Intervenção Parasita de Stephanie Tomé Lobozzo Dower, detalhe
Imagem divulgação [Acervo da disciplina PAUP-FCT/Unesp]
O contexto local
Neste contexto, selecionamos uma área urbana deteriorada, hoje excluída das
atividades produtivas da cidade, cujas camadas históricas materializadas no
espaço estão fortemente presentes, constituindo fissuras urbanas residuais
caracterizadas como vazios, com aparente ausência de usos, entretanto por outro
lado potencializam como promessa, como lugares das possibilidades, das
expectativas, das pessoas que necessitam conviver com os outros e com o outro,
um terrain vague (4).
A área escolhida foi a da Antiga Estação Ferroviária de Presidente Prudente, com
seus trilhos desativados. Reune em seu entorno duas vilas que iniciaram seu
processo urbano, a Vila Marcondes e a Vila Goulart (5).
Nesta proposição é preciso, então, fazer para aprender. Trilhar um caminho que
vai desvelando os nuances do terreno e os desafios do ensino-aprendizagem para o
reconhecimento urbano. Apenas a experiência do espaço revela os seus meandros e
particularidades. Nesse sentido, o futuro arquiteto urbanista pode se reconectar
com o lugar e com os “outros” que habitam a cidade, sendo ao mesmo tempo um ator
social e aquele que concebe, junto com os outros, um projeto de mudança, amparado
pela experimentação.
Saídas possíveis para que o fator social possa ser revisitado e reinventado, não
nos moldes do modernismo, mas, na direção da valorização das subjetividades. Esse
pode ser o novo caminho para a “resingularização” do papel do arquiteto urbanista
e para o pensamento sobre o fazer arquitetura e urbanismo, imerso em uma visão
social, que não seja de cunho assistencialista, mas imbuída das várias dimensões
existenciais do ser humano.
notas
1
GUATTARI, Félix. A Restauração da Paisagem Urbana. Revista do IPHAN, n. 24, 1996, p.
293-300.
2
BARON, Cristina Maria Perissinotto; PAIVA, Suzana Cristina Fernandes. Complexo
Industrial e patrimônio urbano em Presidente Prudente. In FIORIN, Evandro; HIRAO,
Hélio (org.) Cidades do Interior Paulista. São Paulo, Cultura Acadêmica/Paco
Editorial, 2015.
3
FRANCISCO, Arlete Maria; FIORIN, Evandro. Patrimônio e Paisagem Urbana de Presidente
Prudente. In BARON, Cristina Maria Perissinotto; FIORIN, Evandro (org.). 100 anos
Presidente Prudente. Arquitetura e Urbanismo. Bauru, Canal 6, 2017.
4
SOLÀ-MORALES RUBIÓ, Ignasi de. Territórios. Barcelona, Gustavo Gili, 2002.
5
HIRAO, Hélio. Cenário e atmosfera das vilas Goulart e Marcondes: a paisagem de
Presidente Prudente, 2017, 100 anos. In BARON, Cristina Maria Perissinotto; FIORIN,
Evandro (org). Op. cit.
6
DEBORD, Guy (1958). Teoria da Deriva. Protopia Wiki <http://pt
br.protopia.wkia.com/wiki/Teoria_da_Deriva>
7
CARERI, Francesco. Caminhar e parar. São Paulo, GG Brasil, 2017
8
JACQUES, Paola Berenstein. Corpografias urbanas. Arquitextos, São Paulo, ano 08, n.
093.07, Vitruvius, fev. 2008
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.093/165>.
9
IANDOLI, Rafael. O que é a arquitetura parasita. E como ela ganha espaço em
cidades. Nexo Jornal, São Paulo, 2017
<https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/09/05/O-que-%C3%A9-a-arquitetura-
parasita.-E-como-ela-ganha-espa%C3%A7o-em-cidades>.
sobre os autores
Hélio Hiraoé doutor em Geografia Urbana (FCT Unesp, 2008); mestre em Arquitetura e
Urbanismo (FAU USP, 1990); graduação em Arquitetura e Urbanismo (FAU USP, 1981);
coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da FCT Unesp (2012-2014). Co-autor do
livro Cidades do Interior Paulista (Cultura Acadêmica/Paco Editorial, 2015.
Evandro Fiorin é doutor em Arquitetura e Urbanismo FAU USP (2009); mestre em
Arquitetura e Urbanismo (EESC USP, 2003); graduação em Arquitetura e Urbanismo (Faac
Unesp, 1998); coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da FCT Unesp (2014-
2016). Co-autor Cidades do Interior Paulista (Cultura Acadêmica/Paco Editorial, 2015.