Depois da criação do ser humano o autor sagrado nos informa que a vida
seguindo a ordem do criador se multiplicou e estes “primeiros filhos” da humanidade
receberam nomes muito especiais: Caim e Abel. Nestes nomes temos um recado do
criador e a razão do título deste artigo.
Na literatura bíblica praticamente cada nome próprio tem um significado, uma
verdadeira identidade. Os primeiros filhos gerados por Adão e Eva não podiam ter
nomes diferentes, a vida humana estava apenas começando, e desde o início Deus nos
deixou sua mensagem para que fôssemos seus colaboradores, sua própria imagem e
semelhança, portanto, perseverantes em toda empreitada. Contudo, jamais deveríamos
nos esquecer que somos sopro de vida, não somos deuses. Caim e Abel dizem com seus
nomes exatamente isto. Caim é um som que em português chamamos de som
onomatopéico, isto é, um som que por si já revela uma realidade. Por exemplo, quando
uma criança diz “miau” ela está falando do gato e este som é universal. O gato brasileiro
e o gato chinês fazem miau do mesmo jeito. Existem muitos sons universais que não se
prendem às barreiras das línguas ou do tempo. Caim é um destes sons. O nosso ferreiro
comentado no início deste artigo ao golpear o metal aquecido pelo fogo produzia o
seguinte som: Caim! Caim! Caim! É o som do martelo na bigorna. Este som revela que
existe um ferreiro trabalhando, persistente. Caim significa aquele que bate, ou aquele
que é persistente. Deus usou o som da bigorna para nos ensinar que precisamos ser
persistentes, todos temos que ter um pouco de Caim. Porém, o recado do Criador
continua: a vida humana não pode ser somente Caim é preciso ser também Abel. Abel
significa sopro, vento. É a mensagem de Deus nos exortando: sejam persistentes (Caim)
e não esqueçam que vocês não são deuses são apenas sopro de vida (Abel). Esta é a
estatura do homem pensado por Deus, persistente em seus empreendimentos, mas, sem
perder a ternura de uma brisa e a consciência de que somos como vento que passa.