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Rodrigues

ARTIGO SDESPECIAL
& Ciasca SM

Dislexia na escola: identificação e


possibilidades de intervenção
Sônia das Dores Rodrigues; Sylvia Maria Ciasca

RESUMO – Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem que


acomete em torno de 3% a 5% dos escolares. Dificuldade na aquisição e
fluência da leitura e escrita, desenvolvimento cognitivo dentro dos padrões
de normalidade, déficit no processamento fonológico e baixo desempenho
em algumas habilidades cognitivas são as principais características en­
con­tradas nesse transtorno. A identificação precoce e o adequado processo
intervertivo são essenciais para minimizar os efeitos negativos da dislexia.
Para tanto, há necessidade de conhecimento sobre a diversidade encontra­da
no transtorno, bem como capacidade de adequar a intervenção à dificuldade
da criança. Nesse sentido, o objetivo principal deste artigo é abordar os
principais conceitos relativos à dislexia, sua identificação e algumas pos­
sibilidades de intervenção.

UNITERMOS: Dislexia. Transtornos de aprendizagem. Transtornos da


linguagem.

Sônia das Dores Rodrigues – Pedagoga, Psicopedagoga, Correspondência


Psicomotricista. Mestre e Doutora em Ciências Médi­ Sônia das Dores Rodrigues
cas (Neurologia), pela Faculdade de Ciências Mé­ Departamento de Neurologia
dicas (FCM)/Universidade de Campinas (UNICAMP), Rua Tessália Vieira de Camargo, 126 – Cidade Uni­
Pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Difi­
ver­s itária Zeferino Vaz – Campinas, SP, Brasil –
culdades, Distúrbios de Aprendizagem e Transtornos
CEP 13083-887
da Atenção (DISAPRE)/FCM/UNICAMP e do CIAPRE,
Campinas, SP, Brasil. E-mail: rodrigues.sdd@gmail.com
Sylvia Maria Ciasca – Professora Associada III. De­
partamento de Neurologia - FCM/UNICAMP. Coor­
de­nadora do DISAPRE/FCM/UNICAMP, Campinas,
SP, Brasil.

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Dislexia na escola: identificação e possibilidades de intervenção

INTRODUÇÃO Nessa perspectiva, o professor deixa de ser


Dentre todos os transtornos de aprendizagem mero expectador e passa a ser sujeito atuante,
que atingem crianças e adolescentes, a dislexia não só no processo de identificação e diagnósti­
é, sem dúvida, o mais pesquisado e difundido. co da dislexia, mas também na sua intervenção,
Nos últimos anos, milhares de pesquisas foram que será necessária durante todo o processo de
desenvolvidas a esse respeito. Como resultado, escolarização formal do indivíduo.
há hoje dados robustos sobre a natureza, etio­ Diante do exposto, neste artigo tem-se como
logia, diagnóstico, formas de tratamento e evo­ objetivo abordar os principais conceitos relativos
lução desse distúrbio que afeta a vida de tantos à dislexia, sua identificação e algumas possibi­
indivíduos em todo o mundo. lidades de intervenção.
Apesar disso, a sensação que se tem é que
ain­da há dificuldade em se lidar adequadamen­te DISLEXIA: DEFINIÇÃO E CONCEITOS
com esse transtorno, principalmente no contexto GERAIS
escolar. Como consequência, não é incomum A dislexia é um transtorno específico de
termos de um lado o professor, que se sente aprendizagem, de origem neurológica. Acomete
frustrado e impotente por não saber lidar ade­ pessoas de todas as origens e nível intelectual
quadamente com essa problemática, e de outro, e caracteriza-se por dificuldade na precisão (e/ou
o aluno, que vivência o constante sentimento fluência) no reconhecimento de palavras e bai­
de fracasso no curso do seu desenvolvimento. xa capacidade de decodificação e de soletração.
Várias são as explicações para tal realidade, Essas dificuldades são resultado de déficit no pro­
porém chama-se a atenção para o desconheci­ cessamento fonológico, que normalmente está
abaixo do esperado em relação a outras habili­
mento sobre o transtorno e a ideia errônea de
dades cognitivas. Problemas na compreensão e
que a intervenção na dislexia é objeto apenas
reduzida experiência de leitura normalmente são
daqueles que atuam na clínica.
as consequências secundárias desse transtorno1.
Diante disso, há necessidade de que o profis­
As causas exatas da dislexia ainda não es­
sional da educação adote uma nova postura em
tão completamente claras, porém estudos com
relação ao processo ensino-aprendizagem das
neuroimagem demonstram que há diferenças
crianças com dificuldade na leitura e escrita,
no desenvolvimento e funcionamento cerebral2.
secundárias (ou não) à dislexia. Tal postura exige Também há forte indicativo de componente ge­
capacidade de identificar precocemente aquelas nético3, uma vez que os estudos clínicos indicam
que não estão evoluindo conforme o esperado, que mais de 50% das crianças com dislexia tem
avaliar fatores de risco para o transtorno e ela­ pais e irmãos com o mesmo transtorno4,5. Assim
borar e executar trabalho interventivo voltado sendo, a presença de pai ou irmão com disle­
para as dificuldades encontradas. xia aumenta a probabilidade de ocorrência do
Isso pressupõe, entre outras coisas, conheci­ transtorno1.
mento sobre os aspectos que envolvem a apren­ Quanto à prevalência, essa é variada, já que
dizagem da leitura/escrita e seus transtornos; os índices são dependentes da definição e dos
domínio de diferentes métodos e/ou abordagens critérios diagnósticos adotados. Entretanto,
de ensino e capacidade de sistematização do calcula-se que entre 3% a 10% dos escolares têm
pro­cesso interventivo. Com isso, o professor te­ o transtorno6.
rá meios para analisar a evolução do seu aluno No Manual Diagnóstico e Estatístico de Trans­
e poderá, quando necessário, encaminhar com tornos Mentais - DSM-57, a dislexia está inserida
mais segurança a criança com suspeita de dis­ dentro de uma categoria mais ampla, denomina­
lexia à investigação interdisciplinar para diag­ da de “Transtornos do Neurodesenvolvimento”,
nóstico diferencial. sendo referida como “Transtorno Específico de

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Aprendizagem”. Segundo o manual, o seu diag­ cias acadêmicas excedam a capacidade


nóstico requer a identificação de pelo menos um limitada do indivíduo, como, por exemplo:
dos seguintes sintomas: baixo desempenho em testes cronometra­
1. Leitura de palavras é feita de forma im­ dos; leitura ou escrita de textos complexos
precisa ou lenta, demandando muito es­ ou mais longos e com prazo curto; alta
forço. A criança pode, por exemplo, ler sobrecarga de exigências acadêmicas;
pa­lavras isoladas em voz alta, de forma • As dificuldades não são explicadas por
incorreta (ou lenta e hesitante); frequen­ deficiências, transtornos neurológicos,
temente, tenta adivinhar as palavras e adversidade psicossocial, instrução aca­
tem dificuldade para soletrá-las; dêmica inadequada ou falta de proficiên­
2. Dificuldade para compreender o senti­ cia na língua de instrução acadêmica.
do do que é lido. Pode realizar leitura Caracteristicamente, os fatores de risco para
com precisão, porém não compreende a dislexia são observados ainda na fase precoce,
sequência, as relações, as inferências ou quando se observa dificuldade na consciência
os sentidos mais profundos do que é lido; fonológica, na fala (algumas vezes) e, posterior­
3. Dificuldade na ortografia, sendo identi­ mente, no reconhecimento das letras8,9. Mais
ficado, por exemplo, adição, omissão ou tarde, a dificuldade na decodificação de palavras
substituição de vogais e/ou consoantes; pode comprometer outros aspectos relacionados
4. Dificuldade com a expressão escrita, po­ à leitura (soletração e fluência), expressão escrita
dendo ser identificados múltiplos erros e, em parte dos casos, à matemática.
de gramática ou pontuação nas frases; Em relação a esta última habilidade, estudos
emprego ou organização inadequada de demonstram que pode haver associação entre
parágrafos; expressão escrita das ideias déficit do processamento e da consciência fo­
sem clareza. nológica com defasagem na aritmética10. O mau
Entretanto, a simples presença de um ou mais rendimento em matemática parece não ser tão
sintomas não significa que a criança tenha dis­ evidente na fase inicial da alfabetização, porém,
lexia, uma vez que estes podem ser decorrentes com o tempo esse tende a se agravar11. Assim,
de fatores variados, o que inclui: deficiência adolescentes com dislexia podem apresentar
(intelectual e sensorial, por exemplo), síndromes dificuldades em conceitos matemáticos básicos
neurológicas diversas, transtornos psiquiátri­ que não seriam esperados para sua idade e etapa
cos, problemas emocionais e fatores de ordem de ensino.
socioam­biental (pedagógico, por exemplo). Destaca-se que as alterações acadêmicas são
Nesse sentido, o manual (DSM-5)7 considera os sintomas mais evidentes e, portanto, facilmen­
que, além dos sintomas mencionados, se deve te identificadas por pais e professores. Porém, há
levar em consideração os seguintes critérios: que se atentar também para outros aspectos que
• Persistência da dificuldade por pelo me­ costumam afetar crianças com dislexia, dentre os
nos 6 meses (apesar de intervenção di­ quais merecem ser mencionados: comprometi­
rigida); mento da linguagem12, sintomas de desatenção13,
• Habilidades acadêmicas substancial e dificuldade de coordenação motora, prejuízo das
qua­litativamente abaixo do esperado funções executivas14 e comorbidades psiquiátri­
pa­ra a idade cronológica (confirmado cas (como depressão, ansiedade e transtornos
por testes individuais e avaliação clínica disrruptivos)14,15.
abran­gente); Depreende-se, então, que embora o problema
• As dificuldades iniciam-se durante os de base da dislexia seja a leitura e a escrita, não
anos escolares, mas podem não se mani­ se pode perder de vista que habilidades cogniti­
festar completamente até que as exigên­ vas, acadêmicas e problemas de ordem psicos­

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social podem estar comprometidos e, portanto, No ensino infantil, tal dificuldade pode se
é importante que sejam valorizadas e avaliadas, manifestar principalmente por falta de interesse
já que podem interferir no desempenho global pelas rimas; palavras mal pronunciadas; per­
da criança. sistência da “linguagem de bebê”; dificuldade
Na fase adulta, a evolução da dislexia é varia­ em aprender (e lembrar o nome das letras) e
da e os estudos, quando comparados à infância dificuldade em saber o nome das letras do pró­
e adolescência, são escassos. Sabe-se, porém, prio nome16.
que há indivíduos que conseguem concluir o Nas séries iniciais do ensino fundamental,
ensino superior, quando recebem intervenção as seguintes características normalmente são
adequada. Porém, outros abandonam a escola identificadas: dificuldade em entender que as
muito cedo, muitas vezes sem sequer receber o palavras são “divididas em partes”; incapacida­
diagnóstico. Infelizmente, no nosso meio, esse de de associar letras a sons; erros de leitura (sem
segundo grupo é mais comum. Isso porque, na conexão entre fonemas/grafemas - por exemplo,
prática clínica, o que se observa é que a difi­ ler panela, em vez boneca), incapacidade de
culdade com a leitura e escrita normalmente ler palavras mesmo simples; reclamações e ou
é identificada ainda na fase precoce e, a partir recusa em situações em que tenha que ler.
desta, se inicia um longo percurso de avaliações Em se tratando de intervenção, há consenso
isoladas, com especialistas variados. de que o ensino infantil e as séries iniciais re­
Como resultado, não é incomum o adoles­ presentam uma “janela de oportunidades” para
cente chegar ao final do ensino fundamental se prevenir problemas com a leitura (assim como
com hipóteses diagnósticas diversas, abrangen­ outros problemas de aprendizagem). Além disso,
do desde transtornos psiquiátricos (tais como na ausência de intervenção se observa aumen­
TDAH) até problemas intrínsecos à criança e sua to de discrepância de desempenho, quando
família (como, por exemplo, desmotivação, pro­ comparado aos seus pares, ao longo das séries
blemas emocionais, falta de empenho, prejuízos posteriores.
emocionais e problemas de ordem familiar). O Sendo assim, é importante que se identifi­
agravante, neste caso, é que a intervenção em que no ensino infantil os sinais sugestivos de
fase tardia é muito mais difícil de ser realizada, alterações que possam prejudicar a aquisição da
não só porque envolve fatores relacionados ao leitura e escrita e, nesses casos, se implemente
funcionamento e maturidade cerebral, mas tam­ intervenção adequada às alterações encontradas.
bém porque outras comorbidades psicológicas Em se tratando dos aspectos linguísticos, várias
e/ou psiquiátricas (externalizantes ou interna­ possibilidades e métodos são encontrados na lite­
lizantes) podem estar associadas ao transtorno. ratura, aqui se faz referência à proposta de Adams
Diante disso, tem-se a dimensão da impor­ et al.17, que tem como objetivo estimular o de­
tância do papel da escola, principalmente do senvolvimento fonológico das crianças menores.
professor, na prevenção e condução adequada do
processo de ensino-aprendizagem de crianças Estimulação da consciência fonológica
que tenham dificuldade com a leitura/escrita, • Estimular a habilidade das crianças pres­
secundária (ou não) à dislexia. Tal aspecto será tarem atenção aos sons de forma seletiva,
abordado nos tópicos seguintes. ou seja, discriminação e denominação de
sons diversos (reais ou gravados), iden­
INTERVENÇÃO NA DISLEXIA tificação e sequências de sons e sons
Ensino infantil e séries iniciais fal­tantes em uma sequência anterior;
Conforme já mencionado anteriormente, localização de sons diversos; ouvir um
pesquisas demonstram que o déficit no processa­ determinado som e associá-lo à sua fonte;
mento fonológico é a principal causa da dislexia. identificação de frases sem sentido; per­

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cepção auditiva, atenção e concentração; identidades separadas e essas podem


capacidade de compreender e de seguir ser reconhecidas e distinguidas e, por
ordens sequenciais; fim, auxiliar a criança a se atentar para a
• Usar rimas para introduzir os sons das pronúncia dos fonemas;
palavras. Pode-se usar como estratégias: • Introduzir a relação entre grafema/fonema,
orientação verbal, músicas, parlendas, utilizando-se de explicação verbal, espe­
poesias infantis com rimas, figuras di­ lhos, observação dos colegas ao falar, car­
versas, dentre outros. Dentre as possibi­ tões com figuras, dentre outros. Aos poucos,
lidades destacam-se: trabalhar a atenção a criança deve compreender o princípio do
e aprimorar a consciência para os sons sistema alfabético. É aconselhável que isso
da fala; enfatizar a rima por meio do seja feito gradativamente, introduzindo, por
movimento (físico-corporal); introduzir exemplo, dois fonemas, encontros conso­
o conceito de que qualquer palavra pode nantais e análise e síntese dos fonemas;
ser rimada; criação de rimas; • Introdução gradativa das letras e da es­
• Desenvolver a consciência de que a fala é crita. Aqui o professor inicia a associação
constituída por sequência de palavras, ou entre as letras com os fonemas (iniciais e
seja, que frases são cadeias linguísticas finais) da palavras e a escrita dos mesmos.
pelas quais transmitimos nosso pensa­ É importante ressaltar que o trabalho com a
mento. Ainda, que estas são compostas consciência fonológica tem a sua eficácia com­
de sequência de palavras com significa­ provada, quando se trata de melhorar a leitura
dos e que a ordem das palavras é que dá e a escrita de crianças com idade entre 5 a 8
significado (ou não) à frase; anos. Entretanto, em crianças com idade mais
• Desenvolver a capacidade de analisar avançada o mesmo pode não ocorrer. Isso sugere
as palavras em silabas, separando-as e que a consciência fonológica é uma habilidade
sintetizando-as. Para tanto, pode-se uti­ importante, mas não é suficiente para melhorar
lizar explicação verbal, jogos com mo­ a leitura, especialmente em crianças maiores18-23.
vimentos físicos (palmas, por exemplo),
jogos com figuras, objetos reais, dentre Dificuldade na compreensão da leitura
outros. A ideia é fazer com que a criança Muitas crianças com dislexia conseguem
perceba que as palavras são formadas por adquirir habilidade suficiente para codificar e
sequência menores da fala (as silabas) e decodificar palavras e textos. Entretanto, não é
que as sílabas correspondem às pulsações incomum que apresentem dificuldade na com­
do som da voz, bem como aos ciclos de preensão da leitura, problema esse que normal­
abertura e fechamento das mandíbulas; mente é atribuído à lentidão e a pouca precisão
• Desenvolver a consciência de que as pa­ na leitura de palavras.
lavras contém fonemas. Explicação ver­ Na prática clinica, o que se observa é que o
bal, espelhos, observação dos colegas ao aumento da demanda da memória de trabalho
falar, cartões com figuras, dentre outros, (com textos mais longos, por exemplo) é um
podem ser utilizados como estratégias. dos principais fatores que levam o sujeito a ter
Nesse sentido, se poderá: explorar, com­ dificuldade de compreensão.
parar e contrastar o ponto e o modo de Por outro lado, outros trabalhos apontam
articulação; isolar, acrescentar e excluir fo­ para o fato de que esse tipo de dificuldade pode
nemas (iniciais, mediais, finais); compa­ ocorrer em indivíduos que decodificam adequa­
rar palavras com mesmo fonema inicial; damente, o que remete à ideia de que se pode
compreensão de que palavras contém estar lidando com uma desordem distinta da
fonemas; compreender que fonemas têm dislexia. Caracteristicamente, esses indivíduos

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conseguem decodificar e soletrar palavras com e dificuldade com a gramática, incluindo o uso
precisão, mas tem problemas no entendimento inadequado dos tempos verbais27.
daquilo que leram9. A dificuldade recorrente na escrita pode fazer
Estudo desenvolvido com 50 escolas inglesas, com que o aluno com dislexia evite escrever,
envolvendo 1.553 crianças e adolescentes do tenha problemas em realizar cópias de forma
ensino primário e secundário, demonstrou que adequada e apresente um estilo de escrita ma­
5,3% das crianças do ensino primário e 5% do en­ nual inadequado27.
sino secundário foram identificados como sendo Dificuldades ortográficas também são fre­
“maus compreendedores”. Tal dado, segundo os quentes; mais precisamente, é comum que es­
autores, sugerem que o prejuízo na compreensão creva foneticamente, omita o meio ou o final da
da leitura pode ser um distúrbio distinto comum, palavra e escreva letras ou sílabas na sequência
que permanece escondido nas salas de aula6. incorreta27.
Caracteristicamente, esse tipo de aluno cos­ Diante de tantas dificuldades, é esperado
tuma apresentar, desde a fase precoce, compro­ que a criança com dislexia tenha dificuldade na
metimento da linguagem oral e boa habilidade compreensão da leitura27. Nesse sentido, o pro­
cesso interventivo deve levar em consideração os
fonológica, o que os capacita a decodificar ade­
fatores envolvidos nessa habilidade, de modo a
quadamente. Entretanto, nos primeiros estágios
se atuar de forma eficaz junto a essa população.
da aprendizagem da leitura, tais crianças já
Inicialmente, é importante que se tenha
demonstram dificuldades básicas com a lingua­
percepção de que na compreensão da leitura
gem, tais como vocabulário, gramática, sintaxe,
múl­tiplos processos cognitivos estão envolvidos,
problemas com inferência e uso da linguagem
ou seja, primeiro é preciso que se reconheça as
figurativa, assim como com o monitoramento
palavras e as associe aos conceitos armazena­dos
da compreensão e conhecimento da estrutura
na memória. Paralelamente, se desenvolve ideias
do texto24,25. significativas do texto e se extrai a conclusão,
É importante então que o professor, na sua fazendo-se a relação entre o que foi lido e o que
prática, se atente para os seguintes aspectos: se sabe até então. Funções corticais (tais como
crian­ças com dificuldade nos aspectos fonológicos atenção e memória), cognitivo-linguísticas e
são consideradas de risco para desenvolverem afetivos (autoconceito, autoestima, motivação,
di­ficuldade na decodificação, enquanto aquelas etc) também intervém nesse processo e, por essa
que têm prejuízo na linguagem têm risco para razão, devem ser considerados ao se elaborar
desenvolverem dificuldade de compreensão da proposta de intervenção.
leitura. As crianças clinicamente diagnosticadas Do ponto de vista prático, existem diversas
com distúrbio específico de linguagem geral­ abordagens que o professor e/ou psicopedagogo
mente têm dificuldade em ambos os processos26. podem seguir como base de elaboração para um
Outro ponto a ser ressaltado diz respeito às programa interventivo sistematizado no contexto
características normalmente encontradas nas escolar. Neste artigo será apresentada a proposta
crianças com dislexia, ou seja, essas podem apre­ desenvolvida por Arandiga & Tortosa28, a seguir
sentar comprometimento na leitura, na escrita descrita, por se considerar que aborda várias
e na ortografia. habilidades que estão normalmente comprome­
Em relação à leitura, destaca-se: leitura lenta tidas no aluno com dislexia.
e silabada, confusão nas letras que têm forma
semelhantes (u/n, por exemplo), confusão na Dificuldade na habilidade de decodificação
leitura de palavras semelhantes, omissão de a) No processamento fonológico: não reco­
palavras, erros na leitura de palavras semanti­ nhece ou identifica determinadas letras;
camente semelhantes (exemplo, ler gato, em vez não associa o grafema com o fonema; subs­
de cão), erros na leitura de palavras polissílabas titui, omite ou inverte a leitura de palavras.

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Estratégia didática de ensino-aprendi­ de várias frases e, como consequência,


za­gem: Atividades de consciência fono­ não extrai informações do texto ou a infor­
ló­gica; habilidades de segmentação lin­­­ mação extraída é escassa; não identifica
guís­tica; atividades específicas para a significados a partir de chaves contex­tuais;
cor­reção de erros de exatidão na leitura não realiza processos de integração, resu­
(in­­versões, omissões, substituições). mo e elaboração; não faz deduções sobre
b) No acesso ao léxico: lentidão no reconhe­ a informação extraída; não contextualiza
cimento de palavras; não reconhecimento o significado das palavras.
de palavra. Estratégia didática de ensino-apren­
Estratégia didática de ensino-aprendi­ dizagem: comparar frases/parágrafos
zagem: atividades de fluência e velo­ com significados semelhantes e con­
cidade; análise fonológica; identifica­ trários; atividades de chaves contex­
ção rápida; integração visual; prática de tuais: temporais, espaciais, valorativas,
leitura reduzida (com aumento gradati­ descritivas, funcionais (equivalentes,
vo); leitura silenciosa (reconhecimento de definição direta, de justaposição, de
prévio). frases adjacentes, etc.); associar frases/
parágrafos a representações gráficas;
Dificuldade na habilidade sintática associar parágrafos a resumos; resumir
a) Módulo sintático (estratégias de proces­ parágrafos breves; explicar um resumo;
samento sintático): não combina o signi­ selecionar o melhor significado de uma
ficado de várias palavras; não identifica palavra na frase; comparar significado
sinais sintáticos para a construção dos de palavras.
significados; identificação e interpretação
errônea dos sinais de pontuação; não faz Habilidades atencionais
uso de conhecimentos gramaticais; não a) Concentração: apresenta baixo nível de
estabelece relações causais entre distintas concentração durante a leitura.
partes do texto. b) Mecanismos seletivos: a distribuição da
Estratégia didática de ensino-apren­ atenção é inadequada; há maior ou menor
dizagem: formar e completar frases; concentração em partes da leitura.
res­ponder a perguntas de frases sim­ c) Fatigabilidade: a concentração é feita por
ples; converter ilustrações em frases; breve espaço de tempo.
concatenar frases; combinar palavras d) Labilidade emocional: a atenção oscila
(nome + adjetivos, artigo + nome + entre momento de concentração adequa­
adjetivo, etc.); sinais de pontuação; da com momentos de leitura automatiza­
identificar, enfatizar graficamente, de­ da, com perda da concentração.
tectar erros, completar; trabalhar a en­ e) Escassez de recursos atencionais: a escassa
tonação; inferir relações simples entre capacidade atencional impede a identifica­
nome-pronome; comparar significados ção de indicadores sintáticos e semânticos
de frases simples concatenadas. que possibilitem a compreensão.
f) Metacognição: não há regulação da ca­pa­
Dificuldade na habilidade semântica cidade atencional para extração de signifi­
a) Processamento semântico (extrair signifi­ cado do texto. Não apresenta cons­ciência
cado, integração na memória e processos da natureza da tarefa, nem da estratégia
inferenciais): não integra as informações atencional que precisa usar.

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Estratégia didática de ensino-apren­ Estratégias de compreensão


dizagem: atividades específicas de a) Conhecimentos: desconhece que estraté­
atenção concentrada; graduar o tempo gia de compreensão utilizar quando lê.
de leitura em função da persistência da b) Uso: não utiliza adequadamente as estra­
atenção; aumentar paulatinamente a tégias de compreensão aprendidas.
extensão dos textos*. Estratégia didática de ensino-aprendi­
zagem: treinamento das estratégias de
compreensão da leitura: ideia princi­
Conhecimentos prévios
pal; chaves contextuais; formulação de
a) Conhecimento específico: escasso co­
hipóteses; auto-questionamento; orga­
nhecimento sobre o tema da leitura; vo­
nização de gráficos; releitura; leitura
cabulário reduzido; conhecimento não
recorrente.
or­ganizado; conhecimentos frágeis ar­
Conforme se pode constatar, a compreensão
ma­zenados na memória de longo prazo,
da leitura envolve uma série de habilidades,
mediante aprendizagem de simples asso­
que devem ser identificadas e trabalhadas no
ciações mecânicas.
con­texto escolar, de maneira sistematizada. Essa
b) Conhecimento da estrutura linguística
conduta certamente favorece não só alunos com
do texto: escassos conhecimentos; não
transtornos da aprendizagem, mas também todos
uti­liza os conhecimentos; não identifica
os demais. Nesse sentido, chama-se a atenção
a informação relevante; não identifica a
para o que se denomina de Resposta à Interven­
estrutura lógica da leitura. ção (RTI), abordagem que vem se mostrando
c) Metacognição: escassa ou nula consciên­ eficiente para intervenção da dificuldade de
cia de quais são os interesses, motiva­ções aprendizagem no contexto escolar.
e objetivos da leitura e como afetam a
compreensão da leitura; não sabe que es­ Resposta à intervenção (RTI)
tratégias de compreensão empregar e que
Atualmente, não se pode falar em processo in­
utilidade pode ter; não sabe como regular
tervertivo sem se considerar a abordagem deno­
o processo de compreensão quando tem minada de Resposta à Intervencão (RTI). Trata-se
dificuldade; não tem consciência de como de um programa instrucional, multinível, voltado
compreender e o que pode dificultar a para prevenção, identificação e intervenção das
compreensão. dificuldades de aprendizagem. Por meio do mes­
Estratégia didática de ensino-aprendizagem: mo se pode identificar crianças com fatores de
atividades de vocabulário; ampliação de temas risco para transtornos de aprendizagem, como é
de leitura; atividades de caráter gramatical; ati­ o caso da dislexia. Conforme se verá a seguir, o
vidades específicas de ideia principal; associar programa exige que se realize avaliação, moni­
títulos a textos e vice-versa; concatenar breves toramento do progresso dos alunos, bem como
pas­sagens de texto em um número reduzido de ajustamento das necessidades e intensidade do
elementos (por exemplo, princípio e final, prin­ processo de intervenção, segundo a capacidade
cípio, meio e fim); refletir sobre o ato de ler: para de resposta do aluno11,29.
que, como se lê melhor, o que se pode fazer para
compreender bem a leitura, reconhecer quando Etapas do RTI
não está compreendendo, que fazer quando • Nível 1 (Núcleo de instrução): inicialmen­
aparece uma dificuldade. te, todos os alunos da turma são avalia­
dos. Nesse momento, tem-se como obje­
* Acrescenta-se que jogos diversos podem ser utilizados para
a intervenção dos diferentes tipos de atenção (sustentada,
tivos: verificar se os alunos atendem às
dividida etc.) expectativas do nível que se encontram;

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identificar alterações nas habilidades de orientação geral, serão descritas a seguir al­
avaliadas e investigar se há fatores de gumas recomendações, que foram baseadas na
risco para transtornos de aprendizagem. proposta da International Dyslexia Association1:
Implementa-se, então, um programa de • Dar tempo extra para completar as tarefas;
instrução, voltado para as alterações en­ • Oferecer ao aluno ajuda para fazer suas
contradas. Em se tratando de leitura, por anotações;
exemplo, são trabalhados os seus princi­ • Modificar trabalhos e pesquisas, segundo
pais componentes, ou seja, consciência a necessidade do aluno;
fonêmica, compreensão, fluência e vo­ • Esclarecer ou simplificar instruções es­
cabulário. Nesse nível, estudos demons­ critas, sublinhando ou destacado partes
tram que a instrução é suficiente para a importantes para o aluno;
maioria dos estudantes que apresentam • Reduzir a quantidade de texto a ser lido;
dificuldade em leitura e escrita. • Bloquear estímulos externos (visuais, por
• Nível 2 (intervenção suplementar): nesse exemplo), se o aluno tende a distrair-se
nível permanecem os alunos que não com facilidade com os mesmos. Pode-se
fizeram progresso no nível 1. A eles são usar como recursos: cobrir esses estímulos
dadas instruções suplementares. O moni­ (numa folha ou planilha por exemplo), au­
toramento aqui também é implementado, mentar o tamanho da fonte e/ou aumentar
de modo a verificar a resposta à instrução. o espaçamento entre as linhas;
Alternativas diferenciadas, relacionadas • Destacar (com caneta apropriada) as in­
ao aumento da frequência e intensidade formações essenciais em textos e livros, se
da intervenção, por exemplo, são imple­ o aluno tiver dificuldade em encontrá-las
mentadas, se o aluno não fizer progresso sozinho;
suficiente. • Proporcionar atividades práticas adicio­
• Nível 3 (Intervenção intensiva): perma­ nais, uma vez que os materiais normal­
necem os alunos que não evoluíram mente não as fornecem em número su­
no nível 1 e 2. A esses é dada instrução ficiente para crianças com dificuldade
in­­dividualizada e o monitoramento do de aprendizagem. Tais práticas podem
pro­gresso pode indicar necessidade de incluir exercícios práticos; jogos instruti­
ensino especializado. vos, atividades de ensino em duplas, pro­
Ressalta-se que o RTI requer rigor na avalia­ gramas de computador, etc;
ção e intervenção, com o uso de método sistemá­ • Fornecer glossário dos conteúdos e guia
tico, cientificamente comprovado. Com relação para ajudar o aluno a compreender a lei­
à avaliação, por exemplo, testes e instrumentos tura. Esse último pode ser desenvolvido
específicos devem ser utilizados, não com o parágrafo a parágrafo, página a página
intuito de se fazer diagnóstico, mas sim para ou por seção;
identificar áreas que necessitam ser trabalhadas • Usar dispositivo de gravação. Textos, li­
por meio de intervenção dirigida. vros, histórias e lições específicas podem
ser gravadas. Assim, o estudante pode re­
Adaptações em sala de aula produzir o áudio para esclarecer dúvidas.
Além dos aspectos anteriormente abordados, O aluno pode, ainda, escutar e acompa­
são necessárias também adaptações variadas nhar as palavras impressas e, assim, pode
no contexto escolar, de modo que o aluno possa melhorar sua habilidade de leitura;
evoluir no seu processo acadêmico. Tais adap­ • Utilizar tecnologia assistiva e meios alter­
tações devem ser implementadas, segundo as nativos, como “tablets”, leitores ele­trôni­
características e necessidade do aluno. Para fins cos, dicionários, audiolivros, calculadoras,

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Dislexia na escola: identificação e possibilidades de intervenção

papéis quadriculados para atividades • Posicionar o aluno próximo ao professor,


matemáticas, etc; longe de sons, pessoas ou materiais que
• Repetir as instruções e orientações. Al­ possam distraí-lo, principalmente aqueles
guns alunos têm dificuldade em seguir que tenham problemas com a atenção;
instruções e, assim, pode-se pedir que as • Estimular e ensinar o uso de agendas,
repita com suas próprias palavras. Se es­ calendários e organizadores. Com isso, o
tas tiverem várias etapas, pode-se dividi­ aluno poderá estar atento a datas e prazos
-las em subconjuntos, ou apresentá-las de atividades escolares;
uma de cada vez. Quando as orientações • Estimular o uso de sinais para indicar
são dadas por escrito, deve-se certificar de itens importantes ou não dominados pelo
que o aluno é capaz de ler e compreender aluno. Tal conduta pode, ainda, ajudar
as palavras e o significado das frases; o monitoramento do tempo em testes,
• Manter rotinas diárias, pois muitos alunos bem como o estado atual da sua aprendi­
com problemas de aprendizagem têm difi­ zagem;
culdade em organizar-se com autonomia; • Graduar os conteúdos a serem tratados,
• Fornecer uma cópia das notas de aula (ou num nível crescente de dificuldade.
esboço) para aqueles que têm dificuldade Destaca-se, por fim, que a escolha de uma
em realizá-la com autonomia; ou mais adaptações deve ser cuidadosamente
• Combinar informação verbal e visual e analisada pelo corpo docente e coordenação
proporcionar organizador dos conteúdos pe­dagógica, segundo a necessidade do aluno.
ministrados; No início pode haver necessidade da associação
• Escrever pontos ou palavras-chave no de várias, porém, espera-se que o número das
quadro-negro, antes de uma apresentação; mesmas diminua com o avanço do processo de
• Equilibrar as apresentações orais, infor­ aprendizagem, bem como com a autonomia do
mações visuais e atividades participati­ aluno. O importante é que o professor esteja
vas, o que inclui equilíbrio das atividades atento ao que o aluno realmente precisa, que
(em grupo, geral e individual); oriente os pais na melhor maneira de auxiliar
• Utilizar dispositivos mnemônicos para em casa o trabalho pedagógico e que trabalhe
ajudar os alunos a se lembrarem de in­ em parceria com os terapeutas e profissionais
formações chave; que normalmente assistem à criança.
• Enfatizar revisão diária. Este tipo de es­
tratégia pode ajudar os alunos a fazer CONSIDERAÇÕES FINAIS
li­gações com conhecimentos prévios; Procurou-se demonstrar neste artigo que o
• Variar os modos de avaliação, ou seja, professor, na sua prática diária, é elemento es­
apresentações orais, participação em dis­ sencial não só para a identificação dos fatores
cussões, avaliações escritas, provas com de risco da dislexia, mas também para o seu
múltiplas escolhas, etc; diagnóstico e intervenção. O sucesso do processo
• Alterar o modo de resposta. Para aque­ interventivo dependerá, em grande parte, da
les que têm dificuldade de coordenação atuação da escola, já que é nesse contexto que a
motora fina e/ou com a escrita manual, criança permanece a maior parte do seu tempo.
permitir diferentes modos de exposição Intervenções com especialistas são fundamen­
do conteúdo (espaço extra para escre­ tais e, certamente, serão necessárias no curso
ver, sintetizar conteúdos, atividades de do desenvolvimento da criança com dislexia.
múltipla escolha, exposição por meio de Entretanto, deve-se ter clareza que se trata de
desenhos, respostas orais, etc.); um trabalho de parceria. Sem a mesma, corre-se

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Rodrigues SD & Ciasca SM

o risco de se produzir fracasso escolar, com todas adolescente pode necessitar de atenção, muitas
as consequências que isso envolve. vezes individualizada.
Ressalta-se, ainda, que o processo de inter­ Apesar de todos os entraves vivenciados no
venção escolar não se encerra quando a criança nosso contexto educacional, considera-se que a in­
com dislexia aprende a codificar e decodificar tervenção psicopedagógica adequada no contexto
palavras e textos, já que a compreensão na lei­ escolar é possível e viável, desde que haja estudo
tura geralmente está prejudicada. Assim sendo, constante, formação continuada e, principalmente,
durante todo o processo educativo, a criança e/ou envolvimento e perseverança por parte da escola.

SUMMARY
Dyslexia at school: early identification and possibilities of intervention

Dyslexia refers to a learning disability that affects around 3-5% of students.


Difficulties with accurate and fluent word recognition, poor spelling and
decoding abilities, which typically result from the phonological component of
language, are the main characteristics of dyslexia. These characteristics are
often unexpected in relation to other cognitive abilities. Early identification of
students at risk for reading difficulties is critical in developing the appropriate
instructional plan. The goal of this article is to provide information about
dyslexia that is intended to be helpful to educators.

KEY WORDS: Dyslexia. Learning disorders. Language disorders.

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Trabalho realizado no Laboratório de Pesquisa em Artigo recebido: 23/2/2016


Dificuldades, Distúrbios de Aprendizagem e Trans­ Aprovado: 12/4/2016
tornos da Atenção (DISAPRE) da Faculdade de Ciên­
cias Médicas da Universidade de Campinas, Cam­
pinas, SP, Brasil.

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