RESUMO
O mundo pós-moderno se configura com características de agressividade nas mais
diversas esferas. O presente artigo tem como objetivo analisar o contrastar o conceito
de Eros e Tânatos em uma análise da obra de Sigmund Freud” O mal-estar na
civilização” (1930), sobre a intencionalidade e agressividade do ser humano. Como
pesquisa de revisão, o presente estudo recorrerá a fontes primárias da Teologia. Em
primeira estância será discriminado o conceito de Eros e Tânatos na identidade pós-
moderna e ambivalente. Em seguida será correlacionado a ideologia pós-moderna
com os conceitos freudiano. E, por conseguinte, será analisado fontes teológicas que
apresentem o panorama do problema da culpa no ser humano
INTRODUÇÃO
Vivemos num tempo de relacionamentos fragmentados, e agressivos em
diversas esferas sociais. De uma estrutura ética e coercitiva da modernidade,
passamos para o que chamamos de “agenda moral” na modernidade líquida, termo
este definido pelo sociólogo Zygmunt Bauman. Embora tal autor engendrou-se das
definições freudianas, esse artigo pretende expor as definições mitológicas e alusivas
a Eros e Tânatos como resultado dos instintos da natureza humana, definida por
Freud. Pretende recorrer ao material teológico primário para análise e pesquisa de
revisão sobre tal temática.
Justifica-se o estudo deste tema, pois é uma problemática de cunho teológico
que perpassa o problema central da humanidade: Hamartiologia - a raiz do problema
moral, ético, social e espiritual. É necessário compreender a cosmovisão do ser
humano recorrendo à pensadores, sociólogos e teólogos.
O termo Eros é uma palavra que vem do latim e seu significado expressa amor,
o desejo e atração sensual. Eros, na mitologia grega é o deus do amor; Tânatos é a
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Discente do curso de Especialização em Teologia Prática. nickelcnj@gmail.com
personificação da pulsão de morte que leva o indivíduo à loucura, à agressividade.
Freud (1937, p.92), destaca que a agressividade é “introjetada, internalizada; ela é,
na realidade, enviada de volta para o lugar de onde proveio, isto é, do próprio ego”.
Quanto à ideologia e cosmovisão da pós-modernidade, percebe-se a pulsão de morte
(Tânatos) nas características da sociedade do século XXI. Por fim, será apresenta
uma análise introdutória sobre o problema da culpa recorrendo às fontes teológicas
primárias, e que serão sistematicamente e exaustivamente analisadas em artigo
posterior.
Segundo Oliveira (2010, p. 62-63), Eros é uma palavra que vem do latim e seu
significado expressa amor, o desejo e atração sensual. Eros, na mitologia grega é o
deus do amor. Oliveira define tal termo como anseio pela civilização, e a convivência
coletiva, que motiva o indivíduo a vida; no entanto, Tânatos é a personificação da
pulsão de morte que leva o indivíduo à loucura, à agressividade. Essa pulsão da
morte, segundo Freud é retraída pelo indivíduo, para que tenha o prazer e segurança
de viver em sociedade. Porém, quando o indivíduo não se adapta em sociedade (todas
as esferas sociais como família, trabalho e escola, igreja), ele tende a ser tomado pela
pulsão de morte.
Freud (1930, p. 93-95), questiona quais “os meios que a civilização utiliza para
inibir a agressividade que se lhe opõe, torna-la inócua, ou talvez, livrar-se dela? ”. O
psicanalista questiona como tornar inofensivo o desejo de agressão. Freud destaca
neste capítulo que a agressividade é “introjetada, internalizada; ela é, na realidade,
enviada de volta para o lugar de onde proveio, isto é, do próprio ego”. O referido autor
destaca que parte do ego se coloca contra o resto do ego, como superego e que sob
a forma de consciência entra em ação contra ego a mesma agressividade que o ego
teria para satisfazer no Outro. Essa tensão entre o ego e superego, Freud chama de
culpa, ou “necessidade de punição”. O psicanalista enfatiza que o sentimento de culpa
tem sido debatido na história da civilização, quanto à sua origem. Alguns entendem
que o sentimento de culpa como denotação de pecado. A intenção de fazer uma coisa
má, a pessoa pode-se considerar culpada, afirma Freud (1937 p. 94-95):
Bauman (2010, p.8-9), diz que o capitalismo é “um sistema parasitário” ou seja,
o Tânatos da sociedade pós-moderna consumista:
Como todos os parasitas, pode prosperar durante certo período, desde
que encontre um organismo ainda não explorado que lhe forneça
alimento. Mas não pode fazer isso sem prejudicar o hospedeiro,
destruindo assim, cedo ou tarde, as condições de sua prosperidade ou
mesmo de sua sobrevivência.
Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu servo, nem a sua
serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem cousa alguma que
pertença ao teu próximo
Percebe-se que no Sermão do Monte proíbe atitudes pecaminosas como a ira
(Mt 5.22) ou a luxúria (Mt 5.28). Grudem (1999, p; 405) conclui que “ a vida agradável
a Deus é aquela que exibe pureza moral não só em atos, mas também em desejos
íntimos. Mas há uma questão emblemática: natureza moral. Grudem (1999, 403-404)
definiu que natureza moral é o “caráter íntimo que é a essência daquilo que somos, e
que pode ser pecaminosa”. Antes de sermos remidos em Cristo, não só cometíamos
atos pecaminosos e tínhamos atitudes pecaminosas, mas também éramos pecadores
por natureza.
CONCLUSÃO
FREUD, Sigmund. O mal-estar da civilização, cap VII. Rio de Janeiro: Imago, 1930,
p. 91-106