CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
FORTALEZA – CE
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC
FORTALEZA – CE
2016
TIAGO DA SILVA CASTRO
FORTALEZA – CE
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca de Ciências e Tecnologia
TIAGO DA SILVA CASTRO
Data da Defesa:___/___/______.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Queiroz Pereira (Orientador)
Universidade Federal do Ceará – UFC
____________________________________________________
Prof. Dr. Eustógio Wanderley Correia Dantas
Universidade Federal do Ceará – UFC
____________________________________________________
Prof. Dr. Enos Feitosa de Araújo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE
____________________________________________________
Profa. Dra. Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano
Universidade Estadual do Ceará – UECE
FORTALEZA – CE
2016
A Deus.
À minha Irmã.
Ao meu Amor.
The last two decades were of intense transformations at the sociospatial dynamics of the northeastern
litoral. The adoption of planning actions turned for developing of the region intensifies from the decade
of 1990, conceiveing projects to promotion of the touristic activity. Those policies, guided in the
implantation of infrastructure of transports and of leisure, and focused on the goal of attraction of
turistic flows and private investiments, set urban networks parallel to the coast, being these
subordinated to the northeastern capitals, turned in centers of reception and distribution of flows to the
coastal counties. In the case of Ceará, this logic remains, emphasizing the peculiarity of the local
planning seeking insertion in the war of places. Elected by the governors as new locus of touristic
activity spacialization and of its blessings, the west litoral of Ceará (from Caucaia to Itapipoca) receive
highways, restoration work of architectural and natural heritage, and the possibility of integrating the
showcase of world tourist market. However, the resources applied in this region did not have the
desired effect and even contribute to the reduction of the socials inequalities. It can be seen almost
immediate expansion of maritime vilegiatura local character in the coastal municipalities of the state,
the gradual real estate-touristic growth in the metropolitan area of Fortaleza, poorly funds invested in
works without any functionality, the intensification of territorial conflicts throughout coastal and
environmental impacts of various magnitudes. The research aims to investigate the social and
environmental dynamics from the tourism policies applied to the productive restructuration of the
Sunset Coast of Ceará in the last two decades and the barriers to spatialization of the activity in this
part of the coastal area of the state. By reading the theoretical framework seeks the analysis of
tourism as an economic activity related to leisure and user image of the place as the main product, as
well enables to establish parameters of the impacts of public policies in the other three main states of
the Northeast. The collection of data and of project furthers the understanding of folding of
interventions in the dynamics of the coastal municipalities of the first phase of PRODETUR-CE. The
interviews seek to give voice to the research subjects and allow the investigation of conflicts and
reasons for non spatialization of tourism on the Sunset Coast. Associated with photographic
documentation and mapping of locations, analyzes date back scenario of the dynamics and seek to
propose alternatives to the hegemonic model of coastal tourism, which so far has shown no viable
solutions to territorial disputes and the maintenance of natural heritage and ways of life of coastal
communities.
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................19
6 CONCLUSÕES..................................................................................................257
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................261
APÊNDICES......................................................................................................280
ANEXOS............................................................................................................290
INTRODUÇÃO
Veredas da Pesquisa
Somente tal fato não configura o súbito interesse pela pesquisa na área
da Geografia do Turismo, sendo necessária a lembrança de outros fatos ocorridos
para que fosse possível dar segmento à pesquisa em gestação. Num período de
uma década, muitas das famílias de pescadores venderam ou perderam suas
propriedades para investidores do setor turístico, vendidas por baixos valores ou por
grilagem e processos de especulação. Naquele momento o recorte espacial
escolhido foi o distrito de Baleia, no município de Itapipoca/CE, 150 km a oeste de
Fortaleza.
desenvolver a atividade turística, vários projetos são concebidos pelo poder público
cearense desde a década de 1980, objetivando a espacialização dos investimentos
e fluxos turísticos por todo litoral cearense, sendo este novo espaço a ser
incorporado ao mercado turístico global (CORIOLANO, 2006).
1
Processo iniciado pela existência de via concebida no governo de José Martiniano de Alencar (1834 a 1837),
ligando Fortaleza/CE ao porto de Aracati/CE que durante os séculos XVIII e XIX foi o principal exportador de
bens produzidos na capitania do Ceará (COSTA, 2007).
23
de atividade que não esteja ligada ao mercado turístico global, tornando discutíveis
mesmo os casos considerados de maior êxito no turismo cearense.
Porém a busca por novos espaços de lazer não se realiza sem embates
com as comunidades tradicionais, há décadas fixadas na zona costeira. Cabe então
compreender as possibilidades, ressaltadas por Lima (2002), destes embates
territoriais para as comunidades, que podem ser a expropriação dos direitos à terra e
ao mar, a adaptação às novas relações sociais de produção, ou a resistência aos
avanços do capital (LIMA, 2002).
programas são citadas ações concretas que visem a manutenção dos modos de
vida tradicionais ou a inserção destes na cadeia produtiva do turismo, havendo
somente emprego e renda como contrapartidas.
Referencial Teórico
turísticos nordestinos não aconteceu, sendo mais perceptível o aumento dos fluxos
de caráter regional e nacional.
Metodologia
A Estrutura da Dissertação
4
Aqui são considerados estabelecimentos de hospedagem os hotéis, pousadas, flats, albergues, hostels e
campings. Já na categoria comércios estão restaurantes, bares, barracas de praia, vendas de souvenires,
equipamentos esportivos, roupas e acessórios, mercados, etc.
5
Iparana, Icaraí, Tabuba e Cumbuco em Caucaia/CE, Pecém e Taíba em São Gonçalo do Amarante/CE, Distrito
Sede em Paracuru/CE, Lagoinha em Paraipaba/CE, Guajiru, Flecheiras, Emboaca e Mundaú em Trairi/CE, e
Baleia em Itapipoca/CE
38
6
Santos e Silveira (2011) definem fluidez como a capacidade criada de circulação no território, sendo esta
efetiva quando realmente utilizada, ou virtual quando apenas existente enquanto condição. Como conceito
oposto à viscosidade do território (pouca capacidade de circulação, formando espaços lentos), é responsável por
criar espaços rápidos.
7
Coriolano (2002) ressalta a pouca referência ao turismo nos planos governamentais entre as décadas de 1970
e 1980, quando a atividade era abordada com ações desarticuladas que afirmavam já haver um potencial
turístico no estado.
8
Acapulco, localizada na costa do Pacífico, teve seu planejamento iniciado na década de 1920, se consolidando
em 1952 e entrando em crise na década de 1980 por problemas socioambientais, retomando lento crescimento
absoluto de turistas apenas em 2004 (VALDIVIESO; COLL-HURTADO, 2010). Cancún, localizada na península
de Yucatán, junto ao golfo caribenho, tem seu planejamento iniciado em meados de 1960, passando a ser a
principal área turística do México ao final da década de 1980 e se consolidando como 6º principal destino de
praia do mundo (MAYA; ALANÍS; SÁNCHEZ, 2012).
42
9
O estudo de Dantas (2009) sobre a maritimidade no Nordeste dá seguimento à análise sociocultural
empreendida pelo autor (DANTAS, 2011) sobre a mudança de concepção da sociedade fortalezense em relação
aos benefícios oferecidos pelo lazer à beira-mar nos trópicos.
43
Figura 1: Folders e panfletos produzidos pelo Governo do Estado do Ceará e pela Prefeitura de
Fortaleza divulgando as potencialidades turísticas do estado e da capital. Fonte: ARAGÃO, 2006 e
CASTRO et al, 2015. Elaboração: CASTRO, 2015.
Recorrendo ao marketing utilizado pelas esferas governamentais,
constata-se a importância inicial dada aos monumentos e locais históricos da capital
cearense, representados pelo Forte de Nossa Senhora da Assunção, pela estátua
da índia alencarina Iracema e pelo farol do bairro Mucuripe.
mais recorrente o desfrute do modelo turístico baseado nos 5 "S" "sun, sea, sand,
sex and sangria"10 (WALTON, 2009).
10
Variação do modelo turístico dos 4S, tendo como elementos comuns sol, mar, areia e sexo. O álcool (sangria)
é elemento adicional característico da estadia dos turistas nos paraísos tropicais, sendo representado pelo nome
da bebida espanhola composta pela mistura vinho, pedaços de frutas vermelhas e açúcar. Alguns autores
inserem também a categoria de esportes (sports) à nomenclatura.
11
Clélia Lustosa da Costa (2009) ressalta a vulnerabilidade social de localidades litorâneas apropriadas pelos
fluxos turísticos na Região Metropolitana de Fortaleza, casos de Icaraí e Tabuba em Caucaia/CE, e Porto das
Dunas em Aquiraz/CE. Araújo e Pereira (2011) denotam a ocorrência de tais problemas sociais no litoral
cearense, em especial no litoral de Caucaia/CE.
12
É ressaltado por Araújo (2011) o caso da Colônia Ecológica do Serviço Social do Comércio (SESC), alocada
na década de 1950 na localidade de Iparana. Também são verificáveis os casos de colônia de férias dos
trabalhadores do ramo hoteleiro (SINTRAHORTUH), dos servidores do Departamento de Edificações, Rodovias
e Transportes (ASDERT) e dos empregados do setor de segurança privada (SINDSUP).
47
13
O caso de Caponga, em Cascavel/CE, é ressaltado por Pereira (2013a) como exemplo de localidade
apropriada pela prática da vilegiatura marítima no Ceará, processo que cresceu após a ocupação do litoral de
Aquiraz/CE. Já o contexto da localidade de Morro Branco, em Beberibe/CE, é descrito por Novaes (2012), sendo
importante para o crescimento da ocupação litorânea a exibição de Morro Branco em novelas nacionais, fato que
suscita forte impacto na inserção da vilegiatura nesta praia e em Canoa Quebrada, no município de Aracati/CE.
14
Os dados de fluxos turísticos dos municípios citados só estão disponíveis a partir do ano de 1998, nos
relatórios do turismo cearense elaborados pela SETUR/CE. Para citada categorização no mapa, utiliza-se
mensuração estabelecida por Coriolano (2006) em relação ao nível de turistificação dos municípios cearenses,
além da bibliografia pertinente ao processo de inserção do turismo nos respectivos municípios.
48
Mapa 2: Ordens de importância turística nos municípios do litoral cearense na década de 1970.
Fonte: Dantas, 2011; Pereira, 2012; Coriolano et al, 2009; Lima e Silva, 2004. Elaboração: CASTRO,
2015.
Analisando o mapa 2, é perceptível maior expansão do turismo e da
vilegiatura rumo litoral leste, notadamente devido presença de rodovia que ligada a
capital cearense ao município de Aracati (COSTA, 2007). Tal fato, associado à
construção histórica da imagem de Canoa Quebrada, suscitam maiores fixos e
fluxos para este litoral.
15
À época como distrito do município de Cruz, a leste do atual município de Jijoca de Jericoacoara, emancipado
em 1991.
49
prêmio após a árdua missão de chegar à vila, não havendo estradas ou estruturas
de transporte até a localidade.
16
O Beach Park utiliza a seguinte expressão na chamada de seu site "Beach Park – resorts e parque em
Fortaleza". Sites como Tripadvisor comumente citam a localidade de Porto das Dunas, em Aquiraz, como parte
integrante de Fortaleza. O site Brasil Front crava Canoa Quebrada e Jericoacoara como praias da capital
cearense.
17
Atual Instituto Brasileiro do Turismo, autarquia pertencente ao Ministério do Turismo (MTur) criada com o
objetivo de promover o desenvolvimento e regulamentação da atividade turística no país, tem atuação voltada
para o marketing e comercialização de destinos turísticos nacionais.
50
esta declaração segue a Política Nacional de Turismo (PNT) de 1992, que enfatiza a
necessidade de desenvolver o turismo como fonte de renda para o país (BRASIL,
1995). Pode-se citar também o Plano Nacional de Turismo, de 2003, no qual o
Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva afirma que (BRASIL, 2003):
18
Dantas (2011) ressalta as diversas transformações urbanas na zona costeira de Fortaleza, ressaltando a
construção de calçadões e abertura de importantes avenidas à beira-mar. Castro et al (2015) realizam estudo
sobre novas transformações (2000 – 2015) nos usos e estruturas urbanas da zona costeira da capital cearense.
52
19
A exemplo do caso cearense, na Bahia é idealizado o programa Caminhos da Bahia em 1980, que busca
fomentar o turismo para além de Salvador rumo aos municípios do litoral sul baiano, como Porto Seguro e Ilhéus
(SANTOS, 2013). No caso do Rio Grande do Norte, ressalta Silva (2010) que o Projeto Turístico Parque da
Dunas – Via Costeira, datado de 1977, é fundamental para o crescimento do turismo rumo litoral sul de Natal/RN,
suscitando ocupação nos municípios de Parnamirim e Nísia Floresta. Em Pernambuco, o Projeto Costa Dourada,
iniciado em 1980, é marco inicial para a expansão da ocupação turística no litoral sul do estado (MIRANDA,
2012).
53
bases espaciais e temporais. Além disto, cabe ressaltar a importante relação entre
espacialização e reestruturação estabelecida por este autor (SOJA, 1995):
Quadro 1: Municípios contemplados por investimentos do PRODETUR-NE I nos estados do CE, BA,
PE e RN. Fonte: BNB, 2005. Elaboração: CASTRO, 2015.
A primeira fase do PRODETUR-NE, iniciada em 1995, se divide em sete
componentes voltadas à instalação de infraestrutura turística: construção e reforma
de aeroportos, sistemas rodoviários, obras de saneamento básico, recuperação de
patrimônio histórico, proteção e recuperação ambiental, desenvolvimento
20
institucional, estudos e projetos (BNB, 2005) . Tais investimentos totalizaram US$
625,96 milhões aplicados em 8 (oito) anos.
Gráfico 1: Divisão dos investimentos do PRODETUR-NE I por estado da região. Fonte: BNB, 2005.
Elaboração: CASTRO, 2015.
20
O detalhamento dos valores aplicados nas duas fases do programa em cada estado está presente no Relatório
Final do PRODETUR-NE I (BNB, 2005) e no Relatório de Término de Projeto do PRODETUR-NE II (BNB, 2012).
Pereira (2012) e Dantas (2010b) fazem detalhamentos de cada componente nos 4 principais estados da região.
55
21
Com primeiro trecho da rodovia CE-085 Rota do Sol Poente tem início do município de Caucaia e passa por
São Gonçalo do Amarante, Paracuru, Paraipaba e Trairi, com final em Itapipoca, situando-se próxima das sedes
municipais e localidades litorâneas do litoral oeste. Na segunda fase do programa, citada via é expandida pelos
municípios do extremo litoral oeste, se aproximando ainda mais da zona costeira, caso de Amontada, Itarema,
Acaraú, Cruz, Jijoca de Jericoacoara, Camocim e Granja.
56
para além das áreas pensadas entre 1995 e 2003, considerando que a fase inicial
da referida política alcançou grande parte de seus objetivos.
22
Ao abordar os serviços urbanos básicos necessários à vilegiatura e ao turismo, exemplificados por Pereira
(2012), Castro (2015), pautado na leitura sobre o urbano realizada por Spósito (2008), define-os como aspectos
urbanos, compostos por centralização administrativa de caráter local, disputas políticas pelo direito à cidade,
financeirização das relações, conjunto de edifícios com diferentes arquiteturas e funcionalidades, sobreposição
de redes bem dinamizadas (possibilitando fluxos de capital, pessoas, informações, técnicas e cultura),
adensamento de pessoas, funções produtivas multissetoriais, trânsito caótico, problemas ambientais, violência,
etc.
59
Gráfico 3: Número de projetos por estado no âmbito do PRODETUR-NE II. Fonte: BNB, 2012.
Elaboração: CASTRO, 2015.
Tomando por base a alocação dos projetos em cada estado, tem-se
quadro ilustrativo das áreas de expansão da atividade turística nos 4 principais
estados nordestinos. O estado da Bahia, que na primeira fase direcionou maior parte
das ações à mesorregião do sul baiano, expande os investimentos no litoral sul do
estado, sendo notória a busca pela expansão do turismo de sol e praia, havendo
poucos municípios não-litorâneos contemplados com recursos do PRODETUR-NE
II, caso de Lençois, no Polo Chapada Diamantina (BNB, 2012).
Quadro 2: Municípios contemplados por investimentos do PRODETUR-NE II nos estados do CE, BA,
PE e RN. Fonte: BNB, 2012. Elaboração: CASTRO, 2015.
À semelhança do estado baiano, que direciona os recursos somente para
o litoral sul, o Ceará mantém expansão das políticas de turismo para apenas uma
parcela de sua zona costeira, o extremo litoral oeste. Tal fato se fundamenta na
ausência de infraestrutura básica nesta parcela do litoral, fortemente associadas às
cidades medias e pequenas do sertão pelas relações comerciais e portuárias
(DANTAS, 2011). Com tais investimentos busca-se consolidar Jericoacoara/CE
como um dos principais destinos do Nordeste e possibilitar constituição de roteiro de
sol e praia entre o Ceará, Piauí e Maranhão23.
24
Que pode ser o Distrito Federal, os estados, capitais ou municípios com mais de 1 milhão de habitantes.
62
tanto, o estado se apóia no montante de US$ 250 milhões, dos quais US$ 150
milhões são oriundos do BID e US$ 100 milhões partem dos cofres locais. No âmbito
do PRODETUR Nacional, não há aplicação de investimentos no recorte da
pesquisa, bem como no extremo litoral oeste (CEARÁ, 2012).
Desta forma, o PAC II possui como programa agregado o PAC Copa, que
pretende não só dar continuidade às ações da etapa anterior25, mas também alocar
infraestruturas esportivas e de transporte nas cidades-sedes do megaevento
esportivo, caso das reformas e construções de arenas de futebol, alargamento e
requalificações das malhas viárias do entorno das praças esportivas (SANTOS
JUNIOR; RIBEIRO; GAFFNEY, 2015).
25
É corriqueira a continuidade dos projetos propostos durante o PAC I na segunda etapa deste programa, casos
de terminais de passageiros em aeroportos e portos, novos modais de transporte urbano, como linhas de metro e
corredores rápidos de ônibus (BRT). Muitos dos projetos não estão sequer próximos de serem finalizados,
mesmo após o campeonato de futebol.
64
26
O Banco de Desarrollo de América Latina é uma instituição financeira multilateral que se constitui em 1970 e é
composto por 17 países da América Latina e Caribe, Espanha e Portugal, além de 14 bancos privados da região,
com sede em Carácas, na Venezuela. Financia projetos de setores públicos e privados na América Latina.
Maiores informações no portal da instituição: http://www.caf.com/es/. Atualmente, no cenário de crise política,
financeira e produtiva na Venezuela, a CAF tem realizado empréstimos objetivando minimizar os problemas do
citado país.
65
Tabela 1: Valores destinados a cada componente do ProinfTur. Fonte: SETUR/CE, 2015. Elaborado
por: CASTRO, 2015.
Logo, é perceptível que o referido programa direciona-se especificamente
para melhoria da infraestrutura turística na Costa do Sol Poente do Ceará, seguindo
modelo adotado noutras políticas de turismo. Tal foco do programa também se deve
a dois fatores: complementar a infraestrutura alocada durante a vigência do
PRODETUR-NE I e II, além de operacionalizar as ações de fortalecimento
institucional promovidas durante estas duas fases da política de turismo regional. Da
mesma forma, manteve-se o foco na zona costeira cearense, sendo importantes as
obras realizadas e planejadas para requalificação dos acessos das zonas de praia
nos municípios desta macrorregião do território cearense.
Mapa 3: Ações urbanísticas do ProinfTur. Fonte: UGP ProinfTur – SETUR/CE. Elaboração: CASTRO,
2015.
Obras de urbanização do ProinfTur
Paracuru Urbanização da praça José Carvalho (Farol) R$ 4.900.000,00 Projeto em elaboração no DAE
Itapipoca Reforma da praça da Igreja dos Navegantes R$ 5.000.000,00 Aguardando projeto da Prefeitura
Amontada Pavimentação das ruas de Icaraí de Amontada R$ 6.000.000,00 Projeto em análise do DER
Total R$ 50.693.080,86
Quadro 3: Detalhamento das obras de urbanização do ProinfTur. Fonte: UGP ProinfTur – SETUR/CE.
Elaboração: CASTRO, 2015.
Tomando por base as políticas de turismo que incidiram no Nordeste,
tem-se quadro caracterizado por Dantas (2009) de constituição das capitais em
pontos receptores de turistas, e que destas partam as vias que levam aos destinos
turísticos litorâneos e para regiões dotadas de outras "vocações turísticas", caso das
serras e chapadas. Além da recorrência da urbanização turística, identificada pelas
68
27
Apesar de não ser abordado por autores que buscam detalhar o processo de urbanização litorânea no
Nordeste, é importante ressaltar a criação do programa "Luz Para Todos" proposto pelo Governo Federal no
início dos anos 2000, operacionalizado por meio de financiamento concedido pelo Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), quando muitas localidades do litoral nordestino não possuíam
sequer luz elétrica e nem abastecimento por água encanada. A adoção de tal programa foi responsável por
introduzir inúmeras possibilidades para investidores dos setor turístico e imobiliário, possibilitando que turistas e
vilegiaturistas gozassem de equipamentos e atividades não possíveis em décadas anteriores.
28
Nas políticas de turismo, o termo "urbanismo" não está ligado aos estudos voltados à produção da cidade para
como valor de uso, mas na inserção de equipamentos de uso público voltados à conformação das localidades
litorâneas em destinos turísticos atrativos, sendo estes equipamentos, praças, mirantes, calçadões, etc.
69
Mapa 4: Espacialização das políticas de turismo no estado do Ceará. Fonte: BNB, 2005, 2012; MTur,
2015; CEARÁ, 2012; BRASIL, 2015. Elaboração: CASTRO, 2015.
70
Mapa 5: Ordens de relevância turística nos municípios do litoral cearense na década de 2012. Fonte:
SETUR/CE. Elaboração: CASTRO, 2015.
Mas isto não significa dizer que o processo de reestruturação produtiva do
litoral cearense, bem como o nordestino, tenha cessado. Longe disso, ainda é
notória a ocorrência de políticas pontuais voltadas à dinamização turística dos
espaços litorâneos, assim como a busca pela segmentação turística de ambientes
serranos e rurais. O ProinfTur tem o ano de 2017 como data final do programa, que
poderá ser prorrogado, já o PRODETUR Nacional continua em vigência na
SETUR/CE, verificável pela existência da UGP PRODETUR na referida secretaria.
31
Aqui compreendida, na abordagem estabelecida por Bauman (2001), como conjunto de pessoas e o território
tangível deste, onde a gestão estatal fracassada ou enfraquecida abre espaço para a busca autocrática da
manutenção das condições de vida e de segurança.
78
Tabela 2: Destinos turísticos mais desejados para realização de turismo doméstico. Fonte: MTUR,
2009, 2012. Elaborado por: CASTRO, 2015.
Apesar da inconstância dos dados disponibilizados pelo Ministério do
Turismo brasileiro32, a análise da tabela acima denota importantes características do
turismo doméstico no país. Primeiramente, cabe notar a influência das paisagens
litorâneas nos anseios do turista no ano de 2007, fato verificável pela presença de
oito destinos litorâneos, que concentram 59% das opiniões dos entrevistados.
Tabela 3: Destinos turísticos mais visitados em viagens domésticas. Fonte: MTUR, 2009, 2012.
Elaborado por: CASTRO, 2015.
Enquanto o desejo de usufruir futuramente da ambiência litorânea se
configura em elevados índices de interesse por parte dos entrevistados pelo
Ministério do Turismo do Brasil, as taxas efetivas de visitação não se constituem em
80
33
Segundo a Prefeitura de São Paulo, a cidade é a líder brasileira em turismo de eventos e negócios, realizando
um evento a cada 6 minutos e se destacando em âmbito continental pela organização de eventos e pelo
ambiente propicio à realização de negócios. Tais informações e dados podem ser encontrados em:
http://imprensa.spturis.com.br/press-kits/sao-paulo-capital-dos-negocios-e-dos-grandes-eventos.
34
Foi importante para o crescimento dos fluxos turísticos domésticos na capital fluminense a recepção dos Jogos
Pan-Americanos de 2007, evento olímpico que possibilitou a exibição das paisagens cariocas para mais de 150
países. Tal evento se constituiu como possibilidade de legado e oportunidade de invisibilizar os problemas de
miséria e violência presentes na cidade, como afirmado por Araújo (2007).
81
Tabela 4: Regiões mais visitadas em viagens domésticas. Fonte: MTUR, 2007, 2009, 2012.
Elaborado por: CASTRO, 2015.
Constata-se que a região Sudeste mantém-se predominante no período
abordado, com queda de 13,5% entre 2005 e 2012. Já a região Nordeste ocupa a
segunda colocação nos levantamentos de 2001, 2007 e, especialmente, em 2012,
alcançando a marca de atração de 30% dos fluxos domésticos. Também é notável a
importância da região Sul na atração de fluxos turísticos domésticos, suplantando a
região Nordeste no levantamento de 2005.
juntos somam 11,4% dos fluxos domésticos em 2012, enquanto a região totaliza
36,5% destes mesmos fluxos em 2012, possibilitando a compreensão de que novos
destinos, ainda que de menores importâncias, foram estabelecidos na região.
Tabela 5: Estados receptores de fluxos turísticos domésticos. Fonte: MTUR, 1998, 2007, 2009, 2012.
Elaborado por: CASTRO, 2015.
83
35
Em 2010, o Presidente do conselho administrativo da operadora turística CVC ressaltou este momento
importante para o turismo doméstico no Brasil, possibilitando a visitação mais intensa dos destinos brasileiros
pelo turista doméstico. Tal informação se encontra no seguinte endereço:
http://www.mercadoeeventos.com.br/site/noticias/view/36375/cvc-diz-que-crise-nao-afeta-brasil-mas-aposta-em-
turismo-interno. Enquanto o Ministro do Turismo, Luiz Barreto Filho, durante o Congresso da Associação
Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) de 2008, cita que a crise mundial "é a chance de desenvolver as
viagens internas e incentivar o brasileiro a conhecer mais o País”.
84
O que explica tal redução, não só no Ceará, mas na maior parte dos
estados nordestinos, é o fato de que os contingentes turísticos intrarregionais
tiveram reduções, agregados aos fluxos interregionais, como constatado nas
matrizes origem-destino presentes nos relatórios do MTur (MTUR, 2007; 2009).
Município 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Rio de Janeiro 33,9% 31,5% 30,2% 30,2% 29,1% 30,0% 27,3% 26,7% 29,6% 30,2%
São Paulo 13,6% 13,6% 12,6% 13,7% 14,9% 11,5% 9,9% 11,0% 10,5% 10,7%
Florianópolis 11,9% 12,1% 15,1% 15,3% 16,9% 16,7% 19,3% 19,7% 18,1% 18,7%
Salvador 14,2% 11,5% 11,4% 10,2% 8,7% 7,2% 7,4% 6,8% 6,2% 5,7%
Foz do Iguaçu/PR 21,7% 17,0% 17,1% 16,1% 19,0% 21,4% 23,4% 19,8% 17,3% 17,0%
Porto Alegre 3,5% - - - - - - - 1,5% 2,2%
Recife 3,5% 3,2% - - - - - - - -
Armação de Búzios/RJ 5,8% 5,4% 4,4% 6,4% 6,2% 7,9% 7,5% 6,4% 7,9% 8,3%
Balneário Camboriú/SC 6,1% 6,7% - - 7,1% 6,1% 5,8% 6,4% 5,0% 5,2%
Fortaleza 6,5% 6,4% - - 3,1% 3,0% 2,4% 2,8% - -
Manaus 4,0% 4,0% - - 2,9% 2,2% 2,0% 2,0% - -
Belo Horizonte 3,5% - - - - - - - - -
Torres/RS - - - - - - - - 3,3% 2,3%
Curitiba 4,0% 3,2% - - 2,8% 2,7% 2,0% 2,0% 1,7% 2,0%
Porto Seguro/BA 2,6% 2,1% - - 2,0% 2,5% 2,1% 1,9% - -
Maceió - - - - - - - - - -
Natal 2,7% 5,8% - - 3,2% 2,5% - - - -
Brasília - - - - - - - - - -
Paraty/RJ 2,9% 2,2% - - 3,7% 3,8% 4,0% 3,3% 3,5% 3,8%
Bombinhas/SC 2,6% 3,1% - - 2,0% 4,1% 4,0% 4,1% 4,8% 6,1%
Angra dos Reis/RJ - - - - 3,5% 4,3% 3,8% 3,5% 4,7% 4,2%
Cairu/BA - - - - - 1,6% 2,3% - - -
Itapema/SC - - - - - - 1,8% 2,1% 1,5% 2,2%
São Gabriel/RS - - - - - - - - 1,6% 3,7%
Tabela 6: Principais destinos brasileiros visitados por turistas estrangeiros. Fonte: MTUR - Dados e
Fatos. Elaborado por: CASTRO, 2015.
86
36
Além das novelas veiculadas pelas emissoras nacionais demonstrarem das paisagens cariocas, sendo estas
posteriormente traduzidas para outros idiomas, diversos filmes internacionais retrataram os melhores ângulos
das paisagens da capital fluminense, servindo-as aos telespectadores ao redor do globo, casos de 007 Contra o
Foguete da Morte (1979), Luar sobre Parador (1988), Orquídea Selvagem (1990), Feitiço do Rio (1979) e
Interlúdio (1946). Cabe ressaltar que a imagem carioca, na maioria das vezes, é retratada junto à imagem
feminina com forte conotação sexual. Mais recentemente há maior recorrência de filmes estrangeiros gravados
na citada cidade, caso de O Incrível Hulk (2008), Velozes e Furiosos: Operação Rio (2011) e Crepúsculo –
Amanhecer (2011).
87
UF 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
AM 17.212 20.478 23.427 32.744 30.584 34.574 37.135 26.423 24.764 34.720 32.993 50.032
BA 60.241 130.984 138.959 178.862 193.867 178.571 143.509 165.966 166.278 142.803 128.838 145.660
CE 76.795 112.081 113.592 108.050 105.284 98.590 98.882 95.786 97.553 91.648 84.119 85.025
MS 34.681 50.938 56.991 48.625 55.209 49.508 58.395 68.140 39.100 43.891 41.523 61.999
PA 16.529 18.304 20.694 15.484 20.961 24.588 20.791 19.458 15.930 16.877 13.269 14.813
PR 480.837 554.434 637.194 531.038 516.376 605.217 663.237 725.077 750.008 791.396 839.728 837.046
PE 62.257 76.537 90.836 72.131 68.345 81.715 88.818 85.336 79.835 70.259 75.174 78.075
RN 45.588 89.229 113.412 117.688 108.474 70.541 54.211 46.578 44.235 40.488 35.888 38.014
RS 486.422 585.512 642.325 589.227 587.392 622.675 613.274 653.622 724.879 810.670 782.887 907.669
RJ 698.203 799.399 866.379 794.109 773.932 766.083 908.667 982.538 1.044.931 1.164.187 1.207.800 1.597.153
SP 2.011.110 2.180.711 2.447.268 2.323.995 2.356.705 2.289.640 1.842.796 2.016.267 2.094.854 2.110.427 2.219.513 2.219.917
SC 74.404 82.860 109.025 107.923 103.667 104.974 127.826 128.421 179.303 195.708 175.023 156.976
Outras
68.568 92.236 98.068 97.375 105.038 123.423 144.676 147.767 171.684 163.769 176.587 237.473
UF
Total 4.132.847 4.793.703 5.358.170 5.017.251 5.025.834 5.050.099 4.802.217 5.161.379 5.433.354 5.676.843 5.813.342 6.429.852
Tabela 7: Entrada de turistas no Brasil, por Unidade da Federação. Fonte: EMBRATUR, 2005-2015.
Elaborado por: CASTRO, 2015.
A utilização destes dados possibilita melhor visualização da dinâmica do
turismo internacional no país, seguindo lógica próxima à estabelecida na tabela 6.
Primeiramente, é visível a importância do estado de São Paulo na recepção de
fluxos turísticos, não somente pela existência da principal Região Metropolitana do
88
Tal estado ainda se constitui como principal portão de entrada dos fluxos
aéreos destinados ao país, posto de seu principal terminal aeroportuário receber
voos de 36 países, destinando tais fluxos para SP e para outros destinos nacionais.
Notadamente seguido pelo estado do Rio de Janeiro, detentor do segundo aeroporto
que mais recebe vôos provenientes do exterior (19), SP e RJ se configuram como
principais receptores de turistas estrangeiros (ANAC, 2013). Também é notável a
importância dos estados do Rio Grande do Sul e do Paraná, acompanhando os dois
estados do Sudeste em atração de fluxos internacionais.
37
Enquanto as quatro primeiras edições do Relatório do Índice de Competitividade do Turismo Nacional (2008-
2011) trazem apenas os dados relativos ao comparativo acima exposto, as três últimas edições (2013-2015)
trazem o comparativo acima e os quadros dos dez destinos melhores em cada um dos 13 critérios abordados,
além da classificação por índice de competitividade geral. No ano de 2012 não foram disponibilizados dados.
91
Cita Hall (2001) que, apesar do planejamento turístico ser idealizado pela
esfera estatal objetivando desenvolvimento socioeconômico nas mais diversas
escalas e realidades, é a inserção do setor privado que possibilita a comercialização
dos produtos turísticos, a criação de postos de trabalho, a circulação de fluxos
turísticos, a consolidação de cadeias produtivas do turismo, além do
estabelecimento de circuitos e rotas turísticas.
A partir desta relação entre Estado e empresas, Hall (2001) infere que a
partir de 1985, com o retorno do liberalismo econômico às pautas do
desenvolvimento econômico mundial, são mais recorrentes as parcerias público-
privadas e a busca pela autoregulamentação do setor turístico. Desta forma, criam-
se novas frentes de intervenção para investidores, alem de haver maior flexibilização
da normatização para atuação deste setor nas economias de diversos países. Cabe
inferir que este processo pode incorrer em desdobramentos inesperados pelas
94
38
Expressão utilizada, no setor de negócios turísticos, que infere sobre a "retirada da prateleira" de anúncios. Se
empresas e agencias de determinado destino turístico não se submetem às regras e margens de lucratividade
das grandes operadoras, estas tendem a excluir as respectivas empresas (geralmente dos processos
terceirizados) e, em casos mais extremos, o destino, como forma de punição aos empreendimentos locais.
98
São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Fortaleza, Canoa Quebrada, Jericoacoara,
Tam Viagens
Horizonte e Gramado. Cumbuco, Aquiraz, Beberibe e Flecheiras.
Brasília, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Fortaleza, Jericoacoara, Canoa Quebrada e
Submarino Viagens
Paulo. Beberibe.
Fortaleza, Trancoso/BA, Costa do Sauípe/BA,
Intravel Cumbuco e Jericoacoara.
Porto de Galinhas e João Pessoa.
Nascimento Jericoacoara/CE, Porto de Galinhas, Fortaleza, Beberibe, Aquiraz, Canoa Quebrada
Turismo Maragogi/AL, Bonito/MS e Salvador. e Flecheiras.
Quadro 4: Principais destinos comercializados pelas operadoras de turismo no país. Fonte: Sites das
operadoras. Elaboração: CASTRO, 2015.
99
39
Em Beberibe, a praia de Morro Branco, conhecida pelas falésias e vegetação característica, recebe gravação
das novelas Final Feliz (1982-1983) e Tropicaliente (1994), já a Praia das Fontes, repleta de fontes de água
natural que brotam das falésias, recebe a gravação do filme brasileiro O Noviço Rebelde (1997). Outra região do
município recebe o reality show No Limite (2000).
40
Após inúmeras tentativas de contatar um representante da Associação Brasileira de Agências de Viagens
(ABAV), que desmarcou várias vezes do encontro, foram procuradas duas agências de viagens com
especialidade no turismo receptivo, a Trindade Turismo, voltada a um público de classe média que busca por
101
pacotes turísticos, e a Lunna Turismo, que possui como clientela classes mais abastadas que visam serviços
exclusivos e experiências personalizadas. Ambas foram entre o final de Janeiro e início de fevereiro de 2016.
102
que tem considerável demanda por parte do turista avulso 41, muitos dos
empreendedores hoteleiros não veem necessidade de constituir parcerias com
agências de turismo, visando assim não perderem parte do lucro.
41
No vocabulário do mercado turístico, o turista avulso é aquele que se dirige por conta própria aos destinos de
interesse, utilizando veículo próprio ou coletivo.
104
Cita Coriolano (2006), que o turista é o sujeito que realiza uma viagem
com fins de ócio ou trabalho, mas que no local visitado usufrui de equipamentos,
atividades e serviços de lazer. Ainda, a autora denota a característica primordial de
realização do turismo, o não morar. Assim, em primeira análise, o turista se constitui
no sujeito que viaja, independentemente do período de estadia, e realiza atividades
de lazer, seja o consumo de alimentos ou bebidas, a ida a espetáculos culturais,
banhos de mar e piscina, ou a contemplação da natureza do entorno visitado.
Exemplo disto são as pousadas que buscam atrair praticantes de kite surf
e hotéis voltados ao atendimento da demanda Gay Friendly43, enquanto as primeiras
oferecem serviços de reparos e aluguel de equipamentos para prática do referido
esporte, os segundos são voltados para receber de forma adequada hóspedes
LGBTT que suscitaram, nos últimos anos, a criação de inúmeros serviços voltados
para este público. Para análise quantitativa, a tabela 8 mostra a evolução dos
números de hospedagens por município litorâneo entre os anos de 2002 e 2012.
Tabela 9: Evolução dos números de leitos para hospedagem nos municípios litorâneos do Ceará.
Fonte: IPECE, 2002-2013. Elaboração: CASTRO, 2016. *Dados não disponíveis para o ano de 2002.
Ao realizar análise comparativa dos números de leitos por município e por
microrregião turística, tem-se outro quadro sobre o setor hoteleiro cearense.
Fortaleza permanece muito acima de qualquer uma das microrregiões litorâneas do
estado, não só pelo número de estabelecimentos de hospedagem presentes na
capital (207 em 2012), mas pelo grande número de leitos, possibilitados pela
verticalização presente na orla e noutros espaços da metrópole.
consumo da gastronomia local. Desta forma, o vínculo do turista com o local cessa
após seu retorno para casa.
mais claros das práticas de lazer à beira mar. Desde este período os desejos de
usufruir da ambiência litorânea passaram a estar fortemente associados às
possibilidades de obter uma parcela do litoral, como infere Pereira (2006)44.
Na análise empreendida por Pereira (2012) fica claro que este primeiro
momento de instalação de residências secundárias no litoral metropolitano suscitou
processo inicial de urbanização litorânea fora dos limites de Fortaleza. As décadas
de 1980 e 1990 servem para ratificar tal tendência, quando há expansão da
vilegiatura para os outros municípios litorâneos do estado.
44
Citado autor, no estudo intitulado A urbanização vai à praia: vilegiatura marítima e metrópole no Nordeste do
Brasil (PEREIRA, 2014), demonstra o processo de constituição do litoral nordestino em espaço apropriado pelo
setor imobiliário associado ao turístico, compreendido, após análise das quatro principais metrópoles
nordestinas, como vetor de urbanização e metropolização na região em tela.
45
Como cita Andrade (2005), ao constatar o processo de fuga das elites do sertão, nos períodos de estiagem,
para residências secundárias localizadas nos maciços residuais nordestinos, constituindo assim processo de
transumância de famílias e do gado para regiões de clima mais ameno.
116
Figura 3: Área central de lazer do Taíba Beach Resort, em São Gonçalo do Amarante. Fonte:
CASTRO, 2015.
Os condoresorts seguem a mesma lógica, voltada à moradia, mas com
disponibilidade de uma série de serviços semelhantes aos prestados nos resorts
hoteleiros, como serviços de alimentação, áreas diversificadas de lazer, spa, fitness
119
Este condoresort possui, em seu projeto, posto estar nas últimas fases
das obras, extensa área de piscinas, quadras, campos de futebol, lojas, restaurante
e outros serviços voltados ao lazer e comodidades do morador. Ainda em obras, as
unidades do empreendimento têm valores que variam entre R$ 600 mil e R$ 1,5
milhão. A figura 4 demonstra a área central do empreendimento.
Figura 4: Área central do condomínio Wai Wai Residence, em Cumbuco. Fonte: CASTRO, 2015.
A tipologia dos condo-hotéis é um pouco mais complexa de ser definida,
posto se constituir num sistema de hospedagem onde os donos das unidade
habitacionais não são os administradores do hotel, mas sim investidores que
adquirem estas unidades, se assemelhando aos flats e apart hotéis. Desta forma, a
empresa administradora do empreendimento faz o repasse anual dos lucros aos
120
Figura 5: Via de acesso ao VG Sun e ao Vila Galé, em Cumbuco. Fonte: CASTRO, 2015.
Já os complexos turísticos residências se constituem num misto de hotel
e condomínio residencial, nos quais há áreas comuns de lazer disponíveis a turistas
e vilegiaturistas, possibilitando atração de diferentes públicos e dispondo de
atrações importantes, como praia e golfe (SILVA, 2013).
46
Empreendimento pertencente ao consórcio DVG (Construtora Diagonal – Grupo Vila Galé), associação de
capital português com incorporadora nacional, voltado a investimentos no setor imobiliário turístico. Citada
construtora foi responsável pela edificação do hotel Vila Galé, segundo informações colhidas em visita ao hotel.
47
O sistema all inclusive consiste no pagamento de taxa de diária que fornece acesso a uma série de serviços,
como a hospedagem, refeições diárias, bebidas alcoólicas ou não, spa, lanches adicionais, utilização das áreas
de lazer, buffets, etc.
121
Figura 6: Hotel Dom Pedro Laguna, ao lado do condo-hotel Riviera Beach Place Resort, pertencentes
aos Aquiraz Riviera. Fonte: Dom Pedro Laguna, 2015.
Tais transformações empreendidas nas últimas décadas suscitam não só
a espacialização da vilegiatura marítima para os municípios mais distantes da
metrópole, mas também corrobora para consideráveis mudanças nesta prática,
possibilitando uma gama de associações entre as novas tipologias, a casa de praia
tradicional, e o setor hoteleiro. Desta forma, o processo de urbanização litorânea
cearense se constitui através de processos de territorialização realizados pelas
diversas práticas marítimas modernas.
Gráfico 5: Evolução espaçotemporal do total de Domicílios de Uso Ocasional (DUO) por município
litorâneo cearense. Fonte: IBGE, 1980; 1991; 2000; 2010. Elaboração: CASTRO, 2015.
Cita Castro (2015, p. 198) que "indubitavelmente, a vilegiatura no litoral
cearense alcançou patamar superior ao obtido pelo turismo, com proeminência nas
diversas escalas de atuação do mercado imobiliário. Também vale ressaltar
características da espacialização destas práticas no litoral cearense".
48
Tal dinâmica de transformação do litoral destes municípios em áreas de vilegiatura foi analisada por Pereira
(2006; 2012), inferindo sobre a periurbanização com finalidade de lazer para a população da capital.
123
49
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP, Sumário Executivo do Campo de Xaréu, 2013), o Campo
Petrolífero de Xaréu foi descoberto em 05 de fevereiro de 1977, e inicia produção em 1981, com auge em 1984.
Também conta com área de operações junto à APA das dunas de Paracuru, e cais para atracação de
embarcações envolvidas no processo.
124
50
Lenilton Francisco de Assis (2012), em sua tese de doutoramento, ressalta processo de chegada dos
visitantes piauienses a Camocim, a proximidade de Jericoacoara e a inserção destes na Rota das Emoções.
125
51
Maiores informações, consultar o site do Instituto Chico Mendes de Bioconservação (ICMBio), no link:
http://www.icmbio.gov.br/portal/o-que-fazemos/visitacao/unidades-abertas-a-visitacao/190-parque-nacional-de-
jericoacoara.html
52
Em rápida pesquisa realizada na web, pode ser verificado que citada corporação trata-se de empresa de
capital aberto composta por grupo de incorporadores imobiliários brasileiros, incluindo o empresário Luciano
Cavalcante, e uma construtora espanhola.
126
Porém esta situação não tardou a ser modificada, posto que, a partir de
2014, o país é atingido pela volatilidade do mercado financeiro internacional. O
riscos dos investimentos no país crescem, ao passo que, nos anos anteriores, sob
advento de maior intervenção estatal na economia e gastos bilionários para
realização da Copa do Mundo de 2014 acabaram por configurar cenário econômico
128
Figura 7: Situação atual da área residencial do Lagoinha Suites Resort. Fonte: CASTRO, 2015.
53
O processo de abandono e de falência de empreendimentos turísticos e imobiliários será abordado no capítulo
5, como forma de avaliar criticamente estas dinâmicas.
129
Figura 8: Situação atual do hotel pertencente ao Lagoinha Suites Resort. Fonte: CASTRO, 2015.
Já no segundo caso é exemplo a segunda fase do Wai Wai Residence, na
localidade de Cumbuco. Em informações apuradas junto à administração da obra,
há segunda fase prevista para o terreno a oeste do empreendimento, que somente
irá iniciar após redução dos impactos da crise nas taxas inflacionárias.
A primeira fase da Costa do Sol Poente do Ceará é composta por seis (6)
municípios do litoral oeste do estado, casos de Caucaia, São Gonçalo do Amarante,
Paracuru, Paraipaba, Trairi e Itapipoca. Destes, os cinco (5) primeiros compõem a
atual Região Metropolitana de Fortaleza, da qual apenas Itapipoca não participa.
Enquanto Caucaia faz parte da RMF desde sua instituição, no ano 1973,
São Gonçalo do Amarante passa a incorporar a Região Metropolitana no ano de
1999. O município Caucaia é incluído devido à importância adquirida através da
instalação de segundas residências e da crescente importância turística para o
estado do Ceará, como ressaltado por Pereira (2012).
54
Além destes três municípios litorâneos, o município de São Luis do Curu, ao sul de São Gonçalo do Amarante,
também foi incorporado à dinâmica metropolitana.
131
Mapa 6: Divisões distritais dos seis municípios estudados. Fonte: IBGE. Elaboração: CASTRO, 2016.
56
A Cidade Cauype compreende um projeto de 5 etapas que pretende estabelecer serviços urbanos de moradia,
hospedagem, comércio e serviços disponíveis para investidores e compradores, que em suma são de origem
coreana, cargos de comando da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). A presença de tal público estrangeiro
pode ser notada na região do Cumbuco, através placas indicativas e pelo constante processo de locação nos
empreendimentos imobiliários.
135
Figura 10: Imagens de satélite que denotam a expansão da carcinicultura às margens do rio Curu e o
processo de assoreamento na foz, entre 2004 e 2014. Fonte: Google Earth, 2016.
138
Cabe notar que a citada área de estuário do rio Curu, em 1999, foi
decretada como APA do Estuário do Rio Curu, sob jurisdição da SEMACE. Desta
forma, ao analisar o processo de instalação de fazendas de criação de camarões,
como infere Soares et al (2011), verifica-se que entre 2004 e 2010 as áreas das
fazendas de carcinicultura nas margens do rio Curu cresceram quase três vezes
(2,8%), utilizando o recurso hídrico para abastecimento dos respectivos currais.
57
Como verificado nos municípios estudados, sobretudo após Caucaia, são estabelecidas áreas loteáveis
voltadas à aquisição através de parcelas de baixo valor, nas quais as classes médias conseguem suprimir o
desejo de morar na praia pelo morar ocasionalmente num município litorâneo. Tais áreas são verificáveis junto
às rodovias paralelas à costa, casos da CE-085, da CE-156 ou da CE-163.
139
58
Especificamente o terceiro maior perímetro irrigado do Ceará (8.000 hectares irrigáveis), ficando atrás apenas
do perímetro do Tabuleiro de Russas (14.508 ha irrigáveis) e do Baixo-Acaraú (8.335 há irrigáveis).
141
Figura 11: Orla de Lagoinha ocupada por barracas de praia, pousadas, hotéis e restaurantes. Fonte:
CASTRO, 2015.
Cabe ressaltar que o PDDU do município de Paraipaba, define a
localidade de Lagoinha como área de expansão urbana, possibilitando o processo
de especulação fundiária aliado à necessidade de instalação de serviços básicos de
maior envergadura.
Figura 12: Presença da pesca na localidade de Flecheiras, Trairi/CE. Fonte: CASTRO, 2015.
O último município da primeira fase da Costa do Sol Poente é Itapipoca.
Localizado a cerca de 150 km de distancia de Fortaleza, o município é composto por
12 distritos: Itapipoca – Sede, Assunção, Arapari, Ipu Mazagão, Deserto, Calugi,
Barrento, Cruxati, Bela Vista Lagoa das Mercês, Marinheiros e Baleia. Conhecido
145
pelo slogan da "cidade dos três climas", o município de Itapipoca possui em seu
território a presença de maciço residual (porção sul), sertão (porção central) e praia
(porção norte).
Figura 13: Mangue ocupando início de campo de dunas, em Baleia, Itapipoca/CE. Fonte: CASTRO,
2013.
Em relação às atividades econômicas existentes no município, verifica-se
que a agropecuária, comercial ou de subsistência, está bastante dispersa no
território de Itapipoca, sendo verificável tanto na região da serra de Ururburetama,
na depressão sertaneja, e no litoral59. Apesar do apelo pelo turismo de aventuras e
pelo ecoturismo, a região de Uruburetama não possui demanda que caracterize esta
segmentação turística no município, sendo área utilizada para lazer dos residentes
do município (CASTRO, 2015).
60
Os relatos de Brazil (1858, Memória estatística da Província do Ceará; 1863, Ensaio estatístico da Província
do. Ceará); Alves (1953, História do Ceará) e Menezes (1970, O outro Nordeste) são abordados por Rui Simões
de Menezes em Notas sobre a história da pesca no Ceará (MENEZES, 1974).
61
Referente à caça de animais.
62
Conhecido como combinação de ervas tóxicas para utilização em flechas e lanças, a fórmula do curare era
mantida em segredo até anos atrás, quando estudiosos de neurologia constataram que a morte da vítima se dá
por asfixia. Atualmente as comunidades pesqueiras substituíram o curare por variações de Timbó, espécies de
cipós ictiotóxicos, que são moídos e jogados em piscinas naturais, rios e lagos.
150
Isto não significa dizer que o pescador não fosse elemento importante na
dinâmica social nordestina, pois tais narrativas sobre a exposição do sertanejo e de
sua família às intempéries climáticas e aos desmandos políticos e sociais do período
em questão, caracteristicamente, desembocavam no êxodo rural rumo ao litoral,
como cita Dantas (2007, p. 270):
Bravura de jangadeiro
É de homem destemido
Impetuoso e valente
Corajoso e aguerrido
Somente a Deus é temente
Nada há que não enfrente
Esse herói tão sofrido
No Tempo da servidão
O jangadeiro lutou
Ao transporte de escravos
Ao lado da Redentora
E a classe libertadora
Com ele se rebelou [...]
Neste, a título de exemplo, verifica-se a bravura do pescador frente aos
problemas e perigos da profissão exercida, além do papel do pescador na historia
cearense durante o século XIX. As novelas, como citadas no capítulo anterior,
também buscaram demonstrar o cotidiano das comunidades pesqueiras litorâneas,
casos dos folhetins Tropicaliente (1994), que retratava aldeia de pescadores em
Fortaleza, Final Feliz (1982-83), que simulava pescadores em Pernambuco e no
Ceará, Mulheres de Areia (1993), que elaborou trama em aldeia fictícia de
63
Na literatura nacional, há de se destacar a obra Mar Morto, lançada em 1936, pelo romancista Jorge Amado,
que inspirou a novela Porto dos Milagres, de 2001. Citada obra vai destacar o modo de vida dos pescadores,
além dos riscos presentes no cotidiano da profissão que enfrenta os perigos do mar.
152
pescadores no litoral fluminense, e Porto dos Milagres (2001), que conta história de
vilarejo de pescadores no litoral baiano.
Mas é a música que destaca a imagem do pescador artesanal no
Nordeste, sendo esta uma das principais fontes do imaginário sobre os moradores
tradicionais da zona costeira. Inicialmente vale destacar a obra de Dorival Caymmi,
baiano compositor de dezenas de músicas sobre a atividade pesqueira tradicional.
Dentre as mais conhecidas obras do compositor estão "Suíte dos Pescadores",
"Bem do Mar", "Pescaria" e "Promessa de Pescador". Destas, segue trecho de Suíte
de Pescador, de 1944, que demonstra a religiosidade e o temor do pescador e sua
parceira em relação às jornadas diárias em alto mar:
apropriação das zonas de praia pela vilegiatura. Cita Lima (2002, p. 96) que a pesca
no litoral cearense se realiza "sob as insígnias do empresarial como do artesanal".
64
Castro (2013), em estudo sobre o litoral de Itapipoca/CE, constata que a presença do atravessador é uma
constante na dinâmica litorânea cearense, sendo este o sujeito que se insere nas localidades onde se realiza a
pesca artesanal, na busca por adquirir o pescado a baixos custos ou fornecendo os insumos necessários à
pesca em troca da maior parte da produção. Estes se utilizam da vantagem do pagamento na hora da aquisição
do pescado, diferentemente das cooperativas de pescadores, que pagam após dias da coleta da produção.
65
O termo pescador profissional refere-se aos realizadores da pesca artesanal e suas técnicas desde muito
jovens. Normalmente estes conhecimentos são passados de pai para filho ou de pescadores mais experientes
para pescadores recém iniciados na atividade (CASTRO, 2013).
154
Enfim, o que está posto como possibilidade para além das cidades
existentes é a instauração de elementos tipicamente urbanos (em
parte virtuais e em parte reais*) em significativas parcelas do espaço
litorâneo. O processo em curso traz como marca o confronto entre os
modos de vida das comunidades tradicionais e os da sociedade
urbana (que em busca de descanso e de lazer desloca-se para
diferentes cenários); e a partir do reordenamento territorial e da
incorporação de novas práticas sócio-espaciais, evidencia-se, a partir
da década de 1980 um novo momento da história do litoral cearense:
acirram-se os conflitos no e pelo direito ao uso do espaço a beira
mar.
É comum observar nas praias, comportamentos e atitudes de
moradores e moradoras (principalmente dos adolescentes e jovens)
que não dizem respeito acultura local. Como indicadores dessa
realidade, citamos três exemplos: o uso de vestimentas típicas da
moda urbana; as cercas e muros que indicam o típico parcelamento
do solo das cidades e famílias traçam-se em casa para assistir as
novelas (em muitos casos abandonando o habito de conversar com
os vizinhos).
Se a inserção da pesca industrial já causava sérios impactos às praticas
tradicionais da atividade, o processo de urbanização litorânea, implementado
concomitantemente, quase consegue abolir a pesca artesanal. Se o pescador já
sofria com problemas relativos à escassez de cardumes próximos à costa, à
necessidade de respeito ao defeso da lagosta e outras espécies, e ao repasse de
maior parte da produção ao atravessador como forma de adquirir renda, o pescador
ainda passa a conviver com a ocupação de áreas estuarinas provedoras de alimento
e a ter seus terrenos de subsistência especulados pelos gatekeepers, sujeitos
abordados por Pereira (2006) como os responsáveis por abrir os caminhos para o
155
66
Enquanto as canoas ficam maior parte do tempo no mar, mesmo quando não estão sendo utilizadas, pela
possibilidade e proteção dos materiais (leme, remos, vela, etc) e esforço necessário para trazê-las à terra,
jangadas e paquetes (espécie de jangada menor que não utiliza vela ou leme, somente remo) são fáceis de
serem retiradas do mar, além de não resguardarem os instrumentos da pesca.
156
Mapa 7: Localidades turísticas inseridas no recorte espacial da pesquisa. Fonte: IBGE, 2010.
Elaboração: CASTRO, 2016.
Até a década de 1960, as praias vizinhas a Fortaleza se constituíam por
comunidades pesqueiras e extensões ocupadas por dunas, manguezais e
coqueirais, denotando as características naturais da região em questão (PEREIRA,
157
Foi através deste processo que grande partes das famílias menos
abastadas, notadamente as famílias de pescadores, foi deslocada para áreas ao sul
dos loteamentos e residências secundárias que ali se alocaram. Contínua dinâmica
de ocupação da orla de Caucaia e os consequentes deslocamentos das camadas
mais pobres acabaram por conformar, nas palavras de Pereira (2012), tecido urbano
em forma de linha entre as localidades de Iparana e Cumbuco, onde na primeira é
perceptível a verticalização dos domicílios permanentes.
Tal fato demonstra que citada referida prática marítima tradicional foi
quase completamente suprimida, havendo poucos instrumentos da pesca como
vestígios daquilo que um dia foi atividade característica e presente na imagem do
litoral cearense. A figura 14 demonstra indícios da presença de instrumentos da
pesca no litoral da localidade de Cumbuco, em Caucaia.
159
67
Citado personagem da história de Pecém dá nome a uma das principais vias que cortam a localidade, ligando
Pecém ao CIPP.
160
turísticos, viu este número declinar ainda mais após inicio da instalação do CIPP, em
1995 (BATISTA, 2005).
Figura 15: Residência secundária de alto padrão entre as praias do Morro do Chapéu e a praia do
Centro, localidade de Taíba. Fonte: CASTRO, 2016.
163
Figura 16: Ocupação da orla da praia do Centro, composta por residências fixas, residências
secundárias de baixo e médio padrão, comércios e embarcações. Fonte: CASTRO, 2016.
Taíba ainda apresenta pescadores na faixa costeira, mas grande maioria
destes mora em ruas afastadas da faixa de praia, como verificado em relatos
coletado em campo. Há grande número de segundas residências disponíveis à
venda ou à locação, as quais, segundo moradores, têm atendido às demandas de
moradia fixa, impulsionadas pela proximidade do CIPP.
68
Lembrando do atual processo de especulação fundiária na região do lagamar do Cauípe, entre Cumbuco
(Caucaia) e Pecém (S. Gonçalo do Amarante), pode-se inclusive pensar num processo de urbanização litorânea
capaz de conceber linha de ocupação contínua partindo do limite Fortaleza-Caucaia ao limite São Gonçalo do
Amarante-Paracuru.
165
Figura 17: Parte das dunas coberta de palhas de coqueiros, na tentativa de barrar o avanço destas.
Fonte: CASTRO, 2016.
Apesar de tais esforços, as residências junto às dunas estão condenadas
a serem soterradas nos próximos anos, posto a duna mostrada na figura acima ter
soterrado a cerca da residência. Mas não é somente em relação à dinâmica costeira
que a dinâmica das dunas de Paracuru preocupa, mas também no restante da zona
urbana da Sede, pois a APA das Dunas de Paracuru ocupa toda a porção leste do
núcleo urbano, enquanto maior parte das dunas se caracteriza por ser móvel.
Figura 18: Os três vetores de expansão da Sede de Paracuru. Fonte: GOOGLE, 2016.
Desta forma, a morfologia urbana de Paracuru se caracteriza por mancha
isolada, que cresce de forma perpendicular à linha de costa, rumo ao sul do
69
As infraestruturas implantadas pelas políticas de turismo em cada um dos municípios estudados serão
abordadas no próximo tópico, onde serão abordados os objetivos e localizações dos CPTA.
168
Figura 19: Ao fundo, residências de considerável porte disputam espaço com a vegetação na orla de
Paracuru. Fonte: CASTRO, 2015.
O município de Paraipaba possui apenas a localidade litorânea de
Lagoinha, sendo este núcleo urbano de pequeno tamanho localizado a oeste do
promontório no centro do litoral do município, tendo este, segundo Paiva (2010),
constituído dinâmica de recepção ondas, formando praia de formato côncavo a
oeste, o que constituiu espaço visualmente propício ao lazer e ocupação costeira,
que é iniciada a partir de meados da década de 1970.
169
Figura 20: Instrumentos da pesca e pescadores presentes na orla de Lagoinha. Fonte: CASTRO,
2015.
Verifica-se assim, que até a década de 1990, os principais agentes
produtores do litoral de Paraipaba era a pessoa do especulador imobiliário, que
conta também com o poder público no processo de instalação de energia elétrica, na
170
Figura 21: Localização do Aldeias dos Coqueirais, primeira fase do Aldeias de Lagoinha. Fonte:
GOOGLE, 2016.
Na porção oeste do município houve, em 2006, processo inicial de
alocação do já citado Lagoinha Suites Resort, empreendimento hoteleiro e
imobiliário proveniente de capital português. Cabe lembrar que no processo de
instalação, orgão públicos agiram de forma a permitir como a barrar a finalização
171
Figura 22: Barracas de praia (abaixo) e pousadas (acima) presentes na orla de Lagoinha. Fonte:
CASTRO, 2015.
Como constatado no capitulo anterior, a vilegiatura marítima em
Paraipaba cresce consideravelmente nos últimos anos, constituindo parte da
ocupação nos quarteirões ao sul da localidade, junto às moradias de pescadores,
não mais localizadas juntas à faixa de praia. Com a constituição do citado
empreendimento imobiliário, este crescimento da vilegiatura marítima em Lagoinha
poderá ser ainda mais notável nas próximas décadas. Mas ainda há muitos terrenos
vazios na localidade, o que revela processo recente de apropriação.
172
Figura 23: Local de ancoragem das embarcações e alocação de residências de pescadores (atrás
dos barcos) em Mundaú. Fonte: CASTRO, 2014.
Cabe notar que citados processos incorrem na configuração de vetores
de expansão específicos em cada uma das localidades do litoral trairiense.
Flecheiras, que teve como resultado do processo de desterritorialização das
comunidades pesqueiras o deslocamento destas para o leste da localidade.
70
Coriolano (2002), ao realizar estudo sobre estas duas localidades de Trairi, constatou, à época, que a distancia
entre estas era de seis (6) quilômetros. Desta forma, é perceptível que desde a década de 1990 houve expansão
nas duas localidades, onde Guajiru se expandiu para o oeste e Flecheiras para leste.
175
Figura 24: Placa de anúncio de vendas de lotes na porção oeste de Guajiru. Fonte: GOOGLE, 2016.
Figura 25: Localização dos terrenos na porção sul da localidade de Mundaú (em amarelo). Fonte:
GOOGLE, 2016.
Assim, pode-se afirmar que no litoral de Trairi ainda estão em evidencia
as praticas marítimas tradicionais, apesar da perca de espaço em relação às
práticas marítimas modernas espacializadas nas ultimas décadas, notadamente o
turismo e a vilegiatura. Em relação à urbanização do litoral trairiense, as políticas de
turismo foram fundamentais para a aceleração deste processo, em especial no caso
do PRODETUR-NE II, que implantou os principais equipamentos nas localidades
deste município.
71
Itapipoca ainda possui o assentamento Maceió na porção oeste do litoral do município, porém tal localidade,
composta por 10 comunidades (Apiques, Bom Jesus, Mateus, Córrego da Estrada, Barra do Córrego, Coqueiro,
Humaitá, Lagoa Grande, Maceió e Bode), não suscita investimentos públicos em relação à atividade turística,
havendo somente processos de especulação fundiária na localidade, como verificado por Castro (2015).
177
Figura 26: Processo de mudança das residências de famílias de pescadores entre os anos de 2004 e
2013. Elaboração: CASTRO, 2015. Fonte: GOOGLE, 2015.
Destarte, compreende-se que Baleia possui morfologia urbana em
formato de mancha com característica horizontal, mais densa na porção oeste e
rarefeita na porção leste, sendo nesta onde se verifica grande parte da vegetação de
179
Figura 27: Vegetação de manguezal e coqueirais presente na orla de Baleia, Itapipoca/CE. Fonte:
CASTRO, 2013.
Tomando como base o processo histórico de apropriação das citadas
localidades litorâneas, é possível afirmar que as últimas duas décadas foram de
180
Paraipaba 11.950 7.841 60,4% - 39,6% 12.782 12.680 50,2% - 49,8% 16.606 13.435 55,3% - 44,7%
Trairi 28.683 7.661 78,9% - 21,1% 30.114 14.413 67,6% - 32,4% 32.638 18.784 63,5% - 36,5%
Itapipoca 44.061 34.670 56% - 44% 46.186 48.481 48,8% - 51,2% 49.156 66.909 42,4% - 57,6%
Tabela 10: Evolução da população residente na zona rural e urbana nos municípios do Litoral Oeste
do Ceará. Fonte: IBGE, 1991; 2000; 2010. Elaboração: CASTRO, 2016.
Caucaia, que na década de 1960 inicia processo de urbanização
litorânea, mantém níveis de população urbana próximos aos 90% do total,
constituindo-se assim pela ocupação eminentemente urbana na sede, que se funde
à malha urbana da capital, nos eixos rodoviários que partem desta rumo aos outros
181
Figura 28: Rua no interior de São Gonçalo do Amarante. Fonte: CASTRO, 2016.
Assim, é notório que as políticas públicas de turismo são destinadas,
especificamente, para urbanização da zona costeira dos municípios contemplados,
184
73
Como nenhuma das obras do PROINFTUR foi concluída, trataremos aqui daquilo que já está materializado no
litoral oeste cearense.
185
Mapa 8: Fixos implantados no âmbito do PRODETUR-CE I e II, entre 1995 e 2007, nos municípios pesquisados. Fonte: BNB, 2005; 2012; SEMACE, 2008. Fonte:
CASTRO, 2016.
186
Esta é uma das poucas componentes que se estende para além do litoral,
chegando às sedes municipais e distritos não litorâneos, o que caracteriza, de
acordo com as diretrizes do PRODETUR-NE, a meta de suprir demandas por
serviços existentes nos municípios beneficiados, as quais não seriam consideradas
apenas com recursos locais.
74
Restaurante pois muitos dos CPTA sequer chegaram a funcionar, enquanto os poucos que funcionaram foram
convertidos para outros fins, problemas que serão relatados no capítulo 5, onde será feita analise dos problemas
que podem impactar a dinâmica turística nos municípios estudados.
190
Cabe notar também que esta rede de localidades turísticas no Ceará está
subordinada e mesmo compõe outras redes de espaços turísticos no Brasil e no
mundo, notadamente ligadas aos destinos turísticos de sol e praia, ao turismo de
esportes náuticos ou mesmo ao turismo sexual. A importante atuação destes pontos
turistificados na divisão territorial do trabalho, estando esta inclusa nas dinâmicas de
uma rede de cidades contemporânea, pode ser apreendida através das palavras de
Spósito (2008, p. 57-58):
Gráfico 6: PIB dos municípios do Litoral Oeste 1999-2013. Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: CASTRO,
2016.
Tomando o gráfico acima por base, torna-se importante uma primeira
consideração. A referência ao setor de serviços compreende uma série de
atividades ligadas não só ao turismo, mas ao comércio, serviços financeiros,
transportes e uma gama de atividades não produtivas, isto é, não capazes de criar
produtos palpáveis, apesar de suscitarem a produção em diversos ramos. Assim,
quando se verifica o crescimento do setor de serviços é necessário considerar que o
turismo não constitui único vetor de crescimento deste.
194
Tabela 11: Principais destinos turísticos visitados no Ceará, entre 1998 e 2012. Fonte: IPECE, 2000 –
2013. Elaboração: CASTRO, 2015.
Através de dados relativos à demanda turística é possível estabelecer
bases para discussão dos desdobramentos das políticas de turismo, relações entre
o processo de metropolização criação das imagens turísticas dos destinos
cearenses. Desde o segundo capítulo é sustentada afirmação de que há um hall de
municípios e/ou localidades turísticas de maior importância desde a década de 1970.
196
Figura 29: Orla de Paracuru no ano de 2004, sem a presença da reformulada praça do Farol. Fonte:
Blog Arte, Cultura e Espiritualidade.
198
Art Hotel. Destes, o mais antigo é a Pousada do Paiva, a qual, segundo informações
coletadas junto à gerencia, foi construída em meados da década de 1980 como
chalés para veraneio de grupo de amigos e, no início dos anos 2000, reformulada
para torna-se pousada. A figura 33 mostra parte da fachada da Pousada do Paiva.
Figura 33: Parte da fachada da Pousada do Paiva, em Flecheiras, Trairi. Fonte: CASTRO, 2015.
A Casa do Alemão pertence a empreendedores da região Sul do país,
enquanto a Red House tem como proprietários um suíço e uma brasileira, sendo
estas existentes há 9 e 6 anos, respectivamente. Ambas as pousadas possuem a
mesma faixa de valor das diárias, ambas pautando-se na atratividade de alguns
visitantes internacionais e na utilização de promoções junto a sites de reservas
online nos períodos de maior sazonalidade75.
75
No final de semana de realização da pesquisa de campo, as duas pousadas estavam apenas com um quarto
ocupado, cada. Ainda, segundo informações coletadas, a sazonalidade tem se tornado cada vez mais pesada
para os empreendimentos turísticos de hospedagem.
202
do restaurante anexo. Assim, em grande parte do ano recebe visitantes, dos quais
há maioria de brasileiros. A figura 34 denota a arquitetura utilizada pelo
empreendimento.
Figura 34: Arquitetura tribal do Orixás Art Hotel, em Flecheiras, Trairi. Fonte: CASTRO, 2015.
hotel foi eleito como o melhor de pequeno porte do Brasil em 2015 pelo site
Tripadvisor, figurou entre os 5 melhores hotéis de praia do Brasil segundo o
International Luxury Travel e foi eleito melhor hotel do ano de 2015 pela revista
Viagem e Turismo. Ainda, o citado hotel configura como importante elemento
polarizador no anteriormente citado processo de urbanização litorânea do município
de Trairi, que, nas décadas seguintes, poderá ser responsável pela junção das duas
localidades em morfologia urbana de linha, de acordo com a abordagem de Pereira
(2012). A figura 35 mostra a paisagem frontal do Zorah Beach Hotel.
Figura 35: Paisagem frontal do Zorah Beach Hotel, em Guajiru, Trairi. Fonte: CASTRO, 2016.
Figura 36: Barcos responsáveis pelo passeio no rio Mundaú, em Trairi. Fonte: CASTRO, 2015.
É importante ressaltar algumas obras que modificaram a dinâmica
turística de Mundaú em relação às outras localidades costeiras de Trairi. A
localidade recepta através do PRODETUR-CE II, a praça do mirante na foz do rio
Mundaú, a praça do CPTA, alem da reestruturação da CE-163, que liga Mundaú à
sede municipal e às outras localidades litorâneas. A praça do mirante tornou-se o
principal atrativo da praia de Mundaú, recebendo turistas desejosos da utilização dos
quiosques, da contemplação da foz e do pôr do sol, além da realização dos passeios
de barco, jet skys e banhos no rio.
76
Citado projeto, a exemplo de outras lutas e movimentos sociais, será abordado no capítulo seguinte, como
uma das poucas formas de resistência aos processos de segregação socioespacial crescentes no Litoral Oeste
do Ceará.
205
77
Caso mais notório é o da pousada Convés, que ofereceu durante 3 meses finais de semana gratuitos para
grupos de 4 amigos que fossem se hospedar na praia da Baleia, nos quais os interessados pagariam apenas o
café da manhã das diárias consumidas.
207
Tabela 12: Número de empregos formais no turismo e participação destas ocupações na economia
do Litoral Oeste do Ceará. Fonte: IPEA, 2015. Elaboração: CASTRO, 2016.
Ao analisar os dados fornecidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), através do Sistema Integrado de Informações sobre o Mercado de
Trabalho no Setor Turismo (SIMT), há constatações importantes sobre a geração de
vagas e salários no setor e questão. No período recente entre os anos de 2012 e
2014, constata-se aumento absoluto nas taxas de empregados na atividade turística
nos municípios de Caucaia, São Gonçalo do Amarante, Trairi e Itapipoca.
2012 2013
Região UF 24 a 59 60 m ou 24 a 59 60 m
< de 12 m 12 a 23 m < de 12 m 12 a 23 m
m + m ou +
AC 703 336 392 230 558 290 398 255
Tabela 13: Tempo de permanência no emprego no setor turístico por UF. Fonte: IPEA, 2015.
Elaboração: CASTRO, 2016.
209
Tabela 15: Níveis salariais existentes no Ceará e quantitativo de homens e mulheres empregados no
turismo. Fonte: IPEA, 2015. Elaboração: CASTRO, 2016.
A tabela acima denota os níveis salariais e a disparidade entre o número
de empregados homens e mulheres no turismo cearense. Cabe notar a
predominância dos empregados formais que recebe salários que vão de menos de 1
salário mínimo a 3 SM. Há ainda, em todas as faixas salariais, predominância de
homens em relação a mulheres, fato associável aos serviços de reparos, segurança,
78
É comum ocorrência de baixas remunerações, algumas bem abaixo do valor do atual Salário Mínimo (SM) de
R$ 880,00; mão de obra essencialmente local, evitando deslocamentos e custos com transportes; ausência de
vínculos formais entre empregador e empregados, reduzindo gastos com direitos trabalhistas como FGTS, Férias
Remuneradas, etc; inexistência de benefícios como planos de saúde, bonificações e pagamento de horas-extras
trabalhadas; adoção de contratos temporários de trabalho em localidades sem quaisquer outras perspectivas de
criação de postos de trabalho.
211
Cabe ainda considerar que o fato de haver uma maioria de pessoas com
nível de escolaridade entre o Ensino Médio e Superior não suscita grandes
esperanças, posto que na maior parte dos municípios litorâneos existem
pouquíssimas oportunidades de formação superior, a exceção de Faculdades e
algumas poucas unidades voltadas ao Ensino Superior à Distancia (EAD)79. A
79
Casos dos polos de educação à distância da UFC em Caucaia e Itapipoca, e da Faculdade de Educação de
Itapipoca, ligada à UECE.
212
conhecem pouco sobre fixos que foram instalados e nada sobre fixos que foram
apenas pautados, os quais grande maioria dos entrevistados não consegue articular
com possibilidades de melhoria da qualidade de vida no litoral.
de Jericoacoara e Canoa Quebrada. Aqui, ainda não pode ser incluída Cumbuco,
posto haver considerações a serem feitas sobre os fluxos destinados às
hospedagens da referida localidade.
Figura 38: Situação dos chalés do embargado Lagoinha Suites Resort, em Paraipaba. Fonte:
CASTRO, 2016.
Já Mundaú, o contexto de violência passa pelo processo de inserção do
trafico de drogas nos últimos anos, o que, segundo moradores, leva muitas crianças
e adolescentes à inserção nas atividades ilícitas, notadamente assaltos, furtos e
prostituição. Tal fato tem se tornado tão corriqueiro que o cartão postal da
localidade, a Praça do Mirante do Rio Mundaú, tem se tornado inutilizável por
turistas nos períodos da tarde e da noite.
Destes, 54,5% afirmaram que a instalação não foi motivada pelo turismo,
sobretudo no caso dos estabelecimentos ligados ao comércio de alimentos, bebidas
e material de construção. Nota-se que os estabelecimentos que citam o turismo
como motivador para alocação (45,4%) possuem padrão de serviços voltados ao
referido público, casos de restaurantes e barracas de praia. A figura 39 denota o
perfil do restaurante Manzari, em Lagoinha, voltado ao turismo receptivo.
Figura 40: Deslize de terra junto ao anfiteatro do CPTA do rio Curú, em Paracuru. Fonte: CASTRO,
2016.
Em relação à mão de obra ligada à cadeia produtiva do turismo, os
discursos reconhecem considerável déficit de qualificação em termos de
atendimento ao cliente, em infraestrutura de estabelecimentos, em serviços e
produtos prestados, bem como em preços praticados, sobretudo pelos restaurantes.
81
Tais questões infraestruturais serão abordadas mais a frente, em tópico específico sobre as infraestruturas
turísticas.
222
Tal fato pode ser verificado inclusive pela estrutura de diversas pousadas
existentes no recorte espacial, as quais possuem características arquitetônicas de
segundas residências e passaram por reformas para adequação ao serviço de
223
Figura 41: Pousada que possui arquitetura de segunda residência na localidade de Cumbuco,
Caucaia. Fonte: CASTRO, 2015.
Quanto aos períodos com os principais fluxos verificados durante o ano,
81,25% dos entrevistados citou os meses de Dezembro a Janeiro, enquanto 75%
citaram os meses de Julho a Outubro. Quanto aos meses com maiores efeitos da
sazonalidade turística, 50% das hospedagens questionadas citaram buscar outras
formas para minimizar os problemas da ausência de turistas, entre elas promoções
junto a sites de reservas, pacotes junto a operadores turísticos e a mais recente
busca pela hospedagem de outros públicos menos variáveis.
Figura 42: Perfil das unidades residenciais no condomínio Summerville Cumbuco. Fonte: CASTRO,
2015.
Em termos de relações ressaltadas pelos representantes de hospedagens
entrevistados, além da mão de obra, citada anteriormente, 37,5% denotam haverem
indicações de outras hospedagens a clientes em caso de lotação. Apenas 25%
citaram já ter acontecido contato de interessados em comprar o empreendimento,
enquanto 18,75% citam problemas com vilegiaturistas, notadamente causados pela
utilização de som alto82 e trânsito na faixa de praia. Tais problemas com os
moradores de segundas residências são mais comuns nas localidades de Taíba,
Lagoinha, Flecheiras e Baleia.
82
Apesar de haverem leis municipais que proíbem a utilização de carros de som e vias públicas de quase todas
as praias visitadas, alguns dos entrevistados citam que basta o proprietário do veículo entrar na residência
(própria ou alugada), que este começa a incomodar o entorno com som alto. Tal relação é mais verificável em
feriados festivos, caso do Carnaval e Réveillon
225
O único local onde foi verificada iniciativa do setor privado para melhoria
das condições infraestruturais e manutenção da segurança foi Flecheiras, onde há a
Associação do Desenvolvimento Comunitário de Flecheiras (ADCF) e o Conselho
Comunitário de Segurança Pública do distrito de Flecheiras (CONSEP), que agrega
hospedagens e estabelecimentos comerciais que devem contribuir financeiramente
e com serviços para a localidade. A figura 43 demonstra a indicação de
empreendimentos que participam do CONSEP.
83
Alguns hotéis e pousadas tem buscado formas alternativas de publicidade, em especial a utilização de redes
sociais como o Facebook e, principalmente o Instagram, no qual os hotéis e pousadas divulgam não só os
serviços, mas também os atrativos e paisagens dos destinos onde estão localizados. Exemplo disto são os feeds
do Instagram da Pousada e Restaurante Convés, em Baleia, do Orixás Art Hotel, em Flecheiras, da Pousada
Oasis, de Paracuru.
227
84
Em Lagoinha não foram encontradas segundas residências ocupadas no momento de realização dos trabalhos
de campo. Em Cumbuco, a localização dos DUO ameaçava a segurança do pesquisador, enquanto em
Flecheiras os proprietários de duas segundas residências se negaram a participar da pesquisa.
228
85
O quarto entrevistado desse grupo estava em residência alugada durante o final de semana, já denotando o
caráter do imóvel para obtenção de renda extra através da locação.
229
86
Dentre as localidades verificadas, apenas Icaraí e Cumbuco, em Caucaia, e Taíba, em São Gonçalo do
Amarante, possuem caixas eletrônicos. Cabe notar que durante os trabalhos de campo, o caixa 24 Horas de
Taíba estava fora do ar, assim como todas as redes de telefonia móvel, não sendo possível qualquer saque,
pagamentos via debito automático ou crédito.
230
87
Em Paracuru não foram encontrados turistas durante a coleta.
231
Figura 44: Unidade de Saúde da Família de Baleia, em Itapipoca. Moradores ressaltam falta de
médicos e medicamentos no equipamento, que não abre todos os dias. Fonte: CASTRO, 2016.
232
poder público e setor privado, contribuindo para o debate em relação ao real objetivo
do planejamento turístico no Ceará.
Figura 45: (Topo) Acesso de praia em Taíba e rua sem pavimentação em Baleia; (Base) Rua sem
drenagem pluvial em Lagoinha e trecho não duplicado da CE-085 em Trairi. Fonte: CASTRO, 2013;
2016.
Equipamentos como calçadões, praças, mirantes e centros de promoção
ambiental, pensados com a finalidade de embelezar os cenários turísticos do Litoral
Oeste do Ceará, em partes não foram instalados por completo. Outros, após
alocação, ou não foram funcionalizados ou não receberam o cuidado necessário
para manutenção por parte das gestões municipais.
Figura 46: (De cima para baixo) Calçadão de Paracuru, calçadão de Flecheiras, erosão na orla de
Icaraí, calçadão de Pecém e ruínas do calçadão de Mundaú. Fonte: CASTRO, 2014 - 2016;
PANORAMIO, 2012.
Ainda, cabe analisar os equipamentos turísticos voltados à contemplação
da paisagem, os ligados à sociabilidade e os que possibilitam relações entre turistas
e localidades. estes podem ser exemplificados por mirantes (contemplação), praças
(sociabilidade) e centros de apoio ao turista (relação do turista com o local). Cabe
notar que tais equipamentos possibilitam, junto aos calçadões, o real desejo do
turista de visitar e experimentar os destinos.
Taíba também possui mirante elevado, situado na porção central da localidade, que
conta com alguns quiosques depredados que passam maior parte do dia fechados.
Figura 47: Praça do mirante do rio Mundaú, Farol de Paracuru e Quiosque do mirante de Taíba.
Fonte: CASTRO, 2014; 2015; GOGGLE, 2016.
Quanto aos equipamento de sociabilidade, as praças são mais comuns,
possuindo diferentes formatos e funcionalidades, mas especialmente responsáveis
por reunir moradores e turistas durante a noite. Cabe notar que entre os recursos
disponibilizados pelas políticas de turismo, as praças de Cumbuco, Taíba, Paracuru,
Lagoinha, Guajiru, Mundaú e Baleia deveriam passar por processos de
requalificação ou instalação, algo que não foi realizado em sua totalidade.
Figura 48: Praça de Baleia, praça de Guajiru, praça de Taíba, praça de Cumbuco, e equipamentos
depredados da praça do Farol de Paracuru. Fonte: CASTRO, 2015; 2016.
Já os equipamentos que possibilitam a relação entre turistas e as
localidades pesquisadas, acesso aos atrativos e informações, são os Centros de
Apoio ao Turista e os CPTA. O único Centro de Apoio ao Turista está situado na
localidade do Cumbuco, na porção oeste da localidade, junto aos principais hotéis e
condomínios residenciais do destino, com objetivo de fornecer informações e
serviços aos visitantes.
239
Figura 49: Ruínas do CPTA do rio Curu (Paracuru), CPTA da Lagoa da Canabrava (Paraipaba),
CPTA da Lagoa do Mato (Itapipoca), refuncionalizado CPTA de Mundaú (Trairi). Fonte: CASTRO,
2015; 2016.
Diversos outros equipamentos poderiam ser abordados como retrato do
planejamento turístico cearense, notadamente pautado pela incapacidade das
gestões municipais em dar continuidade a projetos voltados ao crescimento de uma
determinada atividade ou mesmo à inserção da sociedade civil nos processos
decisórios. Mas neste âmbito se insere ainda uma nova variável, representada pelas
junções do setor privado com órgãos e representantes do corpo estatal.
Quadro 5: Projetos de empreendimentos turísticos no Litoral Oeste do Ceará. Fonte: SEMACE, 2000-
2010. Elaboração: CASTRO, 2016.
Cabe notar que os empreendimentos presentes no quadro acima, em sua
maioria, tiveram problemas durante o licenciamento ambiental junto à
Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE). Ainda, quando aprovados
pelo orgão supracitado, tiveram percalços junto à esfera jurídica, caso do Ministério
Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU), ou mesmo órgãos
responsáveis pela gestão ambiental a nível nacional, caso do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Figura 50: (Esquerda) Maquetes virtuais do Cumbuco Golfe Resort e padrão dos apartamentos
planejados. Fonte: SKYSCRAPER CITY, 2006. (Direita) Piscina, bloco de apartamentos e chalés do
Vila Galé Cumbuco. Fonte: CASTRO, 2015.
O empreendimento não suscita grandes conflitos com comunidades
locais, mas foi alocado em APP, na qual pode ser verificada existência de vegetação
de restinga em imagens de satélite anteriores à instalação. Ainda, foram aterradas
lagoas interdunares e houve também o desmonte de dunas de pequeno porte.
Figura 51: (acima e abaixo à direita) Visão geral das condições do empreendimento embargado,
situação do pool bar, situação do edifício embargado. Fonte: CASTRO, 2015; 2016. (Abaixo à
esquerda) maquete virtual do empreendimento. Fonte: SKYSCRAPER CITY, 2006.
A Cidade Nova Atlântida pretendia ser o maior complexo turístico do país,
localizado em Baleia, Itapipoca. Orçado em US$ 15 bilhões, previa a alocação de 13
hotéis cinco estrelas, 14 resorts, seis condomínios residenciais e três campos de
245
golfe, numa área contínua de 12 km de praia e 3,1 mil ha. Cita-se turístico pois, em
tese, este empreendimento seria capaz de atrair incontáveis fluxos turísticos de
todas as partes do mundo com o objetivo de usufruir de um dos 13 hotéis temáticos
inclusos na cidade turística. A figura 52 reproduz maquete virtual do projeto.
Figura 52: Maquete virtual da Cidade Nova Atlântida. Fonte: SKYSCRAPER CITY, 2006. Elaboração:
CASTRO, 2013.
Citado empreendimento estava previsto desde meados da década de
1970, mas somente na década de 1980 inicia movimentação jurídica e documental
para instalação, quando, segundo Castro (2013, p. 65):
Figura 53: Placa indicativa da Cidade Nova Atlântida. Fonte: LUSTOSA, 2005.
247
Figura 54: (Esquerda) Maquetes dos hotéis Nova Polinésia, Nova Fenícia e Hotel Nova Amazônia.
Fonte: SKYSCRAPER CITY, 2006. (Direita) Dunas de Baleia, acesso ao terreno dos Tremembés e
manguezais do rio Mundaú. Fonte: CASTRO, 2013; 2014.
Como último exemplo dos problemas ambientais causados pela expansão
da urbanização litorânea na Costa do Sol Poente, tem-se o complexo residencial
Flecheiras Beach Residence, no município de Trairi. A Otoch Técnica Imobiliária
Ltda (Otoch Empreendimentos) conseguiu Licença de Implantação em 2006, a qual
não foi renovada pela SEMACE, em 2009, posto serem exigidas mudanças no
projeto, como a redução do número de pavimentos, a realização de EIA/RIMA e a
autorização da União88. Tais mudanças não foram aceitas pela construtora
responsável (O POVO, 2011).
88
Citado empreendimento pretendia alocar-se em terrenos de marinha e, além disto, no projeto inicial a área a
ser edificada consistia num total de 6.549,05 m², enquanto no pedido de renovação da Licença de Implantação, a
área a ser edificada consistia 13.859,32 m², fato que fez com que a SEMACE solicitasse explicações à
construtora em questão. Tal fato pode denotar maior cuidado do citado orgão governamental em relação Às
disparidade encontradas nos projetos de alocação de empreendimentos turísticos e imobiliários no litoral.
248
processo foi extinto pela Comarca de Fortaleza, posto a considerável falta de provas
e discussão entre construtora e SEMACE (O POVO, 2011).
Figura 55: (Acima) Maquetes digitais do empreendimento. Fonte: SKYSCRAPER CITY, 2008.
(Abaixo) Visão atual da frente do empreendimento e córrego canalizado. Fonte: CASTRO, 2016.
Tais exemplos, além de demonstrarem a amplitude dos impactos
ambientais causados por este tipo de empreendimento, também denotam a
contribuição das gestões municipais e estadual para a concretização de problemas
que, ao invés de suscitarem o crescimento da atividade turística, no máximo
potencializam a perca de atrativos e o surgimento de áreas degradadas e
paisagisticamente desagradáveis no Litoral Oeste do Ceará.
249
Ainda pautado no referido por Esteva (2010), cabe notar nos espaços
turistificados a transformação das "atividades autônomas e pessoais, que
incorporam desejos, habilidades, esperanças e interação social ou com a natureza,
em necessidades cuja satisfação exige a mediação do mercado". Isto exemplifica o
que acontece atualmente em alguns dos destinos pesquisados onde atividades
cotidianas, como o artesanato e a navegação em embarcações, tornam-se
elementos vendáveis ao turista e cada vez menos utilizáveis pelos moradores locais.
pra encher o restaurante e a pousada dele de gente nos dias. Em 2013 ele
levou gente de diversas partes do país, e numa volta na praia, uma pessoa
da Prefeitura de Cascavel reclamou dos barcos e dos pescadores passando
com redes de pesca no meio dos turistas, dizendo que aquilo deixava a
praia feia. Uma das moças que veio de fora falou pra ela que era impossível
pensar o turismo no litoral do Ceará sem a figura do pescador, que era o
que embelezava a paisagem costeira do Ceará.
Tais exemplos suscitam algumas considerações sobre o que foi verificado
nos trabalhos de campo. Inicialmente pautadas nas opiniões sobre as relações de
poder nas dinâmicas ligadas à atividade, nas visões sobre os impactos da atividade
nas populações e nas possibilidades trazidas pelo turismo ao litoral cearense.
Através das opiniões coletadas em campo, será possível tentar responder a
pergunta formulada no início deste tópico.
Outros fatos que podem ser adicionados são as relações políticas que
influenciaram no desmonte dos projetos da maioria dos CPTA, nos quais os
252
Outra questão que ficou fora dos relatos coletados foi relativa à
participação popular na gestão das localidades e no planejamento da atividade
turística, o que acabou por conformar o estranhamento das populações em relação
às infraestruturas alocadas. Há, em toda a microrregião estudada, a quase ausência
de iniciativas que possam mudar os rumos tomados pelo turismo, notadamente
pautado no sol e praia, embasado na suposta necessidade de grandes
empreendimentos e na busca incessante pela extinção de práticas marítimas
tradicionais.
89
Problema relativo à concessão das licenças de pesca, ressaltadas por Lima (2002)
255
CONCLUSÕES
dos municípios pesquisados, fato proporcionado pela criação dos PDDU de cada um
dos seis municípios pesquisados.
Mas além dos problemas estruturais, foi relatada a ineficácia das gestões
municipais em divulgar os destinos e dar continuidade às ações estabelecidas pelas
políticas de turismo no Ceará, o que mobiliza muitas das vozes ouvidas,
notadamente preocupadas as atuais características do planejamento turístico no
Ceará: despreocupado com a qualidade de vida dos moradores e com a qualidade
ambiental, ainda concentrado em atrair fluxos estrangeiros em detrimento dos fluxos
regionais, e pautado na busca excessiva pelo lucro em detrimento do
desenvolvimento local.
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das segundas residências sob o enfoque da multiterritorialidade – Camocim/CE.
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279
280
APÊNDICES
281
APÊNDICE A
Tabela de fixos alocados pelo PRODETUR I e II
Transporte
Rodovia CE-085: Cumbuco/Lagoa do Banana $ 516.174,20
PRODETUR I
Saneamento e Abastecimento Pecém - SAA e SES $ 1.963.124,24
de Água
S.G.Amarante - SAA e SES $ 2.037.929,32
Demarcação da APP da Lagoa do Pecém $ 172.680,00
Total $ 185.461.845,20
285
APÊNDICE B
Tabulação das entrevistas realizadas nos 6 municípios estudados.
Agosto, setembro e
Final de ano, férias outubro - kite surf
Feriadões (100%);
e durante o Festival com grande maioria Dezembro a
Junho -
do Escargot (50%); Janeiro, fevereiro, de estrangeiros, Julho, maioria de Fevereiro (54,5%);
Período de maior campeonato
Agosto a fevereiro Carnaval a julho e dezembro Dezembro e brasileiros (100%); Julho a Outubro
ocupação regional de surfe
ocupação é maior (100%) janeiro, Junho e Agosto (50%) (81%); Maioria de
(50%); Agosto e
que no final de ano julho, maioria de brasileiros (36,3%)
setembro (50%)
(50%) brasileiros (100%);
Carnaval (50%)
Praias e
Tranquilidade da Piscinas naturais, Lagoas e rios
Apresentações
praia (100%) lagoas nas dunas, (54,5%); Eventos
culturais e artísticas Lagoa das
Lagamar do Siupé vida noturna e culturais e
(100%); Almécegas (100%); Praia (100%);
para o kite surf e gastronomia (50%); esportivos (45,4%);
Atrativos turísticos Kite surfe e lagoas Campeonatos de o Cristo e as dunas tranqulidade (50%);
Mirante de Taíba Passeio de buggy, Tranquilidade
surfe, festival das (50%); os a regata (50%)
(50%); Barzinhos quadriciclo e o (27,2%);
comunidades, restaurantes (50%)
noturnos e Festival barco catamarã Gastronomia e vida
campo de dunas e o
do Escargot (50%) (50%) noturna (27,2%)
rio Curu (50%)
Falta saneamento
básico, água
Falta um açougue, tratada - capa rosa,
o trânsito em Saúde - faltam aumentando tráfico
grande feriados é médicos, de drogas e
péssimo (50%); enfermeiros e violência -
falta curso de medicamentos Falta caixa segurança Falta lazer em
Serviços de saúde
línguas e (100%); eletrônico, particular resolve Baleia (100%);
(36,3%);
qualificação para os pavimentação em policiamento e (50%); Falta uma Praça mal-feita e
Falta pavimentação Policiamento e
estabelecimentos, algumas ruas, há necessita de secretaria de segurança (50%);
Necessidades e e sinalização, o que ilícitos (45,4%);
posto de saúde quedas de energia, combate ao tráfico turismo que Falta ambulância,
Problemas causa muitos Pavimentação e
fecha às 13h, falta e a praça do farol e de drogas - assaltos trabalhe melhor pavimentação, água
acidentes trânsito (45,4%);
melhor acesso ao o CPTA foram cometidos por para o Trairi, há tratada - capa rosa,
Serviços bancários
Pecém e o sinal de depredados (50%); pessoas do Trairi descaso do poder caixa eletrônico
(36,3%)
celular é péssimo Falta sinalização e (50%) público - quem age (50%)
(50%); Só possui 1 fiscalização - são as associações
caixa 24H, falta veículos e lixo de empresários e
policiamento mas é (50%) moradores, a
tranquilo (100%) Coelce manda dois
boletos num mês
(50%)
286
Constribui, pois a
Gera emprego e Paracuru sempre maior parte das
dinamiza o recebeu turistas, pessoas vive disso,
comércio, mas os com a nova falta investimento
estrangeiros não administração no saneamento e
Gera emprego e
conseguem se municipal, este no tratamento de Tem alguns
Em Lagoinha o povo renda (45,4%);
Está crescendo, e comunicar, (50%); número tem caído água (50%); Pouco investimentos, mas
vive do turismo Faltam
Visão sobre o com os novos Falta investimento (50%); Poderia ser explorado, porque não tem atrativo,
mesmo, gera investimentos
turismo (atual e hotéis e da prefeitura, há melhor explorada, especuladores tende a diminuir
emprego e renda, a públicos (36,3%);
futuro) condomínios, resistência do mas a praia está querem se impor (50%); Gera
tendência é que Há crescimento
crescerá ainda mais natural de Taíba e muito suja, e os sobre os nativos, emprego e renda
melhore (100%) (27,2%); Há
falta mão de obra hábitos dos falta investimento (50%)
redução (45,4%)
(50%); com o CIPP a excursionistas - da prefeitura, o
atividade aumentou farofeiros - piora as turismo irá
- locação e moradia condições da praia estagnar, pois o
(100%) (50%) turista não tem
informação (50%)
Estabelecimentos
1/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 11/12
comerciais
(Mercadinho, 2005
- Depósito de
(Barraca de praia,
(Quiosque, cerca de material de
(Barraca de praia, cerca de 20 anos -
(Bar e restaurante, 10 anos - Ateliê de construção, 2005) a
há 12 anos - Mercadinho, 2005)
2009 - Mercadinho, artesanato, 2012) praia só possuia um
Restaurante, 2009) Terreno de
(Loja de sport wear, 2003) turistas e comércio, e este foi Instalado por causa
Instalação do a família é pioneira pescador local, hoje
2005) Por causa do estabelecimento moradores sempre criado para dar do turismo (45,4%);
estabelecimento e no turismo, e os um dos únicos
crescimento do como forma de buscam consumir mais possibilidades por outro motivo
motivo estabelecimentos estabelecimentos
turismo ganhar a vida, não sorvetes (50%); por ao morador e ao (54,5%)
foram pensados por de família de
motivado pelo não haver outro turista (50%);
causa do aumento pescador (50%);
turismo (100%) local de venda de Esposo era
de visitantes (100%) necessidade de
artesanato (50%) comerciante e
trabalho (50%)
resolveu abrir o
depósito (50%)
Janeiro e Fevereiro
- 7 mil na barraca
Natal, final de ano e
em jan. de 2016, 90
Festival do
À noite, feriados e a 95% são Férias e feriados,
Escargot, quando Dezembro a
Junho, por brasileiros (100%); maioria do Ceará
aumenta número Fevereiro (54,5%);
moradores e Junho e dezembro Férias do final do (50%); Após a
de turistas (50%); Julho a Outubro
Período de maior Meses de julho e turistas (50%); Nos (50%); Uma fatia ano, feriados, 90% quadra invernosa
Durante os finais de (27,2%); Feriados e
utilização outubro feriados, por dos entrangeiros é são brasileiros vem mais turistas,
semana, finais de semana
turistas e brasileiros Argentina (50%); o (100%) por causa do sol -
principalmente por (45,4%); Maioria de
e estrangeiros número de Junho a Dezembro
moradores e mão brasileiros (54,5%)
(50%) estrangeiros te (50%)
de obra do CIPP
diminuído, o kite
(50%)
surf ajuda a atraí-
los (50%)
Falta investimento
público no turismo
Segurança, e policiamento
Falta policiamento Policiamento e
aumento do tráfico (100%); Faltam
(mas é tranquilo), ilícitos (72,7%);
Há quedas de de drogas - Trairi atrativos além da
falta área de celular Saneamento, água
energia (100%); (100%); Poder praia, falta água
(100%); faltam tratada e lixo
Àgua falta algumas público precisa tratada (50%); Falta
cursos para Saneamento básico (63,6%);
Falta saneamento, vezes e há muitas divulgar a praia cooperação entre
Necessidades e qualificação, falta (100%); limpeza Qualificação de
a praça e um posto ruas esburacadas (50%); Poder os
Problemas saneamento e água (50%); Segurança infraestrutura
de saúde (50%); O tráfico de público precisa empreendedores,
tratada - capa rosa (50%) turística e de mão
drogas é crescente investir mais na falta consciência de
(50%); falta acesso de obra (45,4%);
na periferia da sede praia, na que Baleia é
ao Pecém, falta Cooperação e
(50%) infraestrutura, interior, e os jovens
serviço bancário e consciência local
demolir o hotel não querem mais
hóspital (50%) (9%)
embargado (50%) pescar, fazer renda
de bilros, falta
saneamento (50%)
287
Falta investimento
Gera emprego e da prefeitura em
A atividade é pouco O turismo gera renda, deve marketing e
Gera emprego e
valorizada, deveria empregos e renda, aumentar, tem infraestrutura
renda (100%);
Poucos turistas na ser melhor pensada mas falta muitos hotéis se (45,4%); Gera
Atualmente a
Está estagnando maior parte do ano pela prefeitura e divulgação (100%); instalando (50%); emprego e renda
atividade está
Visão sobre o por causa da falta (100%); O kite surf pelos moradores Se não fosse o Necessita da (54,5%); Falta
estagnada, se
turismo (atual e de investimento da é o único atrativo e (50%); Eventos turismo, Lagoinha participação da participação
investirem em
futuro) prefeitura em o turismo gera como a regata não existiria (50%); população, maior popular (18,1%);
infraestrutura,
Cumbuco poucos empregos atraem turistas e O hotel dos divulgação, Atividade
daqui 5 anos
(50%) movimentam o portugueses infraestrutura para estagnada ou
podemos ver outro
comércio e geram prejudicou a praia vida noturna e irrisória (54,5%); Irá
turismo (50%)
empregos (50%) (50%) qualificação da mão crescer (9%); O
de obra (50%) turismo é essencial
p/ localidade (9%)
Dezembro a
Setembro à janeiro Setembro a Fevereiro (80%);
Dezembro a
(100%) e de Julho à Dezembro, mais Feriadões e férias, Julho a Agosto
Fevereiro (81,25%);
agosto (66,7%); turistas maioria turistas Janeiro, fevereiro, (100%); Após
Reveillon e Julho a Outubro
Maioria nacionais, estrangeiros (50%); brasileiros (100%); julho e dezembro, agosto vem mais
feriados, maioria de (75%); Maioria de
estrangeiros entre Fevereiro, Abril, maioria público maioria é de estrangeiros (60%);
Fortaleza e poucos brasileiros (75%);
Período de maior julho e agosto Agosto, Setembro e coorporativo - cearenses e Feriados (60%);
de outros estados Buscam meios de
ocupação (100%); Baixa Dezembro, Festival Petrobrás (50%); há brasileiros, Agosto Durante o ano,
(100%); Com a crise superar a
estação são feitos do Escargot, Ano chegada de turistas vem mais maioria de
tem diminuído sazonalidade -
pacotes (33.3%); Novo, Carnaval e 7 estrangeiros de estrangeiro ligados brasileiros (40%);
(50%) pacotes,
Atual ocupação de de Setembro, julho a agosto ao kite surf (100%) Contratos recentes
promoções, outros
trabalhadores do maioria de turistas (50%) para receberem
públicos (50%)
CIPP (100%) do CE e RN (50%) trabalhadores das
eólicas (60%)
Políciamento e
Falta saneamento ilícitos (81,25%);
Posto de saúde sem
(40%); Falta Saneamento, água
Falta saneamento, médicos e
segurança (100%); tratada e lixo
água tratada, remédios,
Falta escola (20%); (68,75%);
infraestrutura segurança, falta
Falta sistema de Posto de saúde Depredação e falta
turística (p/ ônibus Falta lazer no Segurança está bem esgotamento
saúde e escola bem simples (20%); Não de infraestrutura
de excurssão), cotidiano da cidade ruim (100%); Não (100%); Falta visão
estruturada há posto de saúde turística (18,75%);
cobertura de (50%); depredação há um caixa da prefeitura,
(33,3%); Falta ou (60%); Iluminação Serviço de saúde
Necessidades e celular e da infraestrutura eletrônico, falta quedas de energia,
está incompleto o precária (20%); inexistente ou
Problemas policiamento, mas é turística, caso das água (50%); falta pavimentação
saneamento Falta caixa deficitário (50%);
tranquilo (100%); a barracas, das posto de (50%); água
(100%); tem droga eletrônico (40%); Serviço bancário ou
conta de água é praças e do Farol atendimento ferruginosa -capa
mas pouca violência Lixo espalhado por de celular (31,25%);
retirada a cada dois (50%) médico (50%) rosa, muita
(66,7%) turistas (20%); Falta Quedas de energia
meses, uma por corrupção, drogas
marketing de (12,5%); Educação
leitura e outra pela sendo vendidas
Flecheiras (20%); escolar (18,75%);
média (50%) dentro do colégio
Ausência da salva Marketing e
(50%)
vidas (20%) publicidade
municipal (12,5%)
288
Gera emprego e
Gera emprego e
renda (100%);
Está em declínio, renda (68,75%);
Ocasiona acúmulo
mas gera empregos O turismo ajuda, Já foi melhor, mas a O turismo está Produz melhor
de lixo (20%);
na alta estação pois modifica a sazonalidade tem fraco (100%); Com infraestrutura
aumentaram casos
(100%); não há dinâmica aumentado (100%); a divulgação tende (6,25%); Faltam
Turismo gera de prostituição e
visão de futuro por interiorana da Há divulgação, deve a melhorar - em investimentos
emprego e renda tráfico de drogas -
parte do cidadão e cidade, melhorar (50%); redes sociais públicos (31,25%);
(66,7%) e melhor durante o No Limite
Visão sobre o da prefeitura, contribuindo pra Não há divulgação particulares, Falta participação
infraestrutura e após as Eólicas
turismo (atual e faltam banheiros criação de pela prefeitura, pois necessita de popular (6,25%); Há
(33,3%); Traz (20%); Possui
futuro) públicos, farmácias, empregos (50%); Lagoinha sobrevive cooperação (50%); crescimento
problemas como a muitos atrativos
serviço bancário Poderia ser mais do turismo, que Baleia não possui (6,25%); Há
prostituição e (20%); Muitos
(50%); o que valorizada, com gera empregos, infraestrutura , se a redução (43,75%);
drogas (33,7%) eventos foram
aumenta de fato é melhores com a crise, há prefeitura não agir, Atrai tráfico e
finalizados (20%);
o aluguel e a infraestruturas incerteza do futuro tende a cair ainda prostituição
Há decadência do
moradia, por causa (50%) (50%) mais (50%) (12,5%); Possui
turismo (20%); Há
do CIPP (50%) muitos atrativos -
tendência de
Flecheiras (6,25%)
crescimento (20%)
Feriados, Carnaval,
Férias e feriados A cada 15 dias e nas
Semana Santa e na Feriados (37,5%);
Período de maior (50%); Todo final de férias (50%); todos
Finais de semana Alta Estação (50%); - Feriados e férias Férias (50%); Finais
utilização do DUO semana, pela os finais de semana
Férias de Julho de semana (37,5%)
família (50%) (50%)
(50%)
Porteiro é da
Nenhuma relação localidade (50%); Os veranistas não Alguns moradores Moradores prestam
com a comunidade Conhece várias possuem muito prestam serviços de serviços de
Moradores realizam
(50%); Em períodos pessoas, hoteleiros, contato, mas os caseiro e manutenção e
Relações e/ou obras de
de maior empresários, caseiros são da manutenção segurança (62,5%);
conflitos entre construção e -
movimento, carros moradores, comunidade. Esta (100%); o trânsito Problemas com
sujeitos manutenção; não
são deixados na funcionários da foi uma das de veículos 4x4 e turistas - trânsito e
há conflitos
frente da garagem Prefeitura, e não há primeiras casas de motos na praia gera estacionamento de
da residência (50%) conflitos aparentes veraneio instaladas perigos (50%) veículos (25%)
(50%)
Policiamento e
ilícitos (87,5%);
Segurança (100%); Saneamento, água
Possui muito lixo tratada e lixo (25%);
nas ruas, poluição, Falta policiamento Depredação e falta
Falta segurança,
equipamentos (100%); de infraestrutura
mas é tranquilo
depredados, Segurança, melhoramento dos turística - hotéis,
(100%); Falta
Falta calcadão ocorrência de acessos à praia restaurantes (50%);
Necessidades e infraestrutura na
pavimentação; tem desgastado, fedor - furtos, quedas de (50%); posto de Internet e serviços
Problemas praia, faltam
muito lixo nas ruas de urina em alguns energia, internet a saúde, bancários (25%);
restaurantes bons,
locais, ausência de cabo muito ruim pavimentação, Serviço de saúde
hospital, hotéis de
drenagem pluvial, caixa eletrônico, (25%);
grande porte (50%)
falta cidadania da atrativos (50%) Pavimentação
população com a (37,5%); Falta
localidade (50%) cidadania (12,5%);
Ausência de
atrativos (12,5%)
Gera emprego e
renda (12,5%);
Considera uma boa
Movimenta o
Falta melhorar as praia, melhor pra
comércio (12,5%);
condições morar que pra
Faltam
Deveria ser mais infraestruturais pra O turismo gera visitar, espera que
Bom, pois investimentos
trabalhado pela atrair mais pessoas emprego e renda, haja investimento
movimenta o públicos (50%);
Visão sobre o prefeitura, mas (100%); Paracuru mas gera atividade (50%); O que turista
comércio; deve Falta qualidade do
turismo (atual e sempre recebe sempre tem - ilícitas também. Se de Baleia busca é a
melhorar com os setor privado
futuro) eventos de surfe visitantes, mas falta a insegurança tranqulidade, e
novos (12,5%); Atrai
(50%); Não possui melhor continuar, o turista daqui há alguns
empreendimentos atividade ilícitas
opinião (50%) planejamento e vai embora anos deve estar
(12,5%); Deverá
melhores serviços assim, por que há
crescer (12,5%);
nas barracas (50%) 30 anos é assim
Está estagnado
(50%)
(37,5); Melhor pra
morar (12,5%)
Algumas horas,
Mais de um dia
1 dia - de Fortaleza, quase todo final de
2 a 3 vezes por ano (50%); 1ª vez na
terceira vez em semana, Itapipoca
Número de dias e (50%); em todas as localidade (37,5%);
16 dias (Argentina) - Lagoinha (50%); 15 (50%); final de 4 dias, primeira vez
frequência de visitas férias - 1ª vez em Várias vezes por
dias - Belém/PA, semana, não vinha
Taíba, SP (50%) ano na mesma
primeira vez (50%) há tempo, Fortaleza
localidade (50%)
(50%)
Proximidade de
Fortaleza (12,5%);
Tranquilidade
Praia e A tranqulidade (50%); Sugestão de
Tranquilidade
Motivos para Proximidade de tranquilidade (100%); a amigos ou parentes
(50%); Sugestão de - Viu pela internet
visitação Fortaleza (50%); Indicação de segurança, a praia e (25%); Gostar da
parentes (50%)
amigos (50%) a pousada (50%) praia (25%); Escolha
aleatória (12,5%);
Qualidade dos
serviços (12,5%)
Feriados (25%);
Alta estação (50%); Aos domingos
Feriados, final de Férias (37,5%);
Maior ocupação Finais de Semana - - (50%); férias e -
ano e julho Finais de semana
(50%) feriados (50%)
(25%)
Policiamento e
ilícitos (25%);
Saneamento e lixo
Lixo nas ruas;
Lixo nas ruas, (37,5%); Sinalização
violência crescente; Falta práticas de
ausência de esgoto Falta sinalização e acesso à praia
Necessidades e falta de cidadânia esportes na praia
(50%); Ausência de - para a localidade Acesso à praia (25%); Ausência de
Problemas (cuidado com o (50%); lixo na praia
serviços de saúde e (50%) esportes na praia
patromônio (50%)
segurança (50%) (12,5%); Serviços de
público)
saúde (12,5%);
Falta cidadania
(12,5%)
Gera emprego e
renda (25%);
Necessário cuidado
Gera emprego e com a natureza
A praia está se O turismo em Taiba Traz benefícios e
renda, a hotelaria (25%); Impactos
acabando (erosão); é bom por causa da empregos para a
Visão sobre o está crescendo Falta passeios de ambientais (12,5%);
o kite surf toma o tranquilidade, do localidade, mas é
turismo (atual e - (50%); Bons buggy ou Beleza da praia com
lugar dos banhistas; fácil acesso e da necessário cuidar
futuro) serviços turísticos e quadriciclo na praia potencial (25%);
a tendência é que beleza da praia da natureza do
acredita que deverá Faltam atrações
diminua (50%) local (50%)
crescer (50%) (12,5%); Deverá
crescer (12,5%);
Deverá diminuir
(12,5%)
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ANEXOS
291