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PANC – Plantas alimentícias não convencionais

Marcia Nalesso Costa Harder

Publicado no jornal de Piracicaba


Por Nancy Thame

“Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar...” já dizia o artista, mas com certeza em
alguma vez na vida você já ouviu falar da beldroega... Quem sabe da taioba? Peixinho
que vive na terra, você conhece? Mas com certeza já soprou um dente-de-leão.
Sabe o que todas elas tem em comum? Além de todas serem plantas, claro, elas
são chamadas de PANC, que é a sigla para plantas alimentícias não convencionais.
Essas plantas têm caído nas graças de grandes Chefes da culinária nacional e
internacional, desenvolvendo verdadeiras preciosidades com essas iguarias.
Sempre tratadas como ervas-daninhas, uma seleção de espécies de plantas ainda
pouco difundida, mas com um enorme potencial nutritivo, essas são as PANC. Este termo
foi criado pelo biólogo formado pela UEL, Valdely Kinupp, e diz respeito às plantas
comestíveis que surgem de forma espontânea em quintais, terrenos baldios e canteiros,
mas que não são consumidas por falta de costume ou mesmo de conhecimento, mas que
possuem uma ou mais partes que podem ser utilizados na alimentação humana, tais como:
raízes tuberosas, tubérculos, bulbos, rizomas, cormos, talos, folhas, brotos, flores, frutos
e sementes ou ainda látex, resina e goma, ou que são usadas para obtenção de óleos e
gorduras alimentícios. E neste conceito também se incluem especiarias, substâncias
condimentares e aromáticas, assim como plantas que são utilizadas como substitutas do
sal, como adoçantes, amaciantes de carnes, corantes alimentícios e aquelas utilizadas no
fabrico de bebidas, tonificantes e infusões.
A palavra PANC nada mais é do que um acrônimo para Plantas Alimentícias Não
Convencionais, ou seja, plantas que possuem característica de uso alimentício, mas que
não são comuns, não são corriqueiras, não são do dia a dia da grande maioria da população
da nossa região, do país ou mesmo do planeta, já que temos atualmente uma alimentação
básica muito homogênea, monótona e globalizada.
De acordo com o criador do conceito, as PANC contemplam todas as plantas que
têm uma parte ou mais partes ou porções que pode(m) ser consumida(s) na alimentação
humana, sendo elas exóticas, nativas, silvestres, espontâneas, ruderais ou cultivadas,
inclusive espécies alimentícias convencionais, mas que possuem partes, porções e/ou
produtos alimentícios não convencionais também pelo meu conceito amplo são
consideradas, por exemplo a bananeira (uso do coração e do palmito); mamoeiro (com
uso do caule, dos frutos verdes, sementes e/ou flores) ou mesmo o chuchu (uso das raízes
tuberosas e folhas/talos) e outras espécies que têm formas usos e partes de usos
alimentícios potenciais, mas pouco ortodoxos e mal conhecidos ou desconhecidos pela
maioria esmagadora da população. Estas espécies não podem ficar de fora, pois, para
Kinupp, um dos objetivos da popularização das PANC é apresentar opções de plantas ou
partes destas que possam ser consumidas, trazendo à tona, à baila espécies negligenciadas
e subutilizadas.
“Estima-se que existam 10 mil espécies com potencial alimentício no país, mas,
ao analisarmos nosso cardápio, praticamente tudo o que comemos é exótico. Tomate,
alface e pimentão são muito explorados, mas nenhum deles é daqui. Ao valorizar espécies
nativas, nós podemos causar uma revolução gastronômica”, conta Valdely, que dá vários
exemplos:
Dentre as hortaliças, algumas poucas fazem parte da culinária regional. Entre estas
destaca-se o jambu (Acmella oleracea (L.) R.K.Jansen) componente essencial do tacacá,
prato típico da culinária amazônica. Outra planta típica da Amazônia é o cubiu (Solanum
sessiliflorum Dun), a qual produz frutos (classificada também como frutífera) que podem
ser usados na tradicional caldeirada, assim como para a elaboração de sucos, sorvetes,
doces e geléias. Esta espécie já está também sendo cultivada e comercializada em outros
Estados extra-amazônicos, recebendo o nome comercial de maná-cubiu ou simplesmente
maná. Outra muito cultivada e vendida na região Norte é a chicória-de-caboclo (Eryngium
foetidum L.), um tempero essencial em alguns pratos, sobretudo, naqueles a base de
peixes, mas pode ser utilizada também como ingrediente principal em bolinhos (tempurá).
Merece destaque o ora-pro-nobis ou carne-de-pobre (Pereskia spp.) verdura típica
da culinária mineira, inclusive, em 1997 foi criado o Festival do Ora-Pro-Nóbis no
município de Sabará, Minas Gerais (MG). Dentre as hortaliças nativas cabe destacar
também as taiobas, taiás, mangarás e mangaritos (Xanthosoma spp.). Algumas espécies
deste gênero, tais como a taioba (X. sagittifolium (L.) Schott) além das folhas ricas em
vitamina A e recomendadas para quem sofre com prisão de ventre produz grande
quantidade tubérculos amiláceos saborosos consumidos cozidos e fritos, ensopados ou
transformados em pães e bolos.
Também não podemos esquecer do jaracatiá (Jacaratia spinosa (Aubli) A. DC.),
planta que possui um frutinho muito peculiar semelhante em paladar com o mamão e
encontrado com facilidade no município vizinho de São Pedro, rico em vitaminas e
utilizado em receitas de doces.
A diversidade de espécies frutíferas e hortaliças nativas, além das cultivadas ou
naturalizadas, no Brasil e, especialmente, na Amazônia é imensa. Aqui apenas foram
tecidas algumas considerações gerais sobre umas poucas espécies ilustrativas com o
intuito de chamar a atenção para a biodiversidade brasileira. Estudos também são
necessários para resgatar os conhecimentos populares sobre as frutas e hortaliças
silvestres, suas diferentes formas de uso e preparo, maneiras tradicionais de plantio e
manejo, épocas de colheitas ou de extrativismo e os usos múltiplos destas espécies. E
assim tentar estimular que as populações tradicionais (indígenas, quilombolas e/ou
pequenos agricultores) continuem a valorizar seus alimentos locais e preservar suas
sementes crioulas ou caboclas mantendo os recursos genéticos vegetais.
É preciso reforçar que os valores alimentícios dos produtos locais e todo seu
conhecimento empírico também precisam ser melhor pesquisados e divulgados. Uma vez
que, aparentemente estamos vivendo uma época de busca pelos produtos saudáveis, de
origens conhecidas e que contribuam para conservação ambiental. Os paradigmas e tabus
alimentares precisam ser reavaliados e repensados, mas, para isso é preciso investir em
pesquisas básicas e aplicadas e, sobretudo, em programas educativos através dos meios
de comunicação de massa que, talvez poderiam reverter os preconceitos e criar um
orgulho nacional na utilização dos recursos naturais, como acontece em tantos outros
países.
Contudo, além dos manejos sustentáveis, cultivos, pesquisas e marketing das
espécies promissoras há, naturalmente, a necessidade de preços competitivos, de controle
de qualidade dos produtos e de produção em maior escala, criando assim as demandas e
os mercados de demanda real, valorizando principalmente a cultura e o produto nacional.
Para os adeptos, incentivadores e estudiosos das PANC, o alimento e a água são
as coisas mais importantes do mundo e um não se dissocia do outro. As PANC estão
adaptadas aos diferentes ambientes do planeta e têm grande potencial para incrementar
as matrizes agrícolas mundiais, diversificar cardápios, minimizar a fome real e a fome
oculta, nutrir, ser fonte de vitaminas e elementos essenciais, incentivar produção
sustentável e contribuir para a conservação dos solos, das águas e dos recursos naturais
em geral. Práticas que o mundo vem clamando, trabalhadas de uma única vez, em forma
de beleza que, alegra aos olhos, aquece a alma e fortalece o corpo.

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