MARABÁ
2018
HOSANA SANTOS OLIVEIRA
MARABÁ
2018
HOSANA SANTOS OLIVEIRA
Banca examinadora:
Aos meus irmãos Wellyson, Wellivelton e Wellington e suas respectivas esposas por
cuidarem muito bem de mim, sempre me ajudando. As minhas avós Maria e Irani e meus primos
Alan, Aline e Alice por se fazerem sempre presente na minha vida.
Aos meus colegas de turma, em especial aos meus amigos Bruna Melo, Maria Camilla
e Carlos Alexandre, por serem minha segunda família ao longo desses 5 anos, e vão continuar
para sempre, pois se tornaram um pedacinho de mim.
A minha melhor amiga Hanna Rodrigues, que sempre esteve comigo desde do ensino
fundamental, com sua fidelidade e seu companheirismo me dando força, e contribuindo para o
meu crescimento pessoal e profissional. Ao meu melhor amigo Fernando Rocha, que nos
momentos difíceis, sempre vinha com uma palavra amiga, com conselhos e motivações, me
fazendo vencer um dia de cada vez, por ser um modelo de pessoa a ser seguido, sempre lutando
por seus objetivos.
Ao Eduardo e Danilo, por toda a ajuda no laboratório, que não mediram esforços para o
desenvolvimento deste trabalho. E ao laboratório de Materiais Cerâmicos/ FEMAT.
2.3.1 Argila........................................................................................................................ 10
3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................. 25
5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 50
1 INTRODUÇÃO
As barragens são uma alternativa para a disposição do produto não vendável proveniente
das usinas de beneficiamento, o rejeito. Sabendo-se da grande quantidade de rejeitos produzidos
diariamente no processamento mineral, essas estruturas podem apresentar dimensões bastante
significativas e acomodar materiais, muitas vezes, heterogêneos. Esta forma de disposição vem
sendo largamente utilizada ao longo da história da mineração, porém apresenta alta
complexidade quando se trata da manutenção de sua estabilidade e estanqueidade por longos
períodos. Por este motivo, não é raro ouvir-se falar sobre acidentes envolvendo barragens de
rejeito, causando impactos em um raio de centenas de quilômetros, a depender da magnitude
dessas estruturas.
A utilização do filito nas massas cerâmicas se deve principalmente ao fato deste possuir
a função de fundente, conferindo assim um aumento na resistência mecânica dos materiais
cerâmicos e cor de queima. Esse tipo de material na região de Marabá – Pará ocorre em
abundância o que potencializa sua utilização junto com a argila, devido ao seu baixo consumo
e custo para exploração (MOREIRA, 2013).
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Diante desses desastres causados pela ruptura das barragens de rejeito, percebe-se a
importância de se buscar uma nova alternativa para esse rejeito. Uma das alternativas que vêm
sendo estudadas é a utilização de rejeitos em massas cerâmicas, como forma de aditivos para
agregar qualidades tecnológicas ao material de cerâmicas estruturais.
Esses materiais possuem grande utilização na construção civil devido a sua estabilidade,
durabilidade e resistência mecânica, fatores que promovem vantagens no seu uso, uma maior
qualidade nas construções produzidas e diminuição da deterioração causada por agentes
externos. Dentre os materiais cerâmicos estruturais, os mais utilizados são as telhas e tijolos,
mas também podem ser citados os tijolos maciços, usados em alicerces, muros e pilares, tijolos
furados, blocos cerâmicos estruturais, lajotas, entre outros (GARCIA, 2009).
7
Esta etapa é responsável por moldar a peça, proporcionando-a diversas formas possíveis.
A conformação da massa argilosa visando produção industrial é dividida em quatro distintas
tecnologias de processamento, baseadas na consistência da mistura, são elas, métodos de
extrusão, de prensagem a seco ou semi-seco, de moldagem plástica e de colagem (NORTON,
1973).
Na prensagem a seco utiliza-se nessa operação massas granuladas e com baixo teor de
umidade. A massa granulada com praticamente 0% de umidade é colocada num molde de
borracha ou outro material polimérico, que em seguida é fechado hermeticamente e introduzido
numa câmara contendo um fluido, que é comprimido e exerce uma forte pressão, por igual, no
molde (MOREIRA, 2013).
A prensagem semi-seco a massa cerâmica umedecida com teor de umidade entre 5 – 7%
é submetida à prensagem mecânica para dar forma a peça, com pressão uniforme variando entre
250 e 500 kgf/cm2 (AMARAL, 2016). De acordo com ALBARO (2000), esta operação objetiva
a redução do volume e quantidade de poros, e é regida por três mecanismos.
Mecanismo I: Deslocamento e reordenação das partículas com respectiva redução do
volume ocupado pelos poros intergranulares.
Mecanismo II: Redução dos espaços intergranulares por deformação plástica.
9
Esse tipo de processo é utilizado quando se deseja fabricar produtos à base de barbotina.
Consiste em despejar a barbotina em um molde de gesso até que a água contida na suspensão
seja absorvida pelo gesso, ao mesmo tempo que as partículas sólidas vão se acomodando na
superfície do molde, formando assim a parede da peça. O produto que será formado terá uma
configuração que será igual à forma interna do molde de gesso (MOREIRA, 2013).
2.2.1.6 Secagem
2.2.1.7 Sinterização
A sinterização pode ser definida como o processo através do qual as pequenas partículas
de um material ligam-se por difusão no estado sólido a altas temperaturas, resultando na
transformação de um compacto poroso em um produto resistente e denso. É um processo
técnico que atende as exigências necessárias na produção de cerâmica vermelha, requerido
principalmente para a fabricação de blocos estruturais e telhas.
Os produtos cerâmicos têm o esqueleto dos grãos minerais formados durante a queima.
É o responsável pelas propriedades mecânicas, resultando em um material leve, resistente e
poroso (VAN VLACK,1973).
10
2.3 Matérias-Primas
2.3.1 Argila
2.3.2. Filito
A Mina do Sossego está localizada na região norte do país, na cidade de Canaã dos
Carajás, Pará. A planta de processamento de minério de cobre da Mina do Sossego foi
inaugurada em 2004 (SILVA, 2011). O principal mineral de cobre presente é a calcopirita.
Estão presentes em menor quantidade bornita e calcocita. Silicatos, magnetita e alguns óxidos
e carbonatos constituem a ganga, sendo os dois últimos em menor quantidade (ROSA, 2006).
A planta de beneficiamento do Sossego tem capacidade de processamento de 15 milhões
de toneladas por ano de minério de cobre. Considerando teor médio de 1% em cobre da
alimentação (ROM) e 30% de teor do concentrado para uma recuperação metalúrgica de 93%
a planta é capaz de produzir até 520.000 t/ano de concentrado de minério de cobre. A
recuperação em massa é da ordem de 3-4%.
A operação da mina e a etapa de britagem primária foram projetadas para trabalhar com
um regime operacional de 6.000 h/ano. O restante da planta, desde a retomada da pilha pulmão
até a filtragem, trabalha cerca de 8.100 h/ano.
A flotação é realizada através de 03 etapas de concentração, sendo rougher e scavenger
do cleaner realizadas em células tipo tanque e cleaner realizada em colunas. Para promover a
liberação adicional dos minerais de cobre, o concentrado rougher e o concentrado scavenger
do cleaner são processados na remoagem e posteriormente alimentarão a etapa cleaner. Os
rejeitos rougher e scavenger do cleaner constituem o rejeito final com 0,06% de cobre e seguem
por gravidade para a barragem de rejeitos (SILVA, 2011).
2.4.1 Misturas
No caso de misturas, para qualquer variação que haja nos componentes, espera-se uma
variação proporcional na resposta. Isto é, as quantidades de todos os componentes da mistura
forem triplicadas, a mistura também será triplicada. As proporções dos diversos componentes
de uma mistura não são independentes; elas devem obedecer a equação:
𝑞
∑ 𝑥𝑖 = 1
𝑖=1
(1)
Sendo q o número de componentes (ou fatores) na mistura. Graficamente, essa equação
está representada na Figura 6, para o caso de 2 e 3 componentes. Percebe-se que para 2
componentes, a linha central contém todas as combinações dos valores de x1 e x2. Com 3
15
Existem casos em que certas limitações são impostas nas proporções dos componentes.
Por exemplo, pode ser que um componente seja caro não sendo viável, economicamente,
trabalhar com ele na forma pura.
l1 ≤ xi ou x1 ≤ u1 i = 1, 2, ..., q.
Quando se tem limites, uma nova região do planejamento de misturas deve ser utilizada.
No caso de limite inferior, o planejamento simplex ainda pode ser usado, introduzindo-se o
conceito de pseudocomponentes, definidos como:
𝑥𝑖 − 𝑙𝑖
𝑥𝑖 = 𝑞
(1 − ∑𝑗=1 𝑙𝑗 )
(2)
Com ∑𝑞𝑗=1 𝑙𝑗 > 1. O que se fez foi uma mudança de variável (ou um escalonamento) de
tal forma a se ter novamente ∑𝑞𝑖=1 𝑥𝑖 = 1 , podendo-se assim usar o planejamento simplex
(CALADO e MONTGOMERY, 2003).
2.5.1 Statistica
O sistema não inclui somente procedimentos estatísticos e gráficos gerais, mas, também,
módulos especializados (Análise de Regressão, Análise de Sobrevivência, Séries Temporais,
Análise Fatorial, Análise Discriminante e diversos outros módulos).
2.5.2 ANOVA
A modelagem normalmente é realizada ajustando-se modelos simples, que podem ser lineares
ou quadráticos, as respostas obtidas a partir de planejamentos fatoriais. O deslocamento se dá
sempre ao longo do caminho de máxima inclinação de um determinado modelo, que é a
trajetória na qual a resposta varia de forma mais pronunciada.
Através deste diagrama torna-se visível a relação ação/benefício, ou seja, prioriza a ação
que trará o melhor resultado. Ele consiste num gráfico de barras que ordena as frequências das
ocorrências da maior para a menor e permite a localização de problemas vitais e a eliminação
de perdas. O benefício do Diagrama de Pareto está em identificar as “poucas causas vitais”
dentre as “muitas causas triviais” (BARBOSA, 2009).
da Função Desejabilidade para a descrição das condições que otimizam a mistura, dentro das
faixas de valores controlados e estabelecidos nos ensaios experimentais (FERREIRA FILHO,
2015).
Argila Filito Rejeito de cobre Desejabilidade
1,6000
1,
1,2957
0,
,03332
-,4000
20,000
-2,000
110,00
Resistência a Flexão
1,
90,701 90,225
0, ,5
70,000
(kgf/cm²)
65,000
-10,00
Desejabilidade
,67209
Na Figura 7, mostra-se um exemplo onde são usadas três matérias-primas (MP1, MP2
e MP3). Para cada parâmetro analisado (por exemplo: resistência, absorção, porosidade, etc.)
foram previstos o mínimo, o médio e o máximo valor desejável, ou seja, antes de gerar o gráfico,
o programa solicita a inserção dos valores ótimos das variáveis que serão levadas em
consideração. De posse dessas informações, o Statistica faz uma comparação entre os resultados
que ideais, aqueles inseridos pelo analista no programa, e aqueles encontrados nos resultados
dos ensaios. Se os resultados dos ensaios forem iguais aos ideais, a desejabilidade encontrada
será igual a 1, mas se não forem obtidos todos os resultados ótimos em uma mesma formulação,
o programa irá sugerir aquela mais próxima do ideal.
Na Figura 7, por exemplo, o valor encontrado para a desejabilidade está mostrado na
última linha horizontal de perfis e é igual a 0,67209. Por sua vez, as linhas tracejadas verticais
20
2.5.6 Ensaios
A caracterização dos corpos de prova é realizada a partir das análises de três ensaios
principais, tais como: retração linear, absorção de água e módulo de ruptura a flexão.
Ensaio de retração linear: a retração faz com que a peça cerâmica diminua de tamanho
e quando a perda de água não é uniforme a peça se torce e deforma. Por isso é difícil se obter
peças moduladas de tamanhos exatamente iguais nas medidas e perfeitamente planas.
(LEGGERINI, 2010). Diante disso, se faz necessário a medição com um paquímetro dos corpos
de provas antes e depois da sinterização do material cerâmico.
21
Segundo a NBR 15270-3 (2005) estabelece que o material cerâmico fique submerso em
água destilada por um período de 24 horas, após esse período se realiza o ensaio de Arquimedes,
os resultados são dados em g.
Teste Módulo de Ruptura a Flexão, uma carga é aplicada em flexão em 3 pontos sobre
um corpo de prova de seção transversal retangular, cujo comprimento útil (a distância entre
apoios) deve ser substancialmente maior que a largura e a espessura. A tensão máxima de
ruptura, também chamada Módulo de Ruptura (MOR – da sigla em inglês), ocorre quando uma
carga máxima rompe o material.
𝐶𝑖 − 𝐶𝑖𝑖
𝑅𝐿 = × 100
𝐶𝑖
(3)
Onde:
RL = Retração Linear
Ci = Comprimento antes da sinterização
Cii = Comprimento após a sinterização
Os corpos de prova são submersos em água durante 24 horas, após esse período, os
corpos de prova são imersos novamente em água em um recipiente de plástico e suspensos
sobre um anteparo, através de um fio de cobre fino preso a balança para determinar a medida
do seu peso imerso (MOREIRA, 2013). Com a Equação 4 é possível determinar a densidade
aparente para cada corpo de prova.
𝑃𝑠
𝐷𝑎𝑝 = ×𝐿
𝑃𝑢 − 𝑃𝑖
(4)
23
Onde:
Pu = peso úmido
PS= peso seco
Pi = peso imerso
L= densidade do líquido
Onde:
AA = Absorção de Água
Pu = Peso úmido
Ps = Peso seco
3𝑃𝐿
𝑀𝑜𝑅 =
2𝑏ℎ2
(6)
Onde:
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1.1 Argila
A Argila utilizada nas formulações foi fornecida por uma indústria cerâmica da cidade
de Marabá-PA, localizada na Rodovia Transamazônica. A argila foi preparada para o uso
através de peneiramento na malha de 100 mesh Tyler (0,149 mm). Foi utilizado o material
passante na peneira de 100 mesh para a formação das misturas.
.
26
3.1.2 Filito
O filito foi retirado das margens do rio Tauari, nas proximidades da Cidade Universitária
da Unifesspa (Campus III). A amostra foi cominuída utilizando um martelo, por ser um material
muito friável, não houve a necessidade de se utilizar um moinho e, em seguida, passou pela
etapa de peneiramento, utilizando-se nas formulações a porção passante na peneira de 100 mesh
Tyler (0,149 mm).
Devido ao presente trabalho se voltar para o setor de cerâmica estrutural, que tem como
matéria-prima principal a argila, a percentagem de participação desse componente foi definido
como sendo 60%, a fim de obedecer ao requisito do processo que determina que composição
principal deve estar acima de 20%, segundo a Figura 4 da seção 2.2 (Cerâmica Estrutural). De
acordo com a mesma figura, a composição de 3% de filito se deu de forma moderada por ser
um processo ou composição ocasional. O mesmo ocorreu para o rejeito de cobre, cuja
participação foi definida também como sendo de 3%. Uma vez que a utilização do rejeito de
cobre ainda passa por estudos de validação da sua utilização, a literatura não estipula a
quantidade a ser utilizada, optando por se utilizar uma quantidade discreta do mesmo.
2.4.1 (Misturas), onde o somatório dos três componentes, argila, filito e rejeito de cobre, será
equivalente a 1 (100%). Para uma melhor confiabilidade dos resultados dos ensaios, as 10
combinações fornecidas pelo software, com base no método simplex-lattice, foram feitas em
duplicata, totalizando 40 corpos de prova (10 formulações em duplicata e 2 temperaturas de
queima).
Figura 13: Matriz retangular utilizada para a confecção dos corpos de prova.
Ao finalizar a prensagem de todos os corpos de prova (Figura 14), foram feitas medições
com um paquímetro e pesagens para comparações futuras. Em seguida, foi realizada a secagem
em estufa a 110 °C para a retirada da umidade, requerida durante a preparação dos corpos de
prova, e a secagem dos mesmos ocorreu por 24 horas. Após a secagem, os corpos de prova
foram sinterizados em um forno tipo mufla nas temperaturas de 800 °C e 950 °C.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na Tabela 4, são mostrados os valores mínimos e máximos para cada um dos ensaios
físicos, de acordo com a NBR 15270 (2005), ISO 10545 (1994) e Souza Santos (1989), para
que um material cerâmico seja utilizado como telha, tijolo furado e tijolo maciço.
Os valores de retração linear têm que ser de, no máximo, 6%, para absorção de água
devem ser iguais a, no máximo, 20% para utilização em telhas e tijolo maciço e estar entre 8 a
25% para utilização em tijolo furado e para resistência a flexão os valores mínimos são 20
kgf/cm² para telha, 55 kgfcm² para tijolo furado e 65 kgf/cm² para tijolo maciço.
A partir dos valores obtidos para a retração linear, absorção de água e módulo de
resistência a flexão em duas temperaturas de sinterização a Tabela 4 foi elaborada, apresentando
todos os resultados dos ensaios. De acordo com os resultados, percebe-se que em sete das dez
formulações, os corpos de prova apresentaram aumento da retração linear na temperatura de
950 °C, em comparação com aquela obtida na temperatura de 800 °C. Por outro lado, as
amostras das formulações 5, 7 e 10 apresentaram expansão linear na temperatura de 800 ºC,
indicada pelo sinal negativo.
Segundo SOUZA SANTOS (1989), para cerâmicas estruturais, os valores de retração
linear de queima não podem ultrapassar 6%. Em todas as formulações, com exceção das 5,7 e
10, que apresentaram expansão linear na temperatura de 950º C, os corpos de prova, às
temperaturas de 800 °C e 950 ºC, atendem a esse requisito.
31
Tabela 5: Médias dos resultados dos ensaios de qualidade dos corpos de prova
Corpos de prova Argila Filito Rej. de Cobre Ret. Linear (%) Abs. de água (%) Mód. de Resist. a flexão (kgf/cm²) Temp. (°C)
Formulação 1 71% 14% 14% 0,53 16,6 25,2 950
Formulação 2 83% 9% 9% 1,30 14,6 62,2 950
Formulaçaõ 3 66% 26% 9% 0,63 14,3 30,0 950
Formulação 4 77% 20% 3% 0,70 14,7 69,5 950
Formulação 5 60% 37% 3% 0,13 14,5 53,7 950
Formulação 6 77% 3% 20% 0,73 15,3 37,2 950
Formulação 7 94% 3% 3% 1,02 14,8 90,2 950
Formulação 8 60% 3% 37% 0,68 13,6 25,1 950
Formulação 9 66% 9% 26% 0,51 13,8 33,2 950
Formulação 10 60% 20% 20% 0,03 14,3 23,1 950
A expansão das formulações 5,7 e 10 pode ser explicada por Menezes (2006), que
denomina esse efeito de Expansão por umidade (EPU). EPU é o termo geralmente utilizado
para designar o aumento das dimensões dos materiais cerâmicos ocasionado pela adsorção de
água, notadamente em tijolos, telhas e revestimentos cerâmicos. Segundo esse autor, logo após
a queima e durante o seu resfriamento os materiais cerâmicos adsorvem vapor de água da
atmosfera. Esse se difunde pelo corpo cerâmico e adsorve nas superfícies dos poros dentro da
peça, provocando uma expansão irreversível. Essa expansão ocorre lentamente e é
relativamente pequena, mesmo assim pode comprometer a aderência das placas cerâmicas ao
contrapiso, levar ao gretamento de vidrados e conduzir a danos na estrutura das alvenarias
De acordo com a média dos resultados do ensaio de absorção de água, observa-se que
absorção de água nos corpos de prova da Formulação 1 se elevou com o aumento da
temperatura, o que pode ser justificado pela maior presença de argila e filito nessa formulação.
Segundo a norma NBR 13818/1997 e ISO 10545 / parte 3 (1995), os materiais aptos
para aplicação em cerâmica estrutural devem possuir valores para a absorção de água ≤ 25%.
De acordo com os resultados, todas as dez formulações são adequadas para a fabricação deste
32
tipo de material, inclusive para emprego na fabricação de telhas, que devem possuir uma
absorção máxima de 20% (MOREIRA, 2013).
4.1.1 ANOVA
Onde:
RL = Retração Linear
AA = Absorção de água
MRF = Módulo de Resistência a Flexão
33
SS = Sum of Squares, ou a soma dos quadrados dos desvios, da regressão e dos resíduos
Df = Degrees of freedom, ou Graus de liberdade para a distribuição F
F teste = é a média dos quadrados dos desvios regressão/média dos quadrados dos desvios dos
resíduos.
𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝐸𝑥𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎
𝐹 = 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛ã𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 (7)
formulações que tinham um maior teor de argila e filito, por sua vez, as formulações que tinham
um maior teor de rejeito de cobre sofreram a menor retração linear, na temperatura de 950 °C.
> 1,2
< 1,2
<1
< 0,8
< 0,6
< 0,4
< 0,2
Rejeito de cobre
0,00 1,00
0,25 0,75
0,50 0,50
0,75 0,25
> 1,2
< 1,2
<1
< 0,8
< 0,6
1,00 0,00 < 0,4
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 < 0,2
Argila Filito
Nas Figuras 17 e 18, foram analisadas retrações lineares na temperatura de 800 °C,
sendo o valor negativo representativo de uma expansão linear do material. Essa expansão, foi
verificada onde há uma quantidade maior de filito ou rejeito de cobre na formulação. Os corpos
de prova com maior percentagem de argila apresentaram maiores índices de retração linear,
indicada pela cor de vinho, representando uma retração linear > 0,2%, isso de se deve ao fato
de a argila possuir uma maior plasticidade, o que contribui para sua retração.
> 0,2
< 0,2
<0
< -0,2
< -0,4
< -0,6
Rejeito de cobre
0,00 1,00
0,25 0,75
0,50 0,50
0,75 0,25
> 0,2
< 0,2
<0
< -0,2
1,00 0,00 < -0,4
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 < -0,6
Argila Filito
De acordo com a Figura 19 e 20, os valores de absorção de água para os corpos de prova
variam entre 12% e 16%, sendo que as percentagens mais baixas de absorção ocorreram em
formulações que continham uma percentagem maior de rejeito de cobre, devido seu caráter
absorvente mais reduzido, em relação aos materiais argilosos.
> 15,5
< 15,5
< 15
< 14,5
< 14
< 13,5
Rejeito de cobre
0,00 1,00
0,25 0,75
0,50 0,50
0,75 0,25
> 15,4
< 15,4
< 15
< 14,6
1,00 0,00 < 14,2
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 < 13,8
Argila Filito
Nas Figuras 21 e 22, percebe-se que foi apresentada uma maior absorção de água em
formações que tinham uma concentração maior de argila e filito, e a menor absorção se deu em
formulações que tinham uma maior concentração de rejeito de cobre. Todas as formulações
apresentaram absorção de água dentro da norma, entre 8 a 25%.
38
> 17
< 17
< 16
< 15
< 14
< 13
< 12
Rejeito de cobre
0,00 1,00
0,25 0,75
0,50 0,50
> 100
< 100
< 80
< 60
< 40
Figura 23: Superfície de Ajustamento para uma Variável de Módulo de Ruptura a Flexão para
950 °C
40
Rejeito de cobre
0,00 1,00
0,25 0,75
0,50 0,50
> 100
0,75 0,25 < 100
< 90
< 80
< 70
< 60
< 50
1,00 0,00 < 40
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 < 30
Argila Filito
Figura 24: Superfície de contorno para a variável de Módulo de Ruptura a Flexão a 950 °C
> 60
< 60
< 50
< 40
< 30
< 20
Figura 25:Superfície de Ajustamento para uma Variável de Módulo de Ruptura a Flexão para
800 °C
Rejeito de cobre
0,00 1,00
0,25 0,75
0,50 0,50
0,75 0,25
> 60
< 60
< 50
< 40
1,00 0,00 < 30
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 < 20
Argila Filito
Figura 26: Superfície de contorno para a variável de Módulo de Ruptura a Flexão a 800 °C
42
O Diagrama de Pareto fornece, de acordo com as variáveis dos ensaios realizados, uma
fácil visualização e identificação das causas ou problemas mais importantes, pois permite um
recurso gráfico que mostra a frequência de ocorrências do maior para a menor. Ele permite
organizar os principais impactos ou perdas.
Os gráficos mostram a influência de cada componente e de suas interações,
considerando o nível de significância de 5% (p=0,05) estabelecendo 95% de confiabilidade no
processo (FERREIRA FILHO, 2015). A argila está indicada pela letra (A), o filito pela letra
(B) e rejeito de cobre pela letra (C).
A Figura 27 mostra, que as interações entre filito e rejeito de cobre (BC) e argila e rejeito
de cobre (AC) apresentaram um efeito significativo negativo para retração linear a uma
temperatura de 950 °C, enquanto o rejeito de cobre (C), a interação entre argila e rejeito de
cobre (AC (A-C)) e a argila (A) apresentaram efeito significativo positivo com 95% de
confiança. As demais interações não apresentaram um efeito significativo nos resultados de
retração linear.
BC -2,79883
AC -2,68837
AC(A-C) 2,592028
(A)Argila 2,227751
ABC 1,971196
-,624677
(B)Filito -,624677
,6123729
AB ,6123729
-,573431
AB(A-B) -,573431
p=,05
Efeito Padronizado e estimado (valor absoluto)
Figura 27: Diagrama de Pareto para a variável retração linear a 950 °C
43
Pela Figura 28, observa-se que apenas a argila teve um efeito significativo positivo com
95% de confiança, enquanto que demais interações não apresentaram efeito significativo na
absorção de água a uma temperatura de 950 °C.
9,6
(A)Argila 9,6
1,4
ABC 1,4
-1,2
BC -1,2
,45
(C)Rejeito de cobre ,45
,44
AC(A-C) ,44
-,40
AC -,40
-,38
AB(A-B) -,38
,33
AB ,33
-,25
(B)Filito -,25
p=,05
Efeito pradronizado e estimado (valor absoluto)
Figura 28: Diagrama de Pareto para a absorção de água a 950°
(A)Argila 16,4
6,9
AB(A-B) 6,9
-6,9
AB -6,9
6,8
(B)Filito 6,8
-5,7
AC(A-C) -5,7
-5,5
(C)Rejeito de cobre -5,5
5,4
AC 5,4
-4,3
ABC -4,3
2,7
BC 2,7
p=,05
Efeito pradronizado e estimado (valor absoluto)
Na Figura 30, vê-se que não houve um efeito significativo para a retração linear de
nenhuma das matérias-primas e suas interações, pois ficaram todos abaixo de 5% de
significância a uma temperatura de 800°C.
De acordo com a Figura 31, todas as interações para absorção de água a uma temperatura
de 800°C apresentaram um efeito significativo positivo com 95% de confiança, exceto as
interações cúbicas argila – cobre (AC (A-C)), interações (BC) filito e rejeito de cobre, a
interação cúbica entre argila e filito (AB (A-B), e o filito que influenciaram de forma negativa.
A Figura 32, mostra que para uma temperatura de 800°C, o Módulo de Resistência a
Flexão obteve no Diagrama de Pareto um efeito significativo positivo da argila (A), do filito
(B), e das interações entre argila – filito (AB (A-B)), sendo esta, por sua vez, de efeito
significativo negativo. As demais interações não apresentaram um efeito significativo.
45
ABC 1,500124
(B)Filito -1,45082
AB 1,403269
BC -1,3102
AB(A-B) -1,20109
AC(A-C) 1,140078
(A)Argila -1,13518
1,096309
(C)Rejeito de cobre 1,096309
-1,08684
AC -1,08684
p=,05
Efeito Padronizado e estimado (valor absoluto)
(A)Argila 70,05188
AC -26,6216
AC(A-C) 26,10987
BC -13,828
AB(A-B) -11,5157
AB 11,27887
(B)Filito -10,4159
7,297998
ABC 7,297998
p=,05
Efeito Pradronizado e estimado (valor absoluto)
9,3
(A)Argila 9,3
-2,4
AB -2,4
2,3
AB(A-B) 2,3
2,3
(B)Filito 2,3
-1,7
BC -1,7
,88
ABC ,88
-,71
AC(A-C) -,71
,35
AC ,35
-,31
(C)Rejeito de cobre -,31
p=,05
Efeito Padronizado e estimado
0,
,03332
-,4000
20,000
-2,000
110,00
Resistência a Flexão
1,
90,701 90,225
0, ,5
70,000
(kgf/cm²)
65,000
-10,00
Desejabilidade
,67209
-,8000
18,000
-2,000
80,000
Resistência a Flexão
1,
65,800
(kgf/cm²)
,5
30,855 30,900
0,
20,300
-10,00
Desejabilidade
,63008
Uma vez que a desejabilidade encontrada foi igual a 0,67 e 0,63, a qualidade equivalente
do mesmo está na faixa “aceitável”, de acordo com a Tabela 1, item 2.5.5 (Perfis para Valores
Previstos e Desejabilidade).
A mistura ideal de 94% de argila, 3% de filito e 3% de rejeito de cobre equivale a
Formulação 7 (950º C) e a mistura de 71% de argila, 14% de filito e 14% de rejeito de cobre
corresponde a Formulação 1 (800º C).
De acordo com a Tabela 6, a Formulação 7 possui uma boa retração linear, absorção de
água e o seu módulo de ruptura a flexão (90,2 kg kgf/cm²) se enquadra em um material cerâmico
para tijolo maciço, pois o mínimo exigido pela norma para esse material é 65kgf/cm². Por outro
lado, por ter um módulo de resistência a ruptura alto, essa formulação também se encaixa em
materiais tipo telhas e tijolos furados.
49
Corpos de prova Argila Filito Rej. de Cobre Ret. Linear (%) Abs. de água (%) Mód. de Resist. a flexão (kgf/cm²) Temp. (°C)
Formulação 7 94% 3% 3% 1,02 14,8 90,2 950
Formulação 1 71% 14% 14% 0,05 14,4 36,2 800
Normas Industriais 6% 8-25% 20-65 -
50
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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54
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