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EROS E TÂNATOS: DILEMAS DA MORAL PÓS-MODERNA

Cristiano Nickel Junior1

RESUMO
O mundo pós-moderno se configura com características de agressividade nas mais
diversas esferas. O presente artigo tem como objetivo analisar o contrastar o conceito
de Eros e Tânatos em uma análise da obra de Sigmund Freud” O mal-estar na
civilização” (1930), sobre a intencionalidade e agressividade do ser humano. Como
pesquisa de revisão, o presente estudo recorrerá a fontes primárias da Teologia. Em
primeira estância será discriminado o conceito de Eros e Tânatos na identidade pós-
moderna e ambivalente. Em seguida será correlacionado a ideologia pós-moderna
com os conceitos freudiano. E, por conseguinte, será analisado fontes teológicas que
apresentem o panorama do problema da culpa no ser humano

PALAVRAS-CHAVE: Freud. Pós modernidade. Culpa. Moral. Agressividade.

INTRODUÇÃO
Vivemos num tempo de relacionamentos fragmentados, e agressivos em
diversas esferas sociais. De uma estrutura ética e coercitiva da modernidade,
passamos para o que chamamos de “agenda moral” na modernidade líquida, termo
este definido pelo sociólogo Zygmunt Bauman. Embora tal autor engendrou-se das
definições freudianas, esse artigo pretende expor as definições mitológicas e alusivas
a Eros e Tânatos como resultado dos instintos da natureza humana, definida por
Freud. Pretende recorrer ao material teológico primário para análise e pesquisa de
revisão sobre tal temática.
Justifica-se o estudo deste tema, pois é uma problemática de cunho teológico
que perpassa o problema central da humanidade: Hamartiologia - a raiz do problema
moral, ético, social e espiritual. É necessário compreender a cosmovisão do ser
humano recorrendo à pensadores, sociólogos e teólogos.
O termo Eros é uma palavra que vem do latim e seu significado expressa amor,
o desejo e atração sensual. Eros, na mitologia grega é o deus do amor; Tânatos é a

1
Discente do curso de Especialização em Teologia Prática. nickelcnj@gmail.com
personificação da pulsão de morte que leva o indivíduo à loucura, à agressividade.
Freud (1937, p.92), destaca que a agressividade é “introjetada, internalizada; ela é,
na realidade, enviada de volta para o lugar de onde proveio, isto é, do próprio ego”.
Quanto à ideologia e cosmovisão da pós-modernidade, percebe-se a pulsão de morte
(Tânatos) nas características da sociedade do século XXI. Por fim, será apresenta
uma análise introdutória sobre o problema da culpa recorrendo às fontes teológicas
primárias, e que serão sistematicamente e exaustivamente analisadas em artigo
posterior.

1. Definição freudiano: de Eros e Tânatos

A obra de Freud, O mal-estar na civilização (1930), foi escrita num cenário de


crise econômica, política e social no período entre guerras e antes da ascensão dos
nazistas ao poder. A concepção de Freud na psicologia, definiu que o aparelho
psíquico é composto do “id” (isso), que corresponde ao inconsciente; o “ego” (eu), a
consciência; e “superego”, a instância crítica que inclui os valores morais, ressalta
Marcondes (2007, p. 127).

Especificamente sobre Capítulo VII da obra referida, Marcondes (2007, p.127)


relata que Freud discute o conceito de civilização como resultado sobre os instintos
agressivos do ser humano e o conflito entre as duas características da natureza
humana:

Eros, a força que leva à integração entre os homens, à formação da


família e da sociedade, e Tânatos, o instinto de morte, que explica a
agressividade e destruição provocadas pelo homem. A culpa,
portanto, é um dos instrumentos fundamentais pelos quais a
civilização se constitui e funciona de modo a reprimir os impulsos
agressivos do ser humano.

Segundo Oliveira (2010, p. 62-63), Eros é uma palavra que vem do latim e seu
significado expressa amor, o desejo e atração sensual. Eros, na mitologia grega é o
deus do amor. Oliveira define tal termo como anseio pela civilização, e a convivência
coletiva, que motiva o indivíduo a vida; no entanto, Tânatos é a personificação da
pulsão de morte que leva o indivíduo à loucura, à agressividade. Essa pulsão da
morte, segundo Freud é retraída pelo indivíduo, para que tenha o prazer e segurança
de viver em sociedade. Porém, quando o indivíduo não se adapta em sociedade (todas
as esferas sociais como família, trabalho e escola, igreja), ele tende a ser tomado pela
pulsão de morte.

Freud (1930, p. 93-95), questiona quais “os meios que a civilização utiliza para
inibir a agressividade que se lhe opõe, torna-la inócua, ou talvez, livrar-se dela? ”. O
psicanalista questiona como tornar inofensivo o desejo de agressão. Freud destaca
neste capítulo que a agressividade é “introjetada, internalizada; ela é, na realidade,
enviada de volta para o lugar de onde proveio, isto é, do próprio ego”. O referido autor
destaca que parte do ego se coloca contra o resto do ego, como superego e que sob
a forma de consciência entra em ação contra ego a mesma agressividade que o ego
teria para satisfazer no Outro. Essa tensão entre o ego e superego, Freud chama de
culpa, ou “necessidade de punição”. O psicanalista enfatiza que o sentimento de culpa
tem sido debatido na história da civilização, quanto à sua origem. Alguns entendem
que o sentimento de culpa como denotação de pecado. A intenção de fazer uma coisa
má, a pessoa pode-se considerar culpada, afirma Freud (1937 p. 94-95):

Ambos os casos, contudo, pressupõem que já tenha reconhecido o


que é mau é repreensível, é algo que não deve ser feito. Como se
chega a esse julgamento? (...) O que é mau, frequentemente, não é
de modo algum prejudicial ou perigoso ao ego, pelo contrário; pode
ser algo desejável pelo ego e prazeroso para ele (...) Esse motivo é
facilmente descoberto no desamparo e na dependência dela em
relação à outras pessoas, e pode ser mais bem designado como medo
da perda do amor. (...) De início, portanto, mau é tudo aquilo que com
a perda do amor, nos faz sentir ameaçados.
É certo que a luta entre Eros (pulsão de vida) e Thanatos (pulsão de morte) é
o dilema da sociedade pós-moderna. Bauman sugere as “marcas da condição moral”
contempladas desde a perspectiva moderna. Dentre essas marcas Bauman (1997, p.
16) define que os seres humanos são moralmente ambivalentes:

As asserções (mutuamente contraditórias, se bem que amiúde


afirmadas com a mesma força de convicção): "Os seres humanos são
essencialmente bons, e apenas precisam de ajuda para agir segundo
sua natureza", e: "Os seres humanos são essencialmente maus, e
devem ser prevenidos de agir segundo seus impulsos", são ambas
errôneas. De fato, os humanos são moralmente ambivalentes: a
ambivalência reside no coração da “primeira cena” do humano face a
face. Todos os subsequentes arranjos sociais - instituições amparadas
pelo poder, assim como as regras e os deveres racionalmente
articulados e ponderados — desenvolvem essa ambivalência como
seu material de construção, dando o melhor de si para purificá-lo de
seu pecado original de ser ambivalência. Os últimos esforços são
ineficazes ou acabam exacerbando o mal que desejam desarmar.
A ambivalência humana no conceito de Bauman está em consonância às
definições das características humanas freudiana (deuses mitológicos) e nos dá um
panorama da agressividade moral existente na pós-modernidade. Bauman conclui
que esforços para “purificar o humano do pecado original” é ineficiente no mundo
líquido, o que desperta o “thánatos” que desejam desarmar. Se se “Eros” indica o
desejo humano de socializar-se, e “Tânatos” indica a agressividade e pulsão de morte,
como definir tais paradoxos numa sociedade pós-moderna?

2. Ideologia pós-moderna: o thanatos da identidade

O despertar do Tânatos é presente no mundo pós-moderno. No cinema, por


exemplo, percebemos que os super-heróis atuais possuem crises, são fragilizados
(humanizados) e precisam decidir e definir a personalidade construída em Eros ou
Tânatos. Na atualidade, percebe-se que vilões estão assumindo lugares protagonistas
nas telas do cinema. O personagem de Heath Ledger, o Coringa do filme de
Christopher Nolan, Batman The Dark Knight (2008), é um exemplo antagonista, um
personagem com instinto Tânatos, que assumiu carisma e fãs clubes de todo o mundo
pela icônica frase: “Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar o
vilão.” No mundo pós-moderno ou morre com ideias Eros, ou vive-se o bastante para
se tornar o Tânatos”.

Barth (2007, p.94-96), define as ideologias na vida do homem pós-moderno:


materlialismo, hedonismo, permissividade, relativismo, niilismo e consumismo. O
materialismo cancela os valores éticos: “ter” acima do “ser” ou “ter” para “ser” é
Tânatos social. São momentos de prazer fugaz que interrompe a construção de
personalidade: consumo de sexo em diferentes versões como a pornografia, serviços
telefônicos eróticos. Tal materialismo provoca o Tânatos da identidade.

Outra característica da pós-modernidade é o hedonismo: prazer passageiro,


prazer fugaz que não colabora para o amadurecimento provocando o Tânatos da da
alteridade. Barth ainda expõem que a “ética permissiva substitui a moral, o que leva a
um desconcerto generalizado. Tudo é bom, desde que se sinta bem”.

O referido autor define que o relativismo na sociedade pós-moderna é tolerável:


existe uma tolerância oscilante entre bom e mau, verdade e mentira, é um paradoxo.
Para Barth (2007 p.94) a relatividade é a ética do consenso. Tudo é tolerável, tudo é
correto, desde que não fira o bem-estar. A relatividade provoca o Tânatos da
tolerância, do consenso.

Por conseguinte, percebe-se na sociedade pós-moderna o consumismo. Para


Barth (2007, p.95), o consumismo é a “fórmula pós-moderna da liberdade”.

O ideal de consumo da sociedade capitalista não tem outro horizonte,


além da multiplicação ou da contínua substituição de objetos (ainda
em perfeito estado de uso) por outros cada vez melhores. O resultado
disto é a cultura do desperdício, onde se vive para consumir e essa é
a única imagem valorizada. As grandes transformações sofridas pela
sociedade, nos últimos anos, são, a princípio, contempladas com
surpresa, depois com progressiva indiferença ou, em outros casos,
como a necessidade de aceitar o inevitável.

Bauman (2010, p.8-9), diz que o capitalismo é “um sistema parasitário” ou seja,
o Tânatos da sociedade pós-moderna consumista:
Como todos os parasitas, pode prosperar durante certo período, desde
que encontre um organismo ainda não explorado que lhe forneça
alimento. Mas não pode fazer isso sem prejudicar o hospedeiro,
destruindo assim, cedo ou tarde, as condições de sua prosperidade ou
mesmo de sua sobrevivência.

O Nihilismo pós-moderno, segundo Barth (2007, p. 96) significa que viver a


liberdade total é o ideal maior. O homem é pluralista, transigente, ecumênico. Disso
aflora a paixão pelo nada. Reina a indiferença, afirma Barth. Essa característica
desperta a “pulsão de morte” da socialização, da ética comum.

3. Análise teológica sobre a natureza humana

Nas primeiras páginas do livro de Gênesis, percebe-se a história do homem


num estado de pecado e rebelião. Grudem (1999, p. 403) define que “pecado é deixar
de se conformar com à lei moral de Deus, seja em ato, seja em atitude, seja em
natureza. Grudem afirma que pecado não tem somente haver com a ação do erro
(ato) mas também a intenção (atitude) errada como no livro de Êxodo 20.17 (ARA):

Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu servo, nem a sua
serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem cousa alguma que
pertença ao teu próximo
Percebe-se que no Sermão do Monte proíbe atitudes pecaminosas como a ira
(Mt 5.22) ou a luxúria (Mt 5.28). Grudem (1999, p; 405) conclui que “ a vida agradável
a Deus é aquela que exibe pureza moral não só em atos, mas também em desejos
íntimos. Mas há uma questão emblemática: natureza moral. Grudem (1999, 403-404)
definiu que natureza moral é o “caráter íntimo que é a essência daquilo que somos, e
que pode ser pecaminosa”. Antes de sermos remidos em Cristo, não só cometíamos
atos pecaminosos e tínhamos atitudes pecaminosas, mas também éramos pecadores
por natureza.

O dilema de Freud sobre a questão moral das forças (Eros e Tânatos) é


respondida da forma mais simples e sucinta da teologia. Uma análise história sobre a
culpabilidade do homem, sobre a questão do bem e do mal, é exaustiva para este
estudo. Mas a corrupção moral é sistêmica devido a uma culpa herdada, o que Freud
satiriza de pecado. Em Rm 5.12-21, Paulo explica os efeitos do pecado de Adão,
“todos pecaram”, significa que Deus “considerou que todos nós pecamos quando
Adão lhe desobedeceu” descreve Grudem. Por isso que nos versos 13 e 14 de
Romanos 5 (NVI) diz:

Pois antes de ser dada a lei, o pecado já estava no mundo. Mas o


pecado não é levado em conta quando não existe lei. Todavia, a morte
reinou desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles
que não cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão, o
qual era um tipo daquele que haveria de vir.

A culpa é o estado de merecimento de punição pela violência de uma lei uma


exigência moral. Freud define que a culpa é o estado de conflito entre o ego e
superego é aceitável. Mas qual é a razão de termos sentimentos e intenções
agressivas, de maldade (Tânatos) ao mesmo instante que temos pulsão de vida
(Eros)? Grudem (1999, p. 406) responde assertivamente à questão quando afirma que
o de todas as criaturas que Deus fez, “só de uma delas, o homem, diz ter sido feito “à
imagem de Deus”. Mas a partir de Gênesis 3, percebemos a Queda, e a distorção da
imagem de Deus se distorce, no entanto, não se perde. Em Gn 9.6, percebe-se que
mesmo os homens sendo pecadores, ainda resta neles bastante semelhança a Deus.
No Novo Testamento, Tiago 3.9 diz que os homens em geral, não somente os crentes,
são feitos à semelhança de Deus”. É claro que o homem por ter pecado, sem dúvida
não é tão plenamente semelhante a Deus como era antes. E toda essa distorção foi
apresentada como as características do mundo pós-moderno.

Quando Freud (1937 p. 94) afirma que o sentimento de culpa é “apenas um


medo da perda do amor, uma ansiedade ‘social’”, o psicanalista vê apenas a
horizontalidade do problema nos relacionamentos sociais, no entanto, o problema é
vertical, na relação Criador-Criatura. Esse problema vertical e horizontal se percebe
na exposição das beatitudes do Sermão do Monte, especificamente em Mateus 5.3-
11, problema este que será apresentado em posterior artigo.

CONCLUSÃO

A complexidade do ser humano e sua psique é um desafio para o entendimento


na pós-modernidade. O conflito mitológico entre Eros e Tânatos na psique humana é
explicada teologicamente nos limites da Hamartiologia. Mas não podemos ser
simplista e dizer que tudo provém da Queda. São necessários respostas condizentes
a mundo fragmentado e líquido. Por isso é essencial o aprofundamento teológico no
contexto hodierno. A psicologia e a sociologia são a “episteme” que está dando
respostas aos anseios do homem e a agressividade nos limites sociais, substituindo
a teologia que ainda está buscando respostas no século XVI ao XVIII. A teologia no
século XXI é uma teologia enfraquecida, pois até então era as colunas da verdade, o
baluarte dos anseios humanos, mas que no mundo em que as instituições históricas,
sociais e políticas se liquidificam, a teologia sofre esse derretimento. Percebe-se que
é necessário um aprofundamento sobre as pulsões da vida e as pulsões de morte que
assolam e assombram o ser humano contemporâneo. Esse aprofundamento é
percebido no Sermão do Monte, nas beatitudes que Jesus Cristo apresentou. A
essência vertical (Deus e a criatura) molda o círculo horizontal da socialização, do
relacionamento. Pretende-se futuramente realizar um estudo confrontando os ideias
freudiano da psique com o estudo hermenêutico do Sermão do Monte.
BIBLIOGRAFIA

BARTH, Wilmar Luiz. O homem pós-moderno, religião e ética. Teocomunicação,


Porto Alegre, v. 37, n. 155, p. 89-108, mar. 2007

BAUMAN, Zygmunt.. Ética pós-moderna. São Paulo: Paulus, 1997

______ Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999

______Capitalismo parasitário: e outros temas contemporâneos. Rio de Janeiro:


Jorge Zahar, 2010.

FREUD, Sigmund. O mal-estar da civilização, cap VII. Rio de Janeiro: Imago, 1930,
p. 91-106

GRUDEM, Wayne A. Teologia Sitemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.

MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Rio de


Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

OLIVEIRA, Luana Garcia. Eros e Thanatos: A pulsão da vida no conceito


Freudiano e o Homo Consumericus. Revista Labirinto, nº 14, dezembro de 2010,
ano X.

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