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MIHALY CSIKSZENTMIHALYI A DESCOBERTA DO FLUXO A psicologia do envolvimento com a vida cotidiana Tradusio de PEDRO RIBEIRO Keven Rio de Janeiro - 1999 DOIS © CONTEUDO DA EXPERIENCIA J4 vimos que trabalho, manutengio e lazer tomam a maior parte de nossa energia psfquica. Mas uma pessoa pode adorar seu tra- balho ¢ outra pode odié 1o; talvez uma pessoa aprecie seu tempo livre e outra fique entediada por nao ter nada para fazer. Assim, embora 0 que fazemos todo dia tenha muito a ver com 0 tipo de vida que levamos, 0 modo como experimentamos 0 que fazemos € ainda mais importante. As emogées so, em certo aspecto, os elementos mais subje- tivos da consciéncia, j4 que s6 a propria pessoa pode dizer se sen- te verdadeiramente 0 amor, a vergonha, a gratidao ou a felicida- de. Porém, uma emogdo € também 0 contetido mais objetivo da mente, porque a sensa¢iio fisica que experimentamos quando estamos apaixonados, envergonhados, assustados ou felizes ¢ geralmente mais real para nds do que aquilo que observamos no mundo exterior, ou o que quer que aprendamos com a ciéncia ¢ a Igica. Assim, muitas vezes nos encontramos na posi¢o parado- xal de sermos como psicélogos behavioristas quando olhamos para outras pessoas, descartando o que elas dizem e confiando apenas no que fazem, enquanto que, quando olhamos para nés mesmos, somos fenomenologistas, levando nossos sentimentos {ntimos mais a sério do que eventos externos ou ages declaradas. Os psicélogos identificaram nove emogoes basicas que podem ser identificadas de maneira confidvel pelas expressdes faciais entre pessoas que vivem em culturas diferentes; assim, parece que do mesmo modo que todos os seres humanos podem ver e falar, eles compartilham um conjunto comum de estados 26 A DESCOBERTA DO FLUXO emocionais.! Mas, para simplificar 0 méximo possivel, podemos dizer que todas as emogdes compartilham uma dualidade basica: elas so positivas e atraentes ou negativas e repulsivas. E devido a essa caracteristica simples que as emogGes nos ajudam a esco- Iher 0 que deveria ser bom para nés. Um bebé é atraido por um rosto humano, e fica feliz quando vé sua mie, porque isso ajuda a criar um elo com a pessoa que cuida dele. Sentimos prazer quan- do comemos, ou quando estamos com um membro do sexo opos- to, porque nossa espécie nao sobreviveria se nao procuréssemos comida e sexo. Ns sentimos uma repulsa instintiva diante de ser- pentes, insetos, odores piitridos, escuriddo — todas as coisas que no passado evolutivo poderiam ter representado sérios perigos para a sobrevivéncia? ‘Além das emogées simples estabclecidas geneticamente, os seres humanos desenvolveram um grande ntimero de sentimentos mais sutis ¢ suaves, assim como sentimentos infames. A evolugao da consciéncia auto-reflexiva permitiu que nossa raga “hrincas- se” com sentimentos, forjando-os ou manipulando-os de um modo que nenhum outro animal pode fazer. As cangGes, dangas & méascaras dos nossos ancestrais evocam terror e assombro, alegria e exaltacio. Filmes de horror, drogas e mtsicas ttm o mesmo efeito atualmente. Mas originalmente as emogGes serviam como sinais sobre o mundo extemno; agora séo muitas vezes separadas de qualquer objeto real e desfrutadas por si mesmas. A felicidade € 0 protétipo das emogées positivas.? Como disseram muitos pensadores desde Arist6teles, tudo o que faze- mos tem como meta final experimentar a felicidade. Nao quere- mos realmente a riqueza, ou satide, ou a fama por si sés — quere- mos essas coisas porque esperamos que clas nos tornem felizes. Porém, buscamos a felicidade nao porque ela v4 nos levar a algu- ma outra coisa, mas por ela mesma. Se a felicidade é realmente 0 objetivo da vida, 0 que sabemos sobre ela? Até meados do século XX, os psicdlogos relutavam em estu- dar a felicidade, porque o paradigma behaviorista reinante nas ciéncias sociais sustentava que emogées subjetivas eram vagas demais para que fossem objetos apropriados de pesquisa cientifi- ca, Mas 4 medida que o “empirismo 4rido” no meio académico foi amainando nas tiltimas décadas, permitindo que a importancia das experiéncias subjetivas pudesse ser novamente reconhecida, 0 estudo da felicidade foi retomado com um novo vigor.

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