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REDAÇÃO

O PRIMEIRO PASSO: O ENTENDIMENTO DO TEMA

A primeira etapa de uma redação consiste em compreender plenamente o tema. Nos


antigos vestibulares, este era proposto de forma direta. Exemplo, a faculdade de direito
da Universidade de São Paulo, certa feita, pediu que os vestibulandos escrevessem sobre
a "Cortina de Ferro". Nesse caso, o vestibulando deveria dissertar sobre os países do
leste europeu então dominados pela ex-União Soviética. Sem dúvida, questões
propostas de maneira explícita facilitavam o entendimento do tema. Modernamente, os
temas não mais são assim apresentados. São dados textos que, de alguma maneira,
interligam-se e o vestibulando deve, em primeiro lugar, descobrir essas relações. Em
linguagem simples, você deve "perceber" o conteúdo do tema.

O QUE É UMA DISSERTAÇÃO?


Uma dissertação consiste numa redação analítica sobre o tema proposto pela banca
examinadora que elabora a prova. Dessa maneira, o vestibulando deve defender uma
opinião sobre o assunto exigido pela faculdade. Portanto, ao contrário da opinião
tradicional, o aluno não pode ser neutro quanto ao tema em questão. O Ministério da
Educação determina que as opiniões não devem ser julgadas, mas sim avaliadas se estão
explicadas e defendidas com coerência e lógica.

OS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
A nota dada à redação deve obedecer aos seguintes critérios:
- adequação ao tema. A banca examinadora avalia se o vestibulando entendeu o tema
proposto e redigiu um texto adequado a ele. "Fugir do assunto", como se diz na gíria
estudantil, implica "nota zero";
- coerência no desenvolvimento do tema. As idéias contidas no texto devem estar
interligadas de maneira lógica. O vestibulando não pode propor uma opinião no início
do texto e desmenti-la no final;
- norma culta. O candidato a uma vaga nas faculdades e universidades precisa usar a
língua portuguesa de maneira adequada, estruturas sintáticas (regência verbal e
concordância) corretas e termos semanticamente precisos; portanto, não se deve usar
uma palavra cujo sentido real você não conhece. Norma culta não quer dizer termos
sofisticados, mas palavras simples e precisas no contexto da dissertação. Não pense que
preciosismos (palavras complicadas) valorizam sua redação; pelo contrário, são
ridículos. Em síntese, o vestibulando deve usar termos correntes com significados
adequados;
- criatividade. É claro que uma abordagem original do tema valoriza seu texto. Mas, o
vestibulando deve ter cuidado em não confundir criatividade com idéias esdrúxulas. Na
gíria estudantil, não "viaje".

Lembre-se:
Ninguém pode exigir que você escreva bem, pois isto pressupõe talento; as faculdades
querem que se escreva certo.
Quem quer escrever bem precisa de , obrigatoriamente , estar bem informado. Quando
colocamos no papel as nossas idéias, devemos imaginar que temos muitos desafios.
Mas, antes de iniciar os comentários que continuarão a ser feitos por todo o ano,
lembre-se: estar informado é uma das normas mais importantes para quem quer escrever
bem.

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Um exercício pra você ir treinando, por exemplo, sua redação versará sobre este tema: a
competição como fator de organização da sociedade, suas virtudes e seus defeitos
negativos. Para escrevê-la, relate um episódio em que você se tenha visto em meio a um
excesso de competitividade ou em que a capacidade de competir lhe tenha sido útil.
Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se
caracteriza por um esforço de reflexão em torno de um tema. Utilize sua experiência
para construir seu texto, mas integre-a a uma argumentação de caráter generalizador e
organizada dissertativamente.

A dissertação deve ter extensão mínima de 30 linhas e máxima de 50, considerando letra
de tamanho regular. Inicialmente, utilize a folha de rascunho e, depois, passe a limpo na
folha de redação, sem rasuras e com letra legível, o que você redigiu. Utilize caneta;
lápis, apenas no rascunho.

Desenvolvendo um tema:
Os passos
1) interrogar o tema;
2) responder, com a opinião
3) apresentar argumento básico
4) apresentar argumentos auxiliares
5) apresentar fato- exemplo
6) concluir

Como fazer nossas dissertações? Como expor com clareza nosso ponto de vista? Como
argumentar coerente e validamente? Como organizar a estrutura lógica de nosso texto,
com introdução, desenvolvimento e conclusão?

Vamos supor que o tema proposta seja Nenhum homem é uma ilha. Primeiro,
precisamos entender o tema. Ilha, naturalmente, está em sentido figurado, significando
solidão, isolamento. Vamos sugerir alguns passos para a elaboração do rascunho de sua
redação.
1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum homem é uma ilha?
2. Procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou
discordando (ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é
o seu ponto de vista.
3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma razão
para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal.
4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de vista,
a fundamentar sua posição. Estes serão argumentos auxiliares.
5.Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição.
Este fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que
você leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato
histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O
fato-exemplo, geralmente, dá força e clareza à nossa argumentação. Esclarece a nossa
opinião, fortalece os nossos argumentos. Além disso, pessoaliza o nosso texto,
diferencia o nosso texto: como ele nasce da experiência de vida, ele dá uma marca
pessoal à dissertação.
6. A partir desses elementos, procure juntá-los num texto, que é o rascunho de sua
redação. Por enquanto, você pode agrupá-los na seqüência que foi sugerida.

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Proposta de redação
A TV brasileira completa 50 anos. No início, houve quem considerasse o televisor mais
um eletrodoméstico na casa. Hoje, sabe-se que ele não é só isso, a televisão é um modo
de vida.
Redija um texto dissertativo, em prosa, com 30 linhas, analisando se a TV brasileira
FORMA, INFORMA ou DEFORMA. Use o esquema acima.

Coerência Textual
A coesão colabora com a coerência, porque os conectivos ajudam a dar o sentido à
união de duas ou mais idéias: alternância, conclusão, oposição, concessão, adição,
explicação, causa, conseqüência, temporalidade, finalidade, comparação, conformidade,
condição. Você pode também, caso queira, desenvolver outro tema.
As idéias numa dissertação precisam se completar, a geral se apóia na particular, a
particular sustenta a geral. Na narração, se uma personagem for negra no começo, será
assim até o fim, só Michel Jackson trocou de cor. A menos que a mudança da coloração
seja significativa.

Veja um exemplo de incoerência na dissertação: “O verdadeiro amigo não comenta


sobre o próprio sucesso quando o outro está deprimido. Para distraí-lo, conta-lhe sobre
seu prestígio profissional, conquistas amorosas e capacidade de sair-se bem das
situações. Isso, com certeza, vai melhorar o estado de espírito do infeliz”.

Exemplo de incoerência em narração: “O quarto espelha as características de seu dono:


um esportista, que adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades
intelectuais.

Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de
alpinismo, skate, um tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as
obras completas de Shakespeare”.

DICAS IMPORTANTES
• Leia atentamente o que está sendo solicitado. Atualmente, as propostas se aproximam
da realidade dos candidatos, constituindo-se roteiros confiáveis para a organização de
idéias
• Crie mentalmente um interlocutor. Procure convencer um ouvinte específico do seu
ponto de vista
• Planeje o texto sem utilizar fórmulas prontas. O fio condutor deve ser seu pensamento
• Evite marcas de língua falada. Escrita e fala são modalidades diferentes do idioma.
Evite gírias e termos excessivamente coloquiais
• Confie em seu vocabulário. Todos guardamos palavras sem uso que podem transmitir
com clareza o nosso pensamento. Procure encontrá-las
• Seja natural. Evite o uso de palavras de efeito apenas para impressionar a banca
• Acredite em seus pontos de vista e defenda-os com convicção. Eles são seu maior
trunfo.

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RESUMO
1- Escreva um texto simples e com idéias claras

Procure desenvolver seus argumentos de uma maneira clara e coesa. Não é necessário
nem recomendável que se dê mostras de erudição. Os avaliadores dos vestibulares
apenas querem ver se você sabe argumentar. Suas idéias devem ser expostas de uma
forma clara para que o avaliador entenda o que está escrito.

2- Faça um texto coerente

Os argumentos do seu texto devem obedecer a uma linha de raciocínio lógica.


Desenvolva um determinado assunto até o fim e somente depois inicie outro. Caso
contrário, o texto vai ficar confuso e difícil de ser compreendido.

3- Não fuja do tema proposto

Atenha-se ao que foi pedido no enunciado da redação. Por mais bem escrito que seu
texto for, se ele fugir do tema, a nota será zero!

4- Seja uma pessoa bem informada

Procure ler jornais e revistas para aumentar sua visão de mundo. O vestibulando bem
informado produz um texto mais rico e diversificado. Não dá pra escrever sobre um
assunto que você nem sabe do que se trata. Portanto leia bastante e esteja sempre por
dentro das últimas notícias.
Cuidados com a Gramática:
Quem já não enfrentou dificuldades ao escrever um texto com o uso dos pronomes
demonstrativos. Deve-se escrever este, esse ou aquele? isto, isso ou aquilo? esta, essa ou
aquela? Ó, dúvida cruel! Que fazer?
A solução poderia estar em um bom livro de gramática, porém poucos possuem um
desses em casa, e quem o possui não tem paciência para realizar a pesquisa. É para isso
que estamos aqui. Então, vamos à teoria:

Exemplos de uso: "este, esta, isto", para referência a elemento.


 "O saneamento tem grande efeito sobre o bem-estar da população. Por isso, é
inexplicável o fato de esse setor não se ter tornado prioridade do atual governo."
 "A crise de energia demonstrou que a introdução de um novo modelo nos setores
de infra-estrutura envolve riscos. Isso não significa, porém, que o modelo
privado seja inviável."
Usamos este, esta, isto para referência a elemento, frase ou oração posterior. Por
exemplo:
 "As principais dúvidas são estas: Como determinar quais empresas serão
privatizadas? Quem deve exercer o poder concedente: Estados ou municípios?"
 "Essas questões não são tão complexas quanto as de outro setores, sendo os mais
importantes estes: o de energia e o de telecomunicações."
Usamos este, esta, isto também para referência a elemento imediatamente
anterior. Por exemplo:
 "Essas questões não são tão complexas quanto as de outro setores, como o de
telecomunicações e o de energia, sendo este o mais importante de todos." (O

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pronome "este" refere-se ao elemento imediatamente anterior, ou seja, a "setor
de energia")
 "É preciso que o Executivo promova as reformas necessárias no saneamento
básico, pois este é o problema mais grave de hoje." (O pronome "este" refere-se
ao elemento imediatamente anterior, ou seja, a "saneamento básico").
Em uma enumeração de dois elementos, usamos este, esta, isto para referência
ao segundo elemento e aquele, aquela, aquilo para o primeiro. Por exemplo:
 "Essas questões não são tão complexas quanto as de outro setores, como o de
energia e o de telecomunicações, sendo aquele mais importante do que este". (O
pronome "aquele" refere-se ao primeiro elemento da enumeração, ou seja, a
"setor de energia"; o pronome "este" refere-se ao segundo elemento da
enumeração, ou seja, a "setor de telecomunicações").
 "A privatização e a concorrência em substituição a um modelo estatal envolvem
riscos, pois aquelas apresentam a incógnita da futura administração; este, a
garantia do envolvimento da sociedade". (O pronome "aquela" refere-se aos
primeiros elementos da enumeração, ou seja, a "privatização e concorrência"; o
pronome "este" refere-se ao segundo elemento da enumeração, ou seja, a
"modelo estatal").

Instruções para Redação


Redija uma dissertação ( em prosa, de aproximadamente 25 linhas) sobre "A relação do
brasileiro com o trabalho". Os excertos abaixo poderão servir de subsídio para a
elaboração de sua redação. Não os copie. ( Dê um título ao seu texto. A redação final
deve ser feita com letra legível, à tinta.)
1. Aos 9 anos comecei a tentar trabalhar. Ajudava um vizinho que fazia doce de banana
e de mamão para vender na feira. Na hora de lavar aqueles tachos enormes de cobre, os
filhos e os netos dele achavam feio fazer trabalho de mulher _ arear a panela, com areia
mesmo, porque Bombril vim conhecer só aqui no Rio. Eu ganhava aquele dinheirinho
para a merenda. Também quebrei pedra _ é, pedra mesmo. Lá no sertão não tinha
máquina para fazer concreto, era tudo na mão. Os homens gritavam fogo na hora de
estourar a pedreira e todo o mundo da vila se escondia debaixo das camas. Quando
acabava o estouro, a gente corria com cesto ou lata para pegar os pedaços de pedra,
trazia para o quintal, quebrava tudo com a mão e esperava o medidor que vinha pesar as
latas. ( Veja, Especial Mulher, _ set/ 1994)
2. Nos ofícios urbanos reinavam o mesmo amor ao ganho fácil e a infixidez que tanto
caracterizam, no Brasil, os trabalhos rurais. Espelhava bem essas condições o fato,
notado por alguém, em fins da era colonial, de que nas tendas de comerciantes se
distribuíam as coisas mais disparatadas deste mundo, e era tão fácil comprarem-se
ferraduras a um boticário como vomitórios a um ferreiro. Poucos indivíduos sabiam
dedicar-se a vida inteira a um só mister sem se deixarem atrair por outro negócio
aparentemente lucrativo. E ainda mais raros seriam os casos em que um mesmo ofício
perdurava na mesma família por mais de uma geração, como acontecia normalmente em
terras onde a estratificação social alcançara maior grau de estabilidade. ( Holanda,
Sérgio Buarque de, Raízes do Brasil, Rio de Janeiro: José Olympio, 1978)
3. Muito diferente da concepção anglo-saxã que equaciona trabalho ( work) com agir e
fazer, de acordo com sua concepção original. Entre nós, porém, perdura a tradição
católica romana e não a tradição reformadora de Calvino, que transformou o trabalho
como castigo numa ação destinada à salvação. Para nós, brasileiros, que não nos
formamos nessa tradição calvinista, achamos que o trabalho é um horror. ( Da Matta,
Roberto. O que faz o Brasil, Brasil? Rio de janeiro, Rocco, 1984).

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4. Os executivos estão desfrutando cada vez menos o período de férias. É o que aponta
uma pesquisa feita pelo grupo Catho, especializado em Recursos Humanos, com 1.356
profissionais em todo o país. Os resultados revelam que o descanso tradicional de 30
dias já virou utopia para muitos: 57,5% dos entrevistados tiraram férias de apenas duas
semanas ou menos nos últimos 12 meses. Outros 21% não tiraram um dia sequer.
Gerentes, supervisores e profissionais especializados _ como advogados, contadores e
engenheiros _ são os que menos dão pausa no trabalho durante o ano. ( Folha de São
Paulo, 17/5/98)
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 TEMA DE REDAÇÃO
TEXTO I: "A ciência não deve ser limitada por conceitos éticos. O
cientista tem de gozar de plena liberdade para levar a cabo suas
pesquisas e experimentos, não cabendo à sociedade julgar moralmente o
seu trabalho. A ciência é eticamente neutra, cabendo à comunidade usar
de maneira justa o resultado da reflexão científica. O teórico dividiu o
átomo; os estados criaram as armas nucleares".

TEXTO II: "Compete à sociedade vigiar o cientista. Está é a única


forma de coibir pesquisas que possam transgredir as normas éticas que
preservam a coesão social das comunidades. Progresso não significa o
avanço científico em detrimento da Ética; o verdadeiro avanço da
civilização consiste em respeitar as coordenadas da moralidade".

ENTENDA O TEMA
O primeiro texto defende que a pesquisa científica não deve ser policiada
pela ética; o segundo, pelo contrário, coloca a Moral acima do progresso
científico.
Redija sobre: "A moral e a ciência são contraditórias?".
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TEMAS DE REDAÇÃO:
Texto 1: "O homem contemporâneo vem perdendo a linearidade da linguagem escrita
em função da onipresente ditadura das artes e técnicas visuais. A televisão impera em
todos os lares, onde pouco se lê e quase não mais se dialoga. A 'telinha' é a dona das
atenções gerais e os atores e apresentadores são os novos olimpianos".
Texto 2: "As novelas da televisão são, hoje, o que foram os 'folhetins' do século XIX: o
divertimento das classes semi-letradas e semi-cultas das diversas sociedades que
formam a comunidade mundial"
Texto 3: "A televisão é a máquina de fazer loucos" (Stanislau Ponte Preta, notável
humorista brasileiro)
Leia os textos acima e deles extraia um tema e, em seguida, redija.

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REDAÇÃO DISSERTATIVA PRONTA

Medo de inadimplência nos cartões de crédito tem base


(Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo - 22/6/2010)
Os bancos brasileiros começam a se preocupar com o uso de cartões de crédito
pela nova classe média, considerando que um afrouxamento do crescimento pode
desencadear uma onda de inadimplência. A preocupação é largamente justificada, porém
as instituições financeiras deveriam reconhecer que, em grande parte, são responsáveis
por essa eventualidade.
Durante muito tempo os bancos procuraram difundir o uso de cartões de crédito
levando em conta que os ganhos que auferiam das empresas comerciais que aceitavam o
pagamento com cartão permitiam assumir o risco da inadimplência dos portadores de
cartão. A oferta foi realizada sem levar em conta a capacidade financeira dos clientes, e
nem todos tinham conta no banco emissor do cartão. Felizmente, houve um acordo entre
os bancos para que emitissem cartão só quando fossem realmente pedidos.
No entanto, com o alargamento das classes C e D, os bancos foram solicitados a
emitir novos cartões sem verificar a capacidade financeira dos seus titulares. E mais:
utilizaram não apenas o atrativo do "pagamento mínimo", como inventaram o crédito
rotativo para estimular os titulares dos cartões a recorrer a empréstimos vinculados aos
cartões, chegando, em caso de atrasos, a cobrar juros de 238,30%, taxa muito maior do
que a do cheque especial (181,30%), que já era muito elevada diante do crédito pessoal,
com taxa de 42,9%.
E não esqueçamos de que esse aumento da emissão de cartões de crédito ocorreu
quando o crédito consignado se ampliava e que a política de casa própria baixada pelo
governo se traduz por um endividamento de prazo muito longo, em que o mutuário fará
tudo para não perder o imóvel adquirido, que é a garantia para a instituição financeira.
Além disso, os bancos aceitaram que as lojas oferecessem pagamentos a prazo longo,
muitas vezes com a garantia dos cartões de crédito.
Neste contexto, pode-se entender a preocupação dos bancos com a possibilidade
futura de uma explosão de inadimplência, quando se considera que só no mês de abril se
registraram 224,4 milhões de operações com cartões de crédito.
Caberia aos bancos mostrarem-se mais cautelosos na distribuição de cartões,
fixando um limite de financiamento para eles. Seria bom, também, que estudassem a
possibilidade de eliminar o "pagamento mínimo", que é um convite ao endividamento, e
recusassem operações com prazos de pagamentos de mais de três meses.

Uma tragédia que se repete


(Fonte: Jornal Gazeta do Povo - 23/6/2010)
A imagem de terra arrasada do pequeno município de União dos Palmares,
Alagoas, atingido pela enchente avassaladora que afeta estados do Nordeste, publicada
pela Gazeta do Povo e grande parte dos jornais do país na primeira página, ontem,
comoveu os brasileiros pela violência das águas. Além de destruir totalmente a cidade e
afetar gravemente outros 30 municípios, as chuvas causaram a morte de dezenas de
pessoas e o desaparecimento de pelo menos outras 600 – 500 delas somente em União
dos Palmares. Esse era o triste primeiro balanço da enchente em Alagoas e Pernambuco,
os estados mais atingidos, que deixaram sem casas, até agora, outras 120 mil pessoas.
A defesa civil comparou o rastro de destruição da força das águas, em União dos
Palmares e outros municípios ao longo de uma faixa de 60 km às margens do Rio

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Mundaú, em Alagoas, à tragédia da tsunami na Ásia, que ceifou milhares de vidas e
aniquilou cidades costeiras. Não é para menos. Os dramáticos depoimentos de
testemunhas dão conta de que, nesse estado, a situação é totalmente desoladora.
Famílias destruídas buscam nos meios dos destroços os corpos de seus entes
queridos. Não há água potável. Os moradores estavam bebendo água salobra. Muitos
feridos ficaram sem atendimento médico adequado. A energia elétrica foi interrompida
por mais de um dia. As estradas interditadas. E o socorro demorou a chegar. Em
Pernambuco, o cenário não era diferente. Especialmente no município de Palmares, no
Sul, com o transbordamento do Rio Una. São milhares os desabrigados. A força da
correnteza destruiu duas pontes, provocando a total interdição da BR-101.
O que se vê nesses dois estados nordestinos é uma tragédia anunciada. A mesma
que assolou Santa Catarina e Minas Gerais, em 2008, que atingiu com menos gravidade
alguns municípios paranaenses, no início deste ano, e que afetou com a mesma
violência o estado do Rio de Janeiro, em abril último.
As enchentes no Rio haviam causado mais mortes do que qualquer outro
incidente semelhante, em 2010, em qualquer parte do mundo. Nos últimos 12 meses,
aquela inundação havia sido considerada a quinta mais fatal do mundo. Os números de
mortos passaram de 100. Como é assustador o número de desaparecidos em Alagoas, as
autoridades temem que as chuvas possam ter causado uma tragédia muito maior.
É evidente que os mais atingidos são sempre os mais pobres, que habitam as
encostas e as margens dos rios. Milhares de famílias, oprimidas pela desigualdade
econômica e social e pela omissão do poder público, na luta desesperada pela
sobrevivência, habitam qualquer pedaço de terra, correndo toda a sorte de riscos. Em
números, esse quadro por ser resumido da seguinte forma: um relatório de 2009 do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostra que apenas 11%
das pessoas expostas a catástrofes naturais vivem em países pobres, mas que é em
países pobres que ocorrem mais de 53% das mortes.
Esse é um problema complexo e difícil de resolver. Não há como desalojar, a
curto prazo, as imensas populações das áreas de risco e de ocupações irregulares dos
grandes centros urbanos e de boa parte dos municípios brasileiros. Além de ser
praticamente impossível fazer obras monumentais de contenção. O desmatamento –
causa de muito desses desastres – é uma realidade ainda marcante. A falta de educação
muito mais. Só à custa de muito planejamento e investimentos gigantescos, a longo
prazo, é que esse quadro poderá ser alterado, gradativamente. Mas é preciso começar a
encarar o problema com a seriedade que merece, com políticas globais e ações
integradas entre governos e municípios. Nenhum brasileiro merece pagar esse preço
pelo descaso com a vida humana.

POPULAÇÃO DE RUA
(Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo, 5/6/2010)
Não há quem não veja, nas áreas centrais da capital, como as Praças da Sé e da
República, pessoas carregando cobertores nos ombros durante o dia. Essas pessoas,
sempre carregando trouxas de roupa de cama, que se locomovem aparentemente sem
direção, são moradores de rua. Se têm aparência jovem, são prontamente confundidos
com drogados e os transeuntes tomam o cuidado de evitá-los. Se são mais velhos, são
geralmente mendigos. Alguns se postam em frente aos bares e pedem dinheiro para um
café ou uma "prontinha". Nenhum deles diz abertamente que quer dinheiro para tomar
uma "birita".

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Mesmo para os habitantes de São Paulo, acostumados a essa realidade, é
chocante saber que a população de rua da cidade abrange 13.666 pessoas, segundo
levantamento realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da
USP, uma população maior que a de 328 dos 645 municípios paulistas.
Desse total, 6.587 (48,2%) dormem ao relento. Outras 7.079 (51,8%) vão para os
41 albergues existentes, com 8.200 vagas. Há sobras, portanto, mas insuficientes para
atender os que não têm onde se recolher à noite.
Impressiona também saber que, enquanto a população da cidade e da região
metropolitana diminuiu na proporção de 0,56% ao ano entre 2000 e 2008, segundo
dados da Fundação Seade, a população de rua aumentou 57% nos últimos dez anos (a
pesquisa foi realizada no fim de 2009, utilizando o ano 2000 como referência).
Não se pode culpar apenas a atual administração municipal por uma situação que
reflete a falta de políticas públicas capazes de produzir resultados. E o problema
também não pode ser atribuído somente ao maior consumo de drogas. Se é verdade que
7,7% da população de rua hoje é composta de jovens de 18 a 30 anos, metade dos quais
viciados em crack, eles são minoria, assim como os de mais de 50 anos (7,8%). A
grande maioria é formada por pessoas com idade média de 40,2 anos, e 79,7% são do
sexo masculino. Se não são portadores de doença grave ? e presumivelmente não são, já
que sobrevivem ao relento ?, são homens aptos para o trabalho, em uma economia em
expansão.
Como bem observa a professora Silvia Schor, da FEA/USP, que coordenou a
pesquisa, é utópico pensar que a cidade de São Paulo consiga acabar com a sua
população de rua. Há fatores sempre associados à extrema pobreza, como alcoolismo,
drogas, desemprego, rompimento de relações familiares, etc., que tornam tão complexa
a assistência social. Há, porém, como disse a professora, duas condições básicas que
podem e devem ser aperfeiçoadas, como a diversificação da rede de atendimento e a
provisão de serviços de moradia social.
A Prefeitura de São Paulo tem procurado agir nesse campo. Se bem que reduziu
as vagas de albergues disponíveis no centro da cidade, pretende criar mais 1.200 vagas.
A Secretaria de Assistência Social tem procurado incentivar a criação de repúblicas de
moradores de rua, em casas alugadas. Até agora, são 7 repúblicas, com 140 moradores.
Podem ser muito mais. A Prefeitura também montou tendas para atendimento diurno e
para contato entre os moradores de rua e educadores. Até agora são 2 tendas, com a
promessa de mais 5 até o fim do ano.
A única informação animadora na pesquisa, se assim se pode dizer, é que o
número de crianças e adolescentes que vagam pelas vias públicas paulistanas caiu de
mais de 700 em 2000 para 448 em 2009. Isso evidencia que os serviços de amparo a
menores têm funcionado com muito mais eficiência do que aqueles voltados para a
população de rua adulta.
Contudo, não cabe só à Prefeitura lidar com esse problema. O governo do Estado
tem sua parcela de responsabilidade, assim como o governo federal, que tanto festeja o
Bolsa-Família como instrumento de combate à pobreza. Enfim, toda a comunidade terá
também de assumir sua parte, fazendo mais do que já faz, como a Campanha do
Agasalho por exemplo.

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