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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO


1ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ/AL
PROCESSO: 0001772-25.2012.5.19.0001

Aos 21 dias do mês de março do ano dois mil e dezessete, às 13:05 horas, estando aberta
a audiência da 1ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ/AL, na sala de audiências da
respectiva Vara, sito à AV. DA PAZ 1994, CENTRO, com a presença do(a) Sr(a) Juiz(a)
do Trabalho Substituto(a) LUIZ JACKSON MIRANDA JÚNIOR, foram por ordem
do(a) Sr(a) Juiz(a) do Trabalho apregoados os litigantes: WILLAMIS CARNEIRO LIMA
MATIAS, RECLAMANTE e BANCO ABN AMRO REAL S.A, RECLAMADO.

Partes ausentes. Examinados os autos e observadas as formalidades legais, passou a Vara


do Trabalho a proferir a seguinte SENTENÇA:

1 - RELATÓRIO

WILLIAMIS CARNEIRO LIMA MATIAS, qualificado na inicial, ajuizou reclamação


trabalhista em face de BANCO ABN AMRO REAL S.A, rotulando-o de
empregador/reclamado, tudo sob as alegações e os pedidos de fls. 02-32.
Instalada a audiência, as partes rejeitaram a conciliação.
O reclamado apresentou sua contestação escrita e documentos.
Alçada fixada.
Deferido prazo, o reclamante replicou.
Após instrução do feito, apresentadas razões finais reiterativas e restando frustrada a
segunda tentativa de conciliação, foi proferida a sentença de fls. 391-397.
O E.TRT, no bojo do acórdão de fls. 462-466, acolheu a preliminar, suscitada pelo autor,
de nulidade processual por cerceamento de produção de prova relativa ao enquadramento
bancário e jornada respectiva, determinando a reabertura da instrução nesse particular.
Foram colhidos os depoimentos do reclamante e do preposto e foram inquiridas duas
testemunhas (face desistência de oitiva da terceira arrolada).
Sem mais requerimentos, encerrou-se a novel instrução.
Razões finais reiterativas.
Recusada a segunda proposta de conciliação.
É o relatório.

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2 - FUNDAMENTAÇÃO

2.1 DA PRELIMINAR DE INÉPCIA DA INICIAL.

Não acolho. A exordial atendeu os requisitos do art. 840 da CLT, eis que, ao contrário do
que sugere o reclamado, houve exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos, tanto
que ele entendeu os pedidos e fundamentou a sua resposta. Não houve prejuízo ao seu
direito de defesa. Rejeito.

2.2 DA SÚMULA 330 DO TST.

A Súmula 330/TST garante efeito liberatório às verbas pagas mediante homologação


sindical. Mas a mesma súmula, no item I, deixa claro que a quitação não abrange as
verbas não consignadas no recibo nem seus reflexos sobre outras parcelas. A Súmula
restringe ainda, no item II, a quitação de direitos que haveriam de ter sido pagos durante
o contrato, para limitá-la ao período especificado no termo rescisório.
A Súmula 330/TST, portanto, não adotou a quitação ampla, geral e irrestrita sugerida na
contestação. Nem poderia ser diferente, pois nem no direito civil, onde a lei presume a
igualdade entre as partes, a quitação vai tão longe; ao contrário, ela é também limitada e
específica (art. 320 do Código Civil de 2002).
Nesse passo, como há verbas e reflexos pleiteados que não foram consignados no termo
rescisório, não há que se falar em efeito liberatório.
Indefiro, pois, o requerimento patronal.

2.3 - DAS HORAS EXTRAS E DO INTERVALO INTRAJORNADA.

O reclamante asseverou, na exordial, que "trabalhou permanentemente em regime


extraordinário, cuja média, de segunda a sexta-feira, pode ser fixada como sendo das oito
horas às dezenove horas e trinta minutos, sempre com trinta minutos de repouso e
alimentação" (fl. 03). Ressalta que "em virtude dos chamados dias de pico, que
aconteciam nos cinco primeiros e cinco últimos dias do mês, sua jornada pode ser fixada
como sendo das oito horas às vinte horas (...) não lhe sendo permitido anotar a
integralidade da jornada trabalhada" (fl. 03). Salienta, ainda, que a reclamada não lhe
pagou devidamente as horas extras. Assim, pleiteia o pagamento de uma hora de intervalo
intrajornada, acrescida de 50%, com suas repercussões legais e o pagamento das horas

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extras laboradas a partir da sexta hora diária, sucessivamente, remuneração das horas
extras a partir da oitava hora diária, bem como seus reflexos legais em repouso semanal
remunerado, férias acrescidas de 1/3, 13.os salários, gratificação semestral e nas verbas
rescisórias (férias proporcionais, 13º salário proporcional, férias vencidas mais 1/3) e
FGTS.
O reclamado, por sua vez, argumentou que, "durante todo o pacto laboral o reclamante
exerceu as funções de subgerente e gerente de relacionamento, sendo tais cargos de
hierarquia e confiança no banco reclamado, tendo o reclamante laborado oito horas
diárias, nos horários de 09h às 18h ou 8:30h às 17:30h, uma vez enquadrado na exceção
de que trata o artigo 224, da CLT" (fl. 118). Afirmou, ainda, que não merecem prosperar
os pleitos relativos à jornada de trabalho, haja vista que a compensação de horas e o
pagamento do labor extraordinário sempre foram realizados de forma correta, bem como
que a jornada de trabalho do reclamante sempre foi consignada nos registros de ponto.
À análise.
Inicialmente, cumpre enfrentar a questão do enquadramento bancário, uma vez que o
reclamado afirma que o reclamante estava submetido à jornada de 8h e este reivindica
expediente reduzido de 6h.
Consoante cediço, reza o caput do art. 224 da CLT que a duração normal do trabalho dos
empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas
contínuas, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana.
Essa regra comporta exceção. Com efeito, o §2º do referido dispositivo exclui da jornada
"reduzida" os funcionários que implementem duas condições concomitantemente, quais
sejam: exercício de função de confiança (requisito subjetivo) e recebimento de
gratificação em valor não inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo (requisito objetivo).
E o ônus da prova de que o empregado está enquadrado na exceção à regra compete ao
empregador, por constituir fato impeditivo ao direito postulado. In casu, resta
evidenciada, pelos contracheques juntados às fls. 226-286, a percepção de gratificação
em valor superior a 1/3 do salário básico, preenchendo assim o requisito objetivo.
No entanto, como já exposto, não basta que o obreiro receba esse plus salarial.
Indispensável a comprovação de que também atende o requisito subjetivo, qual seja: de
ser detentor de fidúcia especial, que o distinga dos empregados comuns (não se
confundindo, porém, com a hipótese inserta no art. 62, II, da CLT de amplos poderes de
mando e gestão).
Para a jurisprudência predominante, a configuração do exercício da função de confiança
bancária depende da prova das reais atribuições do empregado, não decorrendo,

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simplesmente, da denominação do cargo.


A respeito da rotina de trabalho do Subgerente (Assistente de Gerente) e Gerente de
Relacionamento, eis o que se extrai da prova oral produzida:
"INTERROGATÓRIO DA 1.ª TESTEMUNHA DO RECLAMANTE (Sr. ANTÔNIO
CARLOS DA ROCHA SANTOS JÚNIOR): [...] que o reclamante não poderia aprovar o
que o sistema não permitisse; que o reclamante não poderia aprovar empréstimos
sozinho; que como gerente de relacionamento não tinha assistente vinculado a ele; que o
reclamante, como assistente de gerente, estava subordinado ao gerente geral da agência;
que o gerente de relacionamento não tinha subordinados, 'era igual a qualquer outro'; que
a única senha diferenciada era a do gerente geral, e a área operacional a senha era
diferente da comercial."
"INTERROGATÓRIO DA 1.ª TESTEMUNHA DO RECLAMADO (Sra. SUEINE
MAYRA BEZERRA): [...] que o reclamante não poderia liberar empréstimo fora de sua
alçada."
Ora, não se vislumbra efetivo exercício de função de direção, gerência, fiscalização,
chefia ou equivalente nos termos do dispositivo invocado. Com efeito, o que se observa é
que nenhuma das atividades realizadas pelo autor denotam maior responsabilidade,
diferenciando-o do quadro em geral, o que desautoriza o acréscimo em sua jornada de
trabalho.
Registre-se, quanto ao cunho convencional da jornada de 8h, que o art. 444 da CLT
estatui que "as relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das
partes interessadas em tudo quanto NÃO CONTRAVENHA ÀS DISPOSIÇÕES DE
PROTEÇÃO AO TRABALHO".

Logo, cumpre reconhecer a submissão do postulante à jornada descrita no caput do art.


224 da CLT, donde resulta devido o pagamento, como extraordinárias, das sétima e
oitava horas laboradas diariamente.
Ocorre que o demandante também aponta extrapolação da 8ª hora diária e mitigação do
intervalo para descanso e alimentação. Pois bem.
Os cartões de ponto colacionados aos autos pela ré, ao contrário do que sugeriu o obreiro
em sua réplica, apresentam horário de entrada (08:29, 08:18, 08:52 - fl. 181; 07:56, 08:26
- fl. 192; 08:45, 08:38 - fl. 209) e de saída variáveis (18:31, 18:19 - fl. 204; 18:27, 18:39
- fl. 211). E trazem, ainda, registro de uma hora de intervalo intrajornada (fls. 180-222).
A testemunha trazida pelo trabalhador, embora sua narrativa esteja em consonância com
o relato do autor, prestou informações em sentido contrário à testemunha oferecida pelo

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banco. E não há motivo para preferir uma à outra. Elas no geral se equivalem, de forma
que uma anula o que a outra disse. E, com isso, o que sobra incólume são os controles de
jornada.
Acresce que era do reclamante o ônus de infirmar os referidos documentos (inteligência
do art. 818 da CLT), do qual não se desincumbiu.
Convém destacar ainda que, em linha com a defesa, esses controles mostram jornada até
às 19 horas em vários dias do mês, aqueles que ambas as partes chamaram de dias de pico
(19:05, fl. 212; 18:53, fl. 208; 19:05, fl. 214; 18:56, fl. 206), excesso que, além de
corroborar o argumento patronal de idoneidade das folhas de frequência, justifica a
correspondente rubrica hora extra nos contracheques colacionados.
Por outro lado, a testemunha apresentada pelo reclamado admitiu uma situação de labor
extraordinário não registrado: "que o reclamante laborava na abertura de contas
universitárias e ia até as faculdades, no que ficava até as 21h00 / 22h00 a depender do
horário da faculdade; que eram quinze dias de campanha no início de cada semestre
letivo; que eram duas campanhas, uma no início do ano e outra no meio do ano".
Em consequência, resolvo deferir 2 horas extras por dia, de segunda a sexta-feira, o que
totaliza 10 horas por semana, durante todo o contrato de trabalho, face enquadramento no
art. 224, caput, da CLT, e 4 horas extras por dia, de segunda a sexta-feira, em duas
semanas a cada seis meses, o que totaliza 40 horas por semestre, durante todo o contrato
de trabalho, relativas às campanhas de abertura de contas universitárias, todas acrescidas
do adicional de 50% e com repercussões em 13º salários, férias acrescidas de 1/3, DSR e
FGTS. Excluam-se as ausências legais.
Improcedentes as demais horas extras postuladas, inclusive as intervalares.
Diante da carga horária de 36 horas semanais, o reclamante faz jus ao divisor de 180. Não
cabe dedução.
A base de cálculo das horas extras deve ser a remuneração do reclamante, observada sua
evolução.

2.4 - DA VENDA OBRIGATÓRIA DE FÉRIAS.

O reclamante alegou que durante todo o pacto laboral teve que, compulsoriamente,
vender 10 dias dos seus 30 dias de férias, gozando, assim, somente 20 dias de férias
anuais. Ressalta que a reclamada desvirtuou a norma trabalhista, qual seja, o art. 143, da
CLT, que faculta ao empregador converter 1/3 do período de férias a que tiver direito em
abono pecuniário. Nessa seara requer o pagamento de 10 dias de férias por ano, em

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dobro, acrescido do 1/3 constitucional, com seus reflexos no FGTS (fl. 07).
O reclamado, em sua defesa, alegou que o reclamante gozou plenamente as férias durante
o período laboral e que quitou devidamente as parcelas de direito do autor, consoante
documentos juntados aos autos (fls. 215-286).
Com razão o reclamado.
Diante do teor da defesa, caberia ao reclamante demonstrar o vício alegado, ônus do qual
não se desincumbiu. A testemunha arrolada pelo próprio reclamante, Antonio Carlos da
Rocha Santos Júnior, negou a suposta obrigatoriedade da venda de 10 dias dos 30 dias de
férias, aduzindo que era possível o empregado gozar trinta dias de férias, contudo, "se o
empregado quisesse gozar os 30 dias não poderia escolher o período das férias, mas se
vendesse 10 dias, aí sim podia escolher o período das férias".
Cumpre sublinhar que o art. 136, da CLT, reza que a época da concessão das férias será a
que melhor consulte os interesses do empregador. Assim, a data de concessão das férias é
prerrogativa do empregador, podendo haver negociação do empregado com o patrão a
fim de encontrar uma melhor data, adequando os interesses de ambos. Neste contexto,
ainda que a mencionada atitude do reclamado seja considerada como pouco conciliadora
e harmoniosa, não se pode falar que a mesma obrigava os seus empregados a vender 10
dias de suas férias anuais.
Cumpre sublinhar, outrossim, que os documentos anexados aos fólios pelo réu deixam
claro que o autor gozou férias, bem como que houve o pagamento da verba em tela (fls.
215-216, fls. 251-252, fls. 266-267, fls. 277-279).
Indefiro, pois, o pedido de pagamento de 10 dias de férias, em dobro, acrescida de 1/3,
bem como seus reflexos legais.

2.5 - DOS QUILÔMETROS RODADOS.

O autor postulou o ressarcimento dos quilômetros rodados com seu próprio veículo, para
atender os interesses da entidade patronal (fl. 08), com reflexos em gratificações
semestrais, férias acrescida de 1/3, 13º salário, horas extras, FGTS e nas verbas
rescisórias (férias proporcionais mais 1/3, 13º salário proporcional, férias vencidas mais
1/3).
O reclamado argumentou que o reembolso das despesas com combustível se dá mediante
apresentação dos respectivos comprovantes e aprovação superior, em observância ao art.
5º, XLI, da Constituição Federal. Pontuou o réu que os gastos com locomoção eram
reembolsados à razão de R$ 0,50 (cinquenta centavos) por quilômetro rodado, levando-se

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em consideração os custos de combustível, manutenção e seguro total. Ressaltou, ainda,


que "quando se fez necessária a utilização do veículo particular em benefício do
reclamado, o autor foi devidamente e totalmente ressarcido" (fl. 132).
Mais uma vez razão assiste ao reclamado.
O réu acostou aos autos os documentos de reembolso de combustível pelos quilômetros
percorridos pelo reclamante em veículo próprio (documentos de fls. 327-331). É mister
ressaltar que o reclamante nada produziu no sentido de invalidar a referida
documentação, sobrando a mesma incólume.
Assim, prevalece a quitação sustentada pelo reclamado em sua defesa. Razão pela qual
indefiro o pedido de ressarcimentos das despesas pelos quilômetros rodados em veículo
particular do reclamante, bem como os reflexos pleiteados.

2.6 DA INTEGRAÇÃO DAS COMISSÕES DE AGENCIAMENTO.

O autor assevera que recebia comissões de agenciamento pela venda de produtos


oferecidos pelo reclamado, o equivalente, em média, a R$ 450,00 mensais, tendo estas
comissões natureza salarial, com fulcro no art. 457, § 1º, da CLT. Ressalta, contudo, que
não houve o devido reflexo dessa verba nos repousos semanais remunerados. Assim,
pleiteia o reflexo das comissões de agenciamento nos descansos semanais remunerados, e
após a devida integração de tais comissões ao repouso semanal remunerado, seus reflexos
em férias acrescidas de 1/3, 13os. salários, horas extras, verbas rescisórias e FGTS
(fl.09).
O reclamado, em sua contestação, não negou que o autor percebia comissões de
agenciamento, que eram resultantes da comercialização de produtos daquela, afirmando
que "a parcela está atrelada ao atingimento de metas, tratando-se de típica remuneração
variável" (fl. 137). Salientou, contudo, que "a parcela objeto da pretensão do reclamante
(...) é considerada ferramenta de gestão, cujo objetivo é motivar, reconhecer e valorizar a
equipe, e, por tal razão, foi instituída por liberalidade" (fl. 136) estando vinculada à
lucratividade e sendo a remuneração variável, verdadeira participação nos lucros ou
resultados (fl. 137).
Acrescentou, ainda, que, embora não se trate de verba salarial, o empregador, por mera
liberalidade, integrou ao salário para fins de pagamento de 13º salário, férias e FGTS.
Todavia, tal verba não pode gerar efeitos nos descansos semanais remunerados, conforme
orienta Súmula 225, do TST, da mesma forma que não deve refletir nas horas extras.
Prospera o pleito autoral.

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É importante citar que a Súmula 225, do TST, orienta no sentido de que as gratificações
de produtividade e por tempo de serviço, pagas mensalmente, não repercutem no cálculo
do repouso semanal remunerado. A mencionada orientação é decorrente da interpretação
da Lei 605/49, art.7º, § 2º, em que já se considera remunerado repouso semanal do
empregado mensalista, cujo cálculo de salário mensal é efetuado na base do número de
dias do mês. Contudo, não é o caso da verba em destaque, eis que, consoante confessou o
próprio reclamado, a parcela constitui remuneração variável, sendo uma "remuneração
suplementar" decorrente do lucro percebido por ela, com natureza de comissão, em que o
pagamento apesar de ter sido feito de forma habitual, não era mensal (documentos de fls.
227-286), assim como não era efetuado levando-se em consideração a quantidade de dias
do mês, não sendo aplicável, portanto, no caso, a Súmula 225, do TST.
Nesse sentido é o entendimento da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, do
TST:

"REPOUSO SEMANAL. CÁLCULO. REMUNERAÇÃO VARIÁVEL. REFLEXOS.


ENUNCIADO 225 DO TST. INAPLICÁVEL. 225 1. O Enunciado 225 do TST assenta o
entendimento de que as gratificações de produtividade e por tempo de serviço, pagas
mensalmente, não repercutem no cálculo do repouso semanal remunerado. Tal
entendimento firmou-se a partir da interpretação do art. 7º, § 2º, da Lei 605/49, segundo o
qual -consideram-se já remunerados os dias de repouso semanal do empregado mensalista
ou quinzenalista, cujo cálculo de salário mensal ou quinzenal, ou cujos descontos por
faltas sejam efetuados na base do número de dias do mês ou de 30 (trinta) e 15 (quinze)
diárias, respectivamente-.7º§ 2º6052. Hipótese diversa é a versada nos autos. A parcela
denominada remuneração variável, consoante registrou o Regional, constitui uma
remuneração suplementar decorrente do lucro percebido pela agência bancária, com
características de comissão, cujo pagamento, embora feito de forma habitual, não é
mensal, nem feito com base no número de dias no mês. Destarte, devidos os reflexos da
referida parcela no cálculo do descanso de repouso semanal. Inaplicável o Enunciado 225
do TST.3. Recurso de Embargos não conhecido". (404627-35.1997.5.09.5555, Relator:
Glória Regina Ferreira Melo, Data de Julgamento: 03/06/2002, SBDI-1, Data de
Publicação: DJ 14/06/2002.).

Diante do exposto, defiro do reflexo das comissões de agenciamento nos repousos


semanais remunerados e, por conseguinte, a incidência do FGTS sobre a mesma.
Descabe, entretanto, a incidência dessas diferenças de repouso remunerado em férias

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integrais e proporcionais, acrescidas de 1/3 e 13os. salários integrais e proporcionais, para


evitar dupla condenação na mesma parcela.

2.7 - DA DÉCIMA TERCEIRA CESTA DE ALIMENTAÇÃO.

O obreiro asseverou que "a partir da convenção coletiva 2007/2008 foi previsto mais um
benefício à categoria dos bancários, qual seja, a décima terceira cesta alimentação" (fl.
09). Pontuou que o referido benefício está previsto na cláusula 16º, a qual estabelece que
a concessão do mesmo deve ser feita até o dia 30 de novembro. O autor, contudo, afirma
que não recebeu nenhum valor a este título, fazendo jus, portanto, à verba a partir do
período abrangido pela convenção coletiva 2007/2008, durante todo o período de
trabalho, bem como seus reflexos em férias integrais e proporcionais, acrescido 1/3, 13os.
salários integrais e proporcionais e FGTS.
O reclamado, por sua vez, alegou que todos os valores devidos ao reclamante a esse título
foram corretamente adimplidos, consoante os recibos de pagamento dos meses de
outubro, pugnando pela improcedência do pleito autoral.
Vinga o pleito obreiro.
Nos recibos residentes nos autos, diferentemente do que sugeriu o reclamado, não consta
o pagamento da décima terceira cesta de alimentação (documentos de fls. 230-231, 253-
254, 266-267, 278-279), o que deixa claro que não houve a devida quitação da verba em
comento. Razão pela qual defiro o pagamento da décima terceira cesta alimentação em
todo o contrato de trabalho.
Como na norma coletiva é negada a natureza salarial dessa parcela (cláusula 16,
parágrafo terceiro, fls. 42 e 42 verso), indefiro os reflexos requeridos.

2.8 - DO DANO MORAL DECORRENTE DO ASSÉDIO MORAL.

O obreiro, na inicial, afirmou que "foi vítima de tortura psicológica, durante o período
contratado, na forma de preconceito por sua opção sexual (...) expondo-o a situações
humilhantes e constrangedoras capazes de causar ofensa à personalidade, à dignidade ou
à integridade psíquica" (fl. 10). Neste diapasão pleiteia indenização por danos morais
decorrente do assédio moral praticado pela reclamada.
O reclamado, a seu turno, alegou que não praticou qualquer ato capaz de macular a honra
ou dignidade do reclamante, "sendo certo que o autor, seja por sua opção sexual ou
qualquer outra razão, nunca sofreu assédio ou discriminação por parte da reclamada ou de

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qualquer funcionário" (fl. 143). Ressalta o réu que "em momento algum, tratou o autor de
forma humilhante, constrangedora, vexatória ou discriminatória" (fl. 144), razão pela
qual pugna pela improcedência do pleito de indenização por dano moral por suposto
assédio moral.
Novamente com razão o réu.
O autor não demonstrou o fato constitutivo de seu direito, ônus que era seu ( inteligência
do art. 818 da CLT e art. 333).
A testemunha, Antonio Carlos da Rocha Santos Júnior, arrolada por ele mesmo, aduziu
em seu depoimento que "não se recorda do reclamante ter sofrido algum problema de
relacionamento no trabalho por causa de sua opção sexual" (fl. 373).
A segunda testemunha, Waliane Souza Fernades, trazida aos fólios pelo autor, também
não o ajuda, uma vez que ela, que é esposa da primeira testemunha Antonio Carlos da
Rocha Santos Júnior, embora tenha dito em seu depoimento que "o reclamante viveu
problemas de relacionamento com os colegas de trabalho por causa de sua opção sexual,
sendo vítima de gracejos/brincadeiras deles" (fl. 375), afirmou que seu marido tinha
ciência dos problemas de relacionamento vividos pelo obreiro em razão da sua opção
sexual, sendo este vítima de discriminação, asseverando a mesma que "não sabe dizer se
o seu marido nessas reuniões percebia as brincadeiras de mau gosto, mas dizia a ele em
casa sobre essas brincadeiras, num tom de reprovação" (fl.375).
Diante do exposto, é razoável se entender que as mencionadas afirmações da testemunha
Waliane Souza Fernades não podem ser tidas como verdadeiras, eis que são conflitantes
com o que informou o seu próprio marido, quando do seu depoimento.
De resto, a terceira testemunha inquirida, apresentada pela empresa, negou o assédio
moral.
A conclusão, portanto, é a de que o reclamante não demonstrou ter sido vítima de assédio
moral.
Indefiro o pedido de indenização por danos morais por assédio moral.

2.9 - DO DANO MORAL DECORRENTE DE ASSALTO.

O reclamante, na inicial, postulou indenização por danos morais, pois teria sido vítima de
um assalto a mão armada nas dependências do reclamado, ressaltando que chegou a ser
agredido pelos assaltantes, o que provocou um sangramento. Afirmou que a situação
gerou pânico, "incorporando a sua rotina o aterrorizante e constante medo" (fl. 15).
Salientou, ainda, que o descumprimento das normas de segurança, aos quais está

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submetido o banco, contribuiu muito para a perpetuação da insegurança no interior da


agência (fl. 17). Assim, "tais fatos notórios dentro e fora do banco, levam a concluir por
sua culpa, devido a sua negligência e imprudência" (fl. 19), o que causou danos e violou
os direitos do reclamante, fazendo jus, portanto, o mesmo à indenização por danos
morais.
O reclamado suscitou que "não tomou conhecimento (...) de qualquer abalo ou ofensa à
honra ou à personalidade do reclamante" (fl. 143). Neste circuito, pugna pela
improcedência do pedido de indenização por danos morais em decorrência do assalto.
Convém sublinhar que a legislação pátria adotou como regra geral a teoria subjetiva da
responsabilidade civil (art. 186, do CC/2002 e art. 7º, XXVIII, da CF).
O obreiro, consoante dito anteriormente, imputou a culpa do reclamado por não oferecer
condições adequadas de segurança. No entanto, o autor não conseguiu demonstrar nos
autos a mencionada culpa patronal, ônus que era seu (art. 818, da CLT e art. 333, do
CPC). Ao contrário, o reclamante confessou, em seu depoimento, que "na agência havia
portas giratórias e com detector de metais (...) que a segurança da agência onde trabalhou
era do mesmo padrão ordinário das demais agencias bancárias da cidade de Maceió (...)
que o assalto consistiu no delinquente usar uma arma de brinquedo, rendendo os
seguranças que estavam dentro, e a partir daí abriu a porta para os demais delinquentes
ingressarem portando armas de grosso calibre" (fl. 372 ), o que leva a concluir que o
assalto não poderia ter sido evitado pelo reclamado.
E as testemunhas arroladas por ele próprio também não o socorrem, uma vez que essas
aduziram, em seus depoimentos, que não sabem identificar uma eventual falha da
segurança para ter ocorrido o assalto (fls. 373-375).
A testemunha, trazidas a estes fólios pela reclamada, por sua vez, informou, sem margens
a dúvida, que a "segurança do local do assalto é padrão, havendo uma regulamentação,
contando com dois vigilantes, controle de pânico, porta giratória funcionando no dia" e
que "na primeira semana após o assalto foi uma psicóloga do banco que fez um trabalho
em grupo com todos os empregados e quem quisesse falar com ela individualmente podia
(...) que, além disso, disponibilizou um telefone 0800, chamado PAP, para o empregado
fazer contato e receber algum apoio pelo telefone" (fls.376-377).
Corolário do exposto é o entendimento de que o reclamado não deu causa ao referido
evento, e, consequentemente, aos danos decorrentes do mesmo. Além disso, o reclamado
revelou que, de certa forma, prestou assistência aos empregados após o assalto, trazendo
um psicólogo ao local, o que afasta a responsabilidade do reclamado nos supostos
prejuízos morais suportados pelo obreiro.

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Indefiro, pois, o pleito de indenização por danos morais decorrentes do assalto.

2.10 - DA INTEGRAÇÃO DAS VERBAS DENOMINADAS DE AUXÍLIO-


REFEIÇÃO E AUXÍLIO CESTA ALIMENTAÇÃO.

O autor postulou o reflexo do auxílio-refeição e auxílio cesta alimentação, em virtude do


seu caráter salarial, no repouso semanal remunerado e, após, suas repercussões em férias
acrescidas de 1/3, 13os. salários, gratificações semestrais e horas extras laboradas.
O réu, em sua defesa, argumentou que as supramencionadas verbas, quais sejam, o
auxílio-refeição e auxílio cesta alimentação, não possuem natureza remuneratória, nos
termos das cláusulas 14º e 15º das convenções coletivas.
A razão está com o reclamado.
O parágrafo sexto, da cláusula 14º, da convenção coletiva, estipula expressamente que o
auxílio refeição não tem natureza remuneratória, nos termos da Lei nº 6.321/76, de seus
decretos regulamentares e da Portaria GM/TEM Nº 03 de 2002. Na mesma linha, a
cláusula 15º, ao tratar do auxílio cesta alimentação, estabelece que esta verba pode ser
concedida cumulativamente com a entrega do auxílio refeição, observadas as mesmas
condições fixadas no cabeça e parágrafos 2º e 6º da cláusula 14, ou seja, estabelece que o
auxílio cesta alimentação também não possui natureza remuneratória (fl. 42).
Neste cenário, existindo estipulação em norma coletiva de que o auxílio refeição e o
auxílio cesta alimentação não têm natureza remuneratória, não há como reconhecer
natureza diversa a tais verbas. Dessa forma, não é possível acatar a pretensão autoral de
integração do auxílio refeição e do auxílio cesta alimentação à sua remuneração para
todos os efeitos legais.
Indefiro.

2.11 - DA GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL.

O reclamante alegou, na exordial, que não recebeu o pagamento integral da verba


denominada gratificação semestral, durante todo o pacto laboral, bem como que a
mencionada verba não foi composta de todas as parcelas remuneratórias. Ressaltou que a
gratificação semestral deve integrar o salário mensal, no valor equivalente a um
duodécimo do valor anual ou a um sexto do valor semestral destas gratificações (fl. 22).
Neste diapasão, pleiteia o pagamento complementar da gratificação semestral, sua
composição em todas as verbas remuneratórias (salário base, gratificação por cargo,

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comissão de seguros e capitalização, sistema de remuneração variável, diferença de


sistema de remuneração variável, PLR- participação nos lucros e resultados, comissões,
adiantamentos e antecipações legais, auxílio refeição, auxílio cesta alimentação e décima
terceira cesta de alimentação), bem como seus reflexos em férias integrais e
proporcionais, acrescidas de 1/3, 13os. salários integrais e proporcionais e FGTS.
O reclamado, por seu turno, asseverou que "todos os valores devidos ao reclamante
quanto a essa parcela, conforme se depreende da documentação ora colacionada, foram
devidamente adimplidas ao autor" (fl. 152). Ressaltou que não existe lei ou qualquer
norma que imponha que a ré pague a referida verba de forma integrada no salário-base,
como requer o reclamante. O reclamado salientou, ainda, que a denominação de
"gratificação semestral incorporada" foi apenas para poder pagá-la mensalmente, de
forma antecipada aos empregados, visando unicamente facilitar à operacionalização do
pagamento da mesma (fl. 152).
Prospera o pleito obreiro.
Os recibos salariais não acusam o pagamento da gratificação semestral, nem mesmo com
o nome de "gratificação semestral incorporada".
A quitação agitada na defesa, portanto, caiu no vazio.
A natureza salarial dessa gratificação, outrossim, nem sequer é negada pelo réu. E, como
tal, deve repercutir nas verbas trabalhistas, como pacificado na jurisprudência:
SUM-253. GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. REPERCUSSÕES (nova redação) - Res.
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A gratificação semestral não repercute no cálculo das
horas extras, das férias e do aviso prévio, ainda que indenizados. Repercute, contudo,
pelo seu duodécimo na indenização por antigüidade e na gratificação natalina.

Diante do exposto, defiro a gratificação semestral e seus reflexos em 13ºs. salários e


FGTS. Incabível, entretanto, sua repercussão em férias e horas extras.

2.12 - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

Indefiro a verba honorária, porquanto o reclamante não atendeu ao requisito da


assistência sindical previsto na Lei n. 5.584/70.

2.13 - DA JUSTIÇA GRATUITA.

Defiro o benefício da justiça gratuita ao reclamante, tendo em vista que ele declarou ser

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pobre na forma da lei.

2.14 - DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ REQUERIDA PELO RECLAMADO.

Inexiste, haja vista que o direito de ação e de defesa foi amplamente assegurado pela
CF/88, e dele o autor fez uso sem abuso, ainda que eventualmente seus argumentos
venham a ser rechaçados pela Justiça.

2.15 - DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DO IMPOSTO DE RENDA.

No que tange às contribuições previdenciárias e ao imposto de renda incidentes sobre as


parcelas deferidas, cada litigante responde por sua parte, com as alíquotas previstas em
lei. Convém esclarecer que, com referência às verbas deferidas, incidem INSS e IR (na
forma da IN RFB 1.127, de fevereiro de 2011) sobre horas extras e seus reflexos em 13º
salários, férias acrescidas de 1/3 e DSR; gratificação semestral e seus reflexos em 13ºs.
salários; reflexo das comissões de agenciamento nos repousos semanais remunerados.
Convém esclarecer, outrossim, que as contribuições previdenciárias e o imposto de renda
não incidem sobre os juros, diante da sua natureza indenizatória, considerando que a
finalidade deles é a recomposição e não o aumento patrimonial.

2.16 - DA LIQUIDAÇÃO DO JULGADO

Quantum debeatur a ser apurado em liquidação de sentença, com incidência de juros de


mora e correção monetária na forma da Lei (artigo 833 da CLT; artigo 39, § 1º, da Lei n.
8.177/91 e artigo 15 da Lei n. 10.192/01) e da jurisprudência predominante e sumulada
do c. TST (súmulas 200 e 381 do c. TST e OJ 300 da SDI-I do c. TST).

2.17 - DA APLICAÇÃO DO ARTIGO 523 DO NCPC

Trata-se de artigo que justamente enseja na perspectiva do processo moderno, ou seja,


que nas execuções de título executivo judicial não há autonomia do processo de
execução, o que é razoável, pois foge à lógica de qualquer razoabilidade processual,
especialmente em sede de processo do trabalho, onde a notificação inicial não é pessoal,
que o reclamado, após tanto litigar em Juízo, necessite ainda ser citado em sede de
execução para saber que em face dele tramita um processo.

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Ressalvo a existência de lacunas ontológicas e axiológicas do processo, visto que não há


autonomia do processo de execução e não há multa em questão prevista na CLT,
realidade que permite aplicação supletiva do CPC, vide artigo 15, bem como previsto no
artigo 769 da CLT, no que ressalvo que o TST, na IN 39, não excluiu o ferido artigo
como não aplicável em sede de processo do trabalho, o que se faz em função dos
princípios da razoável duração do processo previsto Constitucionalmente, bem como de
efetividade processual.

3 - CONCLUSÃO

Ante o exposto, nos autos da reclamação trabalhista ajuizada por WILLIAMIS


CARNEIRO LIMA MATIAS em face de BANCO ABN AMRO REAL S.A, decido, nos
termos da fundamentação que integra o presente dispositivo, o seguinte:

- REJEITAR as preliminares de inépcia da inicial e de quitação do extinto contrato de


trabalho;

- Julgar PROCEDENTES, EM PARTE, os pedidos de pagamento postulados na inicial,


no que condeno a reclamada, no prazo de oito dias após o transito em julgado da sentença
e sob pena de multa que ora fixo na quantia de 10% sobre o valor da condenação,
independentemente de expedição de mandado de citação, nos termos do artigo 523 do
CPC, a pagar em prol da reclamante: 2 horas extras por dia, de segunda a sexta-feira, o
que totaliza 10 horas por semana, durante todo o contrato de trabalho, face
enquadramento no art. 224, caput, da CLT, e 4 horas extras por dia, de segunda a sexta-
feira, em duas semanas a cada seis meses, o que totaliza 40 horas por semestre, durante
todo o contrato de trabalho, relativas às campanhas de abertura de contas universitárias,
todas calculadas com divisor 180 e adicional de 50%, além de repercussões em 13º
salários, férias acrescidas de 1/3, DSR e FGTS, excluídas as ausências legais; reflexo das
comissões de agenciamento nos repousos semanais remunerados e o FGTS sobre esse
mesmo reflexo; décima terceira cesta alimentação, durante todo o pacto laboral;
gratificação semestral e seus reflexos em 13ºs. salários e FGTS. Observe-se a evolução
salarial.

- DEFERIR os benefícios da justiça gratuita em prol do autor e INDEFERIR o pedido de


condenação em honorários advocatícios;

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Para os fins do artigo 832, § 3º, da CLT, dentre os direitos objeto da sentença, são de
natureza remuneratória horas extras e seus reflexos em 13º salários, férias acrescidas de
1/3 e DSR; gratificação semestral e seus reflexos em 13ºs. salários; reflexo das comissões
de agenciamento nos repousos semanais remunerados, no que deve a reclamada
apresentar comprovação de recolhimentos previdenciários devidos a encargo do
empregador, sob pena de execução. Em relação aos recolhimentos previdenciários e de
IRRF a encargo da reclamante, incidentes sobre o valor da condenação, devem ser retidos
quando do pagamento do valor principal e depois recolhidos regularmente, com posterior
certificação nos autos, tudo nos termos da Súmula 368 do c. TST.

Quantum debeatur a ser apurado em liquidação de sentença, com incidência de juros de


mora e correção monetária na forma da Lei (artigo 833 da CLT; artigo 39, § 1º, da Lei n.
8.177/91 e artigo 15 da Lei n. 10.192/01) e da jurisprudência predominante e sumulada
do c. TST (súmulas 200 e 381 do c. TST e OJ 300 da SDI-I do c. TST).

Custas pelo reclamado no valor de R$ 400,00, calculadas sobre R$ 20.000,00, valor


arbitrado à condenação.

Notifiquem-se as partes. Nada mais.

E para constar, foi lavrada a presente ata, que vai assinada na forma da lei.
E para constar, foi lavrada a presente ata, que vai assinada na forma da lei.

_________________________________________________
LUIZ JACKSON MIRANDA JÚNIOR - Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)
_________________________________________________
JOSÉ GIOVANI RODRIGUES VENTURA- Diretor(a) de Secretaria

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