Prefácio .................................................................................................................................ii
Introdução .............................................................................................................................3
Conclusão ...........................................................................................................................18
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Prefácio
No caminhar incessante em busca de uma educação cada vez mais democrática, cidadã,
de qualidade, com equidade e para todos, se faz necessário estar sempre se atualizando
e somando conhecimentos que possam potencializar as ações positivas na linha de frente
do ensino: a sala de aula.
É nesse contexto que esse material se insere. Em uma brilhante iniciativa da Associação
QEdu, todo o esforço foi feito, e recompensado, para contribuir na consolidação do
trabalho do coordenador pedagógico, colocando-o no seu devido nível de importância. O
conteúdo ajuda, decisivamente, na definição da função e joga luz nas principais ações
desse que é um dos pilares fundamentais do processo ensino-aprendizagem.
Trata-se de uma leitura agradável, clara, conectada com a realidade e com grande
embasamento. Ela nos convida a refletir sobre o exercício desse cargo que, de certa
forma, tem a capacidade de orquestrar todo o andamento pedagógico de uma escola.
Desejo a você, amigo do conhecimento, que essa leitura ajude a aumentar a sua
inspiração e seu entusiasmo com a área mais nevrálgica da nossa sociedade: a
educação. Que as nossas melhores energias estejam canalizadas para o desenvolvimento
social, moral e intelectual de nossa comunidade.
Boa leitura!
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Introdução
"Nós, Coordenadores Escolares, passamos a ser reconhecidos como “faz tudo”, pois além de auxiliar o
professor na construção e aplicação de seu planejamento, propor avaliações paralelas periódicas, desenvolver
os projetos na escola, precisamos assumir outras funções, como preencher registro de ocorrência de alunos e
professores, enviar bilhetes, dar advertências, redigir atas, cuidar da entrada tardia e saída antecipada dos
alunos, cobrar o uso do uniforme e vestimentas adequadas ao ambiente escolar, e, com tudo isso, o trabalho
pedagógico na sua essência fica adormecido."
Pensando nisso, nós da Associação QEdu criamos este material para dar luz à
importância do coordenador pedagógico dentro e fora do ambiente escolar. Também
apontaremos algumas estratégias para esse profissional explorar o máximo do seu
potencial, com dicas de como conduzir reuniões pedagógicas com professores e oferecer
ideias e sugestões sobre como auxiliar os professores a melhorar a prática de sala de
aula, com foco em garantir que os estudantes aprendam aquilo que têm direito de
aprender.
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O coordenador pedagógico e sua
função na escola
O coordenador pedagógico possui uma função estratégica na escola, atuando na
formação continuada dos professores no que diz respeito às questões pedagógicas. Ele
faz a mediação entre o currículo e os docentes, e também entre os pais da escola e os
professores.
Nesse cenário, o coordenador pedagógico não deve ser o profissional que somente
“apaga incêndios” nas escolas. O principal desafio do coordenador pedagógico é
conseguir lidar com as dificuldades do dia a dia, mas também pensar em ações de longo
prazo que possam agir na raiz do problema da instituição.
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O coordenador pedagógico pode formar sua equipe para lidar com situações
emergenciais e também na gestão de sala de aula, ajudando a criar um ambiente mais
favorável para a aprendizagem dos alunos. Este fato, inclusive, colabora para reduzir
casos de indisciplina na escola.
Nesse contexto, uma parceria sólida entre o coordenador pedagógico e o diretor escolar é
fundamental. O diretor precisa enxergar o coordenador como um agente de formação na
escola, garantindo que o dia a dia pedagógico aconteça de forma fluida e eficiente.
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O coordenador pedagógico deve
observar a sala de aula?
Para o coordenador pedagógico, observar
a sala de aula é um dos momentos mais
críticos da função, pois pode haver a
impressão de que esse ato é uma tentativa
de controlar ou punir o trabalho do
professor. Porém, é preciso ressaltar que,
no contexto pedagógico escolar, a
observação é uma excelente estratégia na
Coordenadora pedagógica acompanhando a realização de uma aula
(Foto: Manuela Novais, para a revista Gestão Escolar) formação dos professores na escola, já que
ela contribui para levar o professor a uma
reflexão de sua prática e a buscar novas possibilidades de intervenções para a melhoria
do ensino.
Mas como fazer essa observação da melhor maneira? Reunimos aqui algumas dicas para
você:
1. Link da matéria:
http://educacao.estadao.com.br/blogs/de-olho-na-educacao/quatro-especialistas-apontam-desafios-para-a-implementacao-da-bncc/
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Antes da observação
• Defina o foco da observação. Ele deve ser centrado num ponto em que a escola
deseja investir, de forma prioritária. É importante que esse ponto seja um objetivo passível
de mudança e que a observação não fique centrada apenas na figura do professor.
Durante a observação
• Tenha um roteiro para registrar as observações realizadas. Esse roteiro pode
seguir um padrão da sua escola ou pode ser ajustado para cada foco que se deseja
observar. É a partir desse roteiro que professores e coordenação irão se planejar para este
momento, instaurando um clima positivo, pois o que será observado não será uma
surpresa, mas algo combinado previamente entre as partes envolvidas no processo.
• Mantenha uma postura discreta, procurando não interferir na aula que está
acontecendo. Os registros devem se ater ao foco combinado e às evidências que
indiquem o que de fato aconteceu, evitando as inferências e distrações que prejudiquem
o trabalho.
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Depois da observação
• Prepare e realize uma devolutiva da aula observada, mas tenha cuidado para
que esse momento não seja apenas informativo mas também formativo para o professor.
1. Não inicie a conversa apresentando tudo o que registrou. Procure a melhor forma de
comunicar os resultados de sua análise de uma maneira que levará o professor a refletir
sobre a aula observada.
2. Faça uso de paráfrases, que consiste em dizer, com suas próprias palavras, o que disse
outra pessoa, com o objetivo de verificar se houve entendimento do que o outro falou.
Veja alguns exemplos:
3. Faça perguntas esclarecedoras, pois elas permitem ter uma imagem nítida de uma
situação específica apresentada ou de uma ideia, sem fazer juízo de valor ou
generalizações. Veja esses exemplos:
Por que só um aluno da dupla estava com a folha da atividade? O que você pretendia com esta estratégia?
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Qual foi o seu objetivo ao solicitar que os alunos numerassem os parágrafos do texto?
4. Faça perguntas de sondagem, que tem como principal objetivo levar a pessoa
diretamente envolvida na ação a refletir sobre o ocorrido e pensar em possíveis
encaminhamentos. Ela estimula a reflexão e tira a obrigação de quem observou de
responder a tudo e passa esta tarefa para quem foi observado. Neste primeiro
momento, essa conversa irá ajudar o coordenador a esclarecer aquilo que ele observou
e poderão então fazer uma discussão pautada no que foi observado e nos
esclarecimentos do professor. Por exemplo:
Que outra estratégia poderia ser utilizada para que isso não acontecesse?
No próximo capítulo, vamos aprofundar esse tema e passar para você os 7 passos
essenciais para o coordenador pedagógico realizar uma reunião construtiva, eficiente e
formativa com os professores de sua escola.
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Os 7 passos para o coordenador pedagógico
planejar reuniões com professores
Estes momentos devem, então, ser potencializados por meio de uma pauta formativa que
leve os professores a refletirem e avançarem em suas aprendizagens. Confira algumas
estratégias para a construção e execução dessa pauta.
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1. Mapear necessidades formativas
Qualquer formação continuada, para ser eficiente, precisa atender às especificidades da
realidade escolar. Para descobrir quais são as necessidades de formação, o coordenador
pedagógico pode passar questionários aos professores, fazer observações em sala de
aula, analisar os resultados dos alunos indicando os conteúdos mais críticos a serem
focados na aprendizagem e que podem ser os mais vulneráveis na formação do docente.
Com esses dados em mãos, a escola pode organizar o seu projeto de formação para o
ano todo, compartilhando-o e validando-o com todo o grupo.
Se estamos falando de uma reunião com objetivo formativo, não cabe elaborar uma aula
expositiva sobre os conteúdos propostos; o ideal é planejar uma sequência de atividades
que ajudem os participantes a avançarem no seu conhecimento sobre o que está sendo
discutido.
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5. Traçar momentos de reflexão para ampliação do conteúdo
Neste momento, o coordenador precisa propor questões que levem às reflexões que
deseja promover; para isso, pode lançar mão de textos que podem colaborar para
embasar teoricamente o assunto ou vídeos que possam trazer à tona a discussão
pretendida.
O coordenador pedagógico, nesta hora, pode ajudar os professores a criar uma lista de
tarefas a serem realizadas, contendo apenas 3 elementos:
1. Descrição do que precisa ser feito (começando sempre no imperativo, para gerar a
noção de ação);
Essa lista ajudará a organizar o que precisa ser feito baseado nos aprendizados
adquiridos na reunião, além de garantir que, na próxima reunião, seja possível avaliar o
que foi realizado e se as tarefas obtiveram o resultado desejado.
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Exemplo:
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O papel do coordenador pedagógico
nas avaliações de aprendizado
Nas páginas anteriores, destacamos o papel do coordenador pedagógico no
acompanhamento do trabalho dos professores, por meio de observações das aulas com
devolutivas construtivas e na condução de reuniões formativas com os docentes. Além
disso, o coordenador pedagógico possui outra função importantíssima: acompanhar o
desempenho dos alunos, garantindo que eles aprendam aquilo que têm direito de
aprender e ajudando os professores a ajustar metodologias de ensino que contribuam
para este aprendizado.
Para isso, aferir o aprendizado dos alunos é essencial para que os gestores das escolas
atuem de forma mais assertiva e para que os professores façam intervenções que levem
os alunos a avançarem em seu processo de aprendizagem. Com esse intuito, é preciso
que cada escola tenha clareza de quais são as expectativas de aprendizagem para cada
ciclo. Reunimos aqui três dicas de como o coordenador pedagógico pode avaliar o nível
de aprendizado dos jovens e saber se as ações propostas estão sendo efetivas.
A avaliação deve ser feita em conjunto com os professores, de modo que ela se baseie
nas expectativas de aprendizagem para determinado ano e para que se tenha um
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parâmetro sobre como os alunos estão em relação a essas expectativas, independente do
que o professor já tenha trabalhado.
A avaliação institucional precisa servir como um guia para toda a escola estar ciente dos
objetivos pedagógicos e das expectativas de aprendizagem de cada ciclo, de forma a
orientar as próximas ações e auxiliar no acompanhamento pedagógico.
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Com esse instrumento, é possível observar, por meio das cores, que na linha horizontal
temos o rendimento dos alunos, permitindo perceber se eles já avançaram com relação
aos conteúdos e se precisam de maiores desafios; já nas linhas verticais é possível
verificar quais os conteúdos que precisam ser mais aprofundados em sala de aula.
Na comparação dos meses de março e agosto, é possível observar que existem dois
momentos diferentes da avaliação. No primeiro, percebe-se que as habilidades
relacionadas à localização de informações implícitas no texto era uma dificuldade da
maioria dos alunos, enquanto que o segundo mostra que essa dificuldade foi superada
por boa parte deles.
Com estas informações em mãos fica mais fácil para o coordenador sugerir e planejar os
momentos formativos na escola, pois esse mapeamento demonstra também onde o
coordenador pedagógico precisa atuar de maneira mais propositiva para trazer elementos
que possam contribuir com a formação do professor e, assim, melhor trabalhar com
essas habilidades em sala.
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Outra ferramenta do QEdu que
traduz os resultados da Prova
Brasil em informações
pedagógicas é o QEdu Redes.
Nela, é possível acessar o
desempenho da rede e da
escola em cada tópico e
descritor da matriz de referência
da Prova Brasil. Assim, é
possível ter informações mais
precisas de quais melhorias
pedagógicas precisam ser feitas
Resultado dos anos iniciais, em português, a partir dos tópicos da matriz de referência da Prova Brasil.
pela escola, impactando (Foto: Reprodução)
positivamente o aprendizado
dos estudantes.
Dessa forma, com base em dados, em evidências, o coordenador poderá fugir do papel
de ‘bombeiro’, que passa a maior parte do tempo ‘apagando incêndio’, para que possa
agir na causa dos problemas, garantindo a aprendizagem de seus alunos e,
consequentemente, a melhoria dos indicadores de sua escola.
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Conclusão
Repensar a atuação deste profissional, que muitas vezes fica preso às burocracias
escolares ou lidando com questões que não são prioritárias, é uma das formas de garantir
o bom funcionamento escolar, além de contribuir para a redução dos índices de evasão
escolar e dos casos de indisciplina.
Esperamos que as dicas de ações contidas neste livro digital melhorem a prática dos
coordenadores pedagógicos ao oferecerem feedbacks aos professores, nas conduções
das reuniões pedagógicas e na metodologias de avaliação do aprendizado dos
estudantes.
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Ficou com alguma dúvida? Quer sugerir alguma outra pauta sobre este ou outro tema?
Não hesite em entrar em contato conosco! Estamos disponíveis pelo e-mail
ajuda@qedu.org.br.
Bom trabalho!
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Sobre a Associação QEdu
A Associação QEdu é uma startup de tecnologia que tem como missão ajudar a melhorar
a educação brasileira por meio do uso de tecnologia e dados.
Nós acreditamos que, se queremos de fato transformar a educação do nosso país, temos
que focar onde estão a maioria dos estudantes: a rede pública! Por isso, nossos produtos
são construídos para servir as secretarias de educação e suas respectivas escolas.
Além disso, nós oferecemos conteúdos sobre educação por meio do nosso Blog e
também da Academia QEdu, além de um painel de dados exclusivo para os gestores
públicos, o QEdu Redes.
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Para resolver esse problema, criamos no início de 2017 o QEdu Provas, uma ferramenta
online para aplicar avaliações de rede nas escolas públicas brasileiras. Mais do que
aplicar provas, a ferramenta ajuda os gestores ao apoiar o processo de elaboração das
provas e fornecer relatórios de devolutivas pedagógicas claros, específicos, e que ajudem
a tomada de decisão da rede.
Para nós no QEdu, sucesso acontece quando mais estudantes aprendem aquilo a que
têm direito. Isso pode parecer algo banal, mas, de acordo com dados da Prova Brasil de
2015, menos de 15% das crianças deixam o Ensino Fundamental aprendendo aquilo que
deveriam em matemática, por exemplo.
Nós acreditamos que é possível mudar essa realidade e, por isso, trabalhamos com um
time jovem, sonhador, comprometido e dedicado em prol da nossa missão!
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