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Substantivos

Por Leticia Gomes Montenegro


Mestre em Linguística, Letras e Artes (UERJ, 2014)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFBA, 2007)

Convencionou-se que os substantivos são as palavras que nomeiam os seres em geral.


Nesta convenção há aspectos gramaticais importantes para entender o funcionamento
dos substantivos dentro e fora dos contextos de usos linguísticos.

Esta classe de palavras possui significado lexical e atribui nome para:

 Objetos substanciais: exemplos: homem, casa, livro, mesa, armário, carro, etc.
 Objetos apreendidos manualmente como substanciais, tais como: qualidades
(bondade, honestidade, integridade), estados (saúde, doença), processos
(chegada, entrega, aceitação), dentre outros.

Para algumas gramáticas os processos e os fenômenos não são “objetos”. Elas explicam
que os substantivos também nomeiam processos, acontecimentos e fenômenos, tais
como; chuva, ventania, caminhada, etc.

Significado da palavra "substantivo"


Uma pesquisa etimológica da palavra “substantivo” conforme a “Nova Gramática do
Português Brasileiro", de Ataliba Castilho, apresenta que “Substantivo significa
literalmente “o que está debaixo, na base”, é a tradução latina do grego
hypokéimenon.” Através da definição deste vocábulo, pelos gramáticos gregos,
compreende-se o substantivo como parte fundamental do texto, não há texto sem os
substantivos.

Nesse sentido, Ataliba de Castilho (2016) afirma que o substantivo e o verbo constituem
categorias sintáticas de base, sem as quais não se constrói uma sentença.

Uma observação importante sobre as funções das palavras nas orações


No âmbito da funcionalidade dos substantivos, eles poderão cumprir a função de:

 Núcleo do sujeito
 Núcleo do objeto direto
 Núcleo do objeto indireto
 Núcleo do agente da passiva
 Predicativo do sujeito
 Complemento nominal
 Aposto
 Vocativo
 Adjunto adverbial
 Adjunto adnominal.
Toda vez que em uma análise sintática outra classe gramatical exercer uma dessas
funções, ela estará ocupando morfologicamente a classificação de substantivo. O que
pode acontecer, por exemplo, com um pronome, um numeral ou qualquer palavra
substantivada.

Classificação dos substantivos

Concretos e abstratos
De acordo com Evanildo Bechara, substantivo concreto designa um ser que existe de
maneira independente: casa, mar, sol, automóvel, mãe.

São substantivos concretos nomes próprios, pessoas lugares, instituições, por exemplo.

Substantivo abstrato é o que designa uma existência dependente, ligado a outro ser ou
processo, designam ações (abraço, sorriso), estado e qualidade considerados fora dos
seres: prazer, beijo, trabalho, saída, beleza, cansaço.

Próprios e comuns
Os próprios fazem parte de um conjunto de seres considerados em suas
individualidades. Utiliza-se letras maiúsculas para diferenciar que esses nomes se
referem a indivíduos ou lugares com existências únicas, mesmo que os nomes possam
se repetir, cada substantivo será único. Exemplo: nomes de pessoas como Maria, Maria
Flor, Maria da Fé.

Os substantivos comuns são todos aqueles que já foram referidos anteriormente, tais
como processos, ações, fenômenos ou objetos substanciais: casa, mesa, cama, cadeira,
cachorro, beijo, carinho, passeata, etc. São palavras que possuem características comuns
em quaisquer contextos extralingüístico nos quais existem.

Substantivos coletivos
São substantivos comuns, que designam um conjunto de objetos ou espécies, porém se
apresentam no singular.

Existe uma lista de substantivos coletivos comumente apresentados nas gramáticas


como os mais significativos e usuais, seguem alguns exemplos:

 Alcatéia – de lobos
 Legião – de soldados, demônios
 Manada – de bois, búfalos, elefantes
 Matilha – de cães de caça
 Quadrilha – de ladrões
 Ramalhete – de flores
 Constelação – de estrelas.
 Arquipélago – de ilhas.

Flexões dos substantivos


Os substantivos podem variar em número, gênero e grau.

 Número se refere ao singular ou plural


 Gênero se refere ao masculino ou feminino
 Grau se refere à apresentação normal, exagerada ou diminuída, ou seja;
aumentativo ou diminutivo.

Sobre o grupo de classes de palavras denominadas nominais


Substantivos e adjetivos compartilham um grande número de traços mórficos comuns,
ambos têm o mesmo processo de flexão de gênero e número. Por isso os traços
morfológicos não são suficientes para distinguir uma classe da outra, sendo necessário
fazer uso de um critério sintático e funcional para obter uma distinção correta. Observe
no exemplo a seguir:

A) Uma negra jovem foi aprovada no concurso para docente no programa de pós-
graduação.

B) Uma jovem negra foi aprovada no concurso para docente no programa de pós-
graduação.

No exemplo A o nome “negra” encontra-se acompanhado do artigo, o que o coloca no


centro do sintagma nominal, logo será classificado como substantivo. Ao passo que, o
nome ”jovem” surge qualificando o nome anterior, acompanhando-o e atribuindo-lhe
uma característica.

Bibliografia:

CUNHA, Celso e CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português


contemporâneo. – 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. – 37. ed. rev., ampl. e atual. –
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. – 1. Ed., 4ª


reimpressão – São Paulo: Contexto, 2016

Núcleo do sujeito
Por Cynthia Cordeiro Chalegre
Graduada em Letras-Português (USP, 2011)

Sujeito é a quem se refere o verbo, ou seja, é aquele que sofre ou realiza a ação referida
pelo verbo. Confira nos exemplos:

a) Maria morreu.

A quem o verbo morrer se refere? Ou seja, quem morreu? Maria, sendo esta, portanto, o
sujeito da oração.

b) Cristina comeu todo o bolo.


Nesse caso, o verbo comer refere-se à Cristina, pois foi ela quem comeu o bolo. Por isso
é o sujeito da frase.

Nos exemplos, o sujeito é formado por apenas um termo. Porém, o sujeito pode ser ter
mais de um termo. Veja:

a) Minha querida irmã Maria morreu.

Nesse caso, quem morreu? Minha querida irmã Maria; portanto, essas quatro palavras
formam o sujeito.

No exemplo, apesar de o sujeito ser formado por quatro termos, há um mais importante
que os demais: Maria. É a respeito desta que o verbo diz, propriamente, algo. Este é,
portanto, o núcleo do sujeito, a palavra principal que forma o sujeito.

Confira em destaque mais exemplos do núcleo do sujeito em orações:

a. A maravilhosa culinária brasileira encanta o mundo.


b. Nosso tio João nos visita raramente.
c. A pobre Ana não dançou com ninguém na festa.
d. O pequeno garoto, mesmo jovem já passou por muitas dificuldades.
e. Aquela linda moça passava por aqui todos os dias.
f. Todos os dias o pequeno Gabriel lia um trechinho do livro que ganhara de
presente do avô.

Quando o sujeito é composto, haverá mais de um núcleo. Por exemplo:

a. Os cães e gatos são os animais domésticos mais comuns.

Referências Bibliográficas:

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Editoras
Nova Fronteira e Lucerna, 2009. 574 p.

Núcleo do Objeto direto


Por Denyse Lage Fonseca
Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

Cunha e Cintra (2008, p. 154) definem o objeto direto como o complemento de


um verbo transitivo direto, ou seja, o complemento que normalmente vem ligado ao
verbo sem preposição e indica o ser para o qual se dirige a ação verbal. Em outras
palavras, o objeto funciona como receptor do processo verbal. Com vistas a clarear esse
conceito, propõe-se a leitura deste fragmento do romance O primo Basílio, escrito
por Eça de Queirós:
Havia doze dias que Jorge tinha partido e, apesar do calor e da poeira, Luísa vestia-se
para ir à casa de Leopoldina. Se Jorge soubesse não havia de gostar, não! Mas estava tão
farta de estar só! Aborrecia-se tanto! De manhã ainda tinha os arranjos, a costura, a
toilette, algum romance... Mas de tarde!

O fragmento acima descreve a vida tediosa a que se submetia a personagem Luísa, por
meio da enumeração de seus afazeres diários, que se restringiam à parte da manhã.
Observe que em De manhã ainda tinha os arranjos, a costura, a toilette, algum
romance..., o verbo tinha não necessita do acompanhamento de uma preposição para a
transmissão da ideia ao seu complemento. Nesse caso, os arranjos, a costura, a toilette,
algum romance formam o chamado “objeto direto”, que vem representado
por substantivos.

É importante destacar que o objeto direto por vir também representado por:

1. Numeral

a. "De acordo com a lista, devemos comprar três pacotes de arroz." Atente-se para
o fato de que o numeral sublinhado integra o complemento do verbo “comprar”.
b. "O clube vendeu 40 mil ingressos para a grande final do campeonato." Note que
o numeral grifado complementa o verbo “vendeu”, de modo direto.

2. Pronome substantivo

a. "Eu a vi naquele dia na faculdade."O pronome em destaque refere-se a um


substantivo feminino. Na informalidade, é comum a forma “Eu vi ela naquele
dia na faculdade”. Tal forma não é recomendada em situações formais da
linguagem, sobretudo, pela cacofonia (som desagradável ao ouvido) gerada pela
junção de (vi + ela = viela).
b. Irei levá-lo à festa de aniversário de seu coleguinha.O pronome masculino
evidenciado refere-se ao garotinho que seria levado à festa.

3. Oração substantiva (objetiva direta)

a. "Este delicado procedimento exige que sejamos cuidadosos."Observe que o


complemento do verbo “exige”, acima destacado, é o objeto direto em forma de
oração (frase constituída de um verbo) precedida por “que”. Vale elucidar que a
referida oração é substantiva, uma vez que equivale ao substantivo “cuidado”:

Este delicado procedimento exige cuidado.

b. "Todos desejam que você volte."A oração sublinhada se equivale à forma


substantiva “sua volta”:

"Todos desejam sua volta."

4. Palavra ou expressão substantivada


a) Não sei o quê aquele rapaz pensa da vida.
b) Aguardava ansiosamente o desenrolar do assunto debatido.
Observe que o artigo definido “o” antecede o verbo “desenrolar”. A esse processo, dá-se
o nome de substantivação, ou seja, a palavra ou expressão se torna um substantivo,
quando precedida de artigo.

É pertinente ressaltar que o objeto direto pode ser composto de mais de um substantivo
ou de mais de uma palavra que ao objeto se equivale:

a) Eles já ganharam duas ou três vezes.

Constate que o complemento do verbo “ganharam” compõe-se de dois numerais e um


substantivo.

b) Naquele ano, plantaram mandioca, milho e feijão.

Nesse caso, o verbo “plantaram” apresenta como complemento três substantivos, que
indicam os alimentos que foram plantados.

Para encerrar: O objeto direto é o complemento da ação verbal, que ocorre de forma
direta, isto é, sem o intermédio de uma preposição.

Referências:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Complementos Verbais – Objeto Direto. In:
___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon,
2008, p. 154-155.

QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. São Paulo: Ática, 1993.

Núcleo do Objeto indireto


Por Denyse Lage Fonseca
Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

De acordo com Cunha e Cintra (2008, p. 157), objeto indireto é o complemento de


um verbo transitivo indireto, isto é, o complemento que se liga ao verbo por meio de
preposição. Em outras palavras, esse objeto complementa o sentido expresso pela ação
verbal, de maneira indireta. Cumpre-se destacar que o prefixo “in” indica “negação”, o
que significa que a complementação não é feita de forma direta, pois exige a
interposição de uma preposição. Vale enfatizar que o objeto indireto pode vir
representado por:

1. Substantivo
a) "Precisamos de doadores de medula óssea."

Atente-se para o fato de que o verbo “precisamos” necessita do acompanhamento da


preposição “de” para se unir ao seu complemento. Nesse contexto, tem-se o objeto
indireto, que se constitui sobremaneira de substantivos, conforme destaque.
b) "Os alunos obedeceram aos regulamentos relativos à realização da gincanasolidária."

Nesse exemplo, o objeto indireto também se compõe de substantivos, que


complementam a ideia expressa pelo verbo “obedeceram”.

2. Numeral
a) "O apartamento, localizado no centro da cidade, pertence aos três."
b) "Eles compareceram às quinze horas ao cartório, conforme combinado."

Observe que os numerais, em evidência, integram o complemento dos verbos


“pertence” e “compareceram”, respectivamente, sob o intermédio da preposição “a”.

3. Pronome substantivo
"Pediram-me que organizasse os arquivos do escritório."

Quem pede, pede a alguém que faça alguma coisa. O pronome sublinhado remete-se “a
mim” (a uma pessoa). Por isso, tem-se um pronome substantivo. A forma “Me
pediram”, na qual o pronome antecede o verbo, se faz comumente presente nas falas
cotidianas. Porém, deve ser evitada, quando se tratar de situações de uso formal da
língua.

4. Palavra ou expressão substantivada


a) Desconfiavam-se do caminhar das negociações.

Veja que o objeto indireto compõe-se de uma expressão substantivada, formada pela
aglutinação da preposição “de” com o artigo definido “o” e o verbo “caminhar”.

b) A solenidade encerrou-se com o agradecimento aos presentes.

Note que, aqui, ocorre o processo de substantivação do adjetivo “presentes”, por meio
da junção da preposição “a” (exigida, nesse contexto, pelo verbo “agradecer”) com o
artigo definido “os”.

5. Oração substantiva (objetiva indireta)


"Você duvida de que sejamos capazes?"

Observe que o complemento do verbo “duvida”, em destaque, é o objeto indireto


(regido da preposição “de”) em forma de oração (frase que se organiza em torno de um
verbo). Cumpre-se elucidar que a oração em foco é substantiva, visto que se equivale ao
substantivo “capacidade”. Assim, tem-se:

"Você duvida de nossa capacidade?"

É crucial enfatizar que o objeto indireto pode ser composto de mais de um substantivo
ou de mais de uma palavra que ao objeto se equivale:

a) "Estamos convencidos de que o talento e a dedicação são imprescindíveis para o


sucesso profissional."
Os substantivos destacados compõem o objeto indireto da ação expressa pelo verbo
“convenceram”.

b) Naquele dia, eles assistiram a três filmes de comédia.

Nesse caso, integram o complemento do verbo “assistir”, um numeral e dois


substantivos.

Para concluir: O objeto indireto é o complemento da ação verbal, que se realiza de


modo indireto, ou seja, por intermédio de uma preposição.

Referência:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Complementos Verbais – Objeto Indireto.
In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon,
2008, p. 157-159.

Núcleo do Agente da passiva


Por Daniele Fernanda Feliz Moreira
Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Para se compreender o que é agente da passiva, é preciso entender primeiro o que


chamam de voz nos estudos linguísticos. Voz é uma das características do verbo,
definida pela relação entre o sujeito gramatical (aquele com o qual o verbo concorda) e
o papel de agente ou de paciente do processo verbal. E essa característica, a voz verbal,
é capaz de alterar a forma e a posição dos termos da oração.

Basicamente, uma oração na voz ativa é aquela que apresenta verbo na forma de voz
ativa e estabelece concordância com sujeito gramatical, que exerce papel de agente da
ação descrita pelo verbo; e o papel de paciente fica a cargo do complemento objeto do
verbo. A título de exemplo, podemos observar a oração “Pedro limpou a janela”, que
tem “Pedro” como elemento que exerce função sintática de sujeito gramatical (termo
com o qual o verbo concorda) e assume papel temático de agente do processo verbal
(aquele que realiza a ação descrita pelo verbo); o verbo “limpou” na forma de voz ativa;
e o termo “a janela” como elemento que exerce função sintática de objeto direto do
verbo e assume papel temático de paciente.

Em oposição, uma oração na voz passiva é aquela que apresenta verbo na forma de voz
passiva e estabelece concordância com o sujeito gramatical, mas que exerce papel
temático de paciente e não de agente, como na voz ativa. O papel temático de agente do
verbo na voz passiva fica a cargo do termo a que chamamos Agente da Passiva.
Tomemos como exemplo a oração do exemplo anterior alterada somente a voz verbal:
“A janela foi limpa por Pedro”, em que temos o termo “A janela” como elemento que
exerce função sintática de sujeito gramatical, mas que assume papel temático de
paciente (o elemento que sofre a ação descrita pelo processo verbal); o verbo na voz
passiva (com uso de“ser” como verbo auxiliar, que se encarrega de receber
as desinências de tempo-modo e de número-pessoa, seguido pelo verbo principal no
particípio passado); e o termo “por Pedro”, que é de fato o elemento que nomeia quem
efetivamente executa a ação descrita pelo verbo, é quem assume papel temático de
agente do processo verbal, porém, não é o sujeito gramatical da oração, por isso,
chamado Agente da Passiva.

É importante notar que a forma do particípio passado pode ter mais de uma forma,
são particípios de verbos chamados abundantes. E a forma usada na construção de voz
passiva pode não ser a forma regular. De modo geral, tradicionalmente, as gramáticas
descrevem a forma do particípio passado de verbos abundantes subdivida entre
particípio regular (aquele terminado em -adocom verbos de primeira conjugação
“falado, cantado, caminhado” ou -ido com verbos de segunda e de terceira conjugações
“varrido, bebido, partido, ido”) e particípio irregular “aceito, entregue, expulso, coberto,
dito, escrito”. A orientação das gramáticas tradicionais para verbos que possuem duas
formas de particípio passado, uma regular e outra irregular (prender – prendido/preso;
acender – acendido/aceso; matar – matado/morto), é a de usar a forma de particípio
regular para a formação de tempos passados (como pretérito mais que perfeito “O rapaz
já havia matado sua sede nas águas do rio”) e usar o particípio irregular na formação
da voz passiva (“A vela foi acesa para o jantar”).

Predicativo do sujeito
Por Daniele Fernanda Feliz Moreira
Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Semanticamente, isto é, quanto ao significado, podemos definir predicativo do


sujeito como o elemento da oração nominal que confere a um ente uma característica
qualquer. Sintaticamente, isto é, no que se refere às relações estabelecidas com outros
termos na oração, o predicativo é o organizador da frase nominal, é o elemento que
predica, que seleciona outro termo para completar seu significado, é aquele que prevê
uma outra posição sintática, a de sujeito, a quem se liga por meio de um verbo de
ligação para garantir sentido completo à oração. Morfologicamente, isto é, quanto à
forma, ainda que possa variar, de maneira geral, o predicativo do sujeito apresenta-se
sob a forma de um nome adjetivo.

Alguns verbos têm em si sua significação definida e são capazes de predicar, de prever
outras posições sintáticas na oração para serem ocupadas por outros elementos que vão
complementar seu significado, é o grande organizador da oração no predicado verbal.
Estes são os chamados verbos significativos. Esse tipo de verbo não aparece em orações
com predicativo do sujeito. Predicativo se liga ao seu sujeito por meio de um verbo de
ligação, um tipo de verbo esvaziado semanticamente, ou seja, com significado bastante
restrito e, principalmente, sem a capacidade de selecionar elementos e de prever outras
posições sintáticas na oração em que aparece, como o fazem os verbos significativos. A
título de exemplo, observemos a oração “João deu flores para a mãe”, em que o verbo
“dar”, como verbo significativo, traz em si mesmo seu significado e também indica de
imediato que, para ter seu sentido completo na frase, é necessário preencher outras
posições sintáticas, é necessária a presença de um elemento que exerça função de sujeito
“João”, e é necessário haver outras duas posições preenchidas, algo a ser dado “flores”,
em posição de objeto direto, e alguma entidade para receber esse objeto “para a mãe”,
em posição de objeto indireto.

Em orações com verbos de ligação, o verbo tem um comportamento muito diferente dos
verbos significativos. No exemplo “O mar estava calmo”, o verbo não é capaz de
predicar, isto é, não é capaz de selecionar outras posições sintáticas, não traz em si o
significado preenchido como um verbo significativo. Quem cumpre esse papel de
predicar, de selecionar outras posições sintáticas na oração de predicado nominal, é o
nome, é o predicativo, neste caso “calmo”. Ele é o elemento que indica em seu
significado a necessidade de preencher uma outra posição sintática na mesma oração
com um elemento para ser chamado de calmo, para receber a característica que ele
denota. Precisa existir algo para ser chamado de calmo,o predicativo é o elemento que
predica no predicado nominal (e não o verbo, como no predicado verbal), por isso é
chamado de predicativo.

Bibliografia:

CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Porto Alegre, L&M Pocket,


2012.

Complemento nominal
Por Daniele Fernanda Feliz Moreira
Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Pode-se definir complemento nominal como o termo integrante da oração que


complementa o significado de um nome, que pode ser um substantivo, um adjetivo ou
um advérbio. É sempre ligado ao nome a que se refere por meio de uma preposição. O
complemento nominal desempenha em relação ao nome uma função semântica
comparável à função que os complementos verbais, objeto direto e indireto,
desempenham em relação ao verbo; a de ser necessário para completar um sentido
expresso de forma parcial. Sintaticamente, o complemento nominal se difere do objeto
indireto somente pelos termos com os quais se relacionam; complementos nominais são
selecionados por nomes e objetos indiretos são selecionados por verbos, mas ambos se
ligam a quem os seleciona por meio de preposição.

De modo mais prático, tomemos uma oração como exemplo para análise: “O juiz apitou
favoravelmente a um dos times”, em que o termo sublinhado completa o sentido
expresso em partes pelo nome advérbio que, sozinho, não é capaz de fazer sentido
completo. Tomemos outros exemplos: “A queima de fogos assustou os cachorros”, em
que o termo sublinhado complementa o significado expresso pelo nome substantivo “A
queima”; ou ainda em “A sala estava cheia de brinquedos”, em que o termo sublinhado
complementa o significado do nome adjetivo “cheio”. Note-se que sem o complemento
nominal, o elemento sublinhado em cada um dos exemplos, o nome (“favoravelmente
a...”, “A queima de...” e “cheia de...” não é capaz de se expressar satisfatoriamente
sozinho sem um termo que complete o seu sentido. Essa é uma característica dos termos
integrantes da oração, grupo de que faz parte, além do complemento nominal, também
os complementos verbais, objeto direto e objeto indireto, e o agente da passiva.

É importante notar que a maior parte dos nomes que exigem um complemento nominal
para ter seu sentido completo são nomes derivados de verbos transitivos, aqueles que
precisam de um complemento verbal (um objeto direto ou indireto). Como “A
construção do metrô”, em que o nome construção é derivado do verbo “construir”; ou
“A necessidade de mudança é urgente”, em que o nome “necessidade” é derivado do
verbo "necessitar"; ou ainda “A promoção do supermercado”, em que o nome
“promoção” é derivado do verbo “promover”.

Como grande parte dos vocábulos nominais em Língua Portuguesa, o complemento


nominal também pode ser substituído por um pronome. Os pronomes oblíquos, em geral
as formas átonas (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, se, os, as, lhes) podem figurar em
substituição à forma de complemento verbal com preposição, a exemplo de “Tenha-
me consideração”, em que o pronome “me” substitui a forma preposicional “por mim”,
de “Tenha consideração por mim”, complementando o nome substantivo consideração;
ou ainda “Viajar não me seria conveniente neste momento”, em que o pronome “me”
substitui a forma preposicional “para mim” de “Viajar não seria conveniente para mim
neste momento”, complementando o nome adjetivo conveniente; ou “Caminhar lhe era
saudável”, em que o pronome “lhe” substitui a forma preposicional “a ele/ela” de
“Caminhar era saudável a ele/ela”, complementando o nome adjetivo “saudável”.

Aposto
Por Daniele Fernanda Feliz Moreira
Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

O aposto, juntamente com o adjunto adnominal, o adjunto adverbial e o vocativo, é um


termo acessório da oração. Dito de outro modo, isso significa dizer que se trata de um
termo não exigido sintaticamente por outro elemento da mesma oração para completar o
sentido. Sua presença pode ser importante em determinados contextos para se
determinar ou especificar circunstâncias e pode ser dispensável em outros contextos,
mas é um elemento que não estabelece com outros termos da oração uma relação de
dependência sintática.

Quanto ao significado, aposto em geral é o termo responsável por trazer detalhes,


explicar com maior clareza ou precisão, dar outras referências ao nome ao qual se
refere, como nos exemplos “Machado de Assis, autor de A mão e a luva, é considerado
o maior escritor brasileiro”, em que o termo sublinhado é um aposto porque é utilizado
na oração com o objetivo de dar maiores esclarecimentos sobre a quem se refere o nome
próprio. Semanticamente, o aposto funciona como uma etiqueta com detalhes.

Quanto à forma, de maneira geral, é comum que o aposto se apresente entre vírgulas e
seguido do nome ao qual se refere. Como no exemplo do parágrafo anterior ou como em
“O morcego, o único mamífero que voa, ainda é temido por muitas pessoas”, em que o
aposto aparece entre vírgulas e traz detalhe sobre o nome que lhe antecede “morcego”.
Mas há outras formas com que o aposto pode aparecer na oração. Outra bastante comum
é a utilização de dois pontos, como em “O ônibus levava poucos passageiros: apenas
duas crianças, quatro adultos e uma senhora”, em que o aposto explicita mais detalhes
sobre quem eram os poucos passageiros referidos no nome.

Há ainda formas menos explícitas com que podem aparecer os apostos na oração, casos
em que reconhecemos tratar-se de um aposto pelo significado que traz à frase de
detalhar um elemento da oração. Nos exemplos, “A minha amiga Andréiaviajou para
São Paulo”, em que o nome próprio “Andréia” é um aposto que traz uma especificação
para o nome substantivo “amiga”. Ou no exemplo “No mês de Fevereiro acontece o
Carnaval”, em que “Fevereiro” individualiza o elemento “mês”.

Há também formas de apostos que servem para resumir uma lista elencada
anteriormente, como no exemplo “Abacate, abacaxi, ameixa, banana-maçã, banana-
nanica, coco verde, figo, fruta do conde e goiaba, todas são frutas do mês de Março”,
em que “todas” funciona como um aposto para resumir e congregar a lista com os
nomes de frutas precedentes. O aposto pode assumir ainda a forma de oração, quando
contém um verbo. A esse elemento, chamamos oração subordinada
substantiva apositiva e geralmente aparece após o uso de dois pontos, como no exemplo
“Uma coisa, todo mundo quer: ser feliz”, em que o termo sublinhado é o aposto, o
elemento que explicita a informação sinalizada anteriormente e contém um verbo, “ser”.

Bibliografia:

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. São Paulo, Nacional 1966.

Vocativo
Por Cynthia Cordeiro Chalegre
Graduada em Letras-Português (USP, 2011)

O vocativo é o termo que tem a função de chamar, invocar ou interpelar dentro da


oração. Não possui relação sintática com outros termos da oração, não pertencendo,
portanto, nem ao sujeito, nem ao predicado; porém, relaciona-se com a segunda pessoa
do discurso. Pode ser antecedido ou não por interjeição de apelo (Ei! Olá! etc.).

Vejamos alguns exemplos:

Não diga isso dentro de uma igreja, Amanda!

Na vida, meu querido, não se pode ter tudo.

Oh, Senhor, escutai minhas súplicas!

Ei! Moço! Com licença, pode me dar uma informação?

Distinguindo vocativo de aposto


Como dito anteriormente, o vocativo não mantém relação sintática com os demais
termos da oração, enquanto o aposto mantém essa relação. Além disso, os dois têm
funções diferentes. Enquanto o vocativo serve para chamar ou interpelar um
interlocutor, o aposto explica ou especifica um termo de valor substantivo ou
pronominal.

Veja exemplo:

Oh, Senhor, escutai minhas súplicas! Cura Tereza, minha filha querida, dessa doença
terrível!

Na frase acima o termo “Oh, Senhor” é o vocativo e “minha filha querida”, o aposto.

Vocativo e vírgula
Separar o vocativo dos demais termos da frase com vírgula é obrigatório, pois não
seguir essa regra pode alterar completamente o sentido proposto.

Vejamos exemplos de aplicação de vírgula atrelada ao vocativo:

1) Fernanda me contou uma história pessoal.

2) Fernanda me contou uma história, pessoal.

Na frase 1, a ausência de vírgula indica que o sujeito (Fernanda) contou uma história
íntima, quando, na verdade, “pessoal” se refere às pessoas a quem a palavra se dirige.

Confira mais exemplos de como a ausência da vírgula do vocativo interfere no sentido


da frase:

3) Ouça Maria.

4) Ouça, Maria!

Aqui o objetivo é pedir que Maria ouça, porém, sem a vírgula, entende-se que é ela
quem deve ser ouvida.

5) Você viu a boneca Luísa?

6) Você viu a boneca, Luísa?

Nesse caso, pretende-se perguntar à Luísa se ela viu a boneca, mas, sem a vírgula,
infere-se que está sendo perguntado se o interlocutor viu a boneca chamada Luísa.

Referências Bibliográficas:

CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 6ª ed. Rio de


Janeiro: Lexikon, 2013. 800 p.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa.
Companhia Editora Nacional. 695 p.

Adjunto adverbial
Por Denyse Lage Fonseca
Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

Segundo Cunha e Cintra (2008, p.165), o adjunto adverbial é, como o nome indica, o
termo de valor adverbial que denota alguma circunstância do fato expresso pelo verbo,
ou intensifica o sentido deste, de um adjetivo, ou de um advérbio. Vale ressaltar que o
emprego do adjunto adverbial tem valor acessório, isto é, não é indispensável para a
compreensão do enunciado. Para estudá-lo, recomenda-se a leitura deste trecho do
romance Esaú e Jacó, escrito por Machado de Assis.

Com efeito, as duas senhoras buscavam disfarçadamente o número da casa da cabocla,


até que deram com ele. A casa era como as outras, trepada no morro. Subia-se por uma
escadinha, estreita, sombria, adequada à aventura. Quiseram entrar depressa, mas
esbarraram com dois sujeitos que vinham saindo, e coseram-se ao portal. Um deles
perguntou-lhe familiarmente se iam consultar a advinha. (p.14).

A primeira ação é expressa pelo verbo buscavam. Observe que o


termo disfarçadamente acompanha esse verbo, indicando o modo com o qual as duas
senhoras buscavam o número da casa da cabocla. A esse termo, dá-se o nome de
“adjunto adverbial”, que pode ser representado por:

1. Advérbio: como no exemplo anterior e também em


[...] perguntou-lhe familiarmente [...].
Nesse caso, revela-se o modo com que o sujeito perguntou às senhoras.
2. Locução adverbial
(Entende-se por locução a junção de duas ou mais palavras que constituem um
significado único):
[...] casa da cabocla [...]
Trata-se de uma locução indicadora do lugar para onde as personagens
intencionam ir.
3. Oração adverbial:
Subia-se por uma escadinha, estreita, sombria, adequada à aventura.
A referida oração adverbial designa o lugar por onde se passava para chegar à
casa da advinha.

Em sequência, serão apresentados outros tipos de Adjuntos Adverbiais:

a) Adjunto adverbial de dúvida:

 Talvez o nosso filho chegue hoje de viagem.


 Provavelmente, os problemas serão solucionados este ano.

b) Adjunto adverbial de intensidade:


 Ela está bastante ansiosa para o seu casamento.
(Nesse caso, o adjunto sublinhado intensifica o sentido do adjetivo “ansiosa”.)
 Os arquivos foram muito bem organizados.
(Já nesse exemplo, o adjunto destacado intensifica o sentido do advérbio
“bem”.)

c) Adjunto adverbial de instrumento:

 Aquela professora prefere corrigir as provas com caneta de tinta preta.


 Ele construiu a tenda com bambus.

d) Adjunto adverbial de meio:

 Fomos de ônibus para acompanharmos o “Fórum das Letras”, em Ouro Preto.


 Aos domingos, ele sempre percorre a estrada de bicicleta.

e) Adjunto adverbial de causa:

 Não irei à faculdade hoje porque estou com forte dor na cabeça.
 Eu me atrasei para o trabalho por causa do acidente que interditou a rodovia.

f) Adjunto adverbial de companhia:

 Fui ao supermercado com os meus pais.


 Eu frequentarei a academia com o meu amigo.

g) Adjunto adverbial de finalidade:

 No fim de semana, ele foi à cidade de Congonhas para rever os amigos de


infância.
 Matheus foi à casa de Luís para contar-lhe o que aconteceu.

h) Adjunto adverbial de negação ou de afirmação:

 De modo algum, ele será demitido do escritório de Contabilidade.


 Realmente, os documentos não se encontram aqui.

i) Adjunto adverbial de tempo:

 Aquele jovem trabalhou na oficina durante três anos.


 Às dezenove horas, haverá a festa junina na quadra da escola.

Para concluir: Em geral, utiliza-se o adjunto adverbial para indicar, conforme


necessidade do ato comunicativo, as circunstâncias em que ocorreu o fato verbal. Vale
ressaltar que ele também é empregado com o intuito de intensificar o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.

Referências:
ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. In: Coleção Grandes Mestres da Literatura
Brasileira, n.19. São Paulo: Escala, p. 14.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Adjunto Adverbial. In: ___ Nova
gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 165-
169.

Adjunto adnominal
Por Denyse Lage Fonseca
Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

De acordo com Cunha e Cintra (2008, p. 164), o adjunto adnominal é o termo de valor
adjetivo que serve para especificar ou delimitar o significado de um substantivo,
qualquer que seja a função deste. Como o próprio nome sugere, ele acompanha o nome,
ou seja, o substantivo. É importante frisar que o adjunto adnominal tem valor acessório
na construção das orações. Isso significa que, ao se juntar ao nome, ele acrescenta dados
novos, porém dispensáveis à compreensão dos enunciados. Para a identificação das
finalidades do adjunto em foco, sugere-se a leitura de trecho do romance Menino de
engenho, do escritor paraibano José Lins do Rego:

João Rouco vinha com três filhos para o eito. A mulher e os meninos ficavam em casa,
no roçado. Com mais de setenta anos, aguentava o repuxo todo, como o filho mais
novo. A boca já estava murcha, sem dentes, e os braços rijos e as pernas duras. Não
havia rojão para o velho caboclo do meu avô. Não era subserviente como os outros.
Respondia aos gritos do coronel José Paulino, gritando também. Talvez porque fossem
da mesma idade e tivessem em pequeno brincado juntos.

Esse trecho do romance ocupa-se de nos contar um pouco da rotina de trabalho de João
Rouco, bem como de descrevê-lo fisicamente. Trata-se de um homem, com invejável
vigor físico no auge de seus mais de setenta anos, que trabalha de forma braçal como se
fosse o seu filho caçula. Em A boca já estava murcha, sem dentes, e os braços rijos e as
pernas duras, perceba que os adjetivos murcha e sem dentes (desdentado) foram
empregados para caracterizar a boca do personagem, ao passo que rijos definem os seus
braços e duras, as suas pernas. Ao acompanharem os nomes (os substantivos),
os adjetivos funcionam como “adjuntos adnominais” no contexto dos enunciados.

Além da forma adjetiva, o tipo de adjunto em questão pode vir expresso por meio do
artigo (definido e indefinido), como em:

A mulher e os meninos ficavam em casa, no roçado.

Os artigos grifados definem os integrantes da família de João Rouco. Diferentemente, se


fosse dito “Uma mulher...”, pois o artigo “uma” não definiria que se tratava de sua
mulher.

Os numerais também podem funcionar como adjuntos adnominais:


 João Rouco vinha com três filhos para o eito.
 Com mais de setenta anos, aguentava o repuxo todo [...].

O primeiro numeral cardinal, em destaque, especifica a quantidade de filhos do João


Rouco, enquanto o segundo, a idade que ele possui.

Veja, a seguir, outras maneiras pelas quais os adjuntos adnominais podem vir expressos:

1. Locução adjetiva

(Entende-se “locução” como a junção de duas ou mais palavras que compõem um


significado único):

A pobre jovem sempre dizia que a sua vida estava sem cor.

A locução em evidência corresponde ao adjetivo “descolorida”, utilizado como


metáfora para se referir à vida sem expressividade da jovem.

2. Pronome adjetivo

 A minha atual casa pertencia à família de meu amigo de infância.


 O nosso objetivo é garantir a sua segurança.

3. Oração adjetiva

 Aquela senhora, que vende doces deliciosos, mudou-se de endereço.


 Aquele é o rapaz que beijei.

É pertinente elucidar que um mesmo substantivo pode estar interligado a mais de um


adjunto adnominal:

a. "A minha vontade é trabalhar como redatora." O substantivo “vontade” é


acompanhado do artigo definido “a” e do pronome adjetivo “minha”.
b. "Quando cheguei ao evento, ele me olhou com um belo sorriso." O artigo
indefinido “um” e o adjetivo “belo” foram empregados para precisar como foi o
sorriso do rapaz para mim.

Para finalizar: O adjunto adnominal une-se a um nome (substantivo), com o intuito de


precisar o seu significado. Contudo, vale reiterar que se trata de um termo acessório,
visto que a sua presença é dispensável para a compreensão do enunciado.

Referências:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Adjunto Adnominal. In: ___ Nova
gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 164-
165.

REGO, José Lins do. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.

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