deve ser,


igualmente, determinado ou determinável (indeterminado relativamente ou
suscetível de determinação no momento da execução). Admite-se, assim, a
venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade (CC,
art. 243), que será determinada pela escolha, bem como a venda alternativa,
27
cuja indeterminação cessa com a concentração (CC, art. 252).

A questão da determinação do objeto é importante, afinal não haveria como


cumprir obrigações se estas não fossem determinadas, ou pelo menos determináveis

26
Ibdem.
27
​Ibdem.
para o momento da execução da obrigação. Falando sobre a questão da forma de
exteriorização da vontade, vejamos:

O terceiro requisito de validade do negócio jurídico é a forma (forma dat esse


rei, ou seja, a forma dá ser às coisas), que é o meio de revelação da vontade.
28
Deve ser a prescrita ou não defesa em lei.

Vemos novamente em pauta o entendimento de que o meio pelo qual a vontade


e expressa é requisito de validade do contrato, e o meio pelo qual essa vontade é
expressa deve ser prescrita ou não defesa em lei. Novamente vale ressaltar que no
mundo do direito privado a legalidade orienta que tudo que não é expressamente
proibido é então por raciocínio lógico permitido.

Os requisitos específicos ou de ordem especial aos contratos é a existência de


consentimento reciproco ou o acordo de vontade. Sobre o assunto vejamos o
entendimento do ilustre autor Carlos Roberto Gonçalves.

Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas espécies:


a)[...].
b) Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas espécies:

Enquanto é possível o ato jurídico praticado por uma pessoa apenas, nos
contratos para que estes possam a vir a ter eficácia no mundo jurídico é preciso que
exista uma concordância de vontades, que existe consentimento reciproco.

Por se tratar de situação especial iremos agora analisar algumas condições


especiais para os contratos eletrônicos.

Contrato eletrônico é aquele celebrado por meio de programas de computador


ou aparelhos com tais programas. Dispensa assinatura ou exige assinatura

28
​Ibdem.
codificada ou senha. A segurança de tais contratos vem sendo desenvolvida
por processos de codificação secreta, chamados de criptologia ou encriptação.
29

Contrato eletrônico é aquele que é formado por sujeitos, sujeitos estes que com
programas, normalmente os chamados navegadores, conseguem acessar a internet e
fazer contratos. Nesses contratos em específico as condições de existência deles é um
pouco diferente, sendo dispensada a assinatura, ou assinatura codificada como nos
certificados digitais.

Esta é uma área em constante evolução, pois toda a área da informática evolui
com muita velocidade, e junto a ela, surgem todos os dias um novo leque de
possibilidades. Nesse tipo de contrato, a segurança é mantida pelo meio da criptografia
dos sites, para que terceiros estranhos mal intencionados não tenham acesso a
nenhuma informação pessoal das partes.

Vale ressaltar que apesar de existir uma situação um pouco diferenciada do


padrão nos demais contratos, não é tão diferente as regras aplicadas aos contratos
eletrônicos, tanto que os princípios aplicados são os mesmo, senão vejamos.

No estágio atual, a obrigação do empresário brasileiro que se vale do comércio


eletrônico para vender os seus produtos ou serviços, para com os
consumidores, é a mesma que o Código de Defesa do Consumidor atribui aos
fornecedores em geral. A transação eletrônica realizada entre brasileiros está,
assim, sujeita aos mesmos princípios e regras aplicáveis aos demais contratos
30
aqui celebrados.

Apesar de ser uma relação um pouco diferenciada, os contratos eletrônicos


gozam da mesma proteção oferecida aos contratos físicos, ficando dessa forma
protegidas e reguladas essas relações tanto pelo Código Civil no que couber, quanto

29
GLANZ, Semy. Internet e contrato eletrônico. Revista dos Tribunais. São Paulo. V. 757, p.70-75, nov.
1998.
30
GONÇALVES. Carlos Roberto. ​Direito Civil Brasileiro.​ Contrato e Atos Unilaterais. 9. ed. Saraiva.
2012. p.87.
no Código de Defesa do Consumidor no que couber, criando essa situação de
segurança tentar criar um ambiente seguro e propenso ao crescimento do comércio
eletrônico.

Este modo de contrato já está tão incutido na vida cotidiana das pessoas, e é
formado numa velocidade de comunicação instantânea que para o ordenamento ele é
inclusive tratado como um contrato feito entre presentes, por causa da velocidade da
comunicação das partes. Sobre o assunto vejamos.

O negócio jurídico celebrado mediante a transferência de informações entre


computadores, e cujo instrumento pode ser decalcado em mídia eletrônica.
Dessa forma, entram nessa categoria os contratos celebrados via correio
eletrônico, Internet, Intranet, EDI (Electronic Date Interchange) ou qualquer
outro meio eletrônico, desde que permita a representação física do negócio em
31
qualquer mídia eletrônica, como CD, disquete, fita de áudio ou vídeo

O contrato eletrônico não é tão diferente do contrato comum, a principal


diferença é que as pessoas manifestam e acordam suas vontades por meio eletrônico,
isso não descaracteriza o contrato, até porque estão presentes todos os requisitos de
existência do contrato, sejam os sujeitos, uma expressão de vontade aferível, uma
concordância de vontades, um objeto determinado ou determinável, e um meio.

Passado o momento de compreensão dos princípios e elementos contratuais,


iremos em seguida nos debruçar sobre a ascensão do Código de Defesa do
Consumidor, explanando de qual forma ele incide nas relações de consumo, falaremos
ainda sobre seus princípios e sua eficácia nas relações de consumo feitas por meio
eletrônico.

ANDRADE, Ronaldo Alves de. ​Contrato Eletrônico no Novo Código Civil e no Código do
31

Consumidor​,Manole: São Paulo.p. 31


4. A ASCENSÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

Este trabalho tem por escopo analisar se o Código de Defesa do Consumidor é


eficiente em regular as relações de consumo feito por meio eletrônico, porém, para
melhor compreender a referida discussão iremos anteriormente compreender o
histórico que fez necessário um código especifico para a defesa do consumidor, tratar
sobre o seu surgimento e as mudanças provocados por este.

O Código de Defesa do Consumidor surgiu em 11 de setembro de 1990 como


um meio de tentar igualar uma relação entre partes desiguais. Com o passar dos anos
ficou claro que a cadeira dos fabricantes, fornecedores e vendedores de bem de
consumo tinham uma capacidade especialmente financeira muito elevada em relação
ao consumidor, e este, numa eventual querela acabava por ficar desamparado, seja
por falta de normas específicas ou conhecimentos das normas. Sobre o assunto
vejamos:

[...]o Código de Defesa do Consumidor, isto é, a Lei n. 8.078, aprovada em 11


de setembro de 1990, para entrar em vigor em 11 de março de 1991, surgiu no
32
ápice de uma evolução da sociedade capitalista, que começou muito antes.

O Código de Defesa do Consumidor que entrou em vigor em 11 de março de


1991 é um código que surgiu no ápice de uma sociedade capitalista e surgiu pelo fato
da intensificação das relações de consumo na sociedade brasileira e por causa da
massificação dessas relações se tornou preciso um código específico que tivesse por
objeto ordenar de forma cumulativa a outros ordenamentos as relações de consumo.

Inicialmente é preciso deixar bem claro um aspecto importante, o Código de


Defesa do Consumidor é um subsistema em si mesmo, ou seja, existe de forma
autônoma dentro do nosso ordenamento jurídico, não significa, porém que não se

32
NUNES, Rizzato. ​Comentários ao Código de Defesa do Consumidor.​6. ed.Saraiva. 2011. p. 125.
relacione com outras normas dentro do sistema, porém, não depende deles para sua
existência e eficácia. Sobre o assunto vejamos.

É preciso que se estabeleça claramente o fato de o Código de Defesa do


Consumidor ter vida própria, tendo sido criado como subsistema autônomo e
33
vigente dentro do sistema constitucional brasileiro.

Notadamente como podemos facilmente perceber pelo entendimento do ilustre


autor, ele congrega do entendimento de que o Código de Defesa do Consumidor é um
sistema em si mesmo e tem autonomia normativa e eficácia imediata.

O Código de Defesa do Consumidor funciona de forma horizontal, ou seja, ele


pode ser aplicado cumulativamente com outros ordenamentos jurídicos e sem sofrer
conflito de normas, e é aplicado aos sujeitos que se encontram praticando atos de
consumo ou os equiparados a estes por força do próprio código, sobre o assunto
vejamos.

Como lei principiológica entende-se aquela que ingressa no sistemajurídico,


fazendo, digamos assim, um corte horizontal, indo, no caso doCDC, atingir toda
e qualquer relação jurídica que possa ser caracterizadacomo de consumo e
34
que esteja também regrada por outra norma jurídicainfraconstitucional.

Como vemos no ensinamento do ilustre autor, o Código de Defesa do


Consumidor é uma norma principiológica, e dessa forma consegue funcionar de forma
horizontal em relação aos outros ordenamentos, ou seja, aplica-se onde houver
relações de consumo concomitantemente com outros ordenamentos, sem criar
conflitos de normas.

O código de defesa do consumidor trouxe uma série de marcos extremamente


importante para as relações de consumo. Para demonstrar a importância do referido
código, iremos citar alguns artigos que demonstram alguns desses marcos.

33
NUNES, Rizzato. ​Curso de Direito do Consumidor.​ 7. ed. Saraiva. 2012. p. 113.
34
Ibden.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da
sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
35
consumo, atendidos os seguintes princípios:

Inicialmente é importante ressaltar que ficou determinada por força de lei a


existência de uma política nacional de consumo, e especificamente por meio de um rol
exemplificativo o código enumerou alguns dos objetivos dessa política nacional da
política de consumo.

Alguns desses pontos especificamente determinados pela referida lei foram, o


respeito à dignidade do consumidor, prevenção de qualquer risco a sua saúde,
proteção dos interesses econômicos do consumidor, a melhoria de sua qualidade de
vida, e ainda tentar criar um ambiente de harmonia nas relações de consumo.

Este mesmo artigo traz em seus incisos algumas determinações que são
basilares em todo o sistema de defesa do consumidor, e estes são:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;


36
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:

A questão do reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor é um ponto


basilar em todo sistema jurídico criado especialmente para regular e proteger seus
interesses, pois, é baseado nisso que se determina necessário um amparo e aparato
especifico para a proteção dos interesses em específico dos consumidores.

O referido inciso coloca ainda especificamente dentre outros, o estado, como


parte fundamental na proteção do direito dos consumidores. Um dos direitos mais

35
BRASIL, Lei nº 8.078, 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor, Cria o Código de
Defesa do Consumidor. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm> Acessado
em: 13.feb.2014.
36
Ibden.
importantes que ficou determinado no código de defesa do consumidor é a inversão do
ônus da prova, sobre o assunto vejamos.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus
da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
37
experiências;

Dentro do rol exemplificativo de direitos do consumidor um dos mais


importantes, e mais diferenciados, que é fundamental para uma efetiva defesa dos
direitos dos consumidores é a possibilidade da inversão do ônus da prova nas
demandas em que o consumidor for hipossuficiente ou suas alegações forem
consideradas verossímeis.

Vale ressaltar que como foi dito no início do capítulo o Código de Defesa do
Consumidor é aplicado em qualquer situação que exista relação de consumo, de tal
feito que as transações ocorridas por meio da internet não ficam excluídas da proteção
deste ordenamento, sendo aplicadas todas suas regras, mas dentre elas existem
algumas que tem valor especial para essas relações de consumo em específico, sobre
o assunto vejamos.

Na questão da aplicabilidade das normas constantes no Código de Defesa do


Consumidor as transações realizadas por meio eletrônico, vem entendendo as turmas
recursais harmoniosamente com as determinações legais, no sentindo de serem
perfeitamente aplicáveis às regras de defesa do consumidor nesse tipo de relação,
vejamos a seguir ementa:

DIREITO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. EMPRESA PRESTADORA DE


SERVIÇOS PELA INTERNET. RELAÇÃO DE CONSUMO. INTERMEDIAÇÃO
DE COMPRA E VENDA. AQUISIÇÃO DE PRODUTO POR MEIO DO SITE.

37
Ibden.
DEPÓSITO EFETUADO. PRODUTO NÃO ENTREGUE. CULPA SOLIDÁRIA
DE TERCEIRO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA EMPRESA. DANO MATERIAL
CARACTERIZADO. RECURSO IMPROVIDO. 1.
(Relator ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO, SEGUNDA TURMA RECURSAL
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DO DF, julgado em
38
17/06/2008, DJ 03/12/2008 p. 92)
Como podemos ver ao analisar o caso posto na referida ementa da decisão
proferida pelas turmas recursais do distrito federal, ao condenar a culpa solidária do
site, a turma confirmou primeiramente que o site tem responsabilidade solidária junto
com o fornecedor em relação a compra feita pelo consumidor, segundo, congregou
obviamente do entendimento da aplicabilidade das normas contida no Código de
Defesa do Consumidor nas relações de compra e venda de realizadas por meio
eletrônico.

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de


sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a
contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento
previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título,
durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente
39
atualizados.

Inicialmente fica demonstrado da existência em nosso ordenamento pátrio de


uma regra aplicável nas relações de consumo realizadas fora do estabelecimento
comercial, que determina que nestes casos em específico os consumidores podem se
arrepender da compra ou contratação de um serviço dentro de um prazo de até 7 dias.

Está regra é aplicada nas compras feitas pela internet, e ganha especial
importância nesse tipo de relação, afinal nem sempre nesse tipo de relação as
informações prestadas pelos fornecedores refletem a realidade do produto ou serviço,

38
Relator ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO, SEGUNDA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS
ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DO DF, julgado em 17/06/2008, DJ 03/12/2008 p. 92.
39
BRASIL, Lei nº 8.078, 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor, Cria o Código de
Defesa do Consumidor. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm> Acessado
em: 13.feb.2014.
gerando de tal forma uma maior possibilidade de insatisfação, e dessa forma é possível
que exista o desejo de desistir da compra ou contratação do serviço.

É de grande importância notar ainda que nos casos de arrependimento o


consumidor tem direito a receber de volta qualquer valor entregue ao vendedor, valor
este que deve inclusive ser atualizado monetariamente para ser devolvido.

Tão protetivo é o Código de Defesa do Consumidor que, prevendo e tentando


prevenir condutas abusivas por parte dos fornecedores e vendedores, aquele
estabeleceu que para que o contrato gere efeitos o consumidor tem que ter
oportunidade de previamente tomar ciência do conteúdo do contrato, senão vejamos:

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os


consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento
prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de
40
modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.

Como vemos por força do próprio Código de Defesa do Consumidor, este


prevendo condutas abusivas por parte dos fornecedores, e pelo fato de grande parte
dos contratos de consumo ser realizados na modalidade de adesão, fica determinado
que caso o consumidor não tenha ciência previamente do contrato, ou este seja
redigido de forma a dificultar a compreensão por parte do consumidor, este não
produzira efeitos.

Ainda dentro do mesmo contexto em relação às proteções contratuais nas


relações de consumo, o código apresenta outra grande norma protetiva em relação ao
consumidor, e está é, e interpretação sempre mais benéfica das cláusulas contratuais
para o consumidor, senão vejamos.

40
Ibden.
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável
41
ao consumidor.

Como podemos perceber por determinação do código é claro o entendimento de


que as cláusulas que dão margem a interpretação serão sempre interpretadas de forma
mais benéfica ao consumidor, e este é um grande avanço, pois, incentiva aos
fornecedores e comerciantes a elaborarem contratos mais claros, e simples de
compreensão, congregando assim com o principio da informação.

Todas essas regras que foram especificamente produzidas para proteger o


consumidor são de extrema importância para o desenvolvimento de um ambiente
saudável de consumo no país, e efetuar efetivamente uma proteção adequada aos
consumidores, porém, resta saber se as regras criadas em 1990, momento histórico no
qual os computadores e a internet ainda estavam engatinhando, são eficientes para
regular uma sociedade onde agora estas relações são tão vastas.

41
Ibden.
5. A EFICÁCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NAS COMPRAS
ON-LINE E O SEU ANTEPROJETO.

Agora finalmente após apresentar e discutir algumas questões relevantes, como


o negócio jurídico, o contrato de compra e venda e o histórico envolta do código de
defesa do consumidor, o leitor se encontra mais apito a de fato melhor compreender a
discussão sobre a capacidade ou não do Código de Defesa do Consumidor por si só
regular as relação de compra e venda de bens corpóreos utilizando como meio de
transação a internet.

O que claramente percebemos no Código de Defesa do Consumidor é que este


tenta e consegue em parte proteger o consumidor que é vulnerável em relação ao
fornecedor e aos vendedores justamente por estes normalmente terem melhores
condições financeiras ou de conhecimento técnico do produto ou serviço.

Dentre as regras especialmente desenvolvidas para regular as relações de


consumo, e neste caso, igualar polos tão desiguais, algumas das mais importantes são:
O reconhecimento do Código de Defesa do Consumidor como uma norma de direito
público, o reconhecimento por meio de lei da vulnerabilidade do consumidor, a
facilitação da defesa dos direitos do consumidor, a interpretação sempre mais benéfica
para o consumidor de cláusulas contratuais, além do direito de arrependimento.

Apesar de facilmente constatável o fato de que o Código de Defesa do


Consumidor mudou bastante as relações de consumo na pratica diária, mudou de
forma benéfica para o consumidor e para o mercado como um todo.

A computação e a internet ainda engatinhavam na época em que o referido


código foi estatuído, de tal forma que estes conseguem apenas em parte realizar de
forma efetiva a regulação das transações online de bens corpóreos, apesar de ter
gerado um grande avanço na área como um tudo, ainda precisa evoluir mais e tentar
acompanhar as relações eletrônicas que evoluíram tão rapidamente com a evolução da
tecnologia.

O índice de fraudes no comércio eletrônico, no Brasil e no mundo, gira em


torno de 1,2% do total das receitas do setor. Já foi maior e vem apresentando
queda. No cenário internacional, há países que evitam transacionar com outros,
segundo pesquisa da empresa americana ​CyberSource​, devido aos altos
índices de fraudes. Há, inclusive, um ranking de países menos seguros,
42
liderado pela Nigéria e no qual o Brasil figura em sétimo lugar.

Os índices de fraudes no mundo das transações eletrônicos ainda são bastante


elevados, imaginar que se perde 1,2% de toda a receita por causa de fraudes é atestar
que mesmo atualmente ainda persiste certa insegurança nas transações on-line.

É preciso ressaltar que o cenário já foi bem pior, e que exatamente por isso o
numero de transações tendo como o meio a internet já foram bem menores, mas essa
é uma realidade que vem mudando paulatinamente, seja pelo advento das novas
tecnologias e protocolos de segurança, ou seja, pela segurança criada pelo
ordenamento. Contudo ainda é inaceitável imaginar que o Brasil seja o sétimo pais do
mundo menos seguro para se transacionar pela internet.

No mundo o cenário também mostra a mesma tendência, na qual as fraudes


ainda são bastante elevadas, porém, é preciso ressaltar que o cenário já foi bem pior, e
que a tendência atual é que por causa dos protocolos de seguranças e normas
jurídicas esse tipo de relação venha a se tornar cada vez mais segura, sobre o assunto
vejamos.

Para se ter uma ideia do apuro, no ano de 2004 as fraudes virtuais fizeram com
que comerciantes perdessem a “bagatela” de US$ 2,6 bilhões. O montante
representa 1,8% do total das vendas e, além de pagamentos fraudulentos, está
relacionado ao medo que os internautas têm de realizar transações on-line. Em
2000, as perdas foram de US$ 1,5 bilhão, em 2001 chegaram a US$ 1,7 bilhão

42
Fraudes no comércioeletrônico. Disponível em:
<http://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/fraudes-no-comercio-eletronico/>. Acessado em:
14.feb.2014.
e, em 2002, US$ 2,1 bilhões. Em 2003, houve uma melhora no cenário, e as
43
perdas caíram para US$ 1,9 bilhão.

Como podemos constatar a partir da referida estatística apresentada, no ano de


2004 no cenário virtual, foi perdido a quantia de 2,6 bilhões de dólares no cenário
mundial, quantia essa 1,8% do total das vendas, e tais perdas também se relacionam
diretamente com o medo dos internautas de serem lesados.

O cenário ainda é um pouco instável, mas tem apresentado melhoras, e estas


melhoras se devem principalmente a evolução dos protocolos de segurança
apresentando pelos sites, e pelos ordenamentos jurídicos especializados que criam
medidas específicas que tem finalidade de coibir qualquer abuso ou fraude.

O Código de Defesa do Consumidor é sabidamente um código bastante


protetivo para o consumidor, contendo várias regras que foram especialmente
elaboradas para proteger o consumidor que foi especificamente declarado vulnerável
pela própria lei, e as normas aplicadas de maneira geral também são aplicáveis às
relações de consumo realizadas tendo como meio de negociação a internet.

A solução que se tem para tentar atender não só as relações de consumo em


geral, mas também as relações de consumos realizadas por meio eletrônico, são as
normas contidas no anteprojeto do Código de Defesa do Consumidor.

Ao contrário do que se possa imaginar por causa do nome anteprojeto, este não
tem intenção alguma de retroagir no tempo em relação às regras aplicadas as relações
de consumo, muito pelo contrário, grande parte dos novos artigos inseridos no código
tem por maior objetivo adaptar as regras de proteção de consumo a nova realidade
apresentada nas relações de consumo por meio eletrônico.

43
COELHO et al.- FControl®: sistema inteligente inovador para detecção de fraudes em operações de
comércio eletrônico. Gestão & Produção, v.13, n.1, p.129-139, jan.-abr. 2006. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/gp/v13n1/29582.pdf>. Acesso em: 01.feb.2014.
Dessa forma, entendemos que diante dos números de conflitos existentes nas
transações feitas por meio eletrônico estas relação ainda não estão no patamar ideal
para seu melhor aproveitamento, é verdade que o Código de Defesa do Consumidor é
aplicado às relações eletrônicas, mas este, por falta de regulação específica para este
tipo de relação deixa de proteger de forma mais eficiente estes consumidores.

Desta forma entendemos que o anteprojeto do código de Defesa do consumidor


é fundamental para manutenção de um ambiente saudável para as relações de
consumo em meios eletrônicos, e de tal forma essa regulação é fundamental para que
essas relações possam ser cada vez mais seguras, e consequentemente utilizadas
diante de sua praticidade.

Para demonstrar a importância do anteprojeto do Código de Defesa do


Consumidor, iremos a seguir citar os principais benefícios que este tenta trazer para
essas relações.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


XI - a autodeterminação, a privacidade e a segurança das informações e dados
pessoais prestados ou coletados, por qualquer meio, inclusive o eletrônico;
XII - a liberdade de escolha, em especial frente a novas tecnologias e redes de
dados, sendo vedada qualquer forma de discriminação e assédio de consumo.
44

O anteprojeto é em grande parte voltado a tentar galgar novos direitos


relacionados à proteção de consumidores que transacionam por meio da internet, e
neste caso em específico, foi adicionado ao Art. 6º do Código de Defesa do
Consumidor o inciso XI, e este inciso regula especificamente as normas de segurança
das informações que são coletados pelos vendedores, fornecedores, montadores e
inclui o meio eletrônico.

44
BRASILIA. Assembleia Legislativa. Projeto de Lei Federal sem Numero. 2012. Atualiza o Código de
Defesa do Consumidor. Disponível em: <
http://www.senado.gov.br/senado/codconsumidor/pdf/Anteprojetos_finais_14_mar.pdf>. Acessado em:
24.fev.2014.
Diante da agressividade de como se tem feito a propaganda dos produtos nos
dias de hoje, o legislador entendeu que é preciso proteção especial e determinações
especificas devido a agressividade com a qual é difundida as propagandas nos meios
eletrônicos, tendo inclusive o repasse indevido das informações pessoais de contato
dos consumidores.

Fica tão clara a necessidade de uma proteção especial para as relações


eletrônicas que estas aparecem inclusive na justificativa do anteprojeto do Código de
Defesa do Consumidor, que defende a necessidade de sua existência também por
força de uma necessidade específica de proteção nas relações de comércio eletrônico.
Senão vejamos.

O projeto de lei objetiva atualizar a Lei nº 8.078, de 1990 (Código de Defesa do


Consumidor), a fim de aperfeiçoar as disposições do capítulo I e dispor sobre o
45
comércio eletrônico.

Vemos em específico que o anteprojeto fala em atualização do Código de


Defesa do Consumidor, e em uma de suas partes a serem atualizadas é a defesa das
relações de consumo no que tange o comércio eletrônico. Ainda sobre a justificativa do
anteprojeto vejamos.

É igualmente imprescindível a introdução de uma seção específica sobre a


proteção dos consumidores no âmbito do comércio eletrônico, em razão da sua
46
expressiva utilização.

Como foi dito anteriormente, as atuais normas contidas no Código de Defesa do


Consumidor em muito ajudam nas relações de consumo, inclusive é aplicado às

45
Ibden.
46
Ibden.
relações de comércio eletrônico e muito já ajudam nessas relações a balancear estes
polos desiguais.

Contudo da mesma forma a que chegamos a uma conclusão anteriormente,


também da mesma forma entendeu o legislador ao dizer que é primordial para a
existência de um bom ambiente para as relações de consumo, a existência de uma
proteção específica para as relações de consumo feitas por meio eletrônico, e desta
feita justifica a existência de uma sessão específica para regular as transações feitas
por meio eletrônico.

Está necessidade de atualização existe em grande parte devido ao fato de que à


época da promulgação do Código de Defesa do Consumidor as transações eram
inexistentes ou ínfimas em quantidade para serem consideradas, de tal sorte que não
foram especificamente reguladas. Sobre o assunto vejamos.

Se, à época da promulgação do Código de Defesa do Consumidor, o comércio


eletrônico nem sequer existia, atualmente é o meio de fornecimento à distância
mais utilizado, alcançando sucessivos recordes de faturamento. Porém, ao
mesmo tempo ocorre o aumento exponencial do número de demandas dos
47
consumidores.

Vemos aqui a justificativa do fato de não existir originalmente no Código de


Defesa do Consumidor um capítulo específico voltado para as relações de consumos
feitas pela internet, e é uma questão simples, pois á época as referidas relações não
existiam, ou eram ínfimas, praticamente inexistentes.

Porém, atualmente apesar de bastantes dificuldades, em decorrência da


evolução das tecnologias da informação, da velocidade da internet, e da quantidade de
pessoas com acesso a internet e tecnologias da informação as transações online se

47
Ibden.
tornaram umas das mais comuns, e mais lucrativas, porém ainda precisam para
crescer ainda mais de uma normatização que crie segurança jurídica.

As normas projetadas atualizam a lei de proteção do consumidor a esta nova


realidade, reforçando, a exemplo do que já foi feito na Europa e nos Estados
Unidos, os direitos de informação, transparência, lealdade, autodeterminação,
cooperação e segurança nas relações de consumo estabelecidas através do
comércio eletrônico. Busca-se ainda a proteção do consumidor em relação a
mensagens eletrônicas não solicitadas (spams), além de disciplinar o exercício
48
do direito de arrependimento.

Então vemos novamente que o anteprojeto do código de defesa do consumidor


não tem por objetivo retroceder em relação ao direito dos consumidores, muito pelo
contrário, ele expande vários direitos dos consumidores de forma geral, e
especificamente cria uma seção para regular os direitos dos consumidores que
realizam transações por meio eletrônico.

Tenta-se ainda promover uma proteção efetiva contra a propaganda que é feita
de forma agressiva, propaganda esta que é muitas vezes feitas por meio de spams, e
ainda regula a forma como se da o direito de arrependimento.

Vamos agora nos aprofundar um pouco mais na seção VII, uma seção que
pretende ser inserida no Código de Defesa do Consumidor e tem por objetivo
especificamente regular os direitos dos consumidores que transacionam por meio
eletrônico, e tenta por meio dessa regulação tornar essas ralações mais seguras.
Sobre a cessão vejamos.

Seção VII
Do Comércio Eletrônico
Art. 45-A. Esta seção dispõe sobre normas gerais de proteção do consumidor
no comércio eletrônico, visando a fortalecer a sua confiança e assegurar tutela
efetiva, com a diminuição da assimetria de informações, a preservação da

48
Ibden.
segurança nas transações, a proteção da autodeterminação e da privacidade
49
dos dados pessoais.

Como podemos ver pelo título da seção e pelo artigo 45-A, esta seção tende
especificamente a regular de maneira geral o comércio eletrônico no que diz respeito
às relações de consumo, tentando proteger o consumidor que opte por realizar
transações por esse meio, visando assim, fortalecer a confiança do consumidor para
esse tipo de relação, garantindo uma tutela efetiva caso venha a existir algum
problema, tenta diminuir a assimetria de informações entre o fornecedor e o
consumidor, tentando ainda preservar as informações do consumidor.

Dentre os principais direitos a que se tentam conquistar por meio do anteprojeto,


iremos citar alguns que achamos mais importantes e que irão fazer maior diferença nas
relações de consumo realizadas por meio eletrônico.

Art. 45-B. ​Sem prejuízo do disposto nos arts. 31 e 33, o fornecedor de produtos
e serviços que utilizar meio eletrônico ou similar deve disponibilizar em local de
destaque e de fácil visualização:
I - seu nome empresarial e número de sua inscrição no cadastro geral do
Ministério da Fazenda;
II - seu endereço geográfico e eletrônico, bem como as demais informações
necessárias para sua localização, contato e recebimento de comunicações e
50
notificações judiciais ou extrajudiciais.

Um dos grandes problemas relacionado às transações online é a insegurança de


tentativa de prestação jurisdicional por parte do estado caso venha a acontecer algum
problema, dificuldade esta causada por falta de informação do consumidor, informação
esta que deveria ser prestada pelo fornecedor, informação essa que é essencial na
relação de consumo e deve ser de fácil visualização o nome empresarial do vendedor
ou fornecedor, qual o numero do seu registro no ministério da fazenda, qual o endereço
demográfico da empresa, bem como as informações necessárias caso exista alguma
lide, local para intimações judiciais.

49
Ibden.
50
Ibden.
Art. 45-C. É obrigação do fornecedor que utilizar o meio eletrônico ou similar:
I - manter disponível serviço adequado, facilitado e eficaz de atendimento, tal
como o meio eletrônico ou telefônico, que possibilite ao consumidor enviar e
receber comunicações, inclusive notificações, reclamações e demais
informações necessárias à efetiva proteção dos seus direitos;
IV - dispor de meios de segurança adequados e eficazes;

Um problema recorrente nas relações que circundam o comércio eletrônico é a


dificuldade de comunicação com o vendedor, por se tratar de meio eletrônico, muitas
vezes o consumidor apenas tem mensagens automáticas, e tem dificuldade de falar
com pessoas para discutir ou falar alguma coisa sobre aquela relação de consumo.
Atentado para essa realidade o anteprojeto tenta mudar essa realidade para facilitar
essa comunicação para facilitar a resolução de eventuais problemas nessas relações.

Quando é dito que é obrigação do fornecedor que utiliza meio eletrônico dispor
de meios de segurança adequados e eficazes, é uma das determinações mais
importantes de todo o anteprojeto, afinal, é preciso segurança nesse tipo de relação e
confiança da parte do consumidor para que este acredite que pode realizar quantas
transações online quiser sem correr risco de ser vítima de fraude.

Art. 45-D. ​Na contratação por meio eletrônico ou similar, o fornecedor deve
enviar ao consumidor:
I - confirmação imediata do recebimento da aceitação da oferta, inclusive em
meio eletrônico;
II - via do contrato em suporte duradouro, assim entendido qualquer
instrumento, inclusive eletrônico, que ofereça as garantias de fidedignidade,
inteligibilidade e conservação dos dados contratuais, permitindo ainda a
facilidade de sua reprodução.

Para uma maior segurança das relações de comercio eletrônico, fica por esse
artigo determinado, que deve ser confirmado pelo fornecedor o recebimento da
aceitação da oferta do consumidor, para que este por engano não acabe comprando
duas vezes, por uma questão de falha no sistema e falta de informação.
Fica ainda obrigado o fornecedor a enviar uma via do contrato ao consumidor de
tal forma que fique claro e de fácil entendimento quais obrigações foram atribuídas pela
força do negócio jurídico de compra e venda realizado por meio eletrônico. O objetivo é
facilitar a percepção e garantias da segurança de um contrato.

Art. 45-E. ​É vedado enviar mensagem eletrônica não solicitada a destinatário


que:
I - não possua relação de consumo anterior com o fornecedor e não tenha
manifestado consentimento prévio em recebê-la;
II - esteja inscrito em cadastro de bloqueio de oferta; ou
III - tenha manifestado diretamente ao fornecedor a opção de não recebê-la.

O anteprojeto se preocupou também com a propaganda agressiva, pois se


tornou bastante comum que fornecedores e vendedores enviarem mensagens não
solicitadas de ofertas para consumidores, pensando exatamente nisso o legislador
aduz que é proibido, que seja enviada mensagem eletrônica de oferta para
consumidores que não tenham relações anteriores de consumo com o vendedor, ou
que tenham decidido especificamente não receberem essas mensagens.

Art. 45-E.[...].
§ 2º O fornecedor deve informar ao destinatário,
em cada mensagem enviada:
I - o meio adequado, simplificado, seguro e
eficaz que lhe permita, a qualquer momento,
recusar, sem ônus, o envio de novas mensagens
eletrônicas não solicitadas; e
II - o modo como obteve os dados do
consumidor.

Novamente vemos aqui o legislador se preocupando em regular as questões


relacionadas ao envio de mensagem com ofertas não solicitadas, e vemos sobre o
assunto uma determinação de que em cada mensagem enviada deve ser facilmente
mostrado a forma de que caso querendo o consumidor, este pare de receber as
mensagens com ofertas indesejadas.
O legislador se preocupou ainda em fazer com que o fornecedor especifique
como conseguiu as informações do consumidor, pois é sabido que em muitos casos
existe um comércio não autorizado de informações de carta de consumidores, e essa é
uma prática que desrespeita o consumidor, pois este tem seus dados utilizados como
meio de negócio e repasse sem que exista uma autorização.

Art. 49. O consumidor pode desistir da contratação à distância, no prazo de


sete dias a contar da aceitação da oferta ou do recebimento ou disponibilidade
do produto ou serviço, o que ocorrer por último.
§ 2º Por contratação a distância entende-se aquela efetivada fora do
estabelecimento, ou sem a presença física simultânea do consumidor e
fornecedor, especialmente em domicílio, por telefone, reembolso postal, por
meio eletrônico ou similar.

Vemos aqui uma pequena reformulação do artigo que trata do direito de


arrependimento, vindo dessa vez incluir especificamente e expressamente as relações
realizadas por meio eletrônico que determina ainda o reembolso postal, por meio
eletrônico ou similar.

Visto a forma e especificidade como o anteprojeto trata as relações de comércio


eletrônico, entendemos que aquele é fundamental para a existência de uma segurança
jurídica nas relações de comércio eletrônicas, sendo tão importante quanto o
desenvolvimento de tecnologias de criptografia que garantam a segurança do meio
virtual para estas relações eletrônicas.
6. CONCLUSÃO

Diante da pesquisa realizada, dos dados obtidos, e do cruzamento de todas as


informações coletadas durante o desenvolvimento deste estudo conseguimos chegar a
uma série de conclusões.

Inicialmente concluímos que diante das novas possibilidades criadas por novas
tecnologias, o comércio eletrônico se tornou uma prática bem comum e natural a
grande parte da população, que atualmente já é adepta desta prática.

Para esta parte da população que já é adepta do comércio eletrônico, estes são
protegidos tanto pelo ordenamento comum civil, como também são especialmente
amparadas pelas normas de direito de consumo, que são plenamente aplicáveis as
relações de consumo por meio eletrônico.

Compreendemos que um ponto muito importante para as relações de comércio


eletrônico, é a segurança do sistema de criptografia utilizado para assegurar essas
relações, e que é necessário um constante desenvolvimento de protocolos de
segurança para que exista um comércio eletrônico.

Concluímos que apesar da evolução das tecnologias da informação e das


tecnologias da informática, ainda existe um número muito grande de fraudes
eletrônicas, sejam, consumidores fraudulentos, ou vendedores fraudulentos.

As referidas fraudes minam a confiança das pessoas que poderiam vir a realizar
relações de compra e venda por meio eletrônico, pois estas passam a acreditar que
realizar esse tipo de transação é muito arriscado.

Constatamos que no mundo de forma geral os índices de fraude eletrônica ainda


são bastante elevados, percebemos, porém, quem com os anos os números de caso
de fraudes têm diminuído paulatinamente.
Vimos que o Brasil cresceu exponencialmente no que diz respeito ao comércio
eletrônico, e que isso é uma consequência natural do desenvolvimento da tecnologia
da informação, e da quantidade de pessoas com acesso a internet.

A expansão da rede de internet e do numero de pessoas com acesso a essa,


trouxe um novo leque de possibilidades para os vendedores que optam pelo comércio
eletrônico, pois, em geral na internet os preços são mais baixos do que dos preços das
lojas físicas, além de ser bastante cômoda a realização de transações desse tipo.

Porém como constatamos o numero de fraudes ainda é bastante grande nesse


tipo de relação, e no Brasil a situação não é diferente, muito pelo contrário, nos somos
atualmente o sétimo pais que mais sofre com fraudes no comércio eletrônico.

Diante dessa realidade de um tipo de comércio que claramente tem grande


potencial, mas que tem esse potencial inexplorado por falta de segurança,
vislumbramos no anteprojeto uma alternativa para tentar tornar essas relações mais
seguras e dessa forma fomentar o crescimento dela.

O código de Defesa do Consumidor já traz uma série de normas que são


plenamente aplicáveis às relações de comércio eletrônico, contundo, por não serem
estas regras especificamente pensadas e planejadas para o comercio eletrônico não
conseguem de modo satisfatório regular essas relações protegendo efetivamente os
consumidores.

O grande diferencial do anteprojeto do Código de Defesa do Consumidor é a


existência de normas especificamente pensadas para as relações de comércio
eletrônico, tendo inclusive uma seção especifica regulando apenas as relações de
transação no comércio eletrônico.

Dentro das disposições contidas na seção que trata do comércio eletrônico, no


anteprojeto do Código de Defesa do Consumidor, existe uma determinação especifica
fundamental para essas relações, e esta é que o fornecedor disponha de meio
adequado para garantir a segurança nas relações de transações.
REFERÊNCIAS

ANDRADE, Ronaldo Alves de. ​Contrato Eletrônico no Novo Código Civil e no


Código do Consumidor​,Manole: São Paulo.p. 31

BRASIL, Lei nº 8.078, 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor, Cria


o Código de Defesa do Consumidor. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm> Acessado em: 13.feb.2014.

BRASIL. Lei nº 10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil, Define quais os elementos
essenciais para existência e validade do negócio jurídico . Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acessado em: 29.jan.2014.

BRASILIA. Assembleia Legislativa. Projeto de Lei Federal sem Numero. 2012. Atualiza
o Código de Defesa do Consumidor. Disponível em: <
http://www.senado.gov.br/senado/codconsumidor/pdf/Anteprojetos_finais_14_mar.pdf>.
Acessado em: 24.fev.2014.

COELHO et al.- FControl®: sistema inteligente inovador para detecção de fraudes em


operações de comércio eletrônico. Gestão & Produção, v.13, n.1, p.129-139, jan.-abr.
2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/gp/v13n1/29582.pdf>. Acesso em: 01.
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FIUZA, Cesar. ​Direito Civil​: Curso Completo. 2. ed. Belo Horizonte:Del Rey, 2008. p.
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NUNES, Rizzato. ​Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. ​6. ed.Saraiva.


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Relator: ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO, SEGUNDA TURMA RECURSAL DOS


JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DO DF, julgado em 17/06/2008, DJ
03/12/2008 p. 92.

Tartuce, Santos. ​Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. 6. ed. São Paulo:
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VENOSA, Silvio de. ​Direito Civil​. 4.ed. São Paulo: Atlas S. A. 2004. p. 412.

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