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Arte e vida social | Alain Quemin, Glaucia Villas Bôas
Genealogias do
contemporâneo
Caminhos da arte brasileira
https://books.openedition.org/oep/556 1/15
31/12/2018 Arte e vida social - Genealogias do contemporâneo - OpenEdition Press
Texte intégral
1 Falar no plural – genealogias do contemporâneo – pretende
ressaltar a falência de uma narrativa evolutiva e totalizadora
que determinaria o que se entende por arte contemporânea.
Há vários movimentos entrelaçados ligando o(s) moderno(s)
e a produção artística atual. A multiplicação do moderno e
suas reverberações no contemporâneo convergem em
direção a uma mesma tonalidade afetiva: o estranhamento
diante do estado de coisas presente; uma sensação, que é
vital e criativa, jamais imobilizadora, de não sentir-se em
casa no mundo. Desta sensação nasce uma disponibilidade
para o novo e o comum. Repetindo Foucault, o enfoque
genealógico recusa a unidade do relato histórico e “busca
assinalar a singularidade dos acontecimentos fora de
qualquer finalidade monótona” (Foucault, 2008, p. 260).
2 Entretanto, para além do tempo, há sempre um espaço a
partir do qual os acontecimentos assumem sua
singularidade. Neste caso, trata-se de perceber o modo pelo
qual o Brasil se faz contemporâneo. Fundamental sublinhar
que, seja qual for esta pergunta, pela singularidade
brasileira, ela não se pretende retomada nacionalista de uma
autenticidade local. A singularidade deve ser conquistada,
jamais resgatada; é um tornar-se e não uma identidade fixa.
A forma como o Brasil se deixa revelar na arte brasileira vai
ser sempre uma questão, um problema, um desafio; vai
escorregar e não se deixar objetivar. Seja como for, agindo
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Notes
1. Seria interessante lembrarmo-nos aqui da estética kantiana, na qual o
juízo de gosto “isto é belo”, não obstante, pautar-se sempre em um
sentimento subjetivo, teria que se tornar universal, ou seja, ser de
qualquer um. Diferentemente da universalidade objetiva do
conhecimento em que a verdade é, para todos os sujeitos racionais, a
universalidade subjetiva do belo, só se pretende como horizonte de
compartilhamento, como base de uma comunicabilidade comum na qual
qualquer um, não necessariamente todos, irá compartilhar do meu
sentimento. A pretensão de universalidade de determinadas formas
singulares de vida, constituídas a partir de formações culturais
específicas, não irá se converter em modelo de sociabilidade, mas em
exemplo a ser seguido por qualquer um que a sinta como sua.
Auteur
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