AMERICANA
2000
CENTRO MONTESSORI DE PESQUISAS PEDAGÓGICAS 4
I - BIOGRAFIA GERAL
Autoria SANTOS, Mirian Carone dos, Mestra.
Reproduções proibidas por qualquer meio, mesmo
parcialmente.
DADOS BIOGRÁFICOS
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ESTE LIVRO
morte.
Uma dessas pessoas que haviam estado com ela,
como observadoras do que fazia, era Piaget, então na
época já autor de diversos livros que haveriam de
transformar o mundo da Psicologia e, conseqüentemente,
o da Pedagogia, embora o Mestre nunca tenha se
importado com a educação, Pedagogia e Didática.
Mesmo sendo Piaget quem era já a essa época,
Montessori nunca o considerou uma pessoa que estivesse
ali por outra razão a não ser a de “aprender como se
faz” aquilo que vinha fazendo. Dizem que até Piaget se
deliciava com essa posição de Maria Montessori.
Aliás, ela gostava de chamar as pessoas de
“discípulas”, e estas adoravam essa franqueza que só
aos grandes líderes da humanidade é permitido. Ser uma
“discípula” da notável médica-educadora era como que
um título que a pessoa deveria ostentar para o resto da
vida. Quem foi chamado assim por ela ainda faz questão
de dizer que é sua discípula, mesmo que tenha se
desviado daquilo que originalmente ela propunha.
Essa consideração (ou desconsideração aparente)
pelos outros, não se tratava de ofensa alguma:
Montessori tinha a convicção de era realmente uma
pessoa iluminada e, como tal, sabia sê-lo.
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UMA LIÇÃO
DE VIDA
LIDAR COM
CADÁVERES
A NOITE... !
MARIA E OS
DIREITOS DAS
MULHERES
DOM DE FALAR
EM PÚBLICO
extraordinário carisma.
O público ria com ela, chorava quando desejava
que isso ocorresse, aplaudia quando ela queria e na hora
certa, constituindo isso um exercício de “descobertas”
que ela fazia sobre sua própria capacidade para liderar.
Interessante notar que Maria não tinha
experiência anterior. Nunca chegara a debater tais
assuntos na Faculdade de Medicina, pois não podia
conversar com os rapazes e não havia outras moças por
lá.
É claro que Maria tinha também seus temores e
desconfianças, como todo ser normal, porém nunca
deixou que isso transparecesse. Ela exalava segurança
pessoal, e os outros sentiam-se amparados por ela com
sua simples presença.
Maria não tinha medo do mundo e nem das
pessoas que habitavam nele. Disso ela havia dado provas
quando estava na Faculdade. Viveria bem nesse mundo,
se não fossem os cheiros dos laboratórios, o isolamento
desumano na turma, a frieza dos cadáveres e as noites
sozinhas dissecando-os. Não assumia as palavras
ofensivas dos colegas de turma, e fingia não escutar os
convites que os mais afoitos lhes faziam.
Do sucesso nas palestras, Maria passou a ser bem
sucedida em seu trabalho como Médica. Passou a
atender doentes mentais e crianças retardadas. Ela havia
notado que essas crianças estavam sendo consideradas
como “casos perdidos” e internadas em asilos, ao lado
de adultos e nas mesmas condições destes, na maior
promiscuidade. Nos asilos, não tinham aulas, nem
brinquedos, levavam uma vida completamente vazia. Até
essa época, os deficientes mentais eram considerados
como “idiotas”, ou seja, sem qualquer consideração
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reconhecido como seu filho por ela, após sua morte e por
meio de testamento, pois sempre o apresentou como
“sobrinho” para quase todas as pessoas.
Mário (filho), desde bebê foi retirado de
circulação, e pouca gente soube da sua existência. Foram
vários meses de gravidez evidente que foram disfarçados
com roupas apertadas, espartilhos, ou passados sem
contato com pessoas, de sorte que quando a criança
nasceu, quase ninguém sabia que ela estava a caminho.
Mário foi remetido para uma família de amigos
que morava na zona rural, para ser criado como se fosse
um filho a mais. Foi só depois que ficou sabendo quem
era sua mãe realmente.
Até o nascimento do bebê Giuseppe Montesano
continuaria o romance com ela, porém depois ele a
abandonou para nunca mais vê-la.
Isso provocou uma crise enorme na vida de
Maria, e como nas crises anteriores, ela conseguiu
vencer: abandonou seu projeto inicial e mudou de vida:
passou a freqüentar a Universidade como estudante de
Pedagogia, higiene e psicologia.
Incrível como o destino das pessoas parece estar
selado na origem: ela, que afirmava “jamais serei
professora...”, envolvia-se agora em cursos que a
levariam fatalmente a essa profissão.
O curso de formação do Professor incluía, desde
essa época, os momentos de observação e aulas práticas
nas escolas, mais ou menos como os Estágios
Supervisionados, porém feitos efetivamente e com muita
responsabilidade. Ao fazer seus estágios, Montessori se
sentiu horrorizada com o que viu ser feito com crianças
normais nas escolas de Roma.
As salas de aulas eram escuras, pesadas, tristes,
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Por um erro grosseiro da Pedagogia antiga, ainda hoje em algumas Escolas
se afirma, mesmo nos cursos de Magistério, que “não se deve dar os nomes
reais das coisas às crianças, pois elas não entenderia corretamente...”. Maria
assestou sua capacidade científica contra mais esse preconceito...
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Garoto encontrado na floresta do sul da França, que se pensou ter sido
criado por uma loba deste o nascimento. Hoje se sabe que o comportamento
semelhante ao de lobos que a criança tinha, é típico do autismo, desfazendo-
se o mito da criança-selvagem. Na época, porém, acreditava-se piamente
que era possível uma loba sem crias cuidar de um bebê humano...
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O MÉTODO
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A Fábrica de Piracicaba chegou a produzir 375 materiais diferentes, todos
pertencentes à relação inicial de Montessori, ou propostos por seguidores,
ou ainda criados por Mário Montessori, seu filho, que continuou o trabalho
da Mãe quanto esta faleceu. Os do Jardim do Castorzinho são exemplos
deles.
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Nas apostilas do curso de Instrumentação estes detalhes serão abordados
com maior precisão.
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Montessori: “essa
ocorrência é o primeiro
vislumbre das profundezas
inexploradas da mente
infantil”
Helming, (Helen),9 assim
se expressa a respeito desse
despertar da motivação a
partir do material sugestivo
e livre:
O material Montessori não entra na vida da criança
como uma tarefa difícil e proibitiva a ser cumprida, mas
9
HELMING, Helen, é Diretora de uma das mais afamadas escolas
Montessorianas da Alemanha. É autora de vários livros sobre o Método e
reconhecida internacionalmente como uma das suas maiores
incentivadoras.
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O QUE É A
LIBERDADE
OS CONTRÁRIOS
A EXPLOSÃO DA
ESCRITA
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Ainda na década de 30 existia um livro didático destinado ao
antigo Grupo Escolar, chamado “Lições de Cousas”. Tivemos um
desses livros em mãos. Ali se ensinava a fazer barcos, escadas em
espiral, madeiramento de telhados, tanoaria, etc., coisas que
obviamente não poderiam ser desenvolvidas por crianças e nem
mesmo pela maioria dos adultos que se dedicam a profissões
específicas.