RESUMO
Augusto Petri1
E-mail:petriaugusto@gmail.com
Este presente artigo versa analisar o processo imigratório italiano para o Brasil na
sua fase inicial. A análise deste trabalho se constitui em estudar o processo histórico
e político de ambos os países, isto é, Brasil e Itália. Para realizar esta pesquisa
foram utilizados outros trabalhos já feitos sobre o presente tema, utilizando-se do
método histórico. Constatou-se, que os diferentes estudiosos sobre o tema,
divergem pouco sobre as suas opiniões, pois estes se utilizaram do mesmo método,
isto é, o método histórico e estatístico. As divergências estão presentes nos
aspectos do tamanho da comunidade Ítalo-brasileiro, sendo que a maioria dos
estudiosos consideram o Brasil como o país que constitui a maior comunidade
italiana no mundo. As divergências se dão algumas vezes também no que diz
respeito as causas que levaram essas pessoas a emigrar para o Brasil. Os
resultados obtidos com os estudos deste presente artigo, foram uma análise mais
aprofundada do processo da imigração italiana no Brasil, processo que muitos já
ouviram algo a respeito, mas que pouco se trabalha no cenário de história brasileira,
e mais além, da história latino-americana. Um outro prisma da análise deste
processo histórico alcançado como resultado, foi uma análise politica e social do
processo, pois esse tipo de análise não é comum no estudo da imigração italiana,
mas é uma característica do mesmo.
PALAVRAS-CHAVES
RIASSUNTO
PAROLI-CHIAVI
Este artigo irá analisar os processo imigratório italiano, dos anos 1880,
começo da sua intensificação até a década de 1900, especificamente até 1902
quando foi criado o decreto Prinetti que proibiu a imigração italiana para o Brasil com
a ajuda de órgãos que subsidiava essa imigração, mas é importante frisar que este
decreto não proibia a imigração por conta própria. Também aqui se fará uma análise
das diferenças entre o imigrante do norte da Itália e aquele do sul.
Zuleika Alvim foi escolhida como a principal historiadora, que contribuiu para a
realização deste artigo, e é no trabalho desta autora que o artigo procura focar-se.
Mas não excluindo também alguma contribuição de Angelo Trento, historiador e
cientista político italiano, atualmente é professor da universidade de Napoli.
Houve, portanto, uma proletarização dos italianos vênetos que foram trabalhar
nas indústrias como operários que não vislumbravam alternativas para o sustento.
Todavia, a ideia de poder possuir uma terra própria e nela enriquecer-se, fez
com que mesmo aquelas pessoas que tinham uma vida mais estável, emigrassem,
pois poderiam elas conquistar uma vida digna, sem depender de patrão algum. Uma
forma na qual os indivíduos encontraram para se rebelar contra o sistema
imperialista. Os italianos setentrionais em sua maioria, vendiam tudo que ainda lhes
restavam, como animais, terras e ferramentas, pois estes não tinham a intenção de
jamais retornar ao seu país, partindo com famílias inteiras para a América, sobretudo
ao Brasil no caso dos vênetos.
A alimentação era ainda pior do que aquela típica das regiões setentrionais,
os setentrionais se alimentavam de polenta, pão de centeio e minestra (sopa), por
outro lado os meridionais muitas vezes não tinham do que se alimentar, além de um
pão por dia, ou alimentos em condições precárias, como relata Alvim:
O Brasil não se caracterizou por ser um dos primeiros países a inserir a mão
de obra imigrante no campo de trabalho interno, muito pelo contrário, a ideia de que
a força de trabalho imigrante poderia ser um caminho alternativo gerou muita
resistência por parte dos fazendeiros, principalmente aqueles do Vale do Paraíba,
que insistiam em se apoiar na mão de obra escrava.
Logo após isso, mesmo bem antes da abolição da escravidão, foi adotado o
sistema assalariado de mão de obra imigrante, mais especificamente em 1870. O
sistema de mão de obra assalariada se consistia em imigração subvencionada, isto
é, o imigrante além de ter os custos da viagem pagos pelo fazendeiro, não precisava
reembolsá-lo, tinha acesso a um pedaço de terra um pouco maior do que aquele
vigente no sistema de parceria e ainda recebiam um pequeno salário. Tudo isto
protegido por lei. Mas todo custo adicional que o imigrante tivesse com saúde e
alimentação, ele mesmo teria de custeá-los. O que deixou os imigrantes sem o
auxílio do patrão que usava desta política para explorá-los e a expô-los a situações
miseráveis, muitas vezes ainda pior do que aquelas dos escravos que ainda tinham
algum tipo de assistência já que não eram assalariados.
No início deste sistema, o italiano não era a maioria, dava-se prioridade para
os europeus provenientes do norte do continente. Em 1871 foi decretada uma lei
pela província de São Paulo, que autorizava o governo da província a emitir apólices
de até 600:000$000 para auxiliar nos custos de viagens para os imigrantes.
Lembrando que após o ano de 1900 as entradas e saídas não foram somente
de italianos e alemães, mas também de japoneses, árabes e imigrantes oriundos do
leste europeu.
Por fim, em 1902 por iniciativa do ministro das relações exteriores da Itália e
chefe do comissariado da imigração italiana, Giulio Prinetti, o governo italiana fez
um decreto com o mesmo nome do ministro, o famoso decreto Giulio Prinetti, pôs
um ponto final proibindo a imigração subvencionada para o Brasil.
Os italianos como já foi dito, formaram bairros colônias, porém aqui em São
Paulo se destacaram as influências culturais dos italianos meridionais, sobretudo
calabreses e napolitanos. Os vênetos por outro lado, cultivaram seus dialetos em
colônias no sul do Brasil, regiões nas quais esses imigrantes não tiveram muito
contatos com povos de outras origens. Um aspecto curioso é que os dialetos
vênetos falados ainda hoje no Brasil, já não são mais utilizados na Itália, havendo
uma extinção de falantes da língua. Daqui a alguns anos o vêneto será classificado
como língua morta na Itália.
5. CONCLUSÃO
Conclui-se com este trabalho, que a imigração italiana é um tema muito amplo
e deveria ser mais estudado, pois a comunidade ítalo-brasileira hoje, é a terceira
maior do Brasil, ficando atrás somente da comunidade afro-brasileiro e luso-
brasileira respectivamente.
Procurou-se com este trabalho realizar uma análise voltada também para os
aspectos sociais, o maior exemplo disto, foi o capítulo que diz respeito aos italianos
meridionais, que hoje ainda são alvos de extrema discriminação na Itália e na
Europa, mostrando que os países ditos de primeiro mundo podem ser aqueles que
mais se assemelham ao ''terceiro mundismo''.
O caso italiano, se estudado com afinco pode servir de estudos para
fortalecer as ciências sociais, podendo se constituir no maior exemplo de destruição
capitalista do século XIX.
6. BIBLIOGRAFIA
ALVIM, Zuleika M.F. Brava Gente! Os italianos em São Paulo. São Paulo: Ed.
Brasiliense,1986.
BERTONHA, João Fábio. A imigração Italiana no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2004.
HUTTER, Lucy Maffei. Imigração italiana em São Paulo (1880-1889): Os primeiros
contactos do imigrante com o Brasil. São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros/USP,
1972.
TRENTO, Angelo. Do outro lado do Atlântico: um século de imigração italiana no
Brasil. São Paulo: Ed. Nobel, Instituto Italiano de Cultura,1989.