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Teoria Geral do Direito Privado II

Revisão:
Pessoa Natural:

1. Introdução

A origem do conceito pessoa é da teologia cristã. Entretanto, o problema da pessoa é o


problema da santíssima trindade.

Boécio (Séc. VI) foi o primeiro a teorizar o conceito de pessoa. Ele coloca pessoa como “per-
sonare”, ou seja, pessoa como máscara. Pessoa desempenharia um papel, faz-se ouvir
perante os outros. Há então, uma fundamentação de pessoa como um ser social que
desempenha um papel social.

Tomás de Aquino cria novo conceito de pessoa, colocando-a como aquilo que há de mais
digno (percebe-se aqui um componente divino) na natureza. Aquino faz analogia e pensa na
pessoa humana. Para ele existiriam dois componentes:

a) Imanência – a pessoa se auto-pertence.


b) Transcendência – a pessoa tem uma abertura para o outro.

Existe também um conceito secularizado de pessoa. Nesse conceito a pessoa possui quatro
elementos:

a) Dignidade, ou seja, ter um projeto de felicidade.


b) Autonomia sendo a produção de normas para a sua própria vivência.
c) Alteridade, já que as pessoas não vivem isoladas e necessitam de outras.
d) Corpo como espaço primário de identidade, é a manifestação física da pessoa no
mundo.

2. Conceito jurídico de pessoa

O Artigo 1º do Código Civil (Art. 1o  Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na
ordem civil.) permite concluir que ser pessoa é ser dotada de personalidade, ou seja, ser sujeito
de direitos1.

Alguns autores tratam os conceitos de “personalidade” e de “capacidade de direito” de


forma diferenciada. Os autores consideram que personalidade é característica qualitativa, você
possui ou não, diferente de capacidade de direito que seria quantitativa, variando de
intensidade. Entretanto, não há prejuízo de considerar os conceitos como semanticamente
iguais.

O início da pessoa está descrito no artigo 2º do C.C. (Art. 2o  A personalidade civil da
pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos
do nascituro.). A Lei de Registros Públicos (6.015/73) define o que é nascimento com vida
como visto no seguinte artigo:

Art. 53 - § 2º No caso de a criança morrer na ocasião do parto, tendo, entretanto,


respirado, serão feitos os dois assentos, o de nascimento e o de óbito, com os
elementos cabíveis e com remissões recíprocas.

1
É importante diferenciar sujeito de direitos de objetos tutelados. O objeto não possui deveres, já o
sujeito possuía uma postura ativa no ordenamento jurídico, produzindo e vivenciando as normas.

1
O fim da vida está no artigo 6º do C.C.: (Art. 6 o A existência da pessoa natural termina
com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a
abertura de sucessão definitiva.). O término da vida é definido pela resolução 1480/97
(CONSIDERANDO que a parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte,
conforme critérios já bem estabelecidos pela comunidade científica mundial ;) do CFM.

3. Capacidade de Fato

A capacidade de fato está ligada à ideia de autonomia, essa se dá na interação com ou


outro. Sobre incapacidade versam os artigos 3º e 4ª do Código Civil. É bom relembrar que o
processo de interdição é declaratório, já que aquilo que a constitui é a deficiência mental. A
sentença de interdição não é coisa julgada visto que essa por ser suspensa.

Sempre presume-se a capacidade. A incapacidade visa a proteção e autonomia das


pessoas.

2
Aula de Bens

Os bens são os objetos da classificação jurídica.

1) Bens X Coisas (em latin: Bona X res).


Ora se concebe o conceito de coisa como mais amplo, ora os bens. Não existe uma
diferença significativa entre coisas e bens – podem ser trabalhados como sinônimos. O
Código Civil brasileiro utiliza o termo “bens”.

2) Conceito de bens:
a) Sentido filosófico: bens seriam tudo que correspondem ao interesse humano.
b) Sentido econômico: seriam necessidades humanas.
c) Sentido jurídico:
a. Bem é aquilo que não é pessoa.
b. É objeto de direitos e obrigações (de uma relação jurídica)
Relação Jurídica (exemplo de venda de uma casa):
Objeto imediato: dar, fazer a não fazer (prestação)
Objeto mediato: casa; dinheiro. É corpóreo.

3) Classificação dos bens:


a.
i. Corpóreos: tem existência no mundo físico, podem ser percebidos
pelos sentidos.
ii. Incorpóreos: criações da mente humana. (Exemplo: bens intelectuais,
obras literárias).
b.
i. Móveis: aquilo que posso remover sem que haja destruição.
1. Móveis por natureza: incorpóreos que o direito trada como
móveis.
2. Por determinação legal.
ii. Imóveis: tudo que se incorpora ao solo, sua remoção gera destruição.
1. Imóveis por natureza: tudo que se adere naturalmente ao solo.
2. Imóveis por acessão física: que o homem adere artificialmente.
3. Imóveis por acessão intelectual: que é naturalmente móvel,
mas o homem o torna imóvel.
4. Imóveis por determinação legal: que são móveis, mas por
determinação legal se tornam imóveis.

Obs: há uma discussão sobre qual critério se utiliza para classificar os animais,
eles são mais que coisas. Mas, por enquanto estão na classificação de bens
móveis.

c.
i. Fungíveis: que podem ser substituídos (desde que seja do mesmo
gênero, qualidade, quantidade). Exemplo: dinheiro (se empresta uma
nota de 50 reais, devolve-se só com notas diferentes.)
ii. Infungíveis: que não podem ser substituídos. Os bens imóveis são
sempre infungíveis. Os bens móveis podem ser fungíveis e infungíveis.

(Art. 579 – comodato; e 586 - mútuo)

d.

3
i. Consumíveis – definidos pelo artigo 862.
ii. Não consumíveis.

e.
i. Divisíveis – definidos pelo artigo 873
ii. Indivisíveis.

Obs: alguns objetos, se divididos, perderiam seu valor econômico, são, então,
bens indivisíveis. Sobre a indivisibilidade:

 Natural: exemplo: um animal.


 Consensual: exemplo: credor e devedor. (consenso
em não dividir)
 Legal: quando a lei determina. (exemplo: direito à
herança).
f.
i. Singulares: unidade – definidos pelo artigo 89. 4
ii. Coletivos: pluralidade.
1. Universalidade de fato: partes decidem tratar um bem como
coletividade. Exemplo: vender uma biblioteca como um todo.
2. Universalidade de direito: que a lei determina. Exemplo:
herança.
g.
i. Principais: existe por si mesmo, de forma independente.
ii. Acessórios: se acopla ao bem princial, tem sua existência jurídica, mas
tem sua destinação jurídica ao bem principal. A regra é “o acessório
segue o original”. O que acontecer com o principal acontece com o
acessório. Exemplos: art. 2335 e 2876.
1. Pertenças: acoplado a coisa principal para ajudar, facilitar o
bem principal. As pertenças são seguem a sorte do principal,
ou seja, não seguem a regra.
2. Frutos: se retirados, não alteram a substância do objeto.
3. Produtos: alteram a substância.
4. Bem-feitoria: qualquer despesa que se tem com determinado
bem.
 Necessária: é essencial.
 Úteis: para melhorar o uso, potencializar.
 Voluptuárias: para embelezar, para deleite.
Exemplo. Art. 12197 e 12208.
h.
i. Públicos: pertencem a pessoas jurídicas públicas.

2
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também
considerados tais os destinados à alienação.
3
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de
valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
4
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.
5
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário
resultar do título ou das circunstâncias do caso.
6
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
7
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto
às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o
direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
8
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de
retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

4
1. De uso comum: o povo pode utilizar.
2. De uso especial: utilizado pelas pessoas jurídicas.
3. Dominicais: integram o patrimônio da pessoa jurídica, mas
podem ser alterados.
ii. Particulares: conceito por exclusão.

i.
i. Disponíveis: podem ser alienados.
ii. Indisponíveis: não pode ser comercializado. Exemplo: públicos de uso
comum e especial.

5
Do fato ao negócio jurídico

1. Fatos

Fatos são acontecimentos que provocam mudanças nas esferas objetiva, subjetiva e
intersubjetiva. São exemplos: a chuva, a respiração, o incêndio, a fala. Eles ocorrem no espaço
e no tempo (todo fenômeno é contextualizado). Uma norma jurídica é um ato de linguagem, de
fala.

2. Fatos jurídicos

Uma respiração pode ser um fato jurídico: a 1ª respiração gera a atribuição de


personalidade. Da mesma forma que um incêndio pode ser considerado e o ato da fala, ao
dizermos “declaro-vos casados”. Como diferenciar se um fato é jurídico?

Em uma perspectiva silogística colocamos a Lei como premissa maior e o fato com
premissa maior, o juízo seria a conclusão. Entretanto não é de tamanho simplismo. As normas
são um contexto linguístico. Dessa maneira, elas são interpretadas sob a perspectiva dos fatos
(ocorrem no espaço e no tempo), prova-se aí a faticidade constante. Na perspectiva
hermenêutica fatos e formas se auto-influenciam.

Fatos Normas

A norma será analisada por uma juridicidade, e os fatos serão filtrados sob a
luz da normatividade, realizando aí um ciclo. Dentre os fatos jurídicos o que nos
interessa é a esfera subjetiva, que possui a participação da pessoa, esses então são
denominados atos jurídicos.

3. Atos jurídicos

As pessoas são capazes de ação. São capazes, também, de determinar sua


ação de acordo com a sua vontade (autonomia). O ato é um fenômeno juridicamente
relevante e intencional.

Fatos

Direito reage Direito não reage

não voluntários
(são os fatos Voluntários e
jurídicos em stricto involuntários
sensu)

6
Obs.: Não voluntário ≠ involuntário. O involuntário possui traços de vontade,
enquanto no não voluntário inexistem tais traços. São exemplos de atos jurídicos os
artigos 12509, 125210 e 128411.

Os atos voluntários são divididos em:

a) Ato-fato – existe, nesse, traço de vontade, mas é pequeno. Está no limite


entre um ato e um fato. Há vontade, mesmo que mínima. Podemos
exemplificar com o artigo 126412
b) Ato jurídico em sentido estrito – são definidos pelo artigo 185 (Art. 185. Aos
atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber,
as disposições do Título anterior.)
c) Ato paranegocial – são aqueles atos que o maior de dezesseis anos podem
praticar sem a necessidade de assistência. Exemplos: Arts. 666 13 e 186014. Tais
atos são justificados pelo fato do não sofrimento das conseqüências pelo menor.
No artigo 666 o que sofre as conseqüências é o mandante, e no artigo 1860 não há
conseqüências para o menor, visto que esse já morreu.
d) Negócio, sendo esse a produção mais refinada da vontade.

3. Negócios Jurídicos

O negócio jurídico é uma criação burguesa, ocorrida pós revolução francesa,


entretanto os seus criadores foram os pandectistas alemães. Esses buscavam
encontrar elementos comuns em toda a teoria geral do direito privado. Segundo os
pandectistas seriam os elementos: pessoas; bens (incluindo as prestações) e os
negócios. Os negócios jurídicos servem para criar, modificar e extinguir os direitos.

3.1 Definição de negócio jurídico

a) Caio Mário:

“Declarações de vontade destinadas à produção de efeitos jurídicos queridos pelo


agente”.

Tal definição possui algumas deficiências,

b) Pedro Pais de Vasconcelos

“Atos de autonomia privada,/ que põem em vigor uma regulamentação jurídica para os
autores,/ com o conteúdo que eles quiserem,/ nos limites da autonomia privada.”

Podemos dividir o enunciado de Vasconcelos em quatro fragmentos:

a) “Atos de autonomia privada” – é uma ação, que provoca modificação jurídica,


não somente uma declaração. Ação calcada na autonomia privada. A
autonomia possui quantum variável, variando em intensidade, independente da
9
Do processo de aluvião.
10
Do álveo abandonado.
11
Dos frutos caídos das árvores limítrofes.
12
Do achado de tesouro. Tal artigo fala que o dono do local, mesmo que sem sua vontade, recebe se for
encontrado, em sua propriedade tesouro.
13
Fala da possibilidade do menor ser mandatário.
14
Esse artigo fala da capacidade de testar do maior de dezesseis anos.

7
idade do agente. A autonomia plena é impossível. Autonomia é diferencia de
auto-suficiência. Autonomia privada é co-originada da autonomia pública.
b) “(...) que põem em vigor uma regulamentação jurídica para os autores (...)”.
Todos seriam legisladores. Há uma vontade finalística, deseja-se assumir um
status.
c) “(...) com o conteúdo que eles quiserem(...)”
A autonomia é variável, a liberdade de celebração é diferente da liberdade de
estipulação de conteúdo.
d) “(...) dentro dos limites da autonomia privada.”
Tanto do ordenamento jurídico quanto da esfera fenomeológica.
Podemos exemplificar com: Art. 104 caput e inciso II – contrato só vale dentro
da licitude e possibilidade; art. 421 – função social do contrato; art. 422 guardar
parâmetros éticos; art. 6º do Código de Defesa do Consumidor; e os art. 1º e 2º
da lei de arbitragem.

Requisitos de Validade do Negócio Jurídico

1. Validade – requisitos impostos pelo ordenamento para que a manifestação de


vontade produza efeitos jurídicos queridos pelos agentes.
2. O artigo 104 lista os requisitos:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita (imposta pela lei) ou não defesa em lei. (não pode ser
proibida).

3. Agente capaz – a capacidade citada no artigo acima é a capacidade de fato. É


interessante distinguir “agente” e “autor”.
a. Autor – se trata da capacidade de direto, é o pólo da relação jurídica e sofre as
consequências do negócio jurídico. A pessoa jurídica é autora.
b. Agente – é aquele que possui capacidade de direito e de fato. Ele é quem
manifesta a vontade negocial. O agente da pessoa jurídica (Art. 46, III 15 e 4716).
O art. 12 do Código de Processo Civil diz sobre os agentes dos entes de
personalidade reduzida. Pessoa jurídica, incapazes e entes de personalidades
reduzidas utilizam representantes.

4. Legitimidade ou ausência de impedimento


É situacional não afeta a capacidade jurídica.

Exemplo (1):

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros


descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Por esse artigo vemos que, para a venda entre ascendente e descendente, é
necessária autorização dos irmãos e do cônjuge do vendedor, isso para evitar
eventual adiantamento de herança disfarçado. Nesse exemplo, as partes são
capazes, mas nessa situação estão impedidos.
Exemplo (2):
15
“Art. 46. O registro declarará: III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;”
16
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no
ato constitutivo.

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Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em
hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens
confiados à sua guarda ou administração;
Nesse artigo vemos que representantes não podem comprar de seu
representado, visando não favorecimento do comprador.
5. O objeto
Nesse caso, o objeto do negócio jurídico é a ação. Seja ela, o dar, fazer ou não
fazer. A ação é o objeto imediato. Os bens é o objeto mediato. O que é
valorado acerca da ilicitude é a cão, não o bem.
Determinável: por mais que a coisa seja incerta, pelo artigo 243, ela de deve
ser determinada em gênero e quantidade. Para os contratos futuros, os artigos
458 a 461 são utilizados.
6. Forma do negócio jurídico

São aceitas duas concepções aceitas na palavra forma. A primeira diz sobre a
projeção ambiental da vontade, ela é requisito de validade. A segunda diz
sobre a forma como formalidade, revestimento jurídico da vontade, solenidades
impostas por lei para manifestação da vontade. Podemos classificar, os
negócios jurídicos, tendo como base a forma:

a) Não formais, não solenes ou consensuais: neles a regra é a forma livre.


b) Formais e solenes: forma prescrita em lei. Podemos citar os artigos 108 17,
81918 e 153519.
c) Forma ad probatium: forma para fins probatórios. A forma pode não ser
requisito essencial ao negócio jurídico, mas útil para fins probatórios.
Exemplos: na compra e venda, a forma não é substância do negócio, mas
pode ser útil para fins de comprovação da existência do negócio jurídico.
Outro exemplo é o artigo 40120 do CPC.

São fundamentos da prova:

A facilidade probatória, a segurança e a reflexão do ato, retirando assim, a


impulsividade do ato.

5. Classificação dos negócios jurídicos.

A classificação visa ordenar os negócios jurídicos em um conjunto de características.

I. Negócios unilaterais e bilaterais.


Primeiro é essencial que distingamos os termos: autor, agente e parte.

17
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem
à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o
maior salário mínimo vigente no País.
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Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
19
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o
oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e
espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De acordo com a vontade que ambos acabais
de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
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  Art. 401.  A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda o décuplo do
maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram celebrados.

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Por autor, como já dito, é dotado de capacidade de direito, é o titular do
direito-obrigação sobre as consequências do negócio jurídico. Agente
detém além da capacidade de direito, a capacidade de fato, é quem
manifesta diretamente a vontade do negócio. Parte é o núcleo de
interesses, é vetor (possui direção) de vontade. Dessa maneira, as pessoas
reunidas em uma parte, fazem uma mesma declaração de vontade, em um
mesmo sentido. O número de autores ou agentes não influi no número de
partes. Por mais que tenhamos 5 autores e 3 agentes em uma relação de
compra e venda, ela será bilateral, visto que ela nela existem 2 núcleos
volitivos, o que quer vender e o que quer comprar.
Vamos à classificação. Unilateral é o negócio em que é necessário só 1
parte para se concretizar. Podemos exemplificar: O artigo 854 (promessa
de recompensa), nele só uma parte se compromete; o artigo 1857,
testamento, só cria obrigações para o testamenteiro; e o art. 62 – instituição
de fundações; nela só existe 1 instituidor.
Bilateral é o negócio que possuem 2 partes, os contratos são bilaterais.

II. Negócios unilaterais receptícios e não receptícios.


Essa classificação só faz sentido para os unilaterais, haja vista que os
bilaterais são sempre receptícios.
a) Receptícios – emanam de uma só declaração de vontade que, para ter
efeito, deve chegar ao conhecimento de outro. Exemplo é a revogação
de mandato, presente no artigo 682, I. Na revogação é necessário que
ela chegue ao conhecimento do mandatário para surtir efeito.
b) Não receptícios – emana de uma só declaração de vontade que, para
produzir efeitos, não necessita chegar ao conhecimento de outrem. São
exemplos os artigos 178421 (é válido mesmo sem o consentimento);
85422 (só de se afixar o anúncio existe a vinculação, não há
necessidade do conhecimento de ninguém para que a promessa gere
obrigação); e 85523.

III. Negócios inter vivos e causa mortis.


O critério para essa classificação é o momento da produção de efeitos. No
inter vivos os efeitos são produzidos ainda durante a vida das partes. No
causa mortis, a produção de efeitos ocorre após a morte das partes,
exemplo clássico é o testamento.

IV. Negócios pessoais e patrimoniais.


a) Patrimoniais são os negócios que o conteúdo é avaliado em dinheiro. Esses
negócios representam grande parte dos negócios jurídicos.
b) Pessoais são os negócios que o centro não é avaliado em dinheiro. Exemplos:
casamento; adoção; doação de órgãos inter vivos.
c) Negócio misto: exemplo: o testamento que reconhece algum filho.

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Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
22
Art. 854. Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa
condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido.
23
Art. 855. Quem quer que, nos termos do artigo antecedente, fizer o serviço, ou satisfizer a condição, ainda que não
pelo interesse da promessa, poderá exigir a recompensa estipulada.

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V. Obrigacionais e reais
a) Obrigacional resulta as partes a uma obrigação (dar, fazer, não fazer),
deve seguir certo comportamento prescrito. Exemplo é a compra e
venda que no artigo 48124 diz: “se obriga”.
b) Real: se materializa com a tradição (entrega da coisa). Exemplo é o
comodato (art. 57925) que se efetua na entrega.
VI. Administração e Disposição
a) Administração: se mantém intocável a substância (utilidade,
funcionalidade) do bem. São atos de conservação dos bens. Ocorre
quando se gere patrimônio alheio. São exemplos: art. 661 26; 1747, III27;
e 178228.
b) Disposição: atingem a substância do bem. Exemplo: compra e venda.

VII. Onerosos e gratuitos


Critério do equilíbrio prestacional. Essa classificação só é possível em
negócios bilaterais.
a) Oneroros: há uma contraprestação para uma prestação. Exemplo:
compra e venda; contrato de trabalho; locação.
b) Gratuitos: aqueles que não há contrapartida, só há prestação. Exemplo:
doação.

VIII. Comutativos ou aleatórios


Só diz respeito aos negócios onerosos, quanto a sua certeza prescricional.
a) Cumulativos: equivalência entre prestação e a contraprestação.
Exemplo: compra e venda.
b) Contrato de risco. Não há equivalência entre a prestação e a
contraprestação. Exemplo: contrato de plano de saúde.

Representação

I. Introdução:
É um instituto jurídico. A representação possui duas características básicas.
a. Exercício jurídico em nome de outrem.
b. Esse exercício possui imputação jurídica na esfera do representado.

Existe dissociação entre agente e autor. O representado é o autor e o


representante é o agente. Agência (a manifestação de autonomia negocial)
é representante.
24
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o
outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
25
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto.
26
Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.
§ 1o Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da administração ordinária,
depende a procuração de poderes especiais e expressos.
§ 2o O poder de transigir não importa o de firmar compromisso.
27
Art. 1.747. Compete mais ao tutor: III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de
administração, conservação e melhoramentos de seus bens;
28
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar,
demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.

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Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.

Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus


poderes, produz efeitos em relação ao representado.

Vemos que os artigos 115 e 115 são a base da representação. Infere-se


deles que a representação pode ser legal ou convencional (por contrato, ou
seja, negócio jurídico.). A representação legal não deriva da vontade.

O instrumento procuração serve para conveniência ou por necessidade.

II. Legitimação da representação


É necessário título para demonstrar a legitimidade da representação. O
título é necessário para a eficácia representativa. Os artigos 861 29 e 86230
(gestão de negócios) não são representação, pois carecem de eficácia,
essa é dada pelo título da representação.
O núncio ou mensageiro, não possui autonomia negocial, ele é simples
transporte da vontade alheia, por isso não é representante, não se cogita a
sua capacidade.

III. Contemplatio Domini (contemplação do senhor)


É o núcleo da representação. É o poder de agir em nome do interessado. A
contemplatio domini deve ser explícita.
Pelo artigo 11831 vemos que o representante é obrigado a provar a sua
legitimidade, por meio do domuento que prova a contemplatio domini. Sem
a contemplatio domini não há procuração, ela, a procuração é exigível.
Pelos artigos 65332 e 65433 é claro que a representação é contrato e é
bilateral. O contrato, tecnicamente, é a contração de vontades. Ele é o
instrumento, é a procuração.
IV. Relação interna e externa
a) Relação interna: representante e o representado, definição de quem
são, o que rege a relação é o melhor interesse do representado.
b) Relação externa: e a do representante/representado com um terceiro
qualquer.
O artigo 11934 fala da regra geral de validade. É inválido quando o
terceiro deveria saber do conflito de interesses do representado com o
representante.

29
Art. 861. Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o
interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar.
30
Art. 862. Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessado, responderá o gestor até
pelos casos fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse abatido.
31
Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua
qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.
32
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou
administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
33
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá
desde que tenha a assinatura do outorgante.
34
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato
era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo
de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.

12
V. Negócio jurídico consigo mesmo (auto-contrato)
Vamos ao exemplo:
João é representante da Marina para vender um apartamento. João, como
representante, vende para si próprio o apartamento. Nesse exemplo existe
conflito de interesses, pela regra (art. 11735), é anulável.

VI. Mandato sem representação.


Pelo artigo 66336, o mandatório age em nome próprio, por conta do
representado. O código civil português fala expressamente do mandato
sem representação. Mandato sem representação.
Artigo 1180.º
(Mandatário que age em nome próprio)
O mandatário, se agir em nome próprio, adquire os direitos e assume as
obrigações decorrentes dos actos que celebra, embora o mandato seja conhecido
dos terceiros que participem nos actos ou sejam destinatários destes.
Artigo 1181.º
(Direitos adquiridos em execução do mandato)
1. O mandatário é obrigado a transferir para o mandante os direitos adquiridos em
execução do mandato. 
2. Relativamente aos créditos, o mandante pode substituir-se ao mandatário no
exercício dos respectivos direitos.
Exemplo:
Mandante faz mandato para mandatário. Mandatário faz negócio com
terceiro, em nome próprio, no interesse do mandante, já existe um contrato
prévio.

Elementos acidentais do Negócio Jurídico

São apostos do negócio jurídico que não fazem parte dos requisitos de
validade.

1. Condição:
I. Introdução
Termo técnico, acidental do negócio jurídico bastante específico, sua
definição se encontra no art. 121.
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da
vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto.
São três os elementos que caracterizam a condição:
1. Ela deriva da vontade das partes, e não da lei;
2. Subordina a eficácia do negócio jurídico;
3. Evento futuro e incerto.

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Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu
interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem
os poderes houverem sido subestabelecidos.
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Art. 663. Sempre que o mandatário estipular negócios expressamente em nome do mandante, será este o único
responsável; ficará, porém, o mandatário pessoalmente obrigado, se agir no seu próprio nome, ainda que o negócio
seja de conta do mandante.

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São hipóteses sobre a certeza da ocorrência de um evento:

a. Incerto se ocorrerá e quando ocorrerá.


“Se Maria tiver gêmeos e casar.”
b. Incerto se ocorrerá e certo que ocorrerá.
“Se Tiririca não for eleito em 2010.”
c. Certo que ocorrerá, incerto quando ocorrerá.
“Quando o professor morrer.”
*(não é condição, visto a certeza do evento)
d. Certo que ocorrerá e certo quando ocorrerá.
“Natal de 2011.”
*(assim como “c”, não é condição, visto a certeza)

II. Condição suspensiva e condição resolutiva

a) Condição suspensiva:
Suspende a eficácia do negócio jurídico; suspende a aquisição de direito. É
uma expectativa de direito. É transmissível.
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva,
enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Vamos ao exemplo: João vende para José um boi reprodutor, a venda
ocorrerá, somente se José se casar com a filha de João. O evento da
venda é incerto, pois depende da vontade da filha para que essa se
concretize. José tem o direito de exigir o recebimento do bem e João tem o
direito de exigir o pagamento. José também tem o direito de pagar.
Pelo artigo 13037, o titular do direito eventual pode praticar atos do bem que
por ventura vier a ter. São as benfeitorias necessárias, talvez as úteis. No
exemplo, se o boi morrer, o negócio não se concretiza. Se João matar o
boi, ele responde a todos os prejuízos a José. Se o boi é transmitido,
transmite-se também a condição suspensiva.

b) Condição resolutiva:
Aquisição e exercício de direito. Havendo implemento da condição, desfaz-
se o negócio.
Exemplo:
João doa a José uma casa, desde que José esteja casado com Maria. A
condição, nesse caso, é permanecer casado. Desfeito o casamento o bem
volta para João. Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não
realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste
o direito por ele estabelecido.
Se João vender a casa, e o implemento correr, a casa retorna a João.
III. Condições causais e potestativas
a) Causais:
Não há a menor participação da vontade das partes no implemento
da condição. Exemplo: um terremoto.
b) Potestavias:

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Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio
jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.

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Há uma certa participação da vontade no implemento da condição.
Exemplo: permanecer casado.
* Uma condição meramente potestativa, é aquela que está sobre o
arbítrio de uma só das partes, não há incerteza, então, não é
condição.
Pelo artigo 1613, não se pode reconhecer um filho por condição.

IV. Condições lícitas e ilícitas

a) Lícitas:
Não são contrárias às leis. Não são contrárias à ordem pública. Não
são contrárias aos bons costumes.
b) Ilícitas:
Por exclusão da definição do que lícitas.

V. Condições proibidas:
São meramente potestativas. Privam de todo efeito o negócio jurídico.

VI. Condição Impossível:


Se ela for suspensiva  invalida o negócio jurídico.
Se ela for resolutiva  têm-se por inexistente a condição.
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando
resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.

2. Termo
Subordina a eficácia do negócio jurídico a evento futuro e certo. O termo se
diferencia da condição, porque existe a certeza do evento. Prazo é lapso
temporal, p. e. 30 dias. Termo é momento exato, p. e. 21/09/2010.
Classificações:
a) Termo certo:
Data conhecida: 21/10/2010.
b) Termo incerto:
Certo que ocorrerá, incerto quando. Exemplo: quando o professor morrer.

a) Termo inicial:
Suspende a eficácia do negócio.
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

b) Termo final:
Põe fim à eficácia do negócio.

Nova classificação de negócio jurídico:

a) Execução imediata: a celebração consiste na execução.


b) Execução diferida: contrato é exigível daqui a certo tempo.
a) Execução instantânea: se perfaz em um só momento.
b) Execução sucessiva: vários termos iniciais ao longo do tempo. P.e. locação, pagamento a prazo.
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* é bom lembrar que alguns negócios jurídico possuem termos legais. Por
exemplo: art. 59238.

3. Encargo (modo).

É um ônus imposto a uma liberdade. Exemplo: Doa-se uma fazenda para “A”, com o
encargo de construir uma creche. Não é contra-prestação. Se o encargo não é feito,
não se desfaz o negócio, não atinge o direito.

Sobre isso o Código Civil legisla:

Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando
expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.

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Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para
semeadura;
II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;
III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.

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