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Bem Cultural

Verbete

Maria Tarcila Ferreira Guedes e Luciana Mourão Maio

A terminologia bem cultural apresenta várias definições. Podemos dizer que a


expressão está presente em várias esferas, em diferentes períodos, e vem sendo
pouco a pouco reelaborada, tendo a sua inserção e ampliação de sentido expandida e
definida ao longo do tempo. A noção de bem cultural pode ser empregada tanto lato
sensu quanto stricto sensu. No sentido amplo, temos como referência a definição do
Novo Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, a saber: “um bem, material ou não,
significativo como produto e testemunho de tradição artística e histórica, ou como
manifestação da dinâmica cultural de um povo ou de uma região” (FERREIRA, 1986,
p. 247). Ainda na mesma obra, entre parêntesis, o autor afirma que “Podem-se
considerar como bens culturais obras arquitetônicas, ou plásticas, ou literárias, ou
musicais, conjuntos urbanos, sítios arqueológicos, manifestações folclóricas, etc.”
(FERREIRA, 1986, p. 247). Em seu artigo sobre o termo bem para este Dicionário no
que se refere ao sentido estrito da expressão bem cultural, o professor Flavio de
Lemos Carsalade informa que há uma tendência de correlacioná-la ao patrimônio
cultural, àqueles bens que, por força de algum instrumento legal, se encontrem
protegidos. Nesse sentido, o autor chama atenção para as convenções internacionais
que correlacionam a terminologia ao bem protegido:
Na verdade, qualquer bem produzido pela cultura é,
tecnicamente, um bem cultural, mas o termo, pela prática,
acabou se aplicando mais àqueles bens culturais escolhidos
para preservação – já que não se pode e nem se deve
preservar todos os bens culturais –, fazendo com que, no
jargão patrimonial – e por força de convenções internacionais –
, a locução bem cultural queira se referir ao bem cultural
protegido (CARSALADE, 2016, p. 14).

As reuniões internacionais buscavam encontrar os meios para regular a guerra e


proteger objetos e instituições, delimitando pouco a pouco as primeiras expressões do
que viria a ser chamado, mais tarde, de bem cultural. Expressões tais como a
propriedade particular ou do Estado, que englobava, em geral, determinados edifícios
e objetos relacionados às artes, à ciência, à educação, à história, incluindo, também,
outros ramos de conhecimento, quando envolvia arquivos, bibliotecas e coleções.
Nessa perspectiva, algumas convenções são marcantes no período do século XIX em
relação ao tema: a de Genebra, que se preocupa com as vítimas de guerra, e as
Convenções de Haia, que regem a maneira como as guerras eram conduzidas. Nas
convenções de Genebra foi delimitada a necessária proteção para os feridos de
guerra, que incluía em seu bojo de preocupações as instituições, hospitais e
ambulâncias que servissem ao propósito de proteger doentes e feridos, estivessem
estes em lugares públicos ou privados (MERRYMAN, 2002, p. 25). Relativamente às
Convenções de Haia, observa-se que o tema bem cultural estava presente a partir da
primeira convenção de 1899, século XIX, quando a questão da pilhagem e os roubos
de obras de arte passam a ser questionados nas discussões relacionadas aos
tratados de paz. Tais atos, portanto, deixam de ser motivo de regozijo e começaram a
ser vistos como atos criminosos que, mesmo em caso de guerra, deveriam ser
regulamentados e punidos. Vários autores citam a Declaração de Bruxelas de 1874
como o primeiro documento internacional a propor medidas para evitar essa prática,
entre os quais Merryman, Elsen e Graham citados na bibliografia. A referida
Declaração, ainda que não ratificada, envolveu diversos países e delimitou normas de
conduta em seu oitavo artigo, tendo dado os primeiros passos decisivos para a
discussão da expressão e da temática. Nas Convenções de Haia, de 1899 e 1907,
ainda que a locução bem cultural não fosse claramente formalizada, passou a constar
como temática e a ser referendada na forma de artigos que buscavam a proteção
desses bens, como podemos observar em um dos itens específicos da Convenção de
Haia de 1907, Haia IV, conhecida também como Convenção Relativa às Leis e
Costumes de Guerra em Terra e o regulamento anexo, que contém 56 artigos,
também citado no livro de “Law, Ethics and Visual Arts”, de John Merryman e Albert
Elsen, e que se encontra disponível no site da Cruz Vermelha (ICRC-International
Comittee of the Red Cross) na íntegra:
Art. 56
A propriedade das municipalidades, aquelas de instituições
dedicadas à religião, à caridade, à educação, às artes e às
ciências, ainda que propriedades dos Estados, devem ser
tratadas como propriedade privada. Toda apreensão,
destruição ou intencional danificação de instituições deste tipo,
monumentos históricos, obras de arte e da ciência devem ser
sujeitas aos procedimentos legais (ICRC, 1907, tradução
nossa).
O que hoje delimitamos como bem cultural era expresso nos debates como obras de
arte, monumentos históricos ou mesmo instituições dedicadas às artes, à religião, à
ciência, em conjunto com bens de outros ramos do conhecimento, entre os quais os
relacionados à educação e aos serviços humanitários. O escopo da proteção em caso
de guerra estava relacionado, em termos gerais, às discussões diplomáticas e de
especialistas que se faziam representar em grandes assembleias, o que reuniu parte
dos países dos três continentes da Europa, das Américas e da Ásia, a fim de que
fossem debatidos os artigos específicos a serem ratificados pelos participantes dos
grandes encontros internacionais. Os representantes das nações, quando necessário,
apresentavam listagens de bens ou se comprometiam a entregá-las antes dos
conflitos armados para as nações beligerantes, além de marcar os bens com sinais
facilmente distinguíveis e visíveis já previamente definidos para que os itens
sinalizados não fossem bombardeados e destruídos, recurso recomendado pelas
primeiras Convenções de Haia. Importante frisar que as listagens de cada país
participante eram resultado da realidade específica e dos interesses de cada
sociedade e de seus governos, que se identificavam com determinadas expressões
culturais, muitas vezes chamados de tesouros das nações durante esses grandes
encontros internacionais. Ficou evidente, durante os conflitos armados, principalmente
nas grandes guerras, que essa maneira de tentar proteger os bens com sinais de
identificação não funcionou na prática, a exemplo dos inúmeros bens perdido durante
as guerras da primeira metade do século XX.
Se a guerra trouxe o debate do que proteger em caso de conflito armado pela terra e
pelo mar no século XIX, em termos coletivos, ou seja, envolvendo vários países, no
século XX o “como preservar” tornou-se institucionalizado em muitas nações, ainda
que com formatos diferenciados. Alguns países antecederam esse calendário, como o
caso da França, que já apresentava discussões sobre o patrimônio desde o século
XVIII. Em relação ao nosso tema, as primeiras convenções de Haia podem ser
caracterizadas pela busca e restrição aos meios e métodos danosos de combate nos
territórios invadidos pelos beligerantes, dando os primeiros passos para o que veio a
ser chamado mais tarde de bem cultural. Dessa forma, as convenções estabeleceram
o reconhecimento dos bens culturais das mais diversas nações que compactuavam
com uma forma de proteção de seus bens em tempos de guerra.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a proteção de bens públicos e privados ficou sob
a legislação da Convenção Haia (1907), tanto as instituições quanto os objetos, mas
não se obteve o resultado esperado. A busca pela definição e a forma de proteção de
objetos públicos e privados em caso de guerras deu início a um debate que se
corporifica e ganha peso ao longo dos séculos XIX e XX, resultando, em 1954, em
uma convenção do pós-guerra específica para tratar da temática:

Artigo 1.º Definição de bens culturais. Para fins da presente


Convenção são considerados como bens culturais, qualquer
que seja a sua origem ou o seu proprietário: a) Os bens,
móveis ou imóveis, que apresentem uma grande importância
para o patrimônio cultural dos povos, tais como os monumentos
de arquitetura, de arte ou de história, religiosos ou laicos, ou
sítios arqueológicos, os conjuntos de construções que
apresentem um interesse histórico ou artístico, as obras de
arte, os manuscritos, livros e outros objetos de interesse
artístico, histórico ou arqueológico, assim como as coleções
científicas e as importantes coleções de livros, de arquivos ou
de reprodução dos bens acima definidos; b) Os edifícios cujo
objetivo principal e efetivo seja de conservar ou de expor os
bens culturais móveis definidos na alínea (a), como são os
museus, as grandes bibliotecas, os depósitos de arquivos e
ainda os refúgios destinados a abrigar os bens culturais móveis
definidos na alínea (a) em caso de conflito armado; c) Os
centros que compreendam um número considerável de bens
culturais que são definidos nas alíneas (a) e (b), os chamados
“centros monumentais” (ICRC, 2016).

Nesse sentido dado pelas Convenções Internacionais, o bem cultural é entendido


como aquele bem que deve ser protegido, em virtude de seu valor e de sua
representatividade para determinada sociedade. Convém lembrar que qualquer bem
cultural pode ser elevado a uma determinada categoria de proteção legal, de acordo
com uma determinada atribuição de valor, que passa então a fazer parte da lista
dos bens culturais protegidos, tanto em escala nacional, quanto, em alguns casos, em
escala mundial, dependendo de sua excepcionalidade, em diferentes categorias.
A “Convenção Relativa às Medidas a Adoptar para Proibir e Impedir a Importação, a
Exportação e a Transferência Ilícitas da Propriedade de Bens Culturais”, adotada em
Paris na 16.ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, em 14 de Novembro de
1970, trata de um tipo de proteção diferente da reconhecida em 1954, pois remete,
principalmente, aos tempos de paz e redefine o termo bem cultural, já que responde a
uma expectativa de restringir a importação, exportação e a transferência ilícita de
bens culturais, bem como o retorno ou a repatriação de obras levadas de seus países
de origem. Portanto, a referida Convenção define os bens culturais de forma mais
ampla do que a de 1954, englobando-os em mais de dez categorias:
ARTIGO 1.º Para os efeitos da presente Convenção, são
considerados bens culturais os bens que, por razões religiosas
ou profanas, são considerados por cada Estado como tendo
importância arqueológica, pré-histórica, histórica, literária,
artística ou científica e que pertencem às categorias seguintes:
a) Colecções e exemplares raros de zoologia, botânica,
mineralogia e anatomia; objectos de interesse paleontológico;
b) Bens relacionados com a história, incluindo a história das
ciências e das técnicas, a história militar e social, e com a vida
dos governantes, pensadores, sábios e artistas nacionais ou
ainda com os acontecimentos de importância nacional; c) O
produto de escavações (tanto as autorizadas como as
clandestinas) ou de descobertas arqueológicas; d) Os
elementos provenientes do desmembramento de monumentos
artísticos ou históricos e de lugares de interesse arqueológico;
e) Antiguidades que tenham mais de 100 anos, tais como
inscrições, moedas e selos gravados; f) Material etnológico; g)
Bens de interesse artístico, tais como: i) Quadros, pinturas e
desenhos feitos inteiramente à mão, sobre qualquer suporte e
em qualquer material (com exclusão dos desenhos industriais e
dos artigos manufacturados decorados à mão); ii) Produções
originais de estatuária e de escultura em qualquer material; iii)
Gravuras, estampas e litografias originais; iv) Conjuntos e
montagens artísticas originais, em qualquer material; h)
Manuscritos raros e incunábulos, livros, documentos e
publicações antigas de interesse especial (histórico, artístico,
científico, literário, etc.), separados ou em colecções; i) Selos
de correio, selos fiscais e análogos, separados ou em
colecções; j) Arquivos, incluindo os fonográficos, fotográficos e
cinematográficos; k) Objectos de mobiliário que tenham mais
de 100 anos e instrumentos de música antigos (UNESCO,
1970).

O documento citado não especifica se os bens culturais são protegidos por leis em
seus países de origem, mas define claramente, em vastas categorias, o que deve ser
compreendido por bem cultural. Além disso, incentiva que esses bens passem a ser
protegidos e regulamentados por leis nacionais que objetivem protegê-los e preservá-
los. Também abrange a urgência de muitos países que, não mais em guerra, se
ressentem de objetos levados durante conflitos. Em outros casos, remete-se aos
países que conquistaram a independência, livres da relação de colonizado e
colonizador e que, independentes, requeiram o direito de ter de volta o que lhes foi
levado em outros contextos, entre muitos outros casos, considerando seus bens
inalienáveis. O Brasil participou diretamente desses conclaves desde a Convenção de
Haia de 1907, Haia IV, enviando embaixadores e especialistas nos assuntos a serem
tratados, constituindo, juntamente com outros assuntos, a Agenda Internacional do
Ministério das Relações Exteriores (MRE), que contava com a cooperação de outros
órgãos especializados.
No Brasil, a terminologia bem cultural, quando aplicada aos bens protegidos, também
apresentou suas variantes, uma vez que o conceito igualmente passou por
transformações na área do patrimônio. Até os anos setenta, o termo bem cultural, se
utilizado no sentido de bem protegido, estava mais próximo da ideia de patrimônio
vinculado às primeiras décadas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN), de acordo com o qual os bens são vistos como aqueles associados
a “fatos memoráveis da história do Brasil, quer pelo seu excepcional valor
arqueológico quer pelos valores etnográfico, bibliográfico ou artístico”, incluindo os
monumentos naturais, os sítios e as paisagens, delimitação das primeiras décadas de
atuação da instituição, citados do Decreto-lei n.25 de 1937. O conceito, portanto,
passa a ter sua reelaboração no exercício das práticas de preservação a partir da
proposta apresentada por Aloísio Magalhães e sua equipe na década de setenta, que
inseriu a cultura no âmbito das políticas sociais (ANASTASSAKIS, 2007, p.37). Aloísio
Magalhães, designer, advogado e artista plástico, assumiu a direção do IPHAN em
1979, e integrou a este Instituto dois novos organismos: o Centro Nacional de
Referência Cultural (CNRC) e o Programa das Cidades Históricas (PCH). Antes de
sua incorporação ao IPHAN, e desde 1975, Aloísio Magalhaes realizou inúmeras
experiência na área de pesquisa pelo CNRC, com base em uma perspectiva mais
próxima da concepção antropológica (ANASTASSAKIS, 2007, p. 39). Nesse sentido,
afirma Fonseca (1997, p. 163) que “o interesse que movia o grupo era, em princípio
bastante próximo das preocupações dos modernistas de 1922”. No decorrer do
trabalho do CNRC, ainda segundo Fonseca:
As referências que o CNRC se propunha a apreender eram as
da cultura em sua dinâmica (produção, circulação e consumo)
e na sua relação com os contextos socioeconômicos. Ou seja,
um projeto bastante complexo e ambicioso, e que visava
exatamente àqueles bens que o IPHAN considerava fora de
sua escala de valores. E, gradualmente, a preocupação com os
„novos patrimônios‟ passou a incluir os sujeitos a que se
referiam esses patrimônios, primeiro com a ideia de
“devolução” dos resultados das pesquisas às populações
interessadas e, posteriormente, com sua participação enquanto
parceiros [...] (FONSECA, 2000, p. 66).

Em seu livro “E triunfo?”, Aloísio Magalhães faz uma crítica à terminologia bem
cultural associada às primeiras décadas institucionais, e explicita seus objetivos em
relação às atividades na área da cultura:
Ocorre, entretanto, que o conceito de bem cultural no Brasil
continua restrito aos bens móveis e imóveis, contendo ou não
valor criativo próprio, impregnados de valor histórico
(essencialmente voltados para o passado), ou aos bens de
criação individual espontânea, obras que constituem o nosso
acervo artístico (música, literatura, cinema artes plásticas,
arquitetura, teatro), quase sempre de apreciação elitista
(MAGALHÃES, 1985, p. 52).

E segue com a proposta vinda da experiência do CNRC:

Permeando essas duas categorias, existe vasta gama de bens


– procedentes sobretudo do fazer popular – que por estarem
inseridos na dinâmica viva do cotidiano não são considerados
como bens culturais nem utilizados na formulação das políticas
econômica e tecnológica. No entanto, é a partir deles que se
afere o potencial, se reconhece a vocação e se descobrem os
valores mais autênticos de uma nacionalidade. Além disso, é
deles e de sua reiterada presença que surgem expressões de
síntese de valor criativo que constitui o objeto de arte
(MAGALHÃES, 1985, p. 53).

Além da pressão da proposta apresentada pelo CNRC, outros fatores conduziam a


reformulação dos conceitos institucionais dentro do IPHAN como, por exemplo, a
própria Unesco – órgão que a instituição federal passou a consultar na década de
sessenta – as Normas de Quito (1967), os Compromissos de Brasília (1970) e
Salvador (1971), o Programa das Cidades Históricas (1977), entre outros durante a
gestão de Renato Soeiro (1967-1979). Como afirma Cecília Londres Fonseca, em seu
livro “Patrimônio em Processo”, as críticas ao IPHAN eram também da ordem
conceitual (FONSECA, 1997, p. 162). O trabalho do CNRC foi ainda objeto de estudo
de Cecília Londres em outro artigo “Referências Culturais: base para as novas
políticas de patrimônio” em que a autora destaca:

A noção de referência cultural, e as inúmeras experiências que,


em seu nome, foram realizadas, serviram de base associadas à
releitura das posições de Mário de Andrade no seu anteprojeto
para um Serviço do Patrimônio Artístico Nacional e na sua
atuação no Departamento de Cultura para a definição de
patrimônio cultural expressa no artigo 216 da Constituição
Federal de 1988, que alarga o conceito ao falar de “bens
culturais de natureza material e imaterial” (ênfase do autor)
(FONSECA, 2000, p. 112).
A partir da Constituição de 1988 houve o reconhecimento por meio do Estado dos
bens de natureza imaterial, que foram definidos no artigo 216:

Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza


material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos
quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de
criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e
tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e
demais espaços destinados às manifestações artístico-
culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
científico (BRASIL, 1988).

Depois do estudo e discussões realizados pelo Grupo de Trabalho Patrimônio


Imaterial, foi apresentada a proposta técnica nº 3.551, em 2000, conforme explanação
do site do IPHAN, Instrumentos de Salvaguarda, “que criou o registro de bens
culturais de natureza imaterial e o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial”,
utilizando a metodologia do Inventário Nacional de Referência Cultural (INRC)
(IPHAN, 2016). Vários outros instrumentos de salvaguarda estão associados ao
próprio tombamento instituído pelo Decreto-lei nº 25 em 1937, além da Valoração do
Patrimônio Cultural Ferroviário (2007) e a Chancela da Paisagem Cultural (2009).
Podemos, então, afirmar que, hoje, o conceito de bem cultural foi bastante ampliado
pela Constituição de 1988, sendo resultado de um longo processo de ressignificação
que inclui as inúmeras áreas do conhecimento. É preciso, pois, ter sempre em vista
que se trata de uma concepção em processo, e que envolve perspectiva
multidisciplinar, considerando que cada período da história está voltado para
determinados interesses que vão, de alguma forma, alterar e interferir no significado
que podemos dar ao termo bem cultural.
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Como citar: GUEDES, Maria Tarcila Ferreira; MAIO, Luciana Mourão. Bem cultural.
In: GRIECO, Bettina; TEIXEIRA, Luciano; THOMPSON, Analucia (Orgs.). Dicionário
IPHAN de Patrimônio Cultural. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, Brasília:
IPHAN/DAF/Copedoc, 2016. (verbete). ISBN 978-85-7334-299-4.

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Ficha Técnica

Maria Tarcila Ferreira Guedes Graduada em História pela Universidade Federal do


Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Sociologia pela mesma universidade e doutora em
Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP). Técnica do IPHAN e
professora do Mestrado Profissional em Preservação do Patrimônio Cultural (IPHAN).
Luciana Mourão Maio Graduada em Letras com habilitação em Português e Latim na
Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em Estudos de Linguagem com
ênfase em Língua Latina e Retórica pela UFF e professora de Língua Latina da
UFRJ.

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