Abstract
Based on Hans Robert Jauss work it is understood that the construction of meaning
unfolds through the author/reader dialogue and in the understanding on how expec-
tation and experience is enhanced, as they are the target of the signification process.
In order to proceed with the analisys, we need to take into account the expectations
of a given society in a given moment in time.
Looking at the Portuguese literature panorama in the 50’s, allows us to oberve the
existence of some regularities. Since the beginning of the 20th century and after the
great revolution powered by Modernism, we witness, in Portugal, the birth of other
trends: the so called «movimento presencista», existencialism and neo-realism.
Augustina Bessa-Luís is usually regarded as a milestone in Portuguese literary evo-
lution. During the 50’s, she publishes Os Super-Homens (1950) and Contos Impopu-
lares (1953). However, these works, aswell as her first novel, Mundos Fechados
(1948), don’t get the attention of critics, the same who, later, in 1954 cheered enthu-
siastically A Sibila.
This study seeks to understand the phenomenon Agustina, the continuities and rup-
tures, tradition and novelty.
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ISMAI/ CELCC/CEL (uID 707 FCT)
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Eu já notava nos Contos Impopulares que B L incrimina cada uma das suas
personagens (identificando-as às circunstâncias em que as surpreende) com um ódio
como que pessoal. Pressinto agora que esse ódio é o de uma mulher que não
encontra outra forma de afirmar, como artista, uma certa dignidade humana da
mulher, finalmente consciente em circunstâncias portuguesas, senão odiando-as
porque, moldada por elas, se sente incapaz de outras circunstâncias diferentes, a
menos que sejam o avesso místico ou metafísico dessas. O espírito que concebeu A
Sibila odeia, (mas, contraditoriamente, amando-o ainda assim mesmo) o mundo feito
actual dos homens. (Óscar Lopes, O Comércio do Porto, 14 de Dezembro de 1954)
Decerto que a um livro desta qualidade não se pode pedir submissão completa às leis
da composição literária, que não são imutáveis. Mas afigura-se-nos que, no
abandono dessas leis, a par de alguma determinação, há também um pouco de
improvisação (…) não cremos na campónia somítica e ignorante, ostentosa na sua
caridade, presumindo a posse de dons sobrenaturais sem nunca os ter usado com o
fim de mitigar a dor de alguém, se encontre o melhor exemplo para ilustrar a tese da
ansiedade eterna do homem (…) Esta a reserva fundamental, que não afecta em nada
a magnífica realização literária que este livro representa.(…) Agustina Bessa Luís
tem o dom da originalidade que, segundo um escritor francês (creio que
Chateaubriand), não consiste apena em não imitar, mas em não poder ser imitado.
Assim mesmo o seu romance desvenda novos caminhos ao romance português.”
(João Pedro de Andrade, Diário Popular, 15 de Dezembro de 1954)
Seja como for, sugestiona-nos e faz-nos acreditar que a autora, uma vez melhor
disciplinadas as suas extraordinárias qualidades literárias, únicas mesmo,
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ultrapassará, se é que já não o conseguiu com este livro, a moderna geração dos
nossos romancistas.
Mas adivinha-se que a autora não se prendeu apenas com o estudo do romance
nacional. Procurou acertar o passo pelo dos nomes que citámos (Tolstoi, Proust e
Mann), prestando um grande serviço à literatura portuguesa, cada vez mais,
evidentemente divorciada da direcção do romance moderno. (União, 1 de Junho de
1955)
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Felizmente, desta vez, a crítica foi quase unânime em louvar como excepcional esta
obra que na verdade o é. Até um prémio a coroou! E eis o que nos deve contentar,
pois assim se congregaram, desta vez dois fenómenos igualmente raros: Um, a
aparição de uma obra de tal qualidade. Outro, o reconhecimento dessa mesma
qualidade pela opinião mais ou menos consciente.
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Bibliografia
Outras Referências:
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