Esta análise pode ser de difícil aplicabilidade em situações de produção unitária, como é o
caso das ferramentarias em geral, ou ainda na produção de pequeníssimas séries de peças. Seu uso,
porém, torna-se indispensável em condições de produção em massa (grandes séries), pois os
ganhos obtidos no processo podem chegar a representar grandes somas em dinheiro e/ou tempo.
Ademais, apesar de difíceis de aplicar, os elementos analisados podem auxiliar no levantamento
dos custos e também melhoria de processos para produção unitária.
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Tempo de máquina;
Tempo efetivo de corte;
Volume do metal removido;
Número de peças usinadas;
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Vc . Tv n = Ct
Para se ter a velocidade de corte, basta dividir os valores de Ct da tabela pelos valores de
n
Tv correspondentes à vida desejada da ferramenta.
É importante salientar que o avanço (f) e a profundidade de corte (ap) influem pouco na
vida da ferramenta, digamos que influem significativamente bem menos que a velocidade de corte
(Vc), e sua escolha terá como limites a potência de acionamento da máquina e a estabilidade da
peça e da ferramenta, ou ainda aspectos ligados ao acabamento superficial, dentre outros.
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Tpr = tempo de preparação para a tarefa (divide-se em tpr básico + tpr distribuído)
Td = tdp + tdf + tdem (soma dos tempos distribuídos devido ao pessoal, à ferramenta, e ao
equipamento e ao material).
O gráfico que segue, correlaciona a velocidade de corte com o tempo de execução do lote.
Chama-se Tv ao tempo de vida da ferramenta e t tf ao tempo necessário para efetuar a troca da
mesma.
Tempo T
(minutos)
Tempo mín imo tdf
tp
T Máx. produção
(mínimo)
Vc max Vc (m/min)
Fig. 01 – Correlação entre o tempo de execução e a velocidade de corte.
Se fixássemos todas as demais variáveis de corte tais como avanço e profundidade de corte,
variando unicamente a velocidade de corte, verifica-se pelo gráfico da fig. 01 que o tempo global
de execução tem um mínimo. Este mínimo ocorre para uma certa velocidade Vc max, que
corresponde à máxima produção. Logo:
x K = Ct1/n ou K = Ctx ;
Vcmax = K Ct, x e n = expoentes das tabelas I e II;
(x-1).ttf Ttf = tempo de troca da ferramenta, pode ser obtido
cronometrando-se esta operação.
O tempo distribuído devido à ferramenta tdf aumenta com a velocidade de corte, pois esta
diminui acentuadamente o tempo Tv de vida da ferramenta. Exemplo: Num processo cujo tempo
de troca da ferramenta seja de 50s, e com certo aumento na velocidade de corte reduza-se o
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Pode-se ainda incluir na linha que sobrou em branco na tabela uma informação que
utilizaremos a seguir: o “Minuto-Máquina”, que nada mais é do que a divisão do valor hora-
máquina por 60, ou seja, o custo de operação da máquina por minuto (Cp).
Já vimos a relação entre o tempo de produção por peça e a velocidade de corte. De maneira
similar, pode-se estabelecer a correlação entre o custo por peça e a velocidade de corte, conforme
o gráfico da figura 02.
x Cp . Ct X
Vc min =
(x-1).(Cftv+Cp.t tf)
Esta Vc mín corresponde ao menor custo de usinagem para a peça em estudo, podendo-se,
após determinação dos tempos para esta Vc chegarmos ao apuramento dos referidos custos. A
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equação abaixo aprecia todos os custos relacionados à usinagem, dependentes ou não da Vc. Não
são considerados custos com tratamentos térmicos, controle dimensional, etc.
Custo
por Custo local Custo Total
peça de trabalho Custo de
ferramenta
Custo
mínimo
Custos fixos
Vc mín
Vc (m/min)
Fig. 02 – Correlação entre o custo por peça e a velocidade de corte.
Custo
Tempo
Tempo de Fabricação
Custo por peça
Mínimo tempo
Mínimo Custo
Máxima produção
Intervalo de
máxima
eficiência
4 EXEMPLO 01
Um eixo de comprimento 180mm e diâmetro inicial de 75mm sofre torneamento cilíndrico
em uma das suas extremidades formando um rebaixo de diâmetro 65mm por comprimento igual a
100mm. Material: Aço ABNT 1020 com r = 550 N/mm2.
O custo da hora máquina (salário já incluído) é de R$ 30,00 por hora. Tempo de troca da
ferramenta é de 01 minuto, o tempo de preparação da máquina é de 10 minutos e os tempos
secundários em média de 02 minutos por peça. Deseja-se usinar lote de 60 peças.
Parte-se para o estudo de uma das situações, por exemplo utilizando-se primeiramente a
ferramenta de aço rápido. Determina-se a velocidade para a máxima produção Vcmáx. Calcula-se
então a rpm necessária para atingir tal Vc. Como a máquina em questão têm rotações escalonadas,
deve-se escolher a rotação disponível mais próxima e então recalcular a Vc que efetivamente
estará sendo usada. Assumir tdem e tdp iguais à zero. Para simplificar a comparação, despreze-se o
custo Kc (independe da Vc).
x K
Vcmax =
(x-1).ttf
7 116 7
Vcmax =
(7-1).1
Vcmax = 7 4,71 x 10 13
Utilizando-se o diâmetro médio a ser usinado, esta velocidade daria uma rotação de 408
rpm. Como a rotação mais próxima na máquina é de 400 rpm, recalcula-se a Vcmáx efetiva que será
de 88,05 m/min. Calcula-se, então a Vc mín.
x Cp . Ct X
Vcmin =
(x-1).(C ftv +Cp.ttf)
7 0,5 . 116 7
Vcmin =
(7-1).(4+0,5.1)
7
Vcmin = 5,234 x 10 12
De forma semelhante, utilizando-se o diâmetro médio a ser usinado, esta velocidade daria
uma rotação de 298 rpm. Como a rotação mais próxima na máquina é de 300 rpm, recalcula-se a
Vcmín efetiva que será de 66,0 m/min.
Para usinagem com aço rápido, a rotação intermediária disponível na máquina seria 350
rpm, o que resultaria numa Vc igual a 77,0 m/min. Isto nos dá um tempo de vida da ferramenta de:
n 0,1428
Tv = Ct Tv = 116
Tv = 17,63 min
Vc 77
O tempo de usinagem (Tp) para dois passes será igual a 3,97 min (f = 0,144 mm/rot e ap =
2,5 mm; mantendo seção de usinagem igual a 0,36 mm2).
O custo de usinagem (deixando de lado custos independentes da Vc) para este caso ficará
em:
x K
Vcmax =
(x-1).ttf
5 680 5
Vcmax =
(5-1).1
5
Vcmax = 3,635 x 10 13
Utilizando-se o diâmetro médio a ser usinado, esta velocidade daria uma rotação de 2341
rpm. Como a rotação mais próxima na máquina é de 2000 rpm, recalcula-se a Vcmáx efetiva que
será de 440,25 m/min.
x Cp . Ct X
Vcmin =
(x-1).(C ftv +Cp.ttf)
5 0,5 . 680 5
Vcmin =
(5-1).(10+0,5.1)
5
Vcmin = 1,731 x 10 12
De forma semelhante, utilizando-se o diâmetro médio a ser usinado, esta velocidade daria
uma rotação de 1273 rpm. Como a rotação mais próxima na máquina é de 1500 rpm, recalcula-se a
Vcmín efetiva que será de 330,2 m/min.
No caso de opção pela velocidade intermediária de 1500 rpm, a velocidade efetiva de corte
para a ferramenta de metal duro seria de 330,2 m/min.Isto nos dá um tempo de vida da ferramenta
de:
n Ct 0,2 680
Tv = Tv = Tv = 37,04 min
Vc 330,2
O tempo de usinagem (Tp) para dois passes será igual a 0,926 min (f = 0,144 mm/rot e ap =
2,5 mm; mantendo seção de usinagem igual a 0,36 mm2).
Fica evidente que a opção mais econômica seria a usinagem efetuada com ferramenta de
metal duro, cujo custo por peça é inferior à metade do custo de usinagem utilizando-se ferramenta
de aço rápido. Entretanto, se considerarmos que a potência de corte disponível na máquina seja um
dos limites do processo, o que não levamos em conta neste estudo, é bom lembrar que na usinagem
com ferramenta de metal duro as condições de corte impõem um consumo muito maior da
potência disponível na máquina.
Não sendo a potência o limite para as condições de corte, convêm portanto buscar-se
sempre que possível as condições mais econômicas para o processo, sejam associadas à máxima
produção ou ao mínimo custo conseguidos.
5 EXERCÍCIO
Determine o intervalo de máxima eficiência para duas escolhas diferentes de ferramenta e
ainda faça a adequação dos dados de corte à máquina disponível para a operação de torneamento
longitudinal de um eixo de diâmetro inicial 82,0mm e final igual a 64,0mm por 146mm de
comprimento em duas passadas, feito em ferro fundido com dureza 183 HB. Têm-se à disposição
um torno mecânico CNC com potência de acionamento na árvore de 4,5 CV e rotação variando de
50 a 4000 rpm. Determine, inicialmente, o custo da hora máquina, sabendo:
Na determinação dos tempos fixos pode-se desprezar valores de tdem e tdp. Desconsidere
ainda o custo independe da Vc (Kc), já que o objetivo é comparar os custos relacionados aos
tempos de usinagem.
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6 BIBLIOGRAFIA
DINIZ, Anselmo E.; MARCONDES, Francisco C.; COPPINI, Nivaldo L. Tecnologia da
Usinagem dos Materiais. São Paulo: MM Editora, 1999.
FERRARESI, Dino. Fundamentos da Usinagem dos Metais. 9. Ed. São Paulo: Edgard Blücher,
1995.
STEMMER, Caspar Erich. Ferramentas de Corte II. 1. ed. Florianópolis: Editora da UFSC,
1993.