Anda di halaman 1dari 18

IMIGRAÇÃO ITALIANA EM SÂO PAULO ENTRE 1880 A 1900

RESUMO
Augusto Petri1
E-mail:petriaugusto@gmail.com

Este presente artigo versa analisar o processo imigratório italiano para o Brasil na
sua fase inicial. A análise deste trabalho se constitui em estudar o processo histórico
e político de ambos os países, isto é, Brasil e Itália. Para realizar esta pesquisa
foram utilizados outros trabalhos já feitos sobre o presente tema, utilizando-se do
método histórico. Constatou-se, que os diferentes estudiosos sobre o tema,
divergem pouco sobre as suas opiniões, pois estes se utilizaram do mesmo método,
isto é, o método histórico e estatístico. As divergências estão presentes nos
aspectos do tamanho da comunidade Ítalo-brasileiro, sendo que a maioria dos
estudiosos consideram o Brasil como o país que constitui a maior comunidade
italiana no mundo. As divergências se dão algumas vezes também no que diz
respeito as causas que levaram essas pessoas a emigrar para o Brasil. Os
resultados obtidos com os estudos deste presente artigo, foram uma análise mais
aprofundada do processo da imigração italiana no Brasil, processo que muitos já
ouviram algo a respeito, mas que pouco se trabalha no cenário de história brasileira,
e mais além, da história latino-americana. Um outro prisma da análise deste
processo histórico alcançado como resultado, foi uma análise politica e social do
processo, pois esse tipo de análise não é comum no estudo da imigração italiana,
mas é uma característica do mesmo.

PALAVRAS-CHAVES

Imigração; Itália; Brasil; Bracciante; unificação.

RIASSUNTO

Lo scopo del presente articolo, è annalizzare il processo dell'immigrazione italiana


nel Brasile. L'analisi di questa tesina se costituisce di studiare il processo storico e
politico d'entrambi paesi, cio è, Brasile ed Italia. Nel svolgimento della ricerca furono
1 PETRI, Augusto. Aluno segundo anista do curso de Relações Internacionais, ministrado no Centro
Universitário Fundação Santo André
utilizzati altre tesine già realizzati sulla immigrazione italiana, come metodo storico.
Si è constatato, che i diversi studiosi sulla immigrazione non hanno avuto molte
divergenze, perché si utilizzarono dello stesso metodo, quello storico e statistico. Le
poche divergenze sono presente nel aspetto della dimensione in cui si costituisce la
comunità italo-brasiliana, tra il quale la maggioranza degli studiosi considerono il
Brasile come il paese com la maggiore comunità italiana nel mondo. Le divergenze
sono presente anche nell'aspetto dei motivi per il quale gli italiani emmigrarono per il
Brasile. I risultati ottenuti com gli studi di questo presente articolo, furono un' analisi
piú aprofondita del processo immigratorio italiano per il Brasile, un processo da cui
molte persone avevano già sentito qualche informazioni a rispetto, però non ci sono
molti ricerche e studi scientifici sullo stesso nella storia brasiliana ed inoltre nella
storia latino-americana. Un altra visione scientifica di questo processo storico, per cui
abbiamo arrivati, fu un analisi politica e sociale del processo italiano, poiché tipo di
analisi non é molto comune nello studio della immigrazione italiana, tuttavia è una
caratteristica del próprio processo.

PAROLI-CHIAVI

Immigrazione; Italia; Brasile; Bracciante; Unificazione.


1. INTRODUÇÃO

O processo imigratório para o Brasil, é um tema estudado por uma pequena


parte de historiadores e cientistas sociais, mas que não se constitui em um campo
rico de análises profundas, isto é, a maioria dos estudiosos se restringem a analisar
a imigração italiana apenas como um processo histórico, se empenhando mais na
análise do lado brasileiro do processo, e em menor intensidade no caso italiano em
sí. A verdade é que entender o processo histórico que estava ocorrendo na Itália
naquele determinado momento, é fundamental para descobrir que este não se trata
apenas de um tema relevante somente para a história. Mas para as ciências sociais
também, pois o ato de emigrar era para as pessoas daquela época, não somente a
busca por melhores condições de vida, mas uma forma de enfrentar o sistema
imperialista que tanto contribuiu para a marginalização daquelas comunidades.

Constatou-se pelos depoimentos dos próprios estudiosos a cerca do tema, que


estes tiveram sérias dificuldades para concluir seus estudos, no entanto
conseguiram concluí-los. As dificuldades se constituem principalmente no que diz
respeito as informações escassas encontradas no Brasil, que nos dias de hoje não
são mais tão escassas assim. Isto porque, os arquivos históricos perderam
documentos ao longo dos anos, ou possuem informações incompletas com relação
aos imigrantes, que não eram registradas no momento da chegada destes ao porto
de Santos no caso de São Paulo, assunto principal deste artigo. Portanto, muitos
destes estudiosos tiveram que se dirigir aos arquivos históricos localizados na Itália,
ou conseguir informações com os familiares destes imigrantes.

Este artigo irá analisar os processo imigratório italiano, dos anos 1880,
começo da sua intensificação até a década de 1900, especificamente até 1902
quando foi criado o decreto Prinetti que proibiu a imigração italiana para o Brasil com
a ajuda de órgãos que subsidiava essa imigração, mas é importante frisar que este
decreto não proibia a imigração por conta própria. Também aqui se fará uma análise
das diferenças entre o imigrante do norte da Itália e aquele do sul.

O método de análise deste artigo portanto, se constitui no método histórico e


com algumas informações estatísticas, mas com um olhar sociológico do processo,
analisando também o lado expulsor, ou seja, a Itália.

Zuleika Alvim foi escolhida como a principal historiadora, que contribuiu para a
realização deste artigo, e é no trabalho desta autora que o artigo procura focar-se.
Mas não excluindo também alguma contribuição de Angelo Trento, historiador e
cientista político italiano, atualmente é professor da universidade de Napoli.

Estes dois estudiosos sobre o tema foram escolhidos como os principais


autores a serem analisados neste artigo, pois analisam as duas faces da imigração
italiana com a mesma intensidade, isto é, tanto o Brasil quanto a Itália. Possibilitando
uma análise mais completa sobre a imigração italiana no Brasil.

2. Itália: O lado expulsor do processo

O caso da imigração italiana também é produto dos problemas deixados pela


industrialização na Europa e principalmente pelo fato de que aquela nação recém-
unificada no momento da imigração dos italianos para a América, estava se
preparando para se tornar um país imperialista. Jamais será possível fazer uma
análise profunda do fato histórico da imigração italiana sem analisar também a Itália.

Primeiramente é preciso saber que a Itália se constituía em um caso muito


particular de industrialização, antes, durante e até depois da sua unificação, em 17
de março de 1861, a Itália era um país caracterizado por ser extremamente agrícola,
mas, mesmo assim, existiam regiões mais desenvolvidas (Lombardia e Toscana) e
regiões ainda com características feudais, como era o caso das regiões do sul.
No vêneto, região que mais disponibilizou trabalhadores para as lavouras de
café no Brasil, os Italianos na maioria das vezes eram pequenos donos de terra e/ou
trabalhadores independentes (artesãos, sapateiros, comerciantes de produtos
alimentícios e etc). Quando o capitalismo atingiu o campo, esses pequenos
proprietários e comerciantes foram quebrados pela concorrência da grande
burguesia industrial que estava se formando, mas que já controlavam o norte da
Itália seculos antes do surgimento do capitalismo. Os italianos desta região além de
perderem os seus negócios como proprietários falidos ainda se endividaram devido
aos altos impostos sobre a terra, criados pelo rei que desejava a industrialização.

Houve, portanto, uma proletarização dos italianos vênetos que foram trabalhar
nas indústrias como operários que não vislumbravam alternativas para o sustento.

Porém alguns trabalhadores também continuaram a trabalhar no campo,


como diaristas nas terras dos grandes proprietários, que muitas vezes também eram
industriais pois o conceito de riqueza de terras ainda era bem utilizado. Estes ex
proprietários agrícolas que escolheram trabalhar no campo, eram conhecidos como
''Braccianti'' ou trabalhadores que ofereciam sua força de trabalho em troca de
alimentos. Podendo esta categoria de trabalhadores ser fixa (trabalhavam no campo,
com contrato anual) ou temporário ( geralmente diaristas ou mensalistas, que
trabalhavam em período de extrema necessidade). É esta categoria, os Braccianti
que viram a se transformar na massa de imigrantes vênetos que iram ao Brasil.
Por outro lado, os ex proprietários que preferiram se proletarizar, imigraram
para os países vizinhos como Suiça, França, e principalmente para a Alemanha
devido ao seu rápido desenvolvimento industrial. Muitos italianos optaram a se
tornar Bracciante, pois no início era muito difícil trabalhar nas indústrias, devido a
grande exploração da força proletária, que eram expostas as longas jornadas de
trabalho, enquanto os trabalhadores rurais, pelo menos os fixos tinham um pequeno
pedaço de terra para produzir o que eles necessitavam. Essa era a condição mais
confortável no momento, como afirma Alvim:

Tinham trabalho assegurado durante o ano, alojamento na fazenda, uma


minúscula horta gratuita e a possibilidade de criar galinhas e porcos; suas
mulheres ainda podiam trabalhar como diaristas na mesma fazenda e
recebiam uma retribuição à parte, o mesmo acontecia com os jovens (…).
Estes '‘privilégios’' implicavam, por outro lado, uma relação do tipo feudal
com a fazenda: ligados com suas famílias à terra, não tinham sequer um dia
de repouso, não podiam deixar a propriedade sem permissão do patrão e
deviam obedecer todas as ordens. (ALVIM, Zuleika, Brava Gente! Os
italianos em São Paulo, 1986, p.37)

Contudo, a industrialização italiana se deu de forma muito lenta, logo a


população era maior do que as oportunidades de emprego que o país poderia
propiciar, eram comuns famílias de dez ou mais pessoas, ficava difícil alimentá-las e
não tinha para onde migrar, pois as outras partes do país eram ainda mais pobres.

Então, os vênetos em sua maioria, viram como únicas alternativas emigrar,


principalmente os braccianti diaristas, mas depois também os fixos.

Com a campanha brasileira a favor da imigração, começaram a circular ideias


de que ao Brasil era uma região de fértil e de fácil enriquecimento, terra na qual se
planta e se colhe de tudo, onde há terra para todos.

Todavia, a ideia de poder possuir uma terra própria e nela enriquecer-se, fez
com que mesmo aquelas pessoas que tinham uma vida mais estável, emigrassem,
pois poderiam elas conquistar uma vida digna, sem depender de patrão algum. Uma
forma na qual os indivíduos encontraram para se rebelar contra o sistema
imperialista. Os italianos setentrionais em sua maioria, vendiam tudo que ainda lhes
restavam, como animais, terras e ferramentas, pois estes não tinham a intenção de
jamais retornar ao seu país, partindo com famílias inteiras para a América, sobretudo
ao Brasil no caso dos vênetos.

2.1 OS ITALIANOS MERIDIONAIS

Ao analisar o processo de inserção da industrialização no sul da Itália, ou


melhor a falta dela, é possível enxergar que a situação dos italianos dessas regiões,
era muito pior do que a situação no vêneto e outras regiões do norte.

Aqui a industrialização demorou a se desenvolver, pois o sistema feudal que


ali permanecia, impedia o desenvolvimento da mesma. A lenta industrialização que
ocorria no norte da Itália, estava por gerar uma desigualdade regional pior do que
aquela que existia antes da unificação. O caso da Itália meridional, com certeza é
um problema tanto econômico, mas principalmente social.

No sul da Itália o conceito de riqueza ainda era aquele da terra, a agricultura


tinha uma forma muito rudimentar sem nenhuma inovação tecnológica e sem
nenhum tipo de técnicas que facilitassem o uso da agricultura. Os grandes
proprietários de terras dividiam suas imensas terras em pequenas partes que não
davam condições de uma família produzir nestas terras. Sistema idêntico a aquele
que remete os tempos feudais, acima de tudo, os grandes fazendeiros e agiotas não
queriam de forma alguma a industrialização em seus domínios.

Os camponeses trabalhavam em um pedaço de terra e 65% da sua produção


deveria ser entregue ao dono destas terras, e em alguns casos também tinham de
pagar uma parte em dinheiro. Além de tudo, os camponeses trabalhavam um ou dois
dias de graça para o patrão.

Muitos autores denunciam as condições de trabalho abusivas, que circulavam


nestas regiões. Os trabalhadores tinham de suplicar ao patrão pelo seu salário que
era de 0,85 a 1,50 liras por dia, sendo que mulheres e crianças ganhavam o
equivalente 0,60 centavos de lira por dia.

A alimentação era ainda pior do que aquela típica das regiões setentrionais,
os setentrionais se alimentavam de polenta, pão de centeio e minestra (sopa), por
outro lado os meridionais muitas vezes não tinham do que se alimentar, além de um
pão por dia, ou alimentos em condições precárias, como relata Alvim:

Comiam pão de farinha de lentilha selvagem, o qual, ao ser assado,


assumia uma coloração negra e um aspecto desagradável e que, quando
faltava trabalho, punham para cozinhar ervas selvagens e as comiam sem
condimento nem pão (ALVIM, Zuleika, op. cit. p 56)

As casas destes indivíduos também se encontravam em condições precárias, não se


tinha o hábito de morar espalhado pelo campo como os setentrionais, devido ao
costume que o povo daquela região adquiriu por causa dos frequentes ataques por
parte dos povos estrangeiros ao longo dos séculos, moravam assim aglutinados em
cortiços. Situação que com o passar do tempo foi se complicando devido aos
crescentes aumentos das populações e a propagação de doenças como malária,
além do aumento da criminalidade que já era de costume altíssima naquelas regiões

Contudo, não se podia nem mesmo chamar aquelas moradias de casas:

Eram compostas por miseráveis e sórdidas vielas, às vezes suficientes só


para a passagem de um homem (…) com mil casebres, normalmente de um
só andar, grudados uns aos outros, unidos por corredores escuros de onde
se desprendia um cheiro pútrido e nauseante. Ali viviam famílias inteiras em
promiscuidade deplorável com os animais; normalmente o único cômodo
era dividido em duas partes: na primeira viviam as pessoas amontoadas
sem distinção de idade ou sexo, na segunda, os animais: bois, burricos, e
muitas vezes porcos e com os animais, seus excrementos. Seus únicos
móveis eram um catre cheio de palha, um banco, algumas cadeiras e
caixas. Cozinhavam normalmente sobre três pedras colocadas em forma de
triângulo, que lhes servia também de lareira. A saída da fumaça era pela
janela, quando tinham, caso contrário pela porta. (ALVIM, Zuleika, op. cit. p
57)

Os meridionais eram e ainda são, discriminados pela população italiana,


desde antes da sua unificação, conhecidos como povos de cultura e algumas vezes
raças inferiores, pois tiveram muitas influências árabes e espanholas incorporadas a
sua cultura, povos que não agradavam aos italianos. Os meridionais Eram mal vistos
principalmente pelos setentrionais e toscanos. Foram discriminados e segregados,
até mesmo em países que contavam com a sua presença, por imigrantes de outras
nacionalidades e pelos próprios italianos de outras regiões, que não tinham o
pensamento de que '’eram todos iguais'', mesmo em outros países, como foi o caso
do Brasil e dos Estados Unidos.

Os meridionais são um caso social a ser bem analisado, pois o nível de


discriminação no qual sofriam estes povos chegava a beira do absurdo, não se
diferenciavam dos povos africanos e latino-americanos durante o período das
colonizações. O mais importante da contribuição dos povos meridionais, foi que mais
ajudaram na industrialização dos grandes centros, como São Paulo e Nova York.
Uma forma de se rebelar as discriminações impostas pelo sistema. Os italianos do
Sul não se constituíram em uma única região com um grande massa imigratória,
como foi o caso dos vênetos, mas juntando os contingentes da Campânia, Calábria,
Basilicata, Abruzzo e Molise, se constituíram em uma comunidade expressiva de
imigrantes. Como pode ser visto tabela a baixo:

EMIGRAÇÃO ITALIANA PARA O BRASIL POR REGIÕES (1876-1925)


Vêneto 365.710
Campânia 166.080
Calábria 113.155
Lombardia 105.973
Abruzzo/Molise 93,020
Toscana 81,056
Emilia Romagna 59,877
Basilicata 52,888
Sicília 44,390
Piemonte 40,336
Puglia 34,844
Marche 25,074
Lazio 15,982
Umbria 11,818
Liguria 9,328
Sardenha 6,113
Total 1.243,633
Commissariato Generale dell'emigrazione. Annuario statistico dell'emigrazione italiana dal 1876 al
1925. Roma, Ed. CGE, 1926, p 152

O Italiano do sul tinha uma característica muito peculiar se comparado aos


vênetos e outros setentrionais. Enquanto o setentrional emigrava para os países
com a intenção de lá permanecer, levavam toda a família, portanto eles se
constituíram na massa imigratória permanente, ou seja, aquela que não retornou a
seu país de origem, ou não emigrou a outros países depois de estar no Brasil ou na
Argentina. Não que isso não tenha ocorrido entre eles em alguns casos.

Já o meridional na maioria das vezes tinha a intenção de emigrar, mas de


retornar a sua pátria um dia. Eram comuns os casos em que esses italianos
enviavam seus filhos para trabalhar sozinhos na América, com a esperança de que
estes ficassem ricos e um dia retornassem com uma condição de vida melhor.
Não era comum encontrar famílias inteiras de calabreses ou napolitanos nas
hospedarias enquanto desembarcavam.

Os Meridionais se caracterizaram por ser um imigrante bem diferente dos


meridionais. Estes não tinham muita experiência em administrar um grande pedaço
de terra, nem tão pouco tinham sido proprietários de terra como os braccianti
vênetos e não sabiam técnicas sofisticadas para a lavoura, portanto não se
encaixavam na preferência dos fazendeiros que procuravam mão de obra barata.

Estes se dirigiram aos montes para os centros urbanos, eram os ''braccianti


operagi'' (trabalhadores braçais urbanos, da indústria, ou operários), este foi o setor
no qual estes aproveitaram a sua força de trabalho, formaram vários bairros colônias
em São Paulo, Nova York e Buenos Aires, foram os primeiros industriais dessas
regiões.

O destino preferido dos meridionais era os EUA e não o Brasil, pois lá a


oportunidade de emprego era maior para estes que não tinham nada. Os sicilianos
que não foram expressivos aqui no Brasil se tornaram a grande massa imigratória
para os EUA, quase como os vênetos aqui. Tinham a ilusão de que, indo para os
Estados Unidos fugiriam da discriminação que sofriam na Itália e na Europa (os
países desenvolvidos da Europa não aceitavam italianos meridionais como força de
trabalho imigrante), mas ao chegarem nos Estados Unidos, sofreram discriminações
de imigrantes irlandeses e holandeses, principalmente em Nova York. Apesar dos
problemas, suas contribuições foram grande na área industrial.

3. BRASIL: O LADO RECEPTOR DO PROCESSO

O Brasil não se caracterizou por ser um dos primeiros países a inserir a mão
de obra imigrante no campo de trabalho interno, muito pelo contrário, a ideia de que
a força de trabalho imigrante poderia ser um caminho alternativo gerou muita
resistência por parte dos fazendeiros, principalmente aqueles do Vale do Paraíba,
que insistiam em se apoiar na mão de obra escrava.

Mas quando a Inglaterra proibiu o tráfico negreiro, proclamou-se a lei Eusébio


de Queirós em 4 de setembro de 1850. Daí em diante foi se complicando a vinda de
mão de obra escrava para as fazendas de café, os fazendeiros conseguiam
escravos somente comprando do nordeste brasileiro.

O grande senador Vergueiro, mesmo a contragosto dos fazendeiros, tentou


inserir o sistema de parceria para trazer os primeiros imigrantes europeus para
trabalhar na sua fazenda em Ibicaba. Este sistema funcionava com a vinda do
imigrante para o Brasil, o fazendeiro pagava a passagem e os custos da viagem do
imigrante, por outro lado o imigrante já chegava com dívidas. A ele era dado um
pequeno pedaço de terra para plantar e produzir aquilo para a sua subsistência, mas
cerca de 60% da produção era dada ao patrão, o imigrante não podia sair da
fazenda sem autorização e tinha de comprar os produtos necessários para o seu
cotidiano, na venda do patrão que o ludibriava e o endividava mais. Acima de tudo
as condições de trabalho eram exaustivas. Este sistema introduzia a mão de obra
alemã e suiça.
Logo não tardou a ocorrer revolta, o evento ocorrido em 1857 ficou conhecido
como ''a revolta de Ibicaba'' que tinha como o seu lider um imigrante alemão
chamado Thomas Davatz, que depois escreveu um livro relatando os fatos.

Logo após isso, mesmo bem antes da abolição da escravidão, foi adotado o
sistema assalariado de mão de obra imigrante, mais especificamente em 1870. O
sistema de mão de obra assalariada se consistia em imigração subvencionada, isto
é, o imigrante além de ter os custos da viagem pagos pelo fazendeiro, não precisava
reembolsá-lo, tinha acesso a um pedaço de terra um pouco maior do que aquele
vigente no sistema de parceria e ainda recebiam um pequeno salário. Tudo isto
protegido por lei. Mas todo custo adicional que o imigrante tivesse com saúde e
alimentação, ele mesmo teria de custeá-los. O que deixou os imigrantes sem o
auxílio do patrão que usava desta política para explorá-los e a expô-los a situações
miseráveis, muitas vezes ainda pior do que aquelas dos escravos que ainda tinham
algum tipo de assistência já que não eram assalariados.

No início deste sistema, o italiano não era a maioria, dava-se prioridade para
os europeus provenientes do norte do continente. Em 1871 foi decretada uma lei
pela província de São Paulo, que autorizava o governo da província a emitir apólices
de até 600:000$000 para auxiliar nos custos de viagens para os imigrantes.

Essa política foi se estendendo até o começo da década de 1880 quando o


Italiano Luiz Bianchi Bertoldi, que morava em São Paulo desde de 1872 indicou para
os fazendeiros do oeste paulista que estavam no poder, a imigração italiana que se
tornou a mais barata e a mais lucrativa. Bertoldi era um cidadão muito conhecido na
província de São Paulo, pois tinha ajudado a construir quilômetros de ferrovias nesta
província.

Criou-se então, em 1886 a Sociedade Promotora de Imigração, na qual se


focava principalmente na imigração italiana. Esta firmava contato com companhias
de navegação, como foi o caso do vapor Regina e Re Umberto, dois dos famosos
navios italianos que trouxeram imigrantes para o Brasil. Curiosamente os primeiros
imigrantes italianos desembarcaram no Espirito Santo em 1875, na chamada
expedição Tabacchi. Hoje ainda há discordâncias com relação a este caso, pois os
primeiros imigrantes italianos eram da região de Trento, onde se localiza o Tirol
italiano, na época era um território pertencente a Áustria, portanto muitos estudiosos
consideram esses imigrantes como sendo austríacos. Ainda hoje os trentinos da
região de Bolzano ainda falam mais alemão do que italiano.

Com a política imigratória italiana estabelecida na década de 1880, os


fazendeiros procuravam imigrantes com experiência na lavoura, foi aí que
encontraram a mão de obra vêneta. Muitos braccianti diaristas, ou temporários não
viam outra alternativa se não a de emigrar. Com a ideia de fartura de terras, os
braccianti fixos também decidiram deixar o vêneto, muitos proletários vênetos que
trabalhavam nas fábricas dos países europeus também se viram atraídos pela ideia
de emigrar e voltar a se tornar um proprietário de terra.

O período de 1880 a 1900 foi onde se registrou mais entradas de italianos em


São Paulo pelo porto de Santos, não só os setentrionais, mas muitos meridionais
também, apesar do movimento imigratório de italianos meridionais ter se
intensificado após 1900. O período que se estende de 1880 a 1900, se constituiu na
primeira fase da imigração italiana.

No entanto, depois de analisar a situação e ver que as propagandas sobre o


Brasil não eram assim tão realistas, muitos imigrantes italianos juntaram dinheiro
para emigrar a Argentina (principal destino dos setentrionais que sairam do Brasil,
apesar destes terem uma certa resistência a deixar o país) ou para os meridionais,
os Estados Unidos. Pode-se imaginar o cenário, analisando a tabela abaixo:

ENTRADAS E SAÍDAS DE ESTRANGEIRO NO PORTO DE SANTOS 1887-1914


Período Entrada Saídas % das saídas sobre
as entradas
1887-1893 421,924 37.518 8,9
1894-1900 380,999 166,979 43,8
1901-1907 287,002 249,062 86,8
1907-1914 434,877 241,790 55,6
M.M.Hall, The origins of mass immigrantions in Brazil, 1871-1914, p. 185.

Lembrando que após o ano de 1900 as entradas e saídas não foram somente
de italianos e alemães, mas também de japoneses, árabes e imigrantes oriundos do
leste europeu.

Por fim, em 1902 por iniciativa do ministro das relações exteriores da Itália e
chefe do comissariado da imigração italiana, Giulio Prinetti, o governo italiana fez
um decreto com o mesmo nome do ministro, o famoso decreto Giulio Prinetti, pôs
um ponto final proibindo a imigração subvencionada para o Brasil.

O governo obteve informações de italianos que retornaram do Brasil ou de


familiares dos mesmos que se comunicavam através de cartas com seus entes.
Foram relatadas situações de escravidão, nas quais os italianos trabalhavam o dia
todo, o salário que recebiam era muito pouco para alimentar a família, e muitas
vezes dormiam nas senzalas, onde as condições de higiene eram péssimas. O
decreto prinetti não impedia no entanto, as pessoas que queriam emigrar por conta
própria. Mas como não havia muita fiscalização, para burlar o decreto, as
associações de viagens do Brasil promoveu embarques em outros portos europeus
e não mais o porto de Gênova e de Napoli.

4.A ASSIMILAÇÃO DO ITALIANO A CULTURA BRASILEIRA E SUAS


CONDIÇÕES DE VIDA

Os imigrantes em São Paulo tiveram uma rápida assimilação com a cultura


paulista, pois foram obrigados, muitas vezes por questões de trabalho. Conviviam
com muitos imigrantes de outras nacionalidades e com ex escravos também, o
português era a língua comum de comunicação entre os diferentes povos em São
Paulo.
Os primeiros contatos entre os italianos e os brasileiros não foram totalmente
pacíficos, existindo casos de conflitos entre as duas etnias. O evento mais famoso
foi o ataque de brasileiros ao teatro São José, um conflito étnico que causou a morte
de dez italianos e dois brasileiros. Os imigrantes italianos em alguns casos
adotavam práticas discriminatórias contra negros e mestiços, mas com o passar dos
anos essas relações foram ficando mais amigáveis.

As formações dos bairros do Brás e da Mooca, foram dois dos grandes


exemplos de miscigenação e cooperação entre a cultura italiana e a cultura afro-
brasileira. Temos como símbolo desta miscigenação o compositor e cantor do
gênero musical Samba, Adoniran Barbosa, cujo nome verdadeiro era João Rubinato,
filho de imigrantes italianos provenientes de Veneza na região do Vêneto.

Os italianos como já foi dito, formaram bairros colônias, porém aqui em São
Paulo se destacaram as influências culturais dos italianos meridionais, sobretudo
calabreses e napolitanos. Os vênetos por outro lado, cultivaram seus dialetos em
colônias no sul do Brasil, regiões nas quais esses imigrantes não tiveram muito
contatos com povos de outras origens. Um aspecto curioso é que os dialetos
vênetos falados ainda hoje no Brasil, já não são mais utilizados na Itália, havendo
uma extinção de falantes da língua. Daqui a alguns anos o vêneto será classificado
como língua morta na Itália.

Os italianos foram construindo seus direitos aos poucos, mas no início


levavam uma vida muito difícil, muitos chegavam ao Brasil, analfabetos e muitas
vezes não se alfabetizavam durante a vida, pois conviviam com a família que muitas
vezes também não era alfabetizada, como afirma Angelo Trento:

O analfabetismo primordial do colono exclui qualquer outro processo


educacional, há uma degradação que do pai, que foi para a fazenda, passa
ao filho, que já nasceu e cresceu sem qualquer influência educadora como
escola, igreja, exército, vida pública; de modo que a mentalidade do colono
se limita cada vez mais ao ambiente das necessidades materiais
domésticas e não menos material de ter um pecúlio infrutífero e mal
guardado debaixo do colchão ou no baú das roupas. (TRENTO, Angelo. Do
outro lado do Atlântico; um século de Imigração italiana no Brasil, 1989, p.
112)
Houve sim, iniciativas de alguns fazendeiros em construir escolas para estes
imigrantes, todavia, estavam tão preocupados com a luta pela sua subsistência que
a alfabetização não se tornou uma prioridade.

Apesar de muitos destes imigrantes, serem analfabetos, sem dúvidas


deixaram influências linguísticas, que fazem parte do dialeto paulista e sobretudo
paulistano.
O português de São Paulo é o único dialeto português do mundo que recebe
influência dos dialetos italianos, como, por exemplo, palavras terminadas em ''i'' em
vez de ''e'' e o uso frequente de ''r'' e ''s'', por exemplo: Ele, muitas vezes se diz ''eli'',
''leiti'' em vez de leite. Sobretudo o ''falar cantado'', característica marcante do
paulista Brasil à fora. A unesco passou a consideram o ''dialeto paulista'' como
patrimônio histórico brasileiro.

Muitas foram as contribuições que os imigrantes italianos deixaram para os


países que os receberam, sobretudo o avanço nos setores industriais e do design,
além da incorporação de pratos italianos a culinário brasileira.

5. CONCLUSÃO

Conclui-se com este trabalho, que a imigração italiana é um tema muito amplo
e deveria ser mais estudado, pois a comunidade ítalo-brasileira hoje, é a terceira
maior do Brasil, ficando atrás somente da comunidade afro-brasileiro e luso-
brasileira respectivamente.

Procurou-se com este trabalho realizar uma análise voltada também para os
aspectos sociais, o maior exemplo disto, foi o capítulo que diz respeito aos italianos
meridionais, que hoje ainda são alvos de extrema discriminação na Itália e na
Europa, mostrando que os países ditos de primeiro mundo podem ser aqueles que
mais se assemelham ao ''terceiro mundismo''.
O caso italiano, se estudado com afinco pode servir de estudos para
fortalecer as ciências sociais, podendo se constituir no maior exemplo de destruição
capitalista do século XIX.

Demonstra-se, por meio deste artigo, o mais profundo apoia às comunidades


italianas do mundo na luta pelos seus direitos, pois jamais a Itália deverá se
esquecer daqueles que emigraram e ajudaram o seu próprio país a crescer.

Existem mais italianos e descendentes espalhados pelo mundo do que na


própria Itália, sobretudo no Brasil, objeto de análise deste trabalho.

Procurou-se aqui demonstrar, que é um erro generalizar os imigrantes


italianos, pois cada italiano, possui a suas características regionais e culturais,
mesmo por conta das influências dos diferentes povos que eles receberam durante
as dominações, pelas quais a península itálica submeteu-se ao longo dos séculos.
Sem levar em conta essas particularidades na análise de um processo imigratório
italiano, jamais será possível obter um resultado satisfatório. È de suma importância
que os próximos trabalhos realizados a cerca do tema, levem esses aspectos em
consideração.

6. BIBLIOGRAFIA

ALVIM, Zuleika M.F. Brava Gente! Os italianos em São Paulo. São Paulo: Ed.
Brasiliense,1986.
BERTONHA, João Fábio. A imigração Italiana no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2004.
HUTTER, Lucy Maffei. Imigração italiana em São Paulo (1880-1889): Os primeiros
contactos do imigrante com o Brasil. São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros/USP,
1972.
TRENTO, Angelo. Do outro lado do Atlântico: um século de imigração italiana no
Brasil. São Paulo: Ed. Nobel, Instituto Italiano de Cultura,1989.

Anda mungkin juga menyukai