Resumo
O presente trabalho traz uma abordagem de como a figura feminina é representada nas histórias em
quadrinhos. O objetivo do trabalho é identificar o discurso criado em torno da imagem feminina,
que intercala da heroína destemida a mocinha em perigo que necessita da proteção masculina.
Vamos realizar uma análise a partir das histórias em quadrinhos da MulherMaravilha. Fica
evidente que são necessários abordagens mais acurada a respeito das HQs, ainda mais quando
tratamos de gênero, pode parecer exagerado mas essa visão redutora da mulher que é passada nos
quadrinhos é parte de um problema maior, é algo que é reflexo da nossa sociedade, que necessita
ser desconstruído.
Abstract
This article presents an approach of how the female figure is represented in comics. The objective
is to identify the discourse created about the female image in this genre, that merges the fearless
heroine with the damsel in distress, who needs male protection. We will perform an analysis of the
Wonder Woman comics. It is evident that a more accurate approach about those comics is needed,
especially when dealing with gender. However exaggerated it may seem, the reductive view of
women that is passed on by the comics is part of a larger problem, it is something that reflects our
society, and needs to be deconstructed.
105
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / dez. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
Resumen
En este trabajo se presenta una aproximación a la forma en la figura femenina representada en los
cómics. El objetivo es identificar el discurso creado en torno a la imagen femenina que combina la
joven heroína valiente en apuros necesita protección masculina. Vamos a realizar un análisis de los
cómics de Wonder Woman. Es evidente que una mayor precisión acerca de los enfoques dibujos
animados, incluso cuando se trata de sexo, puede parecer exagerado, pero esta visión reductiva de
la mujer que se pasa en los cómics es parte de un problema mayor, es algo que es un reflejo de
nuestra sociedad que necesita ser deconstruido.
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
A partir de tais percepções, fica evidente a lutarem contra o crime, são sempre salvas por
importância da compreensão do recorte de seus parceiros nas narrativas. E outro vilão,
gênero, pois com a construção de tal talvez até mais perigoso do que os
conhecimento passamos a entender como criminosos com quem lutam, é sua
essas desigualdades entre homens e mulheres 'feminilidade'.
no mundo “real” acabam sendo representadas Ficando, assim, evidente sua incapacidade
nos quadrinhos.“O conceito de gênero para solução de problemas, mesmo que
permite compreender que não são as SuperHeroínas. Deixa, dessta forma, claro
diferenças dos corpos de homens e mulheres que mesmo nos quadrinhos o machismo
que os posicionam em diferentes hierarquias, impera, representando assim evidente a falta
mas sim a simbolização que a sociedade faz de capacidades ou mesmo possibilidades
delas” (SILVA, 2009, p. 36). femininas, assim explica Mill (2006, p. 66):
Tratam da construção social dos papéis
desempenhados por homens e mulheres na a opressão e subordinação das
sociedade. Tem caráter relacional, ou seja, o mulheres seriam solucionadas
entendimento de um implica através de uma reforma das
consequentemente, no entendimento do instituições, impulsionada pelo
outro. Em outros termos, pode ser princípio da “perfeita igualdade”. A
interpretado como um conjunto de normas eliminação dos resquícios
modeladoras dos seres humanos aplicadas a tradicionais que sustentam a
homens e mulheres, sendo expressas nas dominação feminina presentes na
relações sociais públicas e privadas dessas legislação moderna seria garantida
categorias (SAFFIOTI, 1999). graças à tendência inevitável de
As relações de gênero, no dia a dia do 'aperfeiçoamento moral da
homem e da mulher, são representadas e humanidade'.
observadas nas revistas em quadrinhos, nas
quais a mulher vem aparecendo como Em alguns enredos elas foram traídas por
heroínas. Tal heroísmo, dependente e serem mulheres, um dos casos é quando a
submisso aos heróis masculinos que são Batmoça, durante uma de suas lutas, deixa
mostrados como fortes e viris. O termo seus parceiros em situação difícil com os
gênero representa uma construção cultural inimigos, porque parou para arrumar sua
central nos estudos e no movimento máscara e tirar lama de seu rosto, o que ajuda
feminista, mesmo que nas últimas três na fuga dos criminosos. O narrador frisa “e
décadas tenha se tornado ubíquo e ambíguo como qualquer outra moça...” (Os Rasgões
(STOLKE, 2004). do uniforme da Mulher Morcego, 1969, p. 7).
Duas figuras femininas de superheroínas A partir desse esboço, entendemos o que é
aparecem nas HQs, uma tendo superpoder e ser mulher no imaginário masculino, que a
a outra não, mas que igualmente combatem o feminilidade esta associada à futilidade e
crime e traz a paz aos cidadãos norte vaidade, que a mulher, por mais que tenha
americanos, é a Batmoça e a SuperMoça. 'poderes' e possua um cargo de grande
Ambas são parceiras de grandes nomes responsabilidade, ela vai ser sempre traída
dentro dos comics de superheróis, o Batman por ser mulher, por acreditarem que sua
e SuperHomem. aparência venha em primeiro lugar. O
As duas superheroínas apesar de terem narrador ajuda a entender esse imaginário,
superpoder, no caso da SuperMoça e quando solta 'e como qualquer outra moça',
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
ou seja, ela é como qualquer outra moça que assim, os criminosos, fazendo com que
não tenha essa responsabilidade de lutar Batman e Robin os capture. Dessa forma, a
contra o crime, quando o discurso da mulher é vista, mais uma vez, como
aparência emerge. No entanto, a Batmoça é superficial, que o único poder que ela
uma mulher como outra qualquer, não pelo realmente tem é sua beleza e sensualidade,
fato de ser vista como fútil, mas por fazer sendo que esta é também prejudicial para ela.
parte dessa categoria de gênero feminino, só É uma contradição que o próprio autor não
que com um agravante a mais ela luta contra consegue analisar direito.
o crime com suas próprias mãos. Quem nunca leu uma revista da Turma da
Deve entender que a feminilidade não é Mônica, a eterna baixinha, gorducha e
uma força natural que precisa apenas ser dentuça. A Mônica também aparece no
controlada e disciplinada, existem mulheres discurso normativo masculino do que é
que não fazem parte do discurso dito feminino e masculino. Ela é um dos casos
feminino, que a mulher deve se casar e ter excepcionais, pois surge primeiramente
filhos, que ela deve escolher profissões mais representada por estereótipos característicos
suaves e menos perigosas, assim como do sexo masculino, ela é agressiva, impõe
existem mulheres que escolhem ser tudo isso. seu poder aos meninos pela força, e essas
A feminilidade existe ou não em um corpo características são ditas masculinas. Ela é
feminino, nem toda mulher vai ser vaidosa. uma personagem que foge aos padrões
Nesse sentido, é importante observar Silva femininos.
(2009), pois hoje a mulher deve ser Com o tempo Mônica se enquadra dentro
observada a partir de outro prisma. Existe a do discurso do feminino, ela aparece mais
real necessidade da desconstrução desse meiga, frágil, olhando mais para os meninos,
perfil vulgar e fútil dessa mulher descrita nas ou seja, características das mulheres, mas
historias em quadrinhos. nunca perde suas principais características
que é ser baixinha, gorducha e dentuça. Essa
Tratase das relações desiguais de mudança da personagem é um pedido da
poder impostas culturalmente entre turma, das meninas, principalmente, para ela
homens e mulheres, relações estas ser mais feminina. Entendemos aqui, que a
que vêm a influenciar nos modos de própria mulher se vê de forma frágil, que não
organização e representações sociais. pode ganhar pela força, esse imaginário
Cabe também definir sexo, que se perpassado entre as mulheres, pois está
refere ao conjunto das características ligado a aspectos históricoculturais.
que distinguem os seres vivos, com Hoje ainda existem as revistas da Turma
relação a sua função reprodutora, da Mônica Jovem, nas quais a Mônica esta
está relacionado a condições ou totalmente feminizada. Com a ausência das
diferenças biológicas relacionadas mulheres na indústria dos quadrinhos, estas
aos corpos humanos, e não a cultura são apresentadas nas HQs, principalmente
como no caso de gênero. (SILVA, norteamericanas, com marcas de
2009, p. 58). sexualização, futilidade, debilidade física e
mental, é instável emocionalmente e
Nesse mesmo episódio que a Batmoça fora irracional, esta última quando o sexo
traída por sua feminilidade, ela é ajudada pela masculino está inserido na trama.
mesma. É quando ela rasga seu uniforme,
deixando à vista suas pernas e distraindo,
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.